"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

JOGARAM EM TODOS OS CAVALOS

 

É conhecida a história daquele surfista que aos domingos chegava cedo no jóquei e comprava pules de todos os cavalos, em todos os páreos. Em casa, de noite, participava à família haver acertado na totalidade dos vencedores.
Só que quando indagavam quanto tinha faturado, mostrava a carteira com o mesmo dinheiro que havia levado para o hipódromo. Não ganhara nada, mas também não perdera, pois apostara em todos os craques.



Com todo o respeito, mais uma vez repete-se a pantomima com os institutos de pesquisa eleitoral.
Tome-se São Paulo. Uma dessas empresas anunciou que Fernando Haddad teria 59% dos votos válidos e José Serra, 41%.
Para garantir-se, acrescentou percentuais paralelos: 50% para Haddad, 35% para Serra, se computados os votos em branco e nulos.

Mas o instituto não ficou nisso. Acrescentou a tal margem de erro, 3 pontos para cima, 3 para baixo, para cada um dos concorrentes, em todas as simulações.
Um estudante do primeiro ano de Estatística poderia fazer as contas. Junto com os 59% o resultado do favorito também poderia ser de 60%, 61% e 62%. Ou, cautelosamente, também 58%, 57% ou 56%.
Quanto ao segundo colocado, por que não 42%, 43% e 44%? No reverso da medalha, 40%, 39% e 38%.

Cruzando-se todas as possibilidades, uma delas certamente bateria com os números anunciados pela Justiça Eleitoral, em especial porque foram duplicadas as chances em torno da outra equação, incluídos os votos brancos e nulos.
A conclusão estará nos jornais de hoje, como esteve nas telinhas ontem à noite: o instituto anunciando que venceu, acertou o resultado, deve ser exaltado e elogiado, credenciando-se para conquistar novos clientes nas próximas eleições.
Omite-se que em centenas de simulações, pelo menos uma dispunha da chance de sair vencedora. Agora, o diabo é se, mesmo assim, nenhuma saiu…

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EM BUSCA DE OUTRO POSTE

O ex-presidente Lula não brinca em serviço. Há dias que vem pensando em quem poderá ser seu candidato ao governo de São Paulo, daqui a dois anos.
É mais provável estar atrás de outro poste, como no caso da prefeitura paulistana. Se Haddad iluminou a cidade, porque não encontrar quem ilumine o estado?

Nessa hora, suam frio Aloísio Mercadante e Marta Suplicy. Os dois tem luz própria, mesmo submetida a apagões recentes. Alexandre Padilha e Luis Marinho não seriam postes, talvez lamparinas.
No PT, há esperanças de que o primeiro companheiro venha a selecionar um candidato até agora sem qualquer cogitação. Se deu certo com Dilma e com Haddad, por que não daria com alguém da mesma forma jamais submetido ao voto popular?
Quem quiser que arrisque palpites, estando o leque completamente aberto para surpresas.

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PELO SIM, PELO NÃO…

Só quando retornar da Alemanha o ministro Joaquim Barbosa se pronunciará a respeito da iniciativa do Procurador Geral da República de confiscar os passaportes dos 25 mensaleiros já condenados ou em vias de ser, pelo Supremo Tribunal Federal. Sempre haverá, na teoria, a hipótese de alguns cederem à tentação de mandar-se para o estrangeiro, fugindo ao cumprimento das penas. Pelo sim, pelo não, a Polícia Federal anda monitorando os réus, devendo estar a fotografia de todos em algum balcão de aeroporto. Se por acaso alguém tentar escafeder-se, será mais um argumento em favor de sua condenação, pois viver no exterior, só para quem dispõe de muito dinheiro.

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