"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 22 de julho de 2013

A POLÍTICA COMO RELIGIÃO?



O Brasil é um País corrupto e subdesenvolvido que vende o almoço para tentar comprar a janta, mas ainda termina devendo na operação, por falta de Política (definir o que fazer, de preferência, corretamente).
O Brasil também é uma nação naturalmente rica que é mantida artificialmente na miséria por um velho esquema de poder globalitário.

A pergunta é: por que aceitamos este jogo? Somos ignorantes, otários ou safados - cultural, histórica e civilizatoriamente falando? Será que devemos dar razão ao imortal Nelson Rodrigues, quando ele reclamava que “o brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte”.
Aliás, releia o artigo deste Alerta Total: Até quando seremos tão canalhas?

Momento ótimo para tocar neste assunto, já que o Brasil se prepara para a festiva chegada do Papa que é pop (e dizem, não poupa ninguém politicamente errado). No seu discurso na Jornada Mundial da Juventude, Francisco já tem programado um recado estratégico. Na visão do líder católico, a religião precisa dialogar com a Política. Certamente, o Pontífice prega isto sabendo que a religião exerce uma influência muito mais profunda sobre a sociedade e os indivíduos que a tradicional política.

Nestes tempos de crise generalizada, parece que virou moda mandar fazer a tal da Política (definir o que fazer, de preferência, corretamente). O chefão Luiz Inácio Lula da Silva, em palestra recente para estudantes em uma universidade federal, fez essa recomendação, inclusive para quem estiver puto da vida com tudo, com todos e até com ele mesmo e a Dilma: “Faça-se Política”.

Claro, tal recomendação divina do Lula não tem a mesma força do companheiro Deus, quando proclamou “Faça-se a Luz” e, segundo Nelson Rodrigues, foi criado o Fla-Flu (a maior divergência política da história do futebol antes mesmo de o mundo ter sido criado e ter alguma História para ser contada).

Irrelevando essa brincadeira de extremo mau gosto contra os princípios sagrados da religião – mas ponderando que é melhor perder os amigos que a anedota no País da Piada Pronta -, é mesmo essencial fazer Política (definir o que fazer, de preferência, corretamente). O problema é que o Brasil nunca define um Projeto para si. Fica sempre naquela doença do “amanhã a gente faz”, e nada acontece para melhorar.

Ano que vem tem eleições. Será que algo vai realmente mudar em termos de representatividade, sob o efeito salutar dos protestos nas ruas que devem continuar? A hipótese mais sincera e provável de ser concretizada é que pouco mudará. Praticamente nada mudará nas regras eleitorais e nas máquinas de cassino (tão confiáveis quanto Deus, segundo a Justiça eleitoral) que nos farão, pela vontade antidemocrática do voto obrigatório, escolher quem vai nos representar no parlamento, nos governos estaduais e no trono imperioso da falsa República tupiniquim.

Embora nunca estivessem com os deles tão apertadinhos, os políticos estão confiantes. Na cínica fórmula de quem já está mamando na teta da politicagem, o modo mais simples de transformar a aparente má vontade do eleitorado é investir ainda mais pesado na máquina eleitoreira.

Aliás, nunca falta dinheiro para esse negócio que movimenta e desperdiça bilhões e cada dois anos... E aqueles que desejam se apresentar como “alternativa a tudo que aí está” já têm pronto o discurso de que não são políticos tradicionais, porém prometem consertar e sanear as coisas”.

Enquanto isso, a Vaccarezza está indo para o brejo. O Partido da Traição já trabalha contra a Presidenta Dilma Rousseff da Silva. A reeleição dela não será fácil nem com a vaca tossindo. Dilma foi jogada para baixo da carne seca porque não sabe fazer Política. Desde seu nada cândido tocador da reforma política, até seu péssimo trato com tantos ministros (alguns dos quais com quem sequer despachou até hoje).

Rola até a fofoca de que a Dilma só despacha, no sobe e desce do elevador presidencial, com seu ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General José Elito. Se a Dilma trata assim quem cuida da área de inteligência do governo, imagina o que ela não faz com aqueles a quem ela já até xingou de “burro”, na rispidez de uma reunião, como Moreira Franco (ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos). Ainda bem que os despachos não acontecem no banheiro...

O problema escatológico é que a Dilma está (ou é) politicamente perdida. O azar é que o País está pior que ela. Por negarmos a Política de verdade, sem definir um projeto para o Brasil, estamos condenados a ser a “Vanguarda do Atraso”.
Só temos saída Política se revertermos, urgentemente, a histórica falta de investimento em defesa, infraestrutura, educação, ciência & tecnologia. Sem isto somos Impotência. País sem futuro!

O Brasil só tem solução se implantar uma Política baseada no espírito empreendedor, desenvolvimentista, realmente democrático, e com mecanismos de controle para coibir a corrupção (conatural ao ser humano que pratica os sete pecados capitais).

Será possível fazer dessa “Política” a nossa “Religião” para tornar o Brasil uma Nação Divina? E, perguntamos novamente: até quando seremos tão canalhas e não fazemos o dever de casa?        

Pura Politicagem

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.


22 de julho de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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