"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 2 de abril de 2012

TÁ CURADO? ENTÃO É HORA DO PARLAPATÃO BOTAR O "GOGÓ" PRA FUNCIONAR E SOLTAR A LÍNGUA

Com o PAC engatinhando, cabe a Lula nos esclarecer:
ou ele foi, no mínimo, imprevidente ao deixar obras demais, ou Dilma Rousseff é que não dá conta do recado. As duas são ruins para o PT

A volta do ex-presidente Lula à política não poderia vir em melhor hora.
Quem sabe ele nos ajude a esclarecer vários pontos da política nacional e vislumbrar o mistério que cerca as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os jornais estão fartos de reportagens que, dia sim outro também, mostram paralisadas toneladas de obras das quais ele lançou pedra fundamental, assinou ordem de serviço, ou visitou logo no comecinho.

Muitas simplesmente não saíram do papel. O PAC de bilhões de reais engatinha diante de um país que não tem recursos para tocar tudo simultaneamente.
Alguns vão dizer que a culpa pelos atrasos é da presidente Dilma Rousseff. Mas, como dar conta de tantas obras ao mesmo tempo com um orçamento apertado?

Lula, no afã de fazê-la presidente, agiu como aquele sujeito que ganha R$ 1 mil e assume uma prestação de R$ 700.
Uma hora, vai deixar de pagar o que deve.

O ex-presidente deixou para ela um mar de obras, muitas vezes sem lastro financeiro. Lançou até o tal PAC 2, uma carta de intenções para o futuro e — vale aqui lembrar o ditado — de boas intenções, o inferno está cheio.

Dias desses, conversando com alguns políticos, eles me diziam que o atraso das obras não tem importância, porque ninguém no Brasil deixou de ganhar eleição em razão de não ter conseguido cumprir o prazo de uma obra.

Afinal, sempre tem alguém na sala para levar a culpa quando algo atrasa:
a crise internacional, as instituições ligadas ao meio-ambiente, o Tribunal de Contas da União... mas, diante do mar de projetos lançados pelos governos, é preciso que o eleitor passe a levar isso em conta na hora de escolher seus candidatos.

Por falar em candidato...

Já dissemos aqui por várias vezes que é preciso haver uma lei de responsabilidade eleitoral, que puna os autores de promessas não cumpridas.
O entrevero entre o Brasil e a Fifa, por conta da Copa de 2014, é prova que ainda estamos engatinhando nesse quesito.

A própria Copa, embora positiva para o país, nos deixará uma herança que é preciso ser avaliada com cuidado:
o regime diferenciado de contratações, por exemplo, que permite a contratação rápida, precisa ser avaliado. Pode ser uma grande armadilha para o futuro, como as obras do PAC viraram um problema para Dilma.

Com o PAC engatinhando, caberá a Lula agora esclarecer se foi, no mínimo, imprevidente ao deixar obras demais, ou se Dilma Rousseff é que não dá conta do recado de levar avante os projetos.

02 de abril de 2012
Denise Rothenburg Correio Braziliense

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