Mal conheço a deputada Ana Arraes. Fui muito amigo de seu pai, o saudoso governador Miguel Arraes de Alencar, de Pernambuco, meu colega de Câmara na legislatura de 1983 a 1986. E me considero amigo pessoal de seu filho, o hoje governador Eduardo Campos. Este, aliás, sabe sobejamente que fui leal a ele num momento em que a lealdade era artigo apreciável.
Discordo, porém, da indicação de sua mãe, a deputada, para o Tribunal de Contas da União. Afinal, estarão em causa convênios federais com Pernambuco e, mesmo se declarando impedida de atuar nesses processos, sua presença pairará sobre a Casa, de certa forma constrangendo seus novos pares.
Pensei muito antes de emitir esta opinião. Muito mais cômodo não fazê-lo, neste país que premia a omissão e valoriza as relações pessoais mais que certos princípios que deveriam ser pétreos na vida pública. Mas o comentário já está feito e dele não me arrependo de jeito nenhum.
Nessa “campanha” para o TCU, triste mesmo foi o papel do ex-presidente Lula, que fez campanha aberta pela candidata vitoriosa, a despeito de a boa postura recomendar, a quem já governou o Brasil, distância de embates assim. Claro que não me preocupo se ele se desgastou ou não com seu ex-ministro Aldo Rebelo, alias fiel amigo de Eduardo Campos. Interessa-me é anotar que estamos diante de um homem que perdeu inteiramente a noção dos limites.
Acha normal fazer palestras milionárias sempre para os mesmos “patrocinadores”, invariavelmente empresas que se beneficiaram de sua gestão e atualmente se valem de seu prestígio junto a Dilma Rousseff. Usa o jatinho da Camargo Correia, até para viagens internacionais, como se estivesse pegando carona no fusca de um vizinho.
Tudo para ele é “normal”. Nada o trava. Mais um pouco e começará a andar nu, aplaudido pelo séquito de acólitos que, vendo-o em campanha aberta pelo Planalto, supõem que a eleição já está decidida, ainda que o eleitorado não tenha sido consultado. Ainda que não seja hora de consultar eleitorado nenhum. Ainda que Lula tenha pela frente o “pequeno” problema de dizer a Dilma que ela não terá direito a disputar a reeleição.
Para o Brasil, a melhor coisa será que Lula vire passado de uma vez por todas. As novas gerações agradecerão um dia, se for assim.
Arthur Virgilio
Blog do Noblat
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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