"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 8 de maio de 2013

CONGRESSO NÃO VAI ACEITAR CONTROLE PRÉVIO - DIZ RENAN

Há duas semanas, ministro do STF sustou trâmite de projeto de lei no Senado
 
Cúpula do Legislativo voltou ontem a se encontrar com Gilmar Mendes para tratar da crise entre os Poderes
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que o Congresso não vai aceitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) exerça "controle preventivo" das atividades do Legislativo.
As declarações do congressista foram dadas após encontro com o ministro Gilmar Mendes, do STF, do qual participou também o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Renan se referia à recente decisão de Mendes que sustou a tramitação de um projeto de lei no Senado.
O encontro, o segundo entre os três nos últimos dias, foi mais uma tentativa de contornar a crise entre os poderes Legislativo e Judiciário.
"Não há nenhuma dúvida de que cabe ao STF o controle da constitucionalidade das leis, mas quando a lei vem à luz. O que não pode haver é o controle preventivo. O Congresso não vai aceitar que isso continue a acontecer", afirmou Renan.
A decisão do ministro do STF, de caráter provisório, trata do projeto que dificulta a criação de partidos no país. A proposta já havia sido aprovada pela Câmara e estava em tramitação no Senado.
Patrocinada por Planalto, PT e PMDB, a medida favorece a candidatura de Dilma Rousseff ao esvaziar eventuais rivais da presidente em 2014, como a ex-senadora Marina Silva, que tenta criar a Rede Sustentabilidade para disputar a Presidência.
Ao barrar o projeto, Mendes atendeu a pedido do PSB do governador Eduardo Campos (PE), um dos possíveis adversários de Dilma.
Após o encontro, o presidente do Senado afirmou que não há "crise", mas um "embate entre Poderes". "É água no fogo, e não fogo na água."
A cúpula do Congresso espera que o plenário do Supremo derrube a decisão de Mendes na próxima semana. Na conversa, o ministro disse que pediu ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para se manifestar. Após isso, o caso vai ao plenário do STF.
Na entrevista que deu após o encontro, Renan insistiu na autonomia de congressistas para apresentarem propostas, inclusive a do deputado Marco Maia (PT-RS), que limita a atuação do STF.
"É natural que tramite aqui todo tipo de proposta. O que tem que haver é um filtro", disse. "O Legislativo não vai grilar função constitucional de ninguém", afirmou.
Em um afago a Mendes, Eduardo Alves reforçou que não dará celeridade a outra proposta, a que submete decisões do STF ao Congresso. "Não é o nosso papel, nem do Judiciário, nenhum confronto; temos clara responsabilidade da harmonia, da independência dos Poderes."
CRÍTICAS
Contrária ao projeto suspenso pelo STF, Marina Silva se reuniu com o presidente da corte, Joaquim Barbosa.
"O pluripartidarismo está sendo ferido e, obviamente, essa postura tem a ver com o interesse político de evitar que grupos que legitimamente tem direito de se organizar possam se viabilizar", disse a ex-senadora na saída da reunião.
 
08 de maio de 2013
GABRIELA GUERREIRO, MÁRCIO FALCÃO e FELIPE SELIGMAN - Folha de São Paulo

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