O governo Dilma tem deixado cada vez mais claro seu viés ideológico nas últimas medidas econômicas. Trata-se de uma ideologia antiga, cuja essência se traduz pela inabalável fé na capacidade do próprio governo agir como locomotiva do crescimento econômico. O corolário desta crença é uma profunda desconfiança do livre funcionamento dos mercados.
Durante o governo Lula esta característica já era bastante visível, especialmente após a crise de 2008, que deu a oportunidade para que o governo avançasse com seus tentáculos sobre a economia. Calhou com a véspera das eleições, e o então presidente Lula juntou a fome com a vontade de comer. O BNDES foi o grande instrumento desta política expansionista do Estado, assim como os gastos públicos.
Bastou o agravamento da crise mundial desta vez para que o governo Dilma partisse com mais ferocidade ainda nesta direção. O Banco Central, que no Brasil ainda não é independente, tomou a ousada medida de reduzir a taxa básica de juros de forma inesperada, mesmo com uma inflação rodando acima de 7%, e sem perspectiva para grande arrefecimento. Foi um tiro no escuro, representando perigosa mudança de postura.
Um Banco Central independente com claras metas de inflação é importante como guardião da moeda, justamente porque sempre há o risco de ele ser capturado pelos interesses momentâneos do governo. Quando isto ocorre, a maior sacrificada acaba sendo a responsabilidade monetária, e aquele que controla o poder de emissão da moeda se transforma num caixa automático do governo, permitindo maiores gastos públicos por meio do pior imposto de todos, pois disfarçado e prejudicial aos mais pobres: o inflacionário.
Após este fundamental pilar da estabilidade ser gravemente abalado, o governo Dilma ainda sacudiu com força outro pilar crucial: o livre comércio. É verdade que o Brasil já não era uma das economias mais abertas do mundo. Basta comparar as taxas médias aduaneiras que praticamos com aquela de países mais abertos. Mas a direção era de maior abertura. Até o governo resolver atender ao lobby das grandes montadoras nacionais e subir drasticamente os impostos sobre carros importados.
Esta decisão absurda pode desencadear uma guerra comercial, o pesadelo de qualquer economia. Basta refletir sobre a ótica militar para compreender isso: quando um país entra em guerra com outro, um dos primeiros alvos é justamente o acesso do inimigo aos produtos importados, ou seja, fechar o livre fluxo comercial. Aquilo que inimigos fazem durante uma guerra é feito pelo nosso próprio governo, em tempos de paz. Trata-se de um tiro certeiro nos consumidores, sob o manto da proteção aos empregos nacionais.
Nenhum brasileiro com mais de 30 anos pode ignorar os efeitos maléficos desta medida. Basta se lembrar da fatídica “Lei da Informática”, aquela que criou enormes obstáculos ao progresso nacional ao obrigar todos a consumir máquinas obsoletas. Ou então o próprio setor automotivo antes da abertura realizada pelo governo Collor, quando éramos forçados a pagar preço de Mercedes por verdadeiras carroças.
O protecionismo comercial sempre foi uma bandeira dos nacional-desenvolvimentistas, que já atenderam pelo nome de mercantilistas no passado. Ocorre que suas falácias econômicas já foram devidamente refutadas desde o século XVIII, por Adam Smith, ou pelo economista francês Bastiat no século seguinte. Em outras palavras, trata-se de uma ideologia antiga e ultrapassada, que sempre trouxe atraso onde foi implementada.
Quando o governo Dilma argumenta que pretende proteger o emprego local com tais tarifas, ele está ignorando que a contrapartida é um gasto maior dos consumidores. Este gasto extra é o que Bastiat chamou de “aquilo que não se vê”, ou seja, o custo de oportunidade derivado do aparente benefício imediato. Um simples exemplo resume a falácia: se, enquanto consumidores, compramos o mesmo tipo de carro pagando menos, parece evidente que esta economia irá para outros setores, seja no consumo de outros bens, seja como poupança para investimentos.
O governo Dilma resolveu mostrar sua face verdadeira. Ninguém consegue sustentar uma máscara por tempo demais. E esta face agora exposta tem rugas que datam do século XVIII. O governo está derrubando, um a um, os mais importantes pilares de uma economia. Os gastos públicos cresceram demais e, até agora, nada além de pura retórica indica que vão cair na magnitude necessária.
Em vez de fazer o dever de casa, cortar gastos e encaminhar reformas estruturais ao Congresso, o governo Dilma escolhe uma perigosa rota de fuga. Permite mais inflação derrubando os juros na marra, fornece crédito subsidiado pelo BNDES a grandes grupos nacionais, e ainda cria barreiras protecionistas que afetam todos os consumidores. São, em sua essência, os principais pontos do manual nacional-desenvolvimentista, o velho e fracassado mercantilismo. É lamentável ver que uma presidente economista ainda acredita nestas tolas receitas. O custo será alto para o país.
Rodrigo Constantino
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
sábado, 24 de setembro de 2011
MIMETISMO CORRUPTO
Pois,
Nosso povo é como camaleão, mas o camaleão tem apenas o mimetismo da cor, nossos compatriotas da índole.
O mimetismo da índole, elege corruptos, e dignifica o "rouba mas faz".
Maluf, Collor, sarney, são exemplos bizarros de reeleitos.
Há os babacas que sustentam programas de televisão tipos "reality shows" como BBB, A FAZENDA, com simplórios SMSs, ou telefonemas, de custo irrisório, 0,90 centavos, onde as geradoras do programas faturam entre 3 e 10 milhões de reais por semana, já retirados os impostos e os custos das operadoras. No decurso de 12 a 14 semanas são 100 milhões de reais.
A cada 4 meses poderíamos premiar 100 mil pobres brasileiros com 1000 reais, ou distribuir 50 mil cestas básicas por semana.
O povo disfarça sua índole corrupta, votando e debatendo esse tipo de roubo oficializado.
Nosso pobre gasta 80 reais de impostos numa cesta básica, e paga um imposto renda, nas loterias oficiais e clandestinas em busca da sorte,num país em que o jogo é proibido.
Enquanto em Hollywood, filmes e seriados são feitos com patrocínio privado, incluindo-se aqui grandes peças da Broadway, nosso povo esquece que impostos que deveriam financiar saúde e educação são desviados para, filmes de péssima qualidade e shows teatrais ou musicais, tudo patrocinado com dinheiro público. O governo paga o show e os marajás empresários ficam com o lucro.
Os petistas , pulhas culturais chama a mídia de PIG, e não é que eles tem razões incontestáveis.
O patrocínio de jornais e novelas em horário nobre é da CEF, do Banco do Brasil, da Petrobrás, dos Correios, chega-se ao cúmulo de horários de propaganda de partidos políticos, claro que evidentemente gratuitos, e pagos com recursos do erário publico.
O PIG não é GOLPISTA é GOVERNISTA, politiqueiro, sórdido e corrupto.
O reality show da vida é quem vai ser atendido na fila do SUS, e quem vai ser mandado de volta ao pó da terra.
Quem será o próximo a morrer na saidinha de banco, nos campus universitários, ou atropelados por cafajestes nas calçadas da vida.
Os nossos políticos também fazem outro tipo de reality show, apartado do povo, que transformam seus votos em SMSs corruptos.
Adoram pilantras, amam artistas que são ralés humanas no mundo das drogas, idolatram analfabetos funcionais tiriricamente os elegem.
Novamente relembro fatos do mês de agosto que marcaram nossa história.
Getúlio suicidou envergonhado pela corrupção.
Jânio renunciou ou morria.
Bebidas, telefones e cigarros arrecadam 300 milhões de reais em impostos por dia, alguém já imaginou para onde vai tanto dinheiro?
bom dia
Postado por VSROCCHA
Nosso povo é como camaleão, mas o camaleão tem apenas o mimetismo da cor, nossos compatriotas da índole.
O mimetismo da índole, elege corruptos, e dignifica o "rouba mas faz".
Maluf, Collor, sarney, são exemplos bizarros de reeleitos.
Há os babacas que sustentam programas de televisão tipos "reality shows" como BBB, A FAZENDA, com simplórios SMSs, ou telefonemas, de custo irrisório, 0,90 centavos, onde as geradoras do programas faturam entre 3 e 10 milhões de reais por semana, já retirados os impostos e os custos das operadoras. No decurso de 12 a 14 semanas são 100 milhões de reais.
A cada 4 meses poderíamos premiar 100 mil pobres brasileiros com 1000 reais, ou distribuir 50 mil cestas básicas por semana.
O povo disfarça sua índole corrupta, votando e debatendo esse tipo de roubo oficializado.
Nosso pobre gasta 80 reais de impostos numa cesta básica, e paga um imposto renda, nas loterias oficiais e clandestinas em busca da sorte,num país em que o jogo é proibido.
Enquanto em Hollywood, filmes e seriados são feitos com patrocínio privado, incluindo-se aqui grandes peças da Broadway, nosso povo esquece que impostos que deveriam financiar saúde e educação são desviados para, filmes de péssima qualidade e shows teatrais ou musicais, tudo patrocinado com dinheiro público. O governo paga o show e os marajás empresários ficam com o lucro.
Os petistas , pulhas culturais chama a mídia de PIG, e não é que eles tem razões incontestáveis.
O patrocínio de jornais e novelas em horário nobre é da CEF, do Banco do Brasil, da Petrobrás, dos Correios, chega-se ao cúmulo de horários de propaganda de partidos políticos, claro que evidentemente gratuitos, e pagos com recursos do erário publico.
O PIG não é GOLPISTA é GOVERNISTA, politiqueiro, sórdido e corrupto.
O reality show da vida é quem vai ser atendido na fila do SUS, e quem vai ser mandado de volta ao pó da terra.
Quem será o próximo a morrer na saidinha de banco, nos campus universitários, ou atropelados por cafajestes nas calçadas da vida.
Os nossos políticos também fazem outro tipo de reality show, apartado do povo, que transformam seus votos em SMSs corruptos.
Adoram pilantras, amam artistas que são ralés humanas no mundo das drogas, idolatram analfabetos funcionais tiriricamente os elegem.
Novamente relembro fatos do mês de agosto que marcaram nossa história.
Getúlio suicidou envergonhado pela corrupção.
Jânio renunciou ou morria.
Bebidas, telefones e cigarros arrecadam 300 milhões de reais em impostos por dia, alguém já imaginou para onde vai tanto dinheiro?
bom dia
Postado por VSROCCHA
DILMA FAZ O QUE LULA QUERIA
Continuamos precisando de algo como um novo Plano Real, para derrubar juros e impostos de forma duradoura
Lula presidente não perdia a oportunidade de apresentar seu governo como o introdutor de tudo de bom que acontecia no país. Mas, enquanto atacava a herança maldita de FHC, mantinha intacto o tripé da política econômica herdada, o regime de metas de inflação com Banco Central independente, câmbio flutuante e superávit primário nas contas públicas.
A presidente Dilma está fazendo o contrário. Elogiou FHC pela estabilização do Real, diz que as bases macroeconômicas estão mantidas, mas na prática vai lentamente desmontando o tripé (ou flexibilizando, se quiserem).
Em comum, a mesma atitude: falar uma coisa e fazer outra.
Só que com os sinais trocados.
Alguns analistas entendem isso como uma manifestação de independência que Dilma estaria tomando em relação à herança lulista.
Errado.
Dilma está fazendo na política econômica o que Lula gostaria de ter feito há muito tempo. E que começou a fazer nos dois últimos anos de seu governo.
Com o (bom) pretexto de combater a crise internacional de 2008/09, Lula colocou de lado a contenção do gasto público e aumentou as despesas de várias maneiras, mantendo-as em expansão mesmo quando as coisas se acalmaram. Mais do que isso, recuperou o discurso de que gastar é sempre bom e que sempre é possível aumentar os impostos.
No ano passado, eleitoral, Lula finalmente conseguiu dobrar o Banco Central de Henrique Meirelles, levando a instituição a suspender a alta de juros para não atrapalhar a campanha de Dilma.
Lembrem-se: para fazer aquilo o BC construiu um cenário de queda de inflação que gerou muita desconfiança na ocasião e que não se materializou.
Veio, então, o BC de Dilma, com Alexandre Tombini na presidência, que começou subindo juros, diante da evidência de uma inflação em alta.
Mas logo deu um cavalo de pau e começou a reduzir a taxa, surpreendendo mesmo os analistas mais afinados com os argumentos oficiais.
Foi uma virada semelhante à de 2010 e com o mesmo conteúdo político de enquadrar-se na linha explicitada pelo governo.
O câmbio flutuante foi flexibilizado de diversas maneiras. E o superávit primário tem sido obtido até aqui graças a uma arrecadação excepcionalmente elevada. Os gastos governamentais continuam em alta e se programa mais elevação no ano que vem.
A volta do protecionismo explícito - como, por exemplo, a elevação abrupta do imposto sobre carros importados - é mais um dado a indicar que a presidente Dilma move sua política econômica na direção do chamado "desenvolvimentismo", com forte intervenção do governo, gastos públicos subindo, subsídios e proteção para determinados setores, os amigos da casa, e tolerância com a inflação.
O economista Mario Cimoli, diretor da Cepal, desenvolvimentista, disse uma vez que a melhor política econômica para a América Latina seria uma combinação brasileiro-argentina.
Do Brasil, a política industrial com seu braço principal, o BNDES.
Da Argentina, a política monetária e cambial, com juro baixo, moeda desvalorizada, não importando a inflação elevada.
Pode até não ser exatamente assim, mas que parece, parece.
E sabem qual a ironia dessa história?
É a política econômica que José Serra adoraria fazer.
Eis por que a presidente Dilma dificilmente enfrentará oposição nessa sua guinada.
Tucanos estão ou iludidos com os elogios formais feitos pela presidente ou gostando dessa política econômica ou interessados em embarcar em algumas canoas do governo (como faz o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin).
Os democratas podem fazer algum sucesso no combate ao aumento de impostos, mas não é muito.
Tudo considerado, não haverá uma guinada radical, mesmo porque muitas das normas de política econômica estão definidas em lei, como é o caso da responsabilidade fiscal.
É a nossa sorte.
Ninguém espera uma explosão da inflação, mas algo perto de 7% ao ano por um bom tempo (que é alta).
O governo estará sempre tratando de arrecadar cada vez mais para gastar mais.
E, sem reformas, ficaremos com uma economia irregular, com o custo Brasil muito elevado para todos e sendo aliviado para alguns setores, com muito consumo (inclusive do governo) e pouco investimento. Cresce aqui e ali, dependendo do mundo, mas não deslancha de modo consistente.
Continuamos precisando de algo como um novo Plano Real, para derrubar juros e impostos de forma duradoura.
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo
Lula presidente não perdia a oportunidade de apresentar seu governo como o introdutor de tudo de bom que acontecia no país. Mas, enquanto atacava a herança maldita de FHC, mantinha intacto o tripé da política econômica herdada, o regime de metas de inflação com Banco Central independente, câmbio flutuante e superávit primário nas contas públicas.
A presidente Dilma está fazendo o contrário. Elogiou FHC pela estabilização do Real, diz que as bases macroeconômicas estão mantidas, mas na prática vai lentamente desmontando o tripé (ou flexibilizando, se quiserem).
Em comum, a mesma atitude: falar uma coisa e fazer outra.
Só que com os sinais trocados.
Alguns analistas entendem isso como uma manifestação de independência que Dilma estaria tomando em relação à herança lulista.
Errado.
Dilma está fazendo na política econômica o que Lula gostaria de ter feito há muito tempo. E que começou a fazer nos dois últimos anos de seu governo.
Com o (bom) pretexto de combater a crise internacional de 2008/09, Lula colocou de lado a contenção do gasto público e aumentou as despesas de várias maneiras, mantendo-as em expansão mesmo quando as coisas se acalmaram. Mais do que isso, recuperou o discurso de que gastar é sempre bom e que sempre é possível aumentar os impostos.
No ano passado, eleitoral, Lula finalmente conseguiu dobrar o Banco Central de Henrique Meirelles, levando a instituição a suspender a alta de juros para não atrapalhar a campanha de Dilma.
Lembrem-se: para fazer aquilo o BC construiu um cenário de queda de inflação que gerou muita desconfiança na ocasião e que não se materializou.
Veio, então, o BC de Dilma, com Alexandre Tombini na presidência, que começou subindo juros, diante da evidência de uma inflação em alta.
Mas logo deu um cavalo de pau e começou a reduzir a taxa, surpreendendo mesmo os analistas mais afinados com os argumentos oficiais.
Foi uma virada semelhante à de 2010 e com o mesmo conteúdo político de enquadrar-se na linha explicitada pelo governo.
O câmbio flutuante foi flexibilizado de diversas maneiras. E o superávit primário tem sido obtido até aqui graças a uma arrecadação excepcionalmente elevada. Os gastos governamentais continuam em alta e se programa mais elevação no ano que vem.
A volta do protecionismo explícito - como, por exemplo, a elevação abrupta do imposto sobre carros importados - é mais um dado a indicar que a presidente Dilma move sua política econômica na direção do chamado "desenvolvimentismo", com forte intervenção do governo, gastos públicos subindo, subsídios e proteção para determinados setores, os amigos da casa, e tolerância com a inflação.
O economista Mario Cimoli, diretor da Cepal, desenvolvimentista, disse uma vez que a melhor política econômica para a América Latina seria uma combinação brasileiro-argentina.
Do Brasil, a política industrial com seu braço principal, o BNDES.
Da Argentina, a política monetária e cambial, com juro baixo, moeda desvalorizada, não importando a inflação elevada.
Pode até não ser exatamente assim, mas que parece, parece.
E sabem qual a ironia dessa história?
É a política econômica que José Serra adoraria fazer.
Eis por que a presidente Dilma dificilmente enfrentará oposição nessa sua guinada.
Tucanos estão ou iludidos com os elogios formais feitos pela presidente ou gostando dessa política econômica ou interessados em embarcar em algumas canoas do governo (como faz o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin).
Os democratas podem fazer algum sucesso no combate ao aumento de impostos, mas não é muito.
Tudo considerado, não haverá uma guinada radical, mesmo porque muitas das normas de política econômica estão definidas em lei, como é o caso da responsabilidade fiscal.
É a nossa sorte.
Ninguém espera uma explosão da inflação, mas algo perto de 7% ao ano por um bom tempo (que é alta).
O governo estará sempre tratando de arrecadar cada vez mais para gastar mais.
E, sem reformas, ficaremos com uma economia irregular, com o custo Brasil muito elevado para todos e sendo aliviado para alguns setores, com muito consumo (inclusive do governo) e pouco investimento. Cresce aqui e ali, dependendo do mundo, mas não deslancha de modo consistente.
Continuamos precisando de algo como um novo Plano Real, para derrubar juros e impostos de forma duradoura.
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo
MANIPULADOS E MAL PAGOS
Há milênios, os cérebros mais “iluminados” conspiram para a união da raça humana em comunidade única, sob um só governo com poderes e controle total sobre as mentes escravizadas. As referências a tal governo expostas pelos pesquisadores – algumas documentadas – datam de milênios, passam pela Grécia de Sócrates e Platão e sempre são marcadas por grandes batalhas, montanhas de cadáveres, saques e destruição. Tudo ensanduichado em religiões, esoterismo, símbolos e rituais de seitas secretas.
As armas utilizadas para criar super-homens e robôs serviçais, parecem ter alcançado seu auge com os conhecimentos tecnológicos e científicos mais atuais. A genética e as comunicações eletrônicas, a utilização de drogas e técnicas de controle mental, estão presentes no cotidiano de todas as pessoas, que aceitam e desconhecem o alcance, a história real e objetivos dos que manipulam este conhecimento.
O resultado abusivo da educação que utiliza programas mentais aplicados em todas as escolas, já é visível no comportamento das crianças, dos jovens adultos e na impotência dos responsáveis pela segurança pública em todo o mundo. As políticas homogêneas parecem feitas para fomentar e prestigiar os criminosos mais violentos. Tudo para facilitar as soluções de controle estatal e privação de liberdades.
Os que não nasceram no seio de famílias da estirpe dos Iluminatti, estão sendo conformados para atuar como escravos da nova ordem mundial.
E são formadas as tropas especiais, contando até com centros de treinamento psiquiátrico, para o sacrifício em atividades estratégicas. Todos os humanos hoje são cobaias, listadas para experimentar uma hierarquia de experiências traumáticas (inicialmente testadas em laboratórios do comunismo e do nazismo) que submetem o corpo e a mente.
Em centros “demcráticos” especializados, com endereço conhecido e divulgado por pesquisadores, tais experiências são realizadas para excitar áreas do cérebro ao máximo. Drogas, tortura e traumas diversos são aplicados. E as cobaias podem ser indivíduos que estão entre os milhares de pessoas desaparecidas diariamente.
As atenções foram concentradas em estudos de experiência pos traumática – PSTD - que pesquisa os resultados de debilidade psicopática e reações crônicas após o trauma.
Muita política publica utiliza estes conhecimentos para aterrorizar grandes contingentes populacionais. O pânico, a impotência e a vulnerabilidade registrada pelo cérebro, tanto desenvolve fobias e estados depressivos, quanto comportamentos apáticos.
Paralelamente desenvolveram-se escolas de terapia, onde as vítimas são informadas de que seus medos estão ancorados em experiências do passado, ou de “vidas passadas”.
Assim também age uma farta literatura de “auto ajuda”, afastando as pessoas da realidade.
O cérebro é muito complexo e capaz de realizar meio milhão de reações químicas diferentes por minuto. Mapeá-lo e alimentá-lo é o suficiente para fazer com que as pessoas sejam direcionadas, agindo ou deixando de agir em cenários específicos. Os veículos para a alimentação do cérebro estão no conteúdo da formação básica e acadêmica, na mídia massiva, nas novelas, nos contos infantis, na música, nas artes, nas pregações de líderes religiosas.
Na grande feira das drogas existem mais de duzentos produtos químicos disponíveis para facilitar a fuga à realidade, bem como a hipnose, a metodologia da repetição e da propaganda subliminar para conformar o pensamento e ação das pessoas.
Na eletrônica, desde 1989, os implantes de eletrodos no cérebro já estão disponíveis e até foram patenteados alguns por Phillip L. Stoklin, na Flórida.
A patente número 4.858.612, refere um dispositivo que pode ser implantado no córtex cerebral.
A programação mental está nos filmes, nos jogos eletrônicos e na estrutura das palavras de um discurso, de um livro, de um artigo de jornal ou edição de imagens. Está nos treinamentos corporativos que utilizam as técnicas da Programação Neuroliguística, facilitando a manipulação e modificação de comportamentos.
A metodologia inclui o ataque às crenças e princípios espirituais, o sentimento de culpa, o ridículo, a raiva, a vergonha e finalmente à desumanização, ao crime, à ausência de crítica.
Este é o ambiente excelente para a nova ordem mundial em curso.
Arlindo Montenegro
As armas utilizadas para criar super-homens e robôs serviçais, parecem ter alcançado seu auge com os conhecimentos tecnológicos e científicos mais atuais. A genética e as comunicações eletrônicas, a utilização de drogas e técnicas de controle mental, estão presentes no cotidiano de todas as pessoas, que aceitam e desconhecem o alcance, a história real e objetivos dos que manipulam este conhecimento.
O resultado abusivo da educação que utiliza programas mentais aplicados em todas as escolas, já é visível no comportamento das crianças, dos jovens adultos e na impotência dos responsáveis pela segurança pública em todo o mundo. As políticas homogêneas parecem feitas para fomentar e prestigiar os criminosos mais violentos. Tudo para facilitar as soluções de controle estatal e privação de liberdades.
Os que não nasceram no seio de famílias da estirpe dos Iluminatti, estão sendo conformados para atuar como escravos da nova ordem mundial.
E são formadas as tropas especiais, contando até com centros de treinamento psiquiátrico, para o sacrifício em atividades estratégicas. Todos os humanos hoje são cobaias, listadas para experimentar uma hierarquia de experiências traumáticas (inicialmente testadas em laboratórios do comunismo e do nazismo) que submetem o corpo e a mente.
Em centros “demcráticos” especializados, com endereço conhecido e divulgado por pesquisadores, tais experiências são realizadas para excitar áreas do cérebro ao máximo. Drogas, tortura e traumas diversos são aplicados. E as cobaias podem ser indivíduos que estão entre os milhares de pessoas desaparecidas diariamente.
As atenções foram concentradas em estudos de experiência pos traumática – PSTD - que pesquisa os resultados de debilidade psicopática e reações crônicas após o trauma.
Muita política publica utiliza estes conhecimentos para aterrorizar grandes contingentes populacionais. O pânico, a impotência e a vulnerabilidade registrada pelo cérebro, tanto desenvolve fobias e estados depressivos, quanto comportamentos apáticos.
Paralelamente desenvolveram-se escolas de terapia, onde as vítimas são informadas de que seus medos estão ancorados em experiências do passado, ou de “vidas passadas”.
Assim também age uma farta literatura de “auto ajuda”, afastando as pessoas da realidade.
O cérebro é muito complexo e capaz de realizar meio milhão de reações químicas diferentes por minuto. Mapeá-lo e alimentá-lo é o suficiente para fazer com que as pessoas sejam direcionadas, agindo ou deixando de agir em cenários específicos. Os veículos para a alimentação do cérebro estão no conteúdo da formação básica e acadêmica, na mídia massiva, nas novelas, nos contos infantis, na música, nas artes, nas pregações de líderes religiosas.
Na grande feira das drogas existem mais de duzentos produtos químicos disponíveis para facilitar a fuga à realidade, bem como a hipnose, a metodologia da repetição e da propaganda subliminar para conformar o pensamento e ação das pessoas.
Na eletrônica, desde 1989, os implantes de eletrodos no cérebro já estão disponíveis e até foram patenteados alguns por Phillip L. Stoklin, na Flórida.
A patente número 4.858.612, refere um dispositivo que pode ser implantado no córtex cerebral.
A programação mental está nos filmes, nos jogos eletrônicos e na estrutura das palavras de um discurso, de um livro, de um artigo de jornal ou edição de imagens. Está nos treinamentos corporativos que utilizam as técnicas da Programação Neuroliguística, facilitando a manipulação e modificação de comportamentos.
A metodologia inclui o ataque às crenças e princípios espirituais, o sentimento de culpa, o ridículo, a raiva, a vergonha e finalmente à desumanização, ao crime, à ausência de crítica.
Este é o ambiente excelente para a nova ordem mundial em curso.
Arlindo Montenegro
STJ - O CASO SARNEY: IMAGEM DA IMPUNIDADE
Polícia Federal pede que Ministério Público recorra contra Fernando Sarney
Delegados da Polícia Federal defendem a legalidade das provas obtidas na operação Faktor, antiga Boi Barrica, que foram anuladas pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), beneficiando o empresário Fernando Sarney e outros familiares do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Para os policiais federais, cabe agora ao Ministério Público recorrer da decisão para tentar reerguer a operação. À polícia resta aguardar fatos novos ou novos documentos para que uma nova investigação seja aberta.
Como se sabe, em decisão unânime da 6ª Turma do STJ, os ministros entenderam que escutas telefônicas, extratos bancários e documentos fiscais obtidos pela PF não poderão ser usados para processar ninguém.
Os ministros do STJ entenderam que os grampos que originaram as quebras de sigilo foram ilegais. A investigação teve início em 2006, quando o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), unidade de inteligência financeira do Brasil, encaminhou comunicação à PF dando conta de movimentação financeira atípica, no valor de R$ 2 milhões, nas contas-correntes de algumas pessoas físicas e jurídicas, entre elas, Fernando José Macieira Sarney e Teresa Cristina Murad Sarney.
Segundo o STJ, foi ilegal fazer pedidos de quebra de sigilo telefônico e fiscal com base apenas no relatório do Coaf. Delegados da PF, no entanto, sustentam que os pedidos foram feitos depois de investigações preliminares. Dizem ainda que apenas 4% das operações policiais têm escutas telefônicas e que os pedidos de quebra são feitos com critério rígido.
Carlos Newton
***
JUDICIÁRIO SE DOBRA A SARNEY
João Bosco Rebelo
Os juízes do Superior Tribunal de Justiça devem ter feito a relação custo/benefício antes de tomar a decisão que devolve à estaca zero as investigações da Polícia Federal no caso do empresário Fernando Sarney.
Mas, se a fizeram, foi em caráter individual e político. A instituição só perdeu – e muito – com o desmerecimento das instâncias judiciárias que autorizaram as escutas e da Polícia Federal, ambas postas sob suspeita, no mínimo, de incompetência.
Contribui o STJ para piorar ainda mais a imagem do Poder Judiciário, visto como ineficiente, porque lento; injusto porque discricionário; corporativo, porque recusa controles.
Essa a imagem hoje do Poder Judiciário. Que pune pobres, mas livra os ricos, que cerceia a ação do seu órgão de controle, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e que só vê a própria barriga quando exige aumento de 56% aos servidores dos tribunais superiores.
É nesse contexto que o STJ, ainda na vigência de uma censura vergonhosa e humilhante para o país, imposta pelo Judiciário ao Estadão para atender a Fernando Sarney, simplesmente invalida tudo sobre o que ele se investigou, ainda que sob respaldo do próprio judiciário maranhense.
Se já não havia dúvida de que o Poder Executivo está submetido ao poder político do senador José Sarney (PMDB-AP), agora não há mais dúvida de que o Judiciário também e, por extensão, o País.
A insensibilidade é tal que tira a percepção de que tudo o já revelado pela investigação está consolidado como verdade. Assim, a decisão só é vista como uma forma de atender ao clã familiar. Nada mais.
(Transcrito do blog de João Bosco Rebelo)
O ORIENTE MÉDIO NUNCA MAIS SERÁ O MESMO
Os palestinos não conseguirão seu estado agora. Mas os palestinos provarão –se obtiverem votos suficientes na Assembleia Geral e se Mahmoud Abbas não sucumbir à sua subserviência característica ante o poder de EUA-Israel – que já fizeram por merecer ser estado.
E estabelecerão para os árabes o que Israel gosta de chamar – enquanto amplia suas colônias em terra roubada –“fatos em campo”: nunca mais EUA e Israel estalarão os dedos e verão árabes bater continência perfilados.
Os EUA perderam a aposta que fizeram para o Oriente Médio. Acabou: fim do “processo de paz”, do “mapa do caminho”, do “acordo de Oslo”. Esse fandango já é história.
Pessoalmente, acho que “Palestina” é estado-fantasia, já impossível, agora que Israel já roubou quase toda a terra dos árabes, para os projetos coloniais israelenses.
Quem duvidar, que dê uma olhada na Cisjordânia. Colônias em massa, exclusivas para judeus, as daninhas restrições que impedem palestinos de construírem casas de mais de um piso, e a destruição, como castigo, do sistema de esgotos urbanos, os “cordões sanitários” ao lado da fronteira com a Jordânia, as estradas exclusivas para colonos israelenses, tudo isso converteu o mapa da Cisjordânia em pára-brisa esfacelado de carro detonado. Às vezes, suspeito que a única força que impede que haja ali a “Grande Israel” é a obstinação daqueles palestinos incansáveis.
Mas, agora, se fala afinal de temas maiores. Essa votação na ONU – na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança; em certo sentido, nem faz diferença – dividirá o ocidente: EUA de um lado; árabes, de outro.
Abrirá em fendas as divisões que há dentro da União Europeia, entre europeus do leste e europeus do oeste; entre Alemanha e França (Alemanha apoiando Israel pelas razões históricas de sempre; a França atormentada pelo sofrimento dos palestinos). E, claro, será como cunha cravada entre Israel e a União Europeia.
Décadas de poder, brutalidade e colonização, pelos militares israelenses; milhões de europeus, já conscientes da responsabilidade histórica que pesa sobre eles pelo holocausto de judeus e conhecedores da violência das nações muçulmanas, já não se deixam acovardar na crítica, por medo de serem ofendidos, acusados de antissemitismo.
Há racismo no ocidente – e temo que sempre haverá – contra muçulmanos, africanos e judeus. Mas as colônias israelenses na Cisjordânia nas quais não podem viver árabes palestinos muçulmanos são o quê, além de expressão de racismo?
Israel sofre parte dessa tragédia, é claro. O insano governo israelense levou os israelenses por esse caminho de perdição, que se viu adequadamente sintetizado no medo que lhes causou a democracia na Tunísia e no Egito. O principal aliado de Israel é hoje a Arábia Saudita, o que é caso exemplar de toda essa insensatez.
E a cruel recusa, por Israel, a desculpar-se pela matança de nove turcos, ano passado, em ataque contra a Flotilha da Paz em Gaza, e de cinco policiais egípcios durante incursão de palestinos em Israel.
Por tudo isso, adeus aos únicos aliados que Israel ainda tinha na região, Turquia e Egito, no curto espaço de 12 meses. No governo de Israel há hoje gente inteligente, potencialmente equilibrados, como Ehud Barak, e loucos, como o ministro dos Negócios Exteriores Avigdor Lieberman (…).
Sarcasmos à parte, os israelenses merecem coisa melhor.
O estado de Israel talvez tenha sido criado por ato injusto – a Diáspora Palestina é prova disso – mas foi criado por ato legal. Os fundadores foram perfeitamente capazes de construir acordo com o rei Abdullah da Jordânia depois da guerra 1948-49 para dividir a Palestina entre judeus e árabes. Mas foi a ONU, que se reuniu para decidir o destino da Palestina dia 29/11/1947, quem deu a Israel sua legitimidade, com EUA como primeira nação a votar a favor de criar-se o estado de Israel. E agora – por uma suprema ironia da história –, Israel quer impedir que a ONU garanta legitimidade aos árabes palestinos e os EUA serão a primeira nação a votar contra essa legitimidade justa.
Israel não tem direito de existir? É a velha armadilha, estupidamente repetida pelos assim ditos “apoiadores de Israel”, também para mim, pessoalmente, muitas vezes repetida, embora, ultimamente, cada vez menos frequentemente. Cabe aos estados – que não são seres humanos – assegurar a outros estados o direito de existir. Para que indivíduos façam a mesma coisa, é indispensável que considerem um mapa. Porque, afinal, onde, exatamente, geograficamente, fica Israel?
Israel é a única nação do planeta que não sabe e não diz onde está sua fronteira leste. Acompanha a velha linha do armistício da ONU, a fronteira de 1967, que Abbas tanto ama e Netanyahu tanto odeia? Exclui toda a Cisjordânia palestina menos as colônias exclusivas para israelenses… Ou exclui toda a Cisjordânia?
Mostrem-me mapa do Reino Unido que inclua Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, e o Reino Unido tem direito de existir. Mas mostrem-me mapa do RU que pretenda incluir no RU os 26 condados da Irlanda independente e mostre que Dublin seria cidade britânica, não cidade irlandesa, e direi não: essa nação não tem direito de existir nessas fronteiras inchadas. No caso de Israel, aí está a razão pela qual quase todas as embaixadas ocidentais, inclusive as embaixadas dos EUA e da Grã-Bretanha, estão instaladas em Telavive, não em Jerusalém.
No novo Oriente Médio, com o Despertar Árabe e a revolta de povos livres que exigem dignidade e liberdade, esse voto da ONU – aprovado pela Assembleia Geral, vetado pelos EUA se for para o Conselho de Segurança – constitui uma espécie de pino que faz girar tudo que a ele esteja ligado: vira-se aí uma página, e marca-se também o fracasso do império.
A política externa dos EUA tornou-se de tal modo presa a Israel, tão temerosos, tão assustadiços ante Israel tornaram-se quase todos os deputados, deputadas, senadores e senadoras dos EUA – a ponto de amarem mais Israel que os EUA –, que os EUA, essa semana, deixarão de ser a nação que gerou Woodrow Wilson e seus 14 princípios de autodeterminação, não o país que combateu o nazismo e o fascismo e o militarismo japonês, não o farol da liberdade que, como nos dizem, os seus Pais Fundadores representaram –, e se revelarão ao mundo como estado autista, intratável, acovardado, cujo presidente, depois de prometer novo afeto ao mundo muçulmano, é forçado a apoiar uma potência ocupante contra um povo que nada pede além do reconhecimento do estado independente ao qual tem perfeito direito.
Será o caso de dizer “pobre velho Obama”, como eu disse em outros tempos? Acho que não. Bom de retórica, vão, superficial, distribuindo fingido respeito em Istambul e no Cairo poucos meses depois de eleito, essa semana o mesmo Obama comprovará que a reeleição parece-lhe mais importante que o futuro do Oriente Médio; que sua ambição pessoal de continuar no poder supera, em importância, os sofrimentos de um povo que sobrevive sob ocupação. Nesse específico contexto, chega a ser bizarro que alguém que se apresenta como homem de tão altos princípios aja tão covardemente. Para o novo Oriente Médio, onde árabes exigem para eles os mesmos direitos e liberdades dos quais Israel e EUA dizem-se campeões, é tragédia profunda.
Na fonte de tudo estão os fracassos dos EUA, que não se ergueram para enfrentar Israel e que não insistiram em obter acordo de paz justo na “Palestina”, atrelados ao herói da guerra do Iraque, Blair. Os árabes também são responsáveis, por terem permitido que as ditaduras durassem tanto tempo, tentando conter dunas de areia com falsas fronteiras, velhos dogmas e petróleo (e que ninguém acredite que alguma “nova” “Palestina” seria um paraíso para seu próprio povo).
E Israel também é responsável, porque é dever de Israel acolher respeitosamente o pedido dos palestinos que requerem à ONU que reconheça o estado palestino e que cumpra todas as suas obrigações de garantir, com o reconhecimento, como de tantos outros estados-membros, segurança e paz também aos palestinos.
Mas nada disso acontecerá. O jogo está perdido. O poder político dos EUA no Oriente Médio será sacrificado aos pés de Israel. Servicinho vagabundo, esse, dos EUA, em nome da liberdade…
Robert Fisk (The Independent, UK)
E estabelecerão para os árabes o que Israel gosta de chamar – enquanto amplia suas colônias em terra roubada –“fatos em campo”: nunca mais EUA e Israel estalarão os dedos e verão árabes bater continência perfilados.
Os EUA perderam a aposta que fizeram para o Oriente Médio. Acabou: fim do “processo de paz”, do “mapa do caminho”, do “acordo de Oslo”. Esse fandango já é história.
Pessoalmente, acho que “Palestina” é estado-fantasia, já impossível, agora que Israel já roubou quase toda a terra dos árabes, para os projetos coloniais israelenses.
Quem duvidar, que dê uma olhada na Cisjordânia. Colônias em massa, exclusivas para judeus, as daninhas restrições que impedem palestinos de construírem casas de mais de um piso, e a destruição, como castigo, do sistema de esgotos urbanos, os “cordões sanitários” ao lado da fronteira com a Jordânia, as estradas exclusivas para colonos israelenses, tudo isso converteu o mapa da Cisjordânia em pára-brisa esfacelado de carro detonado. Às vezes, suspeito que a única força que impede que haja ali a “Grande Israel” é a obstinação daqueles palestinos incansáveis.
Mas, agora, se fala afinal de temas maiores. Essa votação na ONU – na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança; em certo sentido, nem faz diferença – dividirá o ocidente: EUA de um lado; árabes, de outro.
Abrirá em fendas as divisões que há dentro da União Europeia, entre europeus do leste e europeus do oeste; entre Alemanha e França (Alemanha apoiando Israel pelas razões históricas de sempre; a França atormentada pelo sofrimento dos palestinos). E, claro, será como cunha cravada entre Israel e a União Europeia.
Décadas de poder, brutalidade e colonização, pelos militares israelenses; milhões de europeus, já conscientes da responsabilidade histórica que pesa sobre eles pelo holocausto de judeus e conhecedores da violência das nações muçulmanas, já não se deixam acovardar na crítica, por medo de serem ofendidos, acusados de antissemitismo.
Há racismo no ocidente – e temo que sempre haverá – contra muçulmanos, africanos e judeus. Mas as colônias israelenses na Cisjordânia nas quais não podem viver árabes palestinos muçulmanos são o quê, além de expressão de racismo?
Israel sofre parte dessa tragédia, é claro. O insano governo israelense levou os israelenses por esse caminho de perdição, que se viu adequadamente sintetizado no medo que lhes causou a democracia na Tunísia e no Egito. O principal aliado de Israel é hoje a Arábia Saudita, o que é caso exemplar de toda essa insensatez.
E a cruel recusa, por Israel, a desculpar-se pela matança de nove turcos, ano passado, em ataque contra a Flotilha da Paz em Gaza, e de cinco policiais egípcios durante incursão de palestinos em Israel.
Por tudo isso, adeus aos únicos aliados que Israel ainda tinha na região, Turquia e Egito, no curto espaço de 12 meses. No governo de Israel há hoje gente inteligente, potencialmente equilibrados, como Ehud Barak, e loucos, como o ministro dos Negócios Exteriores Avigdor Lieberman (…).
Sarcasmos à parte, os israelenses merecem coisa melhor.
O estado de Israel talvez tenha sido criado por ato injusto – a Diáspora Palestina é prova disso – mas foi criado por ato legal. Os fundadores foram perfeitamente capazes de construir acordo com o rei Abdullah da Jordânia depois da guerra 1948-49 para dividir a Palestina entre judeus e árabes. Mas foi a ONU, que se reuniu para decidir o destino da Palestina dia 29/11/1947, quem deu a Israel sua legitimidade, com EUA como primeira nação a votar a favor de criar-se o estado de Israel. E agora – por uma suprema ironia da história –, Israel quer impedir que a ONU garanta legitimidade aos árabes palestinos e os EUA serão a primeira nação a votar contra essa legitimidade justa.
Israel não tem direito de existir? É a velha armadilha, estupidamente repetida pelos assim ditos “apoiadores de Israel”, também para mim, pessoalmente, muitas vezes repetida, embora, ultimamente, cada vez menos frequentemente. Cabe aos estados – que não são seres humanos – assegurar a outros estados o direito de existir. Para que indivíduos façam a mesma coisa, é indispensável que considerem um mapa. Porque, afinal, onde, exatamente, geograficamente, fica Israel?
Israel é a única nação do planeta que não sabe e não diz onde está sua fronteira leste. Acompanha a velha linha do armistício da ONU, a fronteira de 1967, que Abbas tanto ama e Netanyahu tanto odeia? Exclui toda a Cisjordânia palestina menos as colônias exclusivas para israelenses… Ou exclui toda a Cisjordânia?
Mostrem-me mapa do Reino Unido que inclua Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, e o Reino Unido tem direito de existir. Mas mostrem-me mapa do RU que pretenda incluir no RU os 26 condados da Irlanda independente e mostre que Dublin seria cidade britânica, não cidade irlandesa, e direi não: essa nação não tem direito de existir nessas fronteiras inchadas. No caso de Israel, aí está a razão pela qual quase todas as embaixadas ocidentais, inclusive as embaixadas dos EUA e da Grã-Bretanha, estão instaladas em Telavive, não em Jerusalém.
No novo Oriente Médio, com o Despertar Árabe e a revolta de povos livres que exigem dignidade e liberdade, esse voto da ONU – aprovado pela Assembleia Geral, vetado pelos EUA se for para o Conselho de Segurança – constitui uma espécie de pino que faz girar tudo que a ele esteja ligado: vira-se aí uma página, e marca-se também o fracasso do império.
A política externa dos EUA tornou-se de tal modo presa a Israel, tão temerosos, tão assustadiços ante Israel tornaram-se quase todos os deputados, deputadas, senadores e senadoras dos EUA – a ponto de amarem mais Israel que os EUA –, que os EUA, essa semana, deixarão de ser a nação que gerou Woodrow Wilson e seus 14 princípios de autodeterminação, não o país que combateu o nazismo e o fascismo e o militarismo japonês, não o farol da liberdade que, como nos dizem, os seus Pais Fundadores representaram –, e se revelarão ao mundo como estado autista, intratável, acovardado, cujo presidente, depois de prometer novo afeto ao mundo muçulmano, é forçado a apoiar uma potência ocupante contra um povo que nada pede além do reconhecimento do estado independente ao qual tem perfeito direito.
Será o caso de dizer “pobre velho Obama”, como eu disse em outros tempos? Acho que não. Bom de retórica, vão, superficial, distribuindo fingido respeito em Istambul e no Cairo poucos meses depois de eleito, essa semana o mesmo Obama comprovará que a reeleição parece-lhe mais importante que o futuro do Oriente Médio; que sua ambição pessoal de continuar no poder supera, em importância, os sofrimentos de um povo que sobrevive sob ocupação. Nesse específico contexto, chega a ser bizarro que alguém que se apresenta como homem de tão altos princípios aja tão covardemente. Para o novo Oriente Médio, onde árabes exigem para eles os mesmos direitos e liberdades dos quais Israel e EUA dizem-se campeões, é tragédia profunda.
Na fonte de tudo estão os fracassos dos EUA, que não se ergueram para enfrentar Israel e que não insistiram em obter acordo de paz justo na “Palestina”, atrelados ao herói da guerra do Iraque, Blair. Os árabes também são responsáveis, por terem permitido que as ditaduras durassem tanto tempo, tentando conter dunas de areia com falsas fronteiras, velhos dogmas e petróleo (e que ninguém acredite que alguma “nova” “Palestina” seria um paraíso para seu próprio povo).
E Israel também é responsável, porque é dever de Israel acolher respeitosamente o pedido dos palestinos que requerem à ONU que reconheça o estado palestino e que cumpra todas as suas obrigações de garantir, com o reconhecimento, como de tantos outros estados-membros, segurança e paz também aos palestinos.
Mas nada disso acontecerá. O jogo está perdido. O poder político dos EUA no Oriente Médio será sacrificado aos pés de Israel. Servicinho vagabundo, esse, dos EUA, em nome da liberdade…
Robert Fisk (The Independent, UK)
A TRANSFORMAÇÃO DA NOTÍCIA NO TEMPO
Por Marcelo Csettkey em 19/09/2011 na edição 660
A fragilidade do argumento de renomados jornalistas e acadêmicos é estarrecedora. Após dez anos dos atentados de 11 de Setembro continuam a dizer que os integrantes do governo Bush – e ele próprio – não perceberam que a Al Qaida estava em guerra com os EUA e que os EUA ainda não tinham se preparado para essa ameaça.
Esse argumento é facilmente desmontado por três contraposições: a primeira está relacionada ao governo anterior, de Bill Clinton. Clinton estava ciente da periculosidade da Al Qaida.
Provavelmente por esse motivo – segundo os jornais New York Times e Washington Post –, Bush impediu que fossem entregues aos investigadores da Comissão Bipartidária do Senado documentos que, muito provavelmente, confirmariam o foco de Clinton na Al Qaida de Bin Laden. De 11 mil páginas, quase 70% passaram a ficar inacessíveis por determinação do Executivo.
O chefe de todos os responsáveis pela proteção do país em se tratando de contraterrorismo nos EUA, Richard Clark, avisara: “A Al Qaida é uma conspiração política maquiada de seita religiosa. Ela comete o assassinato de inocentes para chamar atenção. Seu objetivo é uma teocracia à moda do século 14” (Richard Clarke, Contra todos os inimigos, pg. 247).
O diretor da CIA, George Tenet alertou sobre a periculosidade de Bin Laden e da Al Qaida em fevereiro de 2001. A capa da revista Newsweek tinha como título: Terror Goes Global, exclusive Bin Laden´s international network. E a reportagem de capa anunciava:
“American counterterrorism experts have been hunting Osama bin Laden for years. They have spent millions of dollars, countless man-hours and considerable diplomatic capital in order to track down the mastermind blamed, indirectly or directly, for terrorist incidents ranging from last fall´s suicide attack on the USS Cole to the 1998 U.S. Embassy bombings in Africa. Last week CIA director George Tenet told the Senate Intelligence Committee that Bin Laden´s global terror network is `the most immediate and serious threat´ to U.S. national security” (Newsweek, 19/2/2001).
“O veneno oculto nas coisas que parecem boas”
O sistema, como está estabelecido, mantém sua estratégia aguardando uma nova oportunidade para implantar uma ideologia que acione – mesmo que por motivo falso – a opinião pública, e faça novamente uma guerra para ganhar dinheiro público – no caso recente da Guerra do Iraque estima-se que até agora foram gastos US$ 4 trilhões.
Importante é fazer com que o cidadão americano seja mantido com medo. O medo faz a massa apoiar cegamente medidas beligerantes que passam a ser a “única alternativa”.
O conceito pós-moderno intitulado “paradigma da cegueira”, de Thomas Kuhn, se materializa! Análises consolidadas e cristalizadas na consciência coletiva impedem que se enxergue com nitidez situações novas.
Muitos desses jornalistas, cientistas políticos e professores de relações internacionais realmente desconhecem a verdade dos fatos, poucos conhecem essa verdade, mas se omitem por receio de serem mal vistos por seus pares.
O mundo segue sustentado por paradigmas falsos e caríssimos. O dinheiro que deveria ser usado para o progresso americano e mundial é desviado para os bolsos de insensatos que fazem uso de todos os recursos de propaganda para manter o status quo.
Compram ações de empresas de comunicação, perseguem jornalistas que publicam notícias que vão de encontro ao que desejam, determinam o foco cinematográfico que manipula a população com filmes de guerra: “Dezenas de altos executivos do setor de cinema e televisão planejam reunir-se domingo de manhã com Karl Rove, conselheiro do alto escalão da Casa Branca, para discutir o que Hollywood pode fazer para ajudar no esforço de guerra” (O Estado de S.Paulo, 9/11/2001).
E desta forma constroem uma ideologia enxertada nas mentes, que toma forma de um espectro coletivo, uma espécie de egrégora que aprisiona a humanidade num círculo vicioso.
As evidências são asfixiadas por falácias repetidas à exaustão. Consequentemente, o povo passa a apoiar medidas que representam sua própria desgraça a médio e longo prazo.
“A pouca prudência dos homens não os faz perceber o veneno oculto nas coisas que lhes parecem boas a princípio” (Maquiavel).
***
[Marcelo Csettkey é jornalista]
19/9/2011
A fragilidade do argumento de renomados jornalistas e acadêmicos é estarrecedora. Após dez anos dos atentados de 11 de Setembro continuam a dizer que os integrantes do governo Bush – e ele próprio – não perceberam que a Al Qaida estava em guerra com os EUA e que os EUA ainda não tinham se preparado para essa ameaça.
Esse argumento é facilmente desmontado por três contraposições: a primeira está relacionada ao governo anterior, de Bill Clinton. Clinton estava ciente da periculosidade da Al Qaida.
Provavelmente por esse motivo – segundo os jornais New York Times e Washington Post –, Bush impediu que fossem entregues aos investigadores da Comissão Bipartidária do Senado documentos que, muito provavelmente, confirmariam o foco de Clinton na Al Qaida de Bin Laden. De 11 mil páginas, quase 70% passaram a ficar inacessíveis por determinação do Executivo.
O chefe de todos os responsáveis pela proteção do país em se tratando de contraterrorismo nos EUA, Richard Clark, avisara: “A Al Qaida é uma conspiração política maquiada de seita religiosa. Ela comete o assassinato de inocentes para chamar atenção. Seu objetivo é uma teocracia à moda do século 14” (Richard Clarke, Contra todos os inimigos, pg. 247).
O diretor da CIA, George Tenet alertou sobre a periculosidade de Bin Laden e da Al Qaida em fevereiro de 2001. A capa da revista Newsweek tinha como título: Terror Goes Global, exclusive Bin Laden´s international network. E a reportagem de capa anunciava:
“American counterterrorism experts have been hunting Osama bin Laden for years. They have spent millions of dollars, countless man-hours and considerable diplomatic capital in order to track down the mastermind blamed, indirectly or directly, for terrorist incidents ranging from last fall´s suicide attack on the USS Cole to the 1998 U.S. Embassy bombings in Africa. Last week CIA director George Tenet told the Senate Intelligence Committee that Bin Laden´s global terror network is `the most immediate and serious threat´ to U.S. national security” (Newsweek, 19/2/2001).
“O veneno oculto nas coisas que parecem boas”
O sistema, como está estabelecido, mantém sua estratégia aguardando uma nova oportunidade para implantar uma ideologia que acione – mesmo que por motivo falso – a opinião pública, e faça novamente uma guerra para ganhar dinheiro público – no caso recente da Guerra do Iraque estima-se que até agora foram gastos US$ 4 trilhões.
Importante é fazer com que o cidadão americano seja mantido com medo. O medo faz a massa apoiar cegamente medidas beligerantes que passam a ser a “única alternativa”.
O conceito pós-moderno intitulado “paradigma da cegueira”, de Thomas Kuhn, se materializa! Análises consolidadas e cristalizadas na consciência coletiva impedem que se enxergue com nitidez situações novas.
Muitos desses jornalistas, cientistas políticos e professores de relações internacionais realmente desconhecem a verdade dos fatos, poucos conhecem essa verdade, mas se omitem por receio de serem mal vistos por seus pares.
O mundo segue sustentado por paradigmas falsos e caríssimos. O dinheiro que deveria ser usado para o progresso americano e mundial é desviado para os bolsos de insensatos que fazem uso de todos os recursos de propaganda para manter o status quo.
Compram ações de empresas de comunicação, perseguem jornalistas que publicam notícias que vão de encontro ao que desejam, determinam o foco cinematográfico que manipula a população com filmes de guerra: “Dezenas de altos executivos do setor de cinema e televisão planejam reunir-se domingo de manhã com Karl Rove, conselheiro do alto escalão da Casa Branca, para discutir o que Hollywood pode fazer para ajudar no esforço de guerra” (O Estado de S.Paulo, 9/11/2001).
E desta forma constroem uma ideologia enxertada nas mentes, que toma forma de um espectro coletivo, uma espécie de egrégora que aprisiona a humanidade num círculo vicioso.
As evidências são asfixiadas por falácias repetidas à exaustão. Consequentemente, o povo passa a apoiar medidas que representam sua própria desgraça a médio e longo prazo.
“A pouca prudência dos homens não os faz perceber o veneno oculto nas coisas que lhes parecem boas a princípio” (Maquiavel).
***
[Marcelo Csettkey é jornalista]
19/9/2011
A SUBSERVIÊNCIA DA MÍDIA BRASILEIRA
Ao contrário da visão imposta de forma incessante pela mídia, o 11 de setembro não significou nenhuma mudança efetiva na política internacional – nem na política externa dos EUA, nem de qualquer outro país.
A política externa dos EUA permaneceu voltada para os ataques a seus inimigos e para o patrocínio do terrorismo de Estado (e mesmo do terrorismo internacional via grupos paramilitares e Estados aliados, como na Colômbia) e em momento algum sofreu qualquer guinada, senão apenas ajustes pontuais e uma readequação à continuidade da agenda estadunidense.
Criou-se um novo inimigo – a Al Qaida – para “desculpar” seus ataques por todo o Oriente Médio e além.
Do “perigo comunista”, passando por um período pós-fim da URSS de reordenamento internacional até a “guerra ao terror”, os EUA continuaram a promover conflitos, criando inimigos e moldando aliados.
Após o 11 de setembro, adotaram ao máximo e com afinco o princípio do “crescimento canceroso”, definido pelo cientista político húngaro Istvan Meszaros como aquele crescimento movido pela indústria bélica, pela destruição e posterior reconstrução de países “inimigos” e pela apropriação de suas riquezas naturais.
Afeganistão e Iraque, primeiro, e agora a Líbia, foram alvos, e outros se desenham ou estão marcados, como Síria, Sudão e Coreia do Norte.
Mas mesmo com tudo isso, a mídia brasileira permaneceu fiel ao lado do discurso dos EUA de “guerra ao terror”, batendo palmas para suas ações e deixando passar graves denúncias de abusos aos direitos humanos, criticando apenas o que lhe parecia mais escandaloso, na tentativa de fingir uma imparcialidade inexistente.
Evento definitivo
A cobertura dos 10 anos do 11 de setembro não surpreende, então, o imenso interesse dos canais brasileiros sobre o evento, que cobriram com uma paixão mórbida e hoje realizam especiais, transmitem filmes, convidam “especialistas” e não deixam um minuto de afirmar que “o mundo mudou”.
Mas não mudou. Antes do 11 de setembro, os EUA já haviam invadido a Sérvia sem permissão da ONU, já haviam invadido o Iraque em 1991 e continuavam a exportar terrorismo para a Colômbia e para os mais diversos pontos do mundo. A única diferença pós-ataques foi o caráter mais displicente das invasões e intervenções – contando com a eterna conivência midiática.
Com duas semanas para o fatídico aniversário dos ataques, a mídia brasileira – em particular a GloboNews – já se preparava com a avidez de uma ave carniceira para os milhares de especiais que havia preparado para a data. Por vezes é difícil separar o que é conivência sensacionalista e o que é apenas morbidez insensata. Não se passou um só dia sem que o 11 de setembro não fosse lembrado e exaltado como marco. Parecia até que a humanidade, como um todo, havia deparado com um evento definitivo.
Mídia “independente” e “nacional”
Apelidado de o maior ataque terrorista da história (Hiroshima e Nagasaki foram convenientemente esquecidas, assim como o bombardeio de Dresden ou mesmo os ataques israelenses contra crianças palestinas ou contra a população libanesa), o 11 de setembro serviu para, mais uma vez, deixar claro o caráter da mídia brasileira – em muitos casos, sua falta de caráter.
O 11 de setembro, enfim, foi tratado como o evento limite da humanidade, mas suas consequências para o mundo foram diminuídas. Os ataques deram carta branca aos EUA, que se assumiram na posição de guardiões da humanidade, incontestes.
Total foco na carnificina, no sensacionalismo abjeto, nos documentários sensacionalistas e dramalhões “humanos”. Não era fácil encontrar um só canal de TV – aberta ou fechada – que não exibisse pelo menos um “especial” sobre a data, em uma overdose coletiva na tentativa de legitimar os atos posteriores do império ferido.
Todo 11 de setembro, mas em especial este, que marcou os dez anos, serve para demonstrar o quão independente e “nacional” é a mídia brasileira.
***
[Raphael Tsavkko Garcia é jornalista, blogueiro e mestrando em Comunicação, São Paulo, SP]
19/09/2011
A política externa dos EUA permaneceu voltada para os ataques a seus inimigos e para o patrocínio do terrorismo de Estado (e mesmo do terrorismo internacional via grupos paramilitares e Estados aliados, como na Colômbia) e em momento algum sofreu qualquer guinada, senão apenas ajustes pontuais e uma readequação à continuidade da agenda estadunidense.
Criou-se um novo inimigo – a Al Qaida – para “desculpar” seus ataques por todo o Oriente Médio e além.
Do “perigo comunista”, passando por um período pós-fim da URSS de reordenamento internacional até a “guerra ao terror”, os EUA continuaram a promover conflitos, criando inimigos e moldando aliados.
Após o 11 de setembro, adotaram ao máximo e com afinco o princípio do “crescimento canceroso”, definido pelo cientista político húngaro Istvan Meszaros como aquele crescimento movido pela indústria bélica, pela destruição e posterior reconstrução de países “inimigos” e pela apropriação de suas riquezas naturais.
Afeganistão e Iraque, primeiro, e agora a Líbia, foram alvos, e outros se desenham ou estão marcados, como Síria, Sudão e Coreia do Norte.
Mas mesmo com tudo isso, a mídia brasileira permaneceu fiel ao lado do discurso dos EUA de “guerra ao terror”, batendo palmas para suas ações e deixando passar graves denúncias de abusos aos direitos humanos, criticando apenas o que lhe parecia mais escandaloso, na tentativa de fingir uma imparcialidade inexistente.
Evento definitivo
A cobertura dos 10 anos do 11 de setembro não surpreende, então, o imenso interesse dos canais brasileiros sobre o evento, que cobriram com uma paixão mórbida e hoje realizam especiais, transmitem filmes, convidam “especialistas” e não deixam um minuto de afirmar que “o mundo mudou”.
Mas não mudou. Antes do 11 de setembro, os EUA já haviam invadido a Sérvia sem permissão da ONU, já haviam invadido o Iraque em 1991 e continuavam a exportar terrorismo para a Colômbia e para os mais diversos pontos do mundo. A única diferença pós-ataques foi o caráter mais displicente das invasões e intervenções – contando com a eterna conivência midiática.
Com duas semanas para o fatídico aniversário dos ataques, a mídia brasileira – em particular a GloboNews – já se preparava com a avidez de uma ave carniceira para os milhares de especiais que havia preparado para a data. Por vezes é difícil separar o que é conivência sensacionalista e o que é apenas morbidez insensata. Não se passou um só dia sem que o 11 de setembro não fosse lembrado e exaltado como marco. Parecia até que a humanidade, como um todo, havia deparado com um evento definitivo.
Mídia “independente” e “nacional”
Apelidado de o maior ataque terrorista da história (Hiroshima e Nagasaki foram convenientemente esquecidas, assim como o bombardeio de Dresden ou mesmo os ataques israelenses contra crianças palestinas ou contra a população libanesa), o 11 de setembro serviu para, mais uma vez, deixar claro o caráter da mídia brasileira – em muitos casos, sua falta de caráter.
O 11 de setembro, enfim, foi tratado como o evento limite da humanidade, mas suas consequências para o mundo foram diminuídas. Os ataques deram carta branca aos EUA, que se assumiram na posição de guardiões da humanidade, incontestes.
Total foco na carnificina, no sensacionalismo abjeto, nos documentários sensacionalistas e dramalhões “humanos”. Não era fácil encontrar um só canal de TV – aberta ou fechada – que não exibisse pelo menos um “especial” sobre a data, em uma overdose coletiva na tentativa de legitimar os atos posteriores do império ferido.
Todo 11 de setembro, mas em especial este, que marcou os dez anos, serve para demonstrar o quão independente e “nacional” é a mídia brasileira.
***
[Raphael Tsavkko Garcia é jornalista, blogueiro e mestrando em Comunicação, São Paulo, SP]
19/09/2011
ENQUANTO A BOLA ROLA
Para quem ama futebol não existe nada melhor do que ir a uma Copa do Mundo e assistir a todos os jogos, com o seu time terminando campeão. Mas nada pode ser pior para um torcedor apaixonado do que ir a uma Copa e não conseguir ver os jogos.
Para assistir pela televisão, é mais barato e confortável ficar em casa, ou no bar com os amigos, tomando sua cervejinha no ar-condicionado. Ver um jogo no estádio é muito diferente, é uma sensação insuperável para quem ama o futebol, que nem a melhor TV em 3D consegue dar.
Quem vai viajar milhares de milhas e gastar milhares de dólares para ir a uma Copa do Mundo e não ver os jogos? Pelas contas oficiais, muita gente: 600 mil turistas são esperados para a Copa de 2014.
Como entre brasileiros e estrangeiros só 80 mil vão ver a final no Maracanã, vai sobrar muito turista fora do estádio, assistindo pela TV, como se estivesse em sua própria casa.
Nas semifinais, serão só 130 mil ingressos para nativos e gringos e, nas quartas, só 260 mil privilegiados vão assistir aos quatro jogos ao vivo. Os cidadãos que pagaram a conta da festa vão ver na TV.
Otimista, o Ministério do Turismo também espera 3,7 milhões de brasileiros viajando pelo País durante a Copa, mas a grande maioria não tem chance de ver os jogos além das oitavas de final.
O que essa multidão de turistas – que adora futebol e gasta muito dinheiro para viajar – vai fazer aqui se não puder ver os jogos? Só se for turismo sexual. Para turistas não futebolísticos, viajar para o Brasil no inverno é uma roubada.
O pior é gastar uma grana para ver seu país ser eliminado logo no início e ficar zanzando como um zumbi futebolístico, fingindo que ainda está interessado na Copa.
Mas a ministra do Planejamento já planejou: como os projetos de mobilidade urbana não vão ficar prontos para a Copa, para diminuir o número de pessoas na rua e a demanda por transporte público, pode ser decretado feriado nos dias de jogos.
Enquanto 70 mil, que é menos da metade do público do Rock in Rio, vão ao estádio, o resto da “turistama” fica de bobeira, com o comércio fechado e a cidade parada, vendo a Copa pela TV.
Nelson Motta
Fonte: O Estado de S. Paulo, 23/09/2011
Para assistir pela televisão, é mais barato e confortável ficar em casa, ou no bar com os amigos, tomando sua cervejinha no ar-condicionado. Ver um jogo no estádio é muito diferente, é uma sensação insuperável para quem ama o futebol, que nem a melhor TV em 3D consegue dar.
Quem vai viajar milhares de milhas e gastar milhares de dólares para ir a uma Copa do Mundo e não ver os jogos? Pelas contas oficiais, muita gente: 600 mil turistas são esperados para a Copa de 2014.
Como entre brasileiros e estrangeiros só 80 mil vão ver a final no Maracanã, vai sobrar muito turista fora do estádio, assistindo pela TV, como se estivesse em sua própria casa.
Nas semifinais, serão só 130 mil ingressos para nativos e gringos e, nas quartas, só 260 mil privilegiados vão assistir aos quatro jogos ao vivo. Os cidadãos que pagaram a conta da festa vão ver na TV.
Otimista, o Ministério do Turismo também espera 3,7 milhões de brasileiros viajando pelo País durante a Copa, mas a grande maioria não tem chance de ver os jogos além das oitavas de final.
O que essa multidão de turistas – que adora futebol e gasta muito dinheiro para viajar – vai fazer aqui se não puder ver os jogos? Só se for turismo sexual. Para turistas não futebolísticos, viajar para o Brasil no inverno é uma roubada.
O pior é gastar uma grana para ver seu país ser eliminado logo no início e ficar zanzando como um zumbi futebolístico, fingindo que ainda está interessado na Copa.
Mas a ministra do Planejamento já planejou: como os projetos de mobilidade urbana não vão ficar prontos para a Copa, para diminuir o número de pessoas na rua e a demanda por transporte público, pode ser decretado feriado nos dias de jogos.
Enquanto 70 mil, que é menos da metade do público do Rock in Rio, vão ao estádio, o resto da “turistama” fica de bobeira, com o comércio fechado e a cidade parada, vendo a Copa pela TV.
Nelson Motta
Fonte: O Estado de S. Paulo, 23/09/2011
ESQUERDA x DIREITA (PARTE 1)
Olá amigos, a partir desta semana iniciamos um nova série que considero essencial para nos situarmos na dicotomia “Esquerda x Direita” que a cada dia torna-se mais confusa e tênue.
A nova onda vermelha
Até meados de 2008, a dicotomia “estado maior x estado menor” parecia estar definitivamente sepultada, não apenas pela derrocada do mundo comunista, mas principalmente pelo triunfo da globalização, inclusive sobre os governos que perderam o controle do processo, diga-se de passagem. Os norte-americanos que o digam.
A partir da crise de 2008, irradiada do coração do capitalismo, alguns governos de esquerda aproveitaram um momento que não ocorria desde os anos 30 para tentar ressuscitar algumas bandeiras meio esquecidas.
A principal delas, a da ampliação do papel do Estado na economia, ressurgiu como “verdade histórica”, agora com o elegante verniz do economista britânico John Maynard Keynes, elevado agora a condição de “novo expoente” das esquerdas.
Nos jornais, vários artigos foram publicados enaltecendo Keynes e até Lula, que já confessou que não lê jornais, apareceu citando o economista britânico!
O estranho disso tudo é que os conceitos da política macroeconômica keysiana não só foram usados nos principais países capitalistas ao longo do século XX, como foram também um dos expoentes da política econômica da extrema direita brasileira que governou o país no regime militar e tornou nossa economia uma das mais fechadas do mundo.
Quem tem mais de quarenta anos lembra certamente da publicidade oficial da época, exibida até nos cinemas, mostrando as maravilhas do Brasil das grandes estatais e dos mega-projetos como Itaipú, Transamazônica e Carajás, ponte Rio-Niteroi, entre outras.
Qualquer semelhança com os dias de hoje é mera coincidência. Os resultado da megalomania governista dos keysianos do regime militar, no entanto, todos conhecem: duas décadas perdidas de inflação e estagnação. Claro que há todo um contexto a ser considerado no panorama dos anos 70 que ajudam a explicar o nosso mergulho na crise, de forma que não dá para jogar toda a culpa nas políticas keysianas. No entanto, estudando outros casos onde políticas semelhantes foram adotadas, podemos jogar um pouco mais de luz sobre este antigo debate ressurgido das cinzas.
De qualquer forma, soa muito estranho ver hoje Keynes ser coroado como o “Novo Marx” das esquerdas. Da mesma forma que soa estranho ver hoje figuras conhecidas do regime militar, como o renomado economista e agora deputado Delfin Neto, por exemplo, prestando reverência a Lula por sua “contribuição a nossa economia”.
Em uma de suas palestras chegou a afirmar que “Lula é o único economista que presta no Brasil”!
Tudo bem que isso já faz algum tempo. Ultimamente ele já anda um pouco mais crítico, principalmente quanto a política de juros e aos crescentes gastos do governo. De qualquer forma, fica aqui o registro.
Mas afinal, Keynes é de direita ou de esquerda?
Para responder esta pergunta temos que voltar aos primórdios do capitalismo e falar de alguns nomes importantes que influenciaram o pensamento econômico dos séculos seguintes, dentre os quais o expoente máximo da Direita, Adam Smith, considerado ainda hoje o pai da economia moderna, e o expoente máximo da esquerda, Karl Marx, simplesmente o pai do comunismo.
Resumindo as idéias do escocês Adam Smith, ele acreditava que “a riqueza das nações resultava da atuação dos indivíduos que, movidos apenas pelo seu próprio interesse, promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica”.
Smith pregava também a menor intervenção possível do Estado na economia, pois acreditava que a competição entre indivíduos e/ou empresas regulavam os preços e, consequentemente, o mercado como um todo.
Claro que ele exagerou um pouco na sua premissa, mas apesar de ter escrito dois livros clássicos da economia moderna, não precisava ir tão longe para explicar algo tão simples e que faz parte do nosso dia-a-dia.
Brincadeirinha! A coisa é bem mais complexa do que parece, tanto que vários outros expoentes do liberalismos surgiram no século XX, como Ludwig von Mises, Friedrich August von Hayek e Milton Friedman, por exemplo, que escreveram algumas centenas de páginas sobre diferentes vertentes do liberalismo.
O fato é que, três séculos depois de Adam Smith, o seu liberalismo (mesmo com algumas variações) é seguido pelas nações mais ricas do planeta, inclusive por nós em nosso melhor momento econômico das três últimas décadas, apesar do novo ímpeto estatizante do governo.
Mas, voltando aos primórdios do capitalismo, as idéias de Smith tornaram-se a bíblia da nova classe de burgueses que emergia e já começava a ameaçar a aristocracia secular formada por senhores feudais e religiosos.
Por incrível que pareça, nesta época os conceitos de Esquerda e Direita já existiam. A Direita era representada pelos apoiadores da monarquia absolutista e, claro, sentava à direita do rei. A Esquerda que contestava o estado absolutista naturalmente sentava à esquerda do rei.
Portanto, a primeira ironia da história da disputa entre esquerdistas e direitistas é que o casamento entre o liberalismo de Adam Smith e a emergente burguesia da era pré-capitalista tinha muito mais a ver com a Esquerda da época que com o conservadorismo da Direita monarquista!
Só depois da Revolução Francesa que a coisa começou a mudar. O primeiro contraponto ao liberalismo inglês surgiu, claro, na França inspirado no ideal de igualdade, liberdade e fraternidade, que inspiraram também a Revolução Francesa, sem dúvida um dos momentos mais importantes da história da humanidade.
O esquerdismo, portanto, já nascia com o charme francês. Os pioneiros do socialismo utópico, Saint-Simon, Louis Blanc e Proudhon, encantavam por imaginar uma sociedade ideal, mas pecavam por não indicar os meios para alcançá-la.
Já no século XIX surge então o alemão Karl Marx com o seu socialismo científico, que tentava viabilizar o socialismo como uma fase de transição para a verdadeira “revolução proletária”.
Marx teve como ponto de partida a crítica ao capitalismo, que dava ainda seus primeiros passos e que até então não havia trazido um progresso real a humanidade.
Ele acreditava que a lógica capitalista tinha um componente autodestrutivo que o levaria a sucessivas crises e, consequentemente, conduziria a sociedade promover uma revolução quase que natural, quando surgiria então um “novo regime sem classes”.
Claro que, com idéias tão radicais, a obra de Marx não teve muita repercussão quando em vida. Só após sua morte, e com o aprofundamento das contradições capitalistas, é que suas idéias começaram a repercutir no meio intelectual.
A esta altura já era “charmoso” ser de esquerda, pois, de fato, historicamente o pensamento esquerdista demonstrava uma maior preocupação com o bem estar dos menos favorecidos. Os liberais capitalistas, ao contrário, foram cada dia mais sendo associados à exploração, inimigos do bem geral da sociedade, um mal a ser extirpado.
Tais ideais encantaram também um nobre russo chamado Vladimir Lenin. Influenciado também por um outro russo, chamado Tchernichevski, Lenin não só liderou a primeira revolução comunista que pôs finalmente o “proletariado no poder” como acrescentou ao novo regime uma característica que se tornaria um padrão entre os partidos de esquerda: a centralização e a “regência de intelectuais de formação teórica marxista”.
O resultado deste filme todos viram na TV nas duas décadas finais do século XX, assuntos que abordaremos mais adiante e que nos ajudarão a responder a pergunta central da nossa série: afinal, Keynes é de direita ou de esquerda?
Abraço e até a próxima semana.
Amilton Aquino
VAMOS LIMPAR O CONGRESSO
O BRASIL ESPERA QUE FAÇAMOS NOSSA PARTE
Guardem e Distribuam ao máximo!
Ocorrências na Justiça e Tribunais de Contas
Fonte: www.excelencias.org.br
endereço: http://www.excelencias.org.br
As informações sobre ocorrências nas Justiças estaduais e nos Tribunais de Contas dependem da disponibilidade de dados em cada Corte, havendo grande disparidade de estado a estado.
Por isso, pode acontecer eventual ausência de menção a processo em que algum parlamentar é réu. Processos que correm em primeira instância só são incluídos quando movidos pelo Ministério Público ou outros órgãos públicos.
Processos movidos por outras partes só são assinalados quando já existe decisão desfavorável ao parlamentar. No caso de contas de campanha rejeitadas, todas as decisões são assinaladas aqui (desde que o político não tenha obtido a anulação da decisão), mesmo que o parlamentar tenha corrigido o problema (no caso de erros meramente formais, por exemplo).
São anotadas ocorrências relativas a homicídio, estupro e pedofilia, mas não são incluídos outros litígios de natureza privada (como disputas por pensão alimentícia), nem queixas relacionadas a crimes contra a honra (porque políticos são freqüentemente alvo desse tipo de processo).
Por fim, assinala-se aqui a inscrição do parlamentar na dívida ativa previdenciária e na lista de autuados por exploração do trabalho escravo.
COMISSÃO DA VERDADE E PROLEGÔMENOS
Os guerrilheiros vencidos na luta armada do Araguaia jamais aceitaram a Lei da Anistia, votada por um Congresso pluripartidário em 1979 aprovada por maioria, contra a minoria numa sessão fortemente tumultuada pela esquerda radical.
Desde então seus componentes têm feito da revogação da Lei de Anistia, uma obsessão que dura 32 anos. O precedente se deve à Emenda Constitucional n.11 de outubro de 1978, que restabeleceu as liberdades democráticas fundamentais.
Em eleições gerais sucessivas, não tendo vencido, os radicais associaram-se ao PT, o estandarte que os recebeu como minoria útil nas eleições presidenciais quando reiteradas vezes só têm eleito cinco ou seis deputados, sua cota de aceitação popular.
Vitorioso, Lula deu à ala mais resistente, o PC do B, por oito anos, a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Primeiro recorreram ao Parlamento, na tentativa de anular a lei. Não obtendo apoio dos pares, recorreram ao Supremo Tribunal Federal, obcecados por obter a revogação da discutida lei cujo objetivo, para o governo João Figueiredo, não pressupunha perdoar os vencidos na luta armada do Araguaia mas conciliar a família brasileira. O Supremo negou provimento à ação esdrúxula. Manteve a vigência da lei.
Indo além no cadinho que manipula o ódio misturado certamente com calúnias, a OEA perfilhou o absurdo. Não lhe bastando submeter o Brasil ao vexame de explicar-se por crimes resultantes de ofensa aos Direitos Humanos ao violar a Convenção de Genebra, insinuam apelar para o Tribunal Penal Internacional de Haia (TPH que processa responsáveis por barbaridade na guerra da Bósnia contra a população civil muçulmana, inclusive estupros de mulheres muçulmanas "para purificação genética".
Entre eles o ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic, morto por ataque cardíaco, o general Perisic comandante do Exército iugoslavo, subordinado a Milosevic, condenado a 27 anos de prisão e outro general herói da guerra da Bósnia e mais dois coronéis, todos responsáveis por massacres de civis.
A comparação com torturas chega a ser torpe. Por esses abusos os exércitos alemães (Gestapo), francês (pára-quedistas na luta de descolonização da Argélia) e os americanos, no Iraque seriam considerados crimes hediondos.
No Brasil os queixosos esquecem que praticaram crime pior como atentados terroristas e assassinatos seletivos, crimes contra a humanidade, o que a OEA não viu ao conceder apoio solidário aos reclamantes.
A última tentativa na mais recente reunião com o então Ministro da Defesa Nelson Jobim, parecia dar uma solução de comum acordo, reconhecendo equivalentes os dois tipos de crime, que a Constituição assim escreve como incapazes de ser anistiados.
A ministra do PC do B, presente à reunião, segundo a mídia, concordou que a Comissão da Verdade averiguasse também os abusos dos guerrilheiros, selecionando o atentado terrorista no aeroporto do Recife e os assassinatos seletivos de vítimas civis e militares até por engano de pessoa.
José Genoíno, ex-deputado federal pelo PT, hoje assessor do Ministro da Defesa, é encarregado de coordenar o texto do projeto, que dormia na Câmara há dois anos.
Não prosseguia segundo o processo legislativo respeitando a pública declaração da presidente da República, à mídia, do desinteresse da maoria gela votação de matéria traumática. A presidente Dilma, por motivo que só a ela cabe julgar, mudou recentemente de posição e o projeto transformou-se em urgente.
Pela primeira vez a tramitação do projeto conta com o beneplácito dos três comandantes da Forças singulares, que aprovaram o esforço do seu assessor, no sentido de dar urgência à composição da comissão prevista de sete notáveis para o estudo preliminar do texto do projeto que "investigará torturas na ditadura militar".
A mais recente reunião de que fez parte o ex. Ministro Nelson Jobim, presente e concordante a ministra Maria do Rosário, incluía a investigação dos atos terroristas na luta, citando nominalmente o atentado no Aeroporto dos Guararapes, no Recife e assassínios seletivos.
A escolha do assessor com tanta autoridade é uma oportunidade rara de julgar a tortura, que teria sofrido, e conhecer o bárbaro assassinato de um adolescente, para servir de escarmento, pelo seu próprio grupo de guerrilheiros.
A pequena tropa de combate aos guerrilheiros comandada pelo capitão Lício Maciel (Livro Guerrilha do Araguaia, p.40 e seguintes), prendeu José Genoíno, de codinome Geraldo que foi retirado da frente de combate sem sofrer qualquer violência.
O Capitão Licio gravemente ferido, num encontro com o Grupo Militar da guerrilha, em que houve mortes, foi também evacuado.
Recuada a tropa, após o ferimento do seu comandante, os guerrilheiros camaradas de Genoíno, informados de que João Pereira, adolescente de 17 anos de idade, filho de um pequeno fazendeiro, fora o guia dos poucos militares até localiza-los na mata.
Na frente dos pais, fatiaram seu corpo em partes e concluíram por facadas no coração. Deixaram claro que era uma represália para servir de escarmento a quem auxiliasse a tropa que os perseguiam
Jarbas Passarinho
Desde então seus componentes têm feito da revogação da Lei de Anistia, uma obsessão que dura 32 anos. O precedente se deve à Emenda Constitucional n.11 de outubro de 1978, que restabeleceu as liberdades democráticas fundamentais.
Em eleições gerais sucessivas, não tendo vencido, os radicais associaram-se ao PT, o estandarte que os recebeu como minoria útil nas eleições presidenciais quando reiteradas vezes só têm eleito cinco ou seis deputados, sua cota de aceitação popular.
Vitorioso, Lula deu à ala mais resistente, o PC do B, por oito anos, a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Primeiro recorreram ao Parlamento, na tentativa de anular a lei. Não obtendo apoio dos pares, recorreram ao Supremo Tribunal Federal, obcecados por obter a revogação da discutida lei cujo objetivo, para o governo João Figueiredo, não pressupunha perdoar os vencidos na luta armada do Araguaia mas conciliar a família brasileira. O Supremo negou provimento à ação esdrúxula. Manteve a vigência da lei.
Indo além no cadinho que manipula o ódio misturado certamente com calúnias, a OEA perfilhou o absurdo. Não lhe bastando submeter o Brasil ao vexame de explicar-se por crimes resultantes de ofensa aos Direitos Humanos ao violar a Convenção de Genebra, insinuam apelar para o Tribunal Penal Internacional de Haia (TPH que processa responsáveis por barbaridade na guerra da Bósnia contra a população civil muçulmana, inclusive estupros de mulheres muçulmanas "para purificação genética".
Entre eles o ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic, morto por ataque cardíaco, o general Perisic comandante do Exército iugoslavo, subordinado a Milosevic, condenado a 27 anos de prisão e outro general herói da guerra da Bósnia e mais dois coronéis, todos responsáveis por massacres de civis.
A comparação com torturas chega a ser torpe. Por esses abusos os exércitos alemães (Gestapo), francês (pára-quedistas na luta de descolonização da Argélia) e os americanos, no Iraque seriam considerados crimes hediondos.
No Brasil os queixosos esquecem que praticaram crime pior como atentados terroristas e assassinatos seletivos, crimes contra a humanidade, o que a OEA não viu ao conceder apoio solidário aos reclamantes.
A última tentativa na mais recente reunião com o então Ministro da Defesa Nelson Jobim, parecia dar uma solução de comum acordo, reconhecendo equivalentes os dois tipos de crime, que a Constituição assim escreve como incapazes de ser anistiados.
A ministra do PC do B, presente à reunião, segundo a mídia, concordou que a Comissão da Verdade averiguasse também os abusos dos guerrilheiros, selecionando o atentado terrorista no aeroporto do Recife e os assassinatos seletivos de vítimas civis e militares até por engano de pessoa.
José Genoíno, ex-deputado federal pelo PT, hoje assessor do Ministro da Defesa, é encarregado de coordenar o texto do projeto, que dormia na Câmara há dois anos.
Não prosseguia segundo o processo legislativo respeitando a pública declaração da presidente da República, à mídia, do desinteresse da maoria gela votação de matéria traumática. A presidente Dilma, por motivo que só a ela cabe julgar, mudou recentemente de posição e o projeto transformou-se em urgente.
Pela primeira vez a tramitação do projeto conta com o beneplácito dos três comandantes da Forças singulares, que aprovaram o esforço do seu assessor, no sentido de dar urgência à composição da comissão prevista de sete notáveis para o estudo preliminar do texto do projeto que "investigará torturas na ditadura militar".
A mais recente reunião de que fez parte o ex. Ministro Nelson Jobim, presente e concordante a ministra Maria do Rosário, incluía a investigação dos atos terroristas na luta, citando nominalmente o atentado no Aeroporto dos Guararapes, no Recife e assassínios seletivos.
A escolha do assessor com tanta autoridade é uma oportunidade rara de julgar a tortura, que teria sofrido, e conhecer o bárbaro assassinato de um adolescente, para servir de escarmento, pelo seu próprio grupo de guerrilheiros.
A pequena tropa de combate aos guerrilheiros comandada pelo capitão Lício Maciel (Livro Guerrilha do Araguaia, p.40 e seguintes), prendeu José Genoíno, de codinome Geraldo que foi retirado da frente de combate sem sofrer qualquer violência.
O Capitão Licio gravemente ferido, num encontro com o Grupo Militar da guerrilha, em que houve mortes, foi também evacuado.
Recuada a tropa, após o ferimento do seu comandante, os guerrilheiros camaradas de Genoíno, informados de que João Pereira, adolescente de 17 anos de idade, filho de um pequeno fazendeiro, fora o guia dos poucos militares até localiza-los na mata.
Na frente dos pais, fatiaram seu corpo em partes e concluíram por facadas no coração. Deixaram claro que era uma represália para servir de escarmento a quem auxiliasse a tropa que os perseguiam
Jarbas Passarinho
PODE SER QUE ME ENGANE
Os principais fundadores do PT deixaram o sonho do igualitarismo e cuidam de seu próprio enriquecimento'.
Dando curso a minha tentativa de entender quem é esse cara chamado Lula, acrescento à crônica que publiquei aqui, faz algumas semanas, novas observações.
Por exemplo, fica evidente que Lula e seu pessoal, ao chegar ao poder, elaboraram um plano para nele permanecer. Aliás, José Dirceu chegou a afirmar isso, poucos meses depois da posse de Lula na Presidência: "Vamos ficar no poder pelo menos 20 anos".
O mensalão era parte do plano. Descartar o PMDB e aliar-se a partidos pequenos para, em vez de lhes dar cargos ministeriais, lhes dar dinheiro.
Sim, porque, para permanecer 20 anos no poder, era necessário ocupar a máquina do Estado, tê-la nas mãos, de modo a usá-la com finalidade eleitoral.
Por isso, um dos primeiros atos de Lula foi revogar o decreto de Fernando Henrique que obrigava a nomeação de técnicos para cargos técnicos.
Eliminada essa exigência, pôde nomear para qualquer função os companheiros de partido, tivessem ou não qualificação para exercer o cargo.
Ocorreu que Roberto Jefferson, presidente do PTB, sublevou-se contra o mensalão e pôs a boca no mundo. Quase acaba com o governo Lula.
Passado o susto, ele teve que render-se ao PMDB e distribuir ministérios e cargos oficiais a todos os partidos da base aliada.
Não por acaso, os 26 ministérios que recebera de FHC cresceram para 37, mais 11.
No primeiro momento, ele próprio deve ter visto isso como uma derrota, mas, esperto como é, logo percebeu que aquele poderia ser um novo caminho para alcançar seu principal objetivo, isto é, manter-se no poder.
Se já não podia comprar os partidos aliados com a grana do mensalão, passou a comprá-los com outra moeda, entregando-lhes os ministérios para que os usassem como bem lhes aprouvesse: dinheiro ali é o que não falta.
E assim, como se vê agora, nos ministérios dos Transportes, da Agricultura, do Turismo, cada partido aliado montou seu feudo e passou a explorá-lo sem nenhum escrúpulo.
Lula, pragmático como sempre foi, fazia que não via, interessado apenas em contar com o apoio político que lhe permitiria garantir a sucessão, isto é, eleger Dilma.
Essa candidatura inusitada - que surpreendeu e desagradou ao próprio PT - era a que convinha a ele, pelo fato mesmo de que se tratava de alguém que jamais sonhara com tal coisa e que, por isso mesmo, jamais se voltaria contra ele ou contrariaria seus propósitos.
Não é por acaso que, regularmente, eles se encontram em jantares a dois, para acertarem os ponteiros e ele lhe dizer o que fazer.
Não estou inventando nada. Não só ambos já admitiram esses encontros como ela, recentemente, respondendo a uma jornalista que lhe perguntou se discordava de Lula, respondeu:
"Não posso discordar de mim mesma". Isso não exclui, porém, um fator contraditório: a necessidade que ela tem, como a primeira mulher presidente do Brasil, de afirmar sua autonomia.
Cabem aqui algumas considerações. Todos sabem que o PT, nascido partido da esquerda revolucionária, não admitia deixar o poder, uma vez tendo-o conquistado. Os demais partidos aceitam a alternância no poder porque estão de acordo com o regime.
Já o partido revolucionário vem para implantar outro regime, que exclui os demais partidos.
É claro que esse era o PT de 1980, que não existe mais, mesmo porque, afora o pirado do Chávez, ninguém em sã consciência acha que vai recomeçar o socialismo em Macondo, quando ele já acabou no mundo inteiro.
Disso resulta que os principais fundadores do PT abandonaram o sonho da sociedade igualitária e cuidam de seu próprio enriquecimento.
Por esperteza e conveniência, porém, tentam fingir que se mantêm fiéis aos ideais socialistas. Desse modo, dizendo uma coisa e fazendo outra, enganam os mal informados, enquanto usam o poder político e institucional para intermediar interesses de grupos econômicos nos contratos com o Estado brasileiro.
Ideologicamente, é preciso distinguir Lula do PT, ou de parte dele, que não consegue aceitá-lo como um partido igual aos outros nem perceber Lula como ele efetivamente se tornou.
Nada mais esclarecedor do que vê-lo chegar a Cuba em companhia do dono da Odebrecht, no avião particular deste, para acertar as coisas com Fidel Castro.
Ferreira Gullar
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
VERDADEIRO BARRIL DE PÓLVORA
As chamadas “autoridades” não percebem, mas existe sentimento de ódio e insatisfação a se acumular a olhos vistos em todas as camadas de nossa população, saturadas com a roubalheira e discursos de bom-moço, que uns e outros jogam na mídia, como se ainda fosse possível enganar a tudo e a todos durante todo o tempo.
Quando ainda era presidente da República, Dom Luiz Inácio (PT-SP), do alto de sua capacidade ilusionista, declarou em visita a Pernambuco (ele inaugurava Unidade de Pronto Atendimento – UPA -, na Cidade de Paulista), que “a Saúde no Brasil está à beira da perfeição”.
Como vivemos num país anestesiado pela televisão, transformado em bordel por incansáveis novelas diárias, sua então excelência afirmou também que a UPA estava tão bem equipada que dava “até vontade de adoecer somente pra ficar internado ali”. Pois bem: não é que ele teve um catiripapo e teve de ser hospitalizado às pressas?
Mas não escolheu a UPA, não senhor! Foi removido para o melhor hospital do estado, o Português, ficando com equipe médica das mais qualificadas e equipamentos modernos à inteira disposição. Vencida a crise inicial, foi imediatamente transferido para o Sírio-Libanês de São Paulo, onde concluiu tratamento médico indispensável.
Dinheiro público existe. O governo federal todos os meses anuncia com estardalhaço que a arrecadação cresceu. O problema não é de falta de dinheiro, mas de excesso de roubo! O mundo, desde que é mundo, é comandado por vivaldinos a massacrarem seus semelhantes, no acúmulo indiscriminado à custa de muita miséria.
Mas tem de haver prática afinada para que o cenário não desabe. Não fique assim como acontece agora com a Renascer: a principal líder daquela Igreja, “bispa” Sônia, que passou um tempo presa nos EUA (juntamente com o marido) e depois foi banida daquele país, é uma das organizadoras da “Marcha Para Jesus”.
Mas o que vai ficando claro é que “milagres” alcançados por fiéis que depositam parcos recursos nas arcas da Igreja não acontecem dentro da casa da própria “bispa”. A revista IstoÉ mostrou esta semana que a Renascer está quase fechando, que o filho de sua líder está morrendo de câncer e o que ela mais precisa é de um milagre. Pura ironia!
A CPMF foi criada no governo FHC (1995-2003), por insistência do médico Adib Jatene, justamente para resolver o problema da saúde. O dinheiro arrecadado financiou festa, corrupção, bandalheira, só não serviu à atividade final para a qual foi criado, a de recuperar a Saúde.
A CPMF servia para brecar fraude e sonegação e, justamente por isso, foi distorcida em seu significado. Muita gente queria vê-la morta e sepultada, mas não por conta dos desvios que ocorriam. É que ela servia para impedir sonegação em casos de lavagem de dinheiro. Morreu e foi substituída, em parte, pelo IOF.
A extinção da CPMF não reduziu, de maneira alguma, a arrecadação de impostos. A tributação subiu todos os meses, desde então, com a vantagem de não se ter controle realizado na cobrança, na “boca do caixa”, que a impedia de ser fraudada pelos situados no topo da pirâmide.
O IOF continua aí, vivinho da Silva, mas já se fala abertamente em novo imposto, porque a maioria da população não tem noção do que acontece e quem dita a pauta e a discussão dos fatos diários, num país em que só se presta atenção à pornografia e ao futebol, são as emissoras televisivas. Vivemos numa cultura oral.
Mesmo de nada sabendo, a população desconfia de tudo porque a roubalheira é visível. E o acúmulo de insatisfação irá levar a organização social de ralo abaixo, quando a economia não conseguir mais prover o feijão básico diário na mesa do povo.
Márcio Accioly é Jornalista.
Quando ainda era presidente da República, Dom Luiz Inácio (PT-SP), do alto de sua capacidade ilusionista, declarou em visita a Pernambuco (ele inaugurava Unidade de Pronto Atendimento – UPA -, na Cidade de Paulista), que “a Saúde no Brasil está à beira da perfeição”.
Como vivemos num país anestesiado pela televisão, transformado em bordel por incansáveis novelas diárias, sua então excelência afirmou também que a UPA estava tão bem equipada que dava “até vontade de adoecer somente pra ficar internado ali”. Pois bem: não é que ele teve um catiripapo e teve de ser hospitalizado às pressas?
Mas não escolheu a UPA, não senhor! Foi removido para o melhor hospital do estado, o Português, ficando com equipe médica das mais qualificadas e equipamentos modernos à inteira disposição. Vencida a crise inicial, foi imediatamente transferido para o Sírio-Libanês de São Paulo, onde concluiu tratamento médico indispensável.
Dinheiro público existe. O governo federal todos os meses anuncia com estardalhaço que a arrecadação cresceu. O problema não é de falta de dinheiro, mas de excesso de roubo! O mundo, desde que é mundo, é comandado por vivaldinos a massacrarem seus semelhantes, no acúmulo indiscriminado à custa de muita miséria.
Mas tem de haver prática afinada para que o cenário não desabe. Não fique assim como acontece agora com a Renascer: a principal líder daquela Igreja, “bispa” Sônia, que passou um tempo presa nos EUA (juntamente com o marido) e depois foi banida daquele país, é uma das organizadoras da “Marcha Para Jesus”.
Mas o que vai ficando claro é que “milagres” alcançados por fiéis que depositam parcos recursos nas arcas da Igreja não acontecem dentro da casa da própria “bispa”. A revista IstoÉ mostrou esta semana que a Renascer está quase fechando, que o filho de sua líder está morrendo de câncer e o que ela mais precisa é de um milagre. Pura ironia!
A CPMF foi criada no governo FHC (1995-2003), por insistência do médico Adib Jatene, justamente para resolver o problema da saúde. O dinheiro arrecadado financiou festa, corrupção, bandalheira, só não serviu à atividade final para a qual foi criado, a de recuperar a Saúde.
A CPMF servia para brecar fraude e sonegação e, justamente por isso, foi distorcida em seu significado. Muita gente queria vê-la morta e sepultada, mas não por conta dos desvios que ocorriam. É que ela servia para impedir sonegação em casos de lavagem de dinheiro. Morreu e foi substituída, em parte, pelo IOF.
A extinção da CPMF não reduziu, de maneira alguma, a arrecadação de impostos. A tributação subiu todos os meses, desde então, com a vantagem de não se ter controle realizado na cobrança, na “boca do caixa”, que a impedia de ser fraudada pelos situados no topo da pirâmide.
O IOF continua aí, vivinho da Silva, mas já se fala abertamente em novo imposto, porque a maioria da população não tem noção do que acontece e quem dita a pauta e a discussão dos fatos diários, num país em que só se presta atenção à pornografia e ao futebol, são as emissoras televisivas. Vivemos numa cultura oral.
Mesmo de nada sabendo, a população desconfia de tudo porque a roubalheira é visível. E o acúmulo de insatisfação irá levar a organização social de ralo abaixo, quando a economia não conseguir mais prover o feijão básico diário na mesa do povo.
Márcio Accioly é Jornalista.
LUCIANO DE SAMOSATA E AS VIGARICES DOS CRISTÃOS
Luciano de Samosata é um refinado escritor grego do século II, viajor e cosmopolita, que foi influenciado por Celso, inimigo declarado dos cristãos. Celso, nobre romano, autor de Discurso Verídico, que foi queimado pela Igreja e do qual só temos notícia pela contestação de Orígenes em Contra Celso, em sua época já acusava os cristãos de rebeldes contra a ordem estabelecida.
Se se negavam a participar na vida pública e civil, isto equivalia a estabelecer um Estado dentro do Estado, com normas e costumes próprios, mas distintos dos do Império. Se se contentassem em anunciar um deus novo, isto pouco importava aos romanos. Mais deuses, menos deuses, tanto faz como tanto fez. Ocorre que se empenhavam em denegrir os deuses do país que os acolhia.
Raras pessoas conhecem Luciano em nossos dias. Nasceu em Samosata, na Comagena, país entre a Cilícia e o vale do Eufrates, talvez em 125. Exerceu a profissão de advogado, aos 25 anos, na Antioquia. Viajou pela Ásia Menor, Grécia, Macedônia, Itália, Gália. Cansado de uma vida agitada, fixou-se em Atenas durante 20 anos. Em um prefácio de Aníbal Fernandes à edição portuguesa de O Parasita, leio:
"A sua actividade literária mais intensa é desta época em que voluntariamente se marginalizou e de quase tudo troçou, congregando à sua roda os espíritos livres da cidade. Já velho, Luciano sentiu novo apelo de viagens.
Há indícios de que se arrastou entre cidades, vivendo à custa da leitura pública dos seus escritos e de quem comprava o brilhantismo de seu convívio (O Parasita lança luz sobre esta forma de vida e o que constitui, numa moral às avessas, a sua defesa).
Nos últimos anos, a perda do vigor físico necessário à vida errante forçou-o a uma situação estável que o governador romano no Egito lhe ofereceu como seu assistente. Sem grandes provas, se diz que nesse cargo esteve até a morte, em 192”.
Deixou marcas em obras posteriores, de autores como Thomas Morus, em sua Utopia, Rabelais, no IV Livro, no Micromegas de Voltaire, nas obras mais célebres de Cyrano de Bergerac e inclusive em Swift, particularmente em sua Modesta proposta para evitar que os filhos dos pobres da Irlanda sejam um fardo para os pais, ou para o país, tonando-se úteis à comunidade.
O Parasita é considerado o melhor exemplo de sátira à la Swift antes de Swift. Sobre Luciano, escreveu Renan: “Na segunda metade do século II não vemos senão um homem que, superior a toda superstição, tem o direito de rir das loucuras humanas e delas sentir piedade. Este homem, o espírito mais sólido e interessante do seu tempo, é Luciano. Ele nos aparece como um sábio perdido num mundo de loucos. Não odeia coisa nenhuma: ri de tudo, exceto da virtude séria”.
Pois não é que entre meus leitores encontro um leitor de Luciano? Nem tudo está perdido. Me escreve Emerson Schmidt, a propósito de crônica recente que escrevi sobre as vigarices inerentes ao cristianismo:
Caro Janer, tudo bem?
Essa denúncia do MP me lembrou que no cristianismo certas coisas pouco mudam. Um escritor do segundo século d.c. chamado Luciano de Samosata e que gostava de denunciar impostores e embusteiros já contava em A Morte do Peregrino como vigaristas enriqueciam rapidamente entre os cristãos daquela época.
A coisa começa quando Proteu - que é o peregrino - entra para a religião cristã por oportunismo. Interessante é a descrição que se faz dos cristãos:
"11. Ce fut vers cette époque qu'il se fit instruire dans l'admirable religion des Chrétiens, en s'affiliant en Palestine avec quelques-uns de leurs prêtres et de leurs scribes. Que vous dirai-je? Cet homme leur fit bientôt voir qu'ils n'étaient que des enfants; tour à tour prophète, thiasarque, chef d'assemblée, il fut tout à lui seul, interprétant leurs livres, les expliquant, en composant de son propre fonds. Aussi nombre de gens le regardèrent-ils comme un dieu, un législateur, un pontife, égal à celui qui est honoré en Palestine, où il fut mis en croix pour avoir introduit ce nouveau culte parmi les hommes."
O comportamento não parece aquele da grei do Valdomiro? A história continua e logo a seguir Proteu acaba sendo preso por vigarice. A reação dos cristãos não deixa de ser menos previsível pelo que se vê hoje:
"12. Protée ayant donc été arrêté par ce motif, fut jeté en prison. Mais cette persécution lui procura pour le reste de sa vie une grande autorité, et lui valut le bruit d'opérer des miracles et d'aimer la gloire, opinion qui flattait sa vanité. Du moment qu'il fut dans les fers, les Chrétiens, se regardant comme frappés en lui, mirent tout en oeuvre pour l'enlever; mais ne pouvant y parvenir, ils lui rendirent au moins toutes sortes d'offices avec un zèle et un empressement infatigables. Dès le matin, on voyait rangés autour de la prison une foule de vieilles femmes, de veuves et d'orphelins. Les principaux chefs de la secte passaient la nuit auprès de lui, après avoir corrompu les geôliers: ils se faisaient apporter toutes sortes de mets, lisaient leurs livres saints; et le vertueux Pérégrinus, il se nommait encore ainsi, était appelé par eux le nouveau Socrate."(*)
Essa última parte evidentemente já seria mais difícil, pois esperar que boa parte da platéia evangélica saiba quem foi Sócrates é pedir demais. Se soubessem, não seriam tão cristãos assim. De qualquer forma, se perguntados sobre Sócrates, no máximo responderão que se trata do jogador de futebol...
Finalmente vem a parte que interessa e onde se critica a crença desmesurada nas fábulas por parte dos cristãos:
"13. Ce n'est pas tout; plusieurs villes d'Asie lui envoyèrent des députés au nom des Chrétiens, pour lui servir d'appuis, d'avocats et de consolateurs. On ne saurait croire leur empressement en de pareilles occurrences: pour tout dire, en un mot, rien ne leur coûte. Aussi Pérégrinus, sous le prétexte de sa prison, vit-il arriver de bonnes sommes d'argent et se fit-il un gros revenu. Ces malheureux se figurent qu'ils sont immortels et qu'ils vivront éternellement. En conséquence, ils méprisent les supplices et se livrent volontairement à la mort. Leur premier législateur leur a encore persuadé qu'ils sont tous frères. Dès qu'ils ont une fois changé de culte, ils renoncent aux dieux des Grecs, et adorent le sophiste crucifié dont ils suivent les lois. Ils méprisent également tous les biens et les mettent en commun, sur la foi complète qu'ils ont en ses paroles. En sorte que s'il vient à se présenter parmi eux un imposteur, un fourbe adroit, il n'a pas de peine à S'ENRICHER FORT VITE, en riant sous cape de leur simplicité."
Como se vê, vigaristas nunca tiveram a menor dificuldade em "enriquecer rapidamente" entre os cristãos e muito menos de se divertir com a ingenuidade deles depois.
Até mais.
Emerson Schmidt.
(*) Os trechos citados vêm da tradução francesa de L'antiquité grecque et latine - Du moyen âge
Grato, Emerson! Procure ler Luciano, leitor. Os melhores autores não são os contemporâneos. A boa literatura muitas vezes está lá atrás, a milênios de distância de nossos dias. Não é de hoje que se denuncia as vigarices decorrentes do cristianismo.
por Janer Cristaldo
Se se negavam a participar na vida pública e civil, isto equivalia a estabelecer um Estado dentro do Estado, com normas e costumes próprios, mas distintos dos do Império. Se se contentassem em anunciar um deus novo, isto pouco importava aos romanos. Mais deuses, menos deuses, tanto faz como tanto fez. Ocorre que se empenhavam em denegrir os deuses do país que os acolhia.
Raras pessoas conhecem Luciano em nossos dias. Nasceu em Samosata, na Comagena, país entre a Cilícia e o vale do Eufrates, talvez em 125. Exerceu a profissão de advogado, aos 25 anos, na Antioquia. Viajou pela Ásia Menor, Grécia, Macedônia, Itália, Gália. Cansado de uma vida agitada, fixou-se em Atenas durante 20 anos. Em um prefácio de Aníbal Fernandes à edição portuguesa de O Parasita, leio:
"A sua actividade literária mais intensa é desta época em que voluntariamente se marginalizou e de quase tudo troçou, congregando à sua roda os espíritos livres da cidade. Já velho, Luciano sentiu novo apelo de viagens.
Há indícios de que se arrastou entre cidades, vivendo à custa da leitura pública dos seus escritos e de quem comprava o brilhantismo de seu convívio (O Parasita lança luz sobre esta forma de vida e o que constitui, numa moral às avessas, a sua defesa).
Nos últimos anos, a perda do vigor físico necessário à vida errante forçou-o a uma situação estável que o governador romano no Egito lhe ofereceu como seu assistente. Sem grandes provas, se diz que nesse cargo esteve até a morte, em 192”.
Deixou marcas em obras posteriores, de autores como Thomas Morus, em sua Utopia, Rabelais, no IV Livro, no Micromegas de Voltaire, nas obras mais célebres de Cyrano de Bergerac e inclusive em Swift, particularmente em sua Modesta proposta para evitar que os filhos dos pobres da Irlanda sejam um fardo para os pais, ou para o país, tonando-se úteis à comunidade.
O Parasita é considerado o melhor exemplo de sátira à la Swift antes de Swift. Sobre Luciano, escreveu Renan: “Na segunda metade do século II não vemos senão um homem que, superior a toda superstição, tem o direito de rir das loucuras humanas e delas sentir piedade. Este homem, o espírito mais sólido e interessante do seu tempo, é Luciano. Ele nos aparece como um sábio perdido num mundo de loucos. Não odeia coisa nenhuma: ri de tudo, exceto da virtude séria”.
Pois não é que entre meus leitores encontro um leitor de Luciano? Nem tudo está perdido. Me escreve Emerson Schmidt, a propósito de crônica recente que escrevi sobre as vigarices inerentes ao cristianismo:
Caro Janer, tudo bem?
Essa denúncia do MP me lembrou que no cristianismo certas coisas pouco mudam. Um escritor do segundo século d.c. chamado Luciano de Samosata e que gostava de denunciar impostores e embusteiros já contava em A Morte do Peregrino como vigaristas enriqueciam rapidamente entre os cristãos daquela época.
A coisa começa quando Proteu - que é o peregrino - entra para a religião cristã por oportunismo. Interessante é a descrição que se faz dos cristãos:
"11. Ce fut vers cette époque qu'il se fit instruire dans l'admirable religion des Chrétiens, en s'affiliant en Palestine avec quelques-uns de leurs prêtres et de leurs scribes. Que vous dirai-je? Cet homme leur fit bientôt voir qu'ils n'étaient que des enfants; tour à tour prophète, thiasarque, chef d'assemblée, il fut tout à lui seul, interprétant leurs livres, les expliquant, en composant de son propre fonds. Aussi nombre de gens le regardèrent-ils comme un dieu, un législateur, un pontife, égal à celui qui est honoré en Palestine, où il fut mis en croix pour avoir introduit ce nouveau culte parmi les hommes."
O comportamento não parece aquele da grei do Valdomiro? A história continua e logo a seguir Proteu acaba sendo preso por vigarice. A reação dos cristãos não deixa de ser menos previsível pelo que se vê hoje:
"12. Protée ayant donc été arrêté par ce motif, fut jeté en prison. Mais cette persécution lui procura pour le reste de sa vie une grande autorité, et lui valut le bruit d'opérer des miracles et d'aimer la gloire, opinion qui flattait sa vanité. Du moment qu'il fut dans les fers, les Chrétiens, se regardant comme frappés en lui, mirent tout en oeuvre pour l'enlever; mais ne pouvant y parvenir, ils lui rendirent au moins toutes sortes d'offices avec un zèle et un empressement infatigables. Dès le matin, on voyait rangés autour de la prison une foule de vieilles femmes, de veuves et d'orphelins. Les principaux chefs de la secte passaient la nuit auprès de lui, après avoir corrompu les geôliers: ils se faisaient apporter toutes sortes de mets, lisaient leurs livres saints; et le vertueux Pérégrinus, il se nommait encore ainsi, était appelé par eux le nouveau Socrate."(*)
Essa última parte evidentemente já seria mais difícil, pois esperar que boa parte da platéia evangélica saiba quem foi Sócrates é pedir demais. Se soubessem, não seriam tão cristãos assim. De qualquer forma, se perguntados sobre Sócrates, no máximo responderão que se trata do jogador de futebol...
Finalmente vem a parte que interessa e onde se critica a crença desmesurada nas fábulas por parte dos cristãos:
"13. Ce n'est pas tout; plusieurs villes d'Asie lui envoyèrent des députés au nom des Chrétiens, pour lui servir d'appuis, d'avocats et de consolateurs. On ne saurait croire leur empressement en de pareilles occurrences: pour tout dire, en un mot, rien ne leur coûte. Aussi Pérégrinus, sous le prétexte de sa prison, vit-il arriver de bonnes sommes d'argent et se fit-il un gros revenu. Ces malheureux se figurent qu'ils sont immortels et qu'ils vivront éternellement. En conséquence, ils méprisent les supplices et se livrent volontairement à la mort. Leur premier législateur leur a encore persuadé qu'ils sont tous frères. Dès qu'ils ont une fois changé de culte, ils renoncent aux dieux des Grecs, et adorent le sophiste crucifié dont ils suivent les lois. Ils méprisent également tous les biens et les mettent en commun, sur la foi complète qu'ils ont en ses paroles. En sorte que s'il vient à se présenter parmi eux un imposteur, un fourbe adroit, il n'a pas de peine à S'ENRICHER FORT VITE, en riant sous cape de leur simplicité."
Como se vê, vigaristas nunca tiveram a menor dificuldade em "enriquecer rapidamente" entre os cristãos e muito menos de se divertir com a ingenuidade deles depois.
Até mais.
Emerson Schmidt.
(*) Os trechos citados vêm da tradução francesa de L'antiquité grecque et latine - Du moyen âge
Grato, Emerson! Procure ler Luciano, leitor. Os melhores autores não são os contemporâneos. A boa literatura muitas vezes está lá atrás, a milênios de distância de nossos dias. Não é de hoje que se denuncia as vigarices decorrentes do cristianismo.
por Janer Cristaldo
O EXPURGO DA CASERNA
Durante o período no qual o Brasil foi governado por Presidentes militares muitos erros e acertos foram cometidos. Três erros, entretanto, foram decisivos para a derrota estratégica que sofreram não só os cidadãos fardados, mas toda a força conservadora no país.
O primeiro deles foi a negativa do Marechal Castelo Branco em utilizar-se de uma estrutura similar ao DIP, da era Vargas, de maneira que pudesse combater a propaganda subversiva.
O presidente não queria ter sua imagem atrelada à censura de Getúlio. O resultado foi a progressiva infiltração de idéias revolucionárias dentro da produção jornalística, cultural e artística.
O segundo erro foi o afastamento de Carlos Lacerda da cena política do país. Conservador de atuação política destacada, seu afastamento praticamente preparou o terreno para a tomada do poder pela esquerda, que os próprios militares haviam combatido (com massivo apoio popular), anos depois.
O governo preocupou-se no combate à guerrilha e à subversão, mas esqueceu-se do front cultural e político. O resultado foi uma fragorosa derrota estratégica. Militarmente, comunistas, socialistas e a esquerda em geral foram derrotados. Politicamente, venceram. Assim, tal como os EUA no Vietnã, todas as batalhas foram vencidas, mas a guerra foi perdida.
O terceiro erro foi a estratégia do silêncio. Ao optarem pelo ostracismo, os militares facilitaram sobremaneira o trabalho de reescritura da história por parte dos então derrotados.
Isto possibilitou às forças de esquerda a conquista do apoio popular e a substituição progressiva de valores tradicionais (chamados burgueses) por seu novo código de ética e moral (chamado de valores do povo), mesmo que esta nova escala de valores fosse inteiramente contrária ao que a população efetivamente pensava.
A soma destes três erros decretou a derrota do movimento de 31 de Março de 1964.
Na verdade, a data marca apenas a troca de estratégia por parte da esquerda de tomar o poder. Da utilização da força para a conquista cultural e moral do país.
Esta nova postura não foi percebida por nossos chefes militares a tempo, inclusive modificando algumas políticas externas do país, como a sua aproximação com a antiga URSS e o apoio ao movimento socialista em Angola.
Os vermelhos chegaram de roldão ao poder, aparelharam o Estado e compraram mentes e corações com tolas idéias de igualdade ou com o vil metal.
A Comissão da Verdade, cujo representante dos militares será José Genoíno, é de fundamental importância para a comprovação de inúmeras declarações feitas por diversos integrantes do governo-Estado petista de que o Exército de hoje é diferente do Exército de ontem.
O silêncio catacúmbico que reverbera nos quartéis a este respeito não deixa maiores dúvidas.
Os agentes do Estado que atuaram contra sequestradores, terroristas, estupradores, assassinos e assaltantes serão caçados, punidos, e presos. E os militares de hoje permanecerão em silêncio... Premonição? Mãe Dinah? Búzios? Não. Basta olharmos ao nosso redor para vermos o que aconteceu aos nossos hermanos uruguaios e argentinos.
Oficiais e praças presos, acusados de atentado aos direitos humanos por terem lutado contra os criminosos que queriam mergulhar seus países na ditadura proletária.
A carta dos militares argentinos presos (presos políticos) nos dá uma amostra do que está por vir. Nela, verificamos que a estratégia esquerdista é a mesma: de que o Exército Argentino de hoje é diferente do de ontem, afirmativa que os autores repudiam sob o argumento de que lá (tal como cá) o Exército é um só. Mas lá o "Exército de hoje" também se calou.
Sob a manta evasiva da disciplina, nada pode ser dito nem falado (sob pena de se quebrar um dos pilares do Exército). Sob este "respaldo" é que se guiam para calarem-se diante de uma situação que pode colocar na cadeia pessoas como o coronel Brilhante Ustra e ao mesmo tempo dar vencimento de general à família de Carlos Lamarca, sujeito que julgou e matou um tenente da Força Pública de São Paulo a coronhadas dentre outros crimes.
A Comissão da Verdade não é nada mais que um tribunal revolucionário aos moldes da VAR Palmares, MR-8, Vanguarda Popular Revolucionária e outros movimentos e organizações terroristas que julgavam e sentenciavam qualquer cidadão à revelia de qualquer instituto legal ou moral.
Seu surgimento possui um único propósito: queimar os arquivos ainda vivos daqueles anos e garantir aos vitoriosos terroristas de ontem cada vez mais indenizações, à custa do bolso e do dinheiro do desmemoriado e explorado povo brasileiro.
Enquanto este verdadeiro ataque ao cerne do Exército é realizado, a preocupação maior dos militares é com os seus vencimentos, com os aumentos que não chegam jamais. É claro que esta é uma preocupação de extrema importância, mas muito mais urgente é o desmonte histórico que está se desenhando em nosso Exército e, por extensão às Forças Armadas. Por dinheiro, vende-se a própria alma, entrega-se ao carrasco amigos e companheiros de outrora.
O Exército de hoje é o mesmo de ontem e será o mesmo Exército de amanhã. Infelizmente, não é o que a conjuntura atual nos mostra. Desenha-se um verdadeiro expurgo da caserna.
Fonte: Lenilton Morato
O primeiro deles foi a negativa do Marechal Castelo Branco em utilizar-se de uma estrutura similar ao DIP, da era Vargas, de maneira que pudesse combater a propaganda subversiva.
O presidente não queria ter sua imagem atrelada à censura de Getúlio. O resultado foi a progressiva infiltração de idéias revolucionárias dentro da produção jornalística, cultural e artística.
O segundo erro foi o afastamento de Carlos Lacerda da cena política do país. Conservador de atuação política destacada, seu afastamento praticamente preparou o terreno para a tomada do poder pela esquerda, que os próprios militares haviam combatido (com massivo apoio popular), anos depois.
O governo preocupou-se no combate à guerrilha e à subversão, mas esqueceu-se do front cultural e político. O resultado foi uma fragorosa derrota estratégica. Militarmente, comunistas, socialistas e a esquerda em geral foram derrotados. Politicamente, venceram. Assim, tal como os EUA no Vietnã, todas as batalhas foram vencidas, mas a guerra foi perdida.
O terceiro erro foi a estratégia do silêncio. Ao optarem pelo ostracismo, os militares facilitaram sobremaneira o trabalho de reescritura da história por parte dos então derrotados.
Isto possibilitou às forças de esquerda a conquista do apoio popular e a substituição progressiva de valores tradicionais (chamados burgueses) por seu novo código de ética e moral (chamado de valores do povo), mesmo que esta nova escala de valores fosse inteiramente contrária ao que a população efetivamente pensava.
A soma destes três erros decretou a derrota do movimento de 31 de Março de 1964.
Na verdade, a data marca apenas a troca de estratégia por parte da esquerda de tomar o poder. Da utilização da força para a conquista cultural e moral do país.
Esta nova postura não foi percebida por nossos chefes militares a tempo, inclusive modificando algumas políticas externas do país, como a sua aproximação com a antiga URSS e o apoio ao movimento socialista em Angola.
Os vermelhos chegaram de roldão ao poder, aparelharam o Estado e compraram mentes e corações com tolas idéias de igualdade ou com o vil metal.
A Comissão da Verdade, cujo representante dos militares será José Genoíno, é de fundamental importância para a comprovação de inúmeras declarações feitas por diversos integrantes do governo-Estado petista de que o Exército de hoje é diferente do Exército de ontem.
O silêncio catacúmbico que reverbera nos quartéis a este respeito não deixa maiores dúvidas.
Os agentes do Estado que atuaram contra sequestradores, terroristas, estupradores, assassinos e assaltantes serão caçados, punidos, e presos. E os militares de hoje permanecerão em silêncio... Premonição? Mãe Dinah? Búzios? Não. Basta olharmos ao nosso redor para vermos o que aconteceu aos nossos hermanos uruguaios e argentinos.
Oficiais e praças presos, acusados de atentado aos direitos humanos por terem lutado contra os criminosos que queriam mergulhar seus países na ditadura proletária.
A carta dos militares argentinos presos (presos políticos) nos dá uma amostra do que está por vir. Nela, verificamos que a estratégia esquerdista é a mesma: de que o Exército Argentino de hoje é diferente do de ontem, afirmativa que os autores repudiam sob o argumento de que lá (tal como cá) o Exército é um só. Mas lá o "Exército de hoje" também se calou.
Sob a manta evasiva da disciplina, nada pode ser dito nem falado (sob pena de se quebrar um dos pilares do Exército). Sob este "respaldo" é que se guiam para calarem-se diante de uma situação que pode colocar na cadeia pessoas como o coronel Brilhante Ustra e ao mesmo tempo dar vencimento de general à família de Carlos Lamarca, sujeito que julgou e matou um tenente da Força Pública de São Paulo a coronhadas dentre outros crimes.
A Comissão da Verdade não é nada mais que um tribunal revolucionário aos moldes da VAR Palmares, MR-8, Vanguarda Popular Revolucionária e outros movimentos e organizações terroristas que julgavam e sentenciavam qualquer cidadão à revelia de qualquer instituto legal ou moral.
Seu surgimento possui um único propósito: queimar os arquivos ainda vivos daqueles anos e garantir aos vitoriosos terroristas de ontem cada vez mais indenizações, à custa do bolso e do dinheiro do desmemoriado e explorado povo brasileiro.
Enquanto este verdadeiro ataque ao cerne do Exército é realizado, a preocupação maior dos militares é com os seus vencimentos, com os aumentos que não chegam jamais. É claro que esta é uma preocupação de extrema importância, mas muito mais urgente é o desmonte histórico que está se desenhando em nosso Exército e, por extensão às Forças Armadas. Por dinheiro, vende-se a própria alma, entrega-se ao carrasco amigos e companheiros de outrora.
O Exército de hoje é o mesmo de ontem e será o mesmo Exército de amanhã. Infelizmente, não é o que a conjuntura atual nos mostra. Desenha-se um verdadeiro expurgo da caserna.
Fonte: Lenilton Morato
PEDE PARA SAIR, CAPITÃO NASCIMENTO!!!
O ator Wagner Moura, Capitão Nascimento para os "íntimos", deu uma entrevista na revista Caros Amigos, aquela que faz proselitismo de esquerda. Durante a entrevista, o ator afirmou que não fala com a revista VEJA, pois sua linha editorial é de "extrema direita". Wagner Moura disse ainda que não poderia dar entrevista para uma revista que publica textos de Diogo Mainardi (publicava). Wagner Moura é apenas mais um "intelectual" brasileiro; um personagem famoso que, por isso, julga-se culto e preparado para falar de política e economia. O pior é que tem audiência, não apenas para os filmes, mas para suas "idéias"...
Em outra entrevista, agora à Folha, o ator de "Tropa de Elite" veio com essa, quando o repórter perguntou se ele continuava a favor de Lula:
"Pô cara, vou te falar, acho que Lula... [pausa] Eu tenho uma admiração grande pelo cara. Ele tem feito muita coisa legal. E eu ainda acredito na esquerda, não na boba, utópica, mas em um Estado intervencionista. Acho o liberalismo uma coisa perigosa. Deixar as coisas andarem nas mãos da iniciativa privada é perigoso. O Estado tem que ter poder. Se o Estado não cuidar da gente, não vai ser a IBM que vai cuidar."
Viram que profundo? Wagner Moura não gosta mais da esquerda utópica, mas sim daquele Estado intervencionista, clarividente e honesto, que vai "cuidar" de todos nós. O liberalismo é muito perigoso, afinal de contas. Onde já se viu empresas competindo para atender melhor a nossa demanda? IBM, Dell, Microsoft e Apple, cada uma delas tentando produzir coisas mais baratas e melhores, sob a ótica do consumidor. Isso é muito perigoso! Precisamos da proteção do Estado intervencionista, sem utopias. Somos crianças indefesas em busca de uma babá, e nada melhor do que políticos poderosos para esta tarefa. Quem precisa da IBM quando se tem Lula ou Sarney?
Quando vejo esta verborragia de atores, cineastas, arquitetos ou cronistas simpáticos, sempre penso em como a natureza costuma ser seletiva na distribuição de talentos. "Deus não dá asas à cobra", diz o ditado. Wagner Moura é, sem dúvida, um grande ator! Mas como pensador político... vai acabar no PSOL! Por isso respeito tanto a máxima de "cada um no seu quadrado", ou "cada macaco no seu galho". Gostaria de ter um décimo do talento teatral de Wagner Moura, nem que fosse só para encenar em família. Mas jamais faria Shakespeare no teatro. O público não merece isso.
E o público também não merece a cabecinha oca de Wagner Moura quando se trata de política. Melhor ficar só com o Capitão Nascimento mesmo. Não gostou? Então pede para sair!
Rodrigo Constantino
Em outra entrevista, agora à Folha, o ator de "Tropa de Elite" veio com essa, quando o repórter perguntou se ele continuava a favor de Lula:
"Pô cara, vou te falar, acho que Lula... [pausa] Eu tenho uma admiração grande pelo cara. Ele tem feito muita coisa legal. E eu ainda acredito na esquerda, não na boba, utópica, mas em um Estado intervencionista. Acho o liberalismo uma coisa perigosa. Deixar as coisas andarem nas mãos da iniciativa privada é perigoso. O Estado tem que ter poder. Se o Estado não cuidar da gente, não vai ser a IBM que vai cuidar."
Viram que profundo? Wagner Moura não gosta mais da esquerda utópica, mas sim daquele Estado intervencionista, clarividente e honesto, que vai "cuidar" de todos nós. O liberalismo é muito perigoso, afinal de contas. Onde já se viu empresas competindo para atender melhor a nossa demanda? IBM, Dell, Microsoft e Apple, cada uma delas tentando produzir coisas mais baratas e melhores, sob a ótica do consumidor. Isso é muito perigoso! Precisamos da proteção do Estado intervencionista, sem utopias. Somos crianças indefesas em busca de uma babá, e nada melhor do que políticos poderosos para esta tarefa. Quem precisa da IBM quando se tem Lula ou Sarney?
Quando vejo esta verborragia de atores, cineastas, arquitetos ou cronistas simpáticos, sempre penso em como a natureza costuma ser seletiva na distribuição de talentos. "Deus não dá asas à cobra", diz o ditado. Wagner Moura é, sem dúvida, um grande ator! Mas como pensador político... vai acabar no PSOL! Por isso respeito tanto a máxima de "cada um no seu quadrado", ou "cada macaco no seu galho". Gostaria de ter um décimo do talento teatral de Wagner Moura, nem que fosse só para encenar em família. Mas jamais faria Shakespeare no teatro. O público não merece isso.
E o público também não merece a cabecinha oca de Wagner Moura quando se trata de política. Melhor ficar só com o Capitão Nascimento mesmo. Não gostou? Então pede para sair!
Rodrigo Constantino
FAXINEIRA VARRE LIXO PARA BAIXO DO TAPETE
Leitores me cobram. Por que não falo de corrupção? Bom, em verdade gosto de escrever sobre o que a imprensa não escreve. Corrupção, neste Brasil, virou usos e costumes. Sem falar que não passa dia, sem que os jornais revelem uma grossa falcatrua. Seria para mim redundante comentar o assunto.
Dona Dilma está adquirindo a fama de faxineira. Faxineira coisa nenhuma. Quem está fazendo a faxina é a imprensa.
Nenhum dos quatro ministros demitidos nos últimos oito meses foi demitido por iniciativa da presidente. Dona Dilma só os demitiu quando não foi mais possível segurá-los. Nem mesmo a oposição denuncia a corrupção do governo. O PSDB vive em beijos e abraços com o PT. A única oposição neste país é feita pelos jornais.
Oposição inócua. Quatro ministros foram demitidos por corrupção.
Antonio Palloci, que já havia sido demitido por Lula em 2006 do cargo de ministro da Fazenda – sempre por pressão da imprensa – voltou ao governo de Dilma e teve de pedir demissão da chefia da Casa Civil, em virtude de denúncias de enriquecimento ilícito.
Alfredo Nascimento, dos Transportes, teve de cair fora após suspeitas de superfaturamento em obras de rodovias; Wagner Rossi, da Agricultura, também, por ter usado um jatinho de uma empresa privada que tinha contratos com o ministério.
Pedro Novais, do Turismo, teve de renunciar às suas mordomias por ter pago com verbas públicas, durante sete anos, o salário de uma governanta. Antes disso, já havia sido denunciado por pagar com dinheiro do contribuinte despesas de um motel.
Alguém foi preso ou de alguma forma punido? Alguém devolveu o dinheiro roubado? Nenhum. Palocci e demais defenestrados devem continuar fazendo lobby por aí.
Novais voltou a ocupar sua cadeira de deputado. As denúncias da imprensa podem até retirar ministros de seus pedestais. Mas acabam caindo no vazio. Corruptos como José Dirceu, flagrados em óbvias corrupções, continuam recebendo altos coturnos do governo em quarto de hotel. Dos quarenta mensaleiros, denunciados pelo Ministério Público por formação de quadrilha, nenhum até hoje foi punido. E os crimes de pelo menos 22 prescreveram no mês passado.
Corrupção no Legislativo e Executivo são graves chagas em país que se pretenda decente. Mas nada pior que a corrupção no Judiciário. Pois este poder é o que determina, legalmente, o que é lícito ou ilícito na nação.
A tal de Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça acaba de absolver, em um caso de flagrante corrupção, o clã do corrupto-mor de Pindorama, o senador José Sarney, que – não por acaso – é presidente do Senado. Quando um corrupto notório preside a mais alta instância legislativa do País, nada mais se pode esperar de seus pares ou ímpares.
Leio no Estadão que o julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que anulou as provas da Operação Boi Barrica, tramitou em alta velocidade, driblando a complexidade do caso, sem um pedido de vista e aproveitando a ausência de dois ministros titulares da 6.ª turma.
O percurso e o desfecho do julgamento provocam hoje desconforto e desconfiança entre ministros do STJ.
O relator do processo contra a Operação Boi Barrica, ministro Sebastião Reis Júnior, demorou apenas seis dias para estudar o processo e elaborar um voto de 54 páginas em que julgou serem ilegais as provas obtidas com a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dos investigados. E de maneira inusual, dizem ministros do STJ, o processo foi julgado em apenas uma sessão, sem que houvesse nenhuma dúvida ou discordância entre os três ministros que participaram da sessão.
O velho e eficaz recurso aos arabescos colaterais. Não importa se as provas de um crime são procedentes ou não. O que importa é a forma como foram obtidas. Não se julga mais o mérito de uma questão. Mas os procedimentos de investigação.
Corrupto perde tempo se constituir como advogado um criminalista. Estará melhor servido com um processualista. Não interessa mais se alguém cometeu ou não um crime. O que interessa é como foi denunciado.
O PT inaugurou o governo mais corrupto do qual se tem notícia no Brasil. Dona Dilma, enquanto ministra da Casa Civil, foi ciente e conivente com toda esta corrupção. Posa agora de faxineira. Mas só tem varrido o lixo para baixo do tapete.
Fosse o caso de minha faxineira, eu a demitiria incontinenti. Mas brasileiro é generoso. Corruptos notórios – vide Sarney - denunciados pela imprensa se reelegem ad aeternum. José Dirceu quer voltar à política. Se voltar, é claro que será reeleito.
O problema do Brasil não são os corruptos. Corrupto segue sua vocação natural - como um rio segue sua corrente - a de ser corrupto.
O problema é este povinho que os elege e reelege.
por Janer Cristaldo
A FRAQUEZA DA FORÇA SEM LIMITES
Não é irônico que ditaduras como as que estamos ver balançar (e no caso do Egito, cair) tenham essa fraqueza ao lado da possibilidade do uso da força sem limitações? Contra o estado de poder total, o ser humano perde todo o medo, pois sabe e assume que já está morto. Ao fazê-lo ele se torna mais vivo que todos nós.
Esses homens e mulheres sabem que o estado pode buscá-los em casa um por um, e desse estado eles esperam a morte certa se forem identificados, e eles sabem que serão – seus rostos gravados em imagens tão múltiplas quanto o número de portadores de celulares.
Foram poucos momentos na história da humanidade que essa verdade brota da alma humana no momento de maior perigo. O momento em que pode-se perder tudo. O momento em que tudo pode ser ganho. Nesse instante decisivo o ser humano revela que de fato tem uma alma, uma anima. Ele não é feito de mecanismos apenas, como quer uma sociologia de modelo neutoniano: ele transcende esses mecanismos em momentos de verdade.
Claro está que o momento de verdade se perde. As forças da reprodução são sim muito potentes. Mas eu acho uma pena essas pessoas mortas em torno de mim que ficam aí falando “ah, caiu o ditador, mas tem que ver qual o corrupto que vai entrar no governo”. Essas pessoas perdem um ponto importante, sem o qual a história é sem possibilidades, a vida sem sal e sem gozo, e a sociedade é apenas pura reprodução mecânica.
É sim, cansativo, sofrer com toda essa violência que os povos árabes estão sofrendo neste momento. Mas também não choramos toda a repressão que eles sofreram por décadas sem chamar nossa atenção.
Mas essa coragem da qual eles mesmos falam, a coragem que "uma vez você ganha, não perde mais", é algo magnífico.
É uma consciência coletiva que aconteceu de ocorrer poucas vezes na história da humanidade. Eu nunca pensei que eu viveria para testemunhar.
Postado por Flavia
Esses homens e mulheres sabem que o estado pode buscá-los em casa um por um, e desse estado eles esperam a morte certa se forem identificados, e eles sabem que serão – seus rostos gravados em imagens tão múltiplas quanto o número de portadores de celulares.
Foram poucos momentos na história da humanidade que essa verdade brota da alma humana no momento de maior perigo. O momento em que pode-se perder tudo. O momento em que tudo pode ser ganho. Nesse instante decisivo o ser humano revela que de fato tem uma alma, uma anima. Ele não é feito de mecanismos apenas, como quer uma sociologia de modelo neutoniano: ele transcende esses mecanismos em momentos de verdade.
Claro está que o momento de verdade se perde. As forças da reprodução são sim muito potentes. Mas eu acho uma pena essas pessoas mortas em torno de mim que ficam aí falando “ah, caiu o ditador, mas tem que ver qual o corrupto que vai entrar no governo”. Essas pessoas perdem um ponto importante, sem o qual a história é sem possibilidades, a vida sem sal e sem gozo, e a sociedade é apenas pura reprodução mecânica.
É sim, cansativo, sofrer com toda essa violência que os povos árabes estão sofrendo neste momento. Mas também não choramos toda a repressão que eles sofreram por décadas sem chamar nossa atenção.
Mas essa coragem da qual eles mesmos falam, a coragem que "uma vez você ganha, não perde mais", é algo magnífico.
É uma consciência coletiva que aconteceu de ocorrer poucas vezes na história da humanidade. Eu nunca pensei que eu viveria para testemunhar.
Postado por Flavia
GRAÇAS A DEUS, PERDEMOS
Se não me falha a memória, o ano era 1981.
Eu tinha, então,18 anos.
Em ato público na Universidade Católica, no Recife, dom Hélder Câmara discursava sobre o iminente fim da ditadura no Brasil.
E alertava os jovens estudantes para os riscos de ações extremistas que levassem a um possível retrocesso político. Recém-chegado do interior de Pernambuco, eu fazia jornalismo e já havia lido e ouvido muito sobre o então arcebispo.
Principalmente de sua luta destemida ao lado dos que defendiam a volta da democracia. Mas, naquela noite, ao vê-lo e ouvi-lo pela primeira vez ao vivo, eu me decepcionara.
É que eu ainda não havia entendido o verdadeiro sentido da coragem de um Hélder, de um Gandhi, de um Martin Luther King.
Essa gente que ousou desafiar o status quo de peito aberto.
Cuja única arma eram o verbo, as ideias (e não a verba surrupiada dos cofres públicos). Que apostava no senso de justiça dos homens.
Que fazia intransigente defesa da paz.
Não importava quantos tanques e soldados os poderosos pusessem nas ruas.
Eles os enfrentavam desarmados.
Na linha de frente.
Não se escondiam em esgotos nem encarregavam fanáticos de explodir aviões e carros-bombas para matar inocentes.
Nunca pregaram o extermínio ou tentaram calar a voz de ninguém.
Quer fosse rico,
pobre,
branco,
preto,
amarelo,
mulher,
homem,
gay.
Opunham-se à opressão, às desigualdades
sociais, à discriminação. Pregavam direitos e oportunidades iguais para todos. Vou reforçar: para todos.
Eu, então, um jovem imbecil de galocha, achava que a verdadeira revolução seria feita pela classe operária. Com o extermínio da burguesia e o controle dos meios de produção pelo Estado socialista, libertário, que enfim instalaria uma sociedade mais justa e igualitária na Terra. Como era tolo, meu Deus!
Quando muito mais tarde comecei a descobrir a verdadeira natureza dos revolucionários que eu admirava, veio a decepção.
Eram tão tiranos quanto qualquer ditador de direita.
Liberdade?
Só a de pensar igual a eles.
Pensou diferente?
Paredão.
Prisão.
Tortura.
Campos de concentração.
Com muita sorte, exílio.
Desolado, penso no que a presidente Dilma falou ontem na ONU sobre direitos humanos, sobre como a tortura a fez valorizar a democracia.
Lembro-me de Churchill, Orwell e então chego à inevitável conclusão:
se meus antigos heróis tivessem triunfado, a vida hoje, para mim, pelo menos, certamente seria um inferno.
Para começar, minha profissão nem existiria, pois não há imprensa sem liberdade de opinião e expressão. Haveria internet em um planeta comandado por burocratas e funcionários públicos? Duvido.
Muito menos Facebook e Twitter.
Aliás, nada que permitisse alguém pensar com o próprio cérebro.
Graças a Deus que não triunfamos.
Plácido Fernandes Vieira Correio Braziliense
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