"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 8 de setembro de 2012

PRESIDENTE É "BLINDADA" PARA EVITAR PROTESTOS DE GREVISTAS

Manifestantes ficaram longe de Dilma na parada do 7 de Setembro; ela saiu antes do fim do evento em Brasília

A forte blindagem da presidente Dilma Rousseff foi uma das marcas, ontem, do desfile da Independência, na Esplanada dos Ministérios. O esquema foi cuidadosamente montado para impedir que ela fosse vaiada ou que faixas de protesto pudessem ser vistas por ela. O temor era principalmente que, neste 7 de Setembro, funcionários da Polícia Federal e da Receita Federal, ainda estão em greve, chegassem perto do palanque presidencial, como ocorreu no ano passado.

Desde a madrugada, seguranças da Presidência guardavam as arquibancadas montadas para o desfile, particularmente as mais próximas ao palanque. As vaias, no final do desfile, só foram para o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), quando seu nome foi anunciado. "Que vaias? Não ouvi", disse.


Tapumes foram alinhados em toda a extensão da Esplanada, para que os protestos, que normalmente ocorrem na pista contrária ao desfile, não pudessem ser percebidos. Comandada pelo Gabinete de Segurança Institucional, a blindagem impediu que a população ficasse perto dos palanques - ocupados, em sua maioria, por servidores do Palácio do Planalto e seus familiares.

Dilma Rousseff chegou cedo ao local, em carro aberto, e às 9h13, o início do desfile foi autorizado. O neto Gabriel, de quase dois anos, levado pelos pais, Paula e Rafael, desta vez ficou pouco tempo e não foi tomado ao colo pela presidente.

A determinação da presidente de reduzir o tempo do desfile foi atendido, mas, ainda assim, passou da hora prevista. Impaciente com os longos intervalos entre uma apresentação e outra, às vezes Dilma esticava o pescoço para ver se conseguia enxergar, ao longe, a atração seguinte.

A presidente não esperou a apresentação da Esquadrilha da Fumaça: às 11h05 já estava deixando a Esplanada, onde também estiveram 17 ministros, o presidente da Câmara, Marco Maia, e o do Supremo, Ayres Britto.
Em uma das arquibancadas, perto do Ministério do Planejamento - mas bem longe de Dilma - militantes sindicais da Polícia Federal ocuparam um espaço e dali gritaram acusações ao governo e vaiaram colegas que desfilavam.

Durante a cerimônia, duas ativistas do grupo Femen foram detidas. Sem blusa, as mulheres conseguiram driblar a segurança e fizeram seu protesto em defesa dos direitos das mulheres. Segundo a PM, as duas foram levadas para a delegacia.

08 de setembro de 2012
TÂNIA MONTEIRO , ALANA RIZZO / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

NOVAS PRÁTICAS

 

O julgamento do mensalão está provocando na opinião pública um debate que até bem pouco não se considerava possível, dentro da tradição brasileira de leniência com a corrupção pública.É verdade que não houve mobilização para grandes manifestações nas ruas das principais capitais do país, e nem mesmo em Brasília houve a movimentação que se esperava, a ponto de o Supremo Tribunal Federal ter contratado segurança particular reforçada.

Mas também o mensalão não virou “piada de salão”, como está prestes a descobrir na própria pele o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que fez essa previsão anos atrás, quando se considerava inalcançável pela Justiça brasileira.

A repercussão de suas consequências já se faz sentir tanto nas redes sociais, que escolheram o ministro relator Joaquim Barbosa como seu herói, quanto nas pesquisas eleitorais que estão mostrando a perda de substância política do PT em áreas onde sempre foi bem votado ultimamente, como o Nordeste.

As capitais do país, onde a classe média tem mais peso, estão até o momento rejeitando os candidatos petistas, mesmo que o tema mensalão não tenha entrado com toda força nas campanhas eleitorais e que se saiba que questões locais têm grande influência nas eleições municipais.

O ex-presidente Lula tinha razão quando tentou, ultrapassando todas as margens de segurança e civilidade democrática, adiar o julgamento para depois das eleições. Ele sabia que a combinação dos dois não faria bem à saúde do PT, muito embora os demais partidos também tenham suas culpas parecidas.

O problema do PT é que o julgamento dos políticos do DEM e do PSDB envolvidos em mensalões semelhantes em Brasília e em Minas não está sendo realizado neste momento.

No entanto, a jurisprudência que está sendo criada pelo Supremo Tribunal Federal certamente levará a que os próximos julgamentos desse tipo de crime ocorram sob critérios mais rigorosos do que, por exemplo, aquele que liberou o ex-presidente Collor de Mello.

Além do fato de ele ter sido impedido pelo Congresso, no que parecia ser na ocasião uma punição mais que suficiente por inédita, os hábitos e costumes do país foram se aperfeiçoando, embora estejam longe do ideal.

Uma demonstração clara dessa mudança cultural que vai se forjando no país é a reação generalizada dos advogados criminalistas, e não só os de defesa, e dos petistas ao posicionamento dos juízes do STF.

Alguns dos maiores criminalistas do país estão sendo derrotados, uns por unanimidade, porque basearam suas defesas em teses anacrônicas que o plenário do Supremo está se encarregando de destruir. E tudo dentro dos melhores preceitos constitucionais e da jurisprudência da Corte.

Da mesma maneira, seria impensável há poucos anos a aprovação de uma lei como a do Ficha Limpa, que a muito custo estamos implantando. Também é novidade bem recebida a devolução do dinheiro roubado em diversas instâncias, como começou a ser feito agora no país.

O deputado federal Paulo Maluf luta há anos para preservar o dinheiro que jura não ter no exterior, mas mais cedo ou mais tarde terá que devolvê-lo aos cofres públicos.

O ex-senador Luiz Estevão vai devolver R$ 468 milhões após acordo com Advocacia Geral da União, parte dos recursos desviados do TRT de São Paulo em um dos maiores escândalos de corrupção no país.

Também com relação ao mesmo escândalo, a Suíça autorizou repatriar US$ 7 milhões de conta de ex-juiz Nicolau, dinheiro que estava retido desde 1999 em conta de um banco suíço.
A surpresa das condenações de réus do mensalão já faz com que a opinião pública fique, em vez de saciada em sua sede de Justiça, mais exigente.

Afinal, se deputados federais e ex-ministros estão prestes a ir para a cadeia, e também banqueiros há muito tempo envolvidos em irregularidades nunca punidas, por que não sonhar mais longe e pensar além?

Se o dinheiro roubado é público, como decidiu a maioria do plenário do STF, quem vai reembolsá-lo ao governo? O PT? Os demais ladrões? O Banco Rural?
Até o momento nenhum juiz tocou nesse assunto, que certamente será abordado, assim como o ministro Cezar Peluso, antes de se aposentar, incluiu na pena do réu João Paulo Cunha a cassação de seu mandato.

Deveria ser uma consequência natural da condenação, mas ainda assim a Câmara dos Deputados reage à punição, tentando transformá-la em um assunto interna corporis, quando se trata de um servidor público que desmereceu o cargo que ocupa.

08 de setembro de 2012
Merval Pereira, O Globo

O BRASIL VAI MUDAR?

O Brasil vai mudar?, por Ruy Fabiano

Quando, em 1992, o Senado decidiu impor o impeachment a Fernando Collor – o primeiro da história -, o país supôs estar diante de um marco divisor. O Brasil do passado, dos políticos corruptos e impunes, estava definitivamente derrotado.
Seríamos, a partir dali, um país-modelo.

Houve celebrações, gastou-se muita tinta e papel, sociólogos e cientistas políticos foram entrevistados na TV e o público não duvidava: o novo Brasil começara. “Vamos passar o Brasil a limpo”, dizia um conhecido âncora de telejornal.

Eis que, um ano depois, vem à tona novo escândalo, o primeiro da “nova era”: o orçamento da República estava sendo adulterado na comissão mista do Congresso.

Parlamentares, entre os quais ilustres cabeças coroadas, aprovavam emendas destinando dinheiro público a entidades filantrópicas de fachada, ligadas a parentes e laranjas. Com as grandes empreiteiras – as maiores do país -, acertavam comissões, em troca de polpudas verbas para obras faraônicas.
 
Instalou-se uma CPI, a dos Anões do Orçamento, e foram cassadas lideranças influentes, renovando a crença de que o país havia mudado, que se tratara apenas de um resíduo do passado, punido exemplarmente.
 
Num país, dizia-se, em que o próprio presidente da República havia sido destituído por corrupção, não havia ninguém mais inimputável.

O PT, então o mais vibrante partido de oposição, duvidava disso tudo.
 
Empenhava-se em mostrar que o impeachment e as cassações de mandatos de parlamentares eram meros acidentes de percurso, que a mentalidade delinquente, fruto de uma sociedade burguesa e de um modelo econômico que concentrava renda, não mudara – e não mudaria com nenhum dos partidos que disputavam o poder.
 
Mas acenava com a esperança: era possível, sim, um novo mundo – e que, quando o PT chegasse ao poder, iria implantá-lo. Somente aí haveria um Brasil justo, transparente e decente.
 
Pois bem: os acontecimentos lhe deram razão. A corrupção não cessou. Continuou sua rota de sempre, até que, a certa altura – as eleições de 2002 –, o eleitor decidiu apostar no Brasil novo do PT.
Elegeu Lula presidente da República, na expectativa de estar virando uma página da história.
 
Bastaram, porém, dois meses de governo e veio à tona o primeiro escândalo da nova “nova era”: o sub-chefe da Casa Civil, Waldomiro Diniz, braço direito do ministro José Dirceu, encarregado das articulações parlamentares, fora filmado pedindo propina ao bicheiro Carlos Cachoeira. Foi demitido, mas ninguém questionou o comando a que servia.
 
Na sequência, dois anos depois, veio à tona o Mensalão, que só agora está sendo julgado.

Por absoluta apatia da oposição, que fez muito barulho no início, mas depois silenciou, certa de que Lula perderia sozinho a reeleição, mas o PT manteve-se no poder.
 
Lula, de início, pediu desculpas ao país; depois disse que era tudo caixa dois, prática, segundo ele, generalizada (o que, claro, não a legitima); por fim, negou sua existência, dizendo que não passava de uma tentativa de golpe contra seu governo. E fez sua sucessora.
 
No governo Dilma, nada menos que sete ministros – todos indicados por Lula - foram demitidos na esteira de escândalos de corrupção. E eis que este ano, sete anos após as denúncias, o Mensalão começou a ser julgado.
 
O ceticismo popular era inevitável. Dizia-se que o Supremo Tribunal Federal, na melhor das hipóteses, absolveria os grandes e condenaria os pequenos.
 
Não está sendo assim. O Tribunal está condenando os grandes, indiferente à retórica dos medalhões da advocacia. Instalou-se então um ambiente oposto, de euforia: o país está mudando, jamais o Brasil voltará a ser o mesmo; já não é necessário ato de ofício para condenar corruptos (que nunca deixam ato de ofício), a jurisprudência mudou etc.
 
Mais uma vez, o país está diante da oportunidade de um marco divisor. Mudará? Se depender da oposição, não.
 
Não se ouve uma palavra das lideranças oposicionistas, que nem sequer se deram ao trabalho de frequentar as sessões do STF. O PT quis proibir menção ao mensalão, chegando a ingressar no Tribunal Superior Eleitoral com esse pedido, obviamente rejeitado. Não precisava se preocupar.
 
Com uma oposição gentil como a que aí está, não há razão para temor. Lula deve estar pensando que se preocupou à toa, ao pressionar ministros do STF e ao proclamar que o mensalão jamais existiu.
 
O PT, que dizia deter o monopólio da moralidade, protagonizou a maior imoralidade da história republicana.

Mas a oposição não parece ver nisso nenhum problema. Em algum momento, quando estiver se extinguindo, há de se identificar com o famoso verso de Rimbaud: “Por delicadeza, perdi minha vida”.

08 de agosto de 2012
Ruy Fabiano é jornalista

JOAQUIM BARBOSA ACUSA PROTELAÇÃO

 
O ministro Joaquim Barbosa está enfurecido com o colega Ricardo Lewandowski. Tem dito que o revisor está “enrolando” as sessões para protelar ao máximo o fim do julgamento do mensalão. Reclama que os votos do revisor são mais longos do que os seus, que é o relator, e que, mesmo quando vai concordar, Lewandowski toma mais tempo que ele para se pronunciar.

O ministro Joaquim Barbosa disse a pessoas próximas que não abrirá mão de relatar o mensalão até o fim, mesmo quando for para a presidência do STF, no lugar de Ayres Britto, que sai em novembro. Já se assegurou de que, juridicamente, a manobra é possível.

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O ex-presidente Lula está bem incomodado com o ritmo do julgamento do mensalão. Ao contrário da opinião geral, tem reclamado a interlocutores que os ministros do STF estão sendo céleres como nunca antes na história desse país e que politizaram o processo. Sobre os resultados até o momento, fala cobras e lagartos.

08 de setembro de 2012
Ilimar Franco, O Globo

BANCO RURAL PÕE NOS AUTOS DO MENSALÃO, DOCUMENTO QUE CITA TOFFOLI



Uma certidão da comissão executiva do PT se destaca entre os documentos apresentados ao Banco Rural para compor o cadastro que o partido fez para obter o empréstimo de R$ 3 milhões, sob análise do Supremo Tribunal Federal.

Na ata, constam nomes de dirigentes do partido que se tornaram réus no mensalão: José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Aparece também, na condição de delegado do PT, o então advogado da legenda, José Antônio Dias Toffoli.

O Rural inseriu a certidão nos autos do mensalão, analisados por Toffoli, agora na condição de juiz do Supremo Tribunal Federal. O ministro não se manifestou. Seus auxiliares dizem que a certidão foi expedida dois anos antes do empréstimo e que o fato de ele ter sido delegado do PT é conhecido.

08 de setembro de 2012
Felipe Patury, ÉPOCA

NUMA PRACINHA DA BÉLGICA, A CURIOSIDADE LEVA A APERTAR UM BOTÃO E...

Lá vem adrenalina!

Imagine um dia qualquer, numa praça tranquila, na Bélgica, e um botão convidando: aperte para trazer adrenalina ao pedaço.


Pois é, isso aconteceu quando a TNT, emissora de TV a cabo, lançou um canal de alta definição no país do bem-viver.

Como na emissora, que tem por especialidade os filmes de ação e aventura, nada é muito tranquilo, essa campanha – ao vivo – assustou não só quem se atreveu a apertar o grande botão, como todos os que passavam por ali.

Assistam ao vídeo – e, quem sabe, pensem duas vezes antes de apertar um botão (essa lição já havia sido dada por Alice, a do País das Maravilhas, e seu bolinho “coma-me”).




08 de setembro de 2012
Rita de Sousa
Blog de Ricardo Setti

O SABOR DO BOLO


Por 50 anos, as forças conservadoras têm dito que é preciso crescer o bolo para depois distribuir; e as forças progressistas afirmam que é preciso distribuir para fazer o bolo crescer. O bolo cresceu, mas ficou amargo. É hora de pensar qual o sabor que desejamos para o bolo produzido pela economia brasileira.
Nesse período, a produção cresceu e nos fez a sexta economia do mundo, com R$ 4,1 trilhões por ano, sendo R$ 21 mil para cada brasileiro; as ruas estão cheias de carros e as casas de eletrodomésticos.

Mas ao redor desta abundância, o país continua entre os mais desiguais do mundo, com 10% de sua população analfabeta; 3,8 milhões de crianças fora da escola, das quais muitas nas ruas; as notas do IDEB envergonham e amarram o progresso; as florestas queimam; os campos estão vazios e as cidades inviáveis.

Além disso, a violência no trânsito e no crime deixam cerca de 100 mil mortos por ano, além de dezenas de milhares de deficientes que fazem o Brasil parecer um país recém-saído de uma guerra.

O crescimento econômico baseado no aumento do consumo no mercado interno e na produção de commodities está se esgotando pela falta de poupança e investimentos, pelo endividamento das famílias, por razões ecológicas ou pelo risco de redução na demanda externa.

O estado de bem-estar, incluindo as transferências de renda, não está criando portas de saída para a pobreza e se esgota financeiramente.

O futuro, mesmo se o bolo crescer, não parece promissor. No lugar de crescer para distribuir ou distribuir para crescer, é preciso mudar a receita do bolo, reorientar o propósito do padrão do avanço econômico, social, ecológico e cultural.

O crescimento econômico deve ser visto como um meio para alcançarmos uma sociedade, na qual as pessoas possam andar sem medo; sem a vergonha da posição no campeonato mundial de concentração de renda.

Tenha competitividade decorrente de uma população educada e culta; com um sistema de saúde que atenda nossa população; com todas as crianças bem cuidadas, em boas escolas; com um Estado eficiente, capaz de reduzir a carga fiscal e usar os recursos obtidos para oferecer serviços com qualidade ao público de hoje e do futuro; com processo produtivo capaz de concorrer no mercado internacional, não apenas por custo baixo, mas, sobretudo, pela capacidade de inovar e oferecer novos produtos baseados em alta tecnologia.

Tudo isso deve ser parte da receita para o bolo que, ao crescer, carregará o bem-estar social e a distribuição dos benefícios no presente e no futuro.

Para construir esse novo bolo, é preciso mudar o perfil do PIB, não apenas fazê-lo crescer. Ele deve ser produzido a partir do respeito ao meio ambiente e equilíbrio social e priorizar investimentos que levem o país a ter um novo retrato, especialmente na educação de qualidade para todos.

Porque a educação é o principal condimento do sabor desejado para o bolo que queremos.

08 de setembro de 2012
Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF.

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  • A nuvens lenticulares se formam em altitudes elevadas e normalmente quando o ar úmido passa sobre uma serra e é aquecido sem qualquer transferência de energia térmica
    A nuvens lenticulares se formam em altitudes elevadas e normalmente quando o ar úmido passa sobre uma serra e é aquecido sem qualquer transferência de energia térmica - Doug Allan/Getty Images
     
    08 de setembro de 2012

    QUOSQUE TANDEM, DONA DILMA, ABUTERE PATIENTIA NOSTRA?



    http://www.youtube.com/watch?v=aUjOK31XxnY&feature=player_embedded

    Dilma e a mentira sobre a redução da conta de energia

    DILMA PINÓQUIA VAI PARA AS CÂMERAS DE TV EM PLENA PERÍODO ELEITORAL PARA "DOAR" UM DESCONTO NA CONTA DE LUZ. NA REALIDADE O DESCONTO É A DEVOLUÇÃO DE UMA COBRANÇA INDEVIDA, DETECTADA PELO TCU. VEJAM QUE DILMA TRANSFORMA DEVOLUÇÃO OBRIGATÓRIA, POR COBRANÇA INDEVIDA NA CONTA DE LUZ DO POVO, EM DESCONTO ELEITOREIRO. ESTA GENTALHA PETISTA NÃO TEM LIMITES, NÃO POSSUI O MENOR SENSO DE ÉTICA E COMROMISSO COM A VERDADE.VEJAM, ABAIXO, A REALIDADE:

    Conta de luz: relator do TCU pede R$ 7 bilhões. Ministro vê cobrança indevida e defende devolução a consumidor.

    O ministro Valmir Campelo, relator do processo em curso no Tribunal de Contas da União (TCU) que analisa distorções em reajustes das tarifas de energia elétrica no país, é favorável à devolução de pelo menos R$ 7 bilhões cobrados indevidamente dos consumidores. O processo entrou na pauta do plenário do tribunal ontem, mas um pedido de vistas do ministro Raimundo Carreiro adiou a votação. Antes disso, Campelo leu o relatório e seu voto, em que se manifesta favorável à devolução da quantia indevida cobrada dos brasileiros.


    - Caberá à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) decidir se a devolução será feita de forma individualizada aos consumidores ou se será definida com base nos próximos reajustes tarifários - afirmou o ministro, que ressaltou que o TCU tem uma atribuição constitucional para tomar essa decisão.

    Prejuízo de R$ 1 bi por ano

    A devolução decorre de um erro na metodologia de cálculo dos reajustes tarifários. As tarifas de energia elétrica cobradas entre os anos de 2002 e 2009 apresentaram esse erro, o que pode ter ocasionado um prejuízo mínimo de R$ 1 bilhão por ano aos consumidores no país.

    O voto do ministro Campelo - que ainda não foi analisado pelo plenário do tribunal devido ao pedido de vistas - determina que a Aneel calcule a diferença entre o valor arrecadado e o valor repassado dos encargos e custos de transmissão em relação a cada concessionária desde o primeiro reajuste indevido até fevereiro de 2010.

    A metodologia do cálculo para cada distribuidora de energia elétrica deverá ser apresentada ao Tribunal de Contas da União em 60 dias a partir da publicação do acórdão a ser votado pelo plenário. Não há previsão para quando essa votação irá ocorrer.

    Representantes de entidades de defesa dos consumidores cobraram que seja feita uma correção da metodologia dos reajustes tarifários em 60 dias e lembraram que a própria agência reguladora reconheceu que a arrecadação decorrente do erro não pertence às concessionárias de energia, mas aos consumidores.

    Os "ganhos indevidos", segundo esses representantes, já ultrapassaria R$ 7 bilhões destacados em auditoria realizada pelo TCU em 2008.

    Já os representantes das distribuidoras, da Aneel e do governo presentes no plenário negaram que houvesse ganhos de receita, descumprimentos contratuais e violações aos direitos dos consumidores no episódio.
     

    AVENIDA BRASIL: A NOVELA DO MENSALÃO

    SONINHA CATATAU DECLARA VOTO EM RUSSOMANNO


    Dolores (ex-Soninha Catatau), de Avenida Brasil, diz que é Russomanno desde criancinha

  • BOCA DO LIXO - Preocupado com a circulação de um vídeo em que supostamente apalpa o seio de uma foliã, o candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, entrou na Justiça com um pedido de eliminação do arquivo do YouTube. "Aquilo é uma montagem grosseira. Aquela mão não é minha. Foi plantada ali para me difamar. A Dolores da novela declarou voto em mim", argumentou. "Eu e a pastora Katia Dias somos grandes amigos desde criancinhas. Aquilo era uma matinê do bairro, uma brincadeira inocente"
  • Logo depois, uma moção de apoio ao candidato foi assinada por Baby Consuelo, Mara Maravilha e Regininha Pentecostes (ex-Poltergeist). "Aquele que dentre vós estiver sem pecado que atire a primeira pedra", bradou Monique Evans citando o capítulo 8 do Evangelho de João. "Não se pode julgar uma ovelha por sua vida errante antes de encontrar o pastor", enfatizou.

    A apresentadora Xuxa Meneghel, que já passou por experiência semelhante com a insistente divulgação de imagens do filme "Amor, Estranho Amor", em que participa de cenas tórridas com um pré-adolescente, também divulgou uma carta aberta de solidariedade a Russomanno. "Desde a criação desse YouTube e do Canal Brasil, ninguém mais pode dormir tranquilo".

    Em nota, a pastora Kátia afirmou que não guarda nem trauma nem mágoa do episódio. Seu assessor de imprensa, no entanto, disse que ela prefere não divulgar seu voto. "Estando bom para ambas as partes, Celso Russomanno, Aqui Agora", sentenciou o candidato.


     
    08 de setembro de 2012
    The i-Piaui Herald

    "PROTECIONISMO E MEDIOCRIDADE"

     
    Mais uma vez a mediocridade venceu e o Brasil continuará disputando na retranca o jogo do comércio internacional, como se a sua indústria tivesse voltado à menoridade e fosse irremediavelmente incapaz de enfrentar a concorrência. A decisão de ampliar as barreiras protetoras foi anunciada pelo governo um dia depois de publicados os números da balança comercial. De janeiro a agosto o valor total exportado foi 4,8% menor que o de um ano antes.

    O importado ficou 0,7% abaixo do registrado em 2011 em igual período. O problema é a crise externa, insistiu o governo, e sua reação, tão simplista quanto o diagnóstico, foi o aumento do protecionismo. A medida foi sacramentada terça-feira em reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex).


    Com o novo lance protecionista, as alíquotas de cem produtos, antes na faixa de 12% a 18%, foram elevadas para 25%. Em vários casos a restrição é duplicada, porque a medida vale também para mercadorias já protegidas por medidas antidumping. Até outubro mais uma centena de itens poderá entrar na lista.

    O ministro da Fazenda, Guido Mantega, justificou a iniciativa com uma alegação singela: a crise global gerou excesso de oferta, a competição tornou-se mais intensa, os preços caíram e muitos procuram o mercado brasileiro para desencalhar seus produtos. Isso é visto, naturalmente, como grave ameaça às indústrias do Brasil.

    É normal a queda de preços num cenário de estagnação. O ministro da Fazenda deve saber disso. Mas nem todo produto exportado para o Brasil chega ao País com preços excepcionalmente baixos. Além disso, a indústria brasileira já era protegida, antes da nova decisão da Camex, por impostos mais altos que os da maior parte dos países concorrentes. O problema é obviamente de outra ordem.

    O governo deveria preocupar-se muito mais com os custos e com a produtividade da economia nacional do que com os preços dos concorrentes. Para os casos de concorrência fora das regras internacionais, há os remédios previstos em acordos, como as medidas antidumping, já usadas no País. Para surtos de importação causadores de danos, pode-se recorrer a salvaguardas temporárias, também reguladas internacionalmente.

    Fora dos casos de legítima defesa, a adoção de barreiras tem efeitos muito limitados e perigosos para o País. Alíquotas elevadas e outros meios de proteção afetam o jogo no mercado interno, mas são insuficientes para tornar as empresas mais competitivas no exterior. A opção pelo protecionismo é também uma opção pelo passado, quando raras indústrias se aventuravam no mercado internacional.

    Quando essa política prevalece, as empresas tendem a se acomodar no ambiente interno, beneficiadas pela reserva de mercado, e abandonam os esforços para se tornar mais produtivas e mais capazes de oferecer produtos de qualidade internacional. O Brasil viveu essa experiência durante muito tempo.

    Espetáculo semelhante está em cartaz na Argentina, onde os empresários da indústria há muito tempo decidiram, com o apoio do governo, abandonar os esforços para competir internacionalmente. O Brasil tem suportado boa parte dos custos desse espetáculo, como exportador sujeito a barreiras intermináveis e importador empenhado na política de boa vizinhança.

    O governo anunciou também a intenção de retomar, juntamente com o Mercosul, as negociações de um acordo comercial com a União Europeia e de iniciar conversações com o Canadá. As negociações com os europeus emperraram várias vezes. A oposição argentina à redução de barreiras à importação de bens industriais tem sido um dos principais entraves.

    Com a recaída protecionista de boa parte da indústria brasileira, fica difícil imaginar como poderão progredir as novas negociações. Curiosamente, os industriais brasileiros conhecem seus principais problemas de competitividade e sabem da responsabilidade do governo por boa parte deles (impostos, logística, burocracia, educação, etc.).

    Mas preferem acomodar-se atrás das barreiras a pressionar as autoridades para adotar políticas mais sérias a favor da eficiência. As autoridades agradecem.

    08 de setembro de 2012
    Editorial de O Estado de S. Paulo

    "A ASSOCIAÇÃO ENTRE CRIME E POLÍTICA"

     

    Não é possível prever o desfecho do julgamento do mensalão, mas já é visível o esboço de um grande golpe dado com dinheiro público por interesses político-partidários

    Passadas as primeiras sessões de julgamento do mensalão, ou da Ação Penal 470, é possível que as atenções para o plenário do Supremo Tribunal Federal tenham se reduzido. Mas é provável que o julgamento volte a conquistar audiência quando estiver na pauta a ação do “núcleo político” da “organização criminosa” denunciada pelo Ministério Público Federal, em que se destacam o ex-ministro José Dirceu, além de José Genoíno e Delúbio Soares, ex-presidente e ex-tesoureiro do PT.

    Continua sendo um exercício arriscado prever o destino dos réus ainda não julgados, mas, vencidas as primeiras “fatias” do julgamento, se ainda é temerário arriscar profecias, pode-se, ao menos, identificar um esboço nítido de um caso de fato histórico em que a política e a criminalidade se deram as mãos como poucas vezes visto com tamanha nitidez.

    Fora o destino do deputado João Paulo Cunha, de Marcos Valério e sócios, no caso dos R$ 50 mil pagos ao ex-presidente da Câmara — em que houve total divergência entre os ministros Ricardo Lewandowski, revisor do processo, e Dias Toffoli, convencidos da inocência dos acusados, e o resto da Corte, que os condenou —, não ocorreram até agora grandes discrepâncias nos veredictos.

    A divergência é mais sutil, e só deve ser esclarecida, por maioria de votos, daqui para frente. Pelos votos dados e exposições feitas, Lewandowski e Toffoli parecem considerar estanques alguns dos grupos denunciados pelo MP. E também não se pode entender a concordância dos dois com condenações defendidas pelo relator, Joaquim Barbosa, como indício de que reconhecem a existência do mensalão.

    Por esta visão, Henrique Pizzolato transferiu milhões do Banco do Brasil para Marcos Valério apenas em troca de propina. Houve, sim, fraude nos empréstimos liberados pelo Banco Rural a Marcos Valério — mas em troca da ação deste como lobista em Brasília. Esta interpretação dos fatos será discutida quando surgir de forma direta a tese de que todo aquele movimento de dinheiro sujo serviu “apenas” para abastecer caixa dois de partidos e políticos.

    E não para a compra de apoio e votos no Congresso. Haja o que houver, o cenário que já emerge do julgamento não deixa bem grupos do PT e partidos aliados. Seja caixa dois ou mensalão, não importa, materializa-se no Pleno do STF um enorme golpe com desvio de dinheiro público e tráfico de influência por interesses político-partidários.

    Explica-se o destempero do presidente do PT, Rui Falcão. Diante de um início de julgamento pouco promissor para mensaleiros do partido, o dirigente denunciou um risível “golpe” da “direita”, com a indefectível inclusão da “mídia conservadora”, do qual o STF seria “instrumento”. Além de ser um ataque demente a um tribunal que dá constantes demonstrações de seriedade e equilíbrio, o militante tenta ressuscitar uma desculpa hilariante. Se nunca foi levada a sério a tese do “golpe”, depois de iniciado o julgamento ela virou de vez piada de salão.

    08 de setembro de 2012
    Editorial d'O Globo

    "CHÁVEZ USA O VELHO DISCURSO DO MEDO"



    Se já atropelaram a “cláusula democrática” do Mercosul, aliados do caudilho no bloco podem ficar em posição mais delicada a depender da reação dele às eleições

    Num país em que a violência se tornou a principal preocupação da população, Hugo Chávez, que, pela primeira vez, enfrentará um rival com chances reais de vitória nas eleições de 7 de outubro, recorre ao discurso do medo para transmitir ao eleitorado a ideia de que será ele ou o caos. “Talvez não aconteça uma guerra civil, mas o país mergulhará numa crise política, econômica e social”, disse. A violência chegou à campanha: em Zulia, seis partidários da oposição foram baleados por aliados do chavismo durante uma votação simulada.

    A situação é nova em alguns aspectos, nem tanto em outros. As oposições se uniram e lançaram candidato único, Henrique Capriles Radonski, governador do estado de Miranda, que promete uma Venezuela moderna, livre de apagões. E Chávez vem de uma batalha terrível contra o câncer, que o obrigou a longas internações para tratamento em Cuba e do qual se diz curado, embora haja ampla especulação sobre sua saúde. De qualquer forma, salvo problemas de última hora, ele concorrerá mais uma vez.

    A abandonada infraestrutura venezuelana começou a conspirar contra Chávez. Houve uma tragédia na refinaria de Amuay, onde um incêndio matou 48 pessoas. Relatório da petroleira estatal PDVSA admitiu que sete das nove paradas de manutenção de 2011 foram adiadas. Em Miranda, a queda de uma ponte de 78 anos de idade isolou 24 mil pessoas. É um atestado de incompetência do governo, que prefere usar o dinheiro do Estado em proselitismo político, no país e no exterior.

    Chávez está à frente em quase todas as pesquisas de intenção de voto. O grosso de seu eleitorado se encontra nas camadas populares, que teme perder as benesses de inúmeros programas de assistência criados por seu governo, que transformou entes estatais, como a PDVSA, em caixa forte do assistencialismo. Houve redução da pobreza, mas a um alto preço econômico.

    A grande incógnita é se Chávez, derrotado, entregará o poder. Sua trajetória nesses últimos 13 anos não ajuda. Eleito em 1998, ao tomar posse baniu os partidos políticos e fez uma reforma que transformou o Legislativo em câmara única, sob seu domínio, e interveio no Judiciário, nomeando juízes que garantissem maioria chavista nas decisões. Passou a governar por referendos, valendo-se da ausência de oposição, reprimida, e do enfraquecimento da imprensa independente, perseguida.

    O Brasil é o principal fiador do ingresso da Venezuela no Mercosul. O impeachment de Lugo, do Paraguai, foi considerado um “golpe” e o país, suspenso, por força da “cláusula democrática”. Como o Paraguai era o único membro que se opunha à entrada da Venezuela, aproveitou-se, espertamente, para admiti-la. A democracia tutelada de Chávez não foi obstáculo à sua entrada no bloco. Mas, se o caudilho reagir com violência a uma derrota nas urnas, colocará de vez em xeque Brasil, Argentina e Uruguai.

    08 de setembro de 2012
    Editorial O Globo

    OFÍCIO E PAIXÃO

     

    jornalista_101
    8 de setembro é o Dia Internacional do Jornalista, instituído pela Organização das Nações Unidas após a morte Julius Fucik, jornalista que lutou contra o nazismo na antiga Tchecolslováquia
     
    08 de setembro de 2012

    ENERGIA ELÉTRICA VAI FICAR 16% MAIS BARATA O CARALEO!!!


    Ontem na TV, a PresidANTA Dilmarionete Ducheff berrou aos quatro ventos que o país está avançando a ponto de poder baixar as tarifas de energia elétrica em 16% para o consumidor residencial, e 28% para os consumidores da produção.
    Mais uma vez as Ratazanas Vermelhas promovem um estelionato eleitoral para cima do festeiro povo burro que compra esses "pacotes" de bondade do DESgoverno.
    Esse pacotão, na verdade, é apenas o cumprimento de uma condenação que o governo recebeu junto com as empresas de energia por terem cobrado tarifas acima do especificado nos contratos desde 2002.

    O "superavit" que as concessionárias tiveram foi na casa dos 7 BILHÕES.

    O TCU identificou que nos últimos dez anos o consumidor Brasuca vem desembolsando valores acima do real.

    O DESgoverno foi notificado que deveria devolver esse montante estelionatariamente garfado dos consumidores e as concessionárias começaram a gritaria avisando que se tivessem que desembolsar esses valores iriam quebrar.

    Bem, e justamente próximo as eleições municipais onde o PT está levando uma banho nas mais diversas cidades do país. Vem a presidANTA Dentuça à TV e lança nos cornos dos desinformados que o BOM DESGOVERNO dos PTralhas está trabalhando para melhorar a vida da população.

    Esse pacotão de bondades nada mais é que o cumprimento de uma ação que o TCU promoveu contra o governo e as concessionárias.
    E na verdade, o desconto que iremos receber nada mais é que a devolução do que pagamos antecipadamente, e continuaríamos pagando caso o TCU não tivesse olhado para esses contratos.

    O bom DESgoverno sabia há 10 anos que as tarifas estavam super faturadas, e só agora que a merda agarrou para eles é que resolveram devolver os "a mais" cobrados em forma de um pacotão de bondades que nada mais é do que outra tentativa de alavancar as candidaturas dos Ratos Vermelhos, que na verdade, estão perdendo as eleições por conta do mensalão.

    E de mais a mais, se o pacotão vai valer para 2013, porque o DESgoverno não fez o anúncio somente após as eleições?
    Pensem nisso.
     
    08 de setembro de 2012
    omascate

    NA PORTA DO CÉU

    Roberto DaMatta


    Da hoje talvez esquecida obra do psicólogo existencial Rollo May (1909- 1994), ficou em mim a marca de dois dos seus livros. O do famoso “Amor e vontade” (de 1969); e de “Coragem para criar” (de 1975) que li na Universidade de Cambridge, Inglaterra, quando visitava brevemente o seu Centro para Estudos Latino-Americanos, em 1978, e lá terminava o meu livro “Carnavais, Malandros e Heróis”, no qual tentei revelar o Brasil pelo seu avesso conflitivo, dilemático e hierárquico por meio de instituições tidas como inocentes como o carnaval, o você sabe com quem está falando e os seus heróis – alguns vistos como santos, outros como bandidos, quase todos como malandros.
    Era preciso alguma coragem para escrever sobre o Brasil sem falar em classes sociais, usar o estruturalismo de Dumont e Lévi-Strauss (tido como a miséria da razão) e citar o reacionário Alexis de Tocqueville e não o revolucionário Karl Marx.

    Num desses livros, Rollo May conta o drama do jovem pesquisador que morreu e, chegando à porta do Paraíso, é julgado por São Pedro. No solene rito territorial que vai decidir sua futura vida eterna no Céu ou no Inferno (lembro que Rollo nasceu em Ada, Ohio, e que para os calvinistas não há o razoável e passageiro Purgatório com suas indulgências), o jovem decide que o melhor caminho é confessar e vai logo dizendo que tinha falsificado os dados de sua tese de doutorado em Psicologia Experimental. O calejado porteiro celestial olha para aquela alma, transparente na sua patética autoconfissão, e profere: “Não, meu jovem. O que pesa na sua vida não foi essa banal falsificação.

    Falsificar e enganar são dimensões constitutivas dos mortais. Esse é um pecado que não levamos muito a sério aqui em cima. O seu grande pecado, aquele que pode efetivamente condená-lo, é que você foi enviado para um teatro de horrores e para um vale de lágrimas e, no seu trabalho, você o reduziu a um mero circo de cavalinhos. Sua tarefa era compreender as tremendas contradições que são parte da vida emocional emoldurada pela razão e você reduziu tudo a um problema de estímulo e resposta!”. Hoje, São Pedro certamente mencionaria a neurociência, esse novo reducionismo ocidental.

    Ninguém quer destruir ninguém e muito menos um partido com a importância do PT
    Tenho sido perseguido por essa passagem e talvez seja por isso que hoje, velho e um tanto cansado dos teóricos que pululam nas universidades, eu prefira ler literatura onde ninguém precisa falsificar coisa alguma, porque tudo já está falsificado, satisfazendo de sobra aquilo que buscamos.
    A falsificação convincente, com início, meio e fim, que tanto leva a admirar a temeridade do ladrão, a ousadia e a natural mendacidade dos políticos, quanto a bravura sisuda de um deslindador profissional de mentiras, como é o caso dos juízes os quais, com a intrepidez de Teseu, entram no labirinto do monstruoso Minotauro e, confiantes no tênue (mas mágico) fio de Ariadne não se perdem no dédalo das mentiras, as quais destroem, estabelecendo no ritual do julgamento (esse ato público de regeneração moral) o fim das falsidades.

    * * * *
    Essa parábola do julgamento do jovem cientista tem sido o meu emblema neste histórico e crucial ajuizamento do mensalão. Tenho assistido com assiduidade e interesse à atuação dos magistrados e dos defensores e me orgulhado de seus desempenhos. O drama da Justiça ao vivo, num caso tão importante quanto complicado e delicado para a vida democrática do nosso país, é muito semelhante à entrada no Céu ou o risco de deslindar confusões e decidir o caminho nas encruzilhadas.

    Espantou-me como a maioria dos magistrados buscou com zelo e lucidez os fios mágicos – dentro daquilo que os juristas chamam de “contraditório” – para realizar um percurso em busca de uma verdade com duas caras: a da promotoria e a da defesa. Sem, diga-se de passagem, esquecer o direito dos réus. Tudo na ausência da autoridade de um poder final ou divino, exceto aquelas manifestações de onipotência humana que fazem parte de todo confronto público em que o foco é a divergência e por isso mesmo prevalece a regra da lei.

    Esse espetáculo de civilidade deve ser não apenas louvado, mas visto por todos, sobretudo pelos lulo-petistas que estão no governo e nele ocupam cargos da mais alta responsabilidade.

    Outro dia, um velho e querido amigo petista reclamou comigo da “politização” do caso. Mas como poderia ser de outro modo se tudo o que era do PT (e da chamada “esquerda” em geral) – do café da manhã aos desfiles carnavalescos e os jogos de futebol, sem esquecer o amor e o sexo – era (ou deveria ser) politizado? E como não ter desdobramentos políticos se o caso começa precisamente motivado por uma perspectiva da política e do poder? O que não se pode fazer é psicologizar o mensalão. Porque nesse caso seria bem pior e o julgamento entraria no terreno das compulsões e esquizofrenias nas quais a mão esquerda ignora a mão direita e deseja decepá-la, como é corrente no caso dos que escolhem o extremo como rotina e método. Ademais, se o caso fosse lido por psicólogos, alguns acabariam num hospício.

    Por outro lado, essa politização está contida pelas etiquetas legais e pelos procedimentos jurídicos. Ninguém deseja destruir ninguém e muito menos um partido com a importância do PT. Agora, julgar aquilo que surgiu como engodo coletivo e como um plano para evitar o jogo liberal e igualitário de ganhar para depois perder e, em seguida, ganhar novamente, como sendo um evento trivial seria não somente leviandade, mas uma fuga dos desafios que a democracia demanda da sociedade brasileira.

    Por isso, não há como fugir dessas duras viagens pelos labirintos das verdades e das mentiras. Por mais que isso aflija os que estão no mais alto poder e os que lá estiveram e se sentiram como deuses; ou fantasiaram o mundo como um circo de cavalinhos e pensaram que todos eram otários.

    6 de setembro de 2012
    Roberto DaMatta
    Fonte: O Estado de S. Paulo, 05/09/2012

    DO OBSERVATÓRIO PLANETÁRIO. É MOLE?



    Charge - Por isso peço seu voto
     

    O M A S C A T E
     
    08 de setembro de 2012

    O COMPANHEIRO EGÍPCIO QUE O GOVERNO LULA TENTOU INSTALAR NA DIREÇÃO-GERAL DA UNESCO É MAIS UM LADRÃO A CAMINHO DA CADEIA

     

    Em maio de 2009, durante uma audiência no Congresso, o então chanceler Celso Amorim confessou que o governo Lula não queria o engenheiro brasileiro Márcio Barbosa na direção-geral da Unesco ─ sigla que identifica a Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura. Vice-diretor da entidade, Barbosa tinha o apoio da maioria dos 58 integrantes do comitê executivo.
    Só faltava o endosso do Itamaraty à candidatura. Mas Lula e Amorim nunca perderam uma chance de errar: preferiram um egípcio.

    E que egípcio: Farouk Hosni, ministro da Cultura do ditador Hosni Mubarak, dormia sonhando com a destruição de Israel e acordava com alguma idéia cretina inspirada no Holocausto. Uma delas era a queima em praça pública de todos os livros editados em hebraico. No sarau com os parlamentares, Amorim argumentou que Márcio Barbosa seria sacrificado no altar dos superiores interesses da pátria.

    “Fizemos uma opção geopolítica”, pipilou o Pintassilgo do Planalto. “O Brasil tem uma política de aproximação com os países árabes e africanos, que apoiam a candidatura egípcia”.
    E as maluquices ditas e feitas pelo candidato? Algumas haviam sido “pouco felizes”, concedeu o executor da diplomacia da cafajestagem. “Mas tenho certeza de que ele pautará sua gestão à frente da Unesco por um diálogo de civilizações”.

    Em junho de 2009, Barbosa desistiu formalmente da disputa.Para sorte da Unesco, Farouk Hosni foi derrotado em setembro por 31 votos a 27 pela diplomata búlgara Irina Bokova. Para alívio do mundo civilizado, meses depois perdeu o emprego e o poder com o desabamento da ditadura de Mubarak.

    Na semana passada, enquanto Márcio Barbosa continuava concentrado na execução de megaprojetos culturais encomendados por países árabes, o escolhido por Amorim para aproximar o Brasil dos países árabes estava preso no Cairo. Nesta quarta-feira, Farouk Hosni começou a ser julgado pelo roubo de 2,35 milhões de euros dos cofres públicos. Vai ficar um bom tempo na gaiola.

    Enfurnado no gabinete de ministro da Defesa, o Pintassilgo do Planalto avisou que não fala sobre assuntos externos. Lula faz de conta que nunca ouviu falar no ex-ministro da Cultura e quase diretor-geral da Unesco. Atarantado com os pedidos de socorro de mensaleiros em pânico e candidatos a prefeito em parafuso, o Protetor dos Pecadores não tem tempo nem cabeça para pensar no companheiro egípcio.

    É só mais um bandido internacional de estimação em apuros. Se fingiu que mal conhecia o “amigo, irmão e líder” quando Muamar Kadafi matava oposicionistas em busca da sobrevivência impossível, não é com um Farouk Hosni que Lula vai desperdiçar o tempo que pode ser usado num comício.

    Em janeiro de 2003, o presidente da República decidiu que a política externa brasileira faria a opção preferencial pela canalhice. Gente assim não se aflige por tão pouco, nem perde o sono com parceiros em desgraça.

    08 de setembro de 2012
    Augusto Nunes

    LUZES DE ESTRELAS MORTAS


    Escrevia eu ontem que a covardia intelectual dos velhos comunistas é a razão pela qual eles ainda existem. Não ousam admitir que toda sua vida foi inútil, senão criminosa, como também suas obras. Isso do ponto de vista individual. Do ponto de vista social, o que formou tais celerados foi uma rígida censura – não traduzida em lei, mas mais eficaz que as leis de qualquer ditadura – imposta pelos detentores da cultura no país. Le fonds de l’air est rouge, diziam os “revolucionários” de 68 em Paris. Entre nós, desde muito antes de 68 o fundo do ar já era vermelho. Livros vitais para a compreensão do século foram proibidos no Brasil. Não pelo governo. Mas pelos donos da cultura nacional.

    Comentei também Le Dieu des ténèbres, livro não publicado no Brasil, com o depoimento de seis escritores que abandonaram o comunismo nos anos 50. Dentro do livro, encontrei um recorte com uma resenha de Rachel de Queiroz, publicada no Correio do Povo Porto Alegre), em 26/10/69. Dizia então a escritora:

    “Trata-se portanto de um livro que deveria circular amplamente pelo Brasil, mormente agora, quando se sabe, se vê, se proclama e se testemunha que a guerra subversiva está em marcha contra nós. Representa uma obra dessas uma forma inteligente e superior de contra-propaganda muito mais eficiente, me parece, que a simples denúncia ou os chamados “argumentos de autoridade”, ou as objurgatórias de uso comum. Cada depoimento desses traz em si um cheiro inegável de verdade, de experiências vivida, de memória contemporânea; e essa sinceridade paira acima de tudo, transcende até mesmo da mestria profissional do asutores em causa, do envolvimento em que nos poderia trazer a celebridade deles todos, o alto lugar que ocupam nas letras mundiais.

    “Minha amiga, a excelente tradutora Ruth Leão, tem tal entusiasmo por essa obra coletiva, que já lhe traduziu um dos capítulos – de Koestler – e está pronta a traduzir o resto, se algum editor se interessar”.

    É claro que editor algum se interessou. Naqueles anos, no Brasil era sacrilégio publicar qualquer palavrinha contra o Paizinho dos Povos, como era chamado Stálin. Seus crimes já haviam sido denunciados após as purgas de 35, após a affaire Kravchenko em 49. Seriam logo depois denunciados por Kruschev, em 54. Mas sua aura de santo continuaria intacta entre nós, mesmo décadas mais tarde.

    Assim como a Igreja teve seu Index Prohibitorum, as esquerdas tinham também sua listinha de autores proibidos. L'Homme révolté, o mais importante ensaio de Camus, publicado em 51, só surgiu no Brasil no final dos 90, quase meio século depois de editado em Paris, após a Queda do Muro e o desmoronamento do comunismo. Ao chegar ao leitor brasileiro, havia perdido muito de seu sentido, pois já caíra a mais longa ditadura do século.

    Hoje, mais que uma obra de combate, L'Homme révolté é o testemunho histórico de um escritor que não se deixou enganar pela utopia soviética. Em todo caso, a polêmica de Camus com d'Astier de la Vigerie, um dos mais vibrantes textos do autor argelino, publicado em suas obras completas, sob o título "Ni Victimes, ni bourreaux", continua solenemente ignorado no Brasil.

    Muitos outros foram os livros subtraídos ao leitor brasileiro. Livros que teriam modificado substancialmente os rumos do país, se tivéssemos editores de coragem. Arrolo alguns títulos para o leitor mais curioso. Como passei alguns anos no exterior — sem falar dos que vivia no interior gaúcho, onde raros livros chegam, e sem falar dos anos em que eu sequer vivia — posso cometer algum lapso. Que o leitor melhor informado me corrija.

    Um dos mais significativos foi Vers l'autre flamme, do escritor romeno de expressão francesa, Panaïti Istrati. Primeira denúncia do stalinismo, foi publicado na França em 1929 e só reeditado em 1980. Suas Obras Completas foram publicadas pela Gallimard, exceto Vers l'autre flamme, cujos originais levam Romain Rolland, seu padrinho literário em Paris, a aconselhá-lo: "Isto será uma paulada a toda Rússia. Estas páginas são sagradas, elas devem ser consagradas nos arquivos da Revolução Eterna, em seu Livro de Ouro. Nós lhe estimamos ainda mais e lhe veneramos por tê-las escrito. Mas não as publique jamais". Claro que tal livro jamais seria publicado no Brasil.

    Arthur Koestler, um dos autores de Le Dieu des ténèbres, é uma outra lacuna injustificável nas edições nacionais. Sua autobiografia está em Arrow in the Blue e The Invisible Writing, uma fascinante viagem intelectual de um homem que perambulou por toda a Europa e pelas ideologias de sua época. Judeu húngaro de cultura cosmopolita, militante sionista e marxista, Koestler viveu em Israel, Moscou, Viena, Paris, Berlim e inclusive participou da Guerra Civil Espanhola. Leituras fundamentais para entender-se o debate ideológico da Europa na primeira metade do século passado, jamais chegaram ao leitor brasileiro.

    A biografia clássica do ditador russo, Staline, de Boris Souvarine, publicada em 1939, nem pensar. Outra biografia não menos importante, em dois volumes, é a de Alam B. Ulam, publicada em 1973, nos Estados Unidos. No Brasil, quase criou-se um gênero literário, a literatura laudatória de Castro e Che, que chegava a ter estantes especiais nas livrarias. Passou-se mais de quarto de século, no entanto, e os editores brasileiros sequer se dignaram a publicar o livro de Ulam. A Nova Fronteira, diga-se de passagem, publicou Os Bolcheviques, em 76. Mas esta obra, que deveria fazer parte dos currículos universitários, hoje você só a encontra em sebos e olhe lá.

    De autores brasileiros, raríssimas foram as denúncias. Em 1954, o jornalista gaúcho Orlando Loureiro publicou A Sombra do Kremlin, relato de sua viagem a Moscou em 1952. Procure nos sebos. Há ainda Os Camaradas, de William Wack, certamente o melhor ensaio publicado entre nós sobre a tentativa de Stalin instalar um regime comunista no Brasil. Verdade que não é muito original. Antes de Waack, Osvaldo Peralva, apparatchik do Komintern, havia denunciado a trama do Kremlin, em O Retrato, (Porto Alegre, Editora Globo, 1962). Se Peralva apenas testemunhava, Waack comprovava a intriga com pesquisas in loco, em Moscou.

    Também foi publicado no Brasil A Nova Classe, do dissidente montenegrino Milovan Djilas. Publicado em 1957, este ensaio fazia uma análise do sistema comunista iugoslavo, denunciando-o como um regime não igualitário, que estabelecera uma "nova classe" privilegiada do partido, que gozava de benefícios materiais a partir de suas posições. Djilas sabia do que falava: “Eu fiz todo o caminho que pode fazer um comunista, do baixo da escada até o topo, de funções locais a funções nacionais, depois internacionais, da fundação do Partido até a instauração disso que se chama sociedade socialista”. Embora se declarasse abertamente marxista, o autor fazia um requisitório contra a “nova classe”.

    Este livro, hoje, é raridade bibliográfica. Teve a virtude de inspirar um outro, A Nomenklatura, do russo Mikhail Voslenski, de 1970, traduzido no Brasil pela editora Record, como A nomenklatura, como vivem as classes privilegiadas na União Soviética. Se você tem ainda algum interesse pelo finado comunismo, pode também encontrar o livro em algum sebo.

    De David Caute, que elaborou importantes ensaios como The Great Fear, Communism and the french intellectuals (1914-1966), The Fellow Travellers (1917-1968) ou Sixty-Eight, o leitor brasileiro nem ouviu falar. Le stalinisme, de Roy Medvedev, publicado em 71, nos EUA, com o título Let History Judge, jamais deu as caras em nossas livrarias. Les Staliniens, de Dominique Desanti, de 1975, muito menos. Les Origines intellectueles du leninisme, de Alain Bensançon, nem falar. L'Affaire Kravchenko, de Guillaume Malaurie, nem sombra.

    Falei certa vez, em um debate universitário, sobre Pol Pot. Ninguém jamais ouvira falar do homem. Se nossos universitários nem sabem quem foi Pol Pot, podemos imaginar o que devem conhecer de Kravchenko. Me consta que o livro do dissidente russo, que desmitificou definitivamente o stalinismo, J'ai choisi la liberté, foi traduzido nos anos 50 entre nós. O título virou motivo de derrisão entre a intelligentsia tupiniquim. Toda vez que alguém criticava Moscou e seus ucasses, não faltava quem perguntasse ironicamente: ah, você também escolheu a liberdade?

    Hoje, é verdade, já está surgindo uma abundante literatura sobre o assunto. Você já pode encontrar boas biografias de Lênin, Stálin e Mao, como as de Robert Service, Simon Sebag Montefiori e Jon Halliday. Ano passado, foi publicado pela Record Ascensão e Queda do Comunismo, calhamaço de 854 páginas do historiador escocês Archie Brown.

    A mesma editora já publicara, em 2007, O Século Soviético — Da Revolução de 1917 ao Colapso da URSS, do historiador polonês Moshe Lewin. Em 2008, a Nova Fronteira publicou Os Sete Chefes do Império Soviético, do historiador e general russo Dmitri Volkogonov. Mas o livro era de 1999.

    Antes tarde do que nunca. Mas ser valente depois de o bandido morto não tem maiores méritos. Estes livros hoje soam como evocações fúnebres de um passado distante. Falam de cadáveres. Quando os cadáveres eram vivos e exerciam seus poderes – ou seja, quando mais precisavam ser combatidos – a intelligentsia nacional permaneceu silente.

    Recém agora, na última década, estamos recebendo informações de um regime que morreu há duas décadas. É como receber luzes de estrelas mortas.


    08 de setembro de 2012
    janer cristaldo

    DECISÕES DO STF ESTÃO LEVANDO LULA À BEIRA DO DESCONTROLE


    Que avaliação deve ser feita do julgamento do mensalão? O que o PT deve fazer se a condenação for generalizada?
    As duas perguntas foram o centro de um sigiloso encontro no dia 2, no Instituto Lula, em São Paulo, que reuniu nada menos do que Márcio Thomaz Bastos, José Dirceu, Rui Falcão, Sigmaringa Seixas, e, claro, Lula.
    Uma das conclusões foi a de que todo o esforço para a vitória nas grandes capitais deve ser feito. Elas seriam usadas como base do discurso de defesa, na linha “O STF condenou,
    mas o povo continua com o PT ”.

    Outra decisão: os dirigentes petistas têm que partir para o ataque imediatamente. Resultado disso foi a patética declaração de Falcão, dada dias depois, de que o STF, “unido a uma elite suja e reacionária”, faria parte de um “golpe” para derrubar o PT .
    De acordo com um dos participantes da reunião, as decisões do STF estão levando Lula à beira do descontrole.
    Da coluna de Lauro Jardim do site da revista Veja
     
    08 de setembro de 2012
    in aluizio amorim

    QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



    08 de setembro de 2012

    O TOTALITARISMO VESTE ARMANI

           
              Artigos - Governo do PT 
           
    A expressão PIG, criada por Paulo Henrique Amorim, prontamente acolhida pelo totalitarismo de terno Armani e seus exércitos, só se explica pela dificuldade de conviver com a crítica, com a oposição, com a fiscalização da imprensa livre, com um judiciário independente e, portanto, com a própria democracia.

    O velho totalitarismo tornou-se mestre do disfarce. Durante alguns anos, se fez de morto. Ganhou sapato novo. E chegou ao poder no dia 1º de janeiro de 2003. Hoje, desfila de terno Armani.

    Se você, leitor, é daqueles que ainda imaginam o totalitarismo parado numa esquina, maltrapilho, barba por fazer, banho por tomar, distribuindo panfletos contra os patrões e seu "sistema", engana-se. O totalitarismo está no poder e sua panfletagem se dá pela web. Conta com um exército de blogueiros e editores de jornais eletrônicos que fazem a mesma coisa de antes com eficiência muito maior. A velha tática da infiltração para aparelhamento, que outrora ocorria de baixo para cima, agora é feita desde cima, onde há dinheiro à vontade.

    Totalitarismo por quê? talvez esteja se perguntando o leitor destas linhas. Afinal, dirá, o regime é democrático, há eleições e as regras do jogo político são cumpridas. De fato, mas cuidado com os disfarces.
    Não espere o totalitarismo, depois dos vexames que passou mundo afora, exibindo ao público toda sua hórrida nudez. Tampouco o imagine entrincheirado numa encosta de morro, brincando de Fidel Castro e Che Guevara. Nada disso. Renovado, tornou-se sutil. Para reconhecê-lo, é necessário estar atento aos detalhes, observar suas principais afeições políticas, verificar quais são os governantes aos quais dedica seus abraços mais calorosos, o que diz nos fóruns onde solta o verbo, ler as leis que patrocina e o desapreço que manifesta ao cristianismo, à família e à economia de mercado.

    Poderia desfiar exemplos, contar casos acontecidos em debates de que participei ou assisti. No entanto, meu assunto aqui diz respeito a algo novo, a uma recente evidência do que estou afirmando. Todos sabemos o quanto a manipulação do vocabulário serve aos projetos totalitários. Nada era menos republicano, democrático e popular do que as repúblicas democráticas e populares nascidas no século 20.

    Na política, o domínio do vocabulário serve esplendidamente à construção da hegemonia e carimba o passaporte do Príncipe para o poder. Gramsci percebeu isso e, aludindo a Machiavel, disse que o novo príncipe é o partido. Pois bem, se o leitor for atento ao que se fala nos blogs e sites de relacionamento para onde convergem milhões de pessoas no país, por certo já deparou com a palavra PIG. Se não sabe o que é isso, eu traduzo. PIG, que também significa "porco" em inglês, é a sigla de Partido da Imprensa Golpista, expressão criada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim para designar a mídia de oposição ao governo.

    Ora, ora, caros leitores. Se o jogo político está sendo jogado em conformidade com as regras. Se os quartéis estão parados como água de poço tampado. Se não há um único projeto de impeachment tramitando no Congresso Nacional.
    Se a oposição, escangalhada, em vão procura um líder. Se nenhum movimento de massa faz aquilo que o Partido dos Trabalhadores era useiro e vezeiro nas suas campanha de Fora Sarney, Fora Collor, Fora FHC.

    Onde, raios, estão os sinais de golpe? A expressão PIG, criada pelo Amorim, prontamente acolhida pelo totalitarismo de terno Armani e seus exércitos, só se explica pela dificuldade de conviver com a crítica, com a oposição, com a fiscalização da imprensa livre, com um judiciário independente e, portanto, com a própria democracia. Voilá! - conforme queríamos demonstrar. Nem precisaria rejeitar tudo isso junto para ser totalitário.

    A palavra PIG, por fim, me remete às páginas policiais, onde, cotidianamente, se leem matérias sobre crimes passionais cometidos por pessoas que não suportam não serem amadas. Os totalitários tampouco conseguem conviver com quem não lhes presta veneração.

    ***

    Gato por lebre


    Alguém já viu, na propaganda da candidata do PCdoB em Porto Alegre, alguma vez, o símbolo da foice e do martelo? Alguma vez, em destaque, o nome do próprio partido? Eu não vi. O foco está sempre posto no nome da candidata, na letra "M" e no número 65. Por que será?

    E quando algum dos outros candidatos vai apontar para essa escandalosa ocultação que a candidata faz de sua ideologia?


    Escrito por Percival Puggina