"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 6 de maio de 2013

O PASSEIO NA FEIRA DE FRANKFURT AJUDA A ENTENDER POR QUE OS ESCRITORES FINGEM IGNORAR A MISÉRIA RETÓRICA DE DILMA ROUSSEFF

 

O comentarista Flavico destacou um trecho do artigo de Mario Vargas Llosa sobre a morte lenta do chavismo: “É triste ver o nível intelectual desse governo, cujo chefe de Estado assobia, ruge ou insulta porque não sabe falar.” E perguntou: a que país Vargas Llosa se refere mesmo? Boa pergunta. A Venezuela parece cada vez mais aqui.

Por sempre ver as coisas como as coisas são, o grande romancista peruano precisou de dois ou três discursos de Nicolás Maduro para constatar que o herdeiro de Hugo Chávez não sabe falar. Caso se expressasse em português do Brasil, o ganhador do Nobel de Literatura não precisaria de mais que dois minutos ou três parágrafos de um improviso em dilmês para espantar-se com a oratória indigente de Dilma Rousseff.

Nem todos os escritores e jornalistas brasileiros sem avarias no cérebro são militantes do PT. Por que também eles fingem ignorar a assombrosa miséria retórica do neurônio solitário? Por que fazem de conta que entendem o que está dizendo a superexercutiva que não diz coisa com coisa? O que há com os assim chamados intelectuais que contemplam com mansidão bovina, quando não interrompem com aplausos, a discurseira que reitera a celebração da ignorância?

O que há é o de sempre. Há o medo de melindrar a “esquerda” e entrar na alça de mira das milícias do PT. Há o temor de cair em desgraça com Lula, o pai dos pobres, ou irritar Dilma Rousseff, a mãe dos miseráveis. E há, sobretudo, o pavor de ficar fora da turma contemplada com bênçãos, favores e, sobretudo, verbas federais.

Em troca da inclusão de um livro na lista dos recomendados pelo MEC, garantia de muitos milhões em direitos autorais, o mais indignado dos rebeldes de antigamente entrega a mãe e oferece a avó como brinde. Outros fecham negócio a preços de ocasião. Por exemplo, uma vaga na delegação formada por mais de 70 escritores que, em outubro, vai representar o Brasil na Feira de Frankfurt.

A multidão ficará pelo menos quatro dias por lá, comendo, bebendo, dormindo e vendendo seu peixe com tudo pago pelo governo que os pagadores de impostos sustentam. Um passeio na Alemanha ─ e de graça ─ vale mais que a cumplicidade silenciosa. A maioria dos viajantes saberá retribuir a demonstração de apreço pelos literatos da terra com gentilezas adicionais.

Entre elas se inclui a esperta forma de miopia que faz enxergar um monumento à inteligência num cérebro baldio, incapaz de produzir uma única ideia que preste, uma só frase com começo, meio e fim ─ ou qualquer coisa que possa abalar a certeza de que nunca houve na presidência da República outra figura tão irremediavelmente despreparada para governar um país.

06 de maio de 2013
Augusto Nunes

LEGÍTIMA DEFESA: UMA QUESTÃO DE DIGNIDADE

    
          Artigos - Desarmamento 
       
A equação é simples: sem direito a armas não se tem plena capacidade de exercer a juridicamente assegurada legítima defesa; sem legítima defesa, a propriedade e a vida não são protegidas.
O direito de defesa é natural ao ser humano e corolário de sua dignidade. Não é o Estado que lhe dá e, portanto, não lhe pode retirar por leis injustas.

Os que invocam o direito de possuir e portar armas de fogo nos Estados Unidos baseiam-se, sobretudo, na 2ª Emenda à Constituição americana. Aparentemente, teríamos, no Brasil, uma deficiência em buscar argumento de tamanho peso, eis que nossa Carta Magna não é clara ao prever esse direito ao cidadão de bem.

Todavia, como disse, é apenas uma aparência. Ao erigir a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República, já em seu art. 1º, a Constituição brasileira ergueu um sólido monumento, fincado nas mais caras tradições jurídicas, humanísticas e cristãs desta que já foi chamada Terra de Santa Cruz. É próprio, sem embargo, da dignidade do ser humano o senso de autopreservação, que vai, mais tarde, desembocar na legítima defesa.

E esta legítima defesa, capaz de excluir a ilicitude de uma conduta, impedindo que seja considerada crime, segundo o Código Penal – novamente alicerçado em princípios de direito natural e de ordem moral -, deve ser executada sempre com meios proporcionais à agressão sofrida. Ora, não é legítimo que me defenda com facadas no oponente que apenas me injuriou. Da mesma forma, soa descabido que, a quem me agride com um fuzil, tente eu defender-me com meras palavras…

De tal sorte, falar em dignidade da pessoa humana importa em garantir o principal de seus direitos, a vida, e isso não se faz proibindo o cidadão comum – sem problemas criminais – de ter e portar as ferramentas adequadas para que essa mesma vida não lhe seja tirada. Sem que o homem e a mulher tenham acesso a armas capazes de fazer cessar uma agressão injusta, a vida resta pouco protegida. Sem falar na defesa dos bens, da propriedade, que são, por sua vez, a maior proteção à liberdade individual.

A equação é simples: sem direito a armas não se tem plena capacidade de exercer a juridicamente assegurada legítima defesa; sem legítima defesa, a propriedade e a vida não são protegidas; sem a propriedade não há liberdade completa; e sem vida, não há sociedade, não há desenvolvimento civilizacional e não há Direito.

Ora, com que razão se pretende proibir aos brasileiros o acesso às armas, a partir de instrumentos jurídicos como são as leis? Seria o Direito pelejando contra o próprio Direito. A lei, que deveria assegurar a ordem na Civilização, manter a sociedade, defender a vida, a liberdade e a propriedade, acaba sendo usada para implodir isso tudo!

Está em vigor um Estatuto do Desarmamento que, na prática, impede a maioria dos cidadãos de ter e, mais ainda, de portar armas de fogo. E aqueles poucos que conseguem ter ou portar, são atacados por inexplicáveis restrições de calibre. Quiseram, na época da implementação desse diploma legal, cercear ainda mais os direitos de ter e portar armas, ao vedar o comércio das mesmas e suas respectivas munições.

Graças ao bom senso de milhões de cidadãos pacatos, pagadores de impostos, cumpridores da lei, amantes da ordem e herdeiros de tradições orais que diferenciam o bandido do pai de família, que compareceram em massa às urnas por ocasião de um referendo, esse dispositivo não prosperou.

A sanha de certos estatólatras, sempre ávidos em aumentar a força dos governos e diminuir a liberdade dos cidadãos, falou mais alto e a vontade popular não foi respeitada. Ainda que o comércio de armas de fogo e munições seja permitido, os demais artigos do Estatuto do Desarmamento estão com plena força e as restrições são tantas – aumentadas por uma série de instruções do Ministério da Justiça aos delegados da Polícia Federal – que se torna dificílimo comprar e registrar um simples revólver, e, ainda mais perto do impossível, portá-lo fora de sua residência. Impedir a legítima defesa não é, exatamente, ferir a dignidade da pessoa humana, insculpida em nossa Carta Política e princípio informador do Estado Brasileiro?

Não contentes com esse estupro da vontade do povo, com esse sequestro de nossa liberdade, alguns legisladores querem avançar mais. Cristóvão Buarque, senador da República, é um deles: a despeito do que o cidadão falou nas urnas, sem levar em consideração o que a maioria da população disse ao votar no referendo, Buarque quer proibir o comércio de armas e munições em todo o território nacional.

O Estatuto, por si só, é uma farsa que tirou do brasileiro o direito de se defender, que rasgou o art. 1º da Constituição, que pisoteou na legítima defesa e na liberdade de escolha. O projeto de Buarque é ainda pior!
Proibição de comercializar armas de fogo.
Ora, mas não era sobre isso que discutimos no referendo? Para que serve esse instrumento se, quando o povo manifesta sua opinião, ela não é considerada? Referendos e plebiscitos só têm valor quando em consonância com o desejo dos poderosos?
A certa classe de políticos, a democracia só tem valor quando lhe interessa. Se o povo não votou bem no referendo e por isso sua opinião não deve ser levada em conta, por qual circunstância deveríamos considerar legítimo o voto com que o mesmo povo elegeu o senador que agora critica o resultado das urnas naquela consulta popular?

Na contramão dos delírios totalitários de Buarque, o deputado Rogério Mendonça, de Santa Catarina, propôs, por seu PL 3.722/2012, exatamente respeitar o que o brasileiro disse no referendo e ainda ampliar o exercício legal do direito de autodefesa.
O povo, ao dizer “não” à proibição do comércio de armas de fogo estava, na prática, querendo que todo o Estatuto fosse reformado. Claro, pois do que adianta o comércio ser livre, como é hoje, se para adquirir a arma que está à venda a lei impõe uma série de condições subjetivas – como prova da necessidade do uso -, criando um poder discricionário aos delegados da Polícia Federal?

Ainda que o sujeito prove ter aptidão para o uso da arma e capacidade psicológica, o delegado simplesmente pode lhe negar. O registro da arma – nem falo do porte, mais difícil ainda – é, no Brasil, completamente diferente do ato de tirar a carteira de motorista.
Para ter habilitação para conduzir veículos, basta que o candidato implemente as condições objetivas: passar nas provas. Já para ter uma arma, ainda que passe nas provas, lhe pode ser – e no mais das vezes é – negado o registro.
Sem contar as taxas de renovação do registro verdadeiramente confiscatórias, tornando-se um modo do Governo Federal driblar o retumbante recado do povo durante o referendo.

Justamente para que haja um comércio real, e não o da teoria, o projeto de Mendonça – se aprovado – permitirá a aquisição e porte de armas por cidadãos idôneos e tecnicamente aptos.

Não se argumente que armas nas mãos das pessoas geram perigo. O dano, se concretizado ou tentado, é criminalmente punível por si só.
Quem usa um revólver para matar já é punido por homicídio, e se armas são proibidas, nem por isso ele deixará de as usar – ou trocará por uma faca, que mata igual, o que nos levaria a indagar seriamente da possibilidade de proibir o uso de talheres… E, de outra sorte, o cidadão que reage a um ato de violência está em seu direito.

Não podemos achar que, de modo absoluto, reagir a um assalto é um risco. Nem sempre. Cada situação é diversa de outra. Como delegado de Polícia, acompanhei casos em que a reação da vítima frustrou o assalto. Isso sem contar que, se na maioria das vezes, o uso de uma arma pela vítima provoca ainda mais violência por parte do malfeitor, esse dado se deve ao fato de que geralmente entram para as estatísticas policiais aquelas situações em que a vítima, ao reagir, não consegue evitar o crime e é morta ou agredida com mais vigor.
Noutros termos, dificilmente alguém que reage e meramente mostra a arma para um assaltante, sem sequer disparar nem ter seus bens subtraídos, procurará uma patrulha da Polícia Militar ou uma delegacia da Polícia Civil para registrar algo que não se consumou nem lhe causou dano. Fora que, se for arriscado, é uma decisão pessoal.
O Estado não pode se substituir ao indivíduo e lhe tomar o ato de vontade, assumindo o monopólio da coragem. Somando isso às intensas campanhas pacifistas e de igualitarismo infantil entre os sexos, temos a sociedade emasculada de hoje, sem virilidade, sucumbida à apatia…

Enfim, resta recordar que os lugares em que as armas são mais acessíveis têm os menores índices de criminalidade, como a Suíça e algumas unidades federativas dos Estados Unidos do América.
O direito de defesa é natural ao ser humano e corolário de sua dignidade. Não é o Estado que lhe dá e, portanto, não lhe pode retirar por leis injustas.

Ninguém, em sã consciência, pode admitir que o Estado, que já lhe tolhe esse direito, piore ainda mais essa situação, tolhendo completamente a legitimidade da proteção contra agressões. Os que optam por não ter nem portar armas estão em seu direito, e como nós não impomos nossa decisão aos demais, não podemos aceitar que transfiram seu medo da violência desordenada aos que simplesmente querem fazer valer sua liberdade.

Escrito por Rafael Vitola Brodbeck
Rafael Vitola Brodbeck é delegado de Polícia no Rio Grande Do Sul, e autor de vários livros, entre os quais "Lei de Drogas Anotada" e "Santo Elias, o doutor de Israel".

Publicado na revista Vila Nova.

EDUCAÇÃO POR MEIO DE ASSASSINATOS EM BOSTON

    
          Artigos - Terrorismo 
Qual será o impacto a longo prazo do ataque à Maratona de Boston e a subsequente perseguição, estilo filme de ação, entre 15 e 19 de abril, matando um total de quatro pessoas e ferindo 265?

Comecemos com o que não será impactado. O impacto não conciliará a opinião americana, se o slogan "United We Stand (Unidos Venceremos") durou apenas alguns meses após o 11/9, o consenso após o ataque de Boston será ainda mais elusivo.

A violência não se traduzirá em medidas de segurança nos Estados Unidos, como as realizadas em Israel. Nem levará a um maior preparo para lidar com a violência mortal da repentina síndrome de jihad. Não acabará com a controvérsia quanto aos motivos que estão por trás da indiscriminada violência muçulmana contra não muçulmanos. E certamente não ajudará a chegar a termo em relação aos debates sobre imigração ou armas.
Selo postal United We Stand.
O que o impacto fará é muito importante: irá estimular alguns ocidentais a concluir que o islamismo é uma ameaça ao seu estilo de vida.
Realmente, a cada ato de agressão muçulmana contra não muçulmanos, seja violenta ou cultural, recruta mais ativistas para a causa anti-jihad, mais eleitores para os partidos insurgentes, mais manifestantes nas ruas em favor dos esforços anti-imigração e mais doadores às causas anti-islamistas.

A educação por meio de assassinatos é o nome que eu dei a esse processo em 2002, nós que vivemos em democracias aprendemos melhor sobre o islamismo quando sangue corre pelas ruas. Inicialmente os muçulmanos encontraram uma imensa boa vontade, pelo fato do DNA Ocidental incluir compaixão para com os estrangeiros, minorias, pobres e afrodescendentes.
Os islamistas então dissiparam essa boa vontade ao se engajar em atrocidades ou exibir atitudes supremacistas. Ataques terroristas notórios no Ocidente, 9/11, Bali, Madrid, Beslan, Londres, mobilizam a opinião mais do que qualquer outra coisa.

Eu sei, porque passei por esse processo em primeira mão. Sentado em um restaurante na Suíça em 1990, Bat Ye'or delineou seu receio em relação às ambições islamistas na Europa, mas eu achei que ela era alarmista.
Steven Emerson me chamou em 1994 para me informar sobre o Conselho de Relações Americano Islâmicas, mas inicialmente eu dei ao CAIR o benefício da dúvida. Como outros, eu precisava de tempo para acordar e enxergar a magnitude da ameaça islamista no Ocidente.

Os Ocidentais estão realmente acordando frente a essa ameaça. Pode-se ter uma sensação realista da tendência verificando os desdobramentos na Europa, onde tópicos sobre imigração, Islã, muçulmanos, islamismo e Shari'a (lei islâmica) está na frente da América do Norte e da Austrália em cerca de vinte anos.

Um indício da mudança é o crescimento de partidos políticos concentrados nesses problemas, incluindo o Partido da Independência do Reino Unido, a Frente Nacional da França, o Partido do Povo da Suíça, o Partido para a Liberdade de Geert Wilder da Holanda, o Partido para o Progresso da Noruega e os Democratas Suecos.

Em uma recente eleição parlamentar complementar que atraiu muita atenção, a UKIP atingiu o segundo lugar, aumentando sua participação nos votos de 4% para 28%, criando com isso uma crise no Partido Conservador.
A mesquita e o minarete de Zurique.
Em 2009 os eleitores suíços endossaram um referendo por uma margem de 58 a 42 banindo os minaretes, uma votação mais significativa pela proporção do que pelas implicações políticas, que foram quase nulas.

Uma pesquisa de opinião na época, descobriu que outros europeus compartilhavam as mesmas opiniões, praticamente nas mesmas proporções.
A pesquisa de opinião também mostrou um endurecimento marcante, através dos anos, no enfoque sobre esses tópicos.
A seguir (com os agradecimentos a Maxime Lépante) estão algumas pesquisas recentes realizadas na França:
Segundo Soeren Kern, foram constatadas opiniões semelhantes sobre o Islã na Alemanha. Um relatório recente do Institut für Demoskopie Allensbach perguntou que qualidades os alemães associam ao Islã:
  • 56%: almejam influência política
  • 60%: vingança e retaliação
  • 64%: violência
  • 68%: intolerância em relação a outras religiões
  • 70%: fanatismo e radicalismo
  • 83%: discriminação contra as mulheres
Contrastando, apenas 7% dos alemães associam o Islã a abertura, tolerância ou respeito pelos direitos humanos.
Essa impressionante maioria é mais alta do que em anos anteriores, indicando que a opinião na Europa está endurecendo e se tornará mais hostil ao islamismo com o passar do tempo.

Assim, a agressão islamista assegura que o anti-islamismo no Ocidente está vencendo a corrida contra o islamismo. Ataques muçulmanos que fazem alarde como os de Boston exacerbam essa tendência. O que é estrategicamente significativo. Isso explica meu otimismo cauteloso em relação à repulsiva ameaça islamista.
Escrito por Daniel Pipes

PCC - FARC: OUTRO FRACASSO CRIMINOSO DO MARXISMO

    
          Artigos - Terrorismo 
farclivromackenzieResenha do livro 'Las FARC, fracaso de un terrorismo', de Eduardo Mackenzie, colunista do MSM.

O capítulo sobre a Colômbia para o Livro negro do comunismo, pouco a pouco se está começando a escrever.
A escritura é lenta frente ao Niágara de livros ruins acerca das supostas “lutas” dos marxistas colombianos - e outras correntes revolucionárias - pela democracia e a liberdade.

Uma das páginas para o volumoso capítulo do Livro negro foi escrita por Eduardo Mackenzie em seu livro: “Las FARC, fracaso de un terrorismo” (Randon-House-Mondadori-Debate, Bogotá, 2007, 569 páginas).

O analista bogotano submete à crítica a imagem idílica que representa, por exemplo, Medófilo Medina, sobre a fundação do PCC (Partido Comunista Colombiano).

Na mesma linha, põe em evidência o trabalho organizacional de vários agentes russos em Bogotá durante os anos 20 do século passado. Um caso foi o de Silvestre Savitsky.
Medina o apresenta como um homem modesto que montou uma tinturaria e que em suas horas livres contava histórias sobre a Revolução Russa de 1917. Nada mais distante da realidade. Para Mackenzie, a carta fundacional da mitologia - mentira - da esquerda colombiana é a sangrenta greve das bananeiras de novembro de 1928.

Um dos promotores da mesma foi Raúl Eduardo Mahecha, um agente colombiano da Internacional Comunista (ou Komintern) e, ao mesmo tempo, membro fundador da primeira organização subversiva colombiana que teve contatos formais com o Komintern: o Partido Socialista Revolucionário (PSR) de María Cano.
As legítimas motivações dos grevistas foram habilmente manipuladas e transformadas em ações violentas por Mahecha.
Mackenzie destaca que a greve das bananeiras não foi um ato espontâneo nem pacífico, e revela o papel decisivo dos agentes do Komintern que atuaram como assessores de Mahecha e de Augusto Durán, futuro Secretário Geral do PCC, nessa operação, como Kornfeder (americano), Rabaté (francês), Girón (mexicano) e Lacambra (espanhol).

Um dos capítulos mais apaixonantes, informativos e ilustrativos do livro são os acontecimentos do 9 de abril de 1948: “o Bogotaço”. Mackenzie analisa de maneira profunda a gestação e execução dos transbordamentos criminosos em Bogotá e em outras cidades do país.
O exame de tão significativo evento aborda vários aspectos: o começo da Guerra Fria, a relevância da IX Conferência Panamericana em Bogotá, as idas e vindas à capital colombiana de agentes comunistas estrangeiros, o misterioso papel de um jovem aventureiro cubano, Fidel Castro, e o posterior trabalho de encobrimento do PCC, para que a responsabilidade do assassinato do líder liberal e as graves violências não recaíssem sobre os comunistas.

Após o assassinato de Jorge Eliécer Gaitán, as destruições e violências que surgiram em diversos lugares da Colômbia não foram reações espontâneas: houve um planejamento cuidadoso para exacerbar os ânimos das pessoas, com agitadores treinados em organizar sabotagens e distúrbios. A violência se desatou no mesmo momento em que o chefe liberal caía no chão.

A intervenção do comunismo internacional na trágica trama do 9 de abril fica totalmente evidenciada nessas páginas. A teoria imposta pelo PCC e seus companheiros de viagem, de que foi a “oligarquia” quem matou Gaitán, não tem o mais mínimo apoio na realidade e repousa, portanto, nas areias movediças da insistente propaganda esquerdista.
O enfoque de Mackenzie é novo e englobante.
Supera o localismo dos pretendidos “estudos acadêmicos” sobre o 9 de abril.

O autor aborda outro aspecto fundamental sobre o Partido Comunista Colombiano, a criação do seu aparato de terror: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Seu braço armado não foi uma criação para “proteger o povo” dos supostos “ataques” do Estado “fascista” colombiano, nem tampouco teve sua origem no exitoso Plano cívico-militar de meados de maio de 1964 durante a presidência de Guillermo León Valencia.

A tomada do poder, da forma que seja, para instalar na Colômbia uma ditadura marxista sob as ordens de Moscou, antes (e do Foro de São Paulo, agora), é um objetivo que o PCC não abandonou.
Para tal efeito, o PCC, como o exigia o Komintern, começou a conformar seu aparato ilegal, ao lado do legal. Seu esforço e paciência obtiveram os frutos esperados e conseguiram atrair a seu seio vários chefes guerrilheiros liberais. Do mesmo modo também atraiu vários guerrilheiros conservadores.

Entre os guerrilheiros liberais doutrinados pelo PCC estava o chefe do bando armado, José William Ángel Aranguren, cognome “Desquite”. Mackenzie assinala um dado capital sobre o temível chefe bandoleiro: “Desquite” era membro do PCC. Antes da chegada de Aranguren às fileiras comunistas, no final dos anos 40 e início dos 50, a rachadura da unidade entre liberais e comunistas chegou a um ponto culminante com a ruptura dos guerrilheiros liberais de seus antigos chefes comunistas.

Para as fileiras do PCC se foram Jacobo Prías Alape, cognome “Charronegro”, Pedro Antonio Marín Marín, cognome “Tirofijo”, Óscar Reyes, cognome “Januario Valero”, Jaime Guaraca, cognome “Chucho” e Marco Antonio Guaraca, cognome “Cariño”, entre outros.
Esse foi o germe das FARC: o recrutamento de antigos guerrilheiros liberais que involuíram para o comunismo e a cooptação de diversos chefes bandoleiros que provinham do liberalismo, do conservadorismo e de seitas terroristas marxistas como o FUAR e o MOEC.

A esteira de sangue e terror marxista cresceu naqueles anos 40 e continuou até nossos dias. Neste ponto é importante sublinhar a afirmação que fizera um dos membros do PCC e chefe histórico das FARC, Jaime Alberto Morantes Jaimes, cognome “Jacobo Arenas”: as FARC são um partido. Quer dizer, as FARC fazem parte do PCC.

Para dar consistência à sua análise, Mackenzie faz um excelente trajeto acerca da fórmula leninista da “combinação de todas as formas de luta de massas” no âmbito do comunismo colombiano. Esclarece pertinentemente que ela não foi uma criação ou uma “contribuição doutrinal” ou teórico de Gilberto Vieira White, secretário histórico do PCC.
Lenin havia começado a trabalhar a tese da “combinação” desde 1906 (ver seu artigo A guerra de guerrilhas), até julho de 1916.

Em seu folheto, Esquerdismo, doença infantil do comunismo, Lenin explica que, para os bolcheviques, o legal se combina com o ilegal, se enaltece o ódio como sentimento revolucionário e se ordena esconder a verdade.

Os chamados ao terror, à violência, ao extermínio, povoam as páginas dos livros do líder soviético. Isso não foi um desvio do marxismo, ao contrário: provém dos postulados de Marx no Manifesto Comunista.

O analista político Jean François Revel, em seu ensaio A grande parada, cita a obra de George Watson, Os escritos esquecidos dos socialistas, onde demonstra como o genocídio, a limpeza étnica, a matança em massa, é uma teoria própria do socialismo e como isso havia sido exigido por Karl Marx e Frederich Engels, pais do chamado socialismo “científico”, em seus textos de 1849.

Ao longo do livro de Mackenzie nos damos conta de que o PCC não teve que esperar até 1961 para adotar a sentença leninista da “combinação de todas as formas de luta de massas”, senão que tal “combinação” começou desde o momento mesmo em que os comunistas colombianos começaram sua tarefa para derrubar a democracia, para instaurar um regime ditatorial. Isto vale para outras seitas, como os trotskistas e maoístas.

É útil saber que o trabalho ilegal de todo comunista não consiste só em disparar um fuzil. A infiltração em sindicatos, no ramo judiciário, no Exército e nas Universidades privadas e públicas, é parte importante do trabalho ilegal.

O autor bogotano examina as origens dos outros bandos terroristas marxistas como o ELN, o EPL e o M-19, e descreve os rios de sangue que eles provocaram. Um caso disso foi o seqüestro, tortura e posterior assassinato, por parte do M-19, de José Raquel Mercado, presidente da central sindical operária, CTC. Grande parte dos quadros desses aparatos criminosos provinham do PCC. No caso do M-19, vários de seus integrantes militavam também na ANAPO.

A chegada da teologia da libertação aos círculos revolucionários tampouco escapa da lente meticulosa de Eduardo Mackenzie. Na Colômbia, os assaltos contra o Evangelho foram impulsionados e auspiciados pelo PCC desde o município cundinamarquês (estado de Cundinamarca) de Viotá. Para ter uma compreensão melhor do funesto alcance da teologia da libertação, o autor, acertadamente, avalia a perspectiva internacional.
Esta é importantíssima na hora de examinar os estragos a que foi submetida a Igreja Católica por causa dessa falsa teologia. A utilidade política da manipulação dos segredos católicos, tanto laicos quanto eclesiais, foi formulada por Fidel Castro em 1971 durante uma viagem ao Chile. Lá, o ditador comunista lança a instrução de “uma aliança estratégica entre os marxistas, a esquerda em geral e os cristãos”. Pouco a pouco o salpicão ideológico será servido, e sacerdotes e religiosos trocarão ou não seus hábitos para se lançar na aventura de construir o socialismo, e assim escapar do “capitalismo selvagem”.

O livro de Eduardo Mackenzie está muito bem documentado. Ao longo de suas 569 páginas, o autor nos submerge não só em uma história do PCC, senão na história da Colômbia dos últimos 90 anos: a rivalidade entre comunistas e gaitanistas (seguidores de Gaitán), a Frente Nacional, a conformação da União Nacional de Oposição (UNO) de obediência comunista, os “diálogos” e “processo de paz” falidos entre o ex-presidente Belisario Betancur Cuartas (1982-1986) e os diversos grupos terroristas marxistas, até chegar aos nefastos “diálogos” do Caguán durante a presidência de Andrés Pastrana Arango (1998-2002).

Se desejamos que a democracia liberal na Colômbia não seja derrubada pelas facções anti-democráticas minoritárias que tratam de impor, de maneira sorrateira ou aberta, a transgressão dos valores sobre os quais repousam nossas liberdades, faz-se necessário fortalecer e aprofundar a batalha cultural e intelectual. Não deixa de ser sintomático que, à parte do livro de Mackenzie, o anterior publicado sobre a violência marxista na Colômbia - se há outro(s) por favor dêem-no a conhecer - foi no ano de 1963. Trata-se do suspeitosamente esquecido livro

Um aspecto da violência
de Alonso Moncada. Essa obra só teve uma edição. Por que o revelador livro de Moncada não teve mais edições? O escrito por Eduardo Mackenzie foi lançado em novembro de 2007. Quer dizer, tivemos que esperar 44 anos para que outro livro denunciasse contundentemente o assalto a que está submetida a democracia colombiana há mais de 70 anos. Não obstante, a batalha cultural para defender a democracia na Colômbia do assédio dos marxistas e de seus idiotas úteis, teve brotos significativos. É o caso recente do portal Periodismo sin Fronteras do jornalista bogotano Ricardo Puentes Melo. Não desanimemos pois. A batalha das idéias é necessária e existe. Livros como o de Eduardo Mackenzie nos impulsionam a seguir por essa vertente muito pouco explorada até agora.


06 de maio de 2013

Escrito por Carlos Alberto Romero Sánchez

TRUCULÊNCIAS INSTITUCIONAIS

    
          Artigos - Governo do PT 
Império da Lei, entre nós, poderia ser nome de escola de samba. Nosso modelo não estimula condutas civilizadas. O governo legisla (e como! e quanto!). Os congressistas se convertem em distribuidores de verbas.

Entramos numa fase institucional marcada pela truculência. Começam a tramitar leis e emendas à Constituição que não visam o bem do país. São propostas que só se viabilizam por expressarem ressentimentos, desejos de vingança e projetos de poder.
A Proposta de Emenda à Constituição Nº 33 (PEC 33), por exemplo, aponta um problema real, mas atira belicosamente nas asas do Supremo, que no entender dos seus subscritores alça voos de intolerável autonomia (leia-se julgamento do mensalão). O velho revanchismo rabugento volta e meia esquece o Lexotan e sai virando mesas e cadeiras.

Outra PEC, a de número 37, pretende mudar a Constituição para atribuir exclusivamente às instituições policiais as tarefas de "apuração das infrações penais". Dessa exclusividade decorre, principalmente, que o Ministério Público não poderá mais promover investigações criminais.

A proposta vai somando apoios graças à contrariedade de muitos parlamentares com o protagonismo alcançado pelo MP em ações que alcançam figuras poderosas da República. Pergunto: num país em que já se estabeleceu, com lucros e dividendos, a soberania da alta criminalidade, nítido poder paralelo, vencedor de todos os confrontos com a desguarnecida sociedade, a quem interessa reduzir ainda mais a capacidade de investigação criminal?

Outra recente evidência desse modo brutamontes de legislar, a toque de caixa, para a conveniência política do momento, é fornecida pelo PL 4470/2012. Esse projeto impede que os deputados que adiram a um novo partido possam carregar para ele as frações de tempo de tevê e do Fundo Partidário que lhes corresponda.

Como a criação do PSD convinha ao governo, o partido nasceu em berço de ouro. Como o partido de Marina Silva não interessa, tratam de abortá-lo. Que tal? Eram contra o Golbery, mas aprenderam muito com ele! Transformado em lei esse projeto atropela e quebra as pernas da ex-senadora que transitava em busca de espaço para a corrida presidencial de 2014. O pesadelo atual de Dilma Rousseff, que vê surgir Eduardo Campos dentro de seu quadrado é ter também Marina Silva colhendo votos na seara do Norte e Nordeste do país.

O Brasil esgotou as possibilidades de tomar jeito com o atual formato de suas instituições. Quem sabe juntar "b" com "a" para fazer "ba" percebe isso. Império da Lei, entre nós, poderia ser nome de escola de samba. Nosso modelo não estimula condutas civilizadas. O governo legisla (e como! e quanto!).

Os congressistas se convertem em distribuidores de verbas. Não é sem motivo, então, que se expande o ativismo judiciário, ou que a política se vai judicializando. Os partidos se assemelham a agências de emprego e vão ficando todos iguais. O Estado padece de hipertrofia e ineficiência.

A administração pública e o próprio Estado são permanentemente aparelhados pelo governo em decorrência da fusão, em uma só pessoa, de três funções que obviamente são distintas entre si. Os freios e contrapesos sugeridos pela ciência política para contenção dos poderes de Estado se converteram em um sistema de preço e sobrepreço.

As relações internacionais não são pilotadas pelo interesse da Nação, mas pelas afeições ideológicas do partido dirigente. Consagrou-se a prática de perder a eleição e aderir ao vencedor. A oposição mirra. Uma usina de escândalos opera em regime de 24 por 24 horas nos vários níveis do governo e da administração.

Infelizmente, nossa vida institucional continuará assim como a vemos, de mal a pior, enquanto permanecermos condenando os fatos e concedendo alvará de soltura às causas.

 Escrito por Percival Puggina

OS LIVROS DO MEC, OS BLOGS E O ESTADO DE NOSSA EDUCAÇÃO

Se é consenso que a educação brasileira está no cadafalso, a autora de livros didáticos com melhor avaliação do MEC demonstra o tamanho do problema.

 
por Flávio Morgenstern
tweet mariafro Os livros do MEC, os blogs e o estado de nossa educação
 
A blogueira progressista Maria Fro publicou um texto de Idelber Avelar em seu blog, esquecendo-se de creditar-lhe a fonte. Idelber Avelar é uma espécie de blogueiro progressista solo, um progressista que não faz parte da Grande Turminha do Dinheiro Público. Avelar não gostou, respondeu em público e a quizumba começou.
 
Nós adoramos ver dois progressistas, esse novo nome para a velha roupagem comunista, brigando por direito de propriedade. Melhor do que isso, só feminista defendendo Mano Brown e Netinho de Paula.
 
A discussão que se seguiu foi meio chata e sem emoções. Foi um pouco como a revanche de Chael Sonnen contra Anderson Silva: muita falação por fora, e bocejativa dentro do octógono.
Nós já zoamos os dois por aqui. Maria Fro é aquela blogueira que acha que não dar dinheiro público para ela defender o governo é “censura” por “asfixia financeira”.É da blogosfera flanelinha. Idelber Avelar já é o blogueiro que tem até umas críticas lá a Mahmoud Ahmadinejad, mas considera que quem não gosta dele é a “República Morumbi-Leblon com seus gritinhos histéricos”. Tutti buona gente.
 
Mas o que chamou a atenção foi que Maria Fro, no afã de explicar que não fez nada errado por motivos de: “Não sei o que ocorreu, mas no recorta e cola não foi a assinatura do Idelber e eu não percebi isso, mas…” (sic), e lembrando que “E ele sabe que não sou plagiadora, portanto, ele faz isso de má-fé”, resolveu falar “a linguagem que Idelber Avelar entende”, presenteando a humanidade com o seguinte parágrafo:
 
maria fro paragrafo Os livros do MEC, os blogs e o estado de nossa educação
 
 
QUESTÃO DO ENEM: Coloque o texto acima nos conformes da gramática normativa nazi-fascista do PSDB.
 
Vamos abrir o Boteco da Gramática Normativa e analisar o que a professora auto-gabante de seu trabalho tem a dizer.
 
“Sou a única autora de livros didáticos que teve avaliação ÓTIMA (GUIA PNLD2008) em todos os critérios de avaliação do MEC desde quando o MEC avalia coleções didáticas.” (grifos do original) Fro, foram os livros ou foi você que o MEC avaliou? Os livros, né? Então, os livros não tiveram avaliação “ÓTIMA” (assim, em caixa alta e negrito), e sim “ótimo”, né? O avaliador não disse que o livro é “ÓTIMA”, e sim que é “ótimo”. Poderia dizer “ótima avaliação”, mas aí seria apenas um adjetivo, e não uma nota, colocada como substantivo. Ou quando a nota da prova é 2, a nota por extenso é “duas”?!
 
Mas peraí, você foi autora de livros, né? Isso aí se chama “plural”. Então, você é única autora de livros didáticos que tiveram avaliação ÓTIMO (ou BOM, REGULAR, MEIA BOCA, DÁ PRA USAR COMO SEDA, MUITO RUIM, PÉSSIMO) em todos os critérios.
Isso para não falar em figuras de estilo bem pouco recomendáveis, como avaliação do MEC desde quando o MEC avalia.
Convenhamos, é quase tão feio quanto eu acordando.
O arrazoado prossegue com “Tenho dois prêmios jabuti e até 2008 (não cheguei nos anos seguintes era a única autora do seguimento a acumulá-los na área) Portanto”, o que nos permite afirmar:
 
1) que nome próprio tem inicial maiúscula, para não correr o risco de a moça ganhar um prêmio nobel alguma hora;
 
2) que não sabemos o que essa conjunção aditiva “e” está fazendo antes de 2008 (o que ela adicionou, se não teve novos “prêmios” depois?);
 
3) que esse parêntese inteiro não faz o menor sentido;
 
4) que a palavra “segmento” se escreve com g mudo (Fro, sério, presta atenção, sério, “seguimento” assim é uma parada do verbo “seguir”, não do verbo “segmentar”);
 
5) que se a referência é a um tempo anterior a 2008, seria muito mais sensato, abusando um pouco do eufemismo, usar o tempo passado composto, já que pretérito-mais-que-perfeito está fora de moda (“tê-los acumulado”);
 
6) que frases terminam com um ponto final, antes de meter uma inicial maiúscula na próxima frase;
 
7) que não deu pra entender nada e, last but not least,
 
8) que, Fro, sério, esse texto está tão ruim que se colocarem minha assinatura embaixo vão acreditar que é meu.
 
O massacre prossegue com “não preciso plagiar nada de ninguém, mas se não tivesse nada que abonasse meu trabalho fora da blogosfera, tenho duas décadas de internet”, fazendo de Maria Fro a única pessoa no Brasil a ter internet desde 1993, mostrando que a internet é uma longa vida fora da “blogosfera”. E nossa mãe mandando a gente desligar o computador e viver um pouco.
 
E, cara Fro, reparou como ficaria “melhor”, ou seja, mais entendível por uns mongos como eu, seguir aquelas regrinhas chatas, fascistas, elitistas, excludentes e neoliberais que nos mandam autoritariamente a separar com víruglas os apostos das orações?
Olha só: “tenho colegas de escrita que acompanho e me acompanham há mais de 16 anos na rede VÍRGULA como Alexandre Inagaki ou Nálu Nogueira VÍRGULA com os quais até hoje temos trocas frequentes VÍRGULA, mas também recomendaríamos uma escolha menos poética de palavras para o que você acabou de falar que são testemunhas do tempo que ando pela rede produzindo conteúdo sem precisar plagiar ninguém.” Ficou da hora, fala a verdade.
Isso tudo em 01 parágrafo, minha gente. Um único parágrafo!
 
Poderíamos acreditar que é apenas algo feito nas coxas, o que qualquer um faz e publica cheio de erros na internet (ninguém está mais acostumado com isso do que nós, para usar um plural majestático bem disfarçador de responsabilidades).
Mas, vamos ser honestos, este aí é o texto de uma autora de livros de “avaliação ÓTIMA” pelo MEC? Será que é tão difícil assim entender por que nossa Educação está no estado em que está?
Será que não seria mais um motivo de vergonha do que de júbilo usar esses argumentos, ainda mais não para fazer a ensinança das crianças, ainda mais no seguimento (sic) da internet, onde tu te tornas eternamente responsável pelas porcarias que escreves?
 
Poderíamos até pagar o tributo de nossa malevolência e atribuir os pequenos erros de Maria Fro à pressa que sentimentos ao obtemperar alguém que nos acusa de algo que não cometemos, ou cometemos por engano, porque o Ctrl C + Ctrl V sumiu com a assinatura do autor do texto (quem nunca?). Mas será que é mesmo um caso isolado, e não um modus operandi que parece até ter alguma explicação para inventar essas teses insanas de “preconceito lingüístico” para justificar o quanto exige do leitor em entendimento do inentendível, dificultando sua compreensão ao exigir que ele compreenda tanto a mensagem quanto decifre na tentativa-e-erro um código específico a cada nova mensagem cifrada?
Fiquemos apenas com essas imagens à guisa de tentativa de esclarecimento.
 
 
maria fro tweets 1 Os livros do MEC, os blogs e o estado de nossa educação
maria fro tweets 2 Os livros do MEC, os blogs e o estado de nossa educação
 
 
Ah, falando em propriedade intelectual, esta divertidíssima compilação foi-nos gentilmente cedida pelo hilário Tumblr Gênios Petistas. Só falta alguém avisar os caras disso.
 
06 de maio de 2013
implicante
por Flávio Morgenstern

AINDA MINHA OJERIZA AOS MAIS VENDIDOS

Manifestar publicamente o apreço por algo é ao mesmo tempo manifestar o desapreço por alguma outra coisa. Assim sendo, louvar certas leituras significa condenar outras, e uma crônica sobre algo tão banal como livros pode gerar desafetos. Se manifesto meu fascínio pelo Quixote, claro está que não suporto ler Paulo Coelho. E naturalmente acabo ofendendo quem se compraz com a leitura do mago de araque.

Diga-se o mesmo das viagens. Se conheço as mais belas catedrais da Europa, não serão as cidades históricas de Minas que me receberão meus passos. Mas quem foi apenas a Mariana, Ouro Preto e Tiradentes defenderá com unhas e dentes sua viagem. Paciência! Não vou deixar de dizer o que penso sobre livros ou viagens só porque posso ferir suscetibilidades. Escrever é pôr a alma na vitrine e quem escreve está sujeito a chuvas e trovoadas.

Ainda há pouco, manifestei meu desapreço pelas listas de livros mais vendidos e até hoje estou recebendo protestos irados. Que best-seller pode ser boa literatura. Era de esperar-se, devo ter ofendido boa parte dos que me lêem. Continuo insistindo: best-seller é lixo. Mas evidentemente há best-sellers e best-sellers. Apanho na rede, aleatoriamente, uma lista dos dez mais vendidos. No caso, a de um tal de James Chapman. Que, diga-se de passagem, nem tenho idéia de quem seja. Como mostragem, serve.

No topo da lista, a Bíblia. 3,9 bilhões de cópias e 440 traduções completas. É claro que um livro que vende há séculos – há mais séculos que qualquer outro – sempre estará no topo da lista. Mas atenção: a Bíblia é livro literário, mas também religioso. Poucos a buscarão como literatura. De modo geral, é imposta como livro religioso. E aí as motivações para compra se embaralharam. Curiosamente, embora seja tida como o livro mais vendido do mundo, jamais a vi encabeçando a lista dos dez mais da semana ou do mês de qualquer jornal ou revista.

É boa ou má literatura a Bíblia? Esta pergunta pouco importa. O que importa em sua leitura é que sem ela não entendemos o Ocidente, seus mitos, crenças e instituições. É leitura obrigatória, livro que não pode faltar em nenhuma biblioteca que se preze. E quem diz isto é um ateu.

Em segundo lugar, o Livro Vermelho, de Mao Tse-Tung, 820 milhões de cópias. Um best-seller, sem dúvida alguma. Mas a China tem mais de um bilhão de habitantes e, nos dias de Mao, certamente era crime rigorosamente punido não ter o livrinho vermelho debaixo do sovaco. Decididamente, não vale como exemplo.

Em terceiro lugar, o Alcorão, com 800 milhões de cópias. Dado discutível, já que os muçulmanos hoje ultrapassam até mesmo a população da China. E os crentes, obviamente, o compram por fanatismo. Se é que o compram. Eu, por exemplo, que nem muçulmano sou, recebi um de graça da embaixada da Arábia Saudita. Não há de ser por qualidades literárias que o Corão vende. É um livro sem pé nem cabeça escrito por um analbabeto. É como se o Lula tentasse escrever uma epopéia. Eu, que me interesso por religiões, sempre emperro em sua leitura. Não vale.

Em quarto lugar, o Quixote, com 500 milhões de cópias. Bom, aí voltamos à literatura e a um livro que vende há quatro séculos. Cervantes não prega nenhuma crença e quem o busca quer prazer literário. De novo, atenção: que seja um dos mais vendidos, até que se entende. Daí a que seja um dos mais lidos, vai uma longa distância. O Quixote é de leitura difícil, particularmente para o homem contemporâneo. É outro daqueles best-sellers curiosos. Se consta das listas de mais vendidos no mundo, jamais o vi na lista dos mais vendidos na semana ou no mês. Nem mesmo na Espanha.

Quinto, Harry Potter, com 400 milhões de cópias. Aí começam os questionamentos. Harry Potter surgiu em 97, seus livros mal têm década e meia de existência. Como podem aproximar-se do Quixote, que tem quatro séculos? Aí já estamos na indústria do best-seller, que vende à custa de publicidade, filmes e videogames. São obras feitas de encomenda para o mercado, que exploram os baixos instintos do grande público. É o que chamo de best-sellers instantâneos. Mal são publicados em um país, duas ou três semanas depois já estão na lista dos mais vendidos. Ora, isso não é tempo para que o livro possa ser devidamente apreciado pelo público. A leitura é inflacionada pela publicidade.

Sexto, O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, com 200 milhões de cópias. Pode ser. O romance é de 1884, teve tempo de juntar leitores. Mesmo assim, fico com minhas dúvidas. Fora alguns espécimes de minha geração nunca vi alguém que tenha lido O Conde. Os Três Mosqueteiros são bem mais populares e volta e meia a televisão reprisa o filme.

Sétimo, O Senhor dos Anéis, de Tolkien, com 103 milhões de cópias. Vá lá, a saga tem mais de meio século. Mas é preciso ser um pouco descerebrado para ler histórias míticas ocorridas numa Europa mitológica, habitada por humanos e outras raças, elfos, anões e orcs. De novo estamos no campo da literatura venal, feita para ser consumida.

Oitavo, O Pequeno Príncipe, de Exupéry, 80 milhões de cópias. Não me espanta. É um livro piegas, que hoje completa sete décadas de carreira, e histórias piegas vendem vem. Exupéry tem obras bem mais interessantes, como Citadelle e Terre des Hommes, mas estes são pouco conhecidos. Terre des Hommes foi traduzido brilhantemente no Brasil como Terra de Machos.

O Pequeno Príncipe era citado infalivelmente por misses quando falavam de suas leituras. Havia, é claro, quem cometesse gafes. Certa vez, uma miss gaúcha, ao citar seus três autores preferidos, mencionou naturalmente Saint Exupéry, Erico Verissimo (gauchidade oblige) e para dar um toque pessoal, citou sua autora preferida, Cassandra Rios. Pegou mal. Se alguém não lembra da Cassandra, eu reavivo sua memória. A moça era lésbica e vendia como pão quente. As páginas de seus livros eram fartas em gemidos e reticências.

Nono, O Alquimista, do imortal Paulo Coelho, honra das letras tupiniquins. Com 65 milhões de cópias. Sem comentários. Para mim, continua sendo um mistério como Coelho rompeu esse mercado exclusivo de ianques e alguns europeus. Décimo, O Codigo da Vinci, uma historieta ridícula de Dan Brown - muito apreciada por aqueles que gostam de ver nos Evangelhos intrigas sexuais que não existem – com 57 milhões de cópias.

Que me desculpem os leitores de best-sellers. Desses dez, li apenas dois. O Conde de Monte Cristo, vi no cinema. O Alcorão, eu o tenho por curiosidade histórica. Mas se não consegui ler até agora, não será até o fim de meus dias que o lerei. E obviamente jamais leria os Tolkiens e Rowlings da vida. Minha adolescência se foi há mais de meio século.

Sem falar que não se pode comparar livro religioso ou panfleto de ditadura com obra literária. Bíblia, o livrinho do Mao e o Corão não podem estar nessas listas.


06 de maio de 2013
janer cristaldo

FORA DE HORA

Um dia desses, em visita ao Congresso, o ministro Dias Tófoli, do Supremo Tribunal Federal, disse que há atos políticos e atos políticos eleitorais ou eleitoreiros. E que mesmo às vésperas de novas eleições não se pode classificar de eleitoreiros atos que são apenas políticos, obrigatórios da parte de quem governa e deve satisfações. Ou da parte de quem exerce cargo público mediante o voto popular.
Tem razão o ministro. Só faltou oferecer exemplos que facilitassem a distinção entre atos políticos e atos políticos eleitoreiros.
Na última segunda-feira, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff foi recebida com festa em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, para a cerimônia de entrega das chaves de 300 ônibus escolares a 78 prefeitos.
Aquele foi um ato político e apenas político ou foi também eleitoral?
É claro que o ato lhe renderá votos. Mas seria exagero apontá-lo como flagrantemente eleitoral, descaradamente eleitoral. Não foi. Dilma até chegou a ser vaiada por produtores rurais, coitadinha! Suportou tudo com elegância e estoicismo.
Cabral e Pezão
No último dia 25, a assessoria de imprensa do Governo do Rio de Janeiro distribuiu nota sob o título "Pezão anuncia obras em rodovias federais do Estado". Coisa de R$ 4 bilhões. O anúncio foi feito em Casemiro de Abreu, na Região das Baixadas Litorâneas.
Havia por lá prefeitos, cabos eleitorais, secretários de Estado e toda a sorte de gente que costuma se reunir em ocasiões do gênero. Há três anos, Sérgio Cabral, governador do Rio e candidato à reeleição, não deixaria que Pezão, seu vice, anunciasse um investimento desse porte.
Caberia a ele, Cabral anunciar. E a Pezão a se manter em silêncio e aplaudir. Os papéis, agora, se inverteram - como, de resto, Cabral antecipou tão logo se reelegeu.
Pezão é candidato à sucessão de Cabral. Está sendo empurrado por Cabral para o centro de todos os palcos que possam ser montados desde já.
O da terça-feira passada, na praça central de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi animado por grupos de pagodes e de funk. Os custos do ato correram por conta do governo do Estado.
Quem sustenta o governo? Você, eu, nós com os impostos que pagamos, ora.
Cabral estava lá e até discursou prometendo 60 novos trens com ar condicionado ligando a Baixada à cidade do Rio. Espera revisitar a cidade na companhia de Lula e Dilma.
Mas a estrela da festa foi Pezão, que desembrulhou um pacote de obras no valor de R$ 1 bilhão. Não pediu votos - não poderia fazê-lo sem incorrer em crime.
Deu-se um jeito, porém.
Líderes comunitários de Nova Iguaçu e de cidades vizinhas distribuíram panfletos pedindo votos para ele. Por sua vez, o prefeito dispensou mais cedo do trabalho os servidores interessados em prestigiar Pezão. Teria procedido assim se ao invés de Pezão aparecesse por lá outro candidato ao governo?
Despreza-se a ajuda de cabeças privilegiadas para concluir que Nova Iguaçu foi cenário de um ato político eleitoral destinado a aumentar as chances de Pezão de se eleger governador do Rio.
De todo modo dê-se como certo que a Justiça não incomodará Cabral e Pezão com pedidos de explicações, advertências ou multas. Ah, não incomodará mesmo.
Lula usou e abusou da falta de direito de fazer campanha antecipada para Dilma em 2010. Nos dois anos anteriores percorrera o país carregando-a debaixo do braço. Foi punido apenas com meia dúzia de multas irrisórias. Ou menos do que isso.
Ministro de tribunal superior que poder punir o presidente da República costuma dever o emprego a ele. Assim como desembargador deve a governador.
Portanto...
 
06 de maio de 2013
ricardo noblat