"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 22 de julho de 2013

JOVENS NÃO TÊM MEDO DE ARRISCAR A ÚNICA VIDA QUE POSSUEM - DIZ PAPA FRANCISCO

 

 
O papa Francisco afirmou na noite desta segunda-feira (22), no primeiro discurso desde que chegou ao Brasil, que Jesus Cristo abre espaço para os jovens porque eles "não têm medo de arriscar a única vida que possuem".
A declaração foi feita ao lado da presidente da República, Dilma Rousseff, no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, em Laranjeiras (zona sul).
 
"Cristo abre espaço para eles [jovens], pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo 'bota fé' nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: 'ide, fazei discípulos". Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens 'botam fé' em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos", declarou o pontífice.
 
No início do discurso, o pontífice argentino referiu-se aos brasileiros. "Aprendi que para ter acesso ao povo brasileiro é preciso bater no portal de seu coração", afirmou Francisco, que disse ter vindo ao Rio "nos braços abertos do Cristo Redentor."

 O papa disse também que "a juventude é a janela pela qual o futuro entre pelo mundo" e se colocou na posição de "amigo" dos brasileiros. "Peço a todos a delicadeza da atenção para estabelecer um diálogo de amigos, e os braços do papa se alongam para abraçar a nação brasileira."


No final do discurso, o sumo pontífice citou expressões tipicamente brasileiras, como "menina dos olhos" e referiu-se a locais do país, como o Pantanal.
 
 
Veja a íntegra do 1º discurso do papa Francisco em sua visita ao Brasil

Veja abaixo a íntegra do primeiro discurso do papa Francisco em sua viagem ao Brasil. O discurso foi feito no início da noite desta segunda-feira (22) no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro.
O pontífice estava ao lado da presidente Dilma Rousseff e era acompanhado por autoridades como o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes.


Senhora Presidenta,
Ilustres Autoridades,
Irmãos e amigos!

 
Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu pontificado me consentisse voltar à amada América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua benignidade.
 
Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: "A paz de Cristo esteja com vocês!"
 
Saúdo com deferência a senhora presidenta e os ilustres membros do seu governo. Obrigado pelo seu generoso acolhimento e por suas palavras que externaram a alegria dos brasileiros pela minha presença em sua Pátria. Cumprimento também o Senhor Governador deste Estado, que amavelmente nos recebe na Sede do Governo, e o Senhor Prefeito do Rio de Janeiro, bem como os Membros do Corpo Diplomático acreditado junto ao Governo Brasileiro, as demais Autoridades presentes e todos quantos se prodigalizaram para tornar realidade esta minha visita.
 
Quero dirigir uma palavra de afeto aos meus irmãos no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às suas amadas Igrejas Particulares.
Esta minha visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do Bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da Esperança que d'Ele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu Amor.
 
O motivo principal da minha presença no Brasil, como é sabido, transcende as suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da Juventude. Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu Coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações".
 
Estes jovens provêm dos diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variegadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os irmanem para além de toda diversidade.
 
Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. 
Cristo "bota fé" nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: "Ide, fazei discípulos". Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens "botam fé" em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.
 
Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas novas gerações.
 
Os pais usam dizer por aqui: "os filhos são a menina dos nossos olhos". Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz regalando-nos o milagre da visão!
O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que, nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora pergunta.
 
A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios.
A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos.
 
Concluindo, peço a todos a delicadeza da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos.
Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles,ninguém se sinta excluído do afeto do Papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes todos a NossaSenhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençôo.
Obrigado pelo acolhimento!

22 de julho de 2013

Hanrrikson de Andrade e Paula Bianchi
Do UOL

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