"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 13 de junho de 2013

RECUPERAÇÃO ECONÔMICA VERSUS INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL

           
          Artigos - Economia 
Os argumentos intervencionistas não são inocentes; eles nos levam para longe da liberdade.
Medidas mais fortes são requeridas para aliviar a dificuldade que então se tornou universal; e essas medidas asseguram o completo colapso. O resultado é uma economia socialista adjunta a um estado policial.

No livro Ação humana, o economista austríaco Ludwig von Mises afirma que "a ideia subjacente a todas as políticas intervencionistas é a de que a renda e a fortuna da parcela mais rica da população é um fundo do qual pode ser extraído o necessário para melhorar a situação dos mais carentes". Independente se estivermos falando do Obamacare ou do aumento dos impostos, várias políticas são justificadas como uma tentativa de beneficiar o pobre em detrimento do rico. Mises alerta que tais políticas não podem ser sustentadas e, inevitavelmente, resultarão em mais pobreza.


Vejamos o que três dos mais importantes homens de negócio disseram acerca do aumento da tributação e da regulamentação. Em fevereiro deste ano, o fundador do Subway, Fred Deluca disse à CNBC que as regulamentações impostas pelo governo são ruins para os negócios. "Se eu tivesse começado o Subway nos dias de hoje", explicou, "ele não existiria". Quase dois anos atrás, o co-fundador da Home Depot, Bernie Marcus, fez a seguinte afirmação ao Investor Business Daily:

"posso te dizer que hoje os empecilhos impostos pelo governo são impossíveis de lidar. A Home Depot jamais seria bem-sucedida se tentássemos começar nos dias de hoje. Todos os dias você vê regras e regulamentações de um grupo de burocratas de Washington que não sabem nada sobre como tocar um negócio. E eu quero literalmente dizer todos os dias. Tornou-se uma coisa sufocante".

Em uma entrevista televisiva no começo deste ano, o fundador da FedEx, Frederick Smith, disse: "é muito mais difícil começar uma companhia industrial nos dias de hoje... O ambiente regulatório está muito adverso atualmente."

Os gastos governamentais podem ajudar os pobres em curto prazo, mas isso significa a migração de dinheiro de um sistema operacional mais eficiente para um menos eficiente (i.e., do setor privado para o governamental). De acordo com Mises,

"o intervencionismo, ao preconizar gastos públicos adicionais, não tem consciência do fato de que os fundos disponíveis são limitados. Não percebe que aumentar a despesa em um departamento implica em restringi-la em outro departamento. Imagina que os recursos sejam abundantes".

Eis o ponto chave: O objetivo do burocrata é gastar o dinheiro alheio, enquanto o empreendedor está gastando o seu próprio dinheiro.

E consciência da limitação real é dominante na mente do empreendedor. Já o estado de bem-estar social frequentemente ignora essa limitação e acaba por ser guiado democraticamente a abraçar uma fantasia cada vez mais grandiosa. É a fantasia do lanche grátis.

Se a maioria declarar que haverá dinheiro para X, Y ou Z, então o dinheiro aparecerá magicamente (por tributação ou empréstimo). Se a maioria acredita em sistema de saúde grátis, então assim será. 

Evidentemente, há aí um problema: acreditar não torna a coisa real. Instituir sistema de saúde pública universal ou aumentar o salário mínimo não leva embora os custos aos quais a sociedade terá de arcar pela cobertura médica universal e pelos altos salários pagos a empregos de baixa complexidade. Ainda assim, a América está agora onde a maioria sucumbe à fantasia.
Como sugeriu Umberto Eco em seu ensaio Il costume di casa, "a América tem estado obcecada com simulacros e falsas realidades". Um sistema de expressões e símbolos econômicos auto-reforçantes há muito tempo nos separou da realidade, pois ele contribui para uma bizarra esquizofrenia coletiva a qual a ficção reconfortante aniquila o fato real desconfortável.

Considere os seguintes fatos: A
dívida nacional está atualmente em US$ 16 trilhões e aumentando; o gasto total do governo dentro do país é estimado em US$ 6,2 trilhões; e a renda pessoal atual em dólares diminuiu 3,2 por cento (taxa anual) no primeiro trimestre de 2013. Heidi Moore do jornal britânico Guardian disse: "Não se engane com a falsa recuperação econômica".

Ela argumenta que o mercado interno americano está sendo artificialmente apoiado pelos bancos e investidores em vez de "compradores reais", e os números sobre a confiança do consumidor nada significa, de modo que não se deve ter confiança neles. Ademais, a atual "recuperação" não é a primeira do gênero a aparecer e ir embora.

Pode-se argumentar que queremos acreditar em uma recuperação. Somos induzidos a participar de algo que não sabemos que no fundo é temporário e fraudulento; Porquanto nos dias de hoje, acreditar em uma realidade fictícia é a única defesa contra um deslinde geral. O que nós atrevemos a não ver é um movimento na direção oposta ao livre mercado, ou seja, o colapso da própria liberdade. "O interlúdio intervencionista deverá chegar ao fim", diz Mises, "porque o intervencionismo não pode conduzir a um sistema permanente de organização da sociedade.

Os argumentos intervencionistas não são inocentes; eles nos levam para longe da liberdade. Mises alertou que o intervencionismo abre caminho para o socialismo por três razões:


(1) O intervencionismo restringe a produção;
(2) O intervencionismo falha em alcançar a melhora de vida dos pobres;
(3) O intervencionismo exaure o excedente econômico da sociedade.

Sendo assim, medidas mais fortes são requeridas para aliviar a dificuldade que então se tornou universal; e essas medidas asseguram o completo colapso.
O resultado é uma economia socialista adjunta a um estado policial; em outras palavras, uma economia quase sem pulso.

Quanto pode durar o socialismo? Para Mises, "os países que rejeitarem o capitalismo poderão seguir o seu caminho enquanto assim o desejarem". Mais adiante ele disse que "nem um baixo padrão de vida e nem o empobrecimento progressivo mudam um sistema econômico. A mudança para um sistema mais eficiente só ocorrerá se as pessoas forem capazes de perceber as vantagens que essa mudança poderá proporcionar-lhes."

Será que os americanos são inteligentes o bastante para compreender as vantagens do livre mercado? Uma nação que é adicta à fantasia, muito possivelmente elegerá um político que promete benefícios grátis, mesmo se esses benefícios não aparecerem.


13 de junho de 2013
Jeffrey Nyquist
 Publicado no Financial Sense.

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