"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 12 de julho de 2012

BLATTER, OUTRO LADRÃO DA FIFA, ALEGA QUE NOS ANOS 90 SUBORNO NÃO ERA CRIME NA LEI SUIÇA

Blatter dá sinais de que não vai reabrir o passado - Guido Montani/EFE - 23/4/2012


GENEBRA – Pressionado, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, confirmou que ele está citado nos documentos do Tribunal de Zug que, na quarta-feira, revelou o escândalo do pagamento de propinas para João Havelange e Ricardo Teixeira.
Pelos documentos, fica claro que Blatter sabia de tudo e ainda defendeu na corte os brasileiros. Nesta quinta, em declaração ao site oficial da entidade, o cartola suíço se defendeu, alegando que nos anos 1990 o pagamento de subornos não era um crime na lei suíça e que, portanto, não tinha o que denunciar.

“Sabendo do que?”, questionou ao ser indagado se ele sabia do verdadeiro esquema de corrupção na entidade. Nos documentos, a corte apenas fala de um indivíduo marcado como P1. Mas diante da pressão, Blatter decidiu reconhecer que a referência no documento é sobre ele mesmo. “Sim, sou eu”.
Segundo ele, a decisão de manter seu nome de forma anônima no documento não foi dele, mas da própria corte, que decidiu que pessoas que não estava sendo acusadas teriam sua privacidade protegida. Blatter defende a ideia de que todo o documento fosse publicado, sem tarjas ou letras substituindo nomes, como no caso da empresas ligadas a Teixeira ou os nomes das redes de TV que deram dinheiro aos cartolas, inclusive no Brasil.

Blatter não falou com a imprensa e apenas respondeu perguntas feitas por sua própria assessoria de imprensa, em uma mensagem controlada.
“O senhor supostamente sabia (do pagamento de propinas)”, questionou o site da Fifa. “Saber o que? Que comissão eram pagas? Naquela época, tais pagamentos podiam ser deduzidos até mesmo de impostos como gastos de negócios”, disse. “Hoje, seriam punidas pelas lei. Não se pode julgar o passado com base nos padrões de hoje”, indicou. “Caso contrário, acabaria como justiça moral. Eu não poderia saber de uma ofensa que na época não era ofensa”, se defendeu.

###

HAVELANGE, PRESIDENTE DE HONRA

Blatter dá todos os sinais de que não vai reabrir o passado. Segundo ele, a comissão de ética da Fifa apenas irá garantir que o mesmo não se repita a partir de agora. Sobre o futuro de Havelange como presidente de honra da entidade, o dirigente insiste que ele não tem poderes para decidir o que acontecerá com o brasileiro e que apenas o Congresso da Fifa pode tomar uma decisão, em 2013. “O Congresso nomeou como presidente honorário. Só o Congresso pode decidir o seu futuro”, disse.

Jamil Chade (Estadão)

Nenhum comentário:

Postar um comentário