"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 13 de junho de 2012

POR QUE THOMAZ BASTOS ACUSA A IMPRENSA E DIRCEU TENTA INSUFLAR OS JOVENS. SERÁ UMA AÇÃO ORQUESTRADA?

O comentarista José Guilherme Schossland chama atenção para a entrevista do ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos ao programa “Ponto a Ponto”, da BandNews, canal por assinatura da TV Bandeirantes, acusando a imprensa de ter tomado partido contra os réus do processo do mensalão para influenciar o resultado do julgamento no Supremo Tribunal Federal, ao fazer “publicidade opressiva” do caso.

Bastos reclamou que a imprensa “elevou a um ponto muito forte o mensalão que vai ser julgado, deixando de lado os outros mensalões”. Como se sabe, ele era ministro da Justiça quando o escândalo veio à tona e hoje é advogado de um dos réus do processo, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, acusado de colaborar na montagem do esquema de financiamento político que beneficiou o PT e seus aliados.

Bastos já tentou adiar o julgamento, alegando que seu cliente tem de ser julgado pela Justiça comum, por não ser parlamentar. Mas o Supremo não aceitou a tese e depois decidiu marcar para agosto o início do julgamento do escândalo que sacudiu o governo Lula em 2005 e atirou no banco dos réus políticos do PT e de outros partidos que ajudaram os petistas a chegar ao poder.

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CASO NARDONI?

Ao defender seu cliente, Bastos não mede esforços e adota posições verdadeiramente extremadas. Na entrevista, conduzida pela jornalista Mônica Bergamo e pelo sociólogo Antonio Lavareda, o advogado chegou ao cúmulo de comparar o mensalão com o caso de Alexandre Nardoni e sua segunda mulher, Anna Carolina Jatobá, condenados em 2010 pela morte da filha dele, Isabela Nardoni, de 5 anos.

“É um exemplo típico de um julgamento que não houve”, disse. “Foi um justiçamento”, disse Bastos, assinalando que o advogado do casal Nardoni, Roberto Podval, foi agredido na rua durante o julgamento, “de tal maneira aquilo foi insuflado pelos meios de comunicação”, e afirmou que “o julgamento se torna uma farsa” em situações como essa.

O ex-ministro disse ver com preocupação a capacidade da imprensa de influenciar os juízes. “A vigilância da imprensa é fundamental”, afirmou. “Mas algumas vezes ela erra.”

Questionado se queria dizer que isso também estaria ocorrendo no processo do mensalão, o advogado respondeu: “Não estou querendo dizer, mas tenho medo que ocorra. Será possível fazer um julgamento com uma publicidade opressiva em cima?”

Bastos, que é amigo do ex-presidente Lula e participou da seleção de 8 dos 11 ministros que integram a corte atualmente, depois amainou as declarações e disse acreditar que a pressão da imprensa chegará “muito esbatida [atenuada]” ao Supremo desta vez.

“Os ministros são homens experimentados, preparados, probos e capazes de fazer um julgamento técnico que se aproxime o mais possível da justiça”, disse o advogado, refreando seu “jus sperniandi”, como se dizia em linguagem jurídica de quem não tem argumentos sólidos.
Ao mesmo tempo, José Dirceu decide insuflar os jovens contra o Supremo. Será mera coincidência? Ou uma ação orquestrada pelo próprio Thomaz Bastos, para tumultuar o processo? Logo, logo saberemos.

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