Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
domingo, 18 de dezembro de 2011
BRASIL DEVERIA APRENDER COM A CHINA O VALOR DO SISTEMA BASEADO NO MÉRITO
Gustavo Ioschpe conta em cinco capítulos como funciona o sistema educacional que fez do país uma potência. No domingo, o autor mostra o que o Brasil pode copiar da China
O mérito é o que conta A China testa com rigor seus estudantes e premia com alvoroço os melhores (Montagem sobre fotos de Eyepress/AP, Stockphoto)
CAPÍTULO 1
OS ALUNOS E SEUS PAIS
A história de Sun Juntao, de 16 anos, é uma entre milhões do fabuloso arsenal de educação em massa que une escolas, alunos e pais na China
Encontrei Sun Juntao, 16 anos, às 7h30 da manhã perto do ponto de ônibus onde desembarcava, em uma das tantas largas e movimentadas avenidas de Xangai, a maior metrópole chinesa. A caminho de sua primeira aula do dia, de matemática, Juntao estava paramentado com roupas de marcas esportivas, ostentava um ralo bigodinho do qual provavelmente se arrependerá no futuro e falava com aquela mistura de entusiasmo, ingenuidade, determinação e timidez próprios da adolescência. O extraordinário na cena era o fato de ser domingo e Juntao estar indo para uma escola particular, onde receberia aulas de reforço. Mais tarde lá estava ele, com mais vinte alunos sentados em duas fileiras de mesas retangulares, separadas por um corredor. A sala não tinha ar-condicionado, monitor de televisão, microfone ou outro aparato tecnológico: só mesas, cadeiras e uma lousa. A aula era ministrada por um professor jovem, de 27 anos. Foi uma das aulas mais pesadas a que já assisti: sem fazer nenhuma concessão ao fato de ser um domingo de manhã, freneticamente o professor resolveu problemas de geometria por quase duas horas, sem intervalo, sem fazer muitas perguntas aos alunos nem esboçar algum sinal de senso de humor ou apelar para a espetacularização das aulas dos cursinhos brasileiros. Ninguém reclamou, nem se mexeu muito, nem saiu para ir ao banheiro. Depois daquela aula, um intervalo de dez minutos e mais duas horas de aula de química. Assim são todos os fins de semana de Juntao. Assim são os fins de semana de milhões e milhões de adolescentes chineses que lutam para superar milhões de colegas e entrar em uma universidade de primeira linha.
Juntao quer mais. Quer ser um dos melhores advogados do mundo, formar-se na China e fazer mestrado em Stanford, na Califórnia, do outro lado do Oceano Pacífico. Para chegar lá, ele precisa obter um ótimo resultado no Gao Kao, o temido e cobiçado exame nacional de admissão universitária. A nota no Gao Kao determina a universidade na qual o aluno será aceito. Por isso Juntao se esforça tanto. Ele acorda diariamente às 6 da manhã. Enfrenta um trajeto de quase uma hora de ônibus para chegar a sua escola. Entre 7h10 e 8 horas, lê com seus colegas livros didáticos da matéria que está estudando, em sala de aula, sem professor. Às 8 começam as aulas. Perto do meio-dia há uma pausa de uma hora e quinze minutos para o almoço, servido no refeitório da escola. À tarde, mais quatro períodos de aula. Às 5 ele vai para casa. Chega por volta das 18h30. Durante uma hora, descansa, toma banho e janta. Aí faz o dever de casa por, normalmente, três horas diárias. Às 22h30 vai dormir, e o ciclo recomeça no dia seguinte. Descanso, só aos sábados, mas por poucos meses: no ano que vem ele fará Gao Kao e frequentará aulas de reforço aos sábados também. Como praticamente todos os jovens que encontrei, Juntao não tem namorada, não vai a baladas, não usa drogas e não fuma. Apesar do embaraço causado à minha tradutora, que só fez a pergunta depois da minha insistência, quando o questionei sobre o que aconteceria se ele, involuntária e inadvertidamente, se apaixonasse por alguém nessa idade, a resposta veio rápida: “Espero até depois do Gao Kao”.
A obsessão dos chineses pelo estudo é o primeiro dado para entender a notícia, divulgada no fim do ano passado, que abalou profundamente toda a compreensão da educação no mundo: Xangai, província chinesa, tinha tirado o primeiro lugar em todas as áreas aferidas (matemática, ciências e leitura) no mais importante e respeitado teste internacional de qualidade educacional, chamado Pisa. O teste, realizado a cada três anos pela OCDE (o clube dos países desenvolvidos), mede o conhecimento de jovens de 15 anos de idade. Começou a ser realizado no ano 2000 em 32 países (entre eles o Brasil, que ficou em último lugar) e, na edição de 2009, contou com 65 participantes (ficamos novamente na rabeira: entre a 53ª e a 57ª posições). Em suas edições anteriores, o topo do ranking era ocupado pelos suspeitos de sempre: Finlândia, Coreia do Sul, Japão, Canadá. O teste confirmava a crença de que renda e qualidade educacional estão intimamente associadas: só os países mais ricos do mundo conseguiriam produzir sistemas top de educação. Mesmo no teste de 2009, países de nível de desenvolvimento semelhante ao chinês ficaram muito atrás dos países ricos: na área de leitura, o foco da edição de 2009, a Turquia ficou em 41º lugar, a Rússia em 43º, o México em 48º e o Brasil em 53º. Xangai ficou em primeiro lugar, com uma dianteira considerável sobre todos os países desenvolvidos, em todas as áreas avaliadas.
Xangai é uma província e não um país, como a maioria dos outros participantes do teste. É uma província mais rica (com renda igual a duas vezes e meia a média chinesa). Mesmo com essas ressalvas, o feito é incrível. A renda per capita de Xangai em 2010 foi de 11 000 dólares. A Coreia do Sul, segundo lugar em leitura, tem renda de quase 21 000. A Finlândia, terceiro lugar, 44 000, quase a mesma de Singapura, quinto lugar. A renda média de Xangai é igual à brasileira. Ainda que Xangai seja um pequeno pedaço da China (tem um sétimo da área do estado do Rio), com população de 19,2 milhões de pessoas, a província é maior do que 42 dos 65 países participantes do Pisa. É uma região bastante complexa: 11% de seus habitantes vivem na zona rural e 54% dos alunos das primeiras cinco séries são filhos de residentes que vieram de outras províncias para trabalhar em Xangai.
O governo dá as condições e as famílias cuidam de aproveitá-las da melhor maneira. A família de Juntao é um bom exemplo. A mãe trabalha em um escritório de contabilidade e o pai é assistente de logística em uma fábrica. Eles estudaram até o fim do ensino médio. Seus avós maternos foram agricultores, os paternos, operários — estudaram só até o fim do ensino fundamental. Juntao, filho único, mora com os pais em uma quitinete de 40 metros quadrados. O rapaz tem um quarto só para si, para que possa se concentrar nos estudos. Apesar da renda módica dos pais, eles é que pagam as escolas de reforço do filho, e também seus estudos. Na China, só os níveis compulsórios de ensino — do primeiro ao nono ano — são gratuitos. Os três anos de ensino médio são pagos, até nas escolas públicas. Mesmo nos níveis gratuitos, os pais pagam o uniforme, o transporte e a alimentação. O estado dá apenas os livros. Juntao é um bom aluno — média em torno de 7,5 —, mas sua mãe cobra notas melhores. Até quando tira um 9 ou 10, ela diz: “Bom, mas precisa manter o mesmo nível”. O envolvimento emocional e financeiro das famílias chinesas para garantir uma educação de qualidade aos filhos nos proporciona uma grande lição.
Eficiência e simplicidade
Estudantes se exercitam em uma escola de Pequim e, ao lado, a sala de aula típica, sob a bandeira nacional, sem apetrechos tecnológicos, mas com professor que se formou em boa universidade, onde aprendeu a dar aulas e assimilou a disciplina que ensina a seus alunos
A ciência aplicada
Wei Du, professora de engenharia química de Tsinghua, está trabalhando em uma linha de pesquisa que permitirá o uso de uma enzima que, misturada ao biodiesel, torna o combustível menos poluente e mais econômico. Interessadas em seu trabalho, as brasileiras Vale e Petrobras já procuraram a professora Wei Du. Do rendimento total de 13 000 iuanes da professora, algo em torno de 3 700 reais, mais de 40% vêm da venda de pesquisas aplicadas como a da enzima que limpa o biodiesel. Nominalmente um país de ideologia comunista, portanto avesso ao mercado, a China incentiva fortemente seus cientistas a buscar financiamento junto a empresas privadas internacionais. O contraste com os madraçais universitários brasileiros não poderia ser mais dramático
O centro do mundo
Vice-presidente da Universidade Xangai Jiao Tong, o professor Fei Xu tem poucas dúvidas sobre as potencialidades da China: “O centro científico do mundo foi a Inglaterra, depois a Alemanha, hoje são os Estados Unidos. Quando a China se tornar a primeira economia do mundo, em dez anos, as universidades e o mundo científico chineses também deverão conquistar essa posição de liderança. Não temos ainda Nobel dado a um pesquisador chinês, mas, quando tivermos um, será o primeiro de muitos”. O estado não fica esperando isso acontecer: está agressivamente repatriando cientistas chineses que hoje trabalham no exterior
Aprendendo a fazer
Placas de circuito integrado em uma escola de negócios e tecnologia em Xangai: a ciência aplicada é o principal foco da educação chinesa
Os inventores da meritocracia
Na China imperial, os cargos na burocracia já eram preenchidos de acordo com os resultados de exames acadêmicos. Aqueles que obtinham as maiores pontuações eram guindados às carreiras mais prestigiosas. Até hoje é assim: um exame determina a escola que o aluno cursará. Ao final dela, outro exame, o Gao Kao, determina a universidade à qual terá acesso. A estudante Keija Yang passou por toda essa peneira para chegar à Universidade Tsinghua, uma das melhores do país. A meritocracia é um conceito arraigado na China. Ela é o caminho dos mais humildes para a ascensão social. É assim desde os tempos dos mandarins, a partir do ano 605
Xu Junmin e Xu Huaze
O médico Xu Junmin (à esq.), de Xangai, afirma que entre as qualidades de um bom pai não está a de fazer o filho, Huaze (à dir.), feliz. “Espero que meu filho seja um dragão”, diz Xu Junmin, usando como metáfora o animal que na mitologia chinesa representa poder e excelência. Para isso, a cobrança sobre Huaze é fortíssima. Ele é um dos melhores alunos de uma das boas escolas de Xangai, onde vive em regime de internato de segunda a sexta-feira. Ele vai para casa nos fins de semana, mas a rotina de estudos não difere muito da enfrentada nos dias úteis. Conta o pai: “Quando ele reclama que não tem tênis de marca, eu digo que na idade dele nunca tinha calçado sapatos”
Sun Juntao quer ser o tal
Ele não fuma, não bebe, não usa drogas, nunca namorou e diz que se vier a se apaixonar agora vai deixar o amor passar e só se interessará por isso depois do Gao Kao, o temível exame pré-universitário cujas notas definem se o aluno vai cursar uma universidade de primeira linha ou terá de se contentar com as medianas ou ruins. Os avós de Juntao foram camponeses, os pais completaram o ensino médio e hoje têm empregos de nível gerencial. A família de Juntao vive em um pequeno apartamento de 40 metros quadrados em Xangai, mas o jovem tem um quarto só para ele, onde pode se dedicar ao estudos sem ser incomodado. Os pais pagam as aulas particulares de reforço para o filho, pois apostam no futuro do rapaz. Sun Juntao quer ser advogado e fazer mestrado na Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Diz ele: “Se estudar muito, eu posso vir a ser um dos melhores advogados do mundo”
Capítulo 2
A SALA DE AULA
A escola tem de ser limpa, silenciosa, simples e eficiente
Três grandes diferenças saltam aos olhos em relação às salas de aula do Brasil. A primeira é que, tanto em Xangai quanto em Pequim, há uma bandeira nacional sobre todo quadro-negro. A segunda é o uso constante do soft-ware de apresentação Power Point. A terceira é a vassoura e a pá no fundo de todas as salas. Antes de irem para casa, os alunos têm de deixar a sala de aula limpa. Equipes de limpeza só agem nas áreas comuns.
Acompanhei várias aulas de diversas séries. A liturgia é a mesma. A professora nunca se atrasa, nem os alunos. A professora, de pé, se inclina em direção à classe e diz: “Bom dia, alunos”. Os alunos, então, se levantam, se inclinam em direção à professora e, em uníssono, respondem: “Bom dia, professora”. Não há “turma do fundão”, conversas paralelas nem problemas de disciplina. Para quem está acostumado com salas de aula em que uma minoria presta atenção e vários outros grupelhos paralelos se formam, cada qual falando sobre o seu assunto, é um espanto ver uma sala de aula com rigor chinês. No Brasil ainda se confunde ordem com autoritarismo e a desordem é confundida com liberalidade. Dessa confusão mental dificilmente sai uma aula que preste.
Também não há chamada nas aulas chinesas. Cada turma tem um professor encarregado do contato aprofundado com os alunos e sua família. Uma vez por dia, em horário aleatório, o professor responsável passa pela turma. Se nota uma ausência, ele telefona para os pais do faltante. É um detalhe simples, mas pense em seu efeito. Se um professor tem oito períodos por dia e gasta, digamos, três minutos fazendo a chamada, quase meia hora de aula do dia terá sido desperdiçada com a verificação de presença.
Saber é sofrer
No auge da Revolução Cultural, professores e intelectuais eram humilhados
MAO FICOU NO PASSADO
Os historiadores ainda não fizeram justiça, no sentido maoista do termo, a Mao Tsé-tung, o “grande timoneiro”, e a sua mais tenebrosa ação coletiva, a Revolução Cultural. Entre 1966 e 1976, Mao promoveu uma insana e implacável guerra contra o conhecimento, tornando inimigos de estado os intelectuais, professores e alunos universitários. Eles foram mandados para “campos de reeducação”, onde deveriam se dedicar integralmente a tarefas braçais como arar a terra e cuidar de animais. As escolas secundárias foram formalmente fechadas de 1966 a 1968 e, depois disso, abriram basicamente para dar doutrinamento ideológico a camponeses e operários. As universidades ficaram fechadas até 1972 e depois disso começaram a receber alunos de acordo com critérios apenas ideológicos. Foi um pulo no abismo das trevas. Felizmente para os chineses, o pêndulo da história agora está no extremo oposto, o das luzes do saber. Que lição para o Brasil: em uma geração, a China foi da terra arrasada ao topo do mundo na área da educação. Podemos fazer o mesmo.
CAPÍTULO 3
OS PROFESSORES
São todos adeptos do gênio Albert Einstein: o sucesso vem de 1% de inspiração e de 99% de transpiração
Fábricas da lenovo e da apple na china
Em trinta anos uma nação agrária e sem tradição industrial tornou-se um forte polo de tecnologia digital do mais alto grau de excelência. A meta é superar a fase da manufatura e ombrear com os Estados Unidos em software e conteúdo
Se raramente um aluno falta, um professor, nunca. Cui Minghua, 55 anos, diretora de escola em Pequim, contou-me estar na carreira há 32 anos, dos quais mais de vinte como professora. Em todo esse tempo, tirou uma única licença médica para se submeter a uma operação. Fora isso, jamais deixou de cumprir seu dever diário de educar.
Não há nada de especial na carreira de professor em Xangai. O salário não é exatamente atraente. Nos três primeiros anos de carreira, fica entre 30 000 e 40 000 iuanes por ano, ou algo entre 400 e 500 dólares por mês, quase metade da renda média salarial da região. Nessa fase, muitos professores recorrem a outros trabalhos para complementar a renda. Os melhores podem até dobrá-la dando aulas particulares ou em escolas de reforço. Os professores de nível médio recebem 72 000 iuanes por ano. Os melhores entre eles ganham 90 000. Os bônus por desempenho acima da média podem chegar a 40% do valor do salário. Mas lá, assim como cá, ninguém se torna professor pelo salário.
As diferenças com o Brasil começam na formação do professor. São três grandes diferenças. A primeira é que, na China, a prática de sala de aula se faz muito mais presente do que no Brasil. Ela começa já no segundo ano do curso, quando o futuro professor acompanha aulas em escolas regulares duas vezes por semana durante oito semanas e depois faz estágio de meio ano no penúltimo semestre do curso. A segunda é que as escolas chinesas são mais pragmáticas e diversificadas na escolha de seus pensadores pedagógicos. Há um esforço constante de se abrir ao mundo e ver o que funciona, e pinçar de cada lugar as melhores ideias. O Brasil ainda é dominado quase inteiramente pelo construtivismo. A terceira, e mais decisiva, é a ideologia. Nas escolas chinesas os estudantes têm seu momento diário patriótico e de louvação do Partido Comunista, mas, findo esse ritual, a ideologia sai de cena. No Brasil, os professores são formados em universidades tisnadas por ideologias de esquerda e instados a nunca ser “neutros”, nem nas aulas de matemática ou de física. E eles acreditam nisso. É o desastre costumeiro.
As universidades chinesas entregam professores competentes ao mercado, mas o que os torna excepcionais é o ritmo intenso e colaborativo de trabalho ao qual se submetem quando chegam às escolas. Aí eles passam a integrar um “grupo de estudos dos professores”, que é sem dúvida a inovação mais importante da educação chinesa. Cada professor faz parte de três grupos de estudo. Um com os colegas que ensinam a mesma matéria para a mesma série, que se encontra uma vez por semana para preparar as aulas. O segundo grupo é formado pelos colegas de disciplina de todas as séries da mesma escola. Esse se encontra duas vezes ao mês. O terceiro é formado pelos professores da mesma disciplina e série do seu bairro, que também se encontra duas vezes por mês. Nesses dois últimos grupos, o objetivo é compartilhar práticas de ensino de sucesso. Somando os três grupos, é um regime exigente: são duas reuniões por semana, toda semana. A maioria desses encontros leva entre duas e três horas.
O papel desses grupos é fundamental. Faz com que as melhores técnicas sejam rapidamente compartilhadas em toda a rede, cria uma saudável competição entre professores (os portadores das melhores práticas recebem bônus) e ao mesmo tempo provê uma rede de apoio e compartilhamento para todos os professores, ao contrário do isolamento e do desamparo que vitimam seus colegas brasileiros.
CAPÍTULO 4
O EMPUXO HISTÓRICO E CULTURAL
Os chineses sentem que têm contas a acertar com o seu passado, e isso torna sua ascensão mais obstinada, sua tolerância por sacrifícios maior e sua determinação de voltar a rivalizar com as potências coloniais que humilharam a China ainda mais sólida
A escola de pequim
Cuja diretora nunca faltou em 32 anos de trabalho
No meu terceiro dia na China, nosso taxista estava ouvindo um programa de rádio que, pelo tom lento e voz pausada do narrador, me chamou atenção. Perguntei à tradutora do que se tratava e ela me disse que era uma aula de história sobre a dinastia Ming (1368-1644). Imagino que a China seja o único país do mundo em que essa cena possa acontecer. É um país completamente embebido em sua longuíssima história. Quando a dinastia Ming começou, o Brasil ainda era mata virgem e a Europa era uma colcha de principados feudais na Idade das Trevas, mas a China já era um império unificado havia 1 500 anos, já tendo passado por dois períodos de apogeu — as dinastias Han (206 a.C. a 220) e Tang (618-907) — e inventado a pólvora, o papel-moeda e a impressão por prensa móvel. Ajuda muito, portanto, um passado de glórias intelectuais e de apreço pelo estudo e pela disciplina. Graças a seus sábios oficiais, os mandarins, a China foi uma potência mundial, muito superior aos povos vizinhos, que tratava como bárbaros ou súditos, jamais como rivais. Voltar a ser uma potência pelo poder do estudo e do intelecto é para a China apenas uma volta ao passado glorioso.
CAPÍTULO 5
AS POLÍTICAS PÚBLICAS
Sob Mao Tsé-tung, o estado chinês tentou sufocar o pensamento, a técnica e o saber. Chamaram essa loucura de Revolução Cultural. Agora o esforço é todo na direção correta
O baixo custo relativo é o maior contraste do caso brasileiro com a arrancada chinesa rumo a uma educação que leve o país ao posto de potência mundial de primeira linha. Em 2009, o governo chinês gastou 3,6% do PIB em educação. O setor educacional público brasileiro aumentou seu gasto de 4,1% para 5,3 % do PIB nos últimos sete anos e, mesmo com a qualidade do ensino não tendo melhorado em nível remotamente semelhante, a propaganda oficial continua aferrada a esses números como a um triunfo definitivo. Não é. O limite da profundidade do nosso debate sobre educação parece se esgotar na discussão da meta de gastos. Estaremos gastando 7% ou 10% do PIB em educação daqui a dez anos?
A China sacrifica as ideologias sempre que elas conflitam com a busca de resultado. Na educação, isso se expressa na definição do papel do professor. A China se deu conta de que precisava de professores bons e em grande quantidade. Dadas suas carências, montou um sistema em que o professor sai da faculdade mediano, e então é constantemente trabalhado e ajudado para que consiga ministrar aulas excepcionais. Um sistema em que os bons professores e as boas escolas subjugam os maus mestres das escolas ruins. Os chineses entenderam que é melhor ter quarenta alunos com um bom professor do que duas turmas de vinte, uma bem ensinada e outra sob a batuta de um incapaz. O professor é o centro gravitacional de todo o sistema. Pragmatismo, meritocracia, professores bem formados e premiados com dinheiro pelo bom desempenho, estudantes disciplinados e motivados por suas famílias. Essa é a fórmula do combustível da arma secreta chinesa para conquistar o mundo: a educação.
A CASTA, O BNDES E OS "EMPRÉSTIMOS" OBSCUROS: GRANDES EMPRÉSTIMOS, PEQUENOS AVANÇOS
BNDES destina R$40 bi para turbinar apenas seis empresas
Endividamento elevado, prejuízo, corte de custos, demissões e pouco avanço no mercado externo.
Esse é o retrato de um seleto grupo de empresas apoiadas financeiramente pelo BNDES, nos últimos cinco anos, por terem sido eleitas pelo governo para se transformarem em multinacionais verde-amarelas.
Para apenas seis companhias -
os frigoríficos JBS e Marfrig,
a Oi,
a BRF Brasil Foods,
a Fibria e a Ambev - o banco destinou R$40,8 bilhões nesse período, incluindo participação acionária e financiamentos diversos.
Esse valor é comparável, por exemplo, com o total estimado para o financiamento habitacional de 2011 em todo o país, que, de acordo com o último balanço do PAC, pode chegar a R$44 bilhões. Especialistas questionam os resultados dessas companhias e até a escolha dos setores que receberam apoio do governo.
O setor que mais recebeu recursos foi o de frigoríficos:
R$15,64 bilhões, tanto em financiamentos como em compra de participação acionária.
Com a ajuda do BNDES, Marfrig e JBS conseguiram adquirir ativos no exterior em ritmo acelerado.
Resultado:
estão superendividados, em R$21,5 bilhões, sendo obrigados a fechar fábricas e demitir funcionários para ajustar as operações.
A Oi, que comprou a Brasil Telecom (BrT) e soma R$10,8 bilhões em operações com o banco estatal de fomento, segue cortando custos enquanto tenta avançar em seu processo de simplificação acionária.
O Marfrig, por exemplo, registrou prejuízo de R$540 milhões no terceiro trimestre deste ano, valor 687,2% maior em relação ao mesmo período de 2010. Com pelo menos 11 aquisições entre 2008 e 2010, a empresa viu seu endividamento chegar a R$7,869 bilhões no fim de setembro, bem acima dos R$6,385 bilhões no fim de junho.
O JBS, que teve prejuízo de R$67,5 milhões no mesmo período - depois das perdas de R$180,8 milhões no terceiro trimestre de 2010 -, só vê o endividamento aumentar: subiu de R$12,164 bilhões em junho para R$13,654 bi em setembro.
- Para as empresas, é vantajoso pegar dinheiro do BNDES. O ponto central é a transparência. Apesar do projeto do governo de criar superpotências, parece que todo o dinheiro vem sendo liberado apenas para atender aos interesses dos grupos nacionais - diz Cândido Grzybowski, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
Após apoio oficial, venda a estrangeiro
E o cenário de ajustes ainda é longo. Segundo Alcides Torres, analista de mercado da consultoria Scot Agroconsult, na melhor das hipóteses, os frigoríficos só irão conseguir arrumar suas operações em cinco anos, após o apoio do banco estatal.
Agora, correm nos ajustes.
O Marfrig teve de reduzir seus investimentos.
O JBS interrompeu a atividade em frigoríficos no país, para economizar.
Em seu próprio relatório, a companhia diz que 2011 foi um período de pôr a casa em ordem.
- Ou seja, estão demitindo. As empresas compradas no exterior, pelas companhias brasileiras, eram, em grande parte, mal administradas e pouco lucrativas. Por outro lado, esse é um setor de baixa margem de lucro, por isso essas empresas precisam ser grandes. Mas o retorno é só a longo prazo. Hoje, elas não estão distribuindo dividendos - analisa Alcides.
O cientista político João Roberto Lopes, coordenador do Instituto Mais Democracia, chama a atenção para o argumento usado pelo governo de proteger o capital nacional ao liberar financiamento barato para os grandes grupos nacionais.
Ele cita o caso da Ambev, criada com a união entre Brahma e Antarctica, e depois vendida para os belgas da InterBrew, que, posteriormente, comprou a americana Anheuser-Busch, dona da Budweiser.
Incentivos não ampliam inovação
A Oi é outro exemplo de empresa que aumentou de tamanho ao comprar a BrT com o empurrão do BNDES, em 2008. A empresa, que luta para cortar custos, não conseguiu avançar com força no mercado internacional - um dos principais objetivos anunciados na ocasião em que a supertele nacional foi criada.
Hoje, o grupo criou apenas subsidiária na Colômbia e no Paraguai. No terceiro trimestre do ano, viu seu lucro cair 20%, para R$426 milhões.
- Agora, vemos essa associação entre a Oi e a Portugal Telecom. Não há garantia de proteção ao capital nacional. Essa ideia é uma armadilha. O problema é que o banco não estabelece contrapartidas, permanecendo uma relação privilegiada para as empresas - afirma o coordenador Lopes.
Crescer no exterior não é tarefa simples. A BRF Brasil Foods (resultado da união de Sadia e Perdigão), por exemplo, viu suas exportações no ano de carne in natura caírem 5%, e as de carne processada, 11%.
Theotônio dos Santos, presidente da Cátedra da Unesco e da Universidade das Nações Unidas, em Tóquio, lembra que o apoio do Estado a empresas acontece em todo o mundo.
Mas ressalta que no Brasil o avanço das empresas nacionais é prejudicado pela falta de incentivos ao investimento em inovação tecnológica:
- Com Europa e EUA em ritmo lento, vemos China e Índia avançando.
Lopes, do Mais Democracia, também questiona os setores escolhidos:
- São setores com baixa geração de emprego e não afetam muitos segmentos da economia. Por que não atuar de forma desconcentrada, apoiando empresas de alimentos e energia elétrica?
Por que não apoiar setores como têxtil e moveleiro?
Subsidiar não é ruim.
O ruim é subsidiar companhias que podem captar recursos no mercado.
Resultado da compra da Aracruz Celulose pela Votorantim, a Fibria, por sua vez, amarga perda de 50% no seu valor de mercado na Bovespa este ano (a Bolsa caiu 19%). A queda, explicou o analista Carlos Eduardo Daltozo, do Banco do Brasil Investimentos, é maior que o recuo dos preços da celulose de fibra curta, de 21% em 2011.
- A empresa tem sido penalizada pela sua alavancagem excessiva, feita para investir em um megaprojeto de celulose - disse.
Procuradas, as seis empresas citadas não se pronunciaram.
Bruno Rosa e Henrique Gomes Batista
O Globo
Endividamento elevado, prejuízo, corte de custos, demissões e pouco avanço no mercado externo.
Esse é o retrato de um seleto grupo de empresas apoiadas financeiramente pelo BNDES, nos últimos cinco anos, por terem sido eleitas pelo governo para se transformarem em multinacionais verde-amarelas.
Para apenas seis companhias -
os frigoríficos JBS e Marfrig,
a Oi,
a BRF Brasil Foods,
a Fibria e a Ambev - o banco destinou R$40,8 bilhões nesse período, incluindo participação acionária e financiamentos diversos.
Esse valor é comparável, por exemplo, com o total estimado para o financiamento habitacional de 2011 em todo o país, que, de acordo com o último balanço do PAC, pode chegar a R$44 bilhões. Especialistas questionam os resultados dessas companhias e até a escolha dos setores que receberam apoio do governo.
O setor que mais recebeu recursos foi o de frigoríficos:
R$15,64 bilhões, tanto em financiamentos como em compra de participação acionária.
Com a ajuda do BNDES, Marfrig e JBS conseguiram adquirir ativos no exterior em ritmo acelerado.
Resultado:
estão superendividados, em R$21,5 bilhões, sendo obrigados a fechar fábricas e demitir funcionários para ajustar as operações.
A Oi, que comprou a Brasil Telecom (BrT) e soma R$10,8 bilhões em operações com o banco estatal de fomento, segue cortando custos enquanto tenta avançar em seu processo de simplificação acionária.
O Marfrig, por exemplo, registrou prejuízo de R$540 milhões no terceiro trimestre deste ano, valor 687,2% maior em relação ao mesmo período de 2010. Com pelo menos 11 aquisições entre 2008 e 2010, a empresa viu seu endividamento chegar a R$7,869 bilhões no fim de setembro, bem acima dos R$6,385 bilhões no fim de junho.
O JBS, que teve prejuízo de R$67,5 milhões no mesmo período - depois das perdas de R$180,8 milhões no terceiro trimestre de 2010 -, só vê o endividamento aumentar: subiu de R$12,164 bilhões em junho para R$13,654 bi em setembro.
- Para as empresas, é vantajoso pegar dinheiro do BNDES. O ponto central é a transparência. Apesar do projeto do governo de criar superpotências, parece que todo o dinheiro vem sendo liberado apenas para atender aos interesses dos grupos nacionais - diz Cândido Grzybowski, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
Após apoio oficial, venda a estrangeiro
E o cenário de ajustes ainda é longo. Segundo Alcides Torres, analista de mercado da consultoria Scot Agroconsult, na melhor das hipóteses, os frigoríficos só irão conseguir arrumar suas operações em cinco anos, após o apoio do banco estatal.
Agora, correm nos ajustes.
O Marfrig teve de reduzir seus investimentos.
O JBS interrompeu a atividade em frigoríficos no país, para economizar.
Em seu próprio relatório, a companhia diz que 2011 foi um período de pôr a casa em ordem.
- Ou seja, estão demitindo. As empresas compradas no exterior, pelas companhias brasileiras, eram, em grande parte, mal administradas e pouco lucrativas. Por outro lado, esse é um setor de baixa margem de lucro, por isso essas empresas precisam ser grandes. Mas o retorno é só a longo prazo. Hoje, elas não estão distribuindo dividendos - analisa Alcides.
O cientista político João Roberto Lopes, coordenador do Instituto Mais Democracia, chama a atenção para o argumento usado pelo governo de proteger o capital nacional ao liberar financiamento barato para os grandes grupos nacionais.
Ele cita o caso da Ambev, criada com a união entre Brahma e Antarctica, e depois vendida para os belgas da InterBrew, que, posteriormente, comprou a americana Anheuser-Busch, dona da Budweiser.
Incentivos não ampliam inovação
A Oi é outro exemplo de empresa que aumentou de tamanho ao comprar a BrT com o empurrão do BNDES, em 2008. A empresa, que luta para cortar custos, não conseguiu avançar com força no mercado internacional - um dos principais objetivos anunciados na ocasião em que a supertele nacional foi criada.
Hoje, o grupo criou apenas subsidiária na Colômbia e no Paraguai. No terceiro trimestre do ano, viu seu lucro cair 20%, para R$426 milhões.
- Agora, vemos essa associação entre a Oi e a Portugal Telecom. Não há garantia de proteção ao capital nacional. Essa ideia é uma armadilha. O problema é que o banco não estabelece contrapartidas, permanecendo uma relação privilegiada para as empresas - afirma o coordenador Lopes.
Crescer no exterior não é tarefa simples. A BRF Brasil Foods (resultado da união de Sadia e Perdigão), por exemplo, viu suas exportações no ano de carne in natura caírem 5%, e as de carne processada, 11%.
Theotônio dos Santos, presidente da Cátedra da Unesco e da Universidade das Nações Unidas, em Tóquio, lembra que o apoio do Estado a empresas acontece em todo o mundo.
Mas ressalta que no Brasil o avanço das empresas nacionais é prejudicado pela falta de incentivos ao investimento em inovação tecnológica:
- Com Europa e EUA em ritmo lento, vemos China e Índia avançando.
Lopes, do Mais Democracia, também questiona os setores escolhidos:
- São setores com baixa geração de emprego e não afetam muitos segmentos da economia. Por que não atuar de forma desconcentrada, apoiando empresas de alimentos e energia elétrica?
Por que não apoiar setores como têxtil e moveleiro?
Subsidiar não é ruim.
O ruim é subsidiar companhias que podem captar recursos no mercado.
Resultado da compra da Aracruz Celulose pela Votorantim, a Fibria, por sua vez, amarga perda de 50% no seu valor de mercado na Bovespa este ano (a Bolsa caiu 19%). A queda, explicou o analista Carlos Eduardo Daltozo, do Banco do Brasil Investimentos, é maior que o recuo dos preços da celulose de fibra curta, de 21% em 2011.
- A empresa tem sido penalizada pela sua alavancagem excessiva, feita para investir em um megaprojeto de celulose - disse.
Procuradas, as seis empresas citadas não se pronunciaram.
Bruno Rosa e Henrique Gomes Batista
O Globo
O PREJUÍZO DOS OUTROS: CONGRESSO GASTA, VOCÊ PAGA
O prejuízo dos outros : Congresso gasta você paga
Para não mexer nos lucros dos contratos que mantêm com a Câmara e o Senado, empresas que prestam serviços para as Casas transferem para o Congresso a conta dos reajustes salariais acima da inflação e de benefícios trabalhistas extraordinários conquistados pelos funcionários das firmas terceirizadas.
Só para 2012, o orçamento que será votado na próxima semana prevê aumento de despesas de R$ 23,5 milhões para reajustar o valor de contratos dos serviços extras.
Emenda orçamentária de autoria da comissão diretora da Câmara destina R$ 11,5 milhões para "equilíbrio financeiro da massa contratual" de locação de mão de obra. O montante representa reajuste de 10,7% em relação ao total gasto em 2011 com terceirização, que até dezembro somava despesa de R$ 102 milhões.
No Senado, emenda da comissão diretora reserva R$ 12 milhões para "reajustes salariais concedidos aos empregados de empresas de terceirização, em decorrência de acordos ou convenções coletivas".
Na justificativa da emenda, a diretoria do Senado reclama que está "de mãos amarradas", pois a Instrução Normativa nº 3 de 2008 do Ministério do Planejamento determina que os aumentos de salário oriundos de vitórias sindicais devem ser repassados aos valores dos contratos integralmente.
"As empresas de terceirização de serviços e seus sindicatos patronais têm concedido elevados reajustes, muito superiores à inflação. Tal comportamento aumenta não apenas a renda dos empregados, mas também a renda das empresas, que são remuneradas a um percentual fixo do custo total do trabalho", protesta a direção do Senado na emenda orçamentária.
Os R$ 12 milhões de acréscimo nos contratos de terceirização de mão de obra no Senado representam reajuste de 12,2% no montante de R$ 99,9 milhões que a Casa paga atualmente à firmas de prestação de serviços.
O primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), informou ao Correio que a Casa iniciará, a partir do próximo ano, mudança nas redações dos novos contratos e dos que serão renovados, para impedir que as empresas acatem, de forma abusiva, todos os pleitos sindicais repassando ao legislativo a conta pelos benefícios trabalhistas dos terceirizados.
"Quando não há nenhum fato novo, o reajuste é feito pela inflação. Mas quando é assinado um dissídio coletivo, é contratual. O Senado está ao bel-prazer do dissídio coletivo. É muito cômodo apresentar a conta para o órgão público e isso está correndo solto."
Corpo mole
Lucena explica que os departamentos jurídicos das firmas terceirizadas não estão se esforçando para impedir na justiça os aumentos acima da inflação, pois o lucro das empresas não é comprometido com os reajustes salariais.
"A empresa ganha em cima do custo, por isso fazem jogo de cena, como se realmente estivessem questionando na Justiça os aumentos concedidos."
O primeiro-secretário da Câmara, Eduardo Gomes (PSDB-TO), explica que atualmente na Casa há contratos que preveem a absorção dos reajustes estipulados em pleito de categorias funcionais.
Ele pontua que os critérios de aumentos salariais nem sempre estão em sintonia com o atual quadro econômico, de controle inflacionário.
"Isso vem de uma cultura do período de inflação que servia como uma forma de sobrevivência do trabalhador", diz Gomes.
O "exército" de funcionários terceirizados no Congresso chega a 6 mil pessoas. O inchaço da mão de obra locada está na lista de prioridades do texto da reforma administrativa que tramita no Senado. O projeto prevê corte de 30% nos contratos, o que significaria economia de R$ 48 milhões.
Para cortar o excesso nos contratos de terceirização, no entanto, após a aprovação da reforma administrativa, o Senado ainda teria que analisar um projeto de resolução disciplinando a contratação de mão de obra, com a indicação do remanejamento de funções necessário para suprir o trabalho que atualmente é fornecido pela iniciativa privada.
Erich Decat/Josie Jeronimo Correio Braziliense
Para não mexer nos lucros dos contratos que mantêm com a Câmara e o Senado, empresas que prestam serviços para as Casas transferem para o Congresso a conta dos reajustes salariais acima da inflação e de benefícios trabalhistas extraordinários conquistados pelos funcionários das firmas terceirizadas.
Só para 2012, o orçamento que será votado na próxima semana prevê aumento de despesas de R$ 23,5 milhões para reajustar o valor de contratos dos serviços extras.
Emenda orçamentária de autoria da comissão diretora da Câmara destina R$ 11,5 milhões para "equilíbrio financeiro da massa contratual" de locação de mão de obra. O montante representa reajuste de 10,7% em relação ao total gasto em 2011 com terceirização, que até dezembro somava despesa de R$ 102 milhões.
No Senado, emenda da comissão diretora reserva R$ 12 milhões para "reajustes salariais concedidos aos empregados de empresas de terceirização, em decorrência de acordos ou convenções coletivas".
Na justificativa da emenda, a diretoria do Senado reclama que está "de mãos amarradas", pois a Instrução Normativa nº 3 de 2008 do Ministério do Planejamento determina que os aumentos de salário oriundos de vitórias sindicais devem ser repassados aos valores dos contratos integralmente.
"As empresas de terceirização de serviços e seus sindicatos patronais têm concedido elevados reajustes, muito superiores à inflação. Tal comportamento aumenta não apenas a renda dos empregados, mas também a renda das empresas, que são remuneradas a um percentual fixo do custo total do trabalho", protesta a direção do Senado na emenda orçamentária.
Os R$ 12 milhões de acréscimo nos contratos de terceirização de mão de obra no Senado representam reajuste de 12,2% no montante de R$ 99,9 milhões que a Casa paga atualmente à firmas de prestação de serviços.
O primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), informou ao Correio que a Casa iniciará, a partir do próximo ano, mudança nas redações dos novos contratos e dos que serão renovados, para impedir que as empresas acatem, de forma abusiva, todos os pleitos sindicais repassando ao legislativo a conta pelos benefícios trabalhistas dos terceirizados.
"Quando não há nenhum fato novo, o reajuste é feito pela inflação. Mas quando é assinado um dissídio coletivo, é contratual. O Senado está ao bel-prazer do dissídio coletivo. É muito cômodo apresentar a conta para o órgão público e isso está correndo solto."
Corpo mole
Lucena explica que os departamentos jurídicos das firmas terceirizadas não estão se esforçando para impedir na justiça os aumentos acima da inflação, pois o lucro das empresas não é comprometido com os reajustes salariais.
"A empresa ganha em cima do custo, por isso fazem jogo de cena, como se realmente estivessem questionando na Justiça os aumentos concedidos."
O primeiro-secretário da Câmara, Eduardo Gomes (PSDB-TO), explica que atualmente na Casa há contratos que preveem a absorção dos reajustes estipulados em pleito de categorias funcionais.
Ele pontua que os critérios de aumentos salariais nem sempre estão em sintonia com o atual quadro econômico, de controle inflacionário.
"Isso vem de uma cultura do período de inflação que servia como uma forma de sobrevivência do trabalhador", diz Gomes.
O "exército" de funcionários terceirizados no Congresso chega a 6 mil pessoas. O inchaço da mão de obra locada está na lista de prioridades do texto da reforma administrativa que tramita no Senado. O projeto prevê corte de 30% nos contratos, o que significaria economia de R$ 48 milhões.
Para cortar o excesso nos contratos de terceirização, no entanto, após a aprovação da reforma administrativa, o Senado ainda teria que analisar um projeto de resolução disciplinando a contratação de mão de obra, com a indicação do remanejamento de funções necessário para suprir o trabalho que atualmente é fornecido pela iniciativa privada.
Erich Decat/Josie Jeronimo Correio Braziliense
OS MORTOS DAS 169 PREFEITURAS DE PERNAMBUCO...
QUANDO A COISA PÚBLICA É ADMINISTRADA POR CANALHAS, ATÉ OS MORTOS BATEM PONTO E RECEBEM R$10 milhões
Em Pernambuco, há 1.173 mortos que custaram R$10,8 milhões aos cofres públicos em apenas um ano.
Eles constam em folhas de pagamento de repartições estaduais nas prefeituras de 169 dos 184 municípios do estado, e ainda em 150 câmaras municipais.
É o que mostra uma pesquisa feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) que comprovou outras distorções, como a de um servidor que tem 14 vínculos com órgãos públicos nas duas esferas de poder.
Foi o recorde entre os abusos encontrados no levantamento feito entre 2010 e 2011.
Os nomes dos personagens e dos municípios onde há a maior quantidade de irregularidades não foram divulgados pelo TCE.
Segundo a chefe de Gerência de Auditorias de Tecnologia de Informação do TCE, Regina Ximenes, os responsáveis estão sendo notificados; alguns já apresentaram suas defesas.
Regina informou ter encontrado frequentemente servidores com cinco vínculos, quando a legislação limita essa participação a dois, nas áreas de Educação e Saúde, e no caso de não haver superposição de horários.
Há outras curiosidades, como servidores na ativa com idades entre 80 e 90 anos. Há ainda flagrantes desrespeitos à legislação, com servidores que ganham menos de um salário mínimo.
Em pelo menos 130 prefeituras, há 13.670 funcionários que não recebem o vencimento de R$545 a que têm direito.
Entre os professores, também há desrespeito à lei:
49.429 recebem remuneração abaixo do piso nas prefeituras.
As informações constam do trabalho "Uma nova metodologia de auditoria informatizada de pessoal", que acaba de ser premiado num concurso de inovação promovido pela Escola de Contas Públicas Professor Barreto Campelo, que qualifica servidores do TCE.
Nomes de envolvidos ainda mantidos em sigilo pelo TCE
Segundo o presidente do TCE, Marcos Loreto, foi o mais abrangente levantamento realizado pelo órgão. Dele participaram três analistas e um programador, no levantamento e cruzamento de dados.
Para se ter uma ideia da abrangência do levantamento, Regina lembrou que foram examinados 11,5 milhões de contracheques do estado, das prefeituras e das casas legislativas.
Loreto disse que os nomes dos envolvidos nas irregularidades só serão divulgados após apresentadas e analisadas suas defesas. E lembrou que há prefeituras que ainda usam meios não informatizados nas folhas de pagamento.
- Há algumas que fazem isso em cadernos, não têm como controlar as distorções que vêm se acumulando ao longo de várias gestões. Em 2010, resolvemos investir nesse tipo de pesquisa, e os resultados estão começando a aparecer.
É um trabalho que os bons gestores deveriam aplaudir e não reclamar - disse ele, respondendo à Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), cujo presidente, Antônio Dourado, criticou o TCE pelo excesso de recomendações emitidas.
- Todo dia surge uma, isso dificulta nosso trabalho - afirmou Dourado, prefeito de Lajedo, no Agreste de Pernambuco.
Para Loreto, Dourado e os outros prefeitos deveriam agradecer ao esforço do TCE:
- Gostaríamos que os prefeitos não vissem o TCE como inimigo. Estamos só ajudando ao bom gestor. Afinal, o que o TCE está fazendo corresponde ao serviço de uma auditoria de luxo, através da qual as prefeituras podem evitar escoamentos desnecessários e economizar.
Letícia Lins O Globo
Em Pernambuco, há 1.173 mortos que custaram R$10,8 milhões aos cofres públicos em apenas um ano.
Eles constam em folhas de pagamento de repartições estaduais nas prefeituras de 169 dos 184 municípios do estado, e ainda em 150 câmaras municipais.
É o que mostra uma pesquisa feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) que comprovou outras distorções, como a de um servidor que tem 14 vínculos com órgãos públicos nas duas esferas de poder.
Foi o recorde entre os abusos encontrados no levantamento feito entre 2010 e 2011.
Os nomes dos personagens e dos municípios onde há a maior quantidade de irregularidades não foram divulgados pelo TCE.
Segundo a chefe de Gerência de Auditorias de Tecnologia de Informação do TCE, Regina Ximenes, os responsáveis estão sendo notificados; alguns já apresentaram suas defesas.
Regina informou ter encontrado frequentemente servidores com cinco vínculos, quando a legislação limita essa participação a dois, nas áreas de Educação e Saúde, e no caso de não haver superposição de horários.
Há outras curiosidades, como servidores na ativa com idades entre 80 e 90 anos. Há ainda flagrantes desrespeitos à legislação, com servidores que ganham menos de um salário mínimo.
Em pelo menos 130 prefeituras, há 13.670 funcionários que não recebem o vencimento de R$545 a que têm direito.
Entre os professores, também há desrespeito à lei:
49.429 recebem remuneração abaixo do piso nas prefeituras.
As informações constam do trabalho "Uma nova metodologia de auditoria informatizada de pessoal", que acaba de ser premiado num concurso de inovação promovido pela Escola de Contas Públicas Professor Barreto Campelo, que qualifica servidores do TCE.
Nomes de envolvidos ainda mantidos em sigilo pelo TCE
Segundo o presidente do TCE, Marcos Loreto, foi o mais abrangente levantamento realizado pelo órgão. Dele participaram três analistas e um programador, no levantamento e cruzamento de dados.
Para se ter uma ideia da abrangência do levantamento, Regina lembrou que foram examinados 11,5 milhões de contracheques do estado, das prefeituras e das casas legislativas.
Loreto disse que os nomes dos envolvidos nas irregularidades só serão divulgados após apresentadas e analisadas suas defesas. E lembrou que há prefeituras que ainda usam meios não informatizados nas folhas de pagamento.
- Há algumas que fazem isso em cadernos, não têm como controlar as distorções que vêm se acumulando ao longo de várias gestões. Em 2010, resolvemos investir nesse tipo de pesquisa, e os resultados estão começando a aparecer.
É um trabalho que os bons gestores deveriam aplaudir e não reclamar - disse ele, respondendo à Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), cujo presidente, Antônio Dourado, criticou o TCE pelo excesso de recomendações emitidas.
- Todo dia surge uma, isso dificulta nosso trabalho - afirmou Dourado, prefeito de Lajedo, no Agreste de Pernambuco.
Para Loreto, Dourado e os outros prefeitos deveriam agradecer ao esforço do TCE:
- Gostaríamos que os prefeitos não vissem o TCE como inimigo. Estamos só ajudando ao bom gestor. Afinal, o que o TCE está fazendo corresponde ao serviço de uma auditoria de luxo, através da qual as prefeituras podem evitar escoamentos desnecessários e economizar.
Letícia Lins O Globo
PRECONCEITO DO PSOL GAÚCHO CONTRA DITADOR NORDESTINO
Um insólito debate tomou conta da Câmara Municipal de Porto Alegre no início deste mês. A bancada do PSOL – os vereadores Pedro Ruas e Fernanda Melchionna – elaborou um projeto de lei que propunha a alteração da denominação da Avenida Presidente Castelo Branco para Avenida da Legalidade.
A medida pretendia reescrever a história do país, homenageando os participantes do Movimento da Legalidade, de 1961. O projeto não passou. Se a moda pega, os cartórios terão muito trabalho no Brasil todo. Pois o país está cheio de ruas e avenidas não só Castelo Branco, como Garrastazu Médici, Costa e Silva, Ernesto Geisel, João Figueiredo. Mas a proposta dos vereadores é curiosa. Pelo jeito, não gostam de ditador nordestino.
Ditador gaúcho pode. O Rio Grande do Sul está eivado de ruas que homenageiam o ditador Júlio de Castilhos e há inclusive uma cidade que leva seu nome. Pelo jeito, o PSOL nada conhece da história do Estado, nem nunca ouviu falar da “ditadura científica” de Castilhos, inspirada no positivismo.
Isso sem falar nas ruas que, no Estado todo, homenageiam o ditador Borges de Medeiros, que durante 25 anos – sete anos a mais que o regime militar de 64 – foi presidente do Rio Grande do Sul. Até hoje me pergunto como a capital gaúcha não se envergonha ao dar o nome do ditador à sua avenida mais central. Gaúchos a parte, Porto Alegre – como também vários municípios do Estado – têm largos, ruas e avenidas chamadas Floriano Peixoto e marechal Deodoro. Homenagens que se repetem no país todo, tendo Floriano dado seu nome à capital catarinense.
Se os vereadores porto-alegrenses queriam tecer loas à democracia, esqueceram de pedir a troca de outros nomes na cidade. O historiador Sérgio da Costa Franco observa: “Prova da absoluta tolerância de Porto Alegre é que temos uma Praça Che Guevara, e uma rua do bairro Cascata com o nome de Carlos Marighela. Nem um nem o outro passariam num exame de fidelidade à democracia e à legalidade”.
A bem da verdade, até Dom Pedrito tem uma rua Ernesto Che Guevara. Como a cidade vive um tanto afastada da história contemporânea, poucos sabem quem foi o celerado e a rua passou a ser chamada de a Rua do Che. Palavra que, lá na Fronteira Oeste, designa qualquer um. Marighella, por sua vez, mereceu uma rua em Salvador. E Luís Carlos Prestes, o gaúcho a soldo de Moscou que pretendia fazer do Brasil uma republiqueta soviética, deu seu nome a uma rua na burguesa Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Costa Franco esqueceu de mencionar a rua Capitão Carlos Lamarca, no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. O assassino mereceu outra homenagem no bairro Las Palmas, em São Bernardo do Campo.
O projeto de lei do PSOL foi rechaçado. Defensores da idéia aventam o absurdo de existir uma rua chamada Hitler, Franco, Stalin ou Lênin. Bom, Hitler não vale. Perdeu a guerra. Se a tivesse ganho, daria seu nome a praças e avenidas em toda a Europa. Quanto a Franco, até bem pouco era homenageado em toda Espanha. Stalin deu nome a não poucas ruas e logradouros não só na União Soviética como na Europa e, mesmo após as denúncias de Kruschov em 1956, era homenageado com estátuas colossais. O mesmo diga-se de Lênin, cuja múmia ainda é venerada em Moscou. Pelo que sei, aquela estátua colossal em frente à Estação Finlândia, em São Petersburgo, continua em pé. A propósito, Paris conserva até hoje uma rue Lenine, em Baingnolet.
Diz o manifesto do PSOL: “considerando tudo o que o Marechal Castelo Branco fez na qualidade de representante da ditadura civil-militar, remonta um período marcado por severas violações aos direitos fundamentais, a lembrança pública desta personalidade afigura-se incompatível com os ideais defendidos pelo Movimento da Legalidade. Por isso, ao realizarmos a alteração proposta, estaremos, ao mesmo tempo, renovando os ideais legalistas e repudiando qualquer forma de violação aos direitos humanos e às liberdades democráticas, tornando ainda mais justa a homenagem ao movimento gaúcho pela legalidade”.
Como se Júlio de Castilhos ou Borges de Medeiros fossem paladinos da democracia. Sem falar em Getúlio Vargas, o mais querido ditador gaúcho, que foi reconduzido à Presidência da República por voto popular. Mas as esquerdas gaúchas jamais ousariam pedir a retirada do nome do Velho, onipresente nas cidades do Rio Grande do Sul. Que mais não seja, era idolatrado por Leonel Brizola, o alvo oculto do projeto do PSOL.
Puro preconceito do PSOL gaúcho contra nossos irmãos lá do norte. Ditador gaúcho pode. Nordestino é que não pode.
janer cristaldo
A medida pretendia reescrever a história do país, homenageando os participantes do Movimento da Legalidade, de 1961. O projeto não passou. Se a moda pega, os cartórios terão muito trabalho no Brasil todo. Pois o país está cheio de ruas e avenidas não só Castelo Branco, como Garrastazu Médici, Costa e Silva, Ernesto Geisel, João Figueiredo. Mas a proposta dos vereadores é curiosa. Pelo jeito, não gostam de ditador nordestino.
Ditador gaúcho pode. O Rio Grande do Sul está eivado de ruas que homenageiam o ditador Júlio de Castilhos e há inclusive uma cidade que leva seu nome. Pelo jeito, o PSOL nada conhece da história do Estado, nem nunca ouviu falar da “ditadura científica” de Castilhos, inspirada no positivismo.
Isso sem falar nas ruas que, no Estado todo, homenageiam o ditador Borges de Medeiros, que durante 25 anos – sete anos a mais que o regime militar de 64 – foi presidente do Rio Grande do Sul. Até hoje me pergunto como a capital gaúcha não se envergonha ao dar o nome do ditador à sua avenida mais central. Gaúchos a parte, Porto Alegre – como também vários municípios do Estado – têm largos, ruas e avenidas chamadas Floriano Peixoto e marechal Deodoro. Homenagens que se repetem no país todo, tendo Floriano dado seu nome à capital catarinense.
Se os vereadores porto-alegrenses queriam tecer loas à democracia, esqueceram de pedir a troca de outros nomes na cidade. O historiador Sérgio da Costa Franco observa: “Prova da absoluta tolerância de Porto Alegre é que temos uma Praça Che Guevara, e uma rua do bairro Cascata com o nome de Carlos Marighela. Nem um nem o outro passariam num exame de fidelidade à democracia e à legalidade”.
A bem da verdade, até Dom Pedrito tem uma rua Ernesto Che Guevara. Como a cidade vive um tanto afastada da história contemporânea, poucos sabem quem foi o celerado e a rua passou a ser chamada de a Rua do Che. Palavra que, lá na Fronteira Oeste, designa qualquer um. Marighella, por sua vez, mereceu uma rua em Salvador. E Luís Carlos Prestes, o gaúcho a soldo de Moscou que pretendia fazer do Brasil uma republiqueta soviética, deu seu nome a uma rua na burguesa Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Costa Franco esqueceu de mencionar a rua Capitão Carlos Lamarca, no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. O assassino mereceu outra homenagem no bairro Las Palmas, em São Bernardo do Campo.
O projeto de lei do PSOL foi rechaçado. Defensores da idéia aventam o absurdo de existir uma rua chamada Hitler, Franco, Stalin ou Lênin. Bom, Hitler não vale. Perdeu a guerra. Se a tivesse ganho, daria seu nome a praças e avenidas em toda a Europa. Quanto a Franco, até bem pouco era homenageado em toda Espanha. Stalin deu nome a não poucas ruas e logradouros não só na União Soviética como na Europa e, mesmo após as denúncias de Kruschov em 1956, era homenageado com estátuas colossais. O mesmo diga-se de Lênin, cuja múmia ainda é venerada em Moscou. Pelo que sei, aquela estátua colossal em frente à Estação Finlândia, em São Petersburgo, continua em pé. A propósito, Paris conserva até hoje uma rue Lenine, em Baingnolet.
Diz o manifesto do PSOL: “considerando tudo o que o Marechal Castelo Branco fez na qualidade de representante da ditadura civil-militar, remonta um período marcado por severas violações aos direitos fundamentais, a lembrança pública desta personalidade afigura-se incompatível com os ideais defendidos pelo Movimento da Legalidade. Por isso, ao realizarmos a alteração proposta, estaremos, ao mesmo tempo, renovando os ideais legalistas e repudiando qualquer forma de violação aos direitos humanos e às liberdades democráticas, tornando ainda mais justa a homenagem ao movimento gaúcho pela legalidade”.
Como se Júlio de Castilhos ou Borges de Medeiros fossem paladinos da democracia. Sem falar em Getúlio Vargas, o mais querido ditador gaúcho, que foi reconduzido à Presidência da República por voto popular. Mas as esquerdas gaúchas jamais ousariam pedir a retirada do nome do Velho, onipresente nas cidades do Rio Grande do Sul. Que mais não seja, era idolatrado por Leonel Brizola, o alvo oculto do projeto do PSOL.
Puro preconceito do PSOL gaúcho contra nossos irmãos lá do norte. Ditador gaúcho pode. Nordestino é que não pode.
janer cristaldo
FAMOSOS TRABALHAM COMO DETENTOS COMUNS EM PRISÃO
Alexandre Nardoni trabalha na lavanderia. O promotor Igor dá aula de inglês. Daniel Cravinhos reforma carteiras escolares.
O jornalista Pimenta Neves vive na enfermaria à procura de remédios. Lindemberg Alves faz fechaduras. O jogador de futebol Janken é faxineiro.
Essa é a rotina dos presos VIPs ("very important people", ou "pessoas muito importantes") de São Paulo.
Eles estão na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado", a P-2 de Tremembé (138 km de SP).
18/12/2011
Josmar Jozino, do Agora
O jornalista Pimenta Neves vive na enfermaria à procura de remédios. Lindemberg Alves faz fechaduras. O jogador de futebol Janken é faxineiro.
Essa é a rotina dos presos VIPs ("very important people", ou "pessoas muito importantes") de São Paulo.
Eles estão na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado", a P-2 de Tremembé (138 km de SP).
18/12/2011
Josmar Jozino, do Agora
USP EXPULSA SEIS EM RESPEITO A 80 MIL
Seis estudantes foram expulsos da Universidade de São Paulo (USP) como punição pela ocupação de um prédio da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) iniciada em março de 2010. A decisão foi publicada ontem no Diário Oficial dos Estado, em despacho do reitor João Grandino Rodas. O processo foi aberto para apontar responsáveis pelos prejuízos referentes à ocupação.
Segundo a Reitoria, a ação dos alunos resultou no extravio de milhares de documentos e de aparelhos eletrônicos, como 17 computadores completos e duas impressoras, entre outros equipamentos.
A principal reivindicação do movimento, intitulado Moradia Retomada, é o aumento de vagas no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp). A sala do Bloco G do Coseas continua ocupada pelos alunos, que a transformaram em moradia.
Foram expulsos Aline Dias Camoles e Bruno Belém, da Escola de Comunicação e Artes (ECA), e Amanda Freire de Souza, Jéssica de Abreu Trinca, Marcus Padraic Dunne e Yves de Carvalho Souzedo, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
Ao todo, eram 13 processados. Cinco foram inocentados e dois dos punidos já não estudam mais na universidade. A punição foi decidida por uma comissão formada por três professores e o reitor acatou o relatório - que tem como fundamento o regimento disciplinar de 1972, época da ditadura militar.
A decisão ainda teve respaldo, segundo a Reitoria, da maioria dos dirigentes das unidades.
Rodas entende que a relação com os alunos não fica prejudicada. “Administradores públicos devem cumprir uma série de obrigações legais, sob pena de responsabilidade. Assim, a questão de ‘ambiente’ acaba por ser irrelevante.”
O diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Thiago Aguiar, considerou a punição absurda. “Não é de hoje que a USP tem punições a todos que fazem ou fizeram algum tipo de mobilização crítica. Mas agora é mais grave, foram expulsões.” Aguiar critica a falta de critérios, uma vez que cerca de 50 alunos participaram da ocupação. “O expediente das punições é obscuro. A Reitoria seleciona quem quer punir e faz isso.”
O presidente do Sindicatos dos Servidores da USP (Sintusp), Magno Carvalho, também condenou a decisão. “O reitor esperou o fim das aulas para divulgar isso. Fez em um momento em que se vai ter dificuldade de reação, a maioria das aulas acabou.
”O reitor negou que tenha aguardado o fim das aulas. “Não há dia apropriado para se tomar conhecimento de decisões desagradáveis”, disse. Alunos podem recorrer à Procuradoria da USP. Os expulsos não foram encontrados para comentar a decisão.
(Estadão)
Segundo a Reitoria, a ação dos alunos resultou no extravio de milhares de documentos e de aparelhos eletrônicos, como 17 computadores completos e duas impressoras, entre outros equipamentos.
A principal reivindicação do movimento, intitulado Moradia Retomada, é o aumento de vagas no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp). A sala do Bloco G do Coseas continua ocupada pelos alunos, que a transformaram em moradia.
Foram expulsos Aline Dias Camoles e Bruno Belém, da Escola de Comunicação e Artes (ECA), e Amanda Freire de Souza, Jéssica de Abreu Trinca, Marcus Padraic Dunne e Yves de Carvalho Souzedo, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
Ao todo, eram 13 processados. Cinco foram inocentados e dois dos punidos já não estudam mais na universidade. A punição foi decidida por uma comissão formada por três professores e o reitor acatou o relatório - que tem como fundamento o regimento disciplinar de 1972, época da ditadura militar.
A decisão ainda teve respaldo, segundo a Reitoria, da maioria dos dirigentes das unidades.
Rodas entende que a relação com os alunos não fica prejudicada. “Administradores públicos devem cumprir uma série de obrigações legais, sob pena de responsabilidade. Assim, a questão de ‘ambiente’ acaba por ser irrelevante.”
O diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Thiago Aguiar, considerou a punição absurda. “Não é de hoje que a USP tem punições a todos que fazem ou fizeram algum tipo de mobilização crítica. Mas agora é mais grave, foram expulsões.” Aguiar critica a falta de critérios, uma vez que cerca de 50 alunos participaram da ocupação. “O expediente das punições é obscuro. A Reitoria seleciona quem quer punir e faz isso.”
O presidente do Sindicatos dos Servidores da USP (Sintusp), Magno Carvalho, também condenou a decisão. “O reitor esperou o fim das aulas para divulgar isso. Fez em um momento em que se vai ter dificuldade de reação, a maioria das aulas acabou.
”O reitor negou que tenha aguardado o fim das aulas. “Não há dia apropriado para se tomar conhecimento de decisões desagradáveis”, disse. Alunos podem recorrer à Procuradoria da USP. Os expulsos não foram encontrados para comentar a decisão.
(Estadão)
PT E PMDB BRIGAM PELO COFRE DA CAIXA. E BILHÕES SÃO "DOADOS" AO SILVIO SANTOS E A ESPECULADORES.
Segundo maior banco estatal do país, a Caixa Econômica Federal está no centro de uma série de transações financeiras suspeitas que podem gerar perdas de R$ 1 bilhão para os cofres públicos. Graças a uma omissão misteriosa ocorrida na própria Caixa, uma corretora carioca chamada Tetto vendeu papéis da dívida pública de baixo ou nenhum valor por preços acima do mercado.
Entre os compradores, há empresas e pelo menos um fundo de pensão estatal. No período em que foram realizadas as transações, de setembro de 2008 a agosto de 2009, o sistema de informática da Caixa responsável por informações relativas aos papéis ficou fora do ar.
O banco público classificou a pane como "erro", atribuindo-o a uma empresa de informática terceirizada. Ou seja, foi como se um carro tivesse sido vendido sem que o vendedor informasse que ele tinha multas justamente no momento em que o sistema do Detran estava fora do ar.
O que sumiu do sistema correspondia a R$ 1 bilhão que deveria ser descontado do valor dos papéis (veja quadro nesta página). Como os papéis eram garantidos por um fundo do governo, se todos os compradores forem à Justiça cobrar tudo o que gastaram, a União terá de arcar com o R$ 1 bilhão.
Um dos compradores já se manifestou nesse sentido. Diante do episódio, o banco acionou a Polícia Federal e entrou com um processo na Justiça acusando a Tetto de vender "gato por lebre". A Folha teve acesso aos autos da ação judicial sigilosa.
Tanto um dos compradores -o fundo de previdência complementar Postalis, dos funcionários dos Correios- como o setor da Caixa responsável pela falha eram controlados, na época, por dirigentes indicados pelo PMDB.
O departamento onde ocorreu o problema é vinculado à vice-presidência de Loterias e Fundos de Governo, hoje no centro de uma disputa entre PT e PMDB, os dois partidos que controlam os principais postos no banco.
Na época em que essas transações foram feitas, o vice-presidente de Loterias e Fundos era o atual ministro Moreira Franco, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.
Seu substituto, Fábio Cleto, é apadrinhado do PMDB do Rio e tem a recondução ao Conselho Curador do FGTS ameaçada por pressão do PT.
O problema com os papéis não era desconhecido do mercado. Eles são originários de uma outra fraude cometida pela Tetto em 2004, que resultou em prejuízo de R$ 700 milhões ao Estado do Rio, segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), xerife do mercado financeiro.
Em 2008, um mês após o apagão no sistema da Caixa, a corretora começou a negociar os papéis. No período de um ano, vendeu todos os seus contratos "micados", segundo narrou a Caixa na ação. No mercado financeiro, esses papéis são classificados como de "altíssimo risco".
"Vou falar em tese: se, de fato, ficar provado que essa corretora tinha plena ciência das características [do papel] e, ainda assim, as omitiu do comprador obtendo lucro fácil em cima disso, em tese pode ter havido estelionato", afirmou o advogado Jair Jaloreto, especialista em crimes financeiros.
"Em tese também, a corretora pode alegar em sua defesa que as compradoras sabiam do preço real".
A Caixa diz que outro fundo de pensão estatal controlado pelo PMDB participou das negociações, o Real Grandeza, dos empregados de Furnas. Mas o fundo diz que os papéis que comprou não têm relação com as fraudes.
Os bancos Bradesco, Santander e BRB e outros investidores também compraram papéis da Tetto na época em que os sistemas da Caixa ficaram fora do ar.
O Postalis pagou à vista pelos papéis comprados da Tetto, mas permitiu que a corretora os administrasse. Ou seja, o fundo não tem os papéis registrados em seu nome e a Tetto pôde vender novamente os mesmos títulos para outros compradores, segundo o processo.
Em junho de 2011, quase três anos após a operação com a Tetto, o Postalis encaminhou ofício à Caixa onde afirma ter sido lesado pelo banco e pela própria Tetto.
O banco abriu uma sindicância. No período do apagão no sistema da Caixa, cerca de 12 mil créditos imobiliários foram negociados, quase 90% deles pela Tetto.
(Folha de São Paulo)
Entre os compradores, há empresas e pelo menos um fundo de pensão estatal. No período em que foram realizadas as transações, de setembro de 2008 a agosto de 2009, o sistema de informática da Caixa responsável por informações relativas aos papéis ficou fora do ar.
O banco público classificou a pane como "erro", atribuindo-o a uma empresa de informática terceirizada. Ou seja, foi como se um carro tivesse sido vendido sem que o vendedor informasse que ele tinha multas justamente no momento em que o sistema do Detran estava fora do ar.
O que sumiu do sistema correspondia a R$ 1 bilhão que deveria ser descontado do valor dos papéis (veja quadro nesta página). Como os papéis eram garantidos por um fundo do governo, se todos os compradores forem à Justiça cobrar tudo o que gastaram, a União terá de arcar com o R$ 1 bilhão.
Um dos compradores já se manifestou nesse sentido. Diante do episódio, o banco acionou a Polícia Federal e entrou com um processo na Justiça acusando a Tetto de vender "gato por lebre". A Folha teve acesso aos autos da ação judicial sigilosa.
Tanto um dos compradores -o fundo de previdência complementar Postalis, dos funcionários dos Correios- como o setor da Caixa responsável pela falha eram controlados, na época, por dirigentes indicados pelo PMDB.
O departamento onde ocorreu o problema é vinculado à vice-presidência de Loterias e Fundos de Governo, hoje no centro de uma disputa entre PT e PMDB, os dois partidos que controlam os principais postos no banco.
Na época em que essas transações foram feitas, o vice-presidente de Loterias e Fundos era o atual ministro Moreira Franco, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.
Seu substituto, Fábio Cleto, é apadrinhado do PMDB do Rio e tem a recondução ao Conselho Curador do FGTS ameaçada por pressão do PT.
O problema com os papéis não era desconhecido do mercado. Eles são originários de uma outra fraude cometida pela Tetto em 2004, que resultou em prejuízo de R$ 700 milhões ao Estado do Rio, segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), xerife do mercado financeiro.
Em 2008, um mês após o apagão no sistema da Caixa, a corretora começou a negociar os papéis. No período de um ano, vendeu todos os seus contratos "micados", segundo narrou a Caixa na ação. No mercado financeiro, esses papéis são classificados como de "altíssimo risco".
"Vou falar em tese: se, de fato, ficar provado que essa corretora tinha plena ciência das características [do papel] e, ainda assim, as omitiu do comprador obtendo lucro fácil em cima disso, em tese pode ter havido estelionato", afirmou o advogado Jair Jaloreto, especialista em crimes financeiros.
"Em tese também, a corretora pode alegar em sua defesa que as compradoras sabiam do preço real".
A Caixa diz que outro fundo de pensão estatal controlado pelo PMDB participou das negociações, o Real Grandeza, dos empregados de Furnas. Mas o fundo diz que os papéis que comprou não têm relação com as fraudes.
Os bancos Bradesco, Santander e BRB e outros investidores também compraram papéis da Tetto na época em que os sistemas da Caixa ficaram fora do ar.
O Postalis pagou à vista pelos papéis comprados da Tetto, mas permitiu que a corretora os administrasse. Ou seja, o fundo não tem os papéis registrados em seu nome e a Tetto pôde vender novamente os mesmos títulos para outros compradores, segundo o processo.
Em junho de 2011, quase três anos após a operação com a Tetto, o Postalis encaminhou ofício à Caixa onde afirma ter sido lesado pelo banco e pela própria Tetto.
O banco abriu uma sindicância. No período do apagão no sistema da Caixa, cerca de 12 mil créditos imobiliários foram negociados, quase 90% deles pela Tetto.
(Folha de São Paulo)
BRASILEIRO CHEGA AO FINAL DE ANO MAIS ENDIVIDADO
... mas confiante e dando aprovação recorde à Dilma.
Com a máxima na cabeça de que "político é tudo igual", consenso formado no brasileiro por culpa dos próprios políticos, o eleitor pensa: se estou empregado, se posso comprar e fazer crediário, se o salário mínimo vai subir 14% a partir de maio, por que vou mudar? Por que existe corrupção? Por que a violência aumentou? Por que os "políticos" continuam roubando?
A economia explica a popularidade de Dilma, assim como explicou a de Lula. E se o mundo desmanchar lá fora, como de fato está, a reeleiçãode Dilma será em primeiro turno, em 2014. Portanto, é hora da oposição ter prática, em vez de discurso. E a prática está no Executivo, não na tribuna.
Ontem Geraldo Alckmin, governador tucano de São Paulo, avisou que vai cortar R$ 900 milhões nos gastos de custeio. A notícia é ótima, mas teria algum efeito eleitoral se ele dissesse que, com o dinheiro, iria construir 100 hospitais. José Serra, o maior nome tucano, afirmou que o PT é imbatível em publicidade. É mais do que isso: o PSDB é infantil em propaganda, chega às raias da imbecilidade.
Por fim, ontem, a Juventude Tucana incluiu, nas suas mudanças para "um Brasil do futuro", as "Primárias Já", um assunto interno do partido.
Os jovens que vem aí são ainda menos preparados, pois entre as suas bandeiras não existe uma única voltada para a geração de empregos para os jovens, onde reside, exatamente, a maior fatia do desemprego.
Então, pelo menos, com todo o PT, com toda a corrupção, com toda a mentira, apesar da falta de oposição que coloca em risco a liberdade de imprensa e as instituições democráticas, vamos pelo menos comemorar que o brasileiro vai ter um bom Natal. O brasileiro merece. E, nesta época do ano, é sempre bom deixar a reles política de lado e pensar no bem das pessoas.
Abaixo, matéria do Estadão.
coroneLeaks
*** *** ***
Os brasileiros vão às compras neste Natal endividados como nunca, mas com renda suficiente para assumir novos compromissos. Projeções da MB Associados indicam que o grau de endividamento, medido pela relação entre o estoque de dívidas e a renda anual das famílias, atingiu 43,2% este mês, 4 pontos porcentuais acima dos 39,2% de dezembro do ano passado.
No entanto, o orçamento familiar não foi tão castigado, segundo a consultoria. A parcela do salário mensal comprometida com o pagamento das prestações passou de 19,4%, em dezembro de 2010, para 22,4%, agora - alta de 3 pontos porcentuais.
"O consumidor se sente confortável em eventualmente tomar mais crédito, já que tem a perspectiva de continuar empregado e tendo aumento de renda, principalmente diante da elevação de 14% no valor do salário mínimo", diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.
Ele fez a projeção do endividamento para o fim do ano com base em dados do Banco Central (BC) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de recorde, o nível de endividamento no Brasil ainda é relativamente baixo quando comparado com o de outros países, observa o economista. No Reino Unido, o endividamento correspondia a 171% da renda líquida das famílias em julho deste ano. No Canadá e no Japão, essa relação era de 148% e 126%, pela ordem.
"A gente precisa ter em mente que o País começou a ter uma economia de crédito há pouco tempo." O problema não é o nível de endividamento, e sim a sua composição, pondera Roberto Troster, ex-economista-chefe da Febraban.
"Hoje, tem mais cheque especial, mais conta garantida, e menos empréstimo de longo prazo, por causa do aperto dos compulsórios, que agora está sendo abrandado pelo governo."
Na avaliação de Troster, se o esforço do governo for suficiente para melhorar a composição do endividamento das família, ou seja, conseguir linhas mais baratas, a capacidade de endividamento vai aumentar. "Mas é preciso estar atento ao comprometimento do salário com as prestações, o que é determinante para a inadimplência", afirma o economista.
Para o ex-diretor do BC José Júlio Senna, hoje sócio da MCM Consultores Associados, não há motivos para alarmismo, apesar da tendência de piora da inadimplência e do spread bancário. Ele argumenta que, tanto um quanto o outro, ainda estão longe dos níveis alcançados no auge da crise, na virada de 2008 para 2009.
"O governo certamente detectou a tendência de piora e aliviou o crédito, facilitou o consignado e os empréstimos de mais longo prazo, como o de automóveis", cita o economista. "Como as restrições no Brasil são muitas e variadas, qualquer alívio de política econômica sempre provoca algum estímulo."
A inadimplência vem em alta desde o início do ano e deve passar de 7% nos próximos meses. "Mas a tendência é voltar a cair ao longo de 2012", diz Sérgio Vale. "Além do fato que o principal cenário de crise na Europa vai ter passado, a inadimplência deverá desacelerar por causa da perspectiva de que a renda continue aumentando no ano que vem e da questão do salário mínimo, que vai ser forte", argumenta o economista da MB Associados.
Com o aumento de 14% no salário mínimo, a consultoria estima que a massa salarial deve crescer próximo de 10% em 2102, contra o pico de 14% que chegou este ano. "Apesar da indicação de desaceleração, é um número forte", frisa Vale. Se o crescimento do salário mínimo fosse nulo, a alta seria em torno de 8,7%.
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Ante as diversas análises feitas com os números percentuais apresentados pela pesquisa CNI-IBOPE, parece-me um equívoco afirmar que há confiança e aprovação do governo Dilma, ou melhor, do governo petista. Uma leitura atenta, no mínimo mostrará desconfiança e dúvida.
m.americo
Com a máxima na cabeça de que "político é tudo igual", consenso formado no brasileiro por culpa dos próprios políticos, o eleitor pensa: se estou empregado, se posso comprar e fazer crediário, se o salário mínimo vai subir 14% a partir de maio, por que vou mudar? Por que existe corrupção? Por que a violência aumentou? Por que os "políticos" continuam roubando?
A economia explica a popularidade de Dilma, assim como explicou a de Lula. E se o mundo desmanchar lá fora, como de fato está, a reeleiçãode Dilma será em primeiro turno, em 2014. Portanto, é hora da oposição ter prática, em vez de discurso. E a prática está no Executivo, não na tribuna.
Ontem Geraldo Alckmin, governador tucano de São Paulo, avisou que vai cortar R$ 900 milhões nos gastos de custeio. A notícia é ótima, mas teria algum efeito eleitoral se ele dissesse que, com o dinheiro, iria construir 100 hospitais. José Serra, o maior nome tucano, afirmou que o PT é imbatível em publicidade. É mais do que isso: o PSDB é infantil em propaganda, chega às raias da imbecilidade.
Por fim, ontem, a Juventude Tucana incluiu, nas suas mudanças para "um Brasil do futuro", as "Primárias Já", um assunto interno do partido.
Os jovens que vem aí são ainda menos preparados, pois entre as suas bandeiras não existe uma única voltada para a geração de empregos para os jovens, onde reside, exatamente, a maior fatia do desemprego.
Então, pelo menos, com todo o PT, com toda a corrupção, com toda a mentira, apesar da falta de oposição que coloca em risco a liberdade de imprensa e as instituições democráticas, vamos pelo menos comemorar que o brasileiro vai ter um bom Natal. O brasileiro merece. E, nesta época do ano, é sempre bom deixar a reles política de lado e pensar no bem das pessoas.
Abaixo, matéria do Estadão.
coroneLeaks
*** *** ***
Os brasileiros vão às compras neste Natal endividados como nunca, mas com renda suficiente para assumir novos compromissos. Projeções da MB Associados indicam que o grau de endividamento, medido pela relação entre o estoque de dívidas e a renda anual das famílias, atingiu 43,2% este mês, 4 pontos porcentuais acima dos 39,2% de dezembro do ano passado.
No entanto, o orçamento familiar não foi tão castigado, segundo a consultoria. A parcela do salário mensal comprometida com o pagamento das prestações passou de 19,4%, em dezembro de 2010, para 22,4%, agora - alta de 3 pontos porcentuais.
"O consumidor se sente confortável em eventualmente tomar mais crédito, já que tem a perspectiva de continuar empregado e tendo aumento de renda, principalmente diante da elevação de 14% no valor do salário mínimo", diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.
Ele fez a projeção do endividamento para o fim do ano com base em dados do Banco Central (BC) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de recorde, o nível de endividamento no Brasil ainda é relativamente baixo quando comparado com o de outros países, observa o economista. No Reino Unido, o endividamento correspondia a 171% da renda líquida das famílias em julho deste ano. No Canadá e no Japão, essa relação era de 148% e 126%, pela ordem.
"A gente precisa ter em mente que o País começou a ter uma economia de crédito há pouco tempo." O problema não é o nível de endividamento, e sim a sua composição, pondera Roberto Troster, ex-economista-chefe da Febraban.
"Hoje, tem mais cheque especial, mais conta garantida, e menos empréstimo de longo prazo, por causa do aperto dos compulsórios, que agora está sendo abrandado pelo governo."
Na avaliação de Troster, se o esforço do governo for suficiente para melhorar a composição do endividamento das família, ou seja, conseguir linhas mais baratas, a capacidade de endividamento vai aumentar. "Mas é preciso estar atento ao comprometimento do salário com as prestações, o que é determinante para a inadimplência", afirma o economista.
Para o ex-diretor do BC José Júlio Senna, hoje sócio da MCM Consultores Associados, não há motivos para alarmismo, apesar da tendência de piora da inadimplência e do spread bancário. Ele argumenta que, tanto um quanto o outro, ainda estão longe dos níveis alcançados no auge da crise, na virada de 2008 para 2009.
"O governo certamente detectou a tendência de piora e aliviou o crédito, facilitou o consignado e os empréstimos de mais longo prazo, como o de automóveis", cita o economista. "Como as restrições no Brasil são muitas e variadas, qualquer alívio de política econômica sempre provoca algum estímulo."
A inadimplência vem em alta desde o início do ano e deve passar de 7% nos próximos meses. "Mas a tendência é voltar a cair ao longo de 2012", diz Sérgio Vale. "Além do fato que o principal cenário de crise na Europa vai ter passado, a inadimplência deverá desacelerar por causa da perspectiva de que a renda continue aumentando no ano que vem e da questão do salário mínimo, que vai ser forte", argumenta o economista da MB Associados.
Com o aumento de 14% no salário mínimo, a consultoria estima que a massa salarial deve crescer próximo de 10% em 2102, contra o pico de 14% que chegou este ano. "Apesar da indicação de desaceleração, é um número forte", frisa Vale. Se o crescimento do salário mínimo fosse nulo, a alta seria em torno de 8,7%.
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Ante as diversas análises feitas com os números percentuais apresentados pela pesquisa CNI-IBOPE, parece-me um equívoco afirmar que há confiança e aprovação do governo Dilma, ou melhor, do governo petista. Uma leitura atenta, no mínimo mostrará desconfiança e dúvida.
m.americo
PARA SABEREM QUEM É QUE MANDA
Artigos - Governo do PT
Transformar a palmada em tema de lei federal e objeto de delação é completa demasia que nasce, forçosamente, de uma visão totalitária de Estado.
A Lei da Palmada é produto do politicamente correto, que tem por objetivo submeter liberdade e consenso às rédeas de dissensos minoritários. E é mais uma intromissão do Estado na vida privada. Bastaria isso para determinar sua rejeição. Mas ela passou na Câmara dos Deputados e segue a toque de caixa para o Senado. A pedagogia do politicamente correto está produzindo alunos que batem nos professores, mas está convencida de que falta um pouco mais do mesmo. Vale dizer, ainda menos disciplina para ainda mais porrada e bullying.
Tudo isso é certo e sabido. Mas o que não se diz é que a Lei da Palmada é irmã da Lei do Desarmamento, do PNDH-3, do vestibular do ENEM, da Lei de Quotas Raciais, do perfil que deram ao STF, da Lei da “Homofobia”, do marco regulatório da imprensa e por aí vai.
Ou seja, não se diz, ou pouco se diz, que há uma ideologia soprando essa praga sobre as famílias brasileiras assim como o vento espalha fungos nas lavouras. É a ideologia do totalitarismo, que implica um Estado com o monopólio da força e com amplas funções modeladoras em relação às instituições da sociedade, entre elas a instituição familiar (quando deveriam ser estas a orientar e domar o Estado!).
Recentemente, em programa de tevê, uma pedagoga integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente pregava: "O Estado tem o dever de educar a sociedade para novos padrões de conduta". Ela estava convencida, por essa ideologia maldita, que é obrigação do Estado comandar o leitor destas linhas não apenas sobre coisas como declarar sua renda ou se comportar no trânsito, mas sobre como educar seus filhos.
O melhor castigo, dizia um psicólogo que aplaudia a aprovação da lei na Câmara dos Deputados, é substituir uma atividade prazerosa da criança por outra menos prazerosa. Punição, como tal, nunca, papai. Nunca, mamãe. E depois, bem feito: aguentem os malfeitos que virão.
Os corretos limites do uso da força já estão dados tanto no Código Civil (perdem o pátrio poder os pais que castigarem imoderadamente os filhos), no Código Penal (punições para casos graves de violência contra crianças e adolescentes) e no ECA (idem). Não era necessária qualquer legislação especial.
A estratégia adotada para aprovação da lei na Câmara consistiu em levar o debate como se houvesse dois blocos: os contra a palmada e os a favor da palmada.
Haverá alguém a favor da palmada? Alguém é a favor da quimioterapia? No entanto, há situações concretas no ambiente familiar que se resolvem com a simples possibilidade da aplicação de uma palmada.
Transformá-la em tema de lei federal, objeto de delação, é completa demasia que nasce, forçosamente, de uma visão totalitária de Estado. Não hesito em afirmar que prejudiciais, mesmo, ao desenvolvimento saudável das crianças são outras coisas muito frequentes na sociedade.
A saber:
1) a educação permissiva, que não estabelece limites e franqueia acesso aos vícios socialmente tolerados e não tolerados;
2) a indiferença dos pais em relação ao que fazem os filhos e ao seu preparo para a aventura de viver; e
3) a violência verbal, que faz decair o mútuo respeito e a autoridade paterna.
A afirmação de que a palmada introduz a violência na instituição familiar é cristalinamente falsa. A violência entra em casa pela janela, pela porta da rua, pela antena da tevê, pelo bar da esquina e pelo beco onde se aloja o traficante.
Ante elas, a eventual palmadinha educativa é o que de fato significa: sinal de amor que educa. Ao contrário do que pensam a deputada Maria do Rosário e seus colegas que aprovaram o projeto, essa lei não coibirá a violência contra as crianças. Se os três instrumentos já existentes (Código Civil, Código Penal e ECA) não conseguiram coibir os maus tratos dentro de casa, não contiveram os pais abusadores e violentos, não será uma lei que proíbe a palmada aplicada pelos pais amorosos e responsáveis que vai produzir isso.
O que ela fará é ensinar às crianças (até porque prevê aulas de esclarecimento nas escolas) que é o Estado quem manda naquele pedaço que elas chamam de minha casa, meu barraco, meu apê, minha família.
Percival Puggina, 17 Dezembro 2011
Transformar a palmada em tema de lei federal e objeto de delação é completa demasia que nasce, forçosamente, de uma visão totalitária de Estado.
A Lei da Palmada é produto do politicamente correto, que tem por objetivo submeter liberdade e consenso às rédeas de dissensos minoritários. E é mais uma intromissão do Estado na vida privada. Bastaria isso para determinar sua rejeição. Mas ela passou na Câmara dos Deputados e segue a toque de caixa para o Senado. A pedagogia do politicamente correto está produzindo alunos que batem nos professores, mas está convencida de que falta um pouco mais do mesmo. Vale dizer, ainda menos disciplina para ainda mais porrada e bullying.
Tudo isso é certo e sabido. Mas o que não se diz é que a Lei da Palmada é irmã da Lei do Desarmamento, do PNDH-3, do vestibular do ENEM, da Lei de Quotas Raciais, do perfil que deram ao STF, da Lei da “Homofobia”, do marco regulatório da imprensa e por aí vai.
Ou seja, não se diz, ou pouco se diz, que há uma ideologia soprando essa praga sobre as famílias brasileiras assim como o vento espalha fungos nas lavouras. É a ideologia do totalitarismo, que implica um Estado com o monopólio da força e com amplas funções modeladoras em relação às instituições da sociedade, entre elas a instituição familiar (quando deveriam ser estas a orientar e domar o Estado!).
Recentemente, em programa de tevê, uma pedagoga integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente pregava: "O Estado tem o dever de educar a sociedade para novos padrões de conduta". Ela estava convencida, por essa ideologia maldita, que é obrigação do Estado comandar o leitor destas linhas não apenas sobre coisas como declarar sua renda ou se comportar no trânsito, mas sobre como educar seus filhos.
O melhor castigo, dizia um psicólogo que aplaudia a aprovação da lei na Câmara dos Deputados, é substituir uma atividade prazerosa da criança por outra menos prazerosa. Punição, como tal, nunca, papai. Nunca, mamãe. E depois, bem feito: aguentem os malfeitos que virão.
Os corretos limites do uso da força já estão dados tanto no Código Civil (perdem o pátrio poder os pais que castigarem imoderadamente os filhos), no Código Penal (punições para casos graves de violência contra crianças e adolescentes) e no ECA (idem). Não era necessária qualquer legislação especial.
A estratégia adotada para aprovação da lei na Câmara consistiu em levar o debate como se houvesse dois blocos: os contra a palmada e os a favor da palmada.
Haverá alguém a favor da palmada? Alguém é a favor da quimioterapia? No entanto, há situações concretas no ambiente familiar que se resolvem com a simples possibilidade da aplicação de uma palmada.
Transformá-la em tema de lei federal, objeto de delação, é completa demasia que nasce, forçosamente, de uma visão totalitária de Estado. Não hesito em afirmar que prejudiciais, mesmo, ao desenvolvimento saudável das crianças são outras coisas muito frequentes na sociedade.
A saber:
1) a educação permissiva, que não estabelece limites e franqueia acesso aos vícios socialmente tolerados e não tolerados;
2) a indiferença dos pais em relação ao que fazem os filhos e ao seu preparo para a aventura de viver; e
3) a violência verbal, que faz decair o mútuo respeito e a autoridade paterna.
A afirmação de que a palmada introduz a violência na instituição familiar é cristalinamente falsa. A violência entra em casa pela janela, pela porta da rua, pela antena da tevê, pelo bar da esquina e pelo beco onde se aloja o traficante.
Ante elas, a eventual palmadinha educativa é o que de fato significa: sinal de amor que educa. Ao contrário do que pensam a deputada Maria do Rosário e seus colegas que aprovaram o projeto, essa lei não coibirá a violência contra as crianças. Se os três instrumentos já existentes (Código Civil, Código Penal e ECA) não conseguiram coibir os maus tratos dentro de casa, não contiveram os pais abusadores e violentos, não será uma lei que proíbe a palmada aplicada pelos pais amorosos e responsáveis que vai produzir isso.
O que ela fará é ensinar às crianças (até porque prevê aulas de esclarecimento nas escolas) que é o Estado quem manda naquele pedaço que elas chamam de minha casa, meu barraco, meu apê, minha família.
Percival Puggina, 17 Dezembro 2011
KASSAB, SACERDOTE VODU E MÁGICO ILUSIONISTA
Nada como ter pessoas qualificadas em postos importantes da administração pública brasileira. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), é a síntese da competência administrativa que o brasileiro parece querer.
Depois de revelar-se um verdadeiro sacerdote vodu, fazendo uma legião de zumbis mortos-vivos se erguerem dos seus túmulos para assinar a papelada necessária para fundar o PSD (Partido Só Defunto) e escapar ileso (graças a nossa justiça eleitoral “extremamente competente”) de um dos maiores e mais facilmente descobertos escândalos de falsificação de documentos e assinaturas para fundação de um partido político; Kassab agora se mostra um mestre da prestidigitação ao tirar da cartola, em plena crise, um aumento de 236% para subprefeitos, secretários-adjuntos e outros funcionários ocupantes de cargos de confiança da Prefeitura de São Paulo. Gerando um impacto para o município de mais de 19 milhões de reais por ano.
Tudo bem que os índices inflacionários divulgados pelo Governo Federal são uma fantasia e a inflação está várias vezes mais alta do que quer admitir o pessoal do Planalto. Mas, mesmo assim, patrocinar um aumento dessa natureza é algo absurdo e imoral.
A coisa fica ainda mais feia quando sabemos que São Paulo vive uma crise sem precedentes em áreas “de pouca importância” como saúde, educação, segurança, limpeza urbana e sofre horrores com qualquer chuvinha ao cair da tarde.
Sabemos muito bem que o festival de benesses com dinheiro público é uma constante em qualquer administração. Os políticos brasileiros acham que o dinheiro público não tem dono. E, como o povo que é o real proprietário desses valores aparentemente não liga para o que fazem com o resultado de seu suado trabalho; políticos das mais diferentes agremiações usam o Tesouro como um cofre pessoal ao qual podem recorrer para premiar seus apoiadores, remunerar seus conchavos ou simplesmente roubar o quanto puderem antes do mandato acabar.
A postura de Kassab só não é mais condenável que a de seus eleitores. Diante do anúncio de tal assalto aos cofres públicos onde estavam os manifestantes? Onde estavam os militantes petistas que poderiam infernizar o prefeito agora? Infelizmente, a resposta é tristemente simples: os manifestantes estão preocupados com o Papai Noel e os militantes não se movem porque o PT corteja o PSD para sua base aliada e para apoiar a nova marionete lulista que se candidatará à prefeitura de São Paulo (o ministro que deu show de incompetência à frente da pasta da Educação), Fernando Haddad.
Assim, bem como todos os aliados do PT, Kassab pode fazer qualquer coisa que desejar. Enquanto está sob a “sedução” da cúpula petista, ninguém vai aparecer para combater o absurdo e a imoralidade com o dinheiro público.
Quem sabe, no futuro, se Kassab decidir-se por outro partido os militantes correrão pelas ruas, com suas bandeiras vermelhas e anunciando que o prefeito ilusionista é “de direita”. Mas, aí já não adiantará mais nada. Os salários estratosféricos já terão sido homologados, os gastos assimilados pelo erário de São Paulo e o povo continuará nadando na podridão das enchestes, sendo mal formado nas escolas e morrendo a míngua nos hospitais sucateados.
Mas… Os aliados de Kassab… Esses sim estarão gozando um gordíssimo e invejado aumento.
E você leitor, o que pensa disso?
visão panorâmica, 16 Dec 2011
Depois de revelar-se um verdadeiro sacerdote vodu, fazendo uma legião de zumbis mortos-vivos se erguerem dos seus túmulos para assinar a papelada necessária para fundar o PSD (Partido Só Defunto) e escapar ileso (graças a nossa justiça eleitoral “extremamente competente”) de um dos maiores e mais facilmente descobertos escândalos de falsificação de documentos e assinaturas para fundação de um partido político; Kassab agora se mostra um mestre da prestidigitação ao tirar da cartola, em plena crise, um aumento de 236% para subprefeitos, secretários-adjuntos e outros funcionários ocupantes de cargos de confiança da Prefeitura de São Paulo. Gerando um impacto para o município de mais de 19 milhões de reais por ano.
Tudo bem que os índices inflacionários divulgados pelo Governo Federal são uma fantasia e a inflação está várias vezes mais alta do que quer admitir o pessoal do Planalto. Mas, mesmo assim, patrocinar um aumento dessa natureza é algo absurdo e imoral.
A coisa fica ainda mais feia quando sabemos que São Paulo vive uma crise sem precedentes em áreas “de pouca importância” como saúde, educação, segurança, limpeza urbana e sofre horrores com qualquer chuvinha ao cair da tarde.
Sabemos muito bem que o festival de benesses com dinheiro público é uma constante em qualquer administração. Os políticos brasileiros acham que o dinheiro público não tem dono. E, como o povo que é o real proprietário desses valores aparentemente não liga para o que fazem com o resultado de seu suado trabalho; políticos das mais diferentes agremiações usam o Tesouro como um cofre pessoal ao qual podem recorrer para premiar seus apoiadores, remunerar seus conchavos ou simplesmente roubar o quanto puderem antes do mandato acabar.
A postura de Kassab só não é mais condenável que a de seus eleitores. Diante do anúncio de tal assalto aos cofres públicos onde estavam os manifestantes? Onde estavam os militantes petistas que poderiam infernizar o prefeito agora? Infelizmente, a resposta é tristemente simples: os manifestantes estão preocupados com o Papai Noel e os militantes não se movem porque o PT corteja o PSD para sua base aliada e para apoiar a nova marionete lulista que se candidatará à prefeitura de São Paulo (o ministro que deu show de incompetência à frente da pasta da Educação), Fernando Haddad.
Assim, bem como todos os aliados do PT, Kassab pode fazer qualquer coisa que desejar. Enquanto está sob a “sedução” da cúpula petista, ninguém vai aparecer para combater o absurdo e a imoralidade com o dinheiro público.
Quem sabe, no futuro, se Kassab decidir-se por outro partido os militantes correrão pelas ruas, com suas bandeiras vermelhas e anunciando que o prefeito ilusionista é “de direita”. Mas, aí já não adiantará mais nada. Os salários estratosféricos já terão sido homologados, os gastos assimilados pelo erário de São Paulo e o povo continuará nadando na podridão das enchestes, sendo mal formado nas escolas e morrendo a míngua nos hospitais sucateados.
Mas… Os aliados de Kassab… Esses sim estarão gozando um gordíssimo e invejado aumento.
E você leitor, o que pensa disso?
visão panorâmica, 16 Dec 2011
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