"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 12 de julho de 2012

LA COMMEDIA È FINITA

 

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) teve nesta quarta-feira o mandato cassado por 56 votos a favor, 19 contrários e 5 abstenções. A sessão que cassou Demóstenes durou pouco mais de três horas.

Ele se tornou o segundo parlamentar, em 188 anos de história, a ser excluído da Casa pelos próprios colegas.

Vamos ao histórico que terminou com essa perda de mandato” No dia 29 de fevereiro desse ano, a Polícia Federal PF, desencadeia a chamada Operação Monte Carlo, que objetivava combater as máquinas caça-níqueis em Goiás, desta resultou a prisão, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que continua até hoje preso.


No dia 3 de março o senador Demóstenes dá o primeiro passo rumo à guilhotina, pois um grampo de PF, revelou a ligação de Cachoeira com políticos goianos e entre estes constava o senador.
Três dias depois (6/3) Demóstenes, faz um pronunciamento na tribuna do Senado, negando ter concedido favores a Carlinhos Cachoeira e que não havia motivos para defender-se porque mantinha uma relação de amizade com o empresário, sem qualquer vínculo profissional.
Em 16/3, relatório do Ministério Público Federal mostra que Carlinhos Cachoeira entregou telefones, supostamente a prova de grampos, dando um a Demóstenes.

Quando a coisa começa a fugir-lhe do controle, Demóstenes pede seu afastamento da liderança do DEM (16/3).
Dia 3 de abril, após a ameaça de expulsão do DEM, Demóstenes Torres envia carta à cúpula do partido solicitando a sua desfiliação do partido.
No dia 31 de maio é convocado para depor na CPI do Cachoeira, mas adota uma tática de bandido ao ficar calado. E assim permanece até dia 2 de julho quando promete fazer um discurso diário para se defender das acusações, todavia, aí já era tarde, seus discursos foram feitos para plenários vazios e ele não percebeu que chegara ao fim.
Ontem tivemos o desenlace esperado, Demóstenes Torres, perdeu seu mandato.

O título do artigo é o último verso da ópera Pagliacci de Ruggero Leoncavallo. No final o palhaço Canio, mata em cena com uma facada, sua mulher Neda e o amante desta.
Quando o público apercebendo-se do que havia acontecido se precipita para desarmá-lo e prendê-lo, ele deixa a faca cair i diz: “La Commedia è finita” (a comédia terminou).Vide o vídeo enviado pelo Magu, onde conseguiu isolar a parte que interessava (http://www.youtube.com/watch?v=H-w6ReAefPY&feature=plcp).
Contudo, a cassação de Demóstenes, não é o fim dessa tragi-comédia.


Quando tomei conhecimento quem seria o primeiro suplente que assumirá a vaga do senador cassado, percebi que o que aconteceu até agora, foi o início, pois seu assento senatorial será ocupado pela bunda do empresário goiano Wilder Pedro de Morais, 44, que também tem relações com Carlinhos Cachoeira e durante um período foi “sócio” do contraventor, não em negócios, mas com algo mais, ele era casado com Andressa Mendonça, que o trocou por Cachoeira.
O que vai ter início não será uma tragi-comédia, mas uma suruba-comédia.

12 de julho de 2012
Giulio Sanmartini

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