"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CUMPRA-SE


Em meio a protestos de petistas contra a decisão do Supremo Tribunal Federal que mandou a Câmara cassar o mandato dos deputados condenados no mensalão, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem que decisões judiciais definitivas têm que ser cumpridas.
 
A declaração do ministro, que é petista, vai de encontro às ameaças de integrantes da legenda de não cumprir a ordem judicial. "As decisões do Supremo Tribunal Federal, desde que transitadas em julgado [definitivas], diz a Constituição, valem como lei e deverão ser cumpridas, independentemente da avaliação que as pessoas possam subjetivamente fazer sobre elas", afirmou o ministro.
 
Na conclusão do julgamento, anteontem, o STF decidiu que os três deputados federais condenados -João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT)- deverão perder os mandatos. Pela decisão do Supremo, não caberá à Câmara decidir sobre a cassação dos mandatos, mas apenas formalizar a decisão da corte.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT), classificou a decisão do STF como "ingerência" no Congresso, sob o argumento de que a palavra final sobre perda dos mandatos cabe ao plenário da Casa. Antes, Maia previra uma "crise institucional" caso o STF decidisse como decidiu. Líderes da base governista na Câmara também se manifestaram contra a decisão, que poderá ser revista quando os ministros examinarem recursos dos advogados dos condenados, o que só deverá ocorrer no próximo ano. Ontem, em uma confraternização do PMDB, o vice-presidente Michel Temer disse que cabe à Câmara decidir sobre a perda de mandatos.

Cardozo comentou o assunto quando saía de um evento sobre fronteiras na Vice-Presidência da República. Antes, o ministro havia dito ser um dever funcional zelar pela separação dos Poderes. O posicionamento do ministro da Justiça foi lido por colegas de partido como um sinal de que o governo Dilma Rousseff vai defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros petistas, mas não deverá investir em uma crise institucional com o STF.
 
A decisão sobre a cassação dos mandatos foi apertada (cinco votos a quatro) e gerou críticas indiretas do ministro Celso de Mello a Maia. "O equivocado espírito de solidariedade não pode justificar afirmações politicamente irresponsáveis, juridicamente inaceitáveis, de que não se cumprirá uma decisão do Supremo Tribunal Federal", disse Mello. Além dos três deputados, a decisão atinge também o ex-presidente do PT José Genoino, outro dos condenados no julgamento do mensalão. Ele é suplente de deputado federal e tem manifestado a intenção de assumir a vaga no ano que vem, quando o titular assumirá uma prefeitura.
(Folha de São Paulo)
19 de dezembro de 2012
in coroneLeaks

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