"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 6 de maio de 2012

AS RELIGIÕES PREGAM UM DEUS (OU DEUSES) QUE MANTÉM AS PESSOAS EM ABSOLUTA SERVIDÃO

As religiões trabalham com o binômio culpa e medo. O que Spinoza tentou fazer foi eliminar este binômio, tendo sido amaldiçoado por esta razão. O argumento lançado acima de que, sem religião, os estrupadores estarão livres para praticarem seus delitos é absolutamente infantil e desprovido de senso racional. Pessoas que são íntegras e corretas por terem medo de Deus não podem ser dignas de crédito.

O medo e a culpa geram o surgimento de “falsos Messias”, como o genial Sabbatai Sevi, o qual soube se beneficiar do supracitado binômio em meados do século XVII. Idiota é quem não sabe se beneficiar desses dois sentimentos primários e toscos. Daí eu confessar agora uma leve admiração pelo “bispo” Macedo e por sua obra de exploração e de hipinotismo dos pobres e idiotas para lhes arrancar dinheiro.

Sabbatai Sevi logo vislumbrou uma oportunidade de se beneficiar com a condenação das teses de Spinoza. A religião, ou sua negação, constitui excelente oportunidade para os oportunistas tirarem vantagem. Sevi logo se elegeu o escolhido para levar os exilados de volta á Palestina, promovendo verdadeiro frisson em comunidades histéricas judáicas.

Baruch Spinoza, filho de judeus espanhóis e portugueses que fugiram da perseguição da Santa Inquisição emigrando para a Holanda, teve sua vida poupada. Mas a 27 de Julho de 1656, os anciãos da sinagoga de Amsterdam produziram uma cherém, fatwa, ou condenação segundo a qual, em nome dos anjos e dos santos “nós amaldiçoamos, eliminamos, excomungamos e anatemizamos Baruch Spinoza, com o consentimento dos anciãos e de toda a santa congregação, na presença dos livros sagrados pelos 613 preceitos neles inscritos, com o anátema pelo qual Josué amaldiçoou Jericó, com a maldição que Eliseu lançou sobre as crianças e com todas as maldições que estão inscritas na lei.”

Naquela época ainda não havia sido produzido o magistral filme Millenium — “The girl with the dragon tattoo”, uma crítica feroz ao livro Levítico, supostamente escrito por Moisés, livro este que induz aos mais variados crimes, estupros e assassinatos contra a mulher na moderna Suécia.

Spinoza foi amaldiçoado de dia, e também de noite. “Maldito seja dormindo e maldito seja acordado, maldito seja ao sair e maldito ao entrar. O Senhor não irá perdoar, a ira e a fúria do Senhor a partir de agora lançadas contra este homem, e lançadas sobre ele todas as maldições escritas no livro da lei. O Senhor destruirá seu nome sob o sol e o eliminará por sua ruína de todas as tribos de Israel, com todas as maldições do firmamento que estão escritas no livro da lei.”

Nós, comentaristas da Tribuna, também seremos punidos de ler “qualquer papel escrito por ele”. E qual foi a maldição que Eliseu lançou sobre as crianças? Ela se refere à história bíblica altamente violenta e raivosa, na qual Eliseu, incomodado com crianças que o provocavam, por sua calvície, chama Deus e pede que ele envie alguns diabos para levar as crianças de um limbo a outro.

Spinosa não teve seu nome eliminado sob o sol. A grande Enciclopédia francesa que definiu o iluminismo, editada por Denis Diderot e d’Alambert, tem um extenso verbete sobre Spinoza. Hume sugeriu que a profissão de crença em um ser supremo criador e onipresente na verdade era uma profissão disfarçada de ateísmo. Disse ele que tal ser não possuia nada que pudéssemos chamar de mente, ou uma vontade.

DILMA E O FANTASMA DA DELTA

 
Dilma Rousseff pediu a sua assessoria um pente-fino nos contratos da construtora Delta com o governo federal. A presidente da República quer saber se há irregularidade em alguma dessas obras.

O Brasil assiste embevecido a mais uma cartada moralizadora da gerente. Mas o ideal seria ela pedir a sua assessoria, antes do pente-fino, uns óculos de grau. Se Dilma não enxergou o que a Delta andou fazendo com seu governo, está correndo perigo: pode tropeçar a qualquer momento num desses sacos de dinheiro que atravessam seu caminho, rumo às obras superfaturadas do PAC.

Como todos sabem, até porque Lula cansou de avisar, Dilma é a mãe do PAC. Por uma dessas coincidências da vida, a Delta é a empreiteira campeã do PAC. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), as irregularidades nas obras tocadas pela Delta vêm desde 2007. A mãe do PAC teve pelo menos cinco anos para enxergar com quem seu filho estava se metendo. E a Delta era a principal companhia do menino, andando com ele Brasil afora num variado roteiro de traquinagens. Mas as mães de hoje em dia são muito ocupadas, não têm tempo para as crianças.

Felizmente, sempre tem uma babá, uma vizinha, uma amiga atenta para abrir os olhos dessas mães distraídas. Dilma teve essa sorte, em setembro de 2010. A CGU, que vive controlando a vida alheia – uma espécie de bisbilhoteira do bem –, deu o serviço completo: contou a Dilma e Lula (a mãe e o padrasto) que o PAC vinha sendo desencaminhado pela Delta.

Superfaturamento, fraudes em licitações, pagamento de propinas e variadas modalidades de desvio de dinheiro público – inclusive com criminosa adulteração de materiais em obras de infraestrutura – estavam entre as molecagens da empreiteira com o filho prodígio da então candidata a presidente.

De posse do relatório da CGU, expondo a farra da Delta nas obras do PAC, o que fez Dilma Rousseff? Eleita presidente, assinou mais 31 contratos com a Delta.

Talvez seja bom explicar de novo, para os leitores distraídos como a mãe do PAC: depois da comunicação à administração federal sobre as irregularidades da Delta, a empreiteira recebeu quase R$ 1 bilhão do governo Dilma. Agora, a presidente anuncia publicamente que passará um pente-fino nesses contratos, e a plateia aplaude a faxina. Não só aplaude, como dá novo recorde de aprovação a esse mesmo governo Dilma (64% no Datafolha), destacando o quesito moralização. Infelizmente, pente-fino não pega conto do vigário.
A presidente corre o risco de tropeçar de repente num saco de dinheiro que atravessa o governo rumo ao PAC

Mas o show tem de continuar. E, já que o público está gostando, a presidente se espalha no picadeiro. Depois da farra da Delta, que teve seu filé-mignon no famigerado Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Dilma diz que quer saber se a faxina no órgão favoreceu Carlinhos Cachoeira.

Tradução: depois de ter de demitir apadrinhados de seus aliados porque a imprensa revelou suas negociatas, Dilma quer ver se ainda dá para convencer a plateia de que o escândalo foi plantado pelo bicheiro. É claro que dá: se Lula repete por aí que o mensalão não existiu (e não foi internado por causa disso), por que não buzinar a versão de que o caso Dnit foi uma criação de Cachoeira?
Pelo que revelam as escutas telefônicas da Polícia Federal, o bicheiro operava com a Delta na corrupção de agentes públicos. Dilma e o PT são candidatos a vítimas desse esquema – daí Lula ter forçado a CPI do Cachoeira. O problema na montagem dessa literatura é que a Delta, mesmo depois da revelação do esquema e da prisão do bicheiro, continua recebendo dinheiro do governo Dilma – R$ 133 milhões só em 2012, e através do Dnit…

A atribulada mãe do PAC não notou a Delta, não percebeu Cachoeira, engordou o milionário esquema deles no Dnit durante anos por pura distração – e agora vai moralizar tudo isso com seu pente-fino mágico. Na próxima rodada das pesquisas de opinião, o vigilante povo brasileiro saberá reconhecer mais essa faxina da mulher destemida, dando-lhe novo recorde de aprovação.
Nesse ritmo, a CPI do Cachoeira acabará concluindo que até o escândalo do mensalão foi provocado pelo bicheiro (essa tese já existe). E Dilma conquistará para o PT o monopólio da inocência.
(Fonte: revista Época)

INACREDITÁVEL!

Professora usava filho de dois meses para traficar drogas em Goiás

Uma professora da rede municipal de ensino de Goiânia foi apresentada pela Polícia Civil, na manhã de sexta-feira, suspeita de integrar uma quadrilha que comanda um esquema de tráfico de drogas. De acordo com o delegado da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), Alécio Moreira, a mulher utilizava o marido e o irmão para auxiliá-la nas vendas e, o filho dela de apenas dois meses, era usado para disfarçar a ação.

“O que mais nos surpreendeu durante a prisão da professora foi saber que ela utilizava o bebê para fazer a entrega da droga. A mulher e o marido saiam de casa com a criança para disfarçar o crime. Com o filho nos braços, a intenção era despistar a polícia”, afirma o delegado Moreira.

Além da educadora, durante a ação da Polícia Civil, mais cinco pessoas foram detidas e encaminhadas para a Denarc suspeitas de serem os comparsas dela. Segundo o delegado Alécio Moreira, as investigações foram intensas até identificar os integrantes do bando.
“Depois de três meses, conseguimos chegar a um dos principais suspeitos do esquema, que provavelmente era comandado por um detento da Penitenciária Odenir Guimarães”, explica.

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700 KG DE MACONHA

Em outras operações, a Polícia apreendeu 700 kg de maconha dentro de caminhonete, em Goiânia, e mais de 1 tonelada de maconha em Guapó. Com o grupo, a polícia encontrou 4 kg de pasta base, seis veículos, mais de R$ 2,6 mil em dinheiro, uma prensa utilizada para embalar entorpecentes, duas balanças, 18 munições, uma pistola calibre 380 e um revólver calibre 38.
A polícia afirma que eles não vendiam drogas para usuários, somente para pequenos traficantes.

06 de maio de 2012
Milton Correa da Costa

CPI DO CACHOEIRA

Caso alcance a Delta, de Fernando Cavendish, CPI do Cachoeira precisa ouvir o ex-ministro Nelson Jobim



Esticando o braço – Quando afirmamos que se chacoalhada devidamente a CPI do Cachoeira poderá causar um estrago no País sem precedentes, muitos entendem se tratar de exagero de nossa parte. Criada para investigar a teia de relacionamentos do contraventor goiano Carlos Augusto Ramos, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito em questão tornou-se também na CPI da Delta, empreiteira que mais cresceu nos oito anos do governo de Luiz Inácio da Silva.
Destinatária do maior volume de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, a Delta está cada vez mais envolvida no escândalo que movimenta o meio político nacional. E é exatamente essa propagação que tem tirado o sono do empresário Fernando Cavendish, que afastou-se do comando da empresa e é apontado pela Polícia Federal como sócio de Cachoeira em alguns negócios pouco ortodoxos.
Escolhido relator da CPI do Cachoeira, o petista Odair Cunha (MG) insiste em inicialmente focar as investigações no Centro-Oeste brasileiro. Com isso, ficará de fora das investigações a contratação às pressas da Delta Construções para executar obra emergencial no Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, o popular Cumbica, em Guarulhos. O terminal remoto construído pela Delta a partir de um galpão desativado da Vasp foi entregue com atraso por conta da queda do telhado dias antes da inauguração.
Esclarecer essa contratação é assunto fácil e rápido. Basta convocar o ex-ministro Nelson Jobim, da Defesa, que deixou o cargo em agosto de 2011 após críticas às ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Filiado ao PMDB, Jobim tinha sob o seu comando a Infraero, a quem coube a contratação da Delta, que ocorreu em junho de 2011. Quem cobre o cotidiano da política em Brasília sabe que nada acontecia na pasta sem o aval de Nelson Jobim.
A CPI, como é de conhecimento de todos, está sob o domínio da chamada base aliada, em especial do PT e do PMDB. Aprovar um requerimento convocando o gaúcho Jobim é tarefa das mais hercúleas, ma não impossível. Vale lembrar à oposição que tentar custa nada e não paga imposto.

06 de maio de 2012
ucho.info

NOTA DE RODAPÉ DA HISTÓRIA

 

Quando a segunda guerra mundial terminou com a assinatura da rendição incondicional da Alemanha numa antiga escola em Reims na França o ato foi testemunhado por dezesseis jornalistas que haviam sido convidados pelo alto comando aliado na Europa.
No avião a caminho de Reims foi solicitado aos jornalistas que se comprometessem a não divulgar a notícia até a autorização pelo comando.
Dito e feito, a cerimônia foi realizada porém a autorização de divulgação não saia.

O motivo é que Stalin pedira para darem tempo para que organizasse uma segunda cerimônia na Berlim ocupada que parecesse ser a verdadeira rendição. O embargo de notícia que deveria ser de seis horas foi prorrogado para 36 horas.

Contudo Ed Kennedy (foto, 1/3/1944) correspondente da Associated Press (AP) que reclamara ante o atraso que não envolvia nenhuma segurança militar, pois a guerra acabara, subitamente ouviu a noticia numa estação de rádio Alemã na cidade de Flensburg que estava em mãos aliadas quando do cessar-fogo. Obviamente os censores que estavam segurando a notícia para o mundo haviam autorizado a transmissão da rádio alemã.

Imediatamente foi ao Bureau de Censura reclamar novamente comentando que se as rádios na Alemanha estavam dando a notícia isto já não era mais nenhum segredo, as condições do acordo de não divulgar estariam anuladas, por serem apenas de cunho político.
Não recebendo satisfações achou um telefone desbloqueado e transmitiu sua notícia ao escritório da AP em Londres. Dentro de uma hora o sistema AP estava disseminando a notícia no mundo inteiro.
Mesmo assim, o blecaute de notícias para os outros 16 jornalistas em Reims continuou. OU seja, durante 24 horas a AP ainda teve exclusividade da notícia mesmo estando “Inês morta” (*).
Como conseqüência o alto comando bloqueou o acesso da AP às comunicações durante alguns dias. Ed Kennedy foi expulso da Europa. A AP acabou demitindo-o e emitindo várias notas condenando-o.
Apesar da condenação generalizada no momento com o passar dos anos jornalistas passaram a analisar o caso mais friamente e concluíram que Kennedy estava com a razão. Sua obrigação como jornalista, não pairando nenhuma ameaça sobre as tropas aliadas naquele momento, era de informar, pois o comando militar estava fazendo jogadas políticas sem nexo.

Esta semana o Tom Curley o atual CEO da AP, em função do lançamento de um livro póstumo de Ed Kennedy e de um livro sobra a AP na história pediu desculpas aos descentes de Kennedy. Alega que “Kennedy se pautou por princípios legítimos. Finda uma guerra não é possível cercear a divulgação de fatos tão grandes quanto a rendição do inimigo”.

Kennedy faleceu num acidente em 1963 aos 58 anos de idade. Durante anos procurou obter um pedido de desculpa da AP, considerando a maneira em que as notícias estavam sendo obtidas e veiculadas correntemente após a guerra.

Contudo isto não quer dizer que tenha passado os anos remoendo o passado e a carreira perdida. Longe de ser o “jornalista alquebrado que se retirou para a Califórnia” a que muitos contemporâneos se referiam, tornou-se editor de um jornal e uma editora em Santa Bárbara e Monterey na Califórnia, uma pessoa ativa, feliz e interessada em tudo.

O Livro “Ed Kennedy’s War: V-E Day, Censorship & The Associated Press.” – A Guerra de Ed Kennedy: o dia VE (Vitória na Europa) , Censura & a AP – baseia-se num manuscrito deixado por Kennedy que sua filha finalmente editou com o conhecimento e ajuda do atual presidente de AP.

Ralph J. Hofmann
06 de maio de 2012

(*) “Não adianta, Inês é morta” – Inês de Castro amante e mãe de filhos do que viria a ser Dom Pedro I de Portugal foi morta por ordem do rei. Após Dom Pedro I ser coroado fez coroar o esqueleto de Inês.

SILÊNCIO E BENEFÍCIO

 

No último dia 4, Vanessa Mendonça, mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, que está preso desde 29 de fevereiro, como uma espécie de porta voz do marido, afirmou em entrevistas: “O Cachoeira está em paz, muito bem, muito equilibrado. Ele está muito bem orientado por três advogados. Eu tenho certeza de que ele não quer prejudicar ninguém. Ele não é uma pessoa fria. Mas também não está nervoso.




É uma pessoa bem preparada e bem orientada para enfrentar esse momento. Eu conversei com alguns deputados sobre como seria (sua ida para o depoimento), e eles me garantiram que ele não vai algemado ou com roupa imprópria, da prisão. Eles me disseram que tem um regimento que garante que ele compareça sem algemas, com traje costume, terno e camisa social.” e anda complementou que ele aproveitará o momento para defender a legalização dos jogos no país.
O curioso é que esse pronunciamento, seja totalmente o posto daquele que ela mesmo fez no dia 28/4. Nesse conta que Cachoeira tem alternado momentos de serenidade e ira — e, no último encontro, segundo ela, desabafou: “Vou explodir”.
“É difícil entender o que se passa na cabeça dele. Uma hora ele está bem e logo depois ele muda. Pode ser um ataque de fúria, porque ele está preso. Carlinhos não é qualquer preso. É Carlinhos Cachoeira. Quando ele fala em explodir, a gente pode imaginar o que seja”.
Percebe-se no dito uma frontal ameaça em botar a boca no trombone e jogar merda no ventilador de teto (leia na íntegra – ’Ele é um leão enjaulado’).
Fica difícil não entender, que entre as duas afirmações, aconteceu um arranjo safado. Certamente a Carlinhos foi oferecido uma espécie de “benefício silêncio”; ele não entrega ninguém e o dito fica pelo não dito. O contraventor vai ser soltinho, com a ficha limpa, lutando pela legalização do jogo, podendo comprar seu partido político, fazer seus prefeitos e quem sabe, até eleger um seu presidente, do PT, bem entendido.

Giulio Sanmartini.
06 de maio de 2012

MARX E SEU LEGADO DE HORRORES



No momento em que escrevo estas notas, o Produto Interno Bruto brasileiro está sendo avaliado em mais R$ 3 trilhões (à margem o que se opera na sábia economia paralela), 38% dos quais vão diretamente para os cofres do governo e são torrados, em sua quase totalidade, em grossos salários e aposentadorias, propaganda, subsídios e patrocínios, viagens incessantes locais e internacionais, verbas de representação, festas, almoços, jantares, manutenção e custeio da amplíssima máquina burocrática, propinas, doações a fundo perdido, além de mordomias múltiplas – para não falar nas bilionárias e permanentes falcatruas das agências, bancos, ministérios e institutos oficiais.

A justificativa encontrada pela elite política e administrativa do país para gastos tão alarmantes quanto inúteis são os imperativos de se obedecer aos dispositivos constitucionais, traçados pela própria elite, e que impõem um simulacro de deveres para com o “social” – fraude lastreada, na atual temporada, pelo ardiloso programa do Bolsa Família.
De fato, aos olhos de todos (se não estiverem tapados), na medida em que crescem de forma galopante as escorchantes tributações sobre os bens e ganhos privados, dos trabalhadores e dos empresários, aumenta o número de “excluídos”, pois uma coisa decorre exatamente da outra: é o “Estado forte” (com suas “empenhadas” elites partidárias e instituições burocráticas em geral) que se apropria, por força da violência legal (e da inércia ou ignorância da população), da riqueza produzida pela sociedade para usufruto diuturno de privilégios.

A grande e inominável sacanagem que a elite política (à esquerda e à “direita”) comete contra o povo brasileiro consiste em não esclarecer alto e bom som quanto à absoluta incapacidade do Estado em solucionar o problema da pobreza e de não o alertar para o fato de que a existência do Estado se fundamenta, por principio, na exploração e escravização da sociedade (daí, a extrema necessidade de tê-lo sob o controle do indivíduo).

Pode-se afirmar, como Hegel, um professor universitário imaginoso e bem-remunerado, que o Estado representa a realidade racional do Espírito absoluto, ou tolerá-lo, no dizer de Roberto Campos, como um mal necessário. Mas, de um modo ou de outro, as medidas paliativas que em seu nome se alardeia, aqui e acolá, bem como as benfeitorias, no campo social, que a toda hora se inventa e proclama – são elas próprias a evidência do malogro.

E aqui entra, mais uma vez, o pensamento de Marx (e afins). Vociferando contra as forças produtivas da sociedade historicamente sedimentada na propriedade privada, na confiança e na solidariedade que os homens cultivam para sobreviver, o irado profeta da trombeta vermelha, por força de um caráter absolutamente egoísta e deformado, fortaleceu como nenhum outro intelectual moderno o mito do Estado (especialmente ditatorial) como instrumento para se chegar à igualdade e à justiça social.
 Com sua diabólica vocação para vender ilusões e promover discórdias, expressão de injustificada revolta contra uma realidade espiritual transcendente que jamais chegou a entender, ele de fato ajudou (e continua ajudando com a mística do comunismo) a erguer sociedades perfeitamente escravocratas e desiguais, mantidas ora pela mentira e pelo genocídio, ora pelo medo e pelo terror.

Ao cabo de tudo devemos nos indagar sobre a verdadeira razão do prestigio do marxismo na América Latina, levando-se em consideração que as revoluções ocorridas nos últimos 100 anos jamais se deram, conforme previsto por Marx, pelo desenvolvimento das “contradições internas do capitalismo” e menos ainda pela força do “determinismo Histórico”.

Em parte, a pergunta encontra resposta na já mencionada luta campal que grupos, partidos e corporações travam pelo poder, usando como instrumental as mais fantasiosas teorias para legitimar a exploração do trabalho da maioria – o que significa dizer, em última análise, a exploração da riqueza criada pelo trabalhador e pelo empresário por uma minoria ativa de políticos, corporações e tecnoburocratas que usam o Estado (e seu aparato de violência legal) para impor suas vontades e garantir seus privilégios.

No que se refere à outra parte da resposta, tenho dúvidas quanto à capacidade da maioria em enxergar o óbvio ululante, pelo menos até que sinta na própria carne – a exemplo do que ocorreu na ex-URSS e ocorre hoje em Cuba, Coréia do Norte, Vietnã e China – a tirania da nomenclatura em nome da Ditadura do Proletariado – o que, bem avaliado, no Brasil de hoje é um projeto que navega firme e a todo vapor.

Ipojuca Pontes
06 de maio de 2012

CONFISSÕES...


06 de maio de 2012
in blog do beto

COLLOR: A ESTRANHA MANIA DE SE CERCAR COM A ESCÓRIA POLÍTICA

 

SINTONIA - Collor em 1992, impeachment por corrupção. Agora, coabitando com seus antigos algozes.
(Fotos: Lula Marques/ Folhapress - Orlando Brito)
 
Collor reencarna como defensor da moral. Ao colocar a carranca de investigador, senador reavivou a memória dos brasileiros sobre seu desastrado fim como presidente.
 
O senador Fernando Collor de Mello perdeu o mandato de presidente da República
e os direitos políticos em 1992, depois de uma ampla investigação do Congresso. Investido agora na CPI do Cachoeira do papel de tarefeiro dos interesses subalternos dos integrantes do petismo radical, seus antigos algozes, Collor reencarnou-se como autoridade e como defensor da moral e dos bons costumes. Estranho papel. O ex-presidente faria um personagem mais crível se continuasse em sua última linha de defesa, a de raro político que realmente pagou pelos erros que lhe foram imputados. Pagou com a perda da faixa presidencial. A respeito dos crimes de que foi acusado, Collor obteve na Justiça o que mais lhe interessava. Nenhum dos processos criminais contra ele prosperou. Ele poderia passar à história, então, usufruindo esse empate técnico entre transgressão e punição.
No entanto, ao colocar a carranca de investigador, Collor reavivou a memória dos brasileiros sobre seu desastrado fim como presidente. Co­mo pode investigar as pessoas um ex-presidente que levou para dentro do governo federal o esquema de arrecadação de propinas comandado por Paulo César Farias, seu ex-tesoureiro de campanha? PC, como era conhecido, criou uma rede de contas-fantasma que era abastecida com dinheiro extorquido de empresas e usado, entre outras coisas, até para o pagamento de despesas da família do agora senador alagoano. Na Esplanada, Fernando Collor se cercou de um ministro que admitiu ter sido subornado e de outro que recebeu um jet ski de uma empreiteira. À frente do Banco do Brasil, alojou um aliado que se destacou por ameaçar adversários, inclusive fisicamente, e abusar da instituição bancária para espioná-los.
O estilo collorido lançou tentáculos sobre o Congresso. Deputados que se orgulhavam de pertencer à "República das Alagoas" marchavam armados (de revólveres!) pelos corredores da Casa e ainda se gabavam dessa truculenta estratégia de intimidação. Naquele período trevoso compartilhava da intimidade do presidente da República uma figura então corpulenta, que se apresentava como um dos expoentes da "tropa de choque collorida". Seu nome? Roberto Jefferson. Ele mesmo, o atual presidente do PTB, que, uma década mais tarde, ajudaria a trazer à luz o escândalo do mensalão, o maior caso de corrupção da história. Fernando Collor estava bem no seu limbo, mas saiu dele para entrar na CPI e piorar ainda mais sua história.
 
06 de maio de 2012
*Fonte: Texto e fotos Veja.abril.com

SOCIALISTA HOLLANDE SEGUE COMO FAVORITO NA FRANÇA

 

As pesquisas indicam que o candidato François Hollande derrotará este domingo o presidente Nicolas Sarkozy, tornando-se o primeiro socialista a assumir o poder na França em duas décadas.
As últimas sondagens de intenção de voto mostraram, no entanto, uma pequena recuperação de Sarkozy, embora Hollande continue sendo o favorito.


A votação na França coincide com a eleição parlamentar na Grécia e poderá ser decisiva para definir o rumo da Europa, já que Hollande prometeu que tentará alterar a linha pró-austeridade -que tem a Alemanha como principal defensora- e reorientar a abalada zona do euro para uma política voltada ao crescimento econômico.


Sarkozy, o primeiro presidente francês da era moderna a ficar em segundo lugar no primeiro turno da eleição, terá de superar elevadas taxas de rejeição popular por causa de seu jeito duro.
Se ele vencer, será um acontecimento político depois de ter feito uma campanha turbulenta. Boa parte dos eleitores o culpa pelo persistente índice elevado de desemprego, de quase 10 por cento há um ano, e pela economia estagnada.


“Estou nervoso, ansioso pela vitória”, disse Hollande à Reuters TV.
Sarkozy fez um apaixonado apelo final aos 46 milhões de eleitores na sexta-feira e disse que a vitória dos socialistas poderia mergulhar a França – segunda maior economia da zona do euro – em déficits galopantes e alta dívida, como a Grécia.


As últimas pesquisas divulgadas, antes de entrar em vigor a lei que proíbe a mídia de publicar sondagens a partir da meia-noite de sexta-feira, mostravam que a vantagem de Hollande diminuiu de 10 pontos uma semana antes para 4 pontos percentuais diante de campanha eleitoral agressiva de Sarkozy.
“Tudo é possível”, publicou o jornal Libération, de esquerda, observando que, embora Hollande continue sendo o claro favorito, Sarkozy vinha se aproximando rapidamente nas pesquisas.

Daniel Flynn (Agência Reuters)
06 de maio de 2012

GEORGE ORWELL

Principal livro de George Orwell, "1984" foi publicado em 7 de maio de 1949

Eric Arthur Blair, seu nome verdadeiro, nasceu na Índia, filho de pais ingleses, em 25 de junho de 1903. De família burguesa, cedo se converteu ao socialismo, tendo ido lutar na Guerra Civil espanhola na década de 1930, de onde voltou ferido.

Durante a década de 40 Orwell desiludiu-se com o autoritarismo e o que ele considerou o aburguesamento do regime comunista na Rússia. Seus dois livros mais conhecidos são uma conseqüência disso. Em “A revolução dos bichos” (Animal farm), de 1945, ele descreve alegoricamente um regime totalitário. Os bichos de uma fazenda se revoltam, expulsam o dono humano e passam a gerir a propriedade.
O regime é baseado em sete mandamentos, sendo o último e principal deles “Todos os animais são iguais”. Aos poucos os porcos, mais inteligentes, vão tomando o poder e assumindo ares humanos, chegando até a andar apenas sobre as patas traseiras. O livro termina com os porcos mudando o sétimo mandamentos para: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”. Isso era uma alusão ao regime russo em que os altos burocratas eram uma casta à parte, com suas limusines e casas de campo.

Seu principal livro é “1984″, publicado em 1949 (o título é uma inversão de 1948, ano em que, provavelmente, ele acabou de escrever o livro). Novamente ele descreve um regime totalitário, mas desta vez num romance em estilo tradicional. A vida é dominada por um ser misterioso, o “Big Brother” (mal traduzido no Brasil como “Grande irmão”, já que a expressão em inglês designa, dentro de uma família, o irmão mais velho).
O Big Brother tinha câmaras de TV por todos os lugares, acompanhava de perto tudo que cada cidadão fazia.
Esses dois livros, somados a “Admirável mundo novo”, de Huxley, da década de 30, começaram a abrir os olhos da esquerda ocidental sobre a verdadeira natureza do regime comunista russo, até então visto como uma utopia.
George Orwell morreu em Londres em 21 de janeiro de 1950.

06 de maio de 2012
opinião e notícia

A BOLA DE CRISTAL DE MORGAN STANLEY

 

O último número da prestigiosa revista “Foreign Affairs” publica um artigo de Ruchir Sharma, chefe da seção de Mercados Emergentes do banco Morgan Stanley, intitulado “Bearish on Brasil”. Numa tradução livre e benevolente, poderia ser “Acautelem-se com o Brasil”.

O termo “bearish” vem do dialeto das bolsas, tomando emprestado o gesto dos ursos (bears), que jogam para baixo tudo o que pegam.
Sharma sustenta que a festa brasileira pode estar no fim porque depende da fartura de dinheiro e da demanda internacional por produtos primários: “Esse apetite global está começando a cair. Se o Brasil não tomar medidas para diversificar e expandir seu crescimento, brevemente cairá junto.”

Ele mostra que o crescimento da economia brasileira é medíocre, a indústria vai mal, e os preços do andar de cima estão enlouquecidos.
O artigo é instigante quando sustenta que o Brasil é uma espécie de não China. Aqui se busca a estabilidade econômica, lá, o crescimento; cá, o real está sobrevalorizado, lá o yuan é barato. Pindorama tem juros altos, e sua taxa de investimento está em 19% do PIB, enquanto o Império do Meio, com juros baixos, investe perto de 50%.

Segundo Sharma, o Brasil só evitará a próxima crise se abrir a economia, reformar a Previdência, mudar seu sistema tributário e, sobretudo, se redimensionar suas políticas sociais.

“Foreign Affairs” é um púlpito nobre. Foi lá que o diplomata George Kennan publicou em 1947, sob o pseudônimo de Mr. X, o artigo “As bases da conduta soviética”, ensinando que o comunismo deveria ser contido politicamente.
A credencial de Sharma é sua posição no Morgan Stanley. Essas casas bancárias existem para ganhar dinheiro, e suas competências são medidas pelos balanços, não pela qualidade de suas previsões públicas.

Em abril de 2002, durante a campanha presidencial, o banco rebaixou o valor dos papéis brasileiros, e, em poucos dias, eles caíram de 79,21% do valor de face para 74,21%. Em maio, anunciou que os mesmos papéis valiam entre 79% e 81%. Quem comprou na baixa ganhou um dinheirinho rápido.
Ao pé do artigo de Sharma, a “Foreign Affairs” informa que o texto é uma adaptação de um capítulo de seu livro “Breakout nations” (“Nações em ascensão — Em busca dos próximos milagres econômicos”), cujo e-book está a US$ 12,99.

Pela sua conta, o Brasil fica de fora. Os problemas que ele apontou são reais, mas o coração de sua tese está lá: “Enquanto a China começa a estudar a criação de um Estado de bem-estar social, o Brasil construiu um pelo qual não pode pagar.” Nesse ponto, a opinião do autor deve ser medida pela sua experiência.

Sharma informa que há 15 anos passa uma semana de cada mês viajando por países emergentes, visitando o interior, rodando nas estradas. De suas viagens pelo Brasil, expôs um conhecimento estatístico sólido mas, quando chegou à vida real, se sobrevalorizou.
Em alguns casos, com vinhetas folclóricas, pois pagar R$ 43 por um coquetel de champanhe com suco de pêssego para “uma garota de Ipanema” é coisa de otário.

Há endinheirados que se locomovem de helicóptero em São Paulo, e o tráfego desses engenhos surpreendeu David Rockefeller, mas dizer que “os CEOs das grandes empresas brasileiras desenvolveram um sistema de transporte alternativo” é forte.

Em outros casos, exagera: um apartamento no Leblon pode estar a preços absurdos, porém não custa mais que outro com vista para o Central Park de Nova York. Um banqueiro não pode dizer que, depois do cruzeiro, o Brasil teve uma moeda chamada “cruzero”. Até aí, diga-se que se está procurando pelo em ovo. Contudo, ele informa o seguinte:
“O maior responsável pelo controle da hiperinflação foi Fernando Collor de Mello, que em 1994 acabou com a criação de novas moedas criando o real, atrelado ao dólar.”

Collor saiu do governo em 1992. Fernando Henrique Cardoso, como ministro da Fazenda, criou o real em 1994, e ele não foi “atrelado ao dolar”.
A “Foreign Affairs” já teve melhores editores.

Elio Gaspari, O Globo
05 de maio de 2012

QUANDO O AMOR VIRA INCISO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Dichosos tiempos aquellos – como diria Alonso Quijano – em que se falava em fúria legiferante do Legislativo. Vivemos hoje dias de fúria legiferante ... do Judiciário. Em decisão inédita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), um pai foi condenado a pagar indenização de R$ 200 mil por abandono afetivo. De acordo com a assessoria de imprensa do STJ, a filha entrou com uma ação contra o pai após ter obtido reconhecimento judicial da paternidade e alegou ter sofrido abandono material e afetivo durante a infância e adolescência. A autora da ação argumentou que não recebeu os mesmos tratamentos que seus irmãos, filhos de outro casamento do pai. Como não existe lei que contemple este tipo de ação, a Terceira Turma decidiu legislar.

Judiciário legislar está virando moda, comentei há pouco. Alega-se que o Legislativo demora demais para elaborar leis, deixando vácuos legais. Pode ser. O fato é que elaborar leis nunca foi função do Judiciário. A Constituição de 88, que desde o berço foi concebida como uma colcha de retalhos, está virando um variegado patchwork. Casamento é entre homem e mulher? Pode ser. Mas pode também não ser. Todos são iguais perante a lei? Talvez sim. Mas talvez não. Tudo depende de interpretação. No caso das cotas, o STF tirou da manga o exótico conceito de “igualdade material”, para justificar a oficialização do racismo.

Na última década surgiu aos poucos, no seio do Judiciário, a tese do abandono afetivo. Que impõe a um pai a obrigação de amar seu filho, como se fosse possível amar por decreto. Várias ações provocaram o Judiciário. Mas atenção: sempre é o pai que tem obrigação de amar. Não vi, até hoje, esta ação impetrada contra uma mãe. A razão é simples. O filho que se julga abandonado, em vez de exigir carinho ou afeto, se contenta com uma gorda indenização. Como em geral o provedor é o pai, é sempre contra ele que se propõe a ação. Ainda mais se for um empresário bem sucedido. Filho algum vai acionar por abandono afetivo um pai que vive de salário mínimo.

No caso da moça que pediu indenização, uma professora de Votorantim (SP), a ministra Nancy Andrighi, da Terceira Turma do STJ, determinou uma indenização de 200 mil reais. O caso havia sido julgado improcedente em primeira instância, tendo o juiz entendido que o distanciamento se deveu ao comportamento agressivo da mãe em relação ao pai. A autora recorreu, e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) reformou a sentença, reconhecendo o abandono afetivo e afirmando que o pai era “abastado e próspero”. Na ocasião, o TJ-SP condenou o pai a pagar o valor de R$ 415 mil como indenização à filha. A ministra Andrighi achou por bem tabelar o amor paterno pela metade do preço. Amor virou inciso do Direito das Obrigações.

O caso não é novo. Em setembro de 2003, o juiz Mário Romano Maggioni, da comarca de Capão da Canoa, Rio Grande do Sul, condenou o advogado e vereador Daniel Viriato Afonso a reparar sua filha em R$ 48 mil por abandono afetivo. Esta teria sido a primeira ação brasileira de filho contra pai por abandono que transitou em julgado.

Pior ainda, a sentença obrigava o pai a “passar a visitar a filha, no mínimo a cada 15 dias, levando-a a passear consigo, comprometendo-se, também, em acompanhar seu desenvolvimento infanto-juvenil, prestando assistência, apresentando a criança aos parentes pelo lado paterno”. Imagine um pai que recusa o filho sendo obrigado a fingir que o adora. Se antes só havia uma recusa, a convivência forçada abre as portas para a raiva ou ódio.

Várias ações neste sentido foram impetradas de lá para cá, tendo os juízes se pronunciado ora a favor, ora contra a pretensão da parte impetrante. Leio na revista Consultor Jurídico que, ano passado, a juíza Laura de Mattos Almeida, da 22ª Vara Cível de São Paulo, negou uma indenização a uma filha que foi gerada fora do casamento.

Aos 37 anos, a recepcionista desempregada conta que, filha de pai “riquíssimo”, atravessou uma vida de privações. Enquanto seus irmãos viajavam à Europa, ela começou a trabalhar aos 14 anos para engrossar as finanças da casa. Na tentativa de reaver os prejuízos financeiros, psíquicos e morais causados pela ausência do pai, a mulher ajuizou um pedido de danos morais no valor de R$ 6 milhões. Valor que, certamente, cobre qualquer carência de afeto. Mas a recepcionista não levou. “Não há como obrigar uma pessoa a amar outra”, argumentou a juíza.

Os juízes que condenam pais por abandono afetivo estão contaminados pelo ranço cristão do “amai-vos uns aos outros”. Este é um dos mais perversos momentos do cristianismo. Ninguém pode obrigar ninguém a amar, como disse sensatamente Mattos Almeida. Sem falar que, como perceberam Nietzsche e Kierkegaard, esta ordem exclui o sentimento de amizade. Amizade é eleição, afinidade eletiva. Se tenho de amar o próximo, não sobra espaço para o amigo.

Em 3 de março do ano passado, chegou à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado o Projeto de Lei 700, 2007, que pretendia caracterizar o abandono moral como ilícito civil e penal, de autoria deste impoluto pastor evangélico, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Até agora, a matéria aguarda julgamento e está sob a relatoria ... do também impoluto senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Ou seja, tão cedo o projeto não vira lei.

Tem um pai – ou mãe – obrigação de amar um filho? Esta seria a normalidade das coisas, mas os fatos são teimosos. E se o filho é um celerado, assassino ou drogado, como tantos que existem neste mundinho, apesar dos esforços paternos de educá-lo para a vida? E se o filho matou a mãe, como tantos matam? E se o filho – por uma ou outra razão – tornou-se inimigo do pai? Vivemos em um mundo em que milhares de adolescentes odeiam os pais. Devem os pais responder com amor e carinho?

Não sou pessoa competente para responder a tais questões, já que meu conceito de família não é carnal. Considero minha família as pessoas que elegi em minha vida e minhas andanças. Coincidentemente, minha filha pertence a esta família. Gosto dela não exatamente por ser filha, mas por ser como é. Considero este sentimento mais forte que qualquer laço de sangue.

Seja como for, a decisão da juíza da Terceira Turma deixa no ar algumas perguntas. Poderá uma mulher exigir indenização do marido por abandono afetivo? Ou por não cumprimento dos deveres de estado? Se a filha não legítima pode pedir indenização, fica outra pergunta pendente: pode uma amante, que se sente pouco considerada, exigir pagamento por falta de afeto? Pode um pai ou mãe exigir indenização por falta de afeto de um filho adulto?

A juíza da Terceira Turma, ao que tudo indica, não pensou nestas decorrências lógicas de sua sentença.


06 de maio de 2012
janer cristaldo
Tropeço das pernas e da mente

Diversos blogs e sites comentaram sobre a liminar conseguida por L.I., para evitar a obrigação de testemunhar no caso do mensalão.

"Se o mensalão nunca existiu, como diz L.I., porque, então, insistir em atrapalhar o andamento do processo?" (blog O MASCATE);
  • L.I. terá medo do processo ou não aceita a idéia de ser mera testemunha da maracutaia? 
  •  
  • É possível alguém - no caso, L.I. - ter medo do inexistente?
     
    Em seguida, o que ainda sobrou de L.I. recebeu - de universidades públicas - mais cinco títulos de "dotô honoris causa", embora aos tropeços ... tanto das pernas quanto da mente.
L.I. ainda não compreendeu que levará para o túmulo os títulos recebidos e deixará todo o dinheiro acumulado, às custas do cargo que exerceu e da ignorância popular. Sem esquecer que, no futuro, tais títulos servirão como verdadeiras sessões de humor histórico.
 
Notícia no jornal de hoje: 

O ex-presidente Lula está “sem nenhum movimento na perna esquerda”, informa nota do colunista Ancelmo Gois publicada na edição deste sábado (5) do jornal O Globo. Segundo Ancelmo, que não cita a fonte da informação, Lula “vai intensificar a fisioterapia”.
Ao subir ao palco do teatro, para receber os títulos, L.I., conhecidamente vaidoso, deixou o apoio de que precisava, embora mancasse e tenha precisado do amparo de professores.
Um dia a casa cai, ou melhor,
um dia até os vaidosos morrem.
Mesmo os arrogantes que sentiam prazer
em humilhar seus subalternos.
 
06 de maio de 2012
casa da mãe joana

QUEM SÃO E O QUE QUEREM OS PETRALHAS DE CRISTINA KIRCHNER


Não deixem de ler a reportagem de Tatiana Gianini na VEJA desta semana sobre o grupo “La Cámpora”, que poderia ser definido, deixem-me ver, como os… “petralhas” de Cristina Kirchner, presidente da Argentina. Não por acaso, os blogs do JEG e da BESTA são grandes admiradores da truculência com que o governo daquele país trata a imprensa, por exemplo.

Cristina chegou muito mais longe do que o petismo na intimidação ao jornalismo independente. Mas há mecanismos semelhantes. Alfredo Scoccimarro, um político já veterano, mas que decidiu se ligar aos fascistóides do La Cámpora, é o Secretário de Comunicação Pública.

Junto com Máximo Kirchner, filho da presidente e criador do grupo, comanda uma verba oficial de publicidade de 1,5 bilhão de pesos — o equivalente a R$ 650 milhões. O dinheiro é distribuído segundo, vamos dizer, a fidelidade do veículo de comunicação ao governo.

No Brasil, verbas públicas e de estatais financiam um troço parecido com jornalismo, cujo objetivo é puxar o saco do poder, atacar políticos da oposição, ministros do Supremo que não são considerados “fiéis” e, obviamente, a imprensa independente. Trata-se, evidentemente, nos dois países, de práticas que agridem a democracia.

O La Cámpora mobiliza ainda uma vasta rede de “militantes” nas ruas e na Internet — procurem no arquivo a resenha que escrevi sobre o livro “Aguantem Los K”. Também na Argentina a esgotosfera oficialista é muito ativa. Como não disse Marx, a classe dos vigaristas é internacional.

A Argentina é a prova de que a degradação institucional é possível mesmo depois de um país atingir a democracia plena. Desde o fim da ditadura militar, sob o pretexto de readicalização do regime democrático, numa a liberdade de expressão e de opinião foi tão agredida. Que o Brasil preste atenção ao que se passa por lá.

Leiam trecho da reportagem:

Na Roma antiga, a guarda pretoriana era responsável pela segurança dos imperadores. Na Argentina de hoje, tornou-se epíteto de um grupo de jovens responsáveis pela imposição da ideologia da presidente Cristina Kirchner e da perpetuação de sua família no poder. Os membros do La Cámpora, como se chama a agrupação, são liderados por Máximo, de 35 anos, filho da governante.

Não há ministério ou repartição pública argentina em que eles não estejam infiltrados. No ano passado, mais de 7000 novos empregos estatais foram oferecidos a membros do La Cámpora ou a pessoas indicadas por eles. Desses, pelo menos quarenta são cargos-chave do governo.

Os camporistas gerenciam algumas das principais empresas estatais, como a Aerolíneas Argentinas e a agência de notícias Télam, e conquistaram dez cadeiras no Congresso. Máximo e seus amigos estão por trás das medidas recentes mais truculentas da Presidência de Cristina, como os ataques à imprensa independente e a expropriação da petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol, aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados.

O La Cámpora surgiu como uma alternativa aos órgãos de sustentação do peronismo tradicional. Em 2003, após ser eleito presidente com parcos 22% dos votos. Néstor Kirchner concluiu que necessitava de um instrumento para exercer o populismo, um mal atávico da política argentina, com total controle. Os sindicatos, que no peronismo costumam exercer essa função, não lhe pareciam suficientemente confiáveis. O presidente pediu ao filho, Máximo, que reunisse seus amigos para criar uma agremiação leal ao kirchnerismo
(…)
A cúpula é composta de Máximo e seis subordinados. Três são deputados nacionais: Andrés Larroque, Eduardo de Pedro e a única mulher (e musa) da liderança, Mayra Mendoza. Mariano Recalde preside as Aerolíneas Argentinas. Os outros dois, Juan Cabandié e José Ottavis são deputados provinciais. O camporista mais comentado das últimas semanas é Axel Kiccilof, vice-ministro da economia, um dos responsáveis por coordenar o confisco da YPF e o principal conselheiro da presidente em matéria econômica.
(…)

Leiam a íntegra na edição impressa

06 de maio de 2012
Reinaldo Azevedo

PRECONCEITO CONTRA COMUNISTAS E PITBULLS

 
Você quer testar sua capacidade de sentir ou ter preconceito? É muito simples. Primeiro você junta tudo o que sabe, ou pensa que sabe, sobre preconceito; a seguir você mede qual a reação do seu coração medindo seu pulso diante de uma situação de “preconceito”, ou pela quantidade de saliva que pode descer de sua boca, ou então, o que é mais fácil, você libera um ar de indignação completa.

Se você achar muito difícil testar o seu preconceito você pode usar o exemplo que darei:

Você vem caminhando por uma rua, no mesmo instante você percebe um pitbull vindo em sua direção. Você calmamente, sem nenhum preconceito contra os pitbulls, o desafia, até com um olhar agressivo, e passa por ele. Você se conforta porque ninguém poderá acusá-lo de ter preconceito.

Ou você para e pensa se deve cruzar pelo pitbull, pensando na sua integridade física, nos longos dias no hospital sem os seus filhos por perto, e você decide na base do mais odioso preconceito contra pitbulls mudar de calçada.

Se você não entendeu o exemplo avise o Paulo Sant’ana que você está indeciso quanto a enfrentar pitbulls, demonstrando assim para a maioria do povo brasileiro que você está livre deste terrível sentimento, ou que você mandará às favas o “preconceito” e desviará cautelosamente do cão.

Pois preconceito é isso. Um exemplo muito didático de como tratar com o preconceito foi dado pela senadora do PP Ana Amélia Lemos. A Senadora disse que apóia a Manuela D’Ávila, candidata à prefeitura de Porto Alegre, apesar do nome do seu partido, o PC do B (Partido Comunista do Brasil). A Senadora referiu que: “a única coisa (resistência) é que no nome do partido está escrito a palavra comunista. E isto causa algum tipo de tensão e até um preconceito”. (Zero Hora, 16/04/2012).


Curiosa a idéia de preconceito da Senadora. Ou, o curioso sou eu que levanta a questão do preconceito para dizer claramente que preconceito é o conhecimento acumulado dos povos, como dizia Edmund Burke. Ora, caríssima senadora, os comunistas provocam “alguma tensão” e geram até “preconceito” porque mataram mais de 200 milhões de seres humanos nos dois últimos séculos. Fizeram mais, destruíram as religiões, torturaram padres católicos, estupraram freiras católicas, fizeram um bispo da Romênia engolir a própria urina e comer as próprias fezes. Os comunistas de Stalin, o queridinho do Chico Buarque e do Niemeyer, mataram 7 milhões de russos ucranianos em 1932-33. O comunismo de Mao Tse Tung matou um número ainda não calculável de chineses, uns 40 ou 50 milhões de pessoas. Será que Stalin e Mao tinham algum tipo de preconceito contra a humanidade e seu próprio povo?

Como pitbulls assassinos - sim, assassinos, perigosos, inconfiáveis -, os comunistas causaram algum tipo de tensão na humanidade.

A senadora tem a mesma idéia de preconceito do povão brasileiro que foi enganado, engambelado, aceitando pacificamente a distorção dos significados, a inversão da realidade e até o conceito falso de preconceito (criado, vejam só!, pelos comunistas e socialistas que dominam o Brasil). Tal conceito, distorcido, se entranhou na mente nacional.

Ora, Senadora, faça a escolha eleitoreira que quiser, mas o comunismo continuará a ser comunismo com todos os efeitos que lhe é próprio. Saiba Senadora, que se eu cruzar com a Senhora em alguma calçada da vida, eu vou mudar de calçada. Se eu der de cara com a Dep. Manoela D'Ávila eu vou ter que voltar correndo!
06 de maio de 2012

O SONHO PETISTA: ESTRANGULAR A LIBERDADE

    "O poder da mídia, esse poder nós temos de enfrentar", disse o comunistóide



    SÃO PAULO - Depois de deflagrar a cruzada contra o sistema financeiro privado e a cobrança de juros elevados no País, o governo da presidente Dilma Rousseff poderá colocar em discussão o polêmico tema do marco regulatório da comunicação. A informação foi dada nesta sexta-feira, 4, pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, durante discurso em evento sobre estratégia eleitoral do PT nesta campanha municipal, em Embu das Artes, São Paulo.
    "Este é um governo que tem compromisso com o povo e que tem coragem para peitar um dos maiores conglomerados, dos mais poderosos do País, que é o sistema financeiro e bancário. E se prepara agora para um segundo grande desafio, que iremos nos deparar na campanha eleitoral, que é a apresentação para consulta pública do marco regulatório da comunicação", disse o dirigente petista em seu pronunciamento.
    Segundo Falcão, "a mídia é um poder que está conjugado ao sistema bancário e financeiro". No discurso, ele frisou: "(A mídia) É um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010) que saiu dos temas que interessavam ao país para recuar no obscurantismo, na campanha de reforço da direita que hoje está sendo exposta aí, inclusive agora, provavelmente nas próximas duas semanas com a nomeação dos sete nomes da Comissão da Verdade que vai passar a limpo essa chaga histórica que nós vivemos." E continuou: "(A mídia) produz matérias e comentários não para polarizar o País, mas para atacar o PT e nossas lideranças." "O poder da mídia, esse poder nós temos de enfrentar." Aqui
    PS - Daria para fazer uma grande leitura do gestual-labial desse assombroso atraso quando se expressa da forma mais atrasada. O PT não significa LUZ, e sim, uma enorme TREVA que está levando o nosso país à escuridão. Como pode esse senhor desejar que a imprensa aplauda o ROUBO e toda a canalhice desde a subida do ex-operário que soube como ninguém, governar para a sua tropa de ocupação. Nós brasileiros decentes, temos o maior preconceito com essa bandalheira petista. Quem ama a ética e moral, que significa um conjunto de normas que regulamenta o comportamento do homem em sociedade, não pode compactuar com o degrau mais baixo da moral, noticiada há mais de 9 anos - nas manchetes de jornais, TVs e revistas. Estamos todos enojados com os escândalos dessa gente que emergiu das profundezas da ignorância e da safadeza explícita.
    Guilherme Waltenberg e Daiene Cardoso, da Agência Estado
    06 de maio de 2012
    in MOVCC

    OS ÚLTIMOS A SABER


    É assim um país petista, onde o sentimentalismo é a base do conhecimento, da moral e até das leis.

    Outro dia o climatologista Ricardo Augusto Felício deu uma divertida entrevista no Programa do Jô, mostrando a fraude do "aquecimento global" - aquele que, quando a Terra esfria, vira "mudança climática". O Facebook ficou em polvorosa. Puxa vida! Estávamos sendo enganados? Pois é.

    Outro dia, também, o físico James Lovelock, o pai da fraude global, admitiu que estava "errado", que "nada está acontecendo", que era tudo alarmismo, inclusive os dois livros dele. Agora ele vai escrever outro, corrigindo a si mesmo, assim pode faturar com os três. Puxa vida! Estávamos sendo enganados? Pois é.
    Poucas coisas foram tão desmoralizadas nas últimas décadas quanto as mentiras apocalípticas dos "aquecimentistas" e seus garotos-propaganda (Al Gore, Tim Flannery, Leonardo DiCaprio e cia.). Mas o brasileiro, mesmo alfabetizado, é sempre o último a saber, porque ainda se deixa orientar pela TV e os jornais.

    Agora a 3ª Turma do STJ reconheceu o direito de uma mulher de 38 anos receber uma indenização de R$ 200 mil de seu pai. O "crime" dele: "abandono afetivo". Isso mesmo: não bastasse a Lei da Palmada, os filhos ainda podem processar os pais por não lhes dar a devida atenção. No fim das contas, é mais um incentivo ao aborto.

    No caso das cotas, é evidente que, ao facilitar a entrada de um aluno intelectualmente despreparado na universidade, também serão facilitadas suas aprovações durante o curso. Em resumo: "Seu tataravô foi escravo? Ok. Tome o diploma e o bisturi. Pode operar os outros, doutor (desde que os outros não sejam eu)".

    Nossos juízes estão promovendo a desconfiança generalizada entre pais e filhos, entre brancos e negros (sem falar em gays e héteros, cristãos e ateus, maridos e esposas, índios/sem-terra e fazendeiros).

    É assim um país petista, onde o sentimentalismo é a base do conhecimento, da moral e até das leis: uma guerra de todos contra todos, "vítimas" contra vítimas, mediada pelo estado e revelada com 20, 30, 40 anos de atraso, com sorte, no Programa do Jô.

    Puxa vida! Estamos sendo enganados? Pois é
    .


    Felipe Moura Brasil

    SEMPRE ENGANANDO OS BOBOS


    Acho curioso o modo como por vezes são levados os debates. Se eu criticar os Estados Unidos pela guerra no Iraque ou pelo que acontece na prisão de Guantánamo, ninguém na face da terra vai me cobrar uma crítica ao regime cubano. Ninguém. Todos aceitarão que exerço um direito natural de opinião. Mas se disser qualquer coisa sobre a miséria, o totalitarismo e a opressão que pesa sobre a sociedade cubana imediatamente se forma fila para cobrar posição sobre abusos praticados pelos EUA. Entenderam? Junto à intelectualidade brasileira, para falar mal do comunismo tem que pagar pedágio.

    Será o comunismo, como proclamam, uma utopia, uma ideia generosa? Seus 100 milhões de cadáveres devem ficar se revirando na cova. Foi um ideal alheio que lhes custou bem caro! Infelizmente mal conduzido, amenizam alguns cocmpanheiros. Que tremendo azar! Uma ideia tão generosa e não produziu um caso medíocre que possa ser exibido sem passar vergonha.Durante um século varreu com totalitarismos boa parte da Ásia e da África, criou revoluções na América Ibérica, instalou-se em Cuba e não consegue apresentar à História um único, solitário e singular estadista. Que falta de sorte! Tão generoso, tão ideal, tão utópico, e nenhuma coisa parecida como democracia para botar no currículo. E há quem creia que ainda pode dar certo.

    Quanto ao sistema econômico que ficou conhecido como capitalismo (que não é sistema político nem ideologia), eu afirmo que seu maior erro foi aceitar conviver com uma designação deplorável. Contudo, chamem-no assim, se quiserem, embora, a exemplo de João Paulo II, eu prefira denominá-lo "economia de empresa". Suas vantagens sobre um modelo de economia centralizada, estatizada, são irrefutáveis na teoria e certificadas pela prática dos povos.
     É um sistema que não foi concebido por qualquer intelectual. É um sistema em construção na história, muito compatível, também por isso, com a democracia. Promove a liberdade dos indivíduos e a criatividade humana. Reconhece a importância do mercado. A maior parte dos países que adotam esse sistema atribui ao Estado, em sua política e em seu ordenamento jurídico, a tarefa de zelar pelo respeito às regras do jogo em proteção ao bem comum.
    Aliás, quem quiser organizar as coisas desconhecendo a autonomia do econômico, submetendo-o a determinações que contrariem o que é da natureza dessa atividade (lembram dos tabelamentos de preços?) vai se dar mal. Vai gerar escassez, câmbio negro, fome. Digam o que disserem os arautos do fracasso do sistema de economia de empresa em vista da crise que afeta alguns países, os embaraços deste momento só se resolverão com atividade empresarial, comércio, pessoas comprando, indústrias produzindo, pesquisa e investimento gerando, expandindo e multiplicando a atividade produtiva.

    Outro dia, nas redes sociais, alguém acusou o capitalismo de haver matado milhões. E não deixava por menos. Dezenas de milhões! O sistema? Onde? O capitalismo pode não resolver muitos casos de pobreza. Mas essa pobreza sempre terá sido endêmica, cultural, estrutural, de causa política. Não se conhecem sociedades abastadas que tenham empobrecido com as liberdades econômicas. Tampouco confundamos economia livre, de empresa, com colonialismo ou mercantilismo. Qualquer economia que queira prosperar e realizar desenvolvimento social sustentável vai precisar do empreendedorismo dos empreendedores, da geração de riqueza e de renda, e de coisas tão desejáveis quanto produção e consumo, compra e venda, lucro, salário e poupança interna.

    Quem quiser atraso vá visitar os países que ainda convivem com economias centralizadas: Coreia do Norte e Cuba, onde só o armamento da polícia e das forças armadas não é sucata. Ali se planta com a mão e se mata lagarta com o pé. E o povo vive da mão para a boca, prisioneiro do "ideal" generoso que alguns insistem em impingir aos demais.

    O Brasil vem sendo governado por socialistas e comunistas há mais de uma década. Embora não ocultem, no plano da política, as intenções totalitárias que caracterizam sua trajetória, num sentido geral vêm respeitando os fundamentos do sistema econômico no qual ainda engatinhamos. E, algo que muito os agrada, vão extraindo dividendo político de seus resultados. Mas procedem com indisfarçável esquizofrenia. Agem de um modo, falam de outro e vão enganando os bobos.

    Escrito por Percival Puggina

    CACHOEIRA: ATESTADO DE INOCÊNCIA DOS DEFENESTRADOS

    Ah, que bonitinho! Cachoeira agora virou atestado de inocência de gente que Dilma defenestrou por bons motivos

    dilma-ministerio-descontroladoCACHO

    Não se deixe enganar. A marcha da vigarice está mais ativa do que nunca!
    Escrevi ontem um texto relatando como o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, poderia estar sendo hoje linchado por certo tipo de cobertura jornalística. Por quê? Gravações feitas pela Polícia Federal em junho do ano passado indicam que o contraventor Carlinhos Cachoeira e seus asseclas estavam interessados na libertação de um prefeito que estava preso. Lembram que a decisão do habeas corpus cabe a Mendes, sugerindo que vão procurá-lo — o que, segundo o ministro, não aconteceu. Muito bem!

    Para sua sorte, Mendes negou o habeas corpus ao tal prefeito duas vezes — naquele mesmo junho e em dezembro. Imaginem se tivesse encontrado motivos jurídicos para concedê-lo! Iriam tratá-lo como membro da gangue. Entenderam de que a política está ficando refém? Das conversas de Cachoeira com os seus homens, recheadas de bravatas e papo-furado. Nesse caso, a gravação serviria para condenar o ministro por um crime que não cometeu.

    Mas certa cobertura de imprensa também faz o contrário: todo desafeto de Cachoeira ou todo aquele em cuja queda ele demonstra interesse se torna, em princípio, vítima de seus ardis. É o caso do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, senador pelo PTB (AM), e de Luiz Antônio Pagot, ex-chefão do Dnit. Coversas do bicheiro com seus auxiliares evidenciam que ele estaria tramando a queda dos dois. Eles acabaram sendo demitidos por Dilma. “Ah, tudo armação do Cachoeira!!!”

    É mesmo? Só se a presidente é mais uma das teleguiadas do bicheiro… Não teria ela procedido a apuração nenhuma antes de concluir que ambos não poderiam continuar no cargo? Não teria ela se socorrido de informações fornecidas pela Controladoria Geral da União, por exemplo. Digam-me aqui: o fato, agora, de ficar claro que Cachoeira queria a queda deste ou daquele faz de seus desafetos da hora almas impolutas, administradores competentes, moralizadores do dinheiro público? Qual é? Tentam enganar a quem?

    Pagot teve a chance de botar a boca no trombone em depoimento ao Senado. Por que não o fez? Também em gravações, Cachoeira se refere a um encontro do ex-presidente do Dnit com ninguém menos do que Fernando Cavendish. Expressa a certeza de que o demiti9do não daria com a língua nos dentes porque seria um “tiro no pé”!!!

    Atenção!
    VEJA publicou a primeira reportagem sobre as lambanças no Ministério dos Transportes na revista que começou a chegar aos leitores no dia 2 de julho de 2011, um sábado. A reportagem informava, inclusive, uma reunião que a presidente havia feito com a cúpula da pasta, passando uma carraspana generalizada. Ela própria sabia que a situação era de tal sorte grave que, PRESTEM ATEÇÃO, começou a demitir a cúpula dos transportes no próprio sábado.

    Aquela foi só a primeira reportagem. Outras tantas vieram depois — e não só na VEJA. Nascimento não conseguiu se segurar no cargo. Pagot também saiu. Não, não foi Cachoeira quem os demitiu! Não foi VEJA quem os demitiu. Quem tomou a decisão foi Dilma Rousseff. Leiam um post de 3 de julho, justamente o que trata do início da limpa no Ministério dos Transportes. Ele traz algumas informações sobre o descalabro que vigia na pasta. Em casos assim, ou agente tem memória ou acaba engolido por vigaristas:
    *
    A presidente Dilma Rousseff decidiu neste sábado afastar do cargo os representantes do Ministério dos Transportes envolvidos em denúncia apontada em matéria de VEJA desta semana. A reportagem revela um esquema de pagamento de propina para caciques do PR, Partido da República, em troca de contratos de obras.

    Dilma conversou com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, neste sábado e acertou o afastamento dos envolvidos. São eles: Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete do ministro; Luís Tito Bonvini, assessor do gabinete do ministro; Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); e José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec. O desligamento dos funcionários será formalizado a partir da próxima segunda-feira, pela Casa Civil.

    “Para garantir o pleno andamento da apuração e a efetiva comprovação dos fatos imputados aos dirigentes do órgão, os servidores citados pela reportagem serão afastados de seus cargos, em caráter preventivo e até a conclusão das investigações”, diz o Ministério dos Transportes, em nota.

    Senadores da oposição ouvidos (aqui) por VEJA neste sábado haviam exigido uma postura mais firme da presidente Dilma sobre ao caso. Por enquanto, Nascimento continuará à frente do cargo. O ministro disse que vai instaurar uma sindicância interna para apurar “rápida e rigorosamente” o envolvimento de dirigentes da pasta e seus órgãos vinculados nos fatos mencionados pela revista.

    “Além de mobilizar os órgãos de assessoramento jurídico e controle interno do Ministério dos Transportes, o ministro decidiu pedir a participação da Controladoria-Geral da União (CGU). As providências administrativas para o início do procedimento apuratório serão formalizadas a partir da próxima segunda-feira”, diz a nota.

    O ministro rechaçou qualquer ilação ou relato de que tenha autorizado, endossado ou sido conivente com a prática de quaisquer ato político-partidário envolvendo ações e projetos do Ministério dos Transportes.

    Caso

    A edição de VEJA mostra que, no último dia 24, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com integrantes da cúpula do Ministério dos Transportes no Palácio do Planalto para reclamar das irregularidades na pasta. Ao lado das ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e MÍriam Belchior (Planejamento), ela se queixou dos aumentos sucessivos dos custos das obras em rodovias e ferrovias, criticou o descontrole nos aditivos realizados em contratos firmados com empreiteiras e mandou suspender o início de novos projetos. Dilma disse que o Ministério dos Transportes está sem controle, que as obras estão com os preços “inflados” e anunciou uma intervenção na pasta comandada pelo PR - que cobra 4% de propina das empresas prestadoras de serviços.

    A presidente também cobrou explicações sobre a explosão de valores dos empreendimentos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na nota, o ministro Alfredo Nascimento disse que desde janeiro vem tomando as providências para redução dos custos de obras.

    “Tal preocupação atende não apenas a necessidade de efetivo controle sobre os dispêndios do ministério, mas também a determinação de acompanhar as diretrizes orçamentárias do governo como um todo. Característica de sua passagem pelo governo federal em gestões anteriores e, obedecendo à sua postura como homem público, Alfredo Nascimento atua em permanente alinhamento à orientação emanada pela presidente”.

    Reunião
    Com planilhas e documentos sobre a mesa, Dilma elevou o tom no encontro com representantes da pasta: “O Ministério dos Transportes está descontrolado”. A presidente chamou de “abusiva”, por exemplo, a elevação do orçamento de obras em ferrovias, que passou de 11,9 bilhões de reais, em março de 2010, para 16,4 bilhões neste mês - salto de 38% em pouco mais de um ano. Dilma também se irritou em especial com a Valec, estatal que cuida da malha ferroviária, e com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pelas rodovias.

    O secretário-executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, o diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, e o diretor de Engenharia da Valec, Luiz Carlos Machado de Oliveira, também estavam na reunião em que Dilma mais falou do que ouviu.

    “Vocês ficam insuflando o valor das obras. Não há orçamento fiscal que resista aos aumentos propostos pelo Ministério dos Transportes. Eu teria de dobrar a carga tributária do país para dar conta”, disse Dilma, quando a reunião caminhava para o fim. Ela deu o diagnóstico: “Vocês precisam de babá. E terão três a partir de agora: a Míriam, a Gleisi e eu”.

    Nas últimas semanas, VEJA conversou com parlamentares, assessores presidenciais, policiais e empresários, consultores e empreiteiros. Ouviu deles a confirmação de que o PR cobra propina de seus fornecedores em troca de sucesso em licitações, dá garantia de superfaturamento de preços e fecha os olhos aos aditivos, alvo da ira da presidente na reunião do dia 24.

    O esquema seria encabeçado pelo deputado Valdemar Costa Neto, que em 2005 foi obrigado a renunciar a uma cadeira na Câmara abatido pelo escândalo do mensalão. E também pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que aliás faltou ao encontro com Dilma alegando “compromissos pessoais”.

    Voltei
    A suposição de que os dois patriotas caíram porque vítimas de Cachoeira ou é uma piada cretina ou é coisa de má fé. Perguntem a Dilma se foi o bicheiro que lhe deu ordens para dar um murro na mesa. Perguntem à presidente se ela não considerou mesmo abusiva, entre outras coisas, a elevação do orçamento de obras em ferrovias, que passou de 11,9 bilhões de reais, em março de 2010, para 16,4 bilhões em julho de 2011, um salto 38% em pouco mais de um ano.
    Se houver alguma fita em que Cachoeira diz que o capeta é um sujeito malvado, vamos canonizar o rabudo? Se, porventura, fizer uma saudação a Deus, é o caso de considerar o Altíssimo um senhor muito suspeito?
    Cachoeira, agora, virou o único juiz do Brasil? Serve tanto para lavar como para sujar biografias?

    06 de maio de 2012
    Reinaldo Azevedo