"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 15 de maio de 2013

EM PORTO ALEGRE, DILMA E LULA ATACAM OPOSIÇÃO DE OLHO EM 2014

Ex-presidente fez discurso recheado de críticas à imprensa, a quem acusa de ter inventado candidaturas


PORTO ALEGRE – Em clima de campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniram nesta terça-feira à noite cerca de mil pessoas num teatro de Porto Alegre para lançar extraoficialmente a campanha de Dilma à reeleição em 2014.
Mesmo que a presidente não tenha citado em nenhum momento que será candidata, Lula e outros políticos presentes ao ato salientaram a necessidade de um segundo mandato para consolidar as “conquistas sociais” do projeto petista.

Num discurso recheado de críticas à imprensa e à oposição, Lula disse que a mídia primeiro apostou numa briga entre ele e a presidente, depois “inventou” candidaturas contrárias a Dilma e, como nada deu certo, tenta agora manipular a opinião pública com críticas às conquistas do governo.

— Eles (a mídia e a oposição) vivem exilados dentro do Brasil. Não estão compreendendo o que está acontecendo no Brasil. Por isso estamos caminhando fortemente para que Vossa Excelência seja presidente por mais quatro anos — disse Lula, em referência a Dilma.

A presidente, que chegou duas horas depois de iniciado o seminário PT 10 Anos de Governo, quarto evento desse tipo realizado no país, fez um discurso técnico e cheio de referências à América Latina, à África e aos Brics. Também defendeu as políticas sociais do governo e criticou a oposição, a quem chamou de “especialistas em pessimismo”.

— Fazem o papel de pessimistas sistemáticos. Ao contrário deles, a visão sobre o Brasil é muito mais realista porque percebe o imenso potencial que temos. Fomos o país que durante a crise mais emprego criou no mundo, fato reconhecido pelo FMI. Um dos pratos prediletos de crítica é a fragilidade da Petrobras. Mas é extraordinário que (a estatal) tenha captado US$ 11 bilhões no mercado internacional a taxas baixas, o que é um reconhecimento à força da Petrobras.

Sem empolgar a plateia, Dilma também criticou as notícias de que haveria falta de energia no país e garantiu geração suficiente para 2013 e 2014. Além disso, garantiu que todos os estádios da Copa do Mundo estarão prontos antes do prazo.

— Diziam que não ia ter estádio pronto. Pois serão seis na Copa das Confederações, entregues antes do prazo. Agora ninguém mais fala nisso. Todos os estádios, todos os aeroportos, todas as obras vão aparecer. Asseguro que faremos uma das melhores Copas do Mundo — prometeu.

Messi, Pelé, Corinthians...

Lula, ao contrário de Dilma, esbanjou bom humor. Contou piadas para a plateia, citou o Inter e o Corinthians, Messi e Pelé, e reclamou da falta de água para o orador quando ainda iniciava seu discurso, que durou cerca de 30 minutos.

— Um dia você vai ser ex-presidente, Dilma. Quando se é presidente é possível morrer afogado de tanta água que servem. Depois, eles fogem de você — brincou Lula.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi mais enfático na crítica à imprensa. Segundo ele, o PT e seus aliados precisam buscar uma nova correlação de forças em nível nacional para garantir uma reforma tributária e do sistema político e para expandir o que chamou de liberdade de expressão. Ele reivindicou a regulamentação dos artigos da Constituição de 1988 que consideram a comunicação como um direito social, “que tarda há décadas”.

— Nossa missão fundamental é a reeleição da presidente Dilma, para que consolidemos nosso segundo grande salto e tornemos determinadas conquistas irreversíveis. Considero que as opiniões não podem ser de pensamento único dos grandes meios (de comunicação) monopolizados. Não é censura, mas não há como aprofundar a democracia com os conceitos dos proprietários e dos acionistas de jornais — discursou.

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, reforçou as críticas à imprensa e também lançou a candidatura de Dilma à reeleição:

— A oposição está sem rumo e sem projeto. E quando a direita está sem projeto e se vê perdida, apela para a desconstituição da democracia até com atos de força ou para a manipulação da opinião pública por meio de grandes grupos monopolistas de mídia. Tenho certeza que vamos avançar porque estamos bem liderados —afirmou.

15 de maio de 2013
Flávio Ilha

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