"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 2 de julho de 2012

URUGUAI DIZ QUE DILMA FORÇOU A ENTRADA DA VENEZUELA NO MERCOCUL

Uruguai era contrário a Venezuela no Mercosul, diz chanceler

Missão da OEA investiga situação democrática no Paraguai após saída de Lugo


Insulza cumprimenta o nome presidente Federico Franco no Palácio de López: comissão deve lançar informe sobre Paraguai
Foto: Jorge Adorno / Reuters
Insulza cumprimenta o nome presidente Federico Franco no Palácio de López: comissão deve lançar informe sobre ParaguaiJorge Adorno / Reuters

MONTEVIDÉU e ASSUNÇÃO - O Uruguai não apoiava a entrada da Venezuela no Mercosul num momento em que o bloco discutia o impeachment do paraguaio Fernando Lugo, e teria partido da presidente Dilma Rousseff a sugestão do ingresso do novo membro no bloco. As afirmações são do chanceler paraguaio, Luis Almagro que, em entrevista ao jornal “El País”, de Montevidéu, deu detalhes sobre os bastidores da cúpula realizada na semana passada em Mendoza, na Argentina.

“Creio que o governo (uruguaio) deu mostras claras de ter defendido a outra posição de forma implacável, mas tudo terminou se resolvendo numa reunião fechada entre os presidentes. Não creio que seja imposição de Argentina e Brasil o que aconteceu”, disse Almagro.

Na quinta e sexta-feira da semana passada, os países da Unasul e do Mercosul se reuniram em Mendoza para discutir a situação do Paraguai, onde Fernando Lugo sofreu um impeachment relâmpago, sendo substituído por seu vice, Federico Franco. Após a reunião dos chanceleres, na quinta, e dos presidentes, na sexta, ficou decidido suspender o Paraguai até a realização das eleições presidenciais de 2013. Os membros decidiram ainda aprovar a Venezuela como membro do Mercosul.

Segundo o chanceler uruguaio, a decisão de apresentar o ingresso da Venezuela começou “com um pedido da presidente Dilma Rousseff”. “A iniciativa foi bem mais brasileira. O posicionamento do Brasil foi decisivo nesta história”, declarou ao “El País”.

Almagro deixou a sala de sessões durante a votação, enquanto o presidente uruguaio, José Mujica, se sentou na segunda fila, atrás de seu embaixador na Argentina, Guillermo Pomi. À TV uruguaia, Almagro acrescentou que o Uruguai preferiu não utilizar seu direito de veto, porque isso complicaria a situação política do Mercosul.

Missão da OEA quer se encontrar com Lugo

A OEA ainda estuda a situação do Paraguai e, nesta segunda-feira, o secretário-geral da organização, José Manuel Insulza, se reuniu com o novo presidente do país. Insulza ainda deve se encontrar com autoridades locais e com Lugo. A OEA investiga a situação democrática no país após o impeachment do ex-bispo.

O encontro entre Insulza e membros do novo governo paraguaio começou por volta das 9h (horário local). Após deixar o Palácio de López, o secretário-geral da OEA se recusou a falar com repórteres. Segundo o chanceler José Félix Fernández Estigarribia, foram feitas perguntas sobre “os fatos ocorridos desde o julgamento político de Lugo até a situação atual”. O ministro de Relações Exteriores se mostrou otimista. Para ele, a OEA não vai tomar medidas contra o governo Franco.

- Contamos para ele que a democracia funciona, que as tropas estão em seus quartéis, que as instituições funcionam e que há liberdade de imprensa. Não há restrições de nenhum tipo, nem há presos políticos - explicou Fernández.

A visita da OEA ao Paraguai é consequência das críticas da comunidade internacional sobre o novo governo Franco. Segundo o chanceler paraguaio, a organização não deve demorar para divulgar um informe sobre a situação política no país.

Na última sessão extraordinária da OEA, realizada no último dia 26 de junho, a organização decidiu não impor sanções ao país e enviar uma delegação para Assunção. Já o Mercosul apostou numa resposta mais dura ao novo governo e decidiu suspender o Paraguai do bloco até as eleições presidenciais de abril de 2013.

O Globo
02 de julho de 2012

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