"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 15 de julho de 2013

ROYALTIES: MERCADANTE, O IRREVOGÁVEL, TENTA LIVRAR DILMA DE NOVO VEXAME

Mercadante vai à Câmara para tentar livrar o governo de vexame na votação dos royalties 
 
 


Ministro da Educação e anteparo-geral do governo, Aloizio Mercadante descerá à Câmara nesta terça (16) para tentar livrar Dilma Rousseff de um fiasco. Em reuniões com as bancadas de partidos supostamente governistas, ele gastará saliva num esforço para reverter a derrota constrangedora que os aliados infligiram ao governo na sessão de quinta-feira da semana passada. Envolve o projeto que destina os royalties do petróleo à educação e à saúde.
 
Entre duas propostas –uma redigida no Senado, outra reescrita na Câmara— os deputados aprovaram a segunda, justamente a que Dilma abomina. Uma manobra regimental feita por PT e PMDB derrubou a sessão quando faltava votar apenas as emendas ao texto-base (detalhes aqui). Agora, munido de um otimismo próprio das pessoas que acreditam ser possível desfritar um ovo, Mercadante tenta convencer os supostos aliados do governo a voltar atrás.
 
Líder da bancada do PMDB, que recepcionará Mercadante às 14h desta terça, Eduardo Cunha pretende telefonar para o ministro. “Se depender do meu conselho, o governo não insiste na retomada dessa votação agora. Deixaria para agosto. Se votar nesta terça, vai tomar de capote.”
 
Na noite em que o Waterloo de Dilma foi esboçado, o líder do PT, José Guimarães, subiu à tribuna para dizer que a derrota foi emblemática. “Não é justo. Quem é governo tem ônus e bônus. Não pode ter bônus de um lado sem ter ônus do outro. Vamos rediscutir isso. …Quero rediscutir isso tudo até para estabelecer uma nitidez política aqui.”
 
Neste domingo, em entrevista ao Correio, Eduardo Cunha disse coisas assim: “O que vemos [na Câmara] é uma base parlamentar completamente esfacelada. […] Da parte do governo, havia uma aversão ao debate e ao diálogo político com os partidos. Depois das manifestações [de rua], parece-me que a própria governabilidade entrou em risco.”
 
Acrescentou: “Basta ver o que houve nas últimas votações, por exemplo, dos royalties. [...] A votação foi a fotografia clara de uma coalizão estraçalhada.” É contra esse pano de fundo que Mercadante desfiará seus argumentos na Câmara. Está no caminho certo. Só que na contramão.

15 de julho de 2013
Josias de Souza - UOL

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