
O leitor apontou itens nos quais, segundo ele, o governo estaria tendo sucesso e me perguntou se tais itens não “contavam”. Contariam caso o sucesso fosse real, mas, infelizmente não é, como pretendo provar em uma série de artigos, que inicio por esse, sobre o pleno emprego.
Conforme afirma a propagada oficial, nosso país está muito próximo de atingir o nível de pleno emprego dado a manutenção de baixos níveis da taxa de desemprego nos últimos meses.
Será a realidade tão satisfatória assim? Como de praxe, não. Em linguagem econômica, pleno emprego é “o emprego de todos os fatores de produção, o que em termos de força de trabalho poderia significar a igualdade entre a população economicamente ativa e a população ocupada ou empregada” (GREMAUD, VASCONCELOS, TONETO JR. Economia Brasileira Contemporânea, p. 91). Os dados a seguir deixarão claro que estamos bem longe disso.
Se estamos atingindo o pleno emprego, por que tanta gente está buscando fazer concurso público?
De acordo com informações oficiais do IBGE, a taxa de desemprego do país em abril deste ano foi de 5.8%, a mais baixa da história até então. Número suficiente para diversas instâncias governamentais e partidárias saírem afirmando a revolução, como gostam do termo, provocada na criação de empregos no país. No entanto, foram desatentos a um estudo publicado simultaneamente pelo IPEA, também órgão do governo, que afirmou categoricamente que estamos bem distantes da situação de pleno emprego, por algumas conjunturas bem específicas, a saber.
De acordo com dados do IPEA a média de recuo na produção industrial em 2012 no Brasil foi de 0.65%, sendo que no mês passado esse índice atingiu 0.90%, muito acima da média. Além disso, apesar do aumento de trabalhadores com carteira assinada, esse número ainda é pequeno se comparado com o enorme contingente que se encontra na informalidade.
Outro fator que colabora para dificultar que se alcance o pleno emprego é o alto nível de oscilações nas atividades produtivas em nosso país, fazendo com que grande parte da população tenha sua capacidade subutilizada.
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Temos a situação ainda da ausência de preparo dos trabalhadores, tendo em vista que diversos setores não podem admitir pois falta pessoal qualificado para seus postos de trabalho, tais como a indústria do petróleo e a da tecnologia da informação, nesse caso atingindo o setor de educação, extremamente frágil em nosso país.
A realidade se impõe novamente para mostrar o quão ilusório são os fatos noticiados pelo governo. Mas acredita quem quiser ou não souber interpretar. No final das contas, ficamos com a pergunta que não quer calar: se estamos atingindo o pleno emprego, por que tanta gente está buscando fazer concurso público?
29 de maio de 2013
Sandro Schmitz
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