"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 28 de setembro de 2012

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA CARLOS CHAGAS

OS NÚMEROS NÃO MENTEM, MAS MUDAM

Em plena temporada de greves, 77% da população apoiaram a maneira de a presidente Dilma governar. Como ela enfrentou com dureza as paralisações no serviço público, a conclusão surge óbvia: o povão detesta greves, em especial quando se fazem contra ele e não contra os patrões.

Junte-se a esses percentuais outro tão importante quanto: 62% dos consultados acham o governo ótimo ou bom. Resultado: é o PT que anda na baixa, com o mensalão, jamais o governo ou sua chefe.
Tudo conduz a projeções favoráveis à reeleição da presidente, claro que se tudo continuar como está. Mesmo sem querer, Dilma vai-se desgarrando do partido do qual nunca fez efetivamente parte.
Fica a pergunta: acontece o mesmo com relação ao Lula?

A resposta é não. Os laços entre a sucessora e o antecessor permanecem férreos, seja por gratidão, seja por estratégia, já que a experiência do Lula constitui trunfo de vastas proporções.
Logo começará a segunda metade da administração federal e a prática indica poucas ou nenhuma mudança no estilo de Dilma administrar.


Não há sinais de que pretenda promover sensível reforma no ministério, ainda que em 2014, ano das eleições gerais, certos reajustes se tornem necessários.
A chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, é candidata ao governo do Paraná. Aloísio Mercadante, da Educação, e Marta Suplicy, da Cultura, disputarão a indicação do PT para o governo de São Paulo. Edison Lobão, das Minas e Energia, concorrerá ao governo do Maranhão, assim como parece provável que Garibaldi Alves Filho, da Previdência Social, ao governo do Rio Grande do Norte.

Em toda situação política deve-se considerar o reverso da medalha. Suponha-se o agravamento das dificuldades econômicas. A fuga de investimentos externos, que já começou. Uma imprevista onda inflacionária.
A eclosão de dificuldades regionais impulsionadas por governadores da oposição. Catástrofes superdimensionadas da natureza. Fracasso na organização da Copa do Mundo de futebol.
E quantos inusitados a mais, em condições de inverter o pêndulo das previsões? Os números não mentem, mas mudam

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IMPERFEIÇÕES

Como nada no mundo é perfeito, aí está o duelo entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, com direito a intervenções do ministro Marco Aurélio Mello. Aqui para nós, um vexame, importando menos saber se Deus criou primeiro o ovo ou a galinha.

O relator e o revisor do processo do mensalão andam exagerando no tamanho das farpas trocadas, confronto que faz a alegria dos meios de comunicação e de boa parcela dos telespectadores das sessões do Supremo Tribunal Federal, mas que pode prejudicar o julgamento.

Já se disse, faz tempo, não estar a humanidade dividida entre mocinhos e bandidos, ainda que muitos sejam bem mais bandidos do que mocinhos. Coisa que o bate-cabeça entre os dois ministros poderá radicalizar.

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A PÉRFIDA ALBION

Como a comprovar haver perdido a personalidade, o poder e a influência, vem a Inglaterra a reboque dos Estados Unidos acusar o Brasil de protecionismo industrial. Comparado com os americanos, é mínimo o volume de nosso comércio com os ingleses. Perdeu o primeiro-ministro David Cameron excelente oportunidade de ficar calado, em especial porque empreende meteórica visita a São Paulo.

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