"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 18 de junho de 2012

FHC QUERIA SER ELE

Os sábios ensinam que o pior ódio é o da inveja. A ira que em 2002 enfureceu Fernando Henrique contra o relator especial da ONU, Jean Ziegler, que veio ao Brasil ver como estava aqui o “Direito à Alimentação”, não foi apenas porque ele desmoralizou toda a propaganda dos 8 anos da “Era FHC”.
Isso doeu, mas doeu menos do que a butantânica inveja pessoal de Fernando Henrique.

É que o suíço Jean Ziegler é tudo que Fernando Henrique gostaria de ser. Sociólogos, os dois são. Professor de sociologia, o Ziegler foi na Sorbonne e Genebra, Fernando Henrique também já foi no Brasil. O gringo foi deputado socialista na Suíça e no Parlamento Europeu, Fernando Henrique foi senador e presidente no Brasil.

Para Fernando Henrique, até aí estão empatados. Mas o Jean Ziegler é um intelectual de prestígio e sucesso, respeitado na Europa e nas Américas. Foi ele quem promoveu o inquérito sobre o dinheiro sujo, do crime organizado e da corrupção internacional, que há séculos se acoita nos porões dos bancos suíços. E sobre isso escreveu um livro que fez furor mundial.

Depois, foi ele quem começou a campanha, logo apoiada pelos judeus do mundo inteiro, para os bancos suíços devolverem o dinheiro confiscado dos judeus pelos nazistas e lá depositados.
E, finalmente, o imenso sucesso internacional do livro “La Faim Dans le Monde Expliquée à Mon Fils” (A Fome no Mundo Explicada a Meu Filho), que o levou para a Secretaria Geral de Alimentação da ONU, um dos mais importantes postos internacionais.

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AS DIFERENÇAS

Enquanto isso, Fernando Henrique teve apenas um livro traduzido em inglês e francês (fora as picaretagens que o Itamaraty fez, traduzindo textos de assessores atribuídos a ele para distribuir nas viagens internacionais, com dinheiro público, como aconteceu em viagens à Rússia e à Eslováquia). A “Teoria da Dependência”, por exemplo, na verdade foi escrito pelo chileno Falleto e coeditado por FHC, como sabe toda a comunidade acadêmica.

E pior. FHC entregou meio Brasil aos banqueiros internacionais e vive ajoelhado diante dos Estados Unidos, para ver se consegue um bico qualquer lá fora. Morre de inveja. Queria ser o suíço.
E o que foi, afinal, que o suíço disse quando veio ao Brasil no final da era FHC? O que o País todo sabia. Que “há uma guerra social no Brasil”. Que “um terço da população brasileira (quase 60 milhões) era afetado pela subalimentação”. E que “no Brasil a fome é um genocídio, não uma fatalidade, e quem morre de fome no Brasil é assassinado”.

18 de junho de 2012
Sebastião Nery

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