"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 24 de março de 2012

SE A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF PRETENDE SE IMPOR FAZENDO 'CARAS E BOCAS', TERÁ SURPRESAS DESAGRADÁVEIS

Nas últimas semanas, todos os dias os jornais vêm publicando fotos da presidente Dilma Rousseff fazendo ‘caras e bocas’, a demonstrar total contrariedade com os rumos do governo e seu relacionamento com a chamada base aliada.

Em entrevista a Fernando Rodrigues, da Folha, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), integrante do grupo de senadores do PMDB não alinhados ao governo Dilma, adverte que o temperamento ácido da presidente Dilma Rousseff faz com que ela desperdice a chance de fazer aliados no Congresso.

“Dilma não tem os atributos que são de Lula. Malícia, carisma. Lula tinha paciência. Ela não tem. É uma pessoa muito arrogante”, afirmou o senador, dizendo que Dilma erra ao tentar “ganhar sempre no grito e na cara feia”.

Ele disse que a presidente criou chance de aproximação com os dissidentes ao substituir Romero Jucá (PMDB-RR) por Eduardo Braga (PMDB-AM) no cargo de líder do governo no Senado. Mas, segundo o senador, o acerto de Dilma para aí. “Ela não quer dialogar com o Senado, não quer dialogar com a Câmara”.

Na entrevista, o senador disse não duvidar das “boas intenções” de Dilma, mas que ela “convive com o malfeito” e “não fez faxina coisa nenhuma”. Ele explicou: “Foi a mídia que levou o governo ao estrangulamento e às demissões dos ministros”, afirmou Jarbas. Para ele, Dilma merece criticas por ter agido com rigor em um dos primeiros escândalos de seu governo, o do Ministério dos Transportes, mas ter abrandado o tom nos escândalos seguintes.

Apesar de ser oposicionista, Jarbas disse que Dilma deve chegar em 2014 como candidata à reeleição e favorita para vencer a eleição. “Que pesem todos esses vacilos do governo, mas a economia vai bem”, disse. Já o candidato da oposição, segundo Jarbas, deve sair do PSDB. “Talvez fique entre o Aécio [Neves] e o [Geraldo] Alckmin”.

Próximo a José Serra, Jarbas afirmou que o tucano não deve ser candidato a presidente se for eleito prefeito de São Paulo. “Acho que ele vai ter que cumprir o mandato”.

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Folha - Eduardo Braga (AM) como líder muda algo?

Jarbas Vasconcelos – Não muda muita coisa. [Mas] não é uma troca de seis por meia dúzia tirar Romero Jucá e colocar Eduardo Braga. É preciso apenas ter sequência.

Os dissidentes do PMDB votarão a favor do governo?

Não.

A presidente não tem buscado mais ética na política?

Quando Dilma tomou aquelas providências no Ministério dos Transportes, eu imaginei que ela ia dar continuidade. [Mas] ela não fez faxina coisa nenhuma. Lula deve ter gritado, a base fisiológica deve ter passado o recibo. Ela escondeu a vassoura atrás da porta.

Não houve limpeza?

Foi a mídia que levou o governo ao estrangulamento e às demissões dos ministros. Não foi um processo modelado e executado por ela.

O sr. acha então que a presidente está longe de romper com as práticas de fisiologismo e clientelismo?

Acho. Acho que é um governo perdido. Lula foi eleito há nove anos com duas bandeiras. Moralidade e reformas. Nem fez reformas e não inventou a corrupção no Brasil, mas botou a mão em cima dos corruptos. Criou uma grande base de apoio e inventou Dilma. E Dilma não tem os atributos que são de Lula -malícia e carisma. Lula tinha paciência. Ela, não. É uma pessoa muito arrogante. Lula até engolia sapo e depois até vomitava. Não tem jogo de cintura. Quer ganhar no grito, quer ganhar com cara feia.

O que Dilma deveria fazer?

Se quiser conversar com o grupo da gente, eu converso. Agora, eu não posso conversar para ser um aliado do governo, para votar com o governo. Eu quero saber o que é que ela vai fazer. Porque nós estamos com quase 15 meses de governo e o país é completamente medíocre.

É uma presidente medíocre?

Capenga. Não duvido das boas intenções de Dilma. Acho que ela tem uma ojeriza ao malfeito, mas convive com o malfeito.

Mas o sr. acha que a presidente se disporá a falar com quem faz tantas críticas assim?

Pela prática dela, não. Porque ela passa recibo. Ela se irrita com as pessoas, com os fatos, com editoriais dos jornais, com reportagens. Grita com os auxiliares. Como é que você pode ter uma equipe que você comanda no grito e no mau humor? Não pode.

24 de março de 2012

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