"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 10 de junho de 2013

"NÃO PRECISO DE TUTORES, DE QUEPE OU DE MACACÃO".

Assustador. Não existem meias-verdades.

Existe história. E amnésia. Nosso Celso Arnaldo tocou no ponto que considero crucial. Até onde este projeto de poder nascido do PT e por ele aproveitado deixou como verdadeira herança maldita esta miopia preocupante que deseja ─ a até pede ─ a quebra da legalidade? O retorno a uma noite que foi longa?
 
A chegada do PT ao poder foi embalada por sonhos de mudanças profundas na política nacional.
Mais que alterações econômicas tínhamos a expectativa de uma nova ética e de novos valores. Valores democráticos.
 
Deu-se o oposto. Manteve-se a política econômica (e, como sempre alertei, sem a continuidade necessária, como está começando a ficar claro) e foram aprofundadas todas as práticas demagógicas e até mesmo ditatoriais que julgávamos sepultadas.
Os opostos se atraem.
 
A arrogância aliada à mentira, a prepotência em parceria com a corrupção, tudo isso resultou no maior estelionato da história do Brasil. O que vemos hoje é o uso abastardado de um estado aparelhado, o uso de ameaças e enganações concebidas para a permanência no poder.
 
Até que ponto este atiçamento que se vê na web (hoje circula um factóide envolvendo o ministro general José Elito) é fruto do desconhecimento histórico, da ação premeditada (do PT ou dos saudosos da ditadura) ou de um esgarçamento de qualquer esperança na democracia?

Quero o PT fora do governo. Chega de tudo o que representa. Uma década perdida. Mas quero pelas ruas e pelas urnas.
 
Não é possível que tantos tenham esquecido o que era viver sob o chicote de alguma cavalgadura de plantão! Dos assassinos de Herzog. Do imperial Ernesto Geisel, que sabia de tudo e concordava com tudo. De Médici, que ouvia radinho de pilha no Maracanã e nunca ouviu o grito dos torturados nos porões!
 
Não é possível que queiram de volta os censores com as suas (DELES!) canetas vermelhas nas redações. Que tenhamos todos (SIM, TODOS, inclusive os que pedem esta “solução!”) que nos esconder e não mais opinar e debater em espaços livres.
 
Certamente uma nova “junta militar” me levaria para algum calabouço! Já os conheço. Não quero viver isso de novo.
 
Quem defende a “volta dos militares” está assinando o próprio atestado de incompetência como cidadão. Não preciso de tutores, de quepe ou de macacão!
Acredito no povo brasileiro, na história, na evolução e na democracia.
 
Aos que pedem a volta da barbárie, fica uma pergunta: vocês não se julgam capazes de mudar este cenário que, aliás, já está mudando? Ou não está claro que o PT está ─ pela primeira vez em dez anos! ─ mais fragilizado do que nunca? Sem que precisemos usar canhões. Só com os fatos. Costumam ser sempre mais eficientes.
 
Não aceito a mentira do lulopetismo, com seu eterno “eu não sabia”. E nunca aceitei a dos militares e seu “não é verdade” usado para negar as mortes e perseguições.
 
Não aceito o aparelhamento de “companheiros” ambiciosos que sequer conseguem assinar o nome ou construir uma frase, como nunca aceitei o enxame de coronéis e generais nos postos executivos do governo federal.

Não aceito que o MST mande estudantes de medicina para Cuba (com emprego garantido no retorno), como nunca aceitei que tenentes fossem aos USA para aprender “técnicas de interrogatório”.

Não aceito ─ como nunca antes aceitei ─ a criação de estatais que eram (e hoje também são!) cabides de empregos para indicados.
 
Por fim, não aceito que o esquecimento suplante o aprendizado.
 
O fato de estar contra tudo o que está aí não me inclui entre os que defendem quarteladas e outras agressões ao Estado de Direito, à democracia e à minha dignidade. “Me incluam fora disto”.

Espero sim ─ e vamos! – tirar estes embusteiros do poder. Chegaram lá pelo voto. Sairão de lá do mesmo modo.
Mesmo que demore. A estrada é mais longa do que desejo. Mas é estrada. Nunca atalho.

10 de junho de 2013
REYNALDO ROCHA

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