As religiões trabalham com o binômio culpa e medo. O que Spinoza tentou fazer foi eliminar este binômio, tendo sido amaldiçoado por esta razão. O argumento lançado acima de que, sem religião, os estrupadores estarão livres para praticarem seus delitos é absolutamente infantil e desprovido de senso racional. Pessoas que são íntegras e corretas por terem medo de Deus não podem ser dignas de crédito.
O medo e a culpa geram o surgimento de “falsos Messias”, como o genial Sabbatai Sevi, o qual soube se beneficiar do supracitado binômio em meados do século XVII. Idiota é quem não sabe se beneficiar desses dois sentimentos primários e toscos. Daí eu confessar agora uma leve admiração pelo “bispo” Macedo e por sua obra de exploração e de hipinotismo dos pobres e idiotas para lhes arrancar dinheiro.
Sabbatai Sevi logo vislumbrou uma oportunidade de se beneficiar com a condenação das teses de Spinoza. A religião, ou sua negação, constitui excelente oportunidade para os oportunistas tirarem vantagem. Sevi logo se elegeu o escolhido para levar os exilados de volta á Palestina, promovendo verdadeiro frisson em comunidades histéricas judáicas.
Baruch Spinoza, filho de judeus espanhóis e portugueses que fugiram da perseguição da Santa Inquisição emigrando para a Holanda, teve sua vida poupada. Mas a 27 de Julho de 1656, os anciãos da sinagoga de Amsterdam produziram uma cherém, fatwa, ou condenação segundo a qual, em nome dos anjos e dos santos “nós amaldiçoamos, eliminamos, excomungamos e anatemizamos Baruch Spinoza, com o consentimento dos anciãos e de toda a santa congregação, na presença dos livros sagrados pelos 613 preceitos neles inscritos, com o anátema pelo qual Josué amaldiçoou Jericó, com a maldição que Eliseu lançou sobre as crianças e com todas as maldições que estão inscritas na lei.”
Naquela época ainda não havia sido produzido o magistral filme Millenium — “The girl with the dragon tattoo”, uma crítica feroz ao livro Levítico, supostamente escrito por Moisés, livro este que induz aos mais variados crimes, estupros e assassinatos contra a mulher na moderna Suécia.
Spinoza foi amaldiçoado de dia, e também de noite. “Maldito seja dormindo e maldito seja acordado, maldito seja ao sair e maldito ao entrar. O Senhor não irá perdoar, a ira e a fúria do Senhor a partir de agora lançadas contra este homem, e lançadas sobre ele todas as maldições escritas no livro da lei. O Senhor destruirá seu nome sob o sol e o eliminará por sua ruína de todas as tribos de Israel, com todas as maldições do firmamento que estão escritas no livro da lei.”
Nós, comentaristas da Tribuna, também seremos punidos de ler “qualquer papel escrito por ele”. E qual foi a maldição que Eliseu lançou sobre as crianças? Ela se refere à história bíblica altamente violenta e raivosa, na qual Eliseu, incomodado com crianças que o provocavam, por sua calvície, chama Deus e pede que ele envie alguns diabos para levar as crianças de um limbo a outro.
Spinosa não teve seu nome eliminado sob o sol. A grande Enciclopédia francesa que definiu o iluminismo, editada por Denis Diderot e d’Alambert, tem um extenso verbete sobre Spinoza. Hume sugeriu que a profissão de crença em um ser supremo criador e onipresente na verdade era uma profissão disfarçada de ateísmo. Disse ele que tal ser não possuia nada que pudéssemos chamar de mente, ou uma vontade.
O medo e a culpa geram o surgimento de “falsos Messias”, como o genial Sabbatai Sevi, o qual soube se beneficiar do supracitado binômio em meados do século XVII. Idiota é quem não sabe se beneficiar desses dois sentimentos primários e toscos. Daí eu confessar agora uma leve admiração pelo “bispo” Macedo e por sua obra de exploração e de hipinotismo dos pobres e idiotas para lhes arrancar dinheiro.
Sabbatai Sevi logo vislumbrou uma oportunidade de se beneficiar com a condenação das teses de Spinoza. A religião, ou sua negação, constitui excelente oportunidade para os oportunistas tirarem vantagem. Sevi logo se elegeu o escolhido para levar os exilados de volta á Palestina, promovendo verdadeiro frisson em comunidades histéricas judáicas.
Baruch Spinoza, filho de judeus espanhóis e portugueses que fugiram da perseguição da Santa Inquisição emigrando para a Holanda, teve sua vida poupada. Mas a 27 de Julho de 1656, os anciãos da sinagoga de Amsterdam produziram uma cherém, fatwa, ou condenação segundo a qual, em nome dos anjos e dos santos “nós amaldiçoamos, eliminamos, excomungamos e anatemizamos Baruch Spinoza, com o consentimento dos anciãos e de toda a santa congregação, na presença dos livros sagrados pelos 613 preceitos neles inscritos, com o anátema pelo qual Josué amaldiçoou Jericó, com a maldição que Eliseu lançou sobre as crianças e com todas as maldições que estão inscritas na lei.”
Naquela época ainda não havia sido produzido o magistral filme Millenium — “The girl with the dragon tattoo”, uma crítica feroz ao livro Levítico, supostamente escrito por Moisés, livro este que induz aos mais variados crimes, estupros e assassinatos contra a mulher na moderna Suécia.
Spinoza foi amaldiçoado de dia, e também de noite. “Maldito seja dormindo e maldito seja acordado, maldito seja ao sair e maldito ao entrar. O Senhor não irá perdoar, a ira e a fúria do Senhor a partir de agora lançadas contra este homem, e lançadas sobre ele todas as maldições escritas no livro da lei. O Senhor destruirá seu nome sob o sol e o eliminará por sua ruína de todas as tribos de Israel, com todas as maldições do firmamento que estão escritas no livro da lei.”
Nós, comentaristas da Tribuna, também seremos punidos de ler “qualquer papel escrito por ele”. E qual foi a maldição que Eliseu lançou sobre as crianças? Ela se refere à história bíblica altamente violenta e raivosa, na qual Eliseu, incomodado com crianças que o provocavam, por sua calvície, chama Deus e pede que ele envie alguns diabos para levar as crianças de um limbo a outro.
Spinosa não teve seu nome eliminado sob o sol. A grande Enciclopédia francesa que definiu o iluminismo, editada por Denis Diderot e d’Alambert, tem um extenso verbete sobre Spinoza. Hume sugeriu que a profissão de crença em um ser supremo criador e onipresente na verdade era uma profissão disfarçada de ateísmo. Disse ele que tal ser não possuia nada que pudéssemos chamar de mente, ou uma vontade.