"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 3 de julho de 2012

O COPEIRO E O BOLÃO

RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA) |
Quando o copeiro Lúcio Flávio Osório desistiu de jogar R$ 10 no bolão da Quina de São João porque o dinheiro estava curto para a passagem de ônibus, selava sem saber seu destino. O bilhete que ele desprezou foi premiado. Cada um de seus 20 colegas do bar Cervantes, no Rio de Janeiro, ganhou R$ 635 mil. Ao saber do resultado, Lúcio Flávio – que costumava organizar o bolão – foi para o banheiro do bar e chorou. Era sua chance de comprar uma casa para os pais, que vivem de aluguel no bairro humilde de Curicica, na Zona Oeste do Rio, e de voltar para o Espírito Santo, onde foi criado.

Lúcio Flávio, de 32 anos, é filho da Dilma, uma diarista, xará da presidente da República. No início, Dilma não acreditou no que o filho contou por telefone. Ela passou mal no sofá da sala, queimou a mão no forno de tanto nervosismo, chamou o filho de “burro”, mas disse depois que se arrependeu. Talvez porque a falta de sorte tenha tornado Lúcio Flávio famoso.
Os colegas ricos sumiram, com medo de sequestro, e até agora não deram um tostão de consolo ao “Bomba”. É o apelido de Lúcio Flávio, uma referência a seu braço musculoso, onde sobressai uma tatuagem em caligrafia desenhada, com o nome exótico da filha de 8 anos, Eyshila. “Poxa, papai, e a minha festa de 9 anos?”, perguntou Eyshila. Ela sonhava com uma festa grande, animada pela banda Rebeldes.

De uniforme e boné, posando na frente do bar ou atrás do balcão, Lúcio Flávio ouviu muita gozação. Orgulhoso, disse que não telefonou para nenhum colega pedindo dinheiro, mas que, no lugar deles, teria oferecido uma grana ao perdedor. Aproveita seus 15 minutos de fama para martelar na imprensa e nos programas de televisão sua fé em Deus, sua determinação (“Sou um brasileiro, não desisto nunca”) e seus sonhos – caso algum ricaço se apiede dele e resolva ajudá-lo. Por enquanto, espera que o patrão entenda o assédio que o faz chegar atrasado ao trabalho e, quem sabe, o promova. O Cervantes é um bar-restaurante de mais de meio século de idade. Os donos são espanhóis. Serve até as 3 horas da madrugada generosos sanduíches. O carro-chefe é o de filé, queijo e abacaxi. Lúcio Flávio trabalha na filial da Barra da Tijuca, que abriu há sete anos e é bem menos tradicional que a sede na Prado Júnior, em Copacabana, rua movimentada e rodeada de inferninhos.

“Não existe azar, existe destino”, diz Lúcio Flávio, ainda traumatizado com a história. “Eu cheguei a colocar os R$ 10 no bolão da Quina, mas peguei de volta porque estava sem dinheiro para a passagem de volta para casa e não sabia ainda como seria o movimento do bar naquele dia.” Lúcio Flávio tinha acabado de receber R$ 10 que um colega lhe devia por uma outra aposta, sobre a semifinal da Copa do Brasil. Ele não consegue responder à pergunta que todo mundo faz. Mas por que, Lúcio, logo você, um dos apostadores mais militantes da casa, desistiu agora? “Não sei o que me deu, mas um dia vai chegar minha vez, Deus está aprontando alguma coisa para mim. E nunca mais deixo de apostar em nada.” Duro dizer a ele que é remotíssima a probabilidade de que ele enriqueça com outro bolão.

A derrota tem um lado bom num país solidário com os perdedores.
A história de Lúcio Flávio comoveu o Brasil
Penso em como Lúcio Flávio se sente ao deitar e ao acordar. O dia é mais fácil, sempre cheio de trabalho, ainda mais agora que o bar perdeu repentinamente dez garçons, seis copeiros, dois caixas e um gerente, todos premiados pela Quina de São João. Mas há os momentos consigo mesmo e com a família. A cara mal-humorada da mãe, fazendo-se de vítima na televisão, sugere que ele deve ter passado maus bocados com dona Dilma. Tomara que se recupere das cobranças em casa. Na última sexta-feira, ganhou ao vivo, no Encontro com Fátima Bernardes, uma camisa autografada do Ronaldo Fenômeno e ouviu conselhos de quem já enfrentou derrotas e adversidades.

Não adianta chegar para Lúcio Flávio e dizer que esses R$ 635 mil não seriam garantia de felicidade para ele, seus pais, sua filha Eyshila e seu filho João Vítor, de 12 anos. Muitos milionários de loteria já perderam tudo, ficaram endividados, perderam o rumo, as amizades, a família e até a vida, assassinados ou estressados. Em poucos dias, ele aprendeu que a derrota tem um lado bom num país que se solidariza com os perdedores. Enquanto os colegas receiam ser sequestrados e são xingados de egoístas por amigos e parentes, ele virou o protagonista da história e comoveu o Brasil.

Está a caminho de virar o chato de galocha, a figurinha mais batida dos programas populares de rádio e de auditório. Resista com dignidade ao assédio, Lúcio Flávio. Continue a apostar, se é seu vício, mas mude de santo, por precaução.


RUTH DE AQUINO é colunista de ÉPOCA
03 de julho de 2012

AOS QUE ME LEMBRARAM

Pois, caríssimos, sou bastante desatento às circunstâncias sociais de minha vida. Jamais comemorei aniversário e sempre me esqueço da data. Quem a lembra o mais das vezes são minhas gerentes de banco. Não nasci em hospital. Mas em geografia onde, a algumas léguas de distância, sempre se encontrava uma parteira. Sei que a minha se chamava Dona Diolinda. Naqueles pagos, quando uma mulher já estava nas vascas da agonia, alguém atrelava um cavalo a uma aranha e saía quase a galope em busca da Dona Diolinda. Nem todos sobreviviam ao parto. Eu, mais por sorte do que por cuidados médicos, aqui estou. Dona Diolinda chegou a tempo.

Quanto a registrar filhos, eram outros quinhentos. Primeiro era prudente esperar, questão de ver se a cria vingava, para não perder uma cavalgada até o cartório. Assim sendo, se oficialmente meu aniversário é hoje, em verdade nasci no 02 de abril. Meus pais deram uns prudentes três meses de prazo, para só então registrar-me no cartório de Don Camilo Tamborindegui Benia, basco que dera com os costados por aquelas plagas.

Assim que, lá no Upamaruty, data de aniversário é muito relativo. Sem falar que nasci em época e circunstâncias em que sequer era costume dar presentes ao aniversariante. Presentes como? Só indo até a cidade buscar algum, e isso atrapalhava as lides da lavoura. Presente, então, ficava para quando alguém resolvesse encilhar algum matungo para ir até o povoado.

Mesmo o nome era algo que pouco importava. Pelo que me lembro, nem meu pai nem minha mãe algum dia me chamaram de Janer. Muito menos de Cristaldo. Isso é para questões de documentos. Eu era para alguns Nenê. Para outros, o Negrinho. E quando alguém queria me definir melhor, eu era o Negrinho do Canário. Ou o guri do Canário. Que era meu pai, mas tampouco se chamava Canário. Mas Geraldo. Coisas lá de fora.

Verdade que nem só de meu aniversário me esqueço. Mas até do próprio nome. Cristaldo era o sobrenome de meu avô paterno. Acabou, junto com o Janer, virando prenome. De onde saiu o Janer é outra boa pergunta. Pelo que sei, daqueles antigos almanaques de farmácia, que traziam desde prescrição de remédios até previsão do tempo e informações sobre a boa época de plantar milho, batata ou feijão. Em meio a estes serviços, cá e lá havia um pequeno pensamento. Consta ter sido nesses tais de pensamentos que minha mãe encontrou o Janer, que seria um escritor menor francês.

Só bem mais tarde, fui descobrir que meu nome tem origens escandinavas. Se escreve do mesmo jeito, mas se pronuncia Ianér. Parece que nome veio descendo, virou Jenner lá pelas Alemanhas, Janér na França, e de novo Janer na Catalunha, mas lá se pronunciaria Ianê. Pesquisando na rede, vi que nos Estados Unidos é sobrenome. Na Espanha, encontrei uma escritora catalã chamada Maria de la Pau Janer, nascida em Palma de Mallorca. Pau, em catalão, quer dizer paz.

Mas meu nome mesmo, para efeitos oficiais, é Ferreira Moreira. Como adotei os dois prenomes para escrever, me esqueço da origem ibérica. Não duvido até que seja judeu. Ferreira e Moreira são sobrenomes de cristãos novos. Se sou judeu, isto prova definitivamente que ser ou não ser judeu não depende de raça, mas de cultura, porque de judeu nada tenho. Como jamais uso meus sobrenomes, a não ser em atos oficiais ou documentos, isto me gera certos problemas. Nos hotéis na Espanha, sou el señor Moreira. Em Paris, M. Morrerrá. Só que esqueço de avisar meus amigos. E já perdi não poucos encontros, por me procurarem por Janer.

Quase perdi avião. Certa vez, eu esperava com a Baixinha um vôo em Barajas, em Madri. Lá pelas tantas, ouço nos microfones alguém chamar:
- Señor Moreira, favor presentarse en las oficinas de Ibéria.
Comentei com a Baixinha:
- Tem um luso atrasado para um vôo.
Foi quando o sistema de som repetiu:
- Señor Moreira, favor presentarse en las oficinas de Ibéria.
Nem me dei por aludido. Comentei serenamente:
- O luso vai perder o vôo.
Foi só na terceira vez que me dei conta, assustado, que el Señor Moreira se trataba de este que vos escribe.

Em 94, denunciei na Folha de São Paulo a farsa do massacre dos ianomâmis, criada por antropólogos e missionários ianques, com o objetivo de forçar a demarcação de um território para uma tribo que sequer existe. Por um punhado de linhas na imprensa internacional, Collor de Mello entregou a dez mil aborígenes que, existindo há milênios, não conseguiram emergir de uma cultura ágrafa, um território equivalente a três Bélgicas, uma para cada três mil bugres. Nunca houve tribo ianomâmi no Brasil. O que houve foi uma criação, na imprensa internacional, de um fictício território ianomâmi, por obra da fotógrafa Claudia Andujar, de nacionalidade indefinida. Quando as autoridades brasileiras se deram conta de que tribos são demarcadas por antropólogos, não por fotógrafos, já era tarde demais. O território fora demarcado.

Na época, em artigo intitulado “Ianoblefe”, denunciei a farsa toda. De 19 mortos inicialmente na chacina,o número subiu para 40, depois para 73 e acabou voltando para 19. Se que no entanto nenhum corpo fosse encontrado. Em função de meus artigos, fui processado por racismo, por sete entidades ligadas a antropólogos e bugres, que pediam para mim cinco anos de prisão. Claro que não levaram.

Mas volto a meu nome. Como seria natural, assinei com o nome jornalístico. Ao pé da página, o editor colocou: Janer Cristaldo é doutor pela Université de la Sorbonne Nouvelle. Antropólogos, indigenistas – e até mesmo um cineasta – que haviam caído sobre mim como um enxame de vespas furiosas, tentaram desqualificar-me. Foram pesquisar nos arquivos da Sorbonne Nouvelle e lá não havia nenhum Dr. Janer Cristaldo.

Claro que não havia. Havia o dr. Ferreira Moreira. Ou docteur Ferrerrá Morrerrá, em bom francês. Como esqueci de assinar com meu nome jornalístico, a tese saiu em nome de meu alterego luso. Aliás, até hoje não me peguei meu diploma. Primeiro, porque exigia muita burocracia. Segundo, de que me adiantava exibir na parede o DR do Ferreira Moreira?

Enfim, para dizer que se às vezes me confundo com meu nome, não é de espantar que esqueça minha data natalícia. Tenho sido lembrado, nos últimos dois anos, pelos interlocutores do Facebook. Completo hoje, oficialmente, minha 65ª volta em torno ao sol. (De fato, foi há três meses). Recebi não poucos votos de muitos dias felizes pela frente.

Principalmente de Dom Pedrito, o que muito me comove. Só agora, nestes dias de Internet, estou falando com a cidade em que me criei. Quando escrevia em Porto Alegre, há boas quatro décadas, era praticamente desconhecido em Dom Pedrito, pois só um ou dois exemplares do jornal chegavam lá. Hoje, posso ser lido em qualquer lugar do mundo.

Se serão muito os dias felizes, não sei. Nunca sabemos. Mas espero que sejam, para continuar espicaçando leitores. Aos que me lembraram – já que eu me esqueço -, meu comovido agradecimento. E minhas escusas por enganá-los. Mas isto é o de menos, afinal cumprimos aniversário todos os dias.


03 de julho de 2012
janer cristaldo

ENQUANTO ISSO, NO PAÍS DUPINIQUINHO...

É O FIM DA PICADA! GOVERNO PAGARÁ R$ 107 MIL A PALOCCI POR QUARENTENA AO DEIXAR GOVERNO.
Palocci: a marca do deboche.
A Comissão de Ética Pública decidiu nesta segunda-feira que o ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci tem direito a receber salários pelo período em que ficou de quarentena, após deixar o governo em junho de 2011. A lei determina que ministros fiquem quatro meses sem 'realizar atividade incompatível com o cargo anteriormente exercido'.

Palocci tem direito a receber cerca de R$107 mil, o equivalente a quatro meses de salário de um ministro, de R$ 26,7 mil por mês. O presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, disse que o pedido de remuneração pelo período da quarentena foi feito por Palocci ao colegiado.

— Todo ministro de Estado faz parte do Conselho de Governo, mas o chefe da Casa Civil, especificamente, faz parte de vários conselhos, e fica impedido de atuar naquelas áreas durante os quatro meses, então tem direito à remuneração — explicou.

O Código de Conduta da Alta Administração Federal prevê a aplicação de quarentena a membros do Conselho de Governo, do Conselho Monetário Nacional, da Câmara de Política Econômica e da Câmara de Comércio Exterior do Conselho de Governo, do Comitê de Gestão da Câmara de Comércio Exterior e do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil e a diretores de agências reguladoras.

Palocci foi exonerado após denúncias de evolução patrimonial incompatível e de prestação de consultorias a empresas privadas enquanto ocupava cargos públicos. A Comissão de Ética aplicou duas censuras éticas ao ex-ministro, uma em novembro de 2011, por ter alugado um apartamento em São Paulo, registrado em nome de uma empresa controlada por um laranja, e outra em maio deste ano, pela prestação de consultorias entre 2006 e 2010.
Do portal da RBS/Diário Catarinens
03 de julho de 2012

A ENTREVISTA DE CHICO DE OLIVEIRA, UM DOS FUNDADORES DO PT, AO PROGRAMA RODA VIVA DA TV CULTURA

Recomendada para todos os petralhas e para a oposição. Um chapéu que cabe em qualquer cabeça


A imagem abaixo, uma charge de Chico Caruso, foi captada por Ricardo Noblat, um dos entrevistadores que estavam na bancada do Roda Viva. A frase é do professor Chico de Oliveira.



03 de julho de 2012
in abobado

QUANTO MAIS TRIPUDIARÃO SOBRE NOSSA PACIÊNCIA

Amiúde, encontramos militares, mormente da Reserva, e civis, que estão possessos de indignação. Os revoltados, em alto e bom som, esbravejam contra tudo e contra todos, e motivos não faltam. Ensandecidos enumeram um rosário de patifarias no varejo e no atacado e, também, as infames cusparadas na face dos militares.
Coitados, falam de roldão sobre a Comissão da Verdade, muitos nem sabem dos Comitês pró–Comissão que foram criados em cada estado, e que realizam mutirões para coletar as vítimas da repressão e os seus algozes. Sem contar a turma do “esculacho”, pronta para denegrir e crucificar a quem caiu na sua alça de mira.
Aqui e acolá surgem, em grupos, com palavras de ordem, ou desordem, com pichações, com escárnio, infernizando a vida de quem participou, honradamente, na luta contra a subversão, e mesmo daqueles, que apenas passaram por perto. Mas, ai dos vencidos.
Outros enrubescem, lembrando o caso do Cadete Lapoente. Que vergonha. E dos uniformes com propaganda no uniforme da tropa de pacificação do EB nos morros do Rio de Janeiro.
E relembram como as instituições militares caíram nas mãos do famigerado Grupo “Tortura Nunca Mais” e na sanha de seus acólitos, inclusive dos membros de altíssimo coturno do desgoverno.
Também os mais otimistas comentam com tristeza o que esperam do julgamento do Mensalão, pois são tantos os Ministros do STF nomeados pelos desgovernos, que só por milagre poderá acontecer algo de depreciativo para os acusados de maior relevância.
Se o Dirceu for sacrificado, o que ninguém espera, continuará nos bastidores, desempenhando o seu conhecido papel. Se absolvido, sabe–se lá, não será o nosso próximo Vice?
E a CPMI do Cachoeira?
A água despenca aos turbilhões, e vemos nadar, sofregamente, um cardume de tubarões, nadadeira dorsal à mostra, prontos para estraçalhar aqueles peixinhos que podem trazer-lhes algum problema, e nada mais. Breve, da enxurrada, sobrará na terra árida da falta de justiça, um miserável filete.
Aos poucos, os exaltados vão baixando o tom de voz, e a indignação passa à decepção, à tristeza, à magoa, pois aos canalhas de hoje juntam–se os de ontem, e lembram como a metamorfose atacava ao Sarney, à Roseana, ao Maluf, ao Collor e uma melancolia angustiada invade o coração daqueles amarrotados brasileiros, ao vê-los, lépidos, sorridentes e calorosamente abraçados.
É triste, mas é a mais pura verdade.
Resta esperar um tsunami, não um vagalhão de águas arrasador, que desabe sobre o Brasil varonil, porém uma onda de moralidade que se abata sobre a canalhice trigueira, e faça uma faxina no mar de lama que encobre a nossa terra.
O Brasil é um botim valioso, rendoso, tanto que unem–se os mais deploráveis e velhacos nativos, para cada um sacar o que puder.
Para alguns, basta saciar a sedenta vaidade mas o poder não vem só, traz mordomias, adoradores e riquezas; para outros, move a cobiça, a presença na mídia, a proximidade com o poder e suas vantagens, como a impunidade.
Todos, independentemente da raça, da cor, da crença, da ideologia, são abomináveis patifes, dispostos a pegarem o que puderem, enquanto não houver um pingo de dignidade e de homens com um mínimo de determinação dispostos a dar um basta em tamanho descalabro.
Sim, nós nascemos assim, sem vergonha, sem atitude, e vamos vivendo como zumbis, ou ao que tudo indica sucumbiremos na mais nojenta cova rasa.
Valmir Fonseca Azevedo Pereira, presidente do Ternuma,
é General de Brigada Reformado.
Fonte:Ternuma

IPEA: CRESCIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA É MEDÍOCRE


O crescimento da economia brasileira em 2012 tem sido medíocre nas palavras do coordenador do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg.

Não adianta tapar o sol com a peneira, completou, durante a divulgação do boletim Conjuntura em Foco, da instituição.

O documento compara indicadores macroeconômicos de 2012, com resultados desfavoráveis, aos de 2011 e os de 2010. Ao divulgar o boletim, o técnico fez duras críticas à atual política econômica que, segundo ele, estaria centrada em lançar pacotes de medidas inseridas no curto prazismo, sem compromisso com o longo prazo. É o caso do programa Brasil Maior, na avaliação do técnico.

Estamos perdendo o foco da política econômica, que está se tornando um emaranhado de políticas desconexas e pontuais, que não estão atuando em uma estratégia de longo prazo de crescimento afirmou.

Para ele, o governo deveria estar centrando esforços em buscar outro modelo que possa levar o país a uma trajetória de crescimento econômico sustentável.

Há claramente um esgotamento do modelo de crescimento baseado em consumo afirmou, lembrando que as estratégias norteadas pela demanda doméstica sustentaram as taxas do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos últimos anos.

O novo modelo deveria ser sustentado por ações que apoiem o fortalecimento da fatia dos investimentos no PIB, na análise do especialista. No primeiro trimestre, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) foi de 18,7% do PIB, abaixo da meta desejada pelo governo, de superar a faixa dos 20% no ano.

Ele observou que, historicamente, em momentos onde a conjuntura macroeconômica indica sinais negativos em várias frentes, o investimento público torna-se uma espécie de tábua de salvação da economia. Mas, em sua análise, além de não elevar investimentos no momento atual, o governo não está buscando esse novo modelo. Tampouco está idealizando estratégias para impulsionar investimentos da iniciativa privada.

Começamos a entrar em uma política, que eu realmente não entendo, que é de privilegiar superávits primários feitos em cima de cortes de investimentos afirmou.

Dados preliminares apurados pelo instituto até o primeiro semestre deste ano sinalizam que o investimento público está desacelerando fortemente nas esferas federal e estadual, nas palavras de Messenberg. Somente os investimentos federais nos cinco primeiros meses do ano somaram R$ 8,5 bilhões, inferior aos R$ 8,8 bilhões em igual período de 2011, de acordo com o boletim.

Indústria perde produtividade

Outro fator que contribui para a fraca expansão econômica atual, citado pelo Ipea em seu boletim, é a perda de produtividade da indústria da transformação. O instituto alertou sobre um perigoso descolamento entre os níveis de produtividade e a evolução dos salários reais, dentro da indústria. Isso, na prática, eleva o custo unitário do trabalho e onera mais ainda o setor industrial.

Caso este descolamento prossiga, pode funcionar como mais um obstáculo à possibilidade de retomada da atividade industrial nos próximos meses e, por consequência, ajudar a desacelerar ainda mais o ritmo de crescimento do PIB brasileiro, na análise do instituto. A indústria da transformação também não tem muito estímulo para investir completou a técnica do Ipea, Renata Silva.

Por sua vez, o técnico de planejamento e pesquisa do instituto, Leonardo Mello, afirmou que, para a atividade industrial não encerrar 2012 com taxa de variação negativa, seria preciso um crescimento mensal da ordem de 1,6% de junho a dezembro desse ano.

O instituto não divulga projeções para atividade industrial. Hoje, o IBGE anunciou queda de 0,9% na produção industrial de maio contra abril.

O Globo
03 de julho de 2012

GRATA E NON GRATA...

Ontem, Márcio Thomaz Bastos, advogado e ex-ministro da Justiça, visitou a Folha de São Paulo, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.
Já no Palácio do Planalto a sua entrada está proibida, após ter assumido a defesa de Carlinhos Cachoeira, por R$ 15 milhões.
Dilma Rousseff considera o fato inaceitável, tendo em vista o papel que o ex-ministro da Justiça já teve na indicação de ministros do STF e na obstrução das investigações do Mensalão.
Além disso, o Planalto não quer a mínima ligação com a CPI.
 
03 de julho de 2012
coroneLeaks
 

FAZ SUCESSO NA INTERNET A DENÚNCIA DE GAROTINHO SOBRE SADALA , QUE SERIA LARANJA DE CABRAL E CAVENDISH

A briga da dupla Anthony Garotinho/Cesar Maia contra Sérgio Cabral/Eduardo Paes é proveitosa para a população do Rio de Janeiro, porque está trazendo à tona os podres da política fluminense, que certamente é uma das mais corruptas do país. Agora, faz sucesso na internet essa denúncia do blog de Anthony Garotinho contra o “empresário” Georges Sadala.

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Georges Sadala: De empresário falido, da noite para o dia, virou milionário e “laranja” de Cabral e Cavendish

Georges Sadala Rihan é amigo íntimo de Fernando Cavendish e Sergio Cabral. Inclusive no casamento de Sadala, segundo a revista Caras, um dos pajens foi Tiago Cabral, filho do governador e de Adriana Ancelmo. Foi Sadala quem levou a Delta para Minas Gerais, sendo o testa-de-ferro de Cavendish em vários negócios.

Há alguns anos atrás, Georges Sadala era um mal sucedido empresário, com empresas inativas e até declarado falido pela justiça. Mas de repente tirou a sorte grande. Foi no governo de Sérgio Cabral que Sadala teve um crescimento patrimonial vertiginoso, através da constituição de oito empresas no período entre dezembro de 2007 e abril de 2011.
De empresário falido devendo na praça, com as bênçãos de Cabral em pouco tempo virou um milionário e companheiro de farras do governador e de Fernando Cavendish pelo mundo afora, fazendo parte da “Gangue dos Guardanapos”.

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PROGRAMA RIO POUPA TEMPO

A união do Rei Arthur, Sadala e o Mensalão de Brasília

O Rio Poupa Tempo é uma iniciativa do governo estadual entregue ao CONSÓRCIO AGILIZA RIO, formado pelas empresas GELPAR EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA, de cuja sociedade faz parte Georges Sadala; Vex Logística em Transportes Ltda (Novo nome do Facility, do Rei Arthur); B2BR e CEI Shopping Centers.

As outras empresas do CONSÓRCIO AGILIZA RIO estão nas mãos de outros amigos de Cabral. A Facility Tecnologia (CNPJ 04.704.424/0001-98) ficava na Rua Comandante Vergueiro da Cruz 315, Olaria.

Outra empresa participante do CONSÓRCIO AGILIZA RIO é a B2BR, do Grupo TBA Informática, cuja presidente é CRISTINA BONNER. Ela é acusada por Durval Barbosa, pivô das denúncias do Mensalão do DF, de abastecer o esquema de corrupção entre o ex-governador Arruda e deputados distritais com propinas em troca de contratos com o governo.
Para assistir o vídeo clique no link abaixo.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,em-gravacao-inedita-delator-do-mensalao-do-dem-diz-que-autoridades-tem-copias-de-suas-fitas,692830,0.htm

O negócio de Sadala com o amigo Cabral através do Rio Poupa Tempo é bastante lucrativo e já rendeu mais de 57 milhões em menos de quatro anos.
E ainda mais, o quarto termo aditivo assinado em 29/11/11, que reajustou o valor do contrato para mais de R$ 2,3 milhões por mês.

Agora vejam vocês mais uma coincidência incrível. Sadala é vizinho de Cabral, Cavendish e Côrtes no Condomínio Portobelo, em Mangaratiba (um novo paraíso fiscal). Por ironia do destino, todos eles enriqueceram nos últimos 5 anos e 4 meses, tempo em que Cabral está no Palácio Guanabara…

Investigações estão perto de comprovar que Cabral tem um apartamento em Paris em nome de George Sadala, comprado por Fernando Cavendish. E mais grave: as mesmas investigações mostram que o luxuoso apartamento em que Sadala mora na Avenida Vieira Souto, em Ipanema foi comprado por Cavendish e doado a Sadala.

Avenida Vieira Souto, nº 582, Ipanema. O endereço de Fernando Cavendish e também de Georges Sadala


A ESTIAGEM NO SUL DO BRASIL E O SISTEMA AQUÍFERO GUARANI

Este ano de 2012 se iniciou com a falta de água causando estragos na Região Sul. Mais de 500 municípios, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Paraná, tiveram que enfrentar situação de emergência e cerca de três milhões de pessoas foram afetadas, diretamente, pela falta de chuva desde o ano passado, comprometendo a produção agrícola e o abastecimento nos três Estados, com quebra na produção de feijão, milho, soja, arroz e leite. Só no Rio Grande do Sul já se contabilizaram perdas de mais de R$ 2,2 bilhões devido à estiagem dos últimos meses.

Mas, ao contrário do que tenta pregar os governos estaduais e federal, NÃO FALTA ÁGUA NO SUL DO PAÍS! Pelo contrário, ela é uma das regiões do mundo onde existe mais água, pois está localizada sobre o Sistema Aquífero Guarani.

Este Sistema é formado, principalmente, pelas areias endurecidas (chamadas de arenitos) de dois antigos desertos que existiam nessa região da América do Sul, há mais de 170 milhões de anos atrás (portanto, bem antes da revolução industrial, da invenção da motosserra e do desenvolvimento da agricultura!), parcialmente sobrepostos, formados por dunas de areia semelhantes as que vemos hoje no deserto do Saara.

Esse Sistema abrange parte dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, além de parte do Uruguai, Argentina e Paraguai, ocupando uma área total de 1.185.500 Km2, com espessura máxima de 800 metros nas regiões mais profundas e volume de água estocado na ordem de 37 mil km3, segundo alguns estudiosos, suficiente para abastecer de água a população brasileira durante 2.500 anos, já que existe a recarga natural de 160 km3, realizada pela infiltração da água na borda leste da Bacia do Paraná, onde o arenito é visível e tem uma espessura média de 200 metros!

As reservas explotáveis do sistema correspondem parte da recarga natural (média plurianual) e representa o potencial renovável de água que circula no Aquífero que pode ser usado sem que se corra o risco de vê-lo secar ou diminuir de nível. Estima-se esse valor de uso em 40 km3 por ano.

Quanto à qualidade, as águas possuem potabilidade bastante adequada e valores variáveis de salinidade em quase toda a sua extensão. São classificadas como bicarbonatadas sódicas e cálcio-magnesianas próximo das áreas de recarga e bicarbonatadas sódicas a cloro-sulfatadas sódicas nas porções mais interiores do sistema, com a ocorrência de valores atípicos (tóxicos) de fluoreto em alguns pontos dos Estados de São Paulo e Paraná. A temperatura da água também varia, com o aumento da temperatura em direção à região mais profunda, chegando a 50oC e 65oC.

O curioso é que essa reserva de água fica quase toda protegida da contaminação da superfície por uma dura camada de lava vulcânica que foi derramada na sua parte superior lá pelos tempos em que esta parte do continente estava rachando para se separar da África. Essa lava virou uma pedra escura chamada basalto, muito comum na região sul e sudeste.



DESENVOLVIMENTO

Um importante salto social e econômico poderia ser alcançado com o uso dessas águas, principalmente pelo fato de estas poderem ser consumidas, em geral, sem necessidade de serem previamente tratadas, tendo em vista os mecanismos naturais de filtração e que ocorrem no subsolo.

Mas, graças ao imobilismo dos nossos governantes e à ideia que a população atual deve passar sede hoje para que a geração que virá daqui a 2.600 anos possa beber água, os aspectos relativos ao desenvolvimento e ao uso das funções do aquífero são ainda insignificantes, mantendo populações na MISÉRIA. Dentre estes recursos, destacam-se o seu uso na pecuária, na agricultura, com a irrigação das áreas em desertificação, e das águas aquecidas em balneários e fazendas turísticas.

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E NOS ESTADOS UNIDOS?

Mas, e nos Estados Unidos? Lá 20% de toda a água usada pela população são de origem subterrânea e um dos mais importantes aquíferos do país é o High Plains/Ogallala, que cobre 450 mil km2 dos estados de Nebraska, Colorado, Kansas, Dakota do Sul, Wyoming e Novo Mexico e, também as regiões do Pandhandle de Oklahoma e Texas e é responsável, sozinho, por aproximadamente 30% da água subterrânea usada na irrigação dos Estados Unidos, iniciada em 1800, quando os pioneiros perfuraram os primeiros poços nesse aquífero, e é feita hoje através de 170 mil poços.

A irrigação com a água do aquífero High Plains/Ogallala é hoje responsável, em grande parte, pela RIQUEZA e alta produtividade das fazendas e granjas daquela região dos Estados Unidos, que inclui uma percentagem bem significativa da produção nacional de milho, sorgo, algodão e trigo, e metade do gado de corte do país! Atualmente, 18 milhões de acres são irrigados com a água bombeada do aquífero, já que o rendimento das terras irrigadas é o triplo do rendimento das terras sem irrigação. Parece que por lá a indústria da seca não prosperou!

Ou não precisamos de água ou os governantes querem manter o país na miséria e os brasileiros no cabresto das cestas básicas, carros-pipas e dos empréstimos bancários. De que adianta termos as maiores jazidas de minerais caros do mundo se não podemos explorá-las?
Para a maioria absoluta dos moradores do sul do país tanto faz que o Sistema Aquífero Guarani seja formado por água, por lama ou por pedra, já que permanece intocado e esperando que apareça algum governante de boa vontade.

Fonte: Diversos livros de geologia. Podem ocorrer pequenas variações nos números, dependendo do pesquisador ou da época em que os estudos foram efetuados.

MAIORES DEVEDORES DA JUSTIÇA TRABALHISTA SÃO ESTATAIS E EMPRESAS FALIDAS

Recentemente, o Tribunal Superior do Trabalho divulgou dados sobre os maiores devedores no Judiciário trabalhista: empresas falidas (ou pessoas ligadas a elas) e estatais. A fonte de informação é a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas – CNDT, criada como forma de pressionar empresas devedoras.

Todavia já se avalia que a CNDT pouco contribuirá para redução dos problemas de pagamento de execuções. De acordo com o instrumento, este abrange apenas 0,01% do total de 1,110 milhão de devedores condenados pela justiça trabalhista. São ao todo 1,7 milhão de processos, num valor estimado em R$ 24 bilhões.

Fonte oficiosa indica que existem na JT cerca de R$ 800 bilhões em ativos trabalhistas. O Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal aparecem no topo do ranking de empresas com maior número de processos trabalhistas. Elas figuram com destaque na lista inédita divulgada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) com cem empresas já condenadas pela Justiça a pagar indenização por violar direitos dos empregados.

O BB ficou em segundo lugar, com 2.472 processos, e a Caixa em quarto, com 2.117. Na 13ª posição, com 1.476 causas, está a Petrobras. A primeira desse ranking é a falida Vasp, com 4.913 processos. Outras companhias aéreas que não funcionam mais, como Transbrasil e Varig, também estão na lista e, nesses casos, a chance de os trabalhadores receberem é quase nenhuma.

Então se não existem ativos, de que forma os trabalhadores receberão seus direitos? Como responder para a sociedade, se a CNDT resolve apenas a ínfima taxa de 0,01% do total das dívidas trabalhistas?

PROJETO?!



A VIDA PRIVADA DE ASSANGE É USADA PARA TENTAR OCULTAR O GRANDE TRIUNFO DE WIKILEAKS


A partir do momento em que Julian Assange conseguiu evitar a prisão, buscando refúgio na embaixada do Equador em Knightsbridge, escapando assim de ser extraditado para a Suécia, e provavelmente, em seguida, para os EUA, os jornalistas, colunistas e comentaristas britânicos tornaram-no alvo da mais escandalosa agressão. Parecem babar de ódio, enquanto repetem os mais mesquinhos ‘exemplos’ de uma pressuposta grosseria, pressuposto egoísmo e aparência pressuposta ‘péssima’, como se o que dizem fosse verdade e, por ser escrito pelos que escrevem, se tratasse de crimes imperdoáveis.

O que se lê na imprensa britânica fala, uma vez mais, muito mais do convencionalismo e do instinto de manada dos formadores britânicos de opinião, do que de Assange. O que passa sem ser noticiado, em toda a cobertura, é o quase inacreditável sucesso do fundador de WikiLeaks, que conseguiu publicar documentos do governo dos EUA, os quais, publicados, permitiram que muitos, em todo o mundo, começassem a saber como realmente agem seus governos.
Que os eleitores conheçam, precisamente, esse tipo de fato é a alma da democracia, porque os eleitores têm de ser bem informados, para que consigam eleger representantes que de dediquem a fazer “governo do povo, pelo povo e para o povo”.

Graças a WikiLeaks, a opinião pública teve acesso a mais informação sobre o que fazem pelo mundo os EUA e seus aliados do que nunca antes, em toda a história da imprensa ocidental. O único momento semelhante a esse que me vem à mente foi a publicação, pelos bolcheviques vitoriosos em 1917, de tratados secretos, incluindo planos da Grã-Bretanha e da França, para ocupar o Oriente Médio[1].

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PAPÉIS DO PENTÁGONO

Paralelo mais fácil foi a publicação dos Papéis do Pentágono, graças a Daniel Ellsberg em 1971, que revelaram as sistemáticas mentiras do governo Johnson sobre o Vietnã. Como se fez contra Assange, Ellsberg foi massacrado pela imprensa e pelo governo dos EUA, que o ameaçou com as mais severas penas.

Aspecto extraordinário da campanha contra Assange é que jornalistas, colunistas e ‘especialistas’ sentem-se perfeitamente livres para publicar milhares de palavras sobre alegadas faltas de Assange, sem que se leia qualquer indignação contra os crimes de Estado, infinitamente mais graves, que WikiLeaks revelou ao mundo.

Os críticos e os leitores que concordam com eles deveriam, antes de falar, assistir a 17 minutos de um filme divulgado por WikiLeaks, filmado pela tripulação de um helicóptero Apache, sobre um bairro na parte leste de Bagdá, dia 12/7/2007. Mostra a tripulação do helicóptero matando, a rajadas de metralhadora, pessoas que se veem no solo, e que os soldados norte-americanos dizem supor que fossem guerrilheiros armados.

Examinando o filme, não consigo ver arma alguma. O que teria sido tomado por arma, em mãos de um dos mortos, foi depois identificado como uma câmera de filmagem que estava sendo usada por Namir Noor-Eldeen, jovem fotógrafo da agência Reuters, morto, com o motorista também a serviço da Reuters, Saeed Chmagh.
O vídeo mostra o helicóptero
voltando para um segundo ataque, dessa vez contra uma caminhonete que parou para recolher os cadáveres e os feridos. O motorista dessa caminhonete também foi morto, e duas crianças foram feridas. “Há-há-há! Acertei eles!” – grita, em triunfo, um dos soldados norte-americanos. “Olhem só os filhos da puta mortos!”

Eu estava em Bagdá quando a matança aconteceu e lembro que, no momento, nem eu nem outros jornalistas que lá estavam acreditamos no que o Pentágono informou, que todos eram guerrilheiros armados. Mas não havia como provar que o Pentágono mentira. Rebeldes armados não estariam conversando na esquina, com helicópteros dos EUA à vista.

Logo se soube que havia um vídeo da matança, mas o Departamento de Defesa recusou-se terminantemente a divulgá-lo, nem quando se invocou a Lei da Liberdade de Informar. A versão oficial nunca pôde ser desmentida, até que o vídeo chegasse a WikiLeaks, enviado, parece, por um soldado dos EUA, Bradley Manning. WikiLeaks publicou o vídeo em 2010.

Os telegramas diplomáticos que chegaram a WikiLeaks foram publicados adiante, no mesmo ano, em cinco jornais – The New York Times, The Guardian, Le Monde, Der Spiegel e El País – mas a resposta ao trabalho de Assange foi surpreendentemente mesquinha.
Os jornalistas pareceram ter ficado furiosos por seu campo de caça privativo ter sido invadido por um nerd australiano, que fizera o trabalho que os jornalistas não haviam feito. Na Grã-Bretanha, o colunariato das empresas jornalísticas é clube notoriamente fechado, conservador e hostil a quem chegue de outros contextos culturais, com diferentes normas políticas.

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TEMPORADA DE CAÇA

Mas nem isso bastaria para explicar que toda a mídia planetária declarasse aberta a temporada de caça a Assange. Para que isso acontecesse, foi preciso que aparecessem acusações de que Assange seria autor de estupro na Suécia. Acusações de estupro destroem qualquer reputação, por mais frágeis que sejam as provas e mesmo que não haja prova alguma. Assange nunca conseguiu recuperar-se completamente daquelas acusações.

Quanto à sugestão de que ele estaria exagerando o risco de ser extraditado da Suécia para os EUA, é parte da caçada: quem, em sã consciência se exporia a algum acaso, mesmo que com 5% de probabilidades de deixar-se meter-se num voo para a Suécia que poderia levá-lo a sentença de 40 anos de cadeia nos EUA?

Muitos jornalistas e comentarista agarraram-se ao argumento oficial de que os vazamentos teriam “posto vidas em risco”. Esse lobby começou a fracassar e a calar em 2011, quando funcionários do Pentágono tiveram de reconhecer, extraoficialmente, que não havia qualquer prova de que alguém tivesse sido ferido ou morto por causa dos vazamentos.

Resposta melhor seria que WikiLeaks nada revelou de realmente secreto; e que os documentos aos quais o cabo Manning teve acesso não eram classificados como secretos. Outro bom argumento de defesa ouvi de um diplomata dos EUA em Cabul, onde eu estava na época da publicação. Disse ele: “Não há segredo algum a ser divulgado por WikiLeaks, porque os ‘segredos’ já foram vazados pela Casa Branca, Pentágono ou Departamento de Estado, que não souberam proteger os próprios documentos sigilosos, se fossem sigilosos”.

Na prática, os documentos publicados por WikiLeaks são exclusivamente e vastamente informativos sobre o que os EUA fazem e sobre o que os EUA pensam sobre o mundo no qual vivemos. Por exemplo, há um telegrama enviado da embaixada dos EUA em Cabul, em 2009, no qual o primeiro-ministro é descrito como “indivíduo paranóico e fraco, sem qualquer familiaridade com o básico da construção nacional”.

(Texto enviado por Valter Xeu, do site Pátria Latina)

Patrick Cockburn
(The Independent)
03 de julho de 2012

PARTIDOS RACHADOS

PT rompe com o PSD e ainda briga entre si em vários estados. PMDB briga com PT. DEM troca farpas com o PSDB que se engalfinha com o próprio PSDB. Reina a mais completa balbúrdia no universo partidário brasileiro. Já não existe situação ou oposição. É tudo uma questão de conveniências e oportunidades.
03  de julho de 2012
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Inevitável. Continua sendo uma impropriedade chamar-se de Partidos, episódicas agremiações, ou clubes, ou organizações, que se agrupam em torno, não de idéias ou ideologias, mas de interesses privados, de disputas de poder, de caça aos privilégios que esse grande negócio a que se insiste em chamar de política, pode proporcionar àqueles que, pelo ludibrio ou pelas alianças espúrias, chegam ao 'podium'.
Já houve quem apropriadamente definisse os partidos como organizações criminosas, como máfias.
Certamente, se há algum exagero, e poderíamos dizer que a existência de alguns poucos 'justos', impede que se generalize tais definições, podemos afirmar que partidos políticos certamente não são.
Faltam-lhes o caráter,  a retidão ideológica, o programa partidário realmente e eticamente observados pelos seus integrantes.
Nos 'publicanos' e 'farisaicos' dias que correm, transformou-se a política em um daqueles 'games' violentos, em que vence quem melhor calunia, falsifica a história, compra consciências, alia-se, ainda que momentaneamente, àqueles que lhes pode servir no momento, sabendo-se já, que o mais rápido no gatilho, mais cedo será o traidor da aliança.

 Cheios de um zelo ardente de partidarismos, inimigos dos inovadores, fingem grande severidade de princípios, mas sob as aparências de uma prestimosidade meticulosa, escondem costumes corruptos, muito orgulho, e acima de tudo, uma sede excessiva de poder, de dominação.

Para eles, a política é apenas um meio de vencer na vida, um fim em si mesma, nunca o instrumento de transformação social para o benefício da nação. Possuem apenas a aparência e a ostentação da virtude, uma fraude para ludibriar o povo, aos olhos do qual passam por benfeitores honestos e impolutos.

Agora, entredevoram-se diante das contrariedades e ambições ameaçadas. Antropofágicos e ambiciosos, fizeram uma história desastrada, e nos registros anais do futuro, serão jogados nos socavões da memória histórica para a vergonha de suas gerações vindouras.
m.americo

NA MESA COM GETÚLIO VARGAS

Lira Neto, que acaba de lançar o primeiro livro de sua trilogia sobre Getúlio Vargas, conta, em texto escrito a pedido da Folha, sobre a predileção do ex-presidente pelo churrasco e como eram os jantares no antigo palácio e na residência oficial. Para o político gaúcho, só se conhecia bem um interlocutor diante de um bom prato de comida. O texto de Lira Neto nos foi enviado pelo comentarista Mário Assis.

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Lira Neto

No início de 1931, após apenas dois meses da chegada ao poder, Getúlio Vargas recebeu o ministro da aviação italiana, o fascista Italo Balbo, com um banquete no antigo Palácio Itamarati, na rua Marechal Floriano, próximo à estação Central do Brasil, Rio de Janeiro.
O menu primava por apresentar ao visitante estrangeiro os sabores exóticos da cozinha brasileira: caldo de tartaruga, filé de robalo, carneiro ao forno e assado de macuco (ave de grande porte da Mata Atlântica).

À hora do brinde, o ministro Balbo levantou a taça de champanhe e disse que o Duce, Benito Mussolini, pretendia cultivar com o máximo empenho as relações de amizade entre italianos e brasileiros.

Depois dos discursos de praxe e da comilança pantagruélica, a sobremesa ficou por conta das articulações políticas, das compotas de frutas tropicais e do sorvete de bacuri, seguidos do licor de jenipapo, café e charutos na biblioteca do prédio.

Ao longo dos cerca de 18 anos que permaneceria à frente do poder, Getúlio repetiria a dose, recepcionando os muitos representantes estrangeiros com cardápios de marcado acento nativo.
Mas quando estava reunido entre amigos ou com políticos brasileiros, não hesitava. O prato principal servido aos correligionários era sempre um só: o típico churrasco gaúcho.

Dizem os que conheceram o ex-presidente na intimidade que ele tinha um apetite voraz por carne vermelha, ao ponto de impressionar os convidados à mesa pela enorme quantidade de proteína animal que conseguia ingerir, de uma vez só, em ocasiões do gênero.

Isso, sem dúvida, era herança da infância e da juventude vividas nos pampas, onde, desde menino, Getúlio foi iniciado no ritual de abater e carnear o boi, para depois sentar em volta do fogo com os companheiros de estância e observar o lento crepitar das brasas e das chamas conferindo cor, aroma e sabor às fibras sangrentas, sorvidas na forma de nacos fumegantes.

De acordo com o escritor riograndense Pedro Vergara, os antigos e bravos gaúchos faziam desse ato uma cerimônia quase sagrada, em que a necessidade, a morte e a festa andariam juntas. “Não se pode comer sem matar; isso foi autorizado aos homens por uma divindade que se comprazia do cheiro da carne assada.”

Em família, à hora do almoço, Getúlio cultivava deleites mais frugais. O frango cozido ou assado era quase uma instituição no Palácio Guanabara, então residência oficial da Presidência da República. Darcy, a primeira-dama, reservava para o marido o osso em forma de forquilha do peito da galinha. Os filhos já sabiam que saborear a carne branca que envolvia o ossinho era um dos prazeres prediletos do pai à mesa.

Fosse em prosaicos jantares domésticos ou em solenes ágapes oficiais, uma coisa Getúlio jamais dispensava: o robusto havana após a xícara de café quente.
Todas as noites, para fazer o “quilo”, gostava de sair caminhando a pé pela praia do Flamengo, com seu característico paletó de linho branco e o par de sapatos bicolores, deixando atrás de si um rastro de baforadas no ar.

O hábito de fumar charutos – os de sua predileção eram os da marca Soberano e Mil e Uma Noites – também provinha da mocidade. Nas prateleiras da pequena biblioteca particular do jovem acadêmico de direito Getúlio Vargas, as páginas dos livros de Nietzsche, Darwin, Saint-Simon, Zola, Euclides da Cunha e Aluísio Azevedo, então seus autores favoritos, recendiam a tabaco e, também, a erva-mate moída.

O chimarrão, como não poderia deixar de ser, era outra das paixões do gauchíssimo Getúlio. Por vezes, despachava com ministros e auxiliares de cuia na mão, a bombilha de prata nos lábios.
Exímio observador, dono de invulgar faro político, Getúlio afirmava que só se conhece bem um interlocutor diante de um bom prato de comida.
Desconfiava dos que o cercavam cheios de salamaleques e rapapés, mas que em público se diziam desinteressados por cargos, benesses e sinecuras. Considerava que esses eram os mais gulosos de poder.

“Conheço bem esses que se sentam à nossa mesa e fazem de conta que não querem comer. São justamente os de maior apetite.”

03 de julho de 2012
tribuna da internet

PSICÓLOGOS E PSICOPATAS


          Artigos - Cultura        
O que leva alguém a defender mutações jurídico-políticas tão monstruosas quanto aquelas aqui mencionadas não é nenhum impulso sexual, seja homo, seja hetero. É a psicopatia pura e simples.

Não creio que a atração erótica entre pessoas do mesmo sexo seja antinatural e não vejo mesmo nenhum motivo, em princípio, para classificá-la como doença. Também é fato que o termo "homossexualismo" não corresponde a um fenômeno homogêneo e sim a uma variedade de impulsos, desejos e comportamentos, numa gama que vai desde a repulsa ao outro sexo até a completa identificação com ele.
Se na linguagem da propaganda condutas tão díspares são reduzidas artificialmente à unidade de símbolos ideológicos, com valores opostos conforme as preferências de quem os use, isso não é motivo para que os profissionais da saúde mental se deixem levar por idêntica histeria semântica e, violando a regra mais básica da técnica lógica, tirem conclusões unívocas de termos equívocos.

Resta, ademais, um fato incontornável: como toda e qualquer outra conduta sexual humana, o homossexualismo, em toda a diversidade das condutas que o termo encobre, nem sempre emana de um desejo sexual genuíno. Pode, em muitos casos, ser uma camuflagem, uma válvula de escape para conflitos emocionais de outra ordem, até mesmo alheios à vida sexual.
É possível e obrigatório, nesse caso, falar de falso homossexualismo, de homossexualismo neurótico ou mesmo psicótico, para distingui-lo do homossexualismo normal, nascido de um autêntico e direto impulso erótico.

A proibição de dar tratamento psicológico a pacientes que sintam desconforto com a sua vida homossexual resulta num impedimento legal de distinguir entre esses dois tipos de conduta especificamente diferentes, entre o mero impulso sexual e a sintomatologia neurótica, equalizando, portanto, homossexualismo e doença.

Por outro lado, essa diferença, em cada caso concreto, não pode ser estabelecida a priori, mas só se revela no curso da psicoterapia mesma. É previsível que, uma vez removido o conflito profundo, o interesse pela prática homossexual diminuirá ou desaparecerá nos portadores de homossexualismo neurótico, ao passo que os homossexuais normais continuarão a sê-lo como antes.

A proibição de distingui-los resulta, portanto, em encobrir a neurose sob uma carapaça de proteção legal, fazendo do Estado o guardião da doença em vez de guardião da saúde.

A proposta de consagrar aquela proibição em lei revela, nos seus autores, a incapacidade de fazer distinções clínicas elementares, e esta incapacidade, por sua vez, nos dá a prova incontestável de uma incultura científica e de uma inépcia profissional suficientes para justificar que essas pessoas sejam excluídas da corporação dos psicólogos. A autoridade desses indivíduos para opinar em questões de psicologia é, rigorosamente, nenhuma.

Porém há ainda algo de mais grave. A proposta da proibição acima mencionada vem no contexto de um movimento criado para proibir e punir como "crime de homofobia" toda opinião adversa à conduta homossexual, independentemente da linguagem serena ou inflamada, polida ou impolida, racional ou irracional com que essa opinião se expresse. Pareceres científicos, juízos filosóficos e ensinamentos doutrinais das religiões são assim nivelados, como delitos, aos insultos mais grosseiros e às manifestações mais ostensivas de preconceito e discriminação.

Com toda a evidência, nenhuma palavra contra a conduta homossexual neurótica ou sã será permitida. Ao longo de toda a História, nenhuma outra conduta humana gozou jamais de tão vasto privilégio, de tão abrangente proteção. Nenhuma esteve jamais imunizada por lei contra a possibilidade de críticas.

Não o é, por exemplo, nenhuma conduta política. Não o é nenhuma qualidade humana, por mais excelsa e respeitável. Não o é a genialidade artística ou científica, a honestidade impoluta ou mesmo a santidade.
Não o é a vida pública ou privada de quem quer que seja.
Não o é nem mesmo a conduta usual de um casal heterossexual, frequentemente criticada como sintoma de trivialidade e falta de imaginação. Não o é, por fim, o próprio Deus, contra o qual se dizem e se escrevem, livremente e sem medo de punição, toda sorte de barbaridades.

A proteção legal que se reivindica para o homossexualismo é tão claramente megalômana, tão desproporcional com os direitos de todas as demais pessoas e grupos, que resultará em fazer dessa conduta um domínio – o

A proposta é tão inequivocamente demencial que o simples fato de que a mídia e o Parlamento cheguem a discuti-la a sério já é prova de que boa parte da sociedade – justamente a parte mais falante e ativa – perdeu o senso inato da distinção não só entre o normal e o patológico, mas entre realidade e fantasia.

Segundo o grande psiquiatra polonês Andrzei Lobaczewski (Political Ponerology, 2007), isso acontece justamente quando os postos de liderança estão repletos de personalidades psicopáticas, as quais, com suas ações temerárias e sua fria insensibilidade às emoções normais humanas, acabam, quando triunfantes, por espalhar na população em geral um estado de confusão atônita, de falta de discernimento e, no fim das contas, de estupidez moral.

Homossexuais podem ser pessoas normais e saudáveis? É claro que podem. Mas o que leva alguém a defender mutações jurídico-políticas tão monstruosas quanto aquelas aqui mencionadas não é nenhum impulso sexual, seja homo, seja hetero. É a psicopatia pura e simples.

Mais que incompetentes e indignos de exercer a profissão de psicólogos, os apóstolos de tais medidas são mentes deformadas, perigosas, destrutivas, cuja presença em altos postos é uma promessa segura de danos e sofrimentos para toda a população.

Escrito por Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio.

APÓS UM ATAQUE ISRAELENSE CONTRA O IRÃ

    
          Internacional - Oriente Médio 
Os mulás enfrentam sérias limitações quanto a capacidade de retaliação, incluindo vulnerabilidade militar e necessidade premente em não aumentar o número de inimigos externos.

Como irão os iranianos responder a um ataque israelense contra a sua infraestrutura nuclear? As respostas a esta previsão têm grande importância, que afetam não apenas a decisão de Jerusalém, mas também o quanto outros países estão trabalhando para evitar um ataque israelense.

Os analistas costumam apresentar o que seria a melhor das hipóteses a favor da política de contenção e dissuasão (alguns comentaristas chegam a ponto de saudar um Irã nuclearmente armado) e ao mesmo tempo prever a pior das hipóteses em consequência de um ataque. Preveem que Teerã fará tudo que estiver ao seu alcance para revidar, como terrorismo, sequestros, ataques com mísseis, combates navais e o fechamento do Estreito de Hormuz. Estas previsões ignoram dois fatos: nenhum dos ataques anteriores de Israel contra países inimigos que estavam construindo armas atômicas, Iraque em 1981 e Síria em 2007, resultaram em retaliação e uma análise do histórico da República Islâmica do Irã desde 1979 aponta para uma avaliação "mais comedida e menos apocalíptica—ainda que preocupante—sobre a provável consequência de um ataque preventivo".

Estas são as palavras de Michael Eisenstadt e Michael Knights do Washington Institute for Near Eastern Policy, que apresentam um excelente guia para os possíveis cenários em "Beyond Worst-Case Analysis: Iran's Likely Responses to an Israeli Preventive Strike." O levantamento por eles realizado sobre o comportamento iraniano nas últimas três décadas levou-os a compreender que três princípios centrais irão provavelmente moldar e limitar a resposta de Teerã a um ataque israelense: insistência quanto à reciprocidade, cautela em não criar inimigos gratuitamente e o desejo de impedir futuros ataques israelenses (ou americanos).




Os mulás, em outras palavras, enfrentam sérias limitações quanto a capacidade de retaliação, incluindo vulnerabilidade militar e necessidade premente em não aumentar o número de inimigos externos. Estabelecidas estas linhas de orientação, Eisenstadt e Knights avaliam oito possíveis ações iranianas, cada uma deverá apreciar o mérito e ao mesmo tempo ter em mente a alternativa – a saber, das armas nucleares estarem sob controle dosislamistas apocalípticos:

  • Ataques terroristas a alvos israelenses, judaicos e americanos. Provável, mas com destruição limitada.
  • Sequestro de cidadãos americanos, especialmente no Iraque. Provável, mas com impacto limitado, como nos anos de 1980 no Líbano.
  • Ataques contra americanos no Iraque e no Afeganistão. Alta probabilidade, principalmente por meio de milícias, mas com destruição limitada.
  • Ataques com mísseis contra Israel. Provável: alguns mísseis do Irã passarão pelas defesas israelenses, levando a mortos e feridos na casa de algumas centenas, mísseis do Hisbolá, limitados em número devido a considerações internas do Líbano. Improvável: Envolvimento do Hamas, pelo fato de ter-se distanciado de Teerã, do governo Sírio que luta pela sobrevivência contra forças de oposição cada vez mais fortes e possivelmente também das forças armadas turcas. Como um todo, é improvável que ataques com mísseis farão estragos devastadores.
  • Ataques contra países vizinhos. Provável: terrorismo, por ser passível de ser negado. Improvável: ataques com mísseis, visto que Teerã não deseja criar novos inimigos.
  • Confrontos com a marinha americana. Provável: contudo, dado o equilíbrio de forças, com estrago limitado.
  • Espalhar secretamente minas no Estreito de Hormuz. Provável, causaria uma escalada nos preços do petróleo.
  • Tentativa de fechar o Estreito de Hormuz. Improvável: difícil de ser alcançado e potencialmente muito danoso aos interesses iranianos, pois precisam do estreito para o comércio.
Os autores também avaliam três efeitos colaterais de um ataque israelense. Sim, os iranianos poderão se aglutinar em torno do governo como resultado imediato do ataque, mas no longo prazo Teerã "poderá ser censurado por ter tratado a questão nuclear de um modo que levou ao confronto militar".
A assim chamada via árabe prevê eternamente a retaliação em resposta a ataques militares externos, porém nunca retalia; os prováveis tumultos entre os xiitas do Golfo Pérsico serão contrabalançados por muitos árabes aplaudindo silenciosamente os israelenses. Quanto a abandonar o Tratado de Não Proliferação e iniciar abertamente e com ímpeto o programa de armas nucleares, embora "altamente provável", quanto mais os iranianos retaliarem, mais complicado será para eles obterem as peças para o programa.

Levando tudo isso em conta, os perigos são graves mas não cataclísmicos, administráveis, mas não devastadores. Eisenstadt e Knights esperam um curto período de reações iranianas de alta intensidade, seguidas por um "conflito prolongado de baixa intensidade que poderá durar meses ou até anos" – como o já existente entre Irã e Israel. Um ataque preventivo israelense, concluem eles, ainda que seja uma "iniciativa de alto risco, que carrega consigo o potencial de escalação no Levante ou no Golfo, … não será o evento apocalíptico que alguns prenunciam".

Esta análise expõe de forma convincente que o perigo de armas nucleares caírem nas mãos dos iranianos é de longe muito maior do que o perigo de um ataque para evitar que isto aconteça.

Escrito por Daniel Pipes