"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 17 de junho de 2012

LÁ DAS BANDAS DO SANATÓRIO

O Casamento do ano

No seu desespero pela conquista da Prefeitura de São Paulo, Lulalelé da Cuca botou na lata de lixo a história do PT e abraçou-se a Paulo Maluf, um inimigo tão odiado, quanto um dia foram execrados Zé Sarney e Fernandinho Beira-Collor, hoje companheiros de fé, irmãos e camaradas bons e batutas.

Lulalelé, depois de chamar Marta de velha ao escolher HaHaHaddad porque é "novo", trouxe a "nova" Erundina que agora vai ter que explicar se é melhor ser xingada ou elogiada por Maluf, seu inimigo público N° 1.

Pelo visto, o PT majoritário já decidiu essa questão: não tem um pingo de vergonha de juntar-se a quem chamava de sem-vergonha e de sem-vergonha por ele era chamado.

Nesse tipo de suruba política, da celebração de um casamento entre um filho disso e daquilo com uma filha dessa e daquela - como se tratavam quando eram apenas bons inimigos - só se pode esperar que, na sua infinita infidelidade, vivam felizes para sempre, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe.

erundina rouba de maluf!

erundina rouba de maluf! 
Promovida a companheira de palanque de Maluf, Erundina se sente assim como se tivesse um tumor atravessado na garganta.

Erundina, a Nova, não engole Paulo Maluf, mas em compensação diz que está caída por Marta, a Velha, com quem pretende repartir os corações e entregar sorrindo um pedaço a cada eleitor.

A apropriação da imagem poética que o vate Juliné da Costa Siqueira bordou ao descrever o amor materno, em seu poema "Ser Mãe", é oportuna para revelar a verdade nua e crua de que Erundina quer usar Marta para preeencher o vazio que pretende dedicar a Maluf nessa caminhada rumo à Prefeitura de São Paulo.

No enredo dessa passeata paulistana, Erundina está conseguindo o feito de "roubar" de Maluf um minuto e meio diário no horário político gratuito de TV.

E, em tendo Marta a seu lado, Erundina nada dará em troca a Maluf pelo que ele vai proporcionar ao PT de HaHaHaddad em tempo de televisão.

Blue Velvet

O governo engana a Lei do Acesso ao decretar sigilo em documentos.

Os Ministérios estão usando exceções, com arte e manha, para reclassificar papéis que antes tinham livre acesso a consulta.

Isso apenas revela que o governo usa calça de veludo e deixa tudo de fora. Ao tentar esconder o rabo preso mostra a cara.

Cachoeira na Papuda

Cachoeira desfez as malas. Vai continuar na Papuda. Especuladores dão conta de que pelo complexo presidiário ele já estaria pensando em trocar a equipe de Thomaz Bastos pelos defensores de Zé Dirceu. Há controvérsias.

QUE CRISE?
A seleção da Grécia bateu a Rússia por 1 a 0 e está classificada na Eurocopa. Pronto, a crise grega acabou. Mas os gregos já pensam em pedir alguns jogadores emprestados para a União Europeia.

BATALHA PARAGUAIA
Conflito entre polícia e sem-terras deixa 18 mortos no Paraguai. Ontem, o confronto estava empatado 7 a 7 no número de mortos. Hoje já está virando goleada: está 11 a 7 para a cavalaria ligeira. E não, as balas de borracha não são paraguaias e nem todas as notícias são falsas.

DESPAUTÉRIO
Há dois anos que a ONU prepara essa conferência no Rio de Janeiro sobre sustentabilidade. Os cupulantes não têm sequer uma pauta para discutir. Se dependesse dessa expofeira o mundo acabaria amanhã. Isso é insustentável.

NANICOS DAQUI E DALI
Os Estados Unidos jamais ganharam uma guerra sozinhos. Sempre contam com "Forças Aliadas". Foi assim na 1ª Grande Guerra, na 2ª Guerra Mundial, no Vietnam, no Iraque... Até na Guerra da Secessão o Sul perdeu pro Norte e vice-versa. Pois o PT é os EUA da política brasileira. Não ganha nada sozinho. É um partido nanico que precisa coalizar nanicos para ganhar qualquer eleição. Até pra síndico de condomínio horizontal.

NÃO FOI ELE!
Ontem foram roubados 36 livros raros de uma biblioteca na Bahia. A polícia recuperou as obras em São Bernardo do Campo. Não, não há a menor suspeita de que se trate de coisa do Lulalelé da Cuca.

Logo agora?!?

Boletim dos médicos do SUS das Elites: Lula está livre do Câncer, mas terá que falar menos.

Esses caras são uns desmancha-prazeres... Logo agora que ele vinha dizendo uma besteira atrás da outra?!

Republicanagem

QUESTÃO DE TEMPO
O que mais dói em Marta Suplicy nessa revolução intestina com Lulalelé da Cuca é que o PT em peso agora acha que Erundina é "nova". E o pior é que ela já sabe que tudo é só uma questão de tempo.

DODÓI PELO TEMPO
O que mais dói em Zé Serra nessa caminhada rumo à Prefeitura de São Paulo não é ter perdido a companhia de Maluf; o que lhe dói mesmo de verdade é o minuto diário que ele perdeu de TV.


PERSEGUIÇÃO
Ministério Público tem 5 dias para denunciar Elize Matsunaga, a versão paulista de Jack Estripador. Isso é perseguição. Para denunciar o Mensalão eles levaram pelo menos um ano só pensando naquilo.
SIGILO
Dos 81 senadores, apenas 7 são contra o fim do voto secreto. Eles, no entanto, pedem que seus nomes sejam mantidos em segredo.

ARQUIVO VIVO
Sabe por quê os 24 membros governistas dos 30 parlamentares que integram a CPI do Cachoeira não convocaram Fernando Cavendish, o próspero dono da Delta? Porque na semana passada ele endureceu e repetiu 24 vezes sem ternura: - Eu sei o que você fez no último verão!

NARIGADA
Erundina aceita a vice de HaHaHaddad, mas torce o nariz para Maluf. Taí, a "estratégia de coalizão" já começou a dar certo. Marta, com aquele look plastificado, não conseguiria sequer torcer o nariz, fosse lá para quem fosse.

Balas paraguaias

Confronto entre sem-terras e policiais no Paraguai deixa 17 pessoas mortas. Sete policiais e pelo menos nove trabalhadores rurais morreram durante operação de despejo numa fazenda.

As balas de borracha eram falsas.

Proposta indecente

Uma pandilha de senadores, unha e carne com Lulalelé, transa nos bastidores uma Proposta Indecente de Emenda Constitucional.

O golpe da politicalha é fazer do Senado Federal uma instância recursal ou revisora de decisões do Supremo Tribunal Federal com relação a matérias constitucionais.

Isso quer dizer que o Senado teria mais poderes que o próprio Supremo em decisões judiciais.

Mais uma invasão pornopolítica na essência da democracia e um golpe na Constituição que estabelece a independência do Executivo, Legislativo e Judiciário.

Lulalelé nem sempre é tão destrambelhado como parece. Essa proposta indecente acudiu-lhe aos miolos agora porque ele já não manda como achava que mandava nos ministros que indicou para o STF.

Aí, quem não tem cão caça com gato. Juntou um saco deles e hoje manobra nas lixeiras do Senado para continuar ditando o que bem lhe interessa no seu Brasil da Silva.

CACHOEIRA PELO GOLDEN GOL

CACHOEIRA PELO GOLDEN GOL
Tourinho deu o passe para Thomaz Bastos fazer o 1° gol, mas um frango ao apagar das luzes levou Cachoeira para a prorrogação. O jogador continua na retranca.
O Paladino da Justiça, Thomaz Bastos, ainda advogado do inadimplente Carlinhos Cachoeira, já começou a fazer jus aos seus honorários.

Quase tirou o seu cliente da cadeia nesta sexta-feira. Mas deu na trave. Quando ia comemorar o gol, levou um frango ao apagar das luzes.

Não, Carlinhos Cachoeira não é ladrão de galinha; o frango faz parte do jogo.

Sucede que o desembargador Tourinho Neto, que atua no elenco do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, driblou meio mundo e deixou o craque da jogatina cara a cara com o olho da rua. Gol de Thomaz Bastos. Mas era só o primeiro tempo.
Aí, outro decreto de prisão, adotado como estratégia do time da Operação Saint Michel, ainda estava em campo. Gol contra. Placar ao fim do tempo regulamentar: 1 a 1. Cachoeira ficou na retranca.

Agora, tudo deverá ser decidido na prorrogação. Os técnicos de Cachoeira, único proibido de deixar o ambiente da concentração, tentarão reverter o resultado nesta rodada do fim de semana. Vale o golden gol.


Se conseguirem virar o placar, o jogo acaba. Empate pra eles é derrota. Os empresários garantem que Cachoeira está prestes a assinar com uma associação sóciodesportiva mais forte. Ele está com um pé no clube Sol da Liberdade.

E então, o seu único problema, será o pagamento das luvas para o time vencedor.
17 de junho de 2012
sanatório da notícia

FIQUE FORA DO ATOLEIRO SÍRIO

Internacional - Oriente Médio    
    
Mais cedo ou mais tarde, após Assad e a sua encantadora esposa levantarem acampamento, os islamistas provavelmente tomarão o poder, os sunitas se vingarão e as tensões regionais irão se desenrolar na Síria.

À medida que o governo sírio aumenta de forma desesperada e cruel os esforços em se manter no poder, apelos para uma intervenção militar, mais ou menos no modelo líbio, têm se tornado cada vez mais insistentes. Com certeza, esse curso é moralmente atraente. Mas, será que os países ocidentais deveriam seguir esse ponto de vista? Acredito que não.

Essas chamadas à ação se dividem em três principais categorias: a muçulmana sunita que diz respeito aos seus correligionários, a que afeta a preocupação universal para o fim das torturas e assassinatos e a geopolítica que trata do impacto do conflito em andamento.
Os primeiros dois motivos podem ser facilmente descartados. Se os governos sunitas – notadamente os da Turquia, Arábia Saudita e Catar – optassem por intervir em favor de seus colegas sunitas contra os alauitas, esta seria a prerrogativa deles e o Ocidente está pouco se lixando.
Interesses humanitários em geral enfrentam problemas de veracidade, viabilidade e importância. Insurgentes anti-regime, que estão vencendo no campo de batalha, aparentam ser responsáveis pelo menos por algumas atrocidades. Eleitorados ocidentais poderão não aceitar o preço em sangue e dinheiro necessários para uma intervenção humanitária. O resultado tem que ser muito rápido, digamos um ano. O governo sucessor poderá (como no caso líbio) ser ainda pior do que o totalitarismo atual. Juntos, esses fatores defendem de forma consistente a posição contra a intervenção humanitária.
Interesses quanto à política externa deve ter precedência, pelo fato dos países ocidentais não estarem tão fortes e seguros a ponto de dirigirem os olhos para a Síria apenas por preocupação pelos sírios, e mais do que isso, eles devem ver o país de forma estratégica, colocando a prioridade na sua própria segurança.
Robert Satloff do Washington Institute for Near Eastern Policy resumiu com presteza no The New Republic as razões pelas quais uma guerra civil na Síria apresenta perigo aos interesses dos Estados Unidos: o regime de Assad poderá perder o controle sobre o arsenal químico e biológico, poderá renovar a insurgência do PKK contra Ancara, regionalizar o conflito pressionando a sua população palestina a cruzar as fronteiras jordanianas, libanesas e israelenses e combater os sunitas do Líbano, reacendendo a guerra civil libanesa.

Os combatentes sunitas membros da jihad, por sua vez poderiam transformar a Síria em um ponto de conexão global do violento terrorismo islamista – na vizinhança da OTAN e de Israel. Por último, ele receia que um conflito prolongado daria aos islamistas mais oportunidades do que um conflito de curta duração.

A minha resposta: Sim, as armas de destruição em massa poderão ficar fora de controle, mas eu me preocupo mais que caiam nas mãos de um governo sucessor islamista. Uma renovada insurgência do PKK contra o governo hostil, ora no poder na Turquia, ou o aumento nas tensões sunitas-alevitas naquele país, sequer contam como prioridade no Ocidente. Expulsar os palestinos dificilmente desestabilizaria a Jordânia ou Israel.
O Líbano já é uma bagunça balcanizada e, ao contrário ao período de 1976-91, a luta interna em andamento afeta de forma marginal os interesses do Ocidente. A campanha da jihad global conta com recursos limitados, o local pode não ser o ideal, mas o que há de melhor do que combater o Pasdaran (Corpo de Guarda da Revolução Iraniana) até a morte na Síria?

E quanto ao tempo que conspira contra os interesses do Ocidente: ainda que o conflito sírio terminasse agora, eu não vejo nenhuma perspectiva de aparecer um governo com diversidade étnica ou religiosa. Mais cedo ou mais tarde, após Assad e a sua encantadora esposa levantarem acampamento, os islamistas provavelmente tomarão o poder, os sunitas se vingarão e as tensões regionais irão se desenrolar na Síria.
Além disso, a derrubada do governo sírio não significa o fim imediato da guerra civil.
O mais provável é que a queda de Assad conduzirá os alauitas e outros elementos apoiados pelo Irã a se oporem ao novo governo. Além do mais, como mostra Gary Gambill, o envolvimento militar do Ocidente poderia reforçar a oposição a um novo governo, prolongando os combates. Por último (como já aconteceu no Iraque), o prolongamento do conflito na Síria proporciona algumas vantagens geopolíticas:
  • diminui o risco de Damasco iniciar uma guerra contra Israel ou reocupar o Líbano.
  • aumenta a possibilidade dos iranianos, ora vivendo sob domínio dos mulás, principais aliados de Assad, se inspirarem no levante sírio e na mesma linha se rebelarem contra os seus governantes.
  • fortalece a ira árabe sunita contra Teerã, especialmente se levarmos em conta que a República Islâmica do Irã vem fornecendo armas, tecnologia e apoio financeiro para ajudar na repressão contra os sírios.
  • alivia a pressão sobre os não muçulmanos: indicativo da nova forma de pensar, o líder salafista jordaniano Abou Mohamad Tahawi declarou recentemente que "a coalizão alawita com os xiitas é no momento a maior ameaça aos sunitas, maior ainda do que a israelense".
  • fomenta a fúria no Oriente Médio contra Moscou e Pequim por apoiarem o regime de Assad.
Os interesses do Ocidente sugerem ficar fora do atoleiro sírio.

Publicado no The Washington Times.

Original em inglês: Stay out of the Syrian Morass

 
Tradução: Joseph Skilnik

ESQUERDISMO E BRUXARIA INTELECTUAL

Artigos - Cultura    
    
A linguagem irracional, tão carregada de lacunas e contradições, típica dos “intelectuais”, é forjada não para convencer, mas para enfeitiçar.

Há quem diga que não existam fórmulas mágicas, aquelas frases aparentemente incoerentes, que nada significam, mas que são urdidas de modo meticulosamente pensado para gerar determinados efeitos ilógicos, extraordinários, quase sobrenaturais.
Apesar de se crer que hoje não passem de elementos de contos de fadas e histórias fictícias – como o líder do bando dos quarenta ladrões em “O Livro das Mil e Uma Noites”, que abria o rochedo da caverna onde escondia as riquezas que roubava com um retumbante “Abre-te, sésamo!” –, existem algumas palavras que, quando concatenadas de modo a formar um raciocínio que simplesmente não faz sentido lógico algum, provocam uma reação incrível nas pessoas que as escutam, abrindo suas mentes e suas almas para serem depositários do que se julgam serem riquezas inestimáveis, raríssimas.
Temos grandes exemplos, antigos e hodiernos, de pessoas que possuem essa capacidade singular. São magos intelectuais estupendos: misturando torpes convicções pessoais com uma ímpar incapacidade de análise e grandes porções de indigência mental, tudo bem temperado com boas doses de desonestidade pura, esses Ali Babás da cultura formam uma espécie de panteão feérico: são os intelectuais de vulto venerados nas decadentes academias pós-1968 – que há muito deixaram de ser arenas de debate e investigação do saber para se tornarem altares da idolatria esquerdóide.

Um desses bruxos da intelligentsia participou ontem (sexta, 15) do Colóquio Interconselhos promovido pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS): Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português e diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
A matéria publicada no portal da Universidade de Brasília acerca da participação do feiticeiro é abundante em loas comovidas a “um dos estudiosos da democracia mais respeitados do planeta”, cujo grimório de conhecimentos foi “apresentado com naturalidade e lucidez” à plateia arrebanhada pelo evento. Quais foram os pontos centrais desse intricado ritual? Ei-los:
“A especulação financeira fez com que o Estado se desorganizasse. O Estado não pode intervir muito na saúde, na educação, porque está preso a uma lógica de mercado. As reformas estruturais estão a ser adiadas. O Estado está tão reacionário, tão oligárquico quanto antes. O capitalismo só quer a democracia se ela lhe der lucros. A democracia tem de ser distributiva.”

“A democracia está nas funções, mas não cumpre suas funções. O abismo entre representantes e representados nunca foi tão grande. Hoje na política, tudo se compra, tudo se vende, por isso a corrupção é uma chaga tão grande.”

“Nunca se trabalhou tanto e nunca se fizeram tantos muros para impedir a passagem de imigrantes. A desvalorização do trabalho é tão grande que começa a ser difícil distinguir trabalho pago de não pago. Não há distinção entre tempo livre e tempo do trabalho. A forma mais cruel do trabalho não pago é o tempo perdido procurando trabalho.”

“Aqui bem perto, na Bolívia e no Equador, vemos a ação do capitalismo. É a mineralização [sic] a céu aberto, é a destruição dos territórios indígenas, é a destruição dos ecossistemas, é a explosão de montanhas para explorar minérios, com grande contaminação da água, essa é a outra face da chamada acumulação primitiva, e que, longe de ser uma forma de capitalismo, é uma constante de capitalismo. Muito do conhecimento técnico está relacionado com interesses de grandes empresas e serve a essa exploração.
Tudo é representado de maneira técnica e fria. O valor do conhecimento é o valor do mercado do conhecimento.”
Diante das colocações de Boaventura Santos, só há duas possibilidades plausíveis: ou o eminente mago do saber lusitano vive em uma realidade alternativa, ou somos nós as criaturas extraplanares.
Desde que a democracia passou a ser adotada como a alegada forma de governo da maior parte dos Estados ocidentais, nunca se viu tamanha intervenção do Estado nos mais diversos campos da vida humana – não apenas na saúde ou na educação, mas na economia e no âmbito social. O Estado-Deus deixou de ser apenas a ambição tresloucada dos philosophes e se tornou a realidade concreta no Ocidente.
Mas o grimório de feitiços intelectuais do mago lusitano não se esgota apenas nas crenças expostas nos pontos supracitados. Analisemos, por exemplo, alguns excertos da série de artigos “Carta às Esquerdas”, publicada por Boaventura Santos em alguns veículos de informação aqui e alhures:
As esquerdas dominaram o século XX (apesar do nazismo, do fascismo e do colonialismo) e o mundo tornou-se mais livre e mais igual graças a elas.
O capitalismo concebe a democracia como um instrumento de acumulação; se for preciso, redu-la [sic] à irrelevância e, se encontrar outro instrumento mais eficiente, dispensa-a (o caso da China). A defesa da democracia de alta intensidade é a grande bandeira das esquerdas.
Os neoliberais pretendem desorganizar o Estado democrático através da inculcação na opinião pública da suposta necessidade de várias transições. Primeira: da responsabilidade coletiva para a responsabilidade individual. Para os neoliberais, as expectativas da vida dos cidadãos derivam do que eles fazem por si e não do que a sociedade pode fazer por eles.
A direita tem à sua disposição todos os intelectuais orgânicos do capital financeiro, das associações empresariais, das instituições multilaterais, dos think tanks, dos lobistas, os quais lhe fornecem diariamente dados e interpretações que não são sempre faltos de rigor e sempre interpretam a realidade de modo a levar a água ao seu moinho.
A democracia liberal agoniza sob o peso dos poderes fáticos (máfias, maçonaria, Opus Dei, transnacionais, FMI, Banco Mundial) e da impunidade da corrupção, do abuso do poder e do tráfico de influências.
Nos últimos 50 anos as esquerdas (todas elas) deram um contributo fundamental para que a democracia liberal tivesse alguma credibilidade junto das classes populares e os conflitos sociais pudessem ser resolvidos em paz. Sendo certo que a direita só se interessa pela democracia na medida em que esta serve os seus interesses, as esquerdas são hoje a única garantia do resgate da democracia.
A reflexão deve começar por aí: o neoliberalismo é, antes de tudo, uma cultura de medo, de sofrimento e de morte para as grandes maiorias, se não se combater com eficácia, se não se lhe opuser uma cultura de esperança, de felicidade e de vida. A dificuldade que as esquerdas têm em assumirem-se como portadoras desta outra cultura decorre de terem caído durante demasiado tempo na armadilha com que as direitas sempre se mantiveram no poder: reduzir a realidade ao que existe, por mais injusta e cruel que seja, para que a esperança das maiorias pareça irreal. O medo na espera mata a esperança na felicidade. Contra esta armadilha é preciso partir da ideia de que a realidade é a soma do que existe e de tudo o que nela é emergente como possibilidade e como luta pela sua concretização.

Não se deixem enganar pela ausência completa de sentido lógico, embasamento e racionalidade dos excertos acima transcritos. Eles não foram escritos para informar, convencer racionalmente através de ideias concatenadas e argumentos desenvolvidos numa linha de pensamento identificável e conferível: foram feitos para funcionar exatamente como o “Abre-te, sésamo!” da história árabe e, assim, depositar magicamente na mente de quem quer que se exponha a eles os tesouros mais caros da nata da
intelligentsia mundial.
Como para o bruxo intelectual Boaventura Santos é um equívoco “reduzir a realidade ao que existe”, tudo fica bastante bem entendido: aquelas ideologias que convencionou-se chamar de esquerdas (socialismo,
comunismo, e, ao contrário do que ele advoga, nazismo e fascismo) não foram responsáveis pelas maiores atrocidades da história humana; não urdiram a “cultura de medo, de sofrimento e de morte para as grandes maiorias”; não foram responsáveis pelos programas de todas as grandes organizações multilaterais, como a Organização das Nações Unidas; não possuem todo um exército de intelectuais orgânicos – nas universidades, nos governos, nas organizações não-governamentais, nas organizações internacionais e nos partidos políticos, todos a serviço da elite globalista; não concebem a democracia como um instrumento de ocasião que se deve utilizar para promover a revolução desde dentro, segundo o melhor do receituário gramsciano; não são responsáveis pela grotesca hipertrofia estatal que, sob a alegação de “proteger os fracos e os oprimidos”, é justamente a principal causa das distorções bizarras que solapam a democracia – como a corrupção, o abuso de poder e o tráfico de influência. Nenhum desses dados da realidade, perfeitamente verificáveis e disponíveis a quem quer que tenha a mínima disposição para procurá-los, perfazem, de fato, a realidade.
A despeito do fato de que a defesa irredutível de tais ideias seria, em uma sociedade madura e sadia, uma indicação indubitável de senilidade, quiçá de um seriíssimo transtorno mental de fundo psicótico, o mago lusitano do saber é apenas um dentre inúmeros representantes daquela casta chamada intelectualidade. São os pareceres, as obras e o trabalho de pessoas como ele que são ruminados no mundo acadêmico, adotados pelos governos nacionais e transformados em linhas-mestras de planejamento e ação das organizações supranacionais. Não é preciso ser um gênio, um acadêmico, muito menos um conservador – que, de acordo com essa sapiente elite, é a raça mais tacanha e ignorante já surgida na face da terra –, para se dar conta disso: basta ler o jornal.

Contra magicae methodi
Meu texto acima tratou de como a linguagem irracional, tão carregada de lacunas e contradições, típica dos “intelectuais”, é forjada não para convencer, mas para enfeitiçar. Pegue um livro de algum bruxo-intelectual famoso, venerado, alçado aos mais áureos pedestais da nossa zelosa elite pensante – Paulo Freire, por exemplo – e você poderá se deparar com joias deste quilate:
A intencionalidade transcendental da consciência permite-lhe recuar indefinidamente seus horizontes e, dentro deles, ultrapassar os momentos e as situações, que tentam retê-la e enclausurá-la. Liberta pela força de seu impulso transcendentalizante pode volver reflexivamente sobre tais situações e momentos, para julgá-los e julgar-se. Por isto é capaz de crítica. A reflexividade é a raiz da objetivação.
Se a consciência se distancia do mundo e o objetiva, é porque sua intencionalidade transcendental a faz reflexiva. Desde o primeiro momento de sua constituição, ao objetivar seu mundo originário, já é virtualmente reflexiva. É presença e distância do mundo: a distância é a condição da presença. Ao distanciar-se do mundo, constituindo-se na objetividade, surpreende-se, ela, em sua subjetividade. Nessa linha de entendimento, reflexão e mundo, subjetividade e objetividade não se separam: opõem-se, implicando-se dialeticamente.
(Paulo Freire, “Pedagogia do Oprimido”)
Hoje, descobri que um dos melhores professores da Universidade de Brasília – e, talvez por isso mesmo, um dos menos (re)conhecidos da instituição –, Luís Augusto Sarmento Cavalcanti de Gusmão, doutor em Sociologia do Conhecimento pela Universidade de São Paulo (USP) e membro do Departamento de Sociologia da UnB, acabou de lançar um livro que trata de assunto análogo ao que abordei em meu texto anterior. Seu livro chama-se “O fetichismo do conceito: limites do conhecimento teórico na investigação social” e foi lançado pela editora Topbooks. De acordo com o site da editora, este livro, fruto de mais de uma década de observações sobre o mundo dos chamados cientistas sociais, reafirma que a moderna investigação sociológica não precisa romper com o universo conceitual e linguístico do leigo experiente e bem informado. E mais: suas conclusões podem ser formuladas na linguagem corrente, dispensando jargões pedantes e esotéricos.
O professor Luís de Gusmão critica em seu livro a exaustiva utilização de “uma terminologia técnica esotérica” que visa a “fornecer definições e esclarecimentos conceituais completamente inúteis para qualquer pessoa fluente na linguagem natural empregada nas rotinas da vida cotidiana, matriz de todo jargão sociológico aproveitável, dotado de algum conteúdo empírico, numa tola e despropositada afetação de rigor e exatidão científicos. Essa verdadeira compulsão por definições supérfluas não raro acaba funcionando como um autêntico álibi para substituir as interpretações empíricas inteligentes da vida social, algo difícil de realizar, mas sempre valioso, por exegeses de textos de teóricos, algo bem mais fácil e, quase sempre, de utilidade duvidosa”.
Um trabalho desse calibre, produzido por um sociólogo (cujas grandes referências são pensadores da estatura de Isaiah Berlin, Alexis de Tocqueville e Joaquim Nabuco) que leciona em uma universidade que é bastião e menina-dos-olhos da esquerda no Brasil, é praticamente um milagre, um desses eventos que nos renova a esperança de que a academia volte a ser local de produção legítima de conhecimento, não de incessante ruminação e masturbação intelectualóide. Aliás, é de bom alvitre notar que a Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília não escreveu uma única linha a respeito do lançamento do livro do professor Luís de Gusmão. Bom, talvez não seja à toa, no fim das contas.

17 de junho de 2012
Felipe Melo

RIO + 20: A FARSA DA BUROCRACIA VERDE

Não tenho dúvida de que animais e árvores nos humanizam, e não lugares cheios de gente do tipo Rio+20. E que temos que cuidar de nossa casa, assim como devemos buscar diminuir o sofrimento do mundo em geral, mas o fato é que não sabemos ao certo o que fazer para isso. E a burocracia verde, gerada nesta conferência, não descobrirá como fazer isso porque burocracia é sempre parasita.
 
A máxima da Rio+20 "Mudar o modelo de energia no planeta para energia sustentável" é ainda algo semelhante a discussão sobre sexos dos anjos. Essa máxima implica ideias como "sai fora combustível fóssil tipo petróleo e entra em cena..."Na prática, quem quer fechar hospitais, parar de voar ou silenciar computadores?O problema não é apenas a qualidade da energia, mas a quantidade necessária dela e seu custo. Imagino verdes de todos os tipos pregando o fim da exploração de petróleo em seus facebooks dependentes de energia fóssil.
 
Quanto à humanização (tema recorrente neste parque temático da ONU), ainda penso que família e escola são as melhores formas de aprendê-la. Um estímulo para ter animais e jardins em casa, nas escolas e nas ruas vale mais como humanização do que 50 conferências gigantescas nas quais se discutem siglas, vírgulas e ponto e vírgulas.
 
Cúpulas internacionais ambientais são como os velhos concílios bizantinos dos primeiros séculos do cristianismo. Esses concílios aconteciam no império bizantino, também conhecido como Constantinopla.Neles, os caras se perguntavam quantos centímetros Jesus tinha de substância divina e quantos de substância humana. Acho que os concílios ainda ganhariam em eficácia levando-se em conta o sucesso da ideia de que o carpinteiro judeu seja Deus.
 
Sabemos que a ONU e seus derivados são, como dizia Paulo Francis, grandes estatais ineficientes. Verdadeiro cabide de emprego para um monte de gente, principalmente de países pobres. Dar dinheiro para a ONU é doação a fundo (quase) perdido.Minha tese, nada científica, é a de que a ONU não seja o melhor fórum para angústias como essas porque ela é basicamente ineficiente. Tudo o que consegue, além de dar chances para seus integrantes beberem e conhecerem os bares da Lapa -como me disse recentemente um colega jornalista- é gerar impostos internacionais que você e eu teremos que pagar.
 
Qualquer solução para a "energia limpa" virá do mercado e jamais de burocratas e seus pontos e vírgulas. A questão é: quem defende o planeta dos burocratas verdes?

17 de junho de 2012
 
LUIZ FELIPE PONDÉ é colunista da Folha e enviado especial à Rio+20. A coluna acima é intitulada “Os burocratas verdes”.

CRISTÓVÃO QUER ENTREGAR A AMAZÔNIA E CRIAR UM TRIBUNAL INTERNACIONAL PARA "CRIMES AMBIENTAIS"

E a conferência do clima recém começou...
 
O senador Cristóvão Buarque foi além e acrescentou a necessidade de “internacionalização do uso das florestas de todo o mundo”. —Florestas do mundo têm que ter regras internacionais de uso. Não estou falando da internacionalização da Amazônia, mas da criação de regras internacionais para o uso dela e de outras florestas como as da Escandinávia e do Canadá. Buarque disse que trabalha na criação de um tribunal para julgar ameaças ao futuro da humanidade. — Assim como foi feito no Vietnã para crimes de guerra nos anos 1960, vamos fazer com questões ambientais.(OGlobo)

Comentário: este animal não sabe do que está falando. A União Européia tem apenas 0,3% do território com florestas nativas. O Brasil tem 61%! Este animal quer o quê? Que o Brasil entregue a Amazônia para ser administrada por um tribunal internacional? Energúmeno!

O PERIGO DA CRENÇA NO HUMANO E A LIÇÃO DE NIEZTSCHE


O princípio da desvalorização de si mesmo ou pior , da própria anulação e submissão ao próximo, começa com a crença no humano. Todo cuidado é pouco com o humano, demasiado humano.

Nascemos com mecanismos de nos relacionar com a verdade: os sentidos.
Mais instintos visíveis e invisíveis, como por exemplo a ambição, a competição, o medo, a cautela etc. É o corpo e suas determinantes. Biologia de milhões de anos.

Antes do advento da mente, da fala e das palavras o Homem, animal que é , vivia a verdade como qualquer outro animal ainda hoje. Depois disso, com a mente , vieram as mentiras. As ilusões. E por aí vai até o auge delas com as filosofias criadas nos séculos XVIII e XIX e que deram origem a teorias da salvação da humanidade como o socialismo.

Nieztsche, dessa época, foi a exceção e percebeu também como Shakespeare, que existiam mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia. Percebeu a complexidade humana e sua grande parte indecifrável.

Por essas e outras, humilde, evitou criar filosofias e até se denominou um antifilósofo, dedicando todo o seu trabalho a demonstrar que as religiões e ideologias, cuja essência é a mentira, só têm um fim: a escravização de um humano pelo outro.

17 de junho de 2012
Mauro Julio Vieira

QUANDO O HUMOR RETRATA A REALIDADE


COLOCAR A CULPA NOS PROFESSORES NÃO É UMA ATITUDE CORRETA

Na última quinta-feira de maio, 31/05/2012, participei de uma reunião com vários professores do Estado, coordenadores, diretores e alunos de 9º ano da Regional Metro V, Baixada Fluminense. O evento aconteceu à tarde, no Teatro Raul Cortez, em Duque de Caxias.

Entre os temas abordados pelos professores representantes da Secretaria de Estado de Educação, um deles chamou minha atenção. Os dados de uma pesquisa apresentados pela professora palestrante. Disse ela: “92% de nossos alunos gostam de ir à Escola, entretanto, mais de 60% destes mesmos alunos não gostam de estudar”.

O dado é significativo. Conversando com outros professores, deduzimos, através de diálogos com os estudantes, que os alunos vão à escola pelos mais diversos motivos: para ter o cartão bolsa família, pois se faltarem perdem o benefício; pela merenda; para conversar e para brincar. Se ficarem em casa, os pais e/ou responsáveis obrigam na limpeza da casa: varrer, lavar pratos, cuidar dos irmãos mais novos, tarefas do lar em geral.

Talvez a grande imprensa desconheça estes dados. Diante de um quadro destes, os professores não podem fazer milagres.

Outros colegas me disseram, pelo que observam: talvez o número de alunos que não gostam de estudar seja bem superior aos revelados 60%. E aqui os motivos pelos quais não gostam de estudar são muitos.
Colocar a culpa nos professores, convenhamos, não é atitude correta.

17 de junho de 2012
Antonio Rocha

CHUTA O TRASEIRO DA FRENTE QUE ATRÁS VEM GENTE!

O advogado de defesa, Zé Luiz de Oliveira Lima diz agora que, naquele seu bom tempo de chefe da Sua Casa Civil Sua Vida, Zé Dirceu não tinha ciência das decisões tomadas pelo tesoureiro Delúvio Soares e pelo ex-presidente do partido, Zé Genoíno.
É claro que a estratégia terceirizada por Dirceu cria desconforto, azia e mal-estar entre os outros réus do mensalão que tremem nas bases, com medo de pagar um preço maior do que a propina que suposta e ingenuamente recebiam.

Isso quer dizer tão somente que, sentindo os cutupicos, vendo o bembom apertar, Zé Dirceu adotou o jeito PT de ser que Lulalelé da Cuca ensinou para quando o oficlaides, o fiofó, o buzanfan está no espeto: chuta o traseiro da frente que atrás vem gente.

Nada de novo no front. Zé Dirceu, o guerrilheiro das espoletas perdidas, luta com unhas e dentes para tirar o corpo fora, "doa a quem doer". É da sua natureza.
17 de junho de 2012
sanatório da notícia

PEC DO PT ENCURTA "VIDA ÚTIL" DE MINISTROS DO STF

O Cara pode estar Lulalelé da Cuca mas continua um perigo na área. Emburrado porque já não manda o que pensava que mandava no STF, incluiu o fim da vitaliciedade dos mandatos dos ministros na Proposta Indecente de Emenda Constitucional que quer fazer do Senado uma instância de recurso para decisões do Supremo Tribunal Federal.

Pela proposta lulática que invade o poder de outro Poder, o mandato teria no máximo 12 anos. Hoje os ministros são supremos até os 70 anos de idade. São menos vitalícios que o papa e Lulalelé, por vendetta, ainda quer aumentar mais ainda essa diferença, encurtando a vida útil dos doutos magistrados. Pelo jeito PT de ver as coisas, não é só o Zé Dirceu que anda "desesperado".
17 de junho de 2012
sanatório da notícia

DÉJÀ-VU EM SÃO PAULO

Erundina volta ao PT cheia de entusiasmo para ser vice de um HaHaHaddad que só Lulalelé da Cuca poderia descavocar para a Prefeitura de São Paulo.

Erundina volta, assim com um ar de déjà-vu. Quem olha assim para ela, parece que é o Brizola voltando do exílio querendo governar o Rio de Janeiro.
O velho caudilho, depois de 20 anos fora do Brasil, voltou à pátria amada e idolatrada, pensando que o jogo do bicho nos morros cariocas era aquela mesma fezinha inocente das velhinhas e dos aposentados de então que dividiam as apostas com o jogo de damas nas ainda tranquilas praças da então Cidade Maravilhosa.

Não era. Deu no que deu. Olha aí só o que é o Rio de Eduardo Paes e Sérgio Cabral.

Pois agora Erundina, grande primeira-prefeita paulistana, volta anos e anos depois à parceria com o PT, achando que ele ainda é aquele partido das portas de fábricas e da esperança que vencia o medo. Não é. Vai dar meleca.
 
17 de junho de 2012
sanatório da notícia

MAIS CONFUSÕES DE DILMA

Mais uma vez a presidente Dilma Rousseff se perdeu num emaranhado de ideias confusas e fora de propósito, desta vez ao falar sobre política econômica em seu discurso no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, na terça-feira. Em outras circunstâncias o palavrório seria apenas engraçado.
 
A graça desaparece, no entanto, quando o País se defronta com uma assustadora crise internacional e a chefe de governo discorre sobre os problemas do crescimento com meia dúzia de chavões de comício. Para começar, misturou duas questões muito diferentes - a incorporação de milhões de famílias pobres ao mercado de consumo e o desafio de remover obstáculos à expansão da economia nacional. Detalhe inquietante: a autora dessa confusão tem um diploma de economista.
 
O equívoco da presidente é óbvio. A indústria brasileira vai mal, perde espaço tanto no País quanto no exterior, e o emprego industrial diminui, como têm mostrado números oficiais. No entanto, o consumo continua maior do que era há um ano e as importações crescem mais que as exportações.
É um disparate, portanto, atribuir os problemas da indústria - mais precisamente, do segmento de transformação - a uma retração dos consumidores. A participação de bens importados no mercado brasileiro de consumo atingiu 22%, um recorde, nos quatro trimestres encerrados em março e essa tendência, ao que tudo indica, se mantém.
 
Se examinassem o assunto com um pouco mais de atenção, a presidente e seus auxiliares talvez mudassem o discurso. Não há como atribuir os problemas da indústria nem a estagnação da economia brasileira à permanência de um "consumo reprimido" - um fato social indiscutível, mas sem relação com os atuais problemas de crescimento.
A presidente acerta quando atribui a quem tem uma melhoria de renda o desejo de comprar uma geladeira, uma televisão, um forno de micro-ondas. Mas é preciso saber de onde sairão esses bens.
 
Não basta dispor de fábricas para produzi-los. A indústria tem de ser capaz de produzi-los com preços e qualidade compatíveis com os padrões internacionais. Recorrer ao protecionismo é apenas uma forma de empurrar o problema para a frente e - pior que isso - de abrir espaço para problemas adicionais, como a elevação de preços e a estagnação da capacidade produtiva. Muitos brasileiros devem ter aprendido essa lição. A presidente parece tê-la esquecido.
 
Há uma enorme diferença entre barrar a competição desleal e recorrer ao mero protecionismo. Isso vale para geladeiras, televisores e camisas, mas vale também para equipamentos e componentes destinados a programas de investimento conduzidos pelo governo ou por ele favorecidos. Ao defender a exigência de índices mínimos de nacionalização para certas atividades, a presidente insiste numa política perigosa, muito boa para os empresários amigos da corte, mas muito ruim para o País.
 
Apenas de passagem a presidente Dilma Rousseff mencionou a questão realmente séria - a dos investimentos e da capacidade produtiva. Mas, ao contrário de sua tese, há algo mais, no custo do investimento brasileiro, do que a taxa de juros. Há também uma tributação absurda, ao lado de uma porção de outros fatores de ineficiência.
 
Um desses fatores, visível principalmente nos investimentos públicos, é a baixa qualidade da gestão governamental. O governo, disse a presidente, continuará a investir - uma declaração um tanto estranha, porque ninguém se opõe à aplicação de recursos públicos em obras de infraestrutura, hospitais, escolas e outras instalações indispensáveis.
Ao contrário: cobra-se das autoridades mais empenho na elaboração de bons projetos, na execução das obras e no uso mais eficiente - e mais cuidadoso - do dinheiro público.
 
Como gerente do Programa de Aceleração do Crescimento ( PAC) e, depois, como chefe de governo, a presidente Dilma Rousseff se mostrou deficiente em todos esses quesitos.
A paquidérmica lentidão do PAC é notória e inflar os resultados com os financiamentos habitacionais - como acaba de ser feito - é só uma forma de enfeitar os relatórios. Fora do governo, poucos têm motivo para aplaudir esse programa. Entre esses poucos estão os donos da inidônea construtora Delta.
 
Fonte: Editorial do Estado de São Paulo - 14/06/12
 
COMENTÁRIO de Políbio Braga: Dilma Roussef é economista, sim, mas há muitos e muitos anos não exerce funções na área. Além disto, seu conhecimento limita-se a uma mera graduação, porque não conseguiu levar adiante os cursos de mestrado e doutorado que começou.

Como gerentona do PAC, Dilma Roussef não produziu resultados apreciáveis, a não ser o fato de ter concentrado 40% das obras nas mãos de uma única empreiteira, a Delta Construções.
O PAC foi uma belíssima sacada política dos marqueteiros de Lula. ...

O governo tem ignorado a questão mais séria de todas para os atuais problemas da economia, que são os casos dos investimentos escassos e da diminuição da capacidade produtiva, o que não depende apenas dos juros altos, mas relaciona-se gravemente com o chamado Custo Brasil.

ASSIM QUE FOR LIBERTADO, CACHOEIRA DEVERIA PEDIR UMA PIZZA EM HOMENAGEM A THOMAZ BASTOS E À CPI

O negocista e corruptor Carlos Cachoeira (chamá-lo de bicheiro é ridículo), graças a seu advogado MarcioThomaz Bastos, está prestes a se livrar da prisão, Quando sair, deveria pedir uma pizza em homenagem ao ilustre causídico, que mesmo depois de ter sido ministro da Justiça não demonstra o menor constrangimento em defender esse tipo de criminoso.

Como se sabe, o desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, expediu sexta-feira habeas corpus para a soltura imediata do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Porém, como há outro mandado de prisão contra o bicheiro, ele não será liberado do presídio da Papuda, em Brasília.

Esse segundo mandado foi expedido pela quinta Vara de Justiça do Distrito Federal, e é relacionado à Operação Saint Michel, da Polícia Federal, posterior à Operação Monte Carlo, que culminou na prisão de Cachoeira.

O mesmo desembargador que decidiu favoravelmente ao contraventor nesta sexta-feira, também julgou um outro habeas corpus apresentado pela defesa de Cachoeira, pedindo que fossem declaradas ilegais as escutas da operação da PF. Tourinho Neto votou a favor ao pedido, argumentando que a autorização para a realização das escutas não foi bem fundamentada. Mas pedido de vista de outro desembargador adiou a decisão, que ainda está pendente.

Mas Cachoeira pode ficar tranquilo, já está demonstrado que não há problema que Thomaz Bastos não consiga resolver nesse podre poder chamado Justiça no Brasil.

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NA CADEIA, POR ENQUANTO

O contraventor Carlinhos Cachoeira só continua na penitenciária da Papuda, em Brasília, porque no sábado o desembargador Sérgio Bittencourt, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, rejeitou pedido de liberdade a Cachoeira, um dia depois de a defesa ter conseguido derrubar o decreto de prisão referente à Operação Monte Carlo.

“Não se pode olvidar o fato de as investigações mostrarem ser o paciente o líder de uma organização criminosa com complexas relações ilícitas, que envolvem autoridades de grande influência em Poderes da República, o que justifica a manutenção da prisão para a garantia da ordem pública”, alegou Bittencourt na decisão, que pode ser revogada pelo Tribunal.

A ARTE DA GUERRA, COM UMA TAÇA DE VINHO

PARIS – Lá estava ela, desocupada como que por passe de mágica, num canto discreto, jamais tocada pela onda magmática de turistas: minha mesinha favorita desde os anos 1980 no Café de Flore em St. Germain. Tomei posse, pedi um Welsh rarebit e uma taça de Chablis, e voltei ao batente, lendo e assistindo ao mundo que passa, pela primeira vez desde a queda do Rei Sarkô.

Primeira impressão: onde, diabos, meteu-se a minha livraria? A venerável La Hune, bem em frente de onde eu olhava, parecia atingida por um míssil Hellfire; graças a Zeus, mudou-se para outra loja, ali perto. Segunda e mais festiva impressão; o Flore está imunizado, à prova de BHL: o filósofo francês Bernard-Henri Levy, também conhecido como BHL, anda ocupado, longe, promovendo sua próxima guerra.

BHL não é mero filósofo/escritor/cineasta: é, sobretudo, presidente-executivo-em-chefe de uma gigantesca operação de Relações Públicas erguida para perene glorificação de BHL. O homem virtualmente comanda a arena cultural francesa, do jeito que Christopher Hitchens pensava que comandava nos EUA e Grã-Bretanha.

Que vivamos tempos mais sórdidos: se Sartre, pelo menos, estivesse vivo, para chutar BHL de volta ao seu quintalzinho intelectual. BHL chegou recentemente ao Festival de Cinema de Cannes, carregando como mascotes dois rebeldes falastrões da OTAN Líbia – companheiros de sua aventura de “libertação”: Mustapha El-Zagizli de Benghazi, orgulhosamente apresentado como “príncipe shabab [jovem guerreiro]”, e o general Ramadan Zarmouth de Misrata.

O coronel Gaddafi armava sua tenda em Roma e tinha a barra de suas lindas túnicas beijada pelos potentados ocidentais. Mas os rebeldes da OTAN líbios, eles, pareciam tontos e perdidos, na explosiva experiência sobre o tapete vermelho de Cannes.

Importantíssimo: além dos mascotes líbias e a ladainha sobre a “unidade da revolução”, BHL trouxe também – e o que poderia trazer? – mascotes sírias: dois curdos e dois personagens tenebrosos, de óculos escuros e a cabeça coberta com bandeiras sírias, descritos como “combatentes que deixaram clandestinamente a Síria fazia pouco tempo, “para o lançamento de Le Serment de Tobruk [O juramento de Tobruk]”.

Ali estavam, pois, BHL, sionista com certificado, e seus mascotes-troféus árabes, para assistir ao lançamento mundial do novo filme de BHL. Sim, a coisa toda tinha de ser parte de mais um exercício de glorificação/Relações Públicas de BHL. Depois de vencer (de fato, sozinho!) a guerra da Líbia – segundo sua própria autonarrativa – BHL repetia que “o que foi feito em Benghazi não foi mais fácil do que tem de ser feito em Homs”. Garçon, por favor, sirva-me um pouco de mudança de regime, com meu Chablis.

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A GUERRA C’EST MOI


Quanto ao filme, em cartaz na França e já comprado para o mercado norte-americano, pode concorrer na categoria “obra-prima surrealista” digna de Alfred Jarry. Mas, pavão hiperativo, BHL não tem qualquer traço de autodesqualificação, e o que sobra é BHL, diretor do filme, filmando-se, ele mesmo, como diretor da história ao calor da hora. Acabou nisso a secular tradição literária/filosófica francesa: O Intelectual como Inventador de Guerras.

A coisa-lá foi editada com – e o que poderia ser? – BHL em voz off que não cala nunca; um monólogo-catarata neoproustiano em flerte com Sun Tzu. BHL flana pelas ruas de Benghazi à caça de um herói rebelde pós-moderno; e o encontra personificado em Abdul OTAN Jalil.

O cenário está montado para BHL das Arábias representar o seu épico de libertação, perenemente metido num paletó negro, camisa Charvet branca meticulosamente aberta para exibir pele branca e telefone por satélite grudado numa orelha, dos desertos e montanhas para os salons do Palácio do Eliseu e – claro – o Café de Flore, que se revela para uma ofuscada delegação líbia.

Todos, do Rei Sarkô à Rainha Hilária (“viemos, vimos, ele morreu”) Clinton e David (das Arábias) Cameron, são manipulados como extras, na guerra de libertação delirada por BHL. Quem se interessa pelo que realmente aconteceu na Líbia, como o Asia Times Online noticiou durante meses?

BHL inevitavelmente encena o hoje infame telefonema que, dizem, converteu o Rei Sarkô à mudança de regime. O próprio Sarkô alimenta o mito, contando à televisão francesa, em março de 2011, como o tal telefonema o levou a unir-se aos rebeldes da OTAN e iniciar uma ofensiva franco-britânica. Lixo. A mudança de regime já estava decidida em Paris desde outubro de 2010, quando o chefe de protocolo de Gaddafi desertou e viajou para a França.

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“AMIGOS DA SÍRIA”

Agora, BHL anda ocupadíssimo lembrando ao novo presidente da França Francois Hollande que “a França fará por Houla e Homs o que fez por Benghazi e Misrata”. Pelo menos, a coalizão de vontades já está lá: França, Grã-Bretanha, EUA, Turquia e a Liga Árabe controlada pelo Conselho de Cooperação do Golfo. Autodenominam-se “Amigos da Síria” e, no início de julho, em Paris, decidirão seus próximos passos de mudança de regime.

BHL concede que “salvar o euro é dever imperioso”, mas o drama grego não deve impedir que Hollande dê um telefonema, como fizeram BHL e o antecessor de Hollande, o Rei Sarkô, e convença Rússia e China de que o estado terrorista sírio é águas passadas. BHL, claro, nunca reconhecerá o estado terrorista de Israel contra os palestinos, nem para escapar de ser esmagado por um tanque do exército de Israel. Se não funcionar com Hollande, o alvo seguinte de BHL é David das Arábias Cameron.

BHL insiste que filmou “O juramento de Tobruk” pela Síria. Na Líbia, diz ele, houve “uma real coalizão com países árabes reunidos em coalizão com forças dos Emirados e do Qatar.”
Deve soar com um toque de “the hills are alive with the sound of music” de noviça rebelde, aos ouvidos do Emir do Qatar.
Afinal, o Qatar já comprou metade da Place Vendôme, boa parte da avenida dos Champs-Elysees e praticamente tudo entre a Madeleine e a Opera.
Nada resta a BHL, além de dar um telefonema, ele mesmo, para o francófilo emir, e pedir que financie sua próxima guerra. Mas… Calma lá! O Qatar já está armando os rebeldes sírios. O que resta a BHL? O Irã.