"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 28 de agosto de 2012

CONSELHEIRO DO MUNDO 1 e 2

Conselheiro do Mundo


“Vamos ser sinceros: se a Alemanha tivesse resolvido o problema da Grécia anos atrás, a situação não teria piorado deste jeito. Eu já vi pessoas morrerem de gangrena por não cuidarem de uma unha problemática”.

Lula, em entrevista ao jornal americano The New York Times, interrompendo as atividades de consultor-geral do PT para a escolha de candidatos a prefeito, vereador e síndico para reassumir por algumas horas o cargo de Conselheiro do Mundo.


Conselheiro do Mundo (2)

“Sei que a Europa não gosta que a gente opine, mas quando a crise era no Brasil todos eles tinham algo a dizer”.

Lula, em entrevista ao jornal americano The New York Times, comunicando aos demais países do mundo que, se precisarem de alguém para resolver todos os problemas passados, presentes e futuros da Europa, é só telefonar para o Instituto Lula e combinar o preço com Paulo Okamoto, diretor do Departamento de Malas.

28 de agosto de 2012

 

IMAGEM DO DIA

Cachorro senta nas costas de um búfalo no rio Ravi, em Lahore, no Paquistão


Cachorro senta nas costas de um búfalo no rio Ravi, em Lahore, no Paquistão - Mohsin Raza/Reuters
 
28 de agosto de 2012

SUPREMO OBRIGA CAVENDISH A IR À CPI DO CACHOEIRA

 



Apontado como um dos alvos prioritários da CPI do Cachoeira, o empresário Fernando Cavendish terá de comparecer, nesta quarta-feira, à comissão de inquérito, decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF). Sua presença, ao lado do advogado Técio Lins e Silva, foi exigida pelo ministro Cezar Peluso, que, às vésperas de deixar a Corte, concluiu que convocações de CPIs têm de ser atendidas.

Cavendish comandou a Delta até o estouro do escândalo envolvendo o contraventor Carlinhos Cachoeira. Documentos em poder da CPI indicam que ele utilizou a empreiteira para, por meio de laranjas, abastecer o esquema do bicheiro goiano.

Se o comparecimento de Cavendish é obrigatório, o depoimento é opcional. Ele conseguiu de Peluso o direito de permanecer em silêncio e de evitar autoincriminação.

28 de agosto de 2012
(Laryssa Borges, de Brasília)

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO COMENTA PESQUISA DO IG E PROVOCA LULA

 
“Será preciso mais tempo para avaliar o governo Lula”, diz FHC


Poder Online fez uma rápida entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre aenquete do iG que o apontou como o presidente que mais fez pelo País durante seus dois mandatos.
Baseada no conceito de real time, que proporciona uma interação entre todos os usuários do portal, a nova plataforma de enquete foi lançada no final de julho.
Durante sete dias, na semana passada, foram computados 195.028 votos a respeito do desempenho de ex-presidentes. Fernando Henrique Cardoso(PSDB), que governou o Brasil de 1995 a 2002, recebeu 116.306 votos, superando o petista Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), com 63.312. Itamar Franco (1992-1994), a atual presidenta Dilma Rousseff (desde 2011), Fernando Collor de Mello (1990-1992) e José Sarney (1985-1990) apareceram em seguida, nesta ordem.
Eis as respostas de FHC às perguntas da coluna:
Poder Online — A que o senhor atribui o resultado da enquete do iG?
Fernando Henrique Cardoso – Provavelmente, com o tempo, a ação de cada presidente vai se sedimentando na avaliação das pessoas melhor informadas. Obviamente, há também um fator de proximidade com as questões atuais do país. É mais difícil avaliar a ação de alguém que já desapareceu da cena há, digamos, 50 anos De qualquer forma, permanecer na memória não é fácil.
Poder Online — E para o senhor, quem foi o presidente que mais fez pelo País?
FHC – É sempre difícil saber quem fez mais, depende de em que aspecto. Dos que mudaram o rumo do país mais recentemente, se sobressai Getúlio Vargas, sem ter sido o único.
Poder Online — O que acha do segundo lugar do Lula?
FHC – Será preciso mais tempo para avaliar a contribuição de Lula, mas é indiscutível que, sem haver mudado o rumo das coisas, ampliou os programas sociais e incluiu mais os setores populares na vida nacional.
Poder Online — E os demais citados na pesquisa: Dilma, Itamar, Collor. Algum comentário?
FHC – Quanto aos demais, é cedo para julgar a Dilma; Itamar deu força para que eu fizesse o Plano Real e Collor, embora atropeladamente, abriu a economia. Cada um fez um pouco e todos nós, em áreas diferentes, deixamos de fazer ou fizemos insuficientemente outras coisas.
Poder Online — Em suma…
FHC — Vejo essas avaliações com a natural satisfação, mas com modéstia. Só o tempo dirá quem permanecerá grande na História.
28 de agosto de 2012
IG

"A TESE DA TRAIÇÃO DOMINA A DISPUTA ENTRE O PT E PSB"

Logo depois de tomar posse como prefeito do Recife, em 2009, João da Costa (PT) foi acusado pelo criador e padrinho, o ex-prefeito João Paulo (PT) de traição
.
O rompimento dos dois custou a João Paulo a rejeição pelo PT de sua candidatura ao Senado, restando-lhe a oportunidade de disputar e se eleger deputado federal.
 
Agora, em 2012, veio o troco de João Paulo a João da Costa com a negativa do partido a candidatura do prefeito do Recife à reeleição.
 
Enquanto isso, desde 2009 o PSB assiste ao imbróglio do PT pernambucano com certa apreensão, haja vista que este não era um fato isolado e restrito a Pernambuco.
 
O cenário do PT pernambucano se repetia em vários estados, como no Mato Grosso, Piauí, Paraíba, Amazonas, Ceará, Minas Gerais, entre outros.
 
As traições internas do PT, agora se transformaram em mote das campanhas petistas nas capitais onde o PT e o PSB possuem candidatos a prefeito.
 
Para desarrumar os palanques do PSB, o PT elegeu o governador de Pernambuco e presidente nacional do partido, Eduardo Campos, como o Judas de Lula.
 
Todos os candidatos petistas usam a suposta traição de Eduardo a Lula como o mote principal de suas campanhas.
 
Elmano em Fortaleza, Patrus em BH, Humberto no Recife, Lúdio em Cuiabá, Wellington em Teresina, todos entoam a mesma toada: Eduardo traiu Lula.
 
Resumo da ópera.
 
As campanhas eleitorais em cidades em que o PT e o PSB concorrem ao trono se transformaram em uma disputa entre Lula e Eduardo.
 
O PT usa a suposta deslealdade de Eduardo a Lula como a principal arma de campanha, apesar de nenhum dos dois ser candidato.
 
No Recife, ainda, existe um componente a mais nesta briga. O apoio do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) ao candidato Geraldo Júlio (PSB).
 
Segundo a analista da cena política pernambucana Ana Lúcia Andrade, do Jornal do Commercio, os petistas “pretendem reforçar o batismo da “eleição em que Eduardo traiu Lula” quando o senador Jarbas Vasconcelos – ex-adversário do governador, hoje seu aliado, e opositor inflexível de Lula e do PT – chegar ao programa eleitoral do candidato a prefeito do PSB, Geraldo Julio”.
 
Pelo visto, as eleições municipais de 2012 se transformaram em uma Lula entre o “traidor e o atraiçoado”.
 
Nesta parada quem tem mais a perder é Lula, afinal Eduardo é bem mais novo e poderá dar a volta por cima. Para o ex-presidente uma derrota de seus candidatos, principalmente de Humberto Costa no Recife, poderá ser um golpe fatal.

28 de agosto de 2012
Chico Bruno

"O TRÁGICO 'SHOW' DE CHÁVEZ"

A explosão na Refinaria de Amuay, que matou 41 pessoas no sábado passado, ilustra de modo trágico os efeitos do "socialismo do século 21" que o caudilho Hugo Chávez impôs à Venezuela. Foi, nas palavras do líder sindical José Bodas, a "crônica de uma morte anunciada".
 
Amuay é a maior refinaria da Venezuela e uma das maiores do mundo, com capacidade para processar mais de 640 mil barris de petróleo por dia. A unidade já havia sofrido danos em abril, mesmo após uma manutenção iniciada em fevereiro e cujo objetivo, segundo a estatal, era "permitir operações mais confiáveis nos próximos quatro anos".

O ministro de Petróleo e Mineração e presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, disse que todas as medidas de segurança da refinaria haviam sido tomadas e que o programa de manutenção fora rigorosamente cumprido. No entanto, um relatório da própria PDVSA elaborado em 2011 mostra que a manutenção periódica no complexo foi adiada para este ano por falta de material necessário. Deveriam ter sido feitas nove paradas para consertos, mas apenas duas foram realizadas.

Em todas as refinarias do país, só foram executadas 6 das 31 operações de manutenção previstas. Mesmo as refinarias que passaram por reparos sofreram diversos contratempos - o prazo previsto foi estendido por até 80 dias por faltar material. Apenas uma unidade, a de El Palito, realizou seus três processos de manutenção sem atropelos.

Com os problemas de conservação estrutural e de equipamentos, as refinarias ficam paradas, sem produzir, por períodos cada vez maiores. O relatório da PDVSA indica que todas as suas refinarias, juntas, não funcionaram durante 1.750 dias em 2011, contra 1.475 dias em 2010. As dez unidades do complexo de Amuay somaram 639 dias parados, ante 375 em 2010, um aumento de 70%. Na Refinaria de Puerto La Cruz, os dias parados dobraram.

Sempre se soube que havia problemas graves de manutenção no setor de petróleo venezuelano, graças à persistente política predatória do chavismo. Desde 2003, a PDVSA vem sendo transformada num "Estado dentro do Estado", com administração opaca e sem nenhum tipo de prestação pública de contas. Com isso, a estatal pode servir livremente como propulsor da "revolução bolivariana", envolvendo-se cada vez menos com petróleo e cada vez mais com atividades que lhe são estranhas - como construção de casas populares, agricultura e fabricação de eletrodomésticos. É o "socialismo petrolífero", como disse Chávez.

Com isso, mais a demissão de 18 mil trabalhadores envolvidos na grande greve de 2002-2003 e sua reposição por pessoas sem qualificação profissional e por apaniguados chavistas, se tem a desestruturação acelerada da PDVSA e do setor de petróleo na Venezuela, responsável por mais de 90% de suas exportações e por quase metade do orçamento do país. Faltava pouco para que essa irresponsabilidade deixasse de ser apenas um grave problema econômico e se transformasse em desgraça.

A explosão de Amuay poderia ter ao menos o efeito de constranger algumas das autoridades venezuelanas, fazendo-as enfim reconhecer que seus delírios ideológicos foram longe demais. Mas, a julgar pelos discursos oficiais, o governo de Chávez, ao contrário, está empenhado ou em fazer os venezuelanos acreditarem que a administração da PDVSA é eficientíssima e que a explosão foi apenas um lamentável acidente ou, como já espalha a militância chavista, que a culpa pela tragédia pode ser dos Estados Unidos.

Sempre que é confrontado com os problemas do país, Chávez, como se sabe, dá um jeito de atribuir a responsabilidade a alguma conspiração concertada entre os "ianques" e os "esquálidos" oposicionistas. Em campanha pela reeleição, o caudilho disse que as acusações sobre a falta de manutenção nas refinarias são "imorais" e "irresponsáveis".

E ordenou: "O show deve continuar". Desta vez, porém, mesmo com toda a sua criatividade e a de seus discípulos, vai ser difícil para Chávez, a pouco mais de um mês das eleições, livrar-se da tragédia de Amuay.

28 de agosto de 2012
Editorial do Estadão

"DISCURSO DA DERROTA" DE LULA

Primeiro, é bom destacar, nada está definido. Segundo, o PT costuma ser, em eleições, um partido que cresce muito na reta final. Em São Paulo, por exemplo, enfim, Marta Suplicy decidiu acatar os pedidos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma e entrar na campanha de Fernando Haddad.

O quadro adverso neste início oficial de campanha em São Paulo e Belo Horizonte, contudo, já levou o ex-presidente Lula a, reservadamente, ensaiar um eventual "discurso de derrota". A interlocutores, Lula fez alguns comentários de como o PT pode transformar o limão eleitoral numa limonada a ser saboreada no futuro.

Seu pupilo Fernando Haddad ainda não decolou na campanha numa fase da eleição em que outros petistas vitoriosos já mostravam certa musculatura eleitoral. O que diz Lula na hipótese de o cenário não se modificar: que seu ex-ministro da Educação pode perder a eleição, mas ele está seguro de que o tucano José Serra não irá vencer a disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Só este fato, comenta Lula, já poderá ser avaliado como uma certa vitória para seu partido mirando 2014. O próximo passo, diz ele, seria destronar os tucanos do comando do governo de São Paulo, o que acredita ser possível com uma reeleição da presidente Dilma.

Sobre Belo Horizonte, onde o petista Patrus Ananias está bem atrás do atual prefeito Márcio Lacerda (PSB), Lula faz a seguinte análise: o PT pode perder a eleição, mas sairá dela reunificado, algo considerado por ele fundamental para a disputa do governo mineiro em 2014.

Até pouco tempo, o PT mineiro estava rachado entre os grupos do ministro Fernando Pimentel, amigo da presidente Dilma, e dos ex-ministros lulistas Luiz Dulci e Patrus Ananias. O motivo do racha havia sido a própria Prefeitura de BH. Pimentel fez um acordo com o tucano Aécio Neves e os dois elegeram Márcio Lacerda, o que nunca foi aprovado por Dulci e Patrus.

O acordo entre PT e PSB foi rompido nesta eleição e, agora, os dois lados petistas decidiram deixar as mágoas de lado, pelo menos por enquanto, e se uniram em torno da campanha em BH. Uma união patrocinada e forjada pela presidente Dilma, que transformou a eleição mineira na sua principal disputa.

Outra eleição, porém, ainda não tem um discurso de derrota ensaiado por Lula. A de Recife, onde seu ex-ministro Humberto Costa disputa a eleição contra Geraldo Júlio, candidato do governador Eduardo Campos (PSB-PE). Ali, Lula está muito magoado com a decisão do governador de lançar candidato próprio.

A interlocutores, tem dito que Eduardo Campos demonstrou grande ingratidão ao romper o acordo com o PT. Sente que seu fiel aliado durante seu período no Palácio do Planalto tem planos pessoais e particulares para o futuro, inclusive de ocupar o lugar que um dia foi dele, Lula. E sabe que Eduardo Campos pode ser um candidato forte no futuro.

Enfim, a força do ex-presidente Lula estará sendo testada nesta eleição municipal. É bom ressaltar, porém, que todo tipo de análise hoje, como costumam dizer os analistas de pesquisas, não passa de fotografia do momento. Tudo pode mudar. Saberemos, contudo, daqui a pouco, se o petista mantém seu poder eleitoral, que já foi forte o suficiente para eleger Dilma Rousseff presidente da República. A conferir.

28 de agosto de 2012
Valdo Cruz, UOL

"EFEITO DETERGENTE"

 
Semana passada o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, e o presidente do partido em São Paulo, Edinho Silva, saíram de uma reunião com o ex-presidente Lula falando sobre a queda no volume de doações financeiras para a campanha municipal que, segundo eles, ocorre no País todo e atinge todos os partidos.

"A arrecadação está devagar, os empresários dizem que estão avaliando", informou o tesoureiro. O presidente da seção paulista atribuiu essa redução à insegurança decorrente do julgamento do mensalão e da CPI do Cachoeira. "Não é um ambiente de tranquilidade na política", disse.

De fato. Com uma comissão de inquérito mostrando ligações nebulosas entre máfia de jogatina, agentes públicos e empreiteira especializada em negócios governamentais, o Supremo Tribunal Federal pela primeira vez julgando réus amigos, aliados e correligionários de partido no poder e advogados sendo criticados por conferirem à prática do caixa 2 a condição de argumento de defesa, o ambiente é tudo menos tranquilizador.

Digamos que o mar não esteja para peixe.

Tranquilidade mesmo só quando as autoridades estão alheias aos ditames da lei e a opinião pública se curva ao lema do imperativo do uso de mãos sujas no exercício da política.

Em tempos de vigilância explícita, encolhem-se os potenciais infratores. De onde se pode fazer a seguinte reflexão: se é verdadeira a alegação de que o julgamento do mensalão resulta em queda de arrecadação, algo há de errado na avaliação sobre o efeito moralizador da instituição do financiamento público de campanhas.

Não é o aporte de mais verbas públicas - além do fundo partidário e da renúncia fiscal às emissoras pela veiculação da propaganda dita gratuita - o que inibe o crime, mas a sinalização de que os ilícitos não ficam impunes. Simples e óbvio assim.

Cada qual. A despeito da disposição de Ricardo Lewandowski de se contrapor às posições de Joaquim Barbosa, há uma definição regimental clara sobre os papéis de cada um.

Ao relator cabe lidar com os fatos e as pessoas do processo e ao revisor a confirmação, complementação ou retificação do relatório. Mal comparando, é relação semelhante à existente entre o autor e o revisor de um texto. Não é prerrogativa de quem revisa contestar o escrito.

Uma vez iniciado o julgamento do mérito, a única prerrogativa especial do revisor é votar antes dos demais, logo após o relator.

Dessa perspectiva é que o colegiado discorda do ponto de vista de Lewandowski.

28 de agosto de 2012
Dora Kramer, O Estado de S. Paulo

"O MENSALÃO É AGORA UMA REALIDADE HISTÓRICA ATESTADA TAMBÉM PELO SUPREMO"

 
Um grande dia ontem para o Supremo Tribunal Federal — e que a Corte continue a marcar encontros com um bom futuro. Está enterrada a quimera lulista, a saber: a fantasia de que o mensalão nunca existiu. O Apedeuta voltou a repetir essa ladainha em entrevista ao New York Times, publicada no dia 25. Qualquer outro, com um mínimo de bom senso, não faria tal afirmação agora ao jornal mais importante do mundo.
Mas Lula é quem é. Tentava, mais uma vez, intimidar a corte. Vamos ao que interessa. Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Brasil, já foi condenado por peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Marcos Valério e dois sócios, Ramon Hollerbach e Cristiano Paes, também — só que, no caso deles, é corrupção ativa.
Até agora, 6 dos 11 ministros optaram pela condenação. Esses votos significam o reconhecimento claro, inequívoco, indubitável de que o mensalão — ou como se queira chamar aquela penca de crimes — existiu. Se Márcio Thomaz Bastos considerou que o voto de Ricardo Lewandowski em favor do deputado João Paulo Cunha significava a vitória da “tese do caixa dois”, como chegou a dizer em entrevista, os seis a zero contra Pizzolato já significam a derrota.
Ou por outra: A CONDENAÇÃO DE PIZZOLATO — nem Lewandowski e Dias Toffoli tiveram a coragem de negá-lo, porque também a desmoralização tem lá o seu decoro — CORRESPONDE AO RECONHECIMENTO DE QUE HAVIA UM SISTEMA EM OPERAÇÃO. Um sistema que ROUBOU DINHEIRO PÚBLICO. Quando cinco ministros endossaram o voto do relator, Joaquim Barbosa, estavam a dizer que os cofres do banco foram assaltados, os recursos transferidos para a conta da agência de Valério e, dali, para os chamados “mensaleiros”.
Acabou! Todo o esforço de Lula e dos petistas para negar o óbvio foi em vão. É claro que estou entre aqueles que acham que José Dirceu também tem de ser condenado — porque acho, a exemplo da Procuradoria-Geral da República, que ele era “chefe da quadrilha”. Atenção, no entanto, para o que vem: ainda que ele não seja, o mensalão já é uma realidade histórica atestada também pela mais alta corte do país. E olhem que cinco ministros ainda não votaram.
Como o voto se dá na ordem inversa da antiguidade, sobraram nesta segunda metade quatro ex-presidentes — Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello — e o atual, Ayres Britto. Sabem o peso que tem a sua palavra.
O caso João Paulo

Dias Toffoli, para a surpresa de ninguém, acompanhou o voto de Ricardo Lewandowski no caso do deputado João Paulo Cunha, inocentando-o de todas as acusações — e, nos crimes concernentes ao esquema da Câmara, também Valério e seus sócios. Posts abaixo, comento outros aspectos desse voto. Agora, quero tratar do que chega a ser até uma curiosidade intelectual.
Não entendi — e as pessoas com as quais falo, pouco importa a opinião que tenham sobre o mérito, também não entenderam — qual a diferença entre o que fez Pizzolato e o que fez João Paulo. O modo como ambos agiram é rigorosamente igual. Lewandowski, obviamente, sabe disso. Toffoli também. Por que os dois ministros condenam um e absolvem outro é, do ponto de vista lógico, um mistério. Logo, a explicação tem de ser buscada nas circunstâncias.
Ainda que a agência de Valério tivesse mesmo prestado os serviços para os quais foi contratada — não é o que os autos indicam —, as evidências de crime estão todas lá, muito especialmente o saque de R$ 50 mil na boca do caixa. Para os dois ministros, tudo indica, o problema de Pizzolato é não ser político. Como poderia alegar caixa dois de campanha?
Isso dá pistas, parece, do tratamento que a dupla pretende dispensar aos demais políticos. Afinal, covenham: se João Paulo, que recebeu dinheiro da empresa que mantinha contrato com a Câmara, é “inocente”, o que não dizer dos outros, que não tinham celebrado contrato nenhum com Marcos Valério?
 
28 de agosto de 2012
Por Reinaldo Azevedo - Veja Online

ADVOGADOS DOS MENSALEIROS JÁ ENSAIAM AS PRIMEIRAS CHICANAS PARA POSTERGAR AS CONDENAÇÕES

 



Aposta errada – Há alguns dias, os advogados dos acusados no escândalo do Mensalão do PT comemoravam o voto do ministro-relator Ricardo Lewandowski, que fez jus às suas relações com o Partido dos Trabalhadores e absolveu alguns réus, entre eles o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), candidato à prefeitura de Osasco, cidade de região metropolitana de São Paulo.

Na tarde de segunda-feira (27), o Supremo Tribunal Federal surpreendeu com o ritmo do julgamento da Ação Penal 470, que encerrou o dia com a condenação de Henrique Pizzolato, Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach. No caso de João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados que recebeu R$ 50 mil do esquema criminoso operado pelo publicitário mineiro, a condenação é uma questão de mais alguns dias.

Surpresos com os primeiros resultados, alguns advogados já começam a questionar a validade e a qualidade das provas produzidas pela CPI dos Correios, as quais serviram de base para a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República. Trata-se de “avant-première” das chicanas jurídicas que surgirão após o fim do julgamento do Mensalão do PT, cujo objetivo é postergar o cumprimento das penas e buscar a prescrição das mesmas.

Por mais que os advogados esbravejem, a Constituição Federal contempla com clareza a produção de provas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito, que nesse caso têm as mesmas prerrogativas e incumbências do Judiciário. Ou seja, o que os defensores dos mensaleiros tentarão em breve é o que na sabedoria popular é classificado como “chorar sobre o leite derramado”.

28 de agosto de 2012
in ucho.info

GOVERNO DO PT IGNORA O CONGRESSO E FIRMA ACORDOS COM SINDICATOS DE SERVIDORES FEDERAIS EM GREVE

Vale tudo – Enquanto o STF avança no julgamento do Mensalão do PT (Ação Penal 470), o ex-presidente Luiz Inácio da Silva continua negando a existência do maior escândalo de corrupção da história do País.
Por viver em uma democracia, que já apresenta os primeiros sinais de corrosão, Lula pode falar o que bem quiser, mas não se pode ignorar a forma como o parlamento brasileiro é tratado pelo Executivo federal.

Como se o exercício da política fosse um escambo descontrolado e sem regras, o governo da presidente Dilma Rousseff simplesmente ignora a existência do Legislativo. Por mais que os palacianos digam o contrário, a decisão palaciana de acabar com a greve dos servidores federais é a maior prova desse descaso com o parlamento.

No afã de camuflar a amaldiçoada herança deixada por Lula, o governo assinou acordos com alguns sindicatos, que representando determinadas categorias de servidores federais aceitaram a proposta de reajuste oferecida pelas autoridades econômicas.

À vista grossa esse tipo de entendimento entre o governo e os trabalhadores pode parecer procedente e legal, mas representa um escárnio porque depende da aprovação de uma lei específica dedicada ao Orçamento da União.
Mesmo considerando que a extensa maioria dos parlamentares atua de maneira genuflexa e obediente, cumprindo todas as ordens do Planalto, os aumentos já negociados dependem da aprovação do orçamento federal. Ou seja, o Congresso tem que pelo menos fingir que cumpriu o rito que a legislação lhe impõe.

No caso de o Orçamento da União não ser aprovado pelo Congresso nacional, o que é difícil de acontecer, o Brasil corre o risco de parar por causa da ousadia burra do governo do PT, que insiste em fazer dos Poderes uma espécie de puxadinho de quinta.

28 de agosto de 2012
ucho.info

FILHA DO VICE-PRESIDENTE DE CUBA, GLENDA DIAZ DESERTOU PARA OS ESTADOS UNIDOS

 



Cuba libre – A filha do vice-presidente de Cuba desertou para os Estados Unidos e vive agora em Tampa, no estado da Florida, informou na segunda-feira (27) o jornal norte-americano “El Nuevo Herald”, versão em espanhol do “Miami Herald”.

Glenda Murillo Diaz, filha do vice-presidente cubano Marino Murillo, chegou aos Estados Unidos através do México, de acordo com o jornal, “por volta do dia 16 de agosto”. Glenda teria viajado para assistir a uma conferência sobre Psicologia, área que estuda. A jovem de 24 anos, que agora vive em Tampa com uma tia materna, teria abandonado o país por não concordar com as políticas do governo cubano, de acordo com o mesmo jornal.

Fotografias no Facebook

Glenda publicou em seu perfil no Facebook várias fotografias nos EUA, mas não respondeu aos chamados do jornal “El Nuevo Herald”. Na sequência, a desertora cubana bloqueou o acesso ao seu perfil na rede social.

O jornal adianta que tentou contato com a filha do vice-presidente cubano por telefone, mas atendeu à chamada um homem que se identificou como marido de Glenda e confirmou que ela estava em Tampa.

Questionado sobre a deserção da jovem, o homem voltou rapidamente mudou o discurso, alegando, de chofre, que ela estaria no México e, em seguida, que estaria mesmo em Havana. Depois desligou a chamada, conta o jornal.

Rota de fuga



Os cubanos que chegam por terra aos Estados Unidos podem permanecer no país, mas os que são interceptados no mar são deportados para Cuba.
Os que vencem as perigosas águas que separam a ilha caribenha do sul da Florida também podem permanecer em território norte-americano desde que pisem em terra firme. Isso é possível por causa de uma lei que é conhecida como “pés secos, pés molhados”, que exige do desertor cubano a proeza de não ser flagrado pela Guarda Costeira norte-americana.

O melhor exemplo dessa possibilidade de permanência nos EUA é o jovem cubano Elián González, que chegou à Florida em uma embarcação ao lado da mãe, que morreu durante o percurso.
Por conta de uma intensa e longa batalha judicial travada entre familiares residentes em Miami e seu pai, que permaneceu na ilha comandada pelos irmãos Castro, Elián foi levado de volta a Havana, onde foi recebido pelo ditador Fidel Castro.

Companhia de peso



Além de contar com o apoio de parentes, Glenda Diaz terá, em sua corajosa empreitada para escapar do regime que impera em Cuba, a companhia de ninguém menos do que Alina Fernandez-Revuelta, filha biológica não reconhecida pelo sanguinário Fidel Castro.
Vivendo em Miami desde 1993, Alina faz forte e contundente oposição ao regime comunista da ilha, agora sob o comando do tio e não menos truculento Raúl.

Em 1993, ano em que fugiu de Cuba, Alina Fernandez-Revuelta deixou o país como uma turista espanhola. Usando uma peruca e um passaporte falso, Alina voou para a Espanha.
Em seguida mudou-se para Miami, onde atualmente dedica-se a um programa semanal de rádio, no qual relata aos norte-americanos as injustiças e atrocidades do regime capitaneado por seu pai e por seu tio.

28 de agosto de 2012
in ucho.info

MARTA SUPLICY: COERÊNCIA É TUDO NA VIDA


Depois de levar um tremendo "passa moleque" do EX presidente Defuntus Sebentus, e perder a vaga de cãdidata a prefeitura de SP.

A Senadora PTralha, Morta Suplicio, entrou em parafuso e saiu prometendo que não iria apoiar o poste cãodidato PTralha MeninoMalufinho à prefeitura de SP.

Após fazer ameaças, dar alguns chiliques, beicinhos, poses de ofendida, indignada, e rebelada ocupando espaço na mídia e alegando que jamais subiria no palanque do Fernando MeninoMalufinho Haddad.
A senadora Morta Suplício finalmente fez o que era de se esperar de um PTralha.
Fechou a boca de vala e abriu as pernas para o EX presidente Defuntus Sebentus Patetus, e resolveu apoiar a cãdidatura do indecolável PTralha à prefeitura.
 
Nem bem enfiou o rabo entre as pernas e engoliu sua verborragia histérica, a decadente senadora já acionou o gatilho de sua língua e começou a atacar o cãodidato Zé Serra.
Não sei quais foram as promessas ou ameaças que o Sebentão fez a velha senadora, mas pelo que parece, ela, assim como o Merdaandante, o irrevogável, tem medo do Sebento.

É meus caros, agora só falta a decrépita senhoura subir nos palanques ao lado do Paóló Malóf e trocar afagos e demonstrações de carinho e amizade.

Uma coisa que eu entendi nesta vida. Em se tratando de um PTralha, coerência é artigo de luxo. ética então, nem pensar. E vergonha na cara não existe em seus DNAs.

E a campanha pela prefeitura paulistana vai tomando outras cores com a entrada da indignada e colocada de lado senadora. Pelo que parece, ela vai fazer o mesmo trabalhinho de Pitt Bull a que se propôs no senado. Seu objetivo será atacar aos opositores com unhas, dentes e botox.

Taí, coerência é mesmo tudo na vida!!!
 
28 de agosto de 2012
omascate

FALASTRÃO QUE TRATA A LÍNGUA PORTUGUESA A PONTAPÉS JÁ CONSEGUE MENTIR EM INGLÊS


Lula, quem diria?, já consegue mentir em inglês, informou neste domingo The New York Times. Entrevistado pelo jornal americano, o ex-presidente que trata a língua portuguesa a pontapés proclamou a inexistência do “big monthly allowance”.
É assim que deverá identificar-se na alfândega, caso resolva baixar em Manhattan, nosso brasileiríssimo mensalão, marca fantasia da imensa roubalheira descoberta em 2005.

O falastrão que não desencarnou da Presidência decerto se acha muito esperto, registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA.

Na hipótese mais branda, deve achar muito ingênuos os ministros do Supremo Tribunal Federal que desde 2 de agosto perdem tempo com um escândalo que não houve.
E também acha que todos os leitores do mundo são perfeitas cavalgaduras. Brasileiros ou gringos, engolem qualquer mágica de picadeiro.

A entrevista deste domingo se junta ao acervo de declarações contraditórias, confusas ou sem pé nem cabeça que, somadas, escancaram um culpado à caça do álibi impossível.
O vídeo abaixo, por exemplo, alterna palavrórios despejados pelo então presidente Lula em 12 e 22 de novembro de 2009.

Dez dias depois de garantir ─ de novo ─ que a ladroagem apadrinhada pelo Planalto foi “uma tentativa de golpe contra o governo” federal, a metamorfose delirante admitiu ─ mais uma vez ─ que o PT “cometeu um erro”.

 O mensalão, portanto, existiu mas não existiu. Pode ser isso e pode ser aquilo. Ou pode não ser nada.
Haja cinismo.

http://www.youtube.com/watch?v=8ad0wpwMGUI&feature=player_embedded

28 de agosto de 2012
Augusto Nunes

FOTOGRAFIA É HISTÓRIA

 
                                                               O time de Itamar
 
Foto
Itamar Franco ocupou a presidência da República substituindo a Fernando Collor do dia 29 de dezembro de 1992 até 1º. de janeiro de 1995.
Para levar até o fim o curto período no Palácio do Planalto convidou pessoas de vários partidos para assessorá-lo. Do PSDB, foram Walter Barelli e Fernando Henrique Cardoso.
Responderam, pelas pastas do Trabalho, das Relações Exteriores e da Fazenda. Luiza Erundina, do PT, cuidou da Secretaria da Administração Federal.
Já o senador Pedro Simon, do PMDB, e deputado Roberto Freyre, do PPS, ocuparam a liderança no Senado e na Câmara.
FHC tornou-se presidente da República, de 1995 a 2003. Erundina, Freyre e Simon continuam até hoje com mandato parlamentar.
Walter Barelli elegeu-se deputado e posteriormente vice-governador de São Paulo.
Itamar faleceu em julho desse ano.
 
28 de agosto de 2012
Orlando Brito.

A SAÚDE PÚBLICA É UMA CALAMIDADE!

Senador reconhece que saúde pública encontra-se em estado de calamidade


O senador Paulo Davim (PV-RN) afirmou nesta terça (28) que a saúde pública do país está em estado de calamidade e sugeriu que o poder público lance um “olhar misericordioso” sobre o atendimento de saúde.

“Em meu estado, por exemplo, a saúde está em calamidade.

Os hospitais públicos padecem de uma carência inexplicável, inaceitável, que chega às raias da imoralidade.

A saúde pública precisa ser prioridade para os governos, até porque quem precisa dela são os pobres”, disse.

Davim saudou a posse da nova diretoria da Federação Nacional dos Médicos, alertando para a “situação conturbada” que os novos dirigentes da entidade enfrentarão na saúde pública.

28 de agosto de 2012
in claudio humberto

OS TOFFOLIS E LEWANDOWSKIS AINDA NÃO ESTÃO NO CONTROLE DO PODER JUDICIÁRIO. AINDA...

 

O desfecho do julgamento do mensalão não se limitará a determinar o destino dos 37 réus, constata Marco Antonio Villa no artigo reproduzido na seção Feira Livre.  O Supremo Tribunal Federal está decidindo a própria sorte e, por consequência, a sorte de uma democracia ainda na infância.

O epílogo do escândalo escancarado em meados de 2005 dirá se o tumor da corrupção impune foi enfim lancetado ou se a metástase seguirá seu curso ─ com o endosso do único dos três Poderes que ainda resiste à ofensiva dos inimigos do Estado de Direito.
 
Forjado para financiar a captura das instituições pelo governo do PT, o esquema do mensalão consolidou com malas de dinheiro a base alugada (e, com donativos de emergência, manteve no curral descontentes circunstanciais). A descoberta do Pântano do Planalto só mudou o instrumento do amestrador: agora domados pela distribuição de ministérios (cofres incluídos), os partidos governistas reduziram o Poder Legislativo a um clube dos cafajestes dependente do Executivo.
 
Apressada pelo processo que começou a ser julgado em 2 de agosto, a última etapa do projeto bolivariano prevê o aparelhamento do Judiciário e a rendição incondicional do Supremo Tribunal Federal.
 
A trama bandida ainda não foi consumada, atesta o saldo alentador da mais recente sessão do Supremo Tribunal Federal reservada ao julgamento do mensalão. Condenados por seis dos 11 ministros, já não há salvação para quatro acusados: Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach e Henrique Pizzolato.
 
O diretor-executivo da quadrilha, dois de seus sócios e o companheiro vigarista infiltrado pelo PT na direção do Banco do Brasil. Nem Ricardo Lewandowski e Dias Tóffoli tentaram salvá-los. Nem a dupla disposta a tudo para executar o serviço encomendado pelos padrinhos se animou a instalar o quarteto na boia onde o deputado João Paulo Cunha espera o resgate que não virá.
 
Faltam apenas dois votos para que o candidato do PT à prefeitura de Osasco seja transferido do palanque para a fila do cadafalso. Baseados na abundância de provas, evidências e indícios veementes, quatro ministros condenaram João Paulo. Fizeram um julgamento técnico.
 
O julgamento político ficou por conta de Lewandowski e Toffoli, que mandaram às favas os autos do processo, a lei, a lógica e a honra ─ e se juntaram na patética tentativa de promover a inocente injustiçado um pecador sem remédio. As togas companheiras gostam de frequentar restaurantes da moda. Logo saberão o que os espectadores da TV Justiça acharam do desempenho dos parceiros.
 
Quando o julgamento começou, o Datafolha constatou que só 5% dos brasileiros acreditavam na inocência dos acusados. Mereciam cadeia para 73%. Neste universo amplamente majoritário, contudo, só 11% apostavam na punição dos culpados. A altíssima taxa de descrença na Justiça foi certamente reduzida pelas primeiras condenações. O país descobriu que ainda há juízes na Praça dos Três Poderes. Na sessão desta quarta-feira, os ministros mais antigos começarão a votar. Deles depende a ressurreição da esperança.
 
A seita lulopetista já se movimenta para preencher as próximas vagas no STF com gente como José Eduardo Cardozo e Luiz Inácio Adams. A resistência democrática acaba de descobrir que os toffolis e lewandowskis ainda não estão no controle do Judiciário. Ainda não. Ainda há tempo para impedir-se que a multiplicação dessa subespécie anexe o Supremo à rede de templos da seita dos liberticidas.

28 de agosto de 2012
Augusto Nunes

NELSON RODRIGUES: A CARA DO BRASIL REAL


O dramaturgo Nelson Rodrigues inventou o teatro brasileiro em 1943, com a peça Vestido de Noiva.

O romancista, com o pseudônimo Suzana Flag ou sem camuflagens, devassou e simultaneamente seduziu o universo habitado por aquela que muitos anos depois seria batizada de “nova classe média”.

O cronista do Brasil real ─ enquanto colecionava achados metafóricos que o transformariam num frasista incomparável e concebia imagens magnificamente exatas – pariu criaturas que, conjugadas, mostram não o que os nativos da terra gostariam de ser, mas o que efetivamente são.

O torcedor apaixonado do Fluminense descobriu que “a mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana” e foi o primeiro a coroar Pelé. Ele foi e fez tudo isso ─ e muito mais ─ em apenas 68 anos de vida. É compreensível que o dia da morte física de Nelson Rodrigues tenha sido também o primeiro dia do resto de sua eternidade.

A imortalidade de Nelson Falcão Rodrigues, nascido no Recife em 23 de agosto de 1912, é reafirmada pelo centenário do gênio. Diferentemente das efemérides do gênero, desta vez não foi preciso reapresentar o país a outra vítima da amnésia endêmica que chegou com as primeiras caravelas.

Desde a década de 70, quando começou a transformar-se numa prova contundente de que nem toda unanimidade é burra, Nelson está livre da temporada no limbo a que são condenados os grandes mortos.
De lá para cá, não se passou um só dia sem que estivessem em cartaz peças teatrais ou filmes baseados em sua obra, ou sem que fossem vendidos exemplares dos livros que continuaram a multiplicar-se em edições sucessivas.

Também é certo que neste momento, em alguma esquina ou mesa de botequim, alguém está animando a roda de conversa com a evocação de uma frase ou criatura de Nelson Rodrigues. Ou apenas Nelson, porque basta o prenome para a identificação de um velho conhecido.

A admiração por Nelson hoje é compartilhada por todos os brasileiros com mais de dez neurônios ─ sejam quais forem a idade, a filiação política, a tendência ideológica, o signo, o peso e a estatura.

E assim sempre será, porque os muitos grandes momentos de Nelson Rodrigues nunca ficarão grisalhos. A crítica de teatro Barbara Heliodora prevê que, como ocorre com a obra de William Shakespeare, pelo menos quatro peças de Nelson ─ Vestido de Noiva, Boca de Ouro, A Falecida e O Beijo no Asfalto ─ continuarão encantando plateias daqui a 500 anos.

Os descendentes dos nossos tetranetos reconhecerão uma similar de Engraçadinha na garota ao lado, ou dormirão imaginando que espécie de veículo estará transportando Solange, a dama que, no Brasil do século XX, caçava aventuras no lotação.

“Ele será sempre um grande autor”, afirma Barbara Heliodora, que atribui a Nelson Rodrigues a subida aos palcos dos diálogos que reproduzem a língua falada pelas plateias.

“Nelson era um repórter extraordinário, e foi muito influenciado pela experiência como jornalista”, diz. “Tinha um ouvido tão maravilhoso que conseguiu captar o brasileiro falando. Nós aprendíamos na escola que poderíamos falar errado, mas deveríamos escrever corretamente. Os autores escreviam certo, esquecidos de que aquilo era para ser falado.”

Só depois de Vestido de Noiva os atores começaram a falar o português das ruas.
A descoberta do diálogo em brasileiro fez de Nelson Rodrigues, segundo o crítico Sábato Magaldi, “um autor seminal, que fecundou a nossa dramaturgia”.

Se Barbara Heliodora consegue distinguir o jornalista do dramaturgo, os amigos do singularíssimo pernambucano criado no Rio de Janeiro sempre enxergaram um Nelson só, que parecia vários por ser, na definição do jornalista e escritor Otto Lara Resende, um feixe de paradoxos. “É um profundo in­di­vi­dua­lista e vive da emoção coletiva”, disse Otto. “Foi um conservador e tem uma obra revolucionária. Orgulha-se de ser um reacionário e foi um dos autores mais censurados do Brasil.”

O psicanalista e escritor Hélio Pellegrino achava que todas as versões do amigo viviam sob “o império da fantasia, em que realidade e invenção sempre se misturam”. Se a opção se impunha, a realidade sofria outra derrota: “Nelson é fiel à sua imaginação”.

Nelson Rodrigues era perigosamente imaginoso tanto com desafetos quanto com os mais íntimos amigos. Um deles só descobriu que fora transformado no nome alternativo da peça que entraria em cartaz naquela noite ao ler o enorme letreiro em neon: “Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Resende”.
A brincadeira que ultrapassara os limites do sarcasmo suspendeu por algumas semanas as conversas diárias entre o autor da homenagem e o integrante do grupo que reunia o que a usina de superlativos qualificava de “amigos além da vida e além da morte”.

Anistias concedidas por Nelson Rodrigues eram amplas e irrestritas, mas tinham prazo de validade. Consertado o estrago, o parceiro ofendido não demorava a pousar em alguma história contada por quem sempre desprezou a fronteira que separa o real do imaginado.

“A crônica policial piorou porque os repórteres de hoje não mentem”, lastimava o homem que ainda menino enfeitava com detalhes fantasiosos histórias de casais que se matavam por amor. Nas crônicas ou nos romances de Nelson, o verdadeiro tirava o irreal para dançar o tempo todo.
Com um sotaque lisboeta que nunca existiu, Otto Lara Resende era repatriado de Portugal para contracenar com a cabra vadia, única espectadora de entrevistas imaginárias conduzidas em um suposto terreno baldio ─ ou, ainda, para testemunhar mais um assombro provocado pelo Sobrenatural de Almeida, que alterava bruscamente uma situação ou o resultado de um jogo do Botafogo.

Passados mais de trinta anos, está claro que histórias e personagens jamais ficarão datados. As criaturas que se tornaram inverossímeis num Brasil menos primitivo viraram documentos de época.
Tem lugar assegurado no Museu Nacional do Maniqueísmo, por exemplo, o padre de passeata, religioso que comparecia em trajes civis às manifestações de rua contra a ditadura militar.

Estará ao lado de sua versão feminina, a freira de minissaia, e a poucos metros da estudante de psicologia da PUC, que queria saber o que o cronista achava da morte de Deus, e da estagiária de calcanhar sujo, que se formara em jornalismo para esbanjar autossuficiência e mau humor nas redações.
Todos nascidos em 1968, são filhotes do direitista atormentado pelas atividades clandestinas do primogênito, engajado na luta armada.
Em alguns episódios, Nelson foi longe demais na louvação de uma ditadura que torturava e matava inimigos. Mas o conjunto da obra é tão luminoso que revoga as manchas escuras.

Outras invenções do ficcionista delirante são atemporais e continuarão por aí durante séculos. O idiota da objetividade, por exemplo. A vizinha gorda e patusca. Palhares, tão definitivamente canalha que, na casa do irmão, beija à força o pescoço da cunhada que passa pelo corredor.

Esses seguirão contracenando com personagens que iluminam a face do Brasil que tenta, inutilmente, esconder as taras, as vergonhas familiares, a guerra conjugal, o adultério, os preconceitos, a sexualidade reprimida, a mesquinhez patológica. “Se todo mundo conhecesse a vida íntima de todo mundo, ninguém cumprimentaria ninguém”, resumiu Nelson Rodrigues.

Os habitantes desse universo fantástico têm o olho rútilo e o lábio trêmulo, reagem à adversidade com arrancos de cachorro atropelado, seu pensamento é tão raso que uma formiguinha poderia atravessá-lo com água pelas canelas. Grã-finas com narinas de cadáver suportam maridos com três papadas e três bochechas em cada lado do rosto.

A cabeça dos intelectuais tem a aridez de três desertos, os especialmente infelizes se sentam no meio-fio para chorar lágrimas de esguicho, caem tempestades de quinto ato do Rigoletto, há homens bonitos como havaiano de cinema, faz um calor de rachar catedrais e existe gente varada de luz como santo de vitral.
Um mundo assim, espalhado por dezessete peças, nove romances, sete livros de contos e crônicas e milhares de artigos em jornais, merece mais que uma única vez sobre a face da Terra. O mundo maravilhoso que Nelson Rodrigues criou merece existir para sempre.

Obsessivo confesso e sem cura, obcecado especialmente pela morte, Nelson jurava que, durante a infância, fugia da escola para assistir a velórios.
Aos 13 anos, estreou como repórter de polícia no jornal do pai, cobrindo um caso de suicídio passional. Adolescente, ouviu o som do tiro de revólver disparado por uma mulher que, inconformada com o noticiário que lhe devassara a vida íntima, resolveu vingar-se com o assassinato do dono do jornal, Mário Rodrigues, ou de algum de seus filhos.

À morte do irmão, o ilustrador Roberto Rodrigues, seguiu-se a do pai. Depois vieram os anos de pobreza, a tuberculose que lhe impôs duas internações em Campos do Jordão, as chuvas do trágico verão carioca de 1966 que mataram o irmão Paulo e toda a família, o fim angustiante do primeiro casamento, as turbulências do segundo, o nascimento da filha cega, as torturas infligidas ao seu filho Nelsinho no cárcere.

Em 21 de dezembro de 1980, o homem que passou a vida inteira pensando na morte se foi. Nunca se saberá se já tinha descoberto que era imortal.
O provocador vocacional
“A companhia de um paulista é a pior forma de solidão”
“Só os profetas enxergam o óbvio”
“Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”
“Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo”
“Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma”
“Nada nos humilha mais do que a coragem alheia”
“Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral”
“O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro”
“Acho a liberdade mais importante que o pão”
“No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte”
“A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia”
“Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância”
“Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro”
“Jovens: envelheçam rapidamente!”
“Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista”

O apaixonado cínico

“Amar é ser fiel a quem nos trai”
“Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar”
“Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível”
“Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante”
“Todo tímido é candidato a um crime sexual”
 
28 de agosto de 2012
Augusto Nunes 

MERCADANTE É A PENA DE MORTE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL


Dizia-se, no passado, que quando em um ponto comercial nada prosperava, havia ali uma caveira de burro enterrada.
Sempre acreditei que o cemitério dos burros da Era da Mediocridade era a Casa Vil.
Enganei-me. É o MEC. Ministério da Erradicação da Cultura.

A cegueira derivada da adoração de ídolos de pés-de-barro não deixam os analfabetos (funcionais ou políticos) enxergarem que, depois de Paulo Renato, o PT nos oferece Haddad e Mercadante. Mesmo Cristovão Buarque foi demitido por telefone pelo presidente que se orgulha de não ler.

Não se conserta um erro com outro maior. Já são dez anos de desgoverno petista. Sem nenhuma melhoria nos índices educacionais do Brasil.

A receita em uso na falta de ética destes usurpadores do poder – embora eleitos – é usada sem cerimônia em qualquer área.
Eu ao menos sei me defender. Sei ler.
O crime maior é com quem não sabe. Crianças abandonadas no direito básico de cidadania – Educação! – filhas de pais iludidos com as promessas messiânicas de doutores falsificados.

Mudar o curriculum escolar para facilitar a obtenção de índices que sirvam de propaganda. A eles nada importa que esta pretensa mudança seja somente a assinatura de um atestado final de incompetência. Aliada ao desprezo pelo ensino, conhecimento e cultura.

Esta é – digo mais uma vez – a verdadeira herança maldita. Que levaremos anos para reverter. Ou consertar.

O novo curriculum imaginado por Mercadante vai considerar um avanço a existência de alunos da sexta série aprendendo a ler, e a ler errado? E sem sequer saber escrever? A nova gramática petista – do “nós vai”, publicada em livros oficiais – seria a base desta reforma curricular?

Na doutrina do pensamento único, meritocracia é palavrão. Coisa de elitista, mania de gente que não entende os desníveis sociais. Cotas? O princípio do Bolsa-Família extrapolado ao limite do absurdo? Se no bolsa-família ainda se tem a defesa da sobrevivência – para os poucos que realmente estão em estado de risco extremo, e que devem ser socorridos com ajudas antes mesmo de garantir um emprego! – neste caso sequer há tal ilação.
É somente a declaração de incompetência. De desistência. De abandono.

Não se fala em reformular as escolas públicas (onde estudei durante boa parte de minha vida) de modo a que o fosso cultural que separa pobres de remediados possa ser extinto ou reduzido. Prefere-se assumir esta distância como eterna. E criar cotas para colocar nos bancos universitários quem o poder público não conseguiu preparar para lá estar.

São criadas em um ritmo “nuncaantesnestepaíz” faculdades de fim de semana. As Universidades Federais são pátios de estacionamento de carros de luxo. Em vez atacar a causa desta distorção, o governo prefere perpetuá-la. Agora com o ingresso – via cotas – de profissionais que passarão toda a vida justificando por que tomaram o lugar de quem teve melhor aproveitamento ou reuniu mais conhecimento específico.

No Sul do Brasil existem estudantes pobres que também não conseguem – via escola pública – alcançar o grau de aprendizado ofertado pelas escolas particulares. Mas são brancos. E não são índios. Embora pobres. Terão dificuldades para serem contemplados com a benesse populista que destrói o futuro do país.

A novidade é não termos novidade. Na área da saúde o incentivo é termos planos de saúde privados. No setor de transportes, que compremos carros ditos populares em 160 prestações mensais. Se o problema é habitação, fiquemos na fila do Minha Casa Minha Vida. Nenhum planejamento para reforma no sistema de saúde, construção de metros ou fim da especulação imobiliária.

Sempre fui contrário à pena de morte. Quando condena um criminoso a morrer, o Estado está confessando a incapacidade de cuidar dos cidadãos. É a falência. Moral, ética e política.
Mercadante é a pena de morte da Educação no Brasil.
Preciso dizer mais?

28 de agosto de 2012
REYNALDO ROCHA
 

"CONVERSA FIADA"


Sabe a razão pela qual a empresa estatal dificilmente alcança alto rendimento? Porque o dono dela ─que é o povo ─ está ausente, não manda nela, não decide nada. Claro que não pode dar certo.
Já a empresa privada, não. Quem manda nela é o dono, quem decide o que deve ser feito ─quais salários pagar, que preço dar pela matéria-prima, por quanto vender o que produz─, tudo é decidido pelo dono.
E mais que isso: é a grana dele que está investida ali. Se a empresa der lucro, ele ganha, fica mais rico e a amplia; se der prejuízo, ele perde, pode até ir à falência.
Por tudo isso e por muitas outras razões mais, a empresa privada tem muito maior chance de dar certo do que uma empresa dirigida por alguém que nada (ou quase nada) ganhará se ela der lucro, e nada (ou quase nada) perderá se ela der prejuízo.
Sem dúvida, pode haver, e já houve, casos em que o dirigente de uma empresa estatal se revelou competente e dedicado, logrando com isso dirigi-la com êxito. Mas é exceção. Na maioria dos casos, indicam-se para dirigir essas empresas pessoas que atendem antes a interesses políticos que empresariais.
Isso sem falar nos casos ─atualmente muito frequentes─ de gerentes que estão ali para atender a demandas partidárias.
Tais coisas dificilmente ocorrem nas empresas privadas, onde cada um que ali está sabe que sua permanência depende fundamentalmente da qualidade de seu desempenho. Ao contrário da empresa estatal que, por razões óbvias, tende a se tornar cabide de empregos, a empresa privada busca o menor gasto em tudo, seja em pessoal, seja em equipamentos ou publicidade.
E não é por que na empresa privada reine a ética e a probidade. Nada disso, é só porque o capitalista quer sempre despender menos e lucrar mais. Não é por ética, é por ganância.
A empresa pública, por não ser de ninguém ‼─já que o dono está ausente─ é “nossa”, isto é, de quem a dirige, e muitas vezes ali se forma uma casta que passa a sugá-la em tudo o que pode.
A Petrobras pagava a funcionários seus, se não me engano, 17 salários por ano e o Banco do Brasil, 15. Os funcionários da Petrobras gozavam também de um fundo de pensão (afora a aposentadoria do INSS), instituído da seguinte maneira: cada funcionário contribuía com uma parte e a empresa, com quatro partes.
Conheci um desses funcionários que, depois que se aposentou, passou a ganhar mais do que quando estava na ativa. Numa empresa privada, isso jamais acontece, não é? No governo Fernando Henrique aquelas mamatas acabaram, mas outras continuam.
Não obstante, o PT sempre foi contra a privatização de empresas estatais, “et pour cause”. Lembram-se da privatização da telefonia? Os petistas foram para a rua denunciar o crime que o governo praticava contra o patrimônio público.
Naquela época, telefone era um bem tão precioso que se declarava no Imposto de Renda. Hoje, graças àquele “crime”, todo mundo tem telefone, e a preço de banana.
Mas o preconceito ideológico se mantém. Os governos petistas nada fizeram para resolver os graves problemas estruturais que comprometem a competitividade do produto brasileiro e impedem o crescimento econômico, já que teriam de recorrer à privatização de rodovias e ferrovias.
Dilma fez o que pôde para adiá-la, lançando mão de medidas paliativas que estimulassem o consumo, mas chegou a um ponto em que não dava mais.
O PIB vem caindo a cada mês, o que a levou à hilária afirmação de que, mais importante, era o amparo a crianças e jovens… Disse isso mas, ao mesmo tempo, mandou que seu pessoal preparasse às pressas ─já que as eleições estão chegando─ um plano para a recuperação da infraestrutura: investimentos que somarão R$ 133 bilhões em 25 anos. Ótimo.
Como privatização é “crime”, pôs o nome de “concessão” e impôs uma série de exigências que limitam o lucro dos que investirem nos projetos e, devido a isso, podem comprometê-los.
Nessa mesma linha de atitude, afirmou que não está, como outros, alienando o patrimônio público. Conversa fiada. A Vale do Rio Doce, depois de privatizada, tornou-se a maior empresa de minério do mundo e das que mais contribuem para o PIB nacional. Uma coisa, porém, é verdade: cabe ao Estado trazer a empresa privada em rédea curta.
 
28 de agosto de 2012
FERREIRA GULLAR
PUBLICADO NA FOLHA DE S. PAULO