"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 22 de julho de 2013

CABRAL VÊ SEU PATRIMÔNIO POLÍTICO DERRETER


 Cabral: alvo preferencial dos protestos.
Passado um mês do início dos protestos pela redução das passagens de ônibus, o Rio de Janeiro mantém, no eixo entre o Leblon e o Palácio Guanabara, um foco permanente de manifestações.

Os endereços de residência e trabalho do governador Sérgio Cabral são os pontos de encontro de grupos que pedem desde o cancelamento da Copa do Mundo de 2014 até a suspensão das concessões de linhas de ônibus na cidade – dois assuntos fora da alçada de decisão do Executivo do estado.

O desfiladeiro da popularidade do peemedebista reeleito em primeiro turno em 2010, com a maior vantagem já obtida em uma eleição para o governo (66%), começou a ser cavado ainda em 2011, quando um acidente de helicóptero expôs a proximidade com o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta e detentor de contratos milionários com o governo.

Menos de um ano depois, o mesmo empresário apareceu em fotos de uma viagem a Paris ao lado do governador e seu primeiro escalão, no episódio que ficou conhecido como o escândalo dos guardanapos. Desde então, a visibilidade dos grandes eventos no Rio, palco da final da Copa das Confederações, e as críticas à atuação da Polícia Militar aumentaram o abismo entre o Guanabara e a rua – separados atualmente por duas fileiras de alambrados.
 
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O Datafolha aferiu, entre os dias 27 e 28 de junho, a popularidade dos governantes. A aprovação ao governo de Sérgio Cabral caiu 30 pontos porcentuais entre novembro de 2010 e a data da pesquisa, indo de 55% para 25%. A perda interfere no jogo que se desenha para 2014, quando o vice-governador Luiz Fernando Pezão deve disputar o governo do estado com uma plataforma bem mais desfavorável ao PMDB do que a de 2010.
E Cabral, que depois de sua reeleição avassaladora era cotado para disputar a vice-presidência ou até a Presidência da República pelo partido, em 2018, pode ter dificuldades de fazer seu sucessor no ano que vem.
 
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O governador do Rio enfrenta, a partir desta segunda-feira, mais uma rodada de protestos. O primeiro deles está marcado para o Palácio Guanabara, onde será realizada uma recepção para o papa Francisco, com presença da presidente Dilma Rousseff.
O esquema de segurança para manter os manifestantes longe do papa inclui o isolamento de vias como a Rua Pinheiro Machado e o Túnel Santa Bárbara. Desde as primeiras convocações pelo Facebook, os protestos se sofisticaram, e passaram a ter características de movimentos orquestrados, como se viu na última quarta-feira no Leblon. Depois dos gritos de guerra em frente à casa do governador, grupos de vândalos partiram pelo bairro e por Ipanema, promovendo um quebra-quebra transmitido ao vivo pela TV.

Os protestos planejados para a Jornada Mundial da Juventude repetem uma versão diferente do desconforto causado a Cabral, ao prefeito Eduardo Paes e à presidente Dilma Rousseff na final da Copa das Confederações.
O que era para ser um momento de coroação de uma parceria entre as três esferas de governo, no estádio do Maracanã reformado com custo de 1,1 bilhão de reais, tornou-se um constrangimento.
Dilma e Cabral não apareceram; Paes ficou na tribuna sem ser anunciado. Diante do pontífice, a trindade não terá a opção de se esconder do público.

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22 de julho de 2013
in aluizio amorim

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