"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 8 de outubro de 2011

TÁ TUDO DOMINADO...


Um caso envolvendo Fernando Collor poderá bater no CNJ nas próximas semanas. Depois de sucessivas manobras na Justiça de Alagoas, o processo em que Rosane Collor pede a execução de uma dívida do ex-marido por pensão alimentícia completou três anos e meio parado.

Collor nunca foi citado no processo — o oficial de justiça alegou que tentou oito vezes, mas não conseguiu encontrar o senador.
Neste ano, a Justiça chegou a penhorar um apartamento de Collor para quitar o débito, mas a decisão não foi publicada no Diário O ficial — ou seja, a sentença não valia de nada.

A defesa de Rosane protestou, sem sucesso, na corregedoria do TJ-AL. Por ironia do destino, quem poderia dar uma solução ao caso é James Medeiros, corregedor do tribunal.
Coincidentemente, o desembargador já foi defendido por Fábio Ferrario, advogado de Collor, num processo que corre no Supremo.


Por Lauro Jardim

CALA A BOCA, DILMA!

Sei lá que droga de diplomacia do Itamaraty anda ministrando a Dilma; boa, com certeza, ela não é, a despeito da cobertura laudatória de parte da imprensa.

Certo, a coisa toda serve à hagiografia da “primeira presidenta” do Brasil, e o tom laudatório que acompanha as reportagens sobre Dilma Rousseff na Europa beira o constrangedor. Abre-se mão até mesmo da tarefa óbvia de perguntar se é o Brasil quem tem de pagar para que ela vá se “emocionar e se “engasgar” na escola em que estudou o extremoso pai, que largou uma família na Bulgária e construiu outra no Brasil. Ponto parágrafo. Melhor pra Dilma. No Brasil, esta terra de oportunidades — onde a filha pretendia implantar uma ditadura comunista que fabricou o fabuloso atraso da Bulgária —, o pai enricou. Vamos seguir.

Dilma visitou a Turquia. Ela segue cumprindo na ponta do lápis a máxima estabelecida pelo jornalista H. L. Mencken: para cada problema difícil, há sempre uma solução simples e errada. E, como não poderia deixar de ser, a presidente brasileira voltou a insultar Israel, ainda que de modo um tanto oblíquo. Já explico por quê. Leiam o que informa a Reuters. Volto depois.

Na Turquia, Dilma apoia Estado palestino e pede fim da crise na Europa

A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira, 7, que a Europa saia da atual crise econômica assegurando o crescimento econômico e a retomada do emprego. Em declaração à imprensa após assinatura de atos durante visita à Turquia, Dilma também falou de política internacional e voltou a defender uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos. “Desejamos à Europa uma saída rápida da crise por meio da busca por maior estabilidade macroeconômica, mas também - e sobretudo - assegurando a retomada do crescimento, da proteção ao emprego e dos segmentos mais vulneráveis das diferentes populações”, disse Dilma, segundo áudio divulgado pela Presidência da República

A presidente exaltou a aproximação recente entre Brasil e Turquia e assinalou que sua visita ao país “reflete uma nova geopolítica do mundo”. Dilma considerou que “poucos assuntos são mais importantes” que a busca por uma solução para o conflito no Oriente Médio entre israelenses e palestinos. “Sem uma solução para o povo da Palestina, também não haverá uma solução de segurança para o povo de Israel. Essa é uma questão crucial”, defendeu.

O Brasil já se declarou favorável à criação de um Estado palestino nas fronteiras anteriores às da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em seu discurso durante a abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas em setembro, Dilma lamentou “não poder dar as boas-vindas à Palestina como um Estado reconhecido plenamente” pela entidade. A Autoridade Palestina busca no Conselho de Segurança da ONU o reconhecimento de um Estado palestino, atitude que tem a oposição de Israel e dos Estados Unidos. Washington é um dos cinco membros com poder de veto no Conselho.


Voltei.
Dilma Rousseff comete dois atos tolos para quem é presidente de um país que pretende ser visto como um dos grandes no cenário internacional. Comecemos pelo tom dos discursos da presidente nessa jornada. Não, meus caros!, líder nenhum do mundo, podem pesquisar, dá “conselhos” e pitos como faz Dilma, propondo “soluções” a partir de sua própria experiência — eventualmente, experiência apenas suposta. Como bem apontou um texto recente, a que o Financial Times deu destaque, ela criticou o protecionismo dos ricos em discurso da Bélgica dias depois de ter elevado o IPI dos carros importados. Quase ao mesmo tempo, o governo decidia que as empresas nacionais terão prioridade nas compras governamentais. O que o Brasil quer? Licença para praticar “protecionismo de pobre”?

Uma coisa é o Brasil endurecer nas negociações bilaterais ou pressionar organismos multilaterais por meio de sua diplomacia; outra, diferente, é sair por aí como se fosse um Catão da nova era, como se tivesse descoberto o ovo de Colombo da economia. Tenham paciência! Dê-se um tombo feio no preço das commodities para ver aonde vai parar esse nosso “orgulho”. A inflação em 12 meses está em 7,31%, a mais alta desde 2005, num cenário de crescimento, por enquanto, apenas médio — 3,5% —, num processo óbvio de desindustrialização.

Está dado, pela natureza do processo, que a crise não atinge hoje igualmente os países ricos e os ditos emergentes. A resposta aceitável para estes pode não ser boa para aqueles. Mas Dilma tem a solução: retomada do crescimento, proteção do emprego, atendimento aos mais vulneráveis… Sei. Medidas protecionistas, num primeiro momento, protegem o emprego, por exemplo. A Soberana recomenda esse remédio aos companheiros europeus? Seria ruim para o Brasil acho.

Dilma repete, nesse particular, o seu antecessor, com aquela arrogância de quem descobriu a pólvora. Lembram-se quando Lula vivia demonizando o FMI porque o órgão sairia por aí dando o seu receituário? O Brasil faz algo diferente? “Mas os conselhos de Dilma são bacanas”. Ah, bom, se é assim…

Israel

A Turquia está numa rota óbvia de colisão com Israel. Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro, está esticando a corda ao máximo, anunciando até manobras militares. Reduziu ao mínimo as relações diplomáticas com seu ex-aliado e foi um dos promotores do pedido de reconhecimento encaminhado à ONU pela Autoridade Nacional Palestina. Também deu suporte à tal flotilha, de trágico desfecho. Dilma, no discurso de abertura da Assembléia Geral, já havia expressado seu ponto de vista.

Era, pois, absolutamente desnecessário ter voltado ao assunto justamente na Turquia, dado o status das relações deste país com Israel. Ao fazê-lo, é claro que Dilma endossa a estridência de Erdogan e se comporta como se ela também estivesse disputando a liderança dos… países islâmicos!!!

Uma comédia de erros.

Por Reinaldo Azevedo

CORRUPÇÃO NAS BARBAS DE LULA E DEBAIXO DO TAPETE DE DILMA


As obras de restauração do Palácio do Planalto, concluídas em agosto de 2010, ainda sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, foram superfaturadas, o governo sabia disso e nada fez, segundo reportagem publicada na edição desta semana da revista Veja.

A reportagem informa que uma nota técnica da Secretaria de Controle Interno da Presidência, de outubro de 2010, alertava que o custo do empreendimento saltou de R$ 78 milhões, na época da licitação, em maio de 2009, para R$ 112 milhões, sem que fossem apresentados documentos que comprovassem os serviços incluídos no projeto ao longo da execução.

Conforme a revista, a nota técnica indica que o governo pagou R$ 5,5 milhões a mais que o devido à empresa Porto Belo Construções, responsável pelas obras.
Mesmo assim, o governo nada teria feito a respeito.

A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que a nota técnica foi encaminhada à Secretaria de Controle Interno do Ministério da Defesa e à Comissão de Obra do Exército.
A assessoria da Defesa, por sua vez, informou que o caso está sob análise de auditores internos, de acordo com a revista.(Do Estadão)

NOTA AO PÉ DO TEXTO


Aí tem... É só maracutaia! E quando se denuncia, ainda tem aqueles ingênuos que ficam achando que tudo não passa de boatos, mentiras, coisas da oposição. Enquanto isso, na República da Banânia, a grana corre por trás das cortinas. Eta povo besta...

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONSERVADORISMO

Artigos - Conservadorismo

“Há crenças hoje que devem ser encaradas e denunciadas como loucas, absurdas”. Os ataques da modernidade contra os princípios éticos e filosóficos da cultura judaico-cristã, as perspectivas antropológicas equivocadas surgidas nos últimos séculos, o papel do estado, que pretende substituir e falsificar atribuições exclusivas dos indivíduos e da família, bem como os males decorrentes desse agigantamento.

Nivaldo Cordeiro apresenta, numa série de vídeos, o posicionamento conservador acerca dessas e outras questões que levaram a sociedade à atual crise moral, cultural, institucional e econômica.















Nivaldo Cordeiro, 17 Agosto 2011

CENSURAS VIRTUAIS

Notícias Faltantes - Perseguição Anticristã

Os ateus militantes estão espalhando as tolices mais odiosas contra os cristãos, embasadas em pressupostos “racionais”. Somando-se a estes chavões, há a tentativa deliberada de retirar a fé cristã da vida pública, por meio da intimidação, da coerção e mesmo da força do Estado.

Recentemente tive a experiência de publicar vídeos no Youtube, a respeito de inúmeros assuntos e, em particular, sobre as falácias do ateísmo militante, em várias questões de ordem histórica, política, filosófica e sociológica.
Muitos desses chamados militantes são jovens, pessoas sem muita instrução, mas abertamente aptas a um discurso pronto e preparado para cabeças vazias. De fato, a militância ateísta repete os mesmos preconceitos ideológicos comuns dos autores iluministas e materialistas, sem o brilhantismo destes, embora com algumas adaptações e acréscimos. Na verdade, eles papagueiam a literatura de folhetim de pseudo-intelectuais ateus, como Richard Dawkins, Sam Harris, Daniel Dennet e Christopher Hitchens, que repetem a mesma patacoada que poderíamos encontrar em Diderot, em Voltaire, em Nietszche, em Marx e demais secularistas famosos, com a diferença de que os primeiros são intelectualmente mais primitivos e simplórios do que os últimos.

Dominados por argumentos pseudo-cientificistas e mesmo por justificativas históricas fraudulentas, eles repetem à exaustão os males da religião no mundo: ignorância, intolerância, fanatismo, atraso, etc. E colecionam os espantalhos de sempre, quando a culpada é a Igreja Católica: cruzadas, inquisição, guerras religiosas, Galileu Galilei, pedofilia, etc.
Certos militantes ateus, como um certo Daniel Fraga, fazem falsas correlações entre pobreza e religiosidade, além de divulgar teses mentirosas sobre a inferioridade intelectual dos religiosos. O mais grotesco é dar conjecturações “científicas” dessas referências.

Tal como os racistas do final do século XIX e começo do século XX, os ateus militantes estão espalhando as tolices mais odiosas contra os cristãos, embasadas em pressupostos “racionais”. Somando-se a estes chavões, há a tentativa deliberada de retirar a fé cristã da vida pública, por meio da intimidação, da coerção e mesmo da força do Estado.

O maior arauto dessa política é um sujeito chamado Daniel Sottomayor, dirigente da ATEA, uma ONG disseminadora do ateísmo militante. Na prática, quando os ateus militantes bradam pela supremacia e radicalização do Estado laico, querem um Estado ateu, nivelando as religiões para baixo e transformando o secularismo numa espécie de fé pública. O raciocínio secularista aplicado é idêntico às políticas de ateísmo oficial. Nisto, eles não diferem dos jacobinos da Revolução Francesa ou dos bolchevistas da Revolução Russa.

Chega a ser patética a manifestação desses indivíduos: tal como os negros e os gays, os ateus militantes querem ganhar o status de “minorias” perseguidas pelos malvados religiosos, no intento de se criar os mais odiosos privilégios legais. Ainda que essa militância influencie universidades, escolas, mídia e reivindique o poder completo de monopólio de palavra contra os cristãos.

Se não bastasse essa fábrica de mentiras, repetida por um bando de criaturas ignorantes e presunçosas, eles se organizam em bandos, para boicotarem qualquer manifestação de dissidência. De fato, foi isso que presenciei quando expus minhas idéias no Youtube: legiões organizadas de embusteiros falantes mandavam ofensas e “negativizavam” os vídeos, além de enviarem ameaças de boicote e até de processo judicial.

Houve um sujeito que disse que me denunciou ao Ministério Público Federal. Sabe-se lá qual crime cometi! O apresentador de um programa de televisão, Luís Datena, também sofreu um processo na justiça por conta do Ministério Público Federal, ao afirmar que os bandidos não têm Deus no coração e que um ateu não teria limites morais. A acusação: “preconceito contra ateus”.

O absurdo de tal tipificação é que ela simplesmente não existe na legislação brasileira.

Numa época de ditadura politicamente correta, há certas pessoas que querem elevar o Ministério Público a uma nova espécie de fiscal dos pensamentos alheios. Contudo, os ateus militantes chorosos, seja na internet ou em outros meios de comunicação, chamam os religiosos de “fanáticos”, “ignorantes” e falsificam deliberadamente a história, disseminando uma chuva inesgotável de calúnias. Naturalmente, tudo em nome da liberdade de expressão e sob o beneplácito, o nihil obstat, do Ministério Público.

Atualmente, procuradores e promotores públicos neste país bancam os burocratas estúpidos e retardados mentais que querem tutelar as antipatias alheias, principalmente para agradar gangues políticas esquerdistas neuróticas e cheias de sensibilidades doentias.

Apesar de tudo, o que me surpreendeu nessas manifestações raivosas foram os pedidos de censura contra as minhas declarações. Aí podemos compreender por que o governo federal, atualmente, possui tamanha força para querer invocar mecanismos de controle estatal sobre as opiniões da internet.
O PNDH-3 (Plano Nacional de Direitos Humanos) do governo petista, que exige censura da liberdade de expressão na imprensa e na internet, tem sólido eco e apoio nessas turbas fanatizadas.

Os ateus militantes, que se julgam tão liberais, tão avançados, tão pluralistas, querem exigir formas de censura intelectual impensáveis até para o nível repressivo da Inquisição Espanhola.
Muitos ficaram furiosos quando afirmei que o ateísmo militante, ao contrário do que se apregoa, não é mera descrença em Deus, mas uma doutrina ideológica que visa justamente fundar uma nova sociedade materialista e transformar os cristãos em cidadãos de segunda classe.
Não me espanta que eles me ataquem virulentamente, ainda que façam pose de criaturas isentas. Tal como o secularismo militante e radical, que no século XX inspirou as piores tiranias, os ateus militantes atuais absorvem todo o seu radicalismo sectário.

As investidas contra cristãos nos países comunistas, no México do PRI na época da Revolução Mexicana e nos desvarios sanguinários da guerra civil espanhola não são meras coincidências. São frutos reais de uma propaganda violenta de ódio ao cristianismo. Tal brincadeira custou a vida de milhões de pessoas e a destruição da liberdade religiosa.

E, surpreendentemente, meu blog, “Cavaleiro Conde” sofreu um bloqueio do Google, por supostamente “violar os termos de serviço”. A acusação era de que um vírus se infiltrou no meu site. Não tenho a menor idéia do que realmente ocorreu.
É bastante provável que alguém tenha roubado a senha, inserido um vírus e depois me denunciado ao Google. Ou então algum pretexto para a censura mais explícita. Talvez ainda tenha chovido várias denúncias de ateus e demais recalcitrantes. Não boicotaram várias vezes o blog do meu amigo evangélico Julio Severo? Não cancelaram sua conta do Pay Pal, sob pressão dos fanáticos fascistas do movimento gay? Então...

Lamentável é perceber que os termos de uso do Google e do Blogger não garantem a liberdade de expressão. Pelo contrário, as cláusulas são visivelmente leoninas, e oneram absurdamente o usuário, uma vez que sem o consentimento deste, pode-se simplesmente apagar o blog.
Isso porque a chamada “denúncia de abusos” dá força para grupos organizados, que podem pressionar a censura de um determinado blog por ser considerado “inconveniente”. Ao que parece, é preciso que os blogueiros criem mecanismos e precedentes jurídicos que protejam seus direitos constitucionais contra as pressões de grupos organizados e a covardia da Google.

Atualmente, esses grupelhos militantes querem mesmo calar a boca da dissidência, principalmente quando são cristãos e conservadores. Homossexuais, feministas, ateus, negros organizados ou de qualquer outra natureza idiossincrática, todos eles exigem a ditadura das idéias, a fiscalidade e controle estatais, ou melhor, uma nova inquisição ideológica, em favor do patrulhamento totalitário politicamente correto.
Esse patrulhamento não poupa nada: obras, livros e até clássicos do passado, como foi o caso, aqui no Brasil, do Ministério da Educação rotular a literatura infantil de Monteiro Lobato de “racista”.

A bela obra de Miguel de Cervantes, quando publicada em 1605, em sua introdução, passou pelo crivo da Inquisição Espanhola. O livro é cheio de expressões satíricas, picarescas e palavrões. E, no entanto, o inquisidor que o leu não estava preocupado com isso. Pelo contrário, achou louvável a crítica contra a literatura cavalheiresca.

Ao que parece, o nível dos inquisidores caiu muito de lá pra cá. Agora são os senhoritos arrogantes e andrajosos, perfeitamente satisfeitos de sua completa ignorância sobre tudo, que querem ditar a liberdade de expressão conforme a extensão de sua estupidez. A internet, que é o meio de liberdade de expressão por excelência, é vítima das investidas deles. E, naturalmente, eles combatem a liberdade de expressão, tudo em nome da “tolerância”, dos “direitos humanos”, do “progresso” e, pasmem, da liberdade humana!

Leonardo Bruno, 08 Outubro 2011

QUEM DEVE JULGAR OS JUÍZES?

A ação da Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que este limite o poder do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de investigar e julgar magistrados suspeitos de ilegalidades gerou uma grande polêmica, especialmente a partir da perspectiva, que parecia prevalecer até semana passada, de que o ponto de vista da AMB seria endossado pelo Supremo.

Uma boa parte da discussão tem girado em torno de como a atuação do CNJ afeta o trabalho das corregedorias dos tribunais. Quem se alinha com a tese da AMB defende que o CNJ pode esvaziar as corregedorias, pois estas acabariam por deixar todas as apurações para o Conselho. Quem defende o status quo aponta que uma das razões para a criação do CNJ foi exatamente a inoperância das corregedorias.

Ainda que acalorado, esse debate tem passado ao largo de uma questão fundamental: quem está mais bem posicionado para investigar e julgar os magistrados, o CNJ ou as corregedorias? Em especial, tem-se dado pouca importância a um aspecto crítico dessa situação: os magistrados são julgados por seus pares. Em geral, isso significa que o réu ou investigado pode ser colega e engajar-se em múltiplas relações com aqueles que lhe estão julgando. Pode-se pressupor que, em geral, o julgador levará em conta essas relações, passadas, presentes e futuras, na hora de decidir. Isso contrasta com o caso de um cidadão comum, em que a relação parte-magistrado é limitada ao julgamento. De fato, em havendo múltiplas relações entre o magistrado e a parte, a boa norma diz que esse deve declarar-se impedido de julgar.

A maior contribuição da mídia é impedir que o caso seja esquecido, já que a sociedade passa a cobrar um desfecho

Dois trabalhos recentes ajudam a responder à questão acima a partir da análise de outras duas situações em que o julgamento de desvios funcionais, na expressão do Ministro Peluso, também é feito pelos pares. Sandro Cabral e Sérgio Lazzarini, em “The ‘Guarding the Guardians’ Problem: An Analysis of Investigations against Police Officers in an Internal Affairs Division”, analisam o caso das corregedorias de polícia. Michele Butto, Carlos Pereira e Mathew Taylor, em “Sunshine or Shadow? The Effect of Secret Voting Procedures on Legislative Accountability”, examinam os julgamentos dos deputados federais.

Os estudos, com base em avaliações empíricas diversas, chegam a quatro conclusões importantes para o caso em questão.

Cabral e Lazzarini concluem que investigações conduzidas por comissões especializadas, em anteposição àquelas formadas caso a caso, em geral chegam a resultados mais rapidamente. Butto, Pereira e Taylor também observam que a composição do conselho julgador é um determinante importante do resultado. Isso aponta para a relevância de se ter julgadores com menor número de relações com as partes investigadas ou julgadas, o que claramente é uma vantagem importante do CNJ em relação às corregedorias. Da mesma forma, uma “comissão especializada” como o CNJ é mais visível e fácil de monitorar do que corregedorias espalhadas pelo país.

Segundo, o poder e a senioridade do acusado influem no resultado. Na polícia, oficiais de patente mais alta tendem a ser punidos de forma mais branda, enquanto a investigação é mais rigorosa quando se trata de um novato. Na Câmara dos Deputados, o poder do deputado – por exemplo, uma liderança partidária – também afeta a probabilidade de punição. Isso sugere que a investigação e julgamento pelo Conselho Nacional de Justiça é mais crítico no caso de desembargadores do que de juízes de primeira instância, que poderiam ficar sob responsabilidade das corregedorias.

Esse poderia vir a ser um critério para evitar que o Conselho seja eventualmente sobrecarregado de apurações.

Terceiro, a publicidade, em especial a cobertura feita pela mídia, tem grande influência no resultado da investigação. A maior contribuição é provavelmente impedir que o caso seja esquecido, na medida em que a sociedade passa a cobrar um desfecho. Essa evidência vai de encontro à proposta do ministro Ari Pargendler, de que as investigações contra magistrados sejam feitas sob sigilo.

Quarto, Cabral e Lazzarini observam que o tipo de delito sendo investigado influi no resultado. Por exemplo, acusações de extorsão tendem a ser tratadas com mais rigor do que aquelas de violência policial. Também no caso do Congresso há evidências de maior rigor no julgamento de delitos menos relacionados, na prática, à atividade política: por exemplo, há mais rigor em relação a homicídios do que contribuições ilegais de campanha. Infere-se daí que a atuação do CNJ é especialmente relevante em desvios funcionais menos sérios, uma vez que os casos mais graves, como a venda de sentenças, por exemplo, tenderiam a ser tratados mais duramente pelas corregedorias.

Naturalmente, há que se ter cuidado ao extrapolar inferências obtidas nos casos da polícia e dos deputados federais para o dos magistrados. A boa notícia, porém, é que há dados disponíveis para se fazerem estudos semelhantes para o caso do judiciário. Avaliações recorrentes sobre o tema seriam importantes para garantir o aperfeiçoamento institucional nessa área.

Armando Castelar Pinheiro
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2011

MATERIAL ANTI-BULLYING EXPÕE CRIANÇAS A VÍDEOS PORNOGRÁFICOS GAYS


Secretaria de educação do Canadá empaca devido à revelação de que material anti-bullying expõe crianças a vídeos pornográficos gays

VANCOUVER, Colúmbia Britânica, Canadá, 6 de outubro de 2011 (Notícias Pró-Família) — Vídeos que mostram homens nus explicitamente sodomizando uns aos outros — inclusive como “material de apoio” numa campanha “anti-bullying” para as escolas de Vancouver — são “realmente impróprios”, diz um dos secretários de educação.

Campanha “Fora do Armário nas Escolas”

A crítica que o secretário Ken Denike fez da campanha “Fora do Armário nas Escolas” (FAE) ocorre depois que os pais se queixaram de que as escolas da cidade de Burnaby foram levadas, por meio de tapeações, a apoiá-la como uma campanha “anti-bullying” quando na verdade a campanha nada mais é do que um “embuste” dos “ativistas sexuais” para “sexualizar os estudantes” e introduzi-los, por meio de seduções, à “cultura gayzista”.

“Achei a campanha realmente imprópria, principalmente para os alunos de 13 anos de idade”, Denike disse para a Agência QMI, se referindo ao material do site Iniciativa de Saúde Masculina (CSM) que estava na lista como um “recurso para os jovens” no livreto “Fora do Armário nas Escolas”.

“Esse material está disponível no site Xtube, que é realmente material pornográfico”.

Veja o material sexualmente explícito do site Iniciativa de Saúde Masculina aqui. (Avisamos fortemente aos leitores que é explicitamente pornográfico.)

Aparecem mensagens na seção de recursos tais como “Se você f**er sem uma camisinha, faça o teste”.

O secretário Denike diz que gostaria de ver mais prestação de contas com relação aos materiais que são oferecidos aos estudantes pela internet. “O que queremos é que os professores passem pelos mesmos procedimentos que normalmente passam quando estão usando um livro, que eles sejam muito vigilantes acerca do material e verifiquem o site”, disse ele.

Kari Simpson, presidente de Culture Guard, uma organização de base que promove ativismo dos cidadãos, disse para LifeSiteNews que o secretário Denike sabe só um “pequeno fragmento” do “real escândalo” por trás da campanha “Fora do Armário nas Escolas”. “Creio que eles estão agora começando a entender o que está acontecendo!”

“A Iniciativa de Saúde Masculina [site promovido pela Campanha “Fora do Armário nas Escolas”] é basicamente uma organização gayzista de namoros que está envolvida na produção de pornografia gay explícita para enviar mensagens sobre questões da saúde sexual gay”, explicou ela.

Simpson crê que esse tipo de “material de apoio” onde homens nus explicitamente sodomizam uns aos outros indica o que está no centro da campanha e que os pais deveriam ficar “chocados” e sentirem “justa indignação” quando descobrirem a que tipo de coisa seus filhos estão sendo submetidos.

“A Campanha ‘Fora do Armário nas Escolas’ deveria ser expulsa das escolas”, disse Simpson.

Visite Culture Guard para ver uma denúncia detalhada da Campanha “Fora do Armário nas Escolas”.

Visite Parents’ Voice para ver seu desmascaramento da agenda homossexual nas escolas da Colúmbia Britânica.

Peter Baklinski
Fonte www.juliosevero.com

O SEGREDO QUE ITAMAR GUARDOU ATÉ O FIM - ENTREVISTA


O dia em que recebeu,na Presidência, uma proposta mais “tenebrosa” do que fechar o Congresso Nacional

Definitivamente, “Itamar não é fácil”. A presidência da República também não. Ponto. Parágrafo.

Quando assumiu o poder, no rastro do furacão de denúncias que varreu Fernando Collor do Palácio do Planalto, Itamar Franco aprendeu logo duas lições. Primeira: ao contrário do que as aparências fazem supor, a presidência é, essencialmente, um cargo solitário. (Daqui a pouco, ele falará sobre a sensação de ver desfilar diante dos olhos, em seus “momentos de reclusão” palaciana, nos fins de noite, as imagens de tudo o que poderia acontecer num país eternamente sujeito a solavancos.)

Segunda lição: quem ocupa a presidência deve estar preparado para ouvir propostas capazes de tirar o sono. Itamar Franco seria surpreendido pela proposta de um grupo de parlamentares – e se o presidente, num arroubo, fechasse o Congresso Nacional para depurar o parlamento da presença de roedores do dinheiro público?

O depoimento que o ex-presidente gravará neste final da manhã foi precedido de incertezas tipicamente itamarinas: durante quatro meses, houve troca de e-mails e telefonemas com assessores do homem, em Juiz Fora e na Embaixada do Brasil em Roma.
A matéria complexa chamada Itamar Franco poderia render um curso intensivo: as aulas valeriam inclusive para amigos próximos - que, somente assim, aprenderiam a antever as reações do ex-presidente. Forasteiros, como repórteres interessados em extrair confissões da esfinge, aprendem logo a lição: nada é cem por cento fácil com ele.


Lá vem ele. São onze da manhã. Itamar prefere gravar a entrevista na sede da TV Panorama, em Juiz de Fora. Quando desce do banco traseiro de um carro de vidros escuros, exibe a inconfundível contribuição capilar dada à iconografia política brasileira: o célebre topete, alegria dos cartunistas. Não faz frio, mas Itamar enverga um suéter sob o paletó azul escuro. A gravata é vermelha.

Como se fosse um candidato prestes a debater com adversários eleitorais, o ex-presidente traz debaixo do braço uma pasta com documentos que compulsará para reforçar o que diz.
Guarda com especial cuidado um texto em que o ex-ministro Delfim Netto elogia a performance do governo Itamar na área da economia.
As palavras de Delfim são a arma que Itamar faz questão de empunhar para se defender da rejeição que (ele jura) São Paulo lhe devota. Não se conhecem demonstrações da suposta rejeição paulista a Itamar. Mas, na intricada psicologia itamarina, há sempre espaço vago para acomodar desconfianças desse calibre.

Uma frase famosa, atribuída a Tancredo Neves, diz que Itamar guarda rancor na geladeira. Eis um exemplo: o ex-presidente não engole até hoje a capa que a revista Veja lhe dedicou no início do mandato, com uma manchete que questionava a estatura do ministério recém-nomeado. Quando Itamar deixou o governo, contudo, a mesmíssima Veja publicou um balanço que lhe era francamente favorável.
Assinada pelo jornalista Roberto Pompeu de Toledo, a longa matéria –
“Enfim, um presidente que deu certo” – lembrava o marco zero da era Itamar: “Um veterano sócio do clube juiz-forano, Mauro Durante, já advertira, semanas antes, ao observar que o movimento no gabinete do vice aumentava na medida em que se tornava mais real o impeachment de Collor: ‘Os urubus estão chegando’. Agora, urubus, perigosas águias, pacíficas pombas, papagaios tagarelas e caladas corujas, sem esquecer os tucanos, comprimiam-se naquele pequeno espaço, em que encontravam um presidente tão falto de solenidade que nem preparara discurso para a ocasião”.

Pois bem: Itamar, hoje, não cita os elogios da revista. Prefere guardar, em prateleira de honra da geladeira dos rancores, a capa que o enfureceu. “Itamar não é fácil” é a frase que se ouve à exaustão entre os que tiveram a oportunidade de conviver com ele.

Quando convidado por Fernando Collor para ser candidato a vice, nas eleições presidenciais de 1989, Itamar Franco protagonizou de novo intermináveis cenas de suspense antes de tomar a decisão. Disse “sim”. Terminou virando presidente, o que lhe garantiu de uma vez por todas a fama de “sortudo”. Itamar Franco aceita de bom grado o adjetivo, mas despachará diretamente para a geladeira dos rancores quem disser que ele escalou a rampa da política por obra e graça do “acaso”.
Com uma ponta de irritação, lembra que virou presidente não por acaso, mas porque a Constituição assim determinava. Recusa-se a estender a pesada troca de farpas com o antigo cabeça-de-chapa, Collor. Fora da gravação, diz que começou a discordar do então presidente já na primeira semana de governo, quando do traumático confisco do dinheiro depositado em cadernetas de poupança e em contas correntes. “Ali aconteceu o primeiro conflito”, confessa.

Os vocábulos estocados nos dicionários da língua portuguesa não são suficientes para adjetivar a personalidade do engenheiro Itamar Augusto Cautiero Franco. O homem já foi chamado de temperamental. Imprevisível. Surpreendente. Indecifrável. Enigmático. Um adjetivo, contudo, ficou colado ao nome de Itamar Franco quase como se fosse outro sobrenome: “mercurial”.
O problema é que a palavra não existe nos dicionários – pelo menos, não no sentido usado pelos cronistas políticos para se referir ao ex-presidente. Lingüistas, correi: Itamar Franco conseguiu criar um problema para os dicionaristas.

Dono de uma coluna que trata da língua portuguesa no site da revista eletrônica No Mínimo, o jornalista Sérgio Rodrigues foi abordado por um leitor intrigado com o uso da palavra “mercurial” para definir personalidades sujeitas a rompantes – como, por exemplo, o presidente da Argentina, Nestor Kirchner, capaz de abandonar pelo meio uma reunião internacional, sem disfarçar o tédio ou o descontentamento.
Rodrigues foi a campo para matar a curiosidade do leitor: de fato, lexicógrafos brasileiros limitam-se a dar ao adjetivo mercurial o sentido de “relativo a mercúrio”. Nada a ver com oscilações de temperamento. O que explica, então, o uso da palavra com sentido tão diferente?

A explicação do tira-dúvidas Rodrigues: “Mercurial é um estrangeirismo semântico, isto é, uma palavra que teve o sentido tradicional alterado ou estendido por contágio de outro idioma. Em dicionários de inglês, encontraremos a seguinte definição: ‘sujeito a alterações bruscas e imprevisíveis; que tem comportamento errático; temperamental’.

Exatamente como Kirchner, o bocejador. Ou, a propósito, Itamar Franco, certamente a pessoa que mais foi chamada de ‘mercurial’ na história da imprensa brasileira”. Resumo da ópera: para tentar definir Itamar Franco, os cronistas tiveram de recorrer aos dicionários de inglês.

Quando fala, como vai fazer agora, a esfinge de Minas sabe guardar segredos. Cita, mas não revela, um conselho “tenebroso” que teria recebido enquanto ocupava a presidência – algo ainda pior do que a sugestão de fechar o Congresso. Mas termina fornecendo pistas reveladoras sobre os métodos que seguiu quando era o homem mais poderoso do Brasil. Admite que passava a imagem de um presidente cerceado pelo poderoso “primeiro-ministro” Fernando Henrique Cardoso. Mas avisa aos navegantes: a encenação era planejada. Não havia amadorismo ali.
“Itamar não é fácil”: até as pedras das ruas de Juiz de Fora sabem que o ex-prefeito, ex-senador, ex-governador e ex-presidente nunca foi dado a fazer confidências a repórteres. Quando baixa a guarda, porém, o mercurial-mor da República é capaz de produzir depoimentos reveladores para quem tenta entender o enigma Itamar Franco.

CONFIRMADO : POLÍTICOS SUGERIRAM AO PRESIDENTE ITAMAR QUE FECHASSE ,POR UM TEMPO, O CONGRESSO NACIONAL.

Que segredo o senhor teve de guardar quando estava na presidência mas hoje pode contar?

Não sei se posso contar todos os segredos. De pronto, posso mencionar um, ocorrido quando assumimos o governo. Dentro da turbulência e da falta de auto-estima que o País vivia, nosso primeiro objetivo, naquele momento, era a manutenção do estado de direito e da democracia. Eu, particularmente, tinha lutado pela democracia desde jovem, desde que tinha sido prefeito de Juiz de Fora. A primeira preocupação, portanto, era essa.

Quando estava tentando formar o ministério, falei com uma figura muito importante, que ocuparia um cargo fundamental. A resposta que obtive foi: “Itamar, gosto tanto de você, mas, pelo amor de Deus, me deixe onde estou, porque você não vai durar 48 horas na presidência”. Aquilo realmente me trouxe preocupação.

Resolvi substituir os ministros militares, por quem tinha muito respeito. Sempre tive, aliás, muito respeito pelas Forças Armadas. Mas eu tinha de fazer a substituição dos ministros militares. Fernando Henrique Cardoso, a quem nós já havíamos escolhido para ser ministro das Relações Exteriores, assustou-se um pouco: achou que aquilo poderia impedir a continuidade do governo.

Tivemos durante algum tempo a sensação de que poderia não haver uma continuidade – sobretudo depois que determinada revista, já na primeira semana após a nossa posse, publicou, na capa, um título provocado pelo fato de que não havíamos nomeado nenhum ministro de São Paulo para a área do Ministério da Fazenda ou do Planejamento. Tínhamos escolhido um nordestino e um mineiro: Gustavo Krause, para a Fazenda, e Paulo Haddad, para o Planejamento, dois grandes ministros, dois grandes amigos. Mas a revista veio assim: “Ministros pífios”(O ex-presidente refere-se à Veja – que, na edição de 7 de outubro de 1992, estampava na capa o seguinte título: “Início pífio: Itamar monta um ministério de compadres”). A gente já imaginava que atrás daqueles “ministros pífios” poderia haver outro movimento…
O importante é que, ao longo do processo que vivi como presidente da República, sempre me preocupei, até por formação, com a manutenção do estado de direito. É uma formação que vem de dentro de casa e também da atividade política, desde os tempos de prefeito da minha querida cidade de Juiz de Fora. Tantos lutaram pelo estado de direito, um ideal que perseguimos ao longo da vida. Queríamos também dar ao País uma nova ordem econômica, o que terminou acontecendo, realmente.

É verdade que o senhor recebeu uma sugestão para fechar o Congresso?

Você vai me colocar numa situação difícil. Mas é verdade. Só não vou dizer o nome dos parlamentares. Vou preservar o nome dos parlamentares porque acho que devo manter esse detalhe sem uma revelação pública. Nós estávamos no palácio, quando dois deputados e um senador entraram de repente, abruptamente, no gabinete e disseram: “O Congresso enfrenta uma crise muito séria. Há corrupção generalizada na área da comissão de orçamento. Quem sabe, você fecharia o Congresso? Faria uma limpeza e, então, daríamos uma nova ordem institucional ao País”.

Falei: “Não! Não! Eu quebraria tudo aquilo que aprendi desde jovem, tudo aquilo que sinto. O Congresso é fundamental num processo democrático. Comigo não contem! Vamos resolver a crise no Congresso. O governo dará todo o apoio que for necessário”. Tanto deu que criou uma comissão de notáveis, encarregada de dar tudo aquilo que a comissão orçamentária precisasse. O que se viu ? Deputados foram cassados.

Quando ouvi a proposta, vivi uma hora difícil. Houve uma segunda vez, um diálogo mais particular. “Vamos fechar o Congresso, vamos limpar, vamos fazer assim, tipo De Gaulle?” (Em meio à crise provocada pelos protestos de estudantes e operários em 1968 em Paris, o general Charles De Gaulle, presidente da França, dissolveu o parlamento, convocou novas eleições e obteve grande vitória eleitoral). Respondi: “Como ‘tipo De Gaulle’? Nós estamos longe da França! Vamos manter a situação. A minha idéia é: custe o que custar, nós entregaremos a faixa ao novo presidente da República, que será eleito democraticamente, como exige e quer a sociedade brasileira. Tenho pedido a Deus que me dê sempre humildade, sabedoria e, sobretudo, equilíbrio para que possa entregar o governo ao sucessor de uma maneira democrática”.

Em que altura do mandato o senhor recebeu a sugestão dos deputados e do senador para fechar o Congresso Nacional?

A proposta foi feita logo que houve a crise da Comissão de Orçamento. Deve ter sido em outubro, novembro de 1993. A crise continuou em 1994. Por que fechar o Congresso? Por que o Congresso não poderia resolver os seus problemas? Há um aspecto importante: em toda crise, sempre respeitamos as decisões do Congresso. Mas, quando a crise ocorria no Executivo, nós sustávamos imediatamente o problema.

Tive um problema com o chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, amigo fraternal, a quem eu conhecia há anos. O pai de Hargreaves tinha sido meu líder na Câmara dos Deputados. Tenho, portanto, uma amizade fraterna com o ministro Henrique Hargreaves. Quando houve um episódio em que estavam querendo envolvê-lo, o próprio Hargreaves me procurou: “Itamar, é melhor eu sair. Depois, se você quiser, volto. Mas só depois que eu resolver o problema”. Assim aconteceu. (Acusado de ter ligações com irregularidades descobertas na Comissão de Orçamento do Congresso, o chefe da Casa Civil se afastou em novembro de 1993 e voltou ao cargo em fevereiro de 1994, depois de inocentado.)
O então ministro da Fazenda, hoje deputado, Eliseu Resende, é um grande amigo que tenho. Mas eu dizia: “Você é o ministro. Quando o Senado da República começa a discutir quem pagou suas diárias de hotel em Nova York, diminui muito o ministro da Fazenda. Infelizmente, você não pode continuar até resolver esse problema”. (Eliseu Resende perdeu o cargo depois da publicação de denúncias de que favoreceria a empreiteira Norberto Odebrecht). A mesma coisa aconteceu com o ministro das Minas e Energia que, de repente, faz um bilhete em que dizia que uma obra deveria ser dirigida para apoiar o candidato Fernando Henrique Cardoso. Tive de tirá-lo também. (Em memorando interno que vazou para a imprensa, o então ministro de Minas e Energia, Alexis Stepanenko, recomendava a assessores que programassem a inauguração de obras para antes das eleições.)

Internamente, portanto, agíamos na mesma hora. Não deixávamos. Podem me negar tudo – menos a percepção de que, em qualquer crise, nós sabíamos que o poder legislativo deveria ter, sempre, a solução dos problemas atinentes.

UM MISTÉRIO : O CONSELHO “TENEBROSO” QUE ITAMAR RECEBEU ERA AINDA “PIOR” DO QUE FECHAR O CONGRESSO

Qual foi o pior conselho que o senhor ouviu quando era presidente da República?


Prefiro não dizer. Recebi conselhos complicados. Em um regime presidencialista, o presidente é um homem solitário. Não se deve achar que o presidente tem aqueles que o cercam, os amigos, os ministros. É diferente quando o presidente vai para o quarto: em seus momentos de reclusão, ele vê passar rapidamente diante dos olhos e na mente tudo o que acontece e o que pode acontecer no País. Certos conselhos que recebi prefiro não revelar: foram tão tenebrosos que prefiro lembrar das coisas boas do meu governo.

Mas o pior foi o de fechar o Congresso?

Houve um pior.

Não quer dar nenhuma pista?

Não. Mas vamos ser sinceros: fechar o Congresso é complicadíssimo. Tivemos um presidente que fechou o Congresso durante dias. (O Congresso Nacional foi posto pela última vez em recesso no governo do general Ernesto Geisel, em abril de 1977, com base no Ato Institucional nº 5 – que conferiu poderes ilimitados ao Poder Executivo de dezembro de 1968 a outubro de 1978). Não foi bom para o País. Como não é boa para o País nenhuma crise. O governo acha que a crise não existe. Pensa que a crise pode ser tamponada e escondida, tenta impedir que uma Comissão Parlamentar de Inquérito se instale. Isso é mau para o País. Porque a crise se agrava e se aprofunda. É o que acontece também quando o presidente resolve manter nos cargos elementos do governo que estão processados pelo Supremo Tribunal Federal ou acusados deste ou daquele delito. Não estou entrando no mérito. Mas estou dizendo que são quistos que não devem existir. Isso, no entanto, é problema de cada presidente.

Qual foi o momento mais dramático que o senhor viveu no Palácio do Planalto?

Quer queira ou não, o presidente é um homem solitário no regime presidencialista – sobretudo, nas crises e nos momentos em que precisa tomar decisões difíceis. São decisões que, às vezes, chocam a alma e a mente do presidente. Defendo o regime parlamentarista desde que era rapaz, desde os tempos de estudante de engenharia. Basta dizer que o meu diretório acadêmico foi um dos primeiros a imprimir o parlamentarismo no estatuto. Imagine só: engenheiros estudando o parlamentarismo! Coincidentemente, fui orador da turma de engenharia: meu paraninfo, o doutor José Bonifácio, fez um discurso de apologia ao parlamentarismo, uma idéia que sempre me impregnou.

O parlamentarismo resolve facilmente as crises. É o que se vê na Itália. O presidente fica imune a qualquer crise. Cai o primeiro-ministro ou cai o gabinete, mas a nação não sofre nenhuma perturbação forte. Já as turbulências do presidencialismo podem levar a crises institucionais, se não se tomar cuidado. São crises institucionais que, às vezes, independem do presidente e independem da própria sociedade. Mas, quando a crise avança… Costuma-se dizer no Senado: “A gente sabe como uma CPI começa, mas nunca sabe como termina”.

Os momentos mais dramáticos foram as primeiras noites. Aquilo martelava os meus ouvidos: “Não dura 48 horas. Não dura 48 horas.” Devo dizer que aquilo não apenas martelava os ouvidos, mas machucava a alma e obrigava a mente a achar que aquela era uma expressão que não vingaria num país que tinha lutado tanto para alcançar a democracia.

Qual foi o comentário mais surpreendente que o senhor ouviu de um dirigente estrangeiro?

Sempre imaginaram que o Brasil não era um país realmente democrata. Pensavam que não éramos um país que buscava, como sempre buscou, o estado de direito. O Brasil vivia sob um estado de direito no final do meu governo. Fomos nessa época, em dezembro de 1994, à famosa Cúpula das Américas, a reunião em que se ia discutir a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), em Miami.

Resolvi levar comigo o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso. Eu era o presidente da República, ele era o presidente eleito. O fato de eu levar o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso e dar a ele todas as honras, a ponto até de me afastar um pouco, surpreendeu aos que pensaram “O Brasil, então, mudou! O Brasil tem um presidente que traz o presidente eleito!” Por que eu levei? Porque ele tinha sido eleito por nós. A eleição de Fernando Henrique Cardoso dependeu do Plano Real, sobretudo. Pode ele não gostar, porque costuma dizer que ele é quem fez o Plano Real.

Não discuto nem brigo: um dia, vão ver que a assinatura não foi a de Fernando Henrique. Porque muitos trabalharam no Plano Real: Paulo Haddad, Gustavo Krause, Eliseu Resende, Fernando Henrique Cardoso e o grande sacerdote do plano, o ministro da Fazenda, Rubens Ricúpero. Lamentavelmente, o ministro Ricúpero teve de sair, pelas condições que todo o Brasil conhece. Depois, veio o ministro Ciro Gomes, a quem muito devo também. Mas, naquele instante, Fernando Henrique se agarrou ao Plano Real. Como o plano não era uma planta de beira de rio, que vai embora na primeira enchente, Fernando Henrique ficou agarrado a ele. Assim, elegeu-se, independentemente de todas as qualidades que tenha.

(Ao todo, o presidente Itamar teve seis ministros da Fazenda: Gustavo Krause- outubro de 1992 a janeiro de 1993;Paulo Haddad- janeiro a março de 1993; Eliseu Resende- março a maio de 1993; Fernando Henrique Cardoso- maio de 1993 a abril de 1994; Rubens Ricupero – abril a setembro de 1994; Ciro Gomes- setembro de 1994 a janeiro de 1995.)

Quando o presidente eleito Fernando Henrique foi comigo para Miami, deixei que ele aparecesse sempre em primeiro plano. Em outras ocasiões, durante meu governo, deixei que ele aparecesse em primeiro plano, ao contrário do que esperavam os que não o queriam como meu candidato. Eu, às vezes, até me afastava. Ria quando a imprensa dizia: “Fernando Henrique é o primeiro-ministro…”

Eu até achava bom, porque aquilo favorecia um homem que, nas primeiras pesquisas (eleitorais), tinha 16% (de intenções de voto) contra 44% de Lula. Fernando Henrique, então, precisava aparecer comigo. Isso era feito não porque eu fosse bobo: era proposital! Mas a imprensa achava que eu era bobo. Fui deixando Fernando Henrique ser “primeiro-ministro”. Preciso dizer, aqui, o seguinte: depois de muito tempo na história republicana, nós fizemos o nosso sucessor – e sem usar a máquina administrativa!

Quando levei o presidente eleito comigo para a reunião de Miami, presidentes que ali estavam – acredito que até o presidente Bill Clinton – notaram: “Interessante – o Brasil traz o presidente eleito. O processo democrático vai ter continuidade com Fernando Henrique Cardoso”.

O senhor nomeou Fernando Henrique Cardoso ministro da Fazenda, no Diário Oficial, sem que ele tivesse aceitado o convite?

Eu tinha enfrentado uma crise, triste, para mim: a destituição do ministro Eliseu Resende, às duas e meia da madrugada, quando eu disse a ele o que pensava em relação ao problema discutido no Senado da República. Peguei o telefone: “Fernando, estou com necessidade de um ministro da Fazenda. Vejo que você, apesar de sociólogo, tem as qualificações para assumir neste momento…” Diga-se de passagem que nós nos dávamos muito bem na época. Disse a Fernando: “Se você pudesse assumir o Ministério da Fazenda…” Fernando Henrique não me disse nem sim nem não. Ficou de pensar. Mas resolvi publicar a nomeação. Se ele não quisesse, eu teria revogado.

Isso foi uma maneira de forçá-lo a aceitar?

Fez bem a ele.

ITAMAR FALA DE UM ASSUNTO QUE O INCOMODA : O “CONSTRANGIMENTO” DE TER SIDO FOTOGRAFADO, NUM CAMAROTE DO SAMBÓDROMO, AO LADO DE UMA MODELO QUE NÃO USAVA CALCINHA

O fato de uma modelo ter sido fotografada ao lado do senhor, numa pose indiscreta, foi o momento mais constrangedor que o senhor viveu como presidente da República?



Aquele foi o momento mais constrangedor. Mas se aquela modelo entrou no camarote, pergunto: eu poderia pôr um espelho embaixo, para verificar se a pessoa estava nua? Não tinha jeito! Não podia fazer. Ou podia pôr um espelhinho? Se soubesse, talvez pusesse, sim, um espelho grande, para ver quem estava sem calça ou com calça… Mas aquele foi um momento de muito constrangimento. (Depois de ter desfilado no Sambódromo, no Rio de Janeiro, a modelo Lilian Ramos posou ao lado do presidente vestindo apenas uma camiseta curta sobre o corpo nu – os flagrantes registrados pelos fotógrafos, postados abaixo do camarote, correram o mundo nos dias seguintes.)

Não sei se ele se recorda, mas fui o primeiro governador de estado a fazer a campanha do então candidato Lula. Logo que assumi o governo, nós o lançamos, em Ouro Preto. Nem candidato ele era. Depois, ao longo do meu mandato de governador, defendi a candidatura do hoje presidente Lula, junto com José Dirceu, a quem quero muito bem. Fui igualmente o único governador que esteve presente ao último comício de Lula, em São Bernardo do Campo, quando ele se debulhou em lágrimas. Também emocionado, deixei as lágrimas caírem, debaixo da chuva. Não sei se o presidente Lula se recorda , mas ele chegou perto de mim e disse: “Itamar, o que é que você quer?” Resolveu me mandar para a embaixada do Brasil na Itália. Pela afetividade, por ligações familiares lá, aceitei, mas com receio exatamente do problema que já tinha acontecido. (Logo depois de ganhar fama instantânea, em 1995 Lilian Ramos passou a viver justamente em Roma.) Fiquei bastante preocupado.

A foto da modelo, tirada durante um desfile de carnaval, comprometeu de alguma maneira a imagem presidencial?

Tenho a impressão de que não, porque eu estava ali inocentemente. Não convidei a modelo para ir ao meu camarote. Como disse, para saber se ela estava de calcinha, eu teria de pôr um espelho por baixo – ou, então, levantar a saia, o que eu não faria. Mas aconteceu de ela estar sem a calcinha. Não se pode ter medo de dizer que ela estava sem calcinha, porque ela estava, sim. É o que se verificou, depois. Mas repito que ela não foi convidada por mim. Alguém a colocou lá, alguém que se aproveitou de um descuido qualquer. Meu processo de liberdade, em que não me rodeio de muita segurança e deixo as coisas acontecerem, às vezes pode ser um erro. Alguém introduziu a modelo ali, maldosamente. Afinal, ninguém entra sem roupa num camarote, sobretudo no do presidente da República.

Aquilo causou um constrangimento público ao senhor?

Ah, muito constrangimento público, muito constrangimento…

Porque a foto teve até repercussão internacional…

Teve repercussão internacional. Tentei, depois, dar um telefonema para a modelo. Queria dar o telefonema para chamá-la e enquadrá-la. Tive de usar outro artifício, mas ela entendeu diferente. Terminou gravando o telefonema. O episódio causou um constrangimento internacional. Quem brincou comigo, numa determinada solenidade, foi o rei (Juan Carlos I) da Espanha. Havia um quadro. O rei chegou perto de mim e disse: “Meu caro Itamar, eis aí uma coisa de que você gosta…” Nós brincamos, tal a liberdade que ele tinha comigo. Mas aquilo me custou caro – um banzé danado. Eu é que fui prejudicado, porque todo mundo se beneficiou.

Que personalidade nacional ou estrangeira decepcionou o senhor na presidência?

De personalidade nacional não quero falar, porque eu poderia levantar uma celeuma que não me interessa nesse instante. Entre as personalidades estrangeiras, não me recordo de nenhuma que tenha me decepcionado. Sempre respeitei a personalidade e o modo de dirigir dos governantes. A gente aprende que não se deve interferir na gestão desse ou daquele presidente. Ao contrário. Mas houve duas figuras que me impressionaram. Uma pertence ao campo da religião. Pode-se até discordar da linha que ele seguia. Não quero debater a doutrina social da Igreja. Mas devo dizer que o papa João Paulo II me impressionou. Considero-o um peregrino da paz. Fiquei impressionado com a peregrinação que ele fez por uma paz que, infelizmente, até hoje, no século XXI, não conseguimos.

Hoje, vejo falar das relações entre Brasil e Venezuela. Mas Brasil e Venezuela, em minha época nas presidência, estavam de costas um para o outro. Fui o primeiro a visitar o presidente da Venezuela, Rafael Caldeira, depois que ele foi eleito. Vi que ele tinha um amor grande pelo Brasil. Ali, foi possível fazer com que Venezuela e Brasil voltassem a ter amizade. A aproximação foi tão grande que o presidente Rafael Caldeira tornou-se um dos primeiros presidentes a defender a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.

São figuras que me impressionaram. O presidente Rafael Caldeira, pela simplicidade, pelo bem querer em relação ao Brasil e por seus desejos democratas. O Papa João Paulo II, por ser um peregrino da paz, uma figura notável.

Tive três encontros com o Papa. Dois encontros ocorreram aqui no Brasil. Um ocorreu em Roma, quando o presidente Lula me pediu que o representasse no Jubileu do Papa (em 2003). Fui um dos 16 que puderam cumprimentá-lo. O Papa já estava doente. A gente seguia todo o drama pessoal não do Papa em si, mas daquela figura humana. Ao me ajoelhar para pegar na mão de João Paulo II e olhar para a face daquele homem, me emocionei bastante. Quando disse que era brasileiro, ele respondeu: “Oh, brasileiro”. Olhou-me rapidamente nos olhos. Pude ver que ali estava um homem que claramente demonstrava, no olhar, uma tristeza profunda.

(*) Trechos de entrevista publicada na íntegra no livro “DOSSIÊ BRASÍLIA : OS SEGREDOS DOS PRESIDENTES” - que reúne depoimentos de José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, gravados em 2005.

02/07/11, por Geneton Moraes Neto

EM TEMPOS MEDÍOCRES, A GRANDE MARCHA DOS INDIFERENTES AVANÇA

Acorda, Daniel Ellsberg! Eles enlouqueceram !

(Quem grita, hoje, em favor dos dissidentes ? Em tempos medíocres, a Grande Marcha dos Indiferentes avança)

Geneton Moraes Neto - Categoria Entrevistas
03/09/2011

A partir de hoje, sábado, a Globonews levará ao ar, diariamente, sempre às 20:05 (com reprise à meia-noite e meia), o DOSSIÊ GLOBONEWS; SEGREDOS DE ESTADO – uma série de oito entrevistas inéditas com personagens pouco conhecidos do público. Durante três semanas, o locutor-que-vos-fala percorreu os EUA, em companhia do cinegrafista Eduardo Torres, no encalço de espiões, ex-agentes da CIA, pilotos militares, diplomatas.

O primeiro personagem a entrar em cena na série DOSSIÊ GLOBONEWS : SEGREDOS ESTADO é um soldado americano que viveu um drama inesperado na Guerra do Iraque : ao se aproximar de um carro atingido por um bombardeio, ele descobriu que havia duas crianças dentro do carro. O que fazer?

Se fosse cumprir rigorosamente os códigos militares, o soldado não teria socorrido as crianças. Afinal, não é papel de um soldado socorrer feridos do “lado inimigo” – ainda que sejam crianças, atingidas “por acaso”. Mas o sentimento de solidariedade fez com que o soldado tentasse salvar as duas crianças que, por um grande azar, tinham ido parar no meio de um bombardeio. As duas estavam a bordo de uma van dirigida pelo pai.

Depois de socorrer as crianças, o soldado passou a ter pesadelos. Pior: chegou a ser admoestado por seus superiores. Virou motivo de piada entre os colegas. Logo depois, teve de voltar aos EUA, por ter sido ferido numa explosão. De volta para casa, tentou se matar porque não conseguia conviver com o chamado “stress pós-traumático”. A lembrança das crianças feridas o atormentava. Terminou se engajando numa campanha contra a Guerra do Iraque. Nome do soldado que virou pacifista: Ethan McCord.

A história terminaria aí : um veterano de guerra convivendo, em casa, com seus fantasmas. Mas o caso teve uma reviravolta espetacular. Toda a operação militar – que resultou no bombardeio da van que conduzia as crianças – tinha sido gravada pelo Exército americano. Ao ver as imagens, um outro soldado resolveu passar o vídeo, secretamente, para o Wikileaks (a organização que se especializou em divulgar documentos secretos de governos) . Tornadas públicas, as imagens provocaram choque, indignação, pavor. São – de fato – impressionantes. Ninguém fica indiferente a elas.

Um novo drama começou: o autor do vazamento foi imediatamente identificado pelo Exército. Era um soldado de vinte anos chamado Bradley Manning. Preso, ele foi imediatamente retirado do Iraque, levado ao Kwait e, afinal, “recambiado” para os Estados Unidos, onde chegou a ser submetido a um regime de isolamento numa prisão militar. Agora, aguarda julgamento.

É provável que o autor do vazamento vá passar os próximos anos atrás da grades, por ter desobedecido a uma série de códigos militares. Afinal, divulgou imagens e documentos confidenciais das Forças Armadas. Em um e-mail, o soldado dizia que iria vazar o vídeo do bombardeio porque queria provocar um debate planetário sobre abusos cometidos na Guerra do Iraque.
Ou seja: a intenção era a melhor possível. O problema é que, no mundo real, boas intenções podem ser passíveis de punição severa.

Um abaixo-assinado mundial foi lançado em defesa de Bradley Manning (aqui: www.bradleymanning.org). Qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo pode assinar, pela Internet. A petição vai ser encaminhada ao Pentágono. Internautas postam, no site, fotos em que exibem para a câmera pequenos cartazes com os dizeres: “Eu sou Bradley Manning”.

A verdade é que a campanha não vem tendo a repercussão merecida. Não me lembro de ter visto, na nossa imprensa, nenhuma grande matéria sobre o tema. A pouca repercussão da campanha em solidariedade ao soldado que queria denunciar um absurdo cometido na Guerra do Iraque é um sintoma destes tempos despolitizados e medíocres em que vivemos.
A dissidência virou uma flor rara. Ah, a Grande Conspiração da Mediocridade….Ah, a Grande Marcha dos Indiferentes….

Houve, no final dos anos sessenta, um caso parecido com o do soldado que virou dissidente. Um analista do Pentágono chamado Daniel Ellsberg vazou para a imprensa documentos secretos sobre o envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnam. Provocou um grande debate planetário sobre o tema, mas foi preso e levado aos tribunais. Houve uma grande mobilização em favor de Ellsberg. E agora ?

Um detalhe: aos oitenta anos de idade, Daniel Ellsberg se engajou totalmente na campanha em solidariedade a Bradley Manning.

Primeiro, assinou a petição no site. Posou para uma foto em que exibe um cartaz : “Eu era Bradley Manning” . Depois, participou de uma manifestação pública em defesa de Bradley Manning, em Washington, nas proximidades da Casa Branca. Terminou detido pela polícia. O octogenário Daniel Ellsberg parece não ter perdido aquela “chama de solidariedade” que, hoje, lastimavelmente, já não é capaz de incendiar corações e mentes :



Quando as tropas soviéticas marcharam sobre a Tchecoslováquia, em 1968, para pingar um ponto final na Primavera de Praga – uma tentativa de criação de um “socialismo com face humana” -, um estudante, ingênuo, escreveu num muro: “Acorda, Lênin ! Eles enlouqueceram”.

Diante da Grande Marcha dos Indiferentes, a hora é de dizer : “Acorda, Daniel Ellsberg ! Eles enlouqueceram”

Daniel Ellsberg : foto postada no site em defesa do soldado dissidente

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Aqui, trechos da entrevista que a Globonews levará ao ar. O soldado Ethan McCord – que, depois de socorrer crianças, virou pacifista – nos recebeu em casa.
O programa exibirá as imagens que Bradley Manning vazou para o Wikileaks. Os dois – McCord e Manning – vivem dramas diferentes. Manning continua numa prisão militar, à espera da hora de ir para o tribunal. McCord convive, em casa, com os fantasmas que o atormentam desde o dia em que descobriu que, dentro da van destroçada por um bombardeio, havia duas crianças :

1

“Os EUA, principalmente nas Forças Armadas, retrataram o país todo como vilão. Fizeram com que a gente visse todos os iraquianos como inimigos. Eu achava que o Iraque era um país cheio de terroristas”

2

“Arrombávamos portas com máscaras de caveira. Tirávamos moradores de suas casas no meio da noite. Batíamos nas pessoas. Atirávamos em gente inocente. A maioria das pessoas mortas no Iraque eram homens, mulheres e crianças inocentes. Nós é que éramos os terroristas”.

3

“Eu estava animado para ir para o Iraque, porque achava que seria uma espécie de herói. O que eu esperava era levar liberdade e democracia para gente que tinha sido oprimida durante tanto tempo. Eu achava que estava indo para uma guerra justa”

4

“O surpreendente é que fui para o Iraque para levar a liberdade aos iraquianos. Mas os iraquianos é que me libertaram. Os iraquianos me libertaram de ser um escravo cego do meu governo. Abriram os meus olhos para o mundo à minha volta”.

5

“Soldados riram de mim. Disseram que eu tinha coração mole. Ou que eu parecia uma mulher por me preocupar com crianças. Outros soldados me disseram que, se estivessem lá, teriam atirado na cabeça das crianças, porque elas seriam futuros terroristas. O Exército treina os soldados para acreditarem que as crianças do Iraque ou do Afeganistão vão ser terroristas”.

6

“Depois de voltar do Iraque, tentei me matar, pelo sentimento de culpa de ter participado daquilo. Emocionalmente, é extenuante até hoje. Tenho flashbacks. Sempre que fecho os olhos, vejo corpos. É muito traumatizante”.

7

“Eu diria a George Bush que ele nos usou por motivos ilegais e imorais. Espero que ele não durma bem à noite. Tomara que as imagens dos soldados e de suas famílias e dos mortos no Iraque e no Afeganistão o assombrem toda noite. E continuam assombrando-o pelo resto da vida”.

8

“Não sou dissidente. Sou muito patriota. Amo o meu país. Aomo o povo do meu país, mas amo também toda a Humanidade, todas as pessoas do mundo”

9

“Se me arrependo de ter matado gente no Iraque ? Com certeza. As pessoas que matei no Iraque, tivessem elas armas ou não, vão me assombrar pelo resto da minha vida. Vou para a sepultura assombrado pela imagem dos rostos das pessoas que matei”.

10

“A grande mídia dos EUA não dá espaço para veteranos que se opõem à guerra, pois somos vistos como loucos. Mas os que apoiam esta guerra é que são loucos”

O vídeo completo:

http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2011/09/ex-soldado-americano-vira-pacifista-apos-atuar-na-guerra-do-iraque.html

PODERES EMPACADOS

Os poderes da República encontram-se impossibilitados de decidir seus assuntos mais prementes, parecem empacados diante de seus problemas. O Supremo Tribunal Federal ainda não encontrou clima político para decidir sobre a abrangência dos poderes do Conselho Nacional de Justiça e ontem, mais uma vez, não abordou o tema complexo da fiscalização do Judiciário.

O Executivo tentou não entrar na discussão da Distribuição dos royalties do petróleo e deixou os estados se digladiarem pelos lucros presentes e futuros do pré-sal, mas está fadado a ter que assumir posição antes que o impasse entre estados produtores e não produtores vá parar no Supremo, provocando prejuízos para todos os envolvidos na disputa.

E o Legislativo, incapaz de se entender sobre os royalties, também não se entende sobre a reforma política, que nunca foi um tema que conseguisse convergências no Congresso.

Pelo menos dois desses temas têm no ex-presidente Lula um partícipe importante, mas ele está evitando envolver-se na questão dos royalties e, na reforma política, tentou e não conseguiu levar a base partidária do governo a um acordo.

O maior sintoma de que mais uma vez ela caminha para o impasse foi sua ausência, alegando cansaço, e de outros líderes importantes na cerimônia do Congresso que marcou seu lançamento na terça-feira.

O adiamento da votação na Comissão Especial da Câmara ontem, a pedido do relator, o petista Henrique Fontana, foi consequência natural da dificuldade de encontrar posição majoritária que se imponha.

O ex-presidente fez diversas reuniões no Instituto Lula, em São Paulo, foi até o Palácio Jaburu para tentar cooptar o PMDB através de acordo com o vice-presidente Michel Temer, mas na hora decisiva não apareceu por estar alegadamente cansado do glorioso périplo europeu. Ele certamente constatou que não há condições políticas para aprovar o projeto que o PT quer, espécie de remendo feito por Fontana para tentar apoio do PMDB: metade dos deputados federais seria escolhida por lista fechada, o sistema de agrado do PT, e a outra metade, pelo “distritão”, o preferido do PMDB.

Os estados seriam transformados em grandes distritos eleitorais, e os representantes, escolhidos pelo voto majoritário, quando os mais votados são eleitos. Para completar, financiamento público de campanha misturado com financiamento privado, tudo fazendo parte de um fundo eleitoral.

Em comentário na CBN, ao me referir a esse sistema de financiamento, cometi ato falho e disse que “os investidores” não saberiam em quem estavam pondo o dinheiro.

Na teoria, são financiadores de campanhas políticas; na prática, “investidores” que apostam seu dinheiro nos candidatos que, adiante, poderão lhes dar ajuda no Congresso. Mas, com esse fundo misto, os “investidores” não saberiam quem estariam financiando, e por isso o PMDB é contra o sistema.

Outro detalhe crucial desse sistema é que o dinheiro seria distribuído conforme o tamanho das bancadas, o que beneficiaria de cara o PT, dono da maior delas, e o PMDB. Além disso, ajudaria a que o equilíbrio de forças continue basicamente o mesmo.

Pelo visto, o projeto está todo prejudicado, pois interessa sobretudo ao PT e tem pouca chance de ser aprovado. Já o ex-presidente Lula continua com sua maneira de fazer política: evitando confrontos mais polêmicos quando estão em jogo seus parceiros políticos.

Na questão dos royalties do petróleo, ele é talvez o principal sujeito da disputa. O que está para ser votado é seu veto à emenda do deputado Ibsen Pinheiro, que distribui os royalties entre os estados com base nos critérios do Fundo de Participação dos Estados e Municípios, sem levar em conta a situação especial dos estados produtores.

Nunca é demais lembrar que os royalties e as participações especiais foram criados na Constituinte de 1988 para compensar os estados produtores, que, além de não receberem ICMS sobre o produto – petróleo e energia elétrica são taxados no local de consumo, e não na origem -, também têm problemas ambientais e sociais maiores por conta da exploração.

Lula vetou corretamente o projeto, assumindo compromisso com os estados produtores de que eles não seriam prejudicados, mas agora não move uma palha para que seu compromisso seja cumprido pelo governo de sua sucessora. Ele, que em outros temas não tem evitado interferir.

Esse sempre foi o estilo de fazer política de Lula. Enquanto trata os adversários como inimigos que devem ser subjugados, trata os aliados com toda a condescendência, minimizando os “malfeitos” e atendendo a seus pleitos.

Quem está ao seu lado sabe que será beneficiado por benesses e regalias que só o Poder permite. E, para ter base de apoio tão ampla. Lula evita os temas polêmicos.

Passou os oito anos de governo sem fazer reformas estruturais que mexessem com interesses de corporações ou sindicatos e, por isso, deixou sem regulamentação a parte da reforma da Previdência Social que conseguiu aprovar em seu primeiro ano, com o apoio da oposição e contra o PT e os sindicatos dos servidores públicos. Os fundos de previdência que complementariam salários dos servidores nunca saíram do papel.

Quem definiu bem a situação na discussão da reforma política foi um dos caciques do PMDB, o deputado Eduardo Cunha – que não é um santo do meu altar, mas desta vez teve uma boa tirada.

Ao ouvir o relator Henrique Fontana dizer sempre que “Lula acha isso”, ” Lula quer aquilo”, Cunha perguntou: ” Se o Lula passou oito anos no governo e não aprovou nada da reforma política, por que acha agora, que não tem mais a caneta, que pode aprovar o que quer?”

Uma boa pergunta, que pode inclusive indicar uma tendência política.

Merval Pereira
“O Globo”, 07/10/2011

A PROPOSTA DE UM NOVO MARCO REGULATÓRIO DA MÍDIA

Você acha que a proposta de um novo marco regulatório da mídia pelo governo é uma forma de censura?

Desde o mandato do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, analistas, jornalistas, sociólogos e articulistas como Merval Pereira, Carlos Sardenberg, Eugênio Bucci, Demétrio Magnoli, alertam para diversas tentativas de controle da mídia e restrição da liberdade de imprensa.

O Instituto Millenium também promoveu encontros e colóquios sobre o tema para debater os riscos que tais medidas trazem à manutenção da democracia.

O jornal “O Globo” publicou matéria nessa quinta-feira, 1 de setembro, sobre o avanço do PT na questão. Retomando o projeto elaborado pelo ex-ministro Franklin Martins, a Executiva do PT deverá propor o debate nacional sobre o marco regulatório da mídia. O secretário nacional de Comunicação do partido, André Vargas, negou que a iniciativa esteja relacionada à reportagem da revista “Veja”, que acusa o ex-deputado José Dirceu (foto) de estar tentando desestabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff .

Qual a sua opinião?

Você acha que a proposta de um novo marco regulatório da mídia pelo governo é uma forma de censura?

Leia a matéria do Globo:

Executiva do PT recua e apoia inclusão de marco regulatório da mídia na resolução do partido

Depois de aprovar resolução defendendo a ampliação da liberdade de expressão no país, em encontro da Executiva Nacional do partido no início do mês passado, o PT mudou de ideia. O secretário nacional de Comunicação da legenda, deputado André Vargas (PR), confirmou nesta quinta-feira, após nova reunião da Executiva, que a resolução política que deverá ser submetida nesta sexta-feira ao IVº Congresso Nacional deverá propor o debate nacional sobre o marco regulatório da mídia, nos mesmos moldes do projeto elaborado pelo ex-ministro Franklin Martins. Ele negou, contudo, que a iniciativa esteja diretamente relacionada à reportagem da revista “Veja”, que acusa o ex-deputado José Dirceu de estar tentando desestabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff .

TODOS JUNTOS: PT deve aprovar moção de apoio a José Dirceu durante congresso no final de semana

- Uma das tarefas do PT é fazer o debate sobre o marco regulatório, mas não vamos citar nenhum caso específico. Nossa resolução política terá cento e poucos artigos, se fosse citar o caso do José Dirceu precisaria de ter pelo menos 300. Na minha opinião, o caso da revista “Veja” não é de política, mas de polícia – disparou Vargas.

Nossa resolução política terá cento e poucos artigos, se fosse citar o caso do José Dirceu precisaria de ter pelo menos 300. Na minha opinião, o caso da revista “Veja” não é de política, mas de polícia .

Nos bastidores, porém, vários petistas admitiram que Dirceu teria operado diretamente junto à cúpula petista para que a proposta de regulação da mídia fosse incluída na resolução do partido. Além disso, o ex-deputado teria negociado a aprovação de uma moção de apoio a ele.

- Não foi discutida nenhuma moção de apoio a José Dirceu. Isso não impede que alguém apresente moção a seu favor – disse Vargas.

Decisão do partido contraria orientação de Dilma

A iniciativa do PT de reabrir o debate sobre o marco regulatório da mídia, porém, contraria a postura adotada pela presidente Dilma, que assumiu o mandato ressaltando que não tinha qualquer intenção de patrocinar qualquer ação que pudesse ser interpretada como censura aos meios de comunicação.

- O governo pode ter uma posição diferente da do PT, até porque o governo não é composto apenas pelo PT, tem seu tempo, mas esse é um assunto relevante para o país. Temos divergências em relação a outros assuntos como as 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário – admitiu Vargas.

O secretário nacional de Comunicação do PT, porém, não poupou críticas a atuação da mídia.

- A mídia pode criticar quem ela quiser e nós não podemos criticá-la? O que podemos fazer num caso como este da revista “Veja”? Pelo que se colocou, o José Dirceu está interditado de conversar com as pessoas. Isso é patrulhamento! Se eu encontrar o Cacciola (o banqueiro Salvatore Cacciola, que obteve recentemente a liberdade condicional), posso conversar com ele. Mas não posso com o José Dirceu. Que país é esse?

Vargas confirmou ainda que a resolução política do PT deverá incluir ainda uma avaliação, positiva, do governo Dilma e manifestar o apoio do partido a qualquer iniciativa de combate à corrupção, assim como a defesa da independência da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU). Mas tudo isso deverá ser feito dentro de um contexto que tem como objetivo ressaltar que essas iniciativas não começaram agora, mas tiveram início ainda durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também deverá constar da resolução o apoio do partido ao financiamento público de campanha e ao voto em lista.

Instituto Millenium

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ESTE É O GOVERNO DE "MAIOR DESMANDO DA HISTÓRIA DA REPÚBLICA"


O Instituto Millenium consultou o pós-doutor em Direito, Alexandre Coutinho Pagliarini, sobre a corrupção do sistema político no país e o papel da imprensa e da sociedade civil na frente contra a impunidade. Alexandre não acredita na “faxina ética” da presidente Dilma. Para ele, a realidade política atual é refletida pelo “governo com o maior desmando da história da República”.

O especialista apontou a necessidade de uma reforma constitucional para que a governabilidade não seja sustentada à base de troca de favores e interesses: “Na constituição de 1988, os nossos constituintes puseram elementos de presidencialismo e elementos de parlamentarismo na ordem política. A decisão final foi pelo presidencialismo, entretanto, foram deixados alguns elementos parlamentaristas na Constituição. Isso faz com que o poder executivo tenha que resolver – em governos desonestos – questões políticas a base do troca-troca, ou seja, conseguir sustentabilidade nas votações parlamentares. Há esse defeito constitucional”, apontou.

Na conversa com o Imil, Pagliarini comentou as demissões ministeriais, a postura de Dilma Rousseff e o papel da imprensa e da sociedade civil. Leia:

DEMISSÕES MINISTERIAIS

Pagliarini nega que a corrupção no Brasil venha sendo combatida pela presidente já que, segundo ele, “as cinco demissões de ministros se deram por conchavos partidários”. Em crítica ao governo, disse: “Especificamente nos governos do PT, a corrupção se alastrou de modo assustador. Prova disto é que em nove meses tivemos a queda de cinco ministros, algo inédito. Chegam a ser jocosas as razões que levam as quedas. Peguemos o exemplo do Pedro Novais: ele está cobrando da Câmara dos Deputados a devolução de R$ 2.156 reais que gastou em um motel no Maranhão, além de ter posto o motorista da Câmara pra ser motorista particular da mulher dele. Como se não bastasse, o secretario executivo dele foi preso pela Operação Voucher da Polícia Federal por repasses ilegais que eram feitos a ONG”.

A POSTURA DA PRESIDENTE

Questionado sobre qual seria a postura ideal de um presidente frente à corrupção, o especialista do Instituto Millenium apontou o ex-presidente Itamar Franco como exemplo. Pagliarini lembrou o caso do ex-ministro Henrique Agrives, afastado do cargo por denúncias durante o governo Itamar: “No governo dele fizeram denúncia contra o ministro Henrique Agrives, que foi imediatamente exonerado do cargo. Após investigação a justiça apurou que não havia nada de errado com o ministro. Essa é a atitude que o presidente deve ter. Quando houver a mínima denúncia, deve haver o afastamento. O cargo de ministro não dá ao ocupante estabilidade trabalhista. Ele pode ser demitido a qualquer momento, mesmo sem motivos. O presidente é absolutamente autorizado constitucionalmente a nomear e a exonerar seus ministros escolhidos”, afirmou.

Alexandre acredita que esta deveria ter sido a reação da presidente frente às inúmeras denúncias contra alguns de seus ministros, e a acusa de omissão: “Não faz sentindo – juridicamente falando – a omissão da presidente Dilma. O sitema presidencialista abriga o princípio da responsabilidade dos chefes do poderes executivos, que respondem pessoalmente pelo ato de seus ministérios. Deveriam abrir uma CPI para apurar diretamente o crime de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff, por permitir que no governo haja tanta corrupção. Consequentemente, se houver um relatório decisivo da CPI, se ela for aberta, esse relatório deveria ficar a disposição de qualquer um da sociedade para que fosse apresentada denúncia contra ela ao Senado Federal. Sendo assim, o Senado teria o prévio juízo de admissibilidade da denúncia na câmara dos deputados. Aceita a denúncia pela câmara, os senadores julgariam o caso sob a presidência do presidente do Supremo Tribunal Federal, como ocorreu com o presidente Collor. Eu creio que já existam provas que possibilitam a abertura da CPI. Este seria o primeiro passo”, acredita.

O PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL E DA IMPRENSA

Pagliarini exaltou o papel da imprensa e da sociedade na luta contra a corrupção. De acordo com o advogado, a imprensa deve ter seu papel oficializado, não apenas divulgando as denúncias, mas apresentando-as com suas devidas provas de forma oficial ao Ministério Público. Esse ofícios sim, “para fechar o cerco”, deveriam ser divulgados.

Em relação à população, o especialista defendeu a institucionalização do “recall” no país: ”Devemos exigir uma reforma constitucional para que tenhamos um instituto democrático que se chama “recall”, já existente na Suíça e na Alemanha. No Brasil, os nossos mandatários só perdem o cargo em 4 hipóteses: morte, renúncia, condenação por crime comum e condenação por crime de responsabilidade. O “recall” permite a perda do mandato por falta de preparo político, não cumprimento de promessas eleitorais e ineficiência no cargo”, explicou.

O advogado defendeu outras mudanças: “Os ministros do STF e o Procurador Geral da República devem ser eleitos por juízes membros do Ministério Público, defensores públicos e advogados, que formariam um colégio eleitoral qualificado. Feito isso, o mais votado seria submetido a uma investigação pelo Senado e pela Câmara, aí sim, poderia receber o cargo, mas com um mandato limitado. O minitro do STF tem cargo vitalício, isso é absurdo.

Para concluir, Alexandre lembrou que a reforma política, parada no Congresso Nacional, deveria ser aprovada e submetida a referendo popular, para que o povo se responsabilize e tenha mais consciência de democracia e de cidadania. “O povo brasileiro, mal educado num dos piores sistemas educacionais do mundo, não tem participado da política. Existem problemas históricos de falta de investimento governamental em educação, além do povo sempre ter sido deixado a parte do processo decisório. Poucos foram os momentos de democracia no nosso país”, concluiu.

Comunicação Millenium

UMA QUESTÃO DE COERÊNCIA

Margaret Thatcher, estadista inglesa, ensinava que na política, antes de tudo, é preciso assumir um lado. E persistir nele.

Durante toda a sua vida pública ela agiu de acordo com tal postulado. Defendia a livre-iniciativa, a concorrência entre as empresas e a consequente redução do papel do Estado na economia e na sociedade.
Manteve esse discurso mesmo quando os seus adversários trabalhistas pareciam invencíveis. Mas um dia chegou a sua vez: seu Partido Conservador venceu as eleições e ela chegou ao posto de primeiro-ministro. Governou por quase uma década e em momento algum abandonou as suas convicções.

Muito tempo antes, Winston Churchill, outro membro do Partido Conservador, foi ridicularizado por mais de uma década pelo fato de entender que o nazismo alemão representava uma séria ameaça às nações democráticas. Em 1941, com Londres em chamas, enfim o convocaram para dirigir a Inglaterra.

O mesmo ocorreu nos EUA, com Ronald Reagan. Durante mais de 20 anos ele martelou o público americano com as mesmas teses: menor ingerência estatal na economia e maior poder de escolha para os indivíduos. A sua intransigente defesa desses princípios o fez ser menosprezado pela imprensa dita “esclarecida” e lhe custou até a indicação de seu Partido Republicano para concorrer à presidência do país – e isso lhe aconteceu em duas ocasiões.

Mas um dia ele chegou lá. Conseguiu ser escolhido candidato dos republicanos e empolgou a nação com as suas ideias. Foi eleito e reeleito presidente dos EUA.


Quando Margaret Thatcher afirmou a importância de se assumir um lado, referia-se tanto à esfera pública quanto à pessoal.

Eu me lembro de ter lido em algum lugar o argumento de que a ética existe até mesmo na guerra. O capitão do submarino alemão e o comandante do navio inglês eram, obviamente, inimigos. Mas algo eles tinham em comum: ambos se dispunham a morrer por sua pátria e cada um esperava do outro que morresse pela pátria dele, também. Mas o que aconteceria se algum deles tentasse propor um acordo? Talvez até o conseguisse, mas estaria, assim, traindo não só o seu povo como também a sua própria honra.

Alguns podem afirmar que em política é “diferente”. Não, não é. Os cidadãos que se dispõem a dar o seu voto a alguém precisam saber que ideias são defendidas por seu candidato. E também ter a segurança de saber que, uma vez eleito, ele se conduzirá de acordo com elas. E é do próprio senso comum que os homens públicos se comportem assim.

Há no Brasil, ao menos, duas vertentes de pensamento que não entendem o jogo político dessa maneira. Na falta de nomes melhores, vou intitular uma delas como “revolucionária” e a outra como “pragmática”.

A primeira reúne todas as correntes que, no palco público, se identificam com os ensinamentos de Karl Marx. A segunda é aquela que tem em Maquiavel o seu principal mentor.

Uma entende que moral e ética são conceitos criados pelas “classes dominantes” e não se pauta por eles. Matar, roubar, trair, qualquer conduta é válida desde que seja necessária para se chegar à “revolução” – na qual os “explorados” prevalecerão sobre os “exploradores”.

A outra também renega a moral e a ética porque entende que, na esfera pública, só logram ter êxito aqueles que praticam a política “exatamente como ela é”.

Estes últimos são os imorais. Já os primeiros preferem dizer-se “amorais”.

Qual é a diferença?

Uns reconhecem as regras morais, mas não se incomodam em transgredi-las. Os outros alegam não existir moral alguma. Ambas as tendências, às vezes, se confundem. E isso decorre do fato de que, para as duas, vale o preceito de que os fins justificam os meios.

Não existem escrúpulos em nenhuma delas. Ambas menosprezam a capacidade de discernimento dos indivíduos. Ambas entendem que cabe a uma minoria esclarecida o papel de dirigir as massas. Para as duas, apenas alguns poucos sabem distinguir o bem do mal.

Uns acreditam que é possível mudar tudo. Outros acham que não é possível mudar nada.

Felizmente, além desses
“revolucionários” e “pragmáticos”, existem uns tantos outros para quem a moral e a ética são valores que contam.
E é com eles que procuram pautar a sua conduta. O conceito de honra, para esses poucos, é um princípio de vida. Como o são, também, a honestidade, o decoro e a dignidade.

Todos esses atributos são pessoais. Dependem da índole de cada um e não podem flutuar ao sabor das circunstâncias. Somente assim se pode andar na rua com a cabeça erguida.

Uma velha raposa da política brasileira resumia esse conceito de uma forma magistral. Dizia ele que “quem se mexe muito não sai na foto”.

Tudo bem, o liberalismo saiu de moda. Ainda mais depois da crise econômica norte-americana de 2008.
Nós, liberais, tivemos de revisar muitas de nossas crenças. A principal, entre elas, é a de que os mercados, deixados por si próprios, acabam sempre se ajustando. Mas foi necessária a intervenção do Estado para garantir a liquidez da economia. Para muitos liberais, esse baque foi equivalente ao sofrido pelos comunistas com a queda do Muro de Berlim.

Muito do que pregávamos, de repente, caiu por terra. Mas na nossa vida – como nas nossas convicções – não ocorre a ninguém trocar de valores tão somente porque outros aparentam ser mais convenientes.

Eu, por mim, pretendo continuar a dizer as mesmas coisas. Não vou trocar de ideia nem pretendo mudar de assunto: defendo uma sociedade aberta, com respeito aos direitos de cada um e a confiança no juízo de todos.

Chegará, um dia, a nossa vez. Até mesmo um relógio parado está certo duas vezes ao dia…

João Mellão Neto
O Estado de S. Paulo, 07/10/2011