"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

PETROBRAS, FERRO, AÇÚCAR E ÁLCOOL AFUNDAM COMÉRCIO. ROMBO DE R$ 5 BILHÕES

 
Balança comercial tem pior resultado em 20 anos: deficit de US$ 5 bi desde janeiro. Venda menor de petróleo, queda no preço das commodities e compra maior de derivados foram principais causas

 
As dificuldades operacionais da Petrobras atingiram em cheio a balança comercial brasileira, diferença entre as exportações e importações do país. Em julho, o deficit foi de US$ 1,9 bilhão, o pior resultado para o mês, considerando a série iniciada em 1993.
 
No ano, o saldo negativo é de US$ 5 bilhões, outro recorde histórico, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento.
 
A baixa produção da Petrobras, que vem realizando paradas técnicas em plataformas de exploração, fez com que as exportações de petróleo caíssem 51% em julho ante o mesmo mês de 2012.
 
Já as compras no exterior de petróleo e derivados dobraram no mesmo período diante da capacidade insuficiente de refino da estatal.
 
Com isso, a conta petróleo (diferença entre o que o país vende e compra de petróleo e derivados) ficou US$ 3,5 bilhões no vermelho em julho.
 
No ano, o deficit nessa rubrica já chega a US$ 15,4 bilhões. Apesar de ser historicamente deficitária, a conta petróleo nunca chegou nem perto de um saldo negativo tão expressivo. No ano passado inteiro, por exemplo, o deficit foi de US$ 5,3 bilhões.
 
"Não é um problema de mercado externo, é um problema relacionado à empresa. Não conseguimos produzir. O Brasil depende de importações de petróleo e ficar tão vulnerável no quesito venda é um problema", afirma Felipe Salto, economista da consultoria Tendências.
 
A queda no preço de commodities importantes, como minério de ferro --principal produto da pauta exportadora do país--, açúcar e etanol, complicou ainda mais o cenário. Em julho, a cotação desses produtos alcançou o menor patamar no ano.
 
O governo segue fiel à estimativa de saldo positivo na balança comercial em 2013. Mas já faz contas. "De fato a conta petróleo nos preocupa", afirmou Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior. A estimativa para os próximos meses, segundo ela, ainda não é suficiente para rever a expectativa inicial.
 
A aposta do governo é que a Petrobras conseguirá recuperar sua produção e a desvalorização do real poderá incentivar exportações.
 
Por outro lado, a decisão do governo de reduzir a alíquota de importação de cem produtos, anunciada ontem, pode elevar as compras.
 
"A cada mês, o superavit se torna mais difícil, porque não há tempo hábil para retomada e os preços estão caindo", diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior, que projeta deficit de US$ 2 bilhões neste ano.

02 de agosto de 2013
RENATA AGOSTINI - Folha de São Paulo

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