"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 3 de abril de 2012

"SER PETISTA É NUNCA TER DE PEDIR PERDÃO!"

As embarcações passaram a ser conhecidas como "lanchas da Ideli"

Enquanto Demóstenes Torres se afoga numa cachoeira de denúncias a Stasi petralha vai distribuindo na base do conta-gotas o material do escâncalo. Já no que respeita aos escândalos petistas os fatos cabem apenas nos rodapés dos jornais e em matéria coriqueira dos telejornais.

Depois que o site da revista Veja decidiu substituir reportagens de importância política por matérias de amenidades sobrou apenas o blog do Reinaldo Azevedo. Todo o resto se tornou jornalismo amorfo, borocochô. Por isso resolvi trazer à colação - êpa! - um post escrito por Reinaldo Azevedo que traz notícia das lanchas de Ideli Salvatti. Vai ao ponto, como sempre.

Leiam:

Quando a presidente Dilma Rousseff escolheu Ideli Salvatti para o Ministério das Relações Institucionais, escolhia também um método de argumentação, uma, digamos assim, inteligência. Leiam o que informa o Estadão Online. Volto depois:

Ideli nega responsabilidade por compra de lanchas pelo Ministério da Pesca

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse nesta terça-feira, 3, que não pode dizer “se foi um equívoco ou não” a compra de 28 lanchas-patrulha pelo Ministério da Pesca, que é alvo de suspeitas levantadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Parte do pagamento do contrato de R$ 31 milhões à empresa Intech Boating foi feito sob a gestão de Ideli no ministério.

Como o Estado revelou na semana passada, a Intech Boating doou R$ 150 mil ao comitê eleitoral do PT em Santa Catarina, que financiou 81% dos custos da campanha de Ideli ao governo estadual. Questionada hoje por jornalistas se a compra das lanchas não teria sido um equívoco, Ideli respondeu: “Meu amor, eu não posso dizer se foi um equívoco ou não. Quando cheguei ao ministério, tomei todas as providências no sentido de agilizar que as lanchas fossem utilizadas, entregues, fossem repassadas. Não posso me responsabilizar”. O comentário foi feito depois do lançamento do pacote com medidas de estímulo à economia, no Palácio do Planalto. Em entrevista ao Estadão, o ex-titular da Pesca Luiz Sérgio disse que a aquisição foi um “malfeito”.

Ideli voltou a afirmar nesta terça que a doação da empresa ao Partido dos Trabalhadores “foi legal”. “A contribuição (doação) foi legal, feita ao comitê estadual do PT, a minha conta de campanha foi aprovada por unanimidade, o comitê estadual repassou recursos para todos os candidatos do PT de Santa Catarina. Eu tô muito tranquila, a hora que eu for acionada vou prestar os esclarecimentos”, disse a ministra. “No relatório do TCU não há uma única citação à minha pessoa. Não tenho nada a ver com aquilo”, afirmou Ideli.

Voltei

Pois é… Sempre que leio as palavras dessas almas delicadas do petismo para explicar as suas lambanças - como eles são rigorosos, Deus meu! -, sinto, assim, o frêmito de quem se vê diante da moral e em estado bruto… Não! Eu quis dizer da “moral em estado puro”, é evidente.

Veja bem, “meu amor”: as lanchas foram, na hipótese benigna, havendo uma, um “erro” em si. Por quê? Não poderiam ser utilizadas com o fim a que se destinariam, a vigilância, porque o Ministério da Piaba não tinha competência para tanto. O outro “erro” foi escolher a empresa de um petista para o fornecimento dos equipamentos - sem licitação, naturalmente. E o terceiro “erro” consistiu em receber a doação dessa mesma empresa para a campanha eleitoral de… Ideli. A mesma Ideli que, ainda senadora e já pré-candidata do partido ao governo, participou de solenidades de assinatura de contrato. Titular, depois, do Ministério da Piaba, encarregou-se de pagar a dívida, que era, então, do Ministério, com a empresa que fizera a doação para a própria Ideli - quer dizer, para o partido, “meu amor”.

Mas Ideli, “meu amor”, não vê problema nenhum em nada disso. Não vendo, supõe-se que aplique esses seus critérios de rígida moral na relação do governo com os partidos da base aliada. Ela já está pronta para editar uma cartilha de Educação Moral e Cívica. Lembro que o primeiro titular do Turismo do governo Dilma, Pedro Novais, caiu porque a pasta não conseguiu explicar lambanças que somavam… R$ 2 milhões. As lanchas custaram R$ 23 milhões. Petistas podem pecar até 10 vezes mais, que ainda estão no terreno da inocência.

E só porque a memória é uma das defesas que temos contra a empulhação, cumpre lembrar que, antes mesmo de assumir o Ministério da Piaba, Ideli não conseguiu explicar por que, então senadora, havia gastado verba de representação com hospedagem em hotéis em Brasília, mesmo tendo o auxílio-moradia.

Mas essas coisas, “meu amor”, não precisam de explicação. Ser petista, afinal de contas, é nunca ter de pedir perdão.

Meu amor!

03 de abril de 2012
aluizio amorim

VIRTUDES NACIONAIS

Artigos - Cultura

Que eu saiba, nenhuma acusação de tortura pesa ou pesou jamais contra aqueles oficiais atacados na porta do Clube Militar.

Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. Trezentos jovens insultando duas dúzias de octogenários –eis a imagem daquilo que, no Brasil de hoje, se considera um exemplo de coragem cívica.

É possível descer ainda mais baixo? É. Nenhum dos agressores se lembrou sequer de perguntar se algum daqueles velhos, a quem cobriam de cusparadas, xingamentos e ameaças, esteve pessoalmente envolvido nos episódios de tortura que lhes eram ali imputados, ou se o único crime deles não consistia em puro delito de opinião.

Que eu saiba, nenhuma acusação de tortura pesa ou pesou jamais contra aqueles oficiais atacados na porta do Clube Militar. O único acusado, o coronel Brilhante Ustra, não estava presente e foi queimado em efígie.
Os outros pagaram pelo crime de achar que Ustra é inocente, que o governo militar foi melhor do que a alternativa cubana ou que as violências praticadas por aquele regime pesam menos do que as suas realizações. Por isso, e só por isso, foram chamados de assassinos e torturadores.


Não apenas a "coragem" é o nome que hoje se dá à covardia mais sórdida, mas o "senso de justiça" consiste em acusar a esmo, sem ter em conta a diferença que vai entre aplaudir um regime extinto e ter praticado crimes em nome dele.

Se o simples fato de avaliar positivamente um governo suspeito de tortura faz do cidadão um torturador, então os arruaceiros reunidos na porta do Clube Militar, bem como o seu instigador, o cineasta Sílvio Tendler, são todos torturadores, e o são em muito maior escala do que qualquer militar brasileiro, pelo apoio risonho e cúmplice que, uns mais, outros menos, por ações e omissões, têm dado a regimes incomparavelmente mais cruéis do que jamais o foi a nossa ditadura.

Essa observação aplica-se especialmente, e da maneira mais literal possível, aos militantes do PC do B, a organização mais representada naquele espetáculo. É o partido maoísta, nascido e crescido no culto a um monstro genocida, estuprador e pedófilo, campeão absoluto de assassinatos em massa, que se zangou com a URSS por achar que o governo de Moscou não era violento e cruel à altura do que o exigiam os padrões da revolução mundial.

Por todas as normas do direito internacional, a lealdade retroativa a um regime reconhecidamente genocida é crime contra a humanidade. A carga dessa culpa imensurável é a única autoridade moral com que a massa de jovens revoltadinhos se apresenta ante os oficiais das nossas Forças Armadas, acusando-os de crimes que talvez alguns de seus colegas de farda tenham cometido, mas que eles próprios jamais cometeram.

O sr. Silvio Tendler diz que sua mãe foi torturada. É possível. Mas isso dá a ele o direito de instigar uma multidão de cabeças ocas para que acusem de tortura qualquer saudosista do regime militar que encontrem pela frente? Não entende, esse pretenso intelectual, a diferença entre crime de tortura e delito de opinião?

Opinião por opinião, pergunto eu: os méritos e deméritos do regime militar brasileiro já foram examinados com isenção e honestidade, em comparação com a alternativa comunista que suas pretensas vítimas lutavam para implantar no Brasil? Os brasileiros que, exilados ou por vontade própria, se colocaram a serviço dos regimes de Havana e de Pequim não se acumpliciaram com uma violência ditatorial incomparavelmente mais assassina do que aquela contra a qual agora esbravejam histericamente? Ou será que os cadáveres de cem mil cubanos, dez mil angolanos e setenta milhões de chineses, assassinados com o apoio dessa gente, pesam menos que os de algumas dezenas de terroristas brasileiros?

Havana, é verdade, fica longe, Luanda fica ainda mais longe, a China então nem se fala, e o Doi-Codi fica logo ali. Mas desde quando a gravidade dos crimes é medida pela razão inversa da distância em que foram cometidos?

Também é fato que os mortos de Cuba, de Angola e da China nunca foram manchete no Brasil, mas devemos acreditar, a sério, que a extensão do mal é determinada objetivamente pelo escarcéu jornalístico concedido a umas vítimas e negado a outras por simpatizantes ideológicos das primeiras?

Essas perguntas, bem sei, não se fazem. Não são de bom tom. Mas, na dissolução geral da própria ideia das virtudes, que senso do bom-tom poderia sobreviver num país cujo presidente se gaba, veraz ou falsamente, de haver tentado estuprar um companheiro de cela, e ainda diz ter saudades do tempo em que os meninos da sua região natal faziam sexo com cabritas e jumentas, se é que faziam mesmo e não foi ele próprio quem os inventou à imagem e semelhança da sua imaginação perversa? E será preciso lembrar que essa mesma criatura, indiciada em inquérito pelo maior esquema de corrupção de que já se teve notícia nesse país, reagiu com um sorriso cínico, alegando-se protegida não pela sua inocência, que nunca existiu, mas pela lentidão da Justiça?

Será exagero, será insulto criminoso chamar de cafajeste o homem capaz de fazer essas declarações em público? E será insana conjetura suspeitar que esses e outros tantos exemplos da cafajestada oficial, copiados por milhares de incelenças, louvados em prosa e verso por uma legião de sicofantas, repassados com orgulho do alto das cátedras, transfigurados por fim em "valores culturais" e aceitos com sorrisos de complacência entre paternal e servil pelas nossas "classes dominantes", criaram o modelo de coragem e justiça que hoje inspira os bravos agressores de anciãos?

Olavo de Carvalho
03 de abril de 2012
Publicado no Diário do Comércio.

SOBRE O FILME "JOGOS VORAZES"

Artigos - Cultura

Fui assistir ao filme Jogos Vorazes com muita expectativa, após ver o trailer do filme. Antes de entrar na sala de exibição, um display de propaganda do próprio filme me chamou atenção, ao afirmar que esta saga era “tão emocionante quanto Crepúsculo e Harry Potter”.

Sem refletir muito com tal observação fui assisti-lo. Ao acabar, pude constatar que a propaganda estava errada. Tal filme (e provavelmente toda a trilogia) é melhor do que as histórias de bruxos e vampiros.

O que a torna tão especial, no meu ponto de vista, é a sua profundidade em relação às ficções anteriores. Em Harry Potter, temos um bruxinho órfão que é o “prometido” para acabar com o mal: um vilão que quer dominar o mundo (muito criativo...). Na série Crepúsculo, temos um drama adolescente vampírico-pseudoerótico, no qual um vampiro é moralista (assim buscam afirmar que a figura do mal pode ser boazinha) e as implicações de seu relacionamento com uma humana normal, que trazem consequências bizarras (mas humanizadas) entre as pessoas que rodeiam o casal estranho. O que vai de encontro a toda literatura sobre o assunto (Bram Stocker se remoeria no túmulo se lesse a narrativa de Stephenie Meyer). Em comum, estas sagas tratam de sociedades fantásticas paralelas à atual, o que dá um toque quase esotérico aos personagens, pois, no fim das contas, tudo o que acontece com eles se resume ao seu mundinho oculto, afastado da sociedade na qual eles também deveriam estar inseridos.

Jogos Vorazes, ao contrário, não trata de personagens fantásticos, místicos, que ocultam sua essência do mundo que os cercam. É uma história, ainda que distópica, com universo completo, muito no estilo do que Tolkien e C. S. Lewis tiveram a ousadia de fazer meio século atrás. Todo um mundo foi criado sobre premissas atuais que podem ensejar um futuro naqueles moldes. Um estado totalitário, que se estende a todos os aspectos da vida das pessoas, um povo dominado por meio do medo, da superexposição pela mídia, com a banalização da vida humana e a disposição ferrenha de um governo em não medir esforços para que o status quo se mantenha, nem que seja necessária a perseguição ideológica e física contra grupos sociais ou até mesmo a um único indivíduo.

Neste filme existem vários aspectos e personagens que merecem destaque. Inicialmente, a própria heroína, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), que não é nem vira vampira, lobisomem, alienígena, bruxa, nem é uma agente secreta da CIA ou da KGB. É tão somente uma garota extremamente comum, que, na aurora de sua juventude, já passou por muitos problemas que a amadureceram e a tornaram forte, mas sem que perdesse sua beleza exterior e interior, sua feminilidade e candura, que é vista em relação à sua suposta adversária, a também considerada pela “Capital” um mero “tributo”, Rue, e em relação a sua irmã caçula, Prim. É nesta, na verdade, em que se encontra aquilo que motiva todo o desenrolar da estória. No intuito de proteger sua irmã Prim, que não teria nenhuma chance nos jogos, a protagonista se oferece como “tributo” – não porque queria ir para os jogos e promover uma revolução, mas o fez com a certeza de que morreria, apenas para dar a vida pela sua irmã mais nova. Dar a vida por quem se ama – é um ato cada vez mais raro em uma sociedade egoísta como esta. Se não fosse este altruísmo, Katniss iria continuar a viver sua vida pobre, mas honrada, de caçadora que sustenta sua família com sacrifício, tal como muitos hoje em dia fazem com orgulho.

Outro que merece destaque é Peeta Mellark (Josh Hutcherson), o desafortunado companheiro de Katniss que também é sorteado na “colheita” e tenta enxergar da melhor maneira possível como sobreviver aos jogos. Ele é um jovem homem que não se envergonha em expressar seus sentimentos e tem ciência de que sua chance de sobrevivência é mínima, mas nem por isso se acovarda, e se expõe desde o início para proteger sua companheira e amada não correspondida, ainda que finja estar traindo-a no início, até se dispor a oferecer sua vida voluntária e serenamente por Katniss.

E o que falar da personagem do presidente Snow (Donald Sutherland), o grande líder de Panem (1)? Ver seu olhar no momento em que cumprimentava os dois tributos vitoriosos do distrito mais pobre e miserável do país só me fez pensar que talvez esta tivesse sido a mesma expressão de Hitler, caso tivesse cumprimentado Jesse Owens na Olimpíada de 1936. E como não refletir no cenário brasileiro, no “Big Brother Brasil” e nos programas sociais assistencialistas como Fome Zero e Minha Casa, Minha Vida, quando Snow diz "Dê a eles esperança, mas não muita, dê a eles uma esperança contida. Contenha-a". Será que isso acontece no Brasil?

Também devem ser lembrados Effie, como o retrato de idiota útil para o sistema, Haymitch, como aquele que é ciente do horror onde vive, mas se entrega à bebida para tentar esquecer que seus pupilos são pré-condenados, Cinna, por ser o sutil guia que mostra o caminho a ser trilhado pelos tributos e também o semi-vilão Cato, que se “imortalizou” ao cair na realidade no último momento: “Pode me matar! Eu já estou morto mesmo!”

Contudo, o grande personagem da história é o mundo no qual tudo acontece, e a relação que a elite da Capital guarda com os demais distritos. O próprio levante popular em si, de um dos distritos, do qual veio jovem tributo Rue, que morre nos braços da protagonista, não caracteriza uma “revolução”, nos moldes da mentalidade perturbada esquerdista. É a manifestação voluntária de um grupo de pessoas comuns que se cansam de ser meros escravos da distante e fria Capital, que verdadeiramente usa a mão de obra de pessoas marginalizadas e miseráveis em troca de viverem em abundante hedonismo, vaidade e vida luxuosa e fútil, totalmente alheia às mazelas dos demais seres humanos. Os moradores do distrito 11 dizem “basta” para o fato de serem utilizadas por uma elite que se diz protetora do povo, mas que na verdade toma o poder para si apenas para impor aquilo que entende o que é certo, sem deixar que as pessoas tenham a liberdade de seguir suas vidas. Se você nasceu no distrito mineiro, terá que trabalhar nas minas por toda a vida. O azar é seu.

Esta saga, que só poderia ser escrita por alguém com a sensibilidade de Suzanne Collins, leva seus leitores, jovens ou um pouco mais velhos, a pensar no seu papel na sociedade e no relacionamento que pode ser estabelecido com o ente estatal. A saga da caçadora do Distrito 12 apresenta-nos um governo que se imiscui em todos os aspectos da vida das pessoas, que controla todos os meios de produção e as massas através do medo e do desdém pelo valor da vida humana (em especial no momento mais especial e delicado, que é o da transição da infância para a vida adulta), tal quais sempre fizeram e fazem os governos fascistas e socialistas. Isto comprovadamente é algo que deve ser combatido, e a história vem demonstrando que governos assim sempre trouxeram os piores males à humanidade (União Soviética, Alemanha Nazista, China, Camboja, Cuba, Venezuela, Coréia do Norte, etc). Esta narrativa pode ser útil para educar a juventude, e evitar que tal cenário aterrador venha a se formar.

Caso compreendam a mensagem de Jogos Vorazes, as pessoas, ao menor sinal, poderão lutar contra a invasão desmesurada do Estado nas suas vidas e no mercado, bem como evitar que as diversões futuras, ao invés de evoluírem, simplesmente retrocedam ao período dos gladiadores, só que desta vez com câmeras e patrocinadores virtuais. Não é a toa que geralmente é nos Estados Unidos, onde o povo preza pela sua liberdade individual (apesar dos esquerdismos do governo Obama), que surgem histórias nas quais se retrata uma espécie de vida que eles abominam, que é o atentado sobre sua liberdade, sobre sua família e religião, sobre suas vidas. Certamente poderemos incluir Jogos Vorazes no mesmo hall de outros contos-alerta, como o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, 1984 de George Orwell e também, porque não dizer, Gattaca. Narrativas que devem existir, serem vistas e revistas, lidas e relidas, para que o que acontece nas telas e nas páginas não aconteça na vida real.

Mais do que apenas uma distopia, Jogos Vorazes é quase uma previsão do futuro, inclusive para o Brasil, caso nada seja feito, e logo, contra a esquerdalha que tomou o poder espalhando mentiras de todas as formas possíveis.

Nota:

1 - Conforme a própria autora afirmou em uma entrevista, o nome do país, “Panem” é uma alusão (dentre as várias da história) à política do “Panem et circensis”, do Império Romano, onde se controlava as massas dando-lhes pão e circo, mantendo-as alimentadas e entretidas, para se evitar levantes contra o governo.

03 de abril de 2012
Aloysio Telles de Moraes Netto é advogado.

O ESGOTAMENTO ELEITORAL DO PT E O ESQUERDISMO DE LÚCIA GUIMARÃES


Artigos - Governo do PT


Nivaldo Cordeiro comenta a falência do modelo econômico do PT, a corrupção nunca antes vista que o partido de Lula e Dilma trouxe às instituições e o ímpeto com que o PT tenta impor sua revolução cultural, o fomento da imoralidade pura e simples. O articulista do MSM também analisa o desconhecimento do que é o conservadorismo da parte de esquerdistas como Lúcia Guimarães, sempre deslumbrados com a ideia do estado interventor.

O artigo do poeta Ferreira Gullar publicado na Folha de São Paulo ('O real cobra seu preço') neste domingo (1º) traz uma excelente análise sobre o possível esgotamento eleitoral do PT no campo eleitoral. O modelo assistencialista implantado por Lula e continuado por Dilma Rousseff está estrangulando a economia e esse estrangulamento está visível a olho nu, com a morte da indústria e o sacrifício na infra-estrutura, sem investimentos necessários. O modelo econômico está arruinando a Nação e cobrará seu preço eleitoral.

À análise do poeta acrescento a minha, do esgotamento eleitoral pela via da moral. De um lado, a corrupção está alcançando no Brasil proporções mexicanas, a ponto de a vida prática estar integralmente dependente de pagamento de propinas aos "comissários do povo", o mesmo povo que voto e não pode deixar e notar a pestilência dos corruptos. Do outro, a tentativa inútil e deletéria de finalizar a revolução cultural marxista, com seu assalto final contra a família nuclear monogâmica.

Por isso o aborto assumiu para Dilma Rousseff a condição de ponto programático e a positivação no sistema jurídico dos vícios está mobilizando os conservadores. Isso também custará caro do ponto de vista eleitoral.

Assista ao comentário de Nivaldo Cordeiro na íntegra: O esgotamento eleitoral do PT



O artigo de Lúcia Guimarães publicado no Estadão neste domingo (1º), ‘Doença infantil do conservadorismo’, é didático para se compreender o abismo que separa as posições conservadoras das esquerdistas. Ela relata a fala de um juiz conservador norte-americano (Antonin Scalia), que disse que permitir que Obama aprove o seguro-saúde compulsório seria o mesmo que aprovar a compulsoriedade do consumo de brócolis.

Lúcia ficou escandalizada, por pensar sempre com o paradigma de um Estado intervencionista que tudo pode, nas supostas boas intenções. Não compreende o motivo do escândalo dos conservadores, que é precisamente a tentativa de intervenção, sempre mal vista por atentar contra as liberdades.

No vídeo: O esquerdismo didático de Lúcia Guimarães



Nivaldo Cordeiro
03 Abril 2012

A LIÇÃO CIVILIZATÓRIA DE ROBERTO ROSSELLINI

“Criou-se uma nova ruptura, profunda demais, entre o mundo ocidental, orgulhoso de seu suposto pragmatismo, e o mundo muçulmano, que, finalmente desperto, tem a coragem de se manifestar”.

Quem escreveu o período acima? Algum analista contemporâneo de política internacional? Algum jornalista consciente, preocupado com as repercussões da “primavera árabe”? Não: foi o cineasta italiano Roberto Rossellini (1906-1977), no início dos anos 1970.
Trata-se de um trecho de “Islã – Vamos Aprender a Conhecer o Mundo Muçulmano”, saindo aqui pelo selo Martins.
O texto foi pensado como roteiro para um programa de televisão que jamais foi ao ar.

Com sua capacidade de antever mudanças de rumo do planeta, Rossellini, àquela altura, já havia migrado para a TV, por entender que esse veículo de massa servia mais ao seu propósito político-pedagógico do que o velho cinema, com sua estrutura em celuloide e exibição em salas montadas para isso, a “arte do século 20″, na frase de Lenin.

Pai do neorrealismo italiano, Rossellini entendia que, já em meados dos 1960, era a TV, esse “eletrodoméstico” como a qualificava, com desdém, Federico Fellini, que daria as cartas no mundo das comunicações. E, que, assim sendo, de nada adiantava brigar com o novo veículo, mas servir-se dele para os mesmos propósitos do cinema.
De fato, Rossellini realizou um produtivo trabalho para a tela pequena, com filmes notáveis como A Tomada do Poder por Luis XIV (1966), e a série sobre filósofos, com as cinebiografias de Sócrates (1971), Pascal (1972) e outros pensadores.

O Islã seria a sua próxima meta, pois intuía e compreendia que a cisão entre Ocidente e Oriente, apontada como intransponível por Kipling, poderia se transformar no xis da questão da era moderna. Quem dirá, hoje, que estava errado?

No entanto, o tema foi considerado supérfluo pela TV italiana, que decidiu não financiar o filme. O próprio Rossellini sabia que a série não se transformaria em realidade sem a colaboração ativa, e material, dos países muçulmanos. Como não teve nem uma coisa e nem outra, nada aconteceu.

Por sorte, restaram os manuscritos, reunidos pelo filho do cineasta, Renzo Rossellini, e publicados nesse pequeno volume, que inclui também uma indispensável filmografia, completa e comentada, da produção de seu pai. Fãs de Rossellini, e todo cinéfilo digno desse nome, terão agora esse guia indispensável para a obra do diretor de Roma Cidade Aberta, Alemanha Ano Zero e Viagem à Itália.

Do trabalho sobre o Islã fica o testemunho da grande erudição de Roberto Rossellini, de sua capacidade de síntese e o dom de intuir o fundamental em qualquer questão que se apresentasse, mesmo a mais complexa e multifacetada.

No caso, ao contrário do que em geral se acredita, os caminhos de diálogo passam mais, segundo Rossellini, pelo conhecimento e pela compreensão cultural do que pela política. Ele mesmo diz, em seu texto que “para pensar é preciso saber”. Porém, do alto da sua soberba, o Ocidente, “por presunção e chauvinismo” nada conhece do mundo muçulmano. Ou, o que é pior, o “conhece” pelo filtro dos preconceitos e dos mitos depreciativos. Quer dizer, vê o Outro de maneira esquemática e deformadora. E, claro, ameaçadora, pois nada assusta mais que o desconhecido.

De modo que a finalidade desses programas de TV, que não foram realizados, seria eminentemente cultural. Informar ao distinto público que a cultura islâmica não é, em absoluto, inferior à cultura europeia. Ao contrário, essas regiões desprezadas, das quais só se conhecem o petróleo, os xeques riquíssimos e as pessoas paupérrimas, os camelos, a areia e os beduínos, foram, de fato, o berço da civilização, que, sem ela, não existiria da maneira como a conhecemos. O texto que segue, enxuto, sintético e elegante, nos dá conta, de maneira breve, da influência dos idiomas, da matemática, da astronomia, da navegação e da agricultura sobre o mundo greco-romano – e, por extensão, o nosso próprio mundo.

Conhecer o outro: eis a tarefa civilizatória proposta por Roberto Rossellini. Proposta infalível para a paz, através do conhecimento? Nada disso. Eis uma frase impecável, e dura: “… para nos odiarmos bem, ou para nos destruirmos bem, ou para nos suportarmos bem, ou para colaborarmos bem, devemos, de toda forma, nos conhecermos bem.”

Se a sabedoria não é panaceia, por outro lado, a ignorância não leva a nada. Ou melhor: leva a isto que aí está.

03 de abril de 2012
Luiz Zanin
Transcrito do Estadão

LIMINAR FAZ PROCURADORIA SUSPENDER APURAÇÃO SOBRE MANTEGA

Em meio a uma confusão jurídica, a investigação sobre suposta omissão do ministro Guido Mantega (Fazenda) no caso das suspeitas de irregularidades na Casa da Moeda foi suspensa.

A apuração havia sido anunciada pela Procuradoria da República no Distrito Federal, mas ela ignorava a existência de uma decisão provisória do STF (Supremo Tribunal Federal) que mantinha o caso no gabinete do procurador-geral da República –uma instância superior.

Mantega será investigado por caso envolvendo Casa da Moeda
Procurador encaminha denúncia contra Mantega para a 1ª instância
Mantega diz que denúncias contra ex-Casa da Moeda foram investigadas
Base na Câmara evita nova convocação de Mantega

A liminar no STF foi concedida pelo ministro Luiz Fux no dia 22, mas não havia sido divulgada publicamente.

O pedido de investigação havia sido encaminhado pelo procurador-geral, Roberto Gurgel, para a Procuradoria no DF no dia 16.

Ele entendeu que por se tratar de suspeita de improbidade administrativa o caso deveria estar na primeira instância. Se o caso fosse criminal, Mantega só poderia ser investigado pela PGR com autorização do STF.

O procurador do Distrito Federal Júlio Carlos Schwonke havia baixado portaria instaurando a apuração no dia 27, sendo que ela só foi publicada no dia 29 e divulgada ao público ontem.

No começo da noite, a Procuradoria apontou a confusão, alegando que Schwonke não sabia da liminar, e disse que não houve nenhuma investigação prática sobre atos de Mantega.

Agora, o caso volta para análise do procurador-geral. A AGU argumenta que o ministro só poderia ser investigado por ele, ainda que não se trate de ação criminal.

Fux entendeu que o caso deveria correr mesmo no STF, já que a apuração pode levar à perda da função pública. O tema é polêmico e ainda será analisado pelo tribunal.

Como a Folha revelou em fevereiro, Mantega manteve o economista Luiz Felipe Denucci Martins no cargo de presidente da Casa da Moeda mesmo depois de ter sido informado de suspeitas de corrupção no órgão.

Entre 2010 e o final do ano passado, o ministro e seu gabinete receberam diversos avisos, entre eles ao menos um ofício, do PTB, falando sobre a existência de irregularidades na Casa da Moeda.

Mantega não tomou nenhuma medida. Segundo ele, não havia consistência nas acusações contra Denucci.

O ministro, em audiência no Senado há duas semanas, confirmou que só decidiu afastar o subordinado, no final de janeiro, após ter recebido informações de que a Folha estava finalizando reportagem sobre o caso.

Antes, o ministro já havia sido cobrado pela presidente Dilma Rousseff a dar explicações públicas sobre a demissão de Denucci.

A representação com o pedido de investigação foi protocolada por senadores da oposição na Procuradoria Geral da República.

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SUSPEITAS

As suspeitas contra Denucci envolvem um conjunto de documentos de uma operadora financeira em Londres apontando que, entre 2009 e 2011, offshores em nome dele e sua família movimentaram cerca de R$ 50 milhões em contas no exterior. A operadora, WIT, era responsável pelas transações financeiras.

O dinheiro seria resultado do pagamento de comissões por fornecedores da Casa da Moeda. Denucci nega as suspeitas, mas confirmou ter aberto uma das empresas no exterior citadas pela operadora londrina.

Ele já era investigado pela Polícia Federal por outras supostas operações irregulares com dinheiro, cerca de R$ 1,8 milhão, que trouxe do exterior por meio de um banco nos EUA. Ele foi multado pela Receita Federal, mas nega irregularidades.

03 de abril de 2012
tribuna da internet

SITES E BLOGS QUESTIONAM AS LIGAÇÕES DE DIRETOR DA VEJA COM CARLINHOS CACHOEIRA

Em vários sites e blogs surge avassaladoramente mais um detalhe do escândalo do empresário-bicheiro Carlinhos Cachoeira: questiona-se por que a revista Veja noticia em sua edição online a infiltração política do contraventor, esquece de imprimir na própria revista. E a explicação certamente está nas 200 ligações entre o jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal de Brasília, e o próprio Cachoeira.

O primeiro blog a noticiar foi o jornalista Luis Nassif, que divulgou a existência dos registros das gravações em que Policarpo passava a Cachoeira informações sobre o que iria sair na revista, ouvia ideias de pautas e recebia elogios de sua fonte. Segundo o site 247, “na prática, ambos compunham um circuito privilegiado de relações entre o submundo da ilegalidade e a alta mídia acima de qualquer suspeita”. Mas será mesmo?

Detalhe: Policarpo foi recém-nomeado para a cúpula da publicação, no cargo de redator-chefe, dividido com outros dois profissionais e o diretor da sucursal da revista em Brasília.

A notícia sobre o flagrante nas relações entre um de seus profissionais de ponta e um criminoso procurado pela Justiça, preso na Operação Monte Carlo, da PF, parece ter assustado o comando da Veja. Procurado pelo site 247, o diretor de redação Eurípedes Alcântara não quis dar entrevista.

“Ele não tem dado muita sorte com redatores-chefes ultimamente. Em dezembro, precisou demitir do cargo seu antigo parceiro Mario Sabino, abatido por traquinagens como a de coordenar uma reportagem que terminou numa delegacia de polícia, sob acusação de invasão de domicílio. O profissional que deveria substituí-lo, o jornalista André Petry, chefe do escritório da revista em Nova York, foi barrado por Eurípedes que, no melhor estilo dividir para reinar, conseguiu a nomeação de três colaboradores para a mesma função. Entre eles, o grampeado Policarpo”, informa o site 247.

A verdade é que os sites e blog ligados ao Planalto (e custeados pelo governo, por coincidência, é claro) estão fazendo um carnaval. Mas é preciso saber se Cachoeira era apenas um informante do jornalista ou se as relações entre os dois eram mais “profissionais” como as do senador Demóstenes Torres, se é que vocês estão me entendendo, como dizia o colunista Maneco Muller.

Vamos aguardar para ver até aonde isso chega. É preciso ouvir e publicar as transcrições das gravações e tudo o mais, antes de massacrar o jornalista. Como se sabe, o blog de Nassif é sustentado pelo governo e o jornalista é detentor de uma pesada dívida no BNDES. Já o site 247 tem entre seus colabodores fixos o ex-ministro José Dirceu e outras figuras do PT, inclusive o intelectual Delúbio Soares.

No meio dessa bagunça, uma constatação: como é bom trabalhar num Blog independente como o da Tribuna, hein?

03 de abril de 2012
Carlos Newton

O ESGOTAMENTO MORAL E POLÍTICO DO PT



O vídeo acima fala sobre o esgotamento político e eleitoral do PT. Se o partido ainda tem alguma força, se deve ao número de adeptos, sejam enganados, sonhadores, comprados (ou mesmo os ameaçados).
Por trás desse partido, moralmente esfacelado, existe a realidade: suas falcatruas, promessas não cumpridas e um povo às vésperas de perceber como acreditou no que nunca existiu.

Além da imagem moral destruída pelos inúmeros escândalos em que está envolvido, como é o caso do mensalão, o PT terá que enfrentar um grande problema: a falta, que será eterna, da figura que sempre foi seu alicerce, o seu criador LULA.

O PT surgiu baseado na figura do ex-sindicalista (*), uma figura que não existe mais. Morra ou não, volte à política ou não, o povo jamais verá no LULA de hoje, aquele que se afastou da presidência no final do ano passado.
Coincidentemente, assim que se afastou da presidência, o alicerce do PT foi abocanhado por um câncer e se viu obrigado não apenas a sair, mas a se calar e se afastar. Um intervalo bastante prejudicial, para quem sempre usou, desde o início o palavrório e o palco para se manter em evidência .

(*) Para o surgimento do PT, foi aproveitada a verborragia do então sindicalista, ainda não muito conhecido, com o lançamento de um livro para divulgar sua "figura impoluta" em algumas entrevistas e discursos.

O livro está sendo transcrito para o blog Lula ao Avesso http://lula-ao-avesso.blogspot.com.br/. Vemos ali uma ótima maneira de se criar um político, um partido e a tapeação popular.
E como, por trás de lindas palavras, pode-se ver o lado escuso de quem fala .

*** *** ***

O artigo do poeta Ferreira Gullar publicado hoje na Folha de São Paulo (O real cobra seu preço) traz uma excelente análise sobre o possível esgotamento eleitoral do PT no campo eleitoral. O modelo assistencialista implantado por Lula e continuado por Dilma Rousseff está estrangulando a economia e esse estrangulamento está visível a olho nu, com a morte da indústria e o sacrifício na infra-estrutura, sem investimentos necessários. O modelo econômico está arruinando a Nação e cobrará seu preço eleitoral. À análise do poeta acrescento a minha, do esgotamento eleitoral pela via da moral. De um lado, a corrupção está alcançando no Brasil proporções mexicanas, a ponto de a vida prática estar integralmente dependente de pagamento de propinas aos "comissários do povo", o mesmo povo que vota e não pode deixar de notar a pestilência dos corruptos. Do outro, a tentativa inútil e deletéria de finalizar a revolução cultural marxista, com seu assalto final contra a família nuclear monogâmica. Por isso o aborto assumiu para Dilma Rousseff a condição de ponto programático e a positivação no sistema jurídico de vícios está mobilizando os conservadores. Isso custará caro também do ponto de vista eleitoral.

03 de outubro de 2012

CONGRESSO NACIONAL VAI SER REFORMADO PARA SE ADEQUAR A NOVA REALIDADE DA POLÍTICA BRASILEIRA


03 de abril de 2012
omascate

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Apesar dos esforços de Oscar Niemayer para que a reforma alcançasse a imagem de um 'camburão', seu desejo inicial ao propor as alterações na arquitetura do Congresso, não logrou o intento.
Dificuldades impediram-no de realizar o tão sonhado projeto.
Mas ficou bom e ele se deu por satisfeito. Pode não ser o camburão, mas a sua melhor metáfora...
m.americo

MEMORIAL DA DEMOCRACIA? DEMOCRACIA DO PT?!

Tenho algumas perguntas a fazer a Lula, a Kassab e aos vereadores que querem doar patrimônio público para o falso “Memorial da Democracia” do PT. Se houver resposta, juro que publico!

O Instituto Lula quer construir no Centro de São Paulo, num terreno que fica na antiga Cracolândia, o que chama “Memorial da Democracia”, que reunirá, com especial ênfase, um acervo de documentos e objetos dos oito anos de mandato do Apedeuta. Os petistas agora dizem que pretendem dar atenção também a outros momentos importantes da história, como a luta contra a escravidão, a proclamação da República etc. Para tanto, pediram à Prefeitura de São Paulo a cessão do tal terreno, com o que concordou o prefeito Gilberto Kassab (PSD), que já enviou o pedido à Câmara, onde tem folgada maioria. Então ficamos com o roteiro completo para o triunfo da mistificação: Lula, um ex-presidente bastante popular, pede um terreno ao prefeito; este, que vive uma fase de aproximação com o PT, acha a idéia boa e envia a mensagem à Câmara, onde tem maioria. A maioria dos vereadores tende a concordar: quem não é fiel a Lula é fiel a Kassab. Resta ao Ministério Público demonstrar se tem ou não vergonha na cara e memória histórica ou se também está rendido a um partido político. E por que escrevo assim?

O escracho já começa no nome do empreendimento. O inspirador do “Instituto Lula” — que quer privatizar uma área de mais de 4 mil metros quadrados, que pertence a todos os moradores de São Paulo — decidiu, como se vê, privatizar também a democracia. Julga-se no papel de quem pode ser o inspirador de um “memorial”. É uma piada grotesca, típica de asininos enfatuados, de exploradores da boa-fé pública. Se Lula é o senhor de um “Memorial da Democracia”, o que devemos a Ulysses Guimarães, por exemplo? A canonização? Estamos diante de uma pantomima histórica, de uma fraude.

Tenho algumas perguntas a fazer a Lula, a Kassab e aos vereadores que estão doidos para cair de joelhos.

1: Constituição - A negativa dos petistas em participar da sessão homologatória da Constituição de 1988, uma das atitudes mais indignas tomadas até hoje por esse partido, fará parte do “Memorial da Democracia”, ou esse trecho será aspirado da historia, mais ou menos como a ministra da Mulher diz que aspirava úteros na Colômbia?

2: Expulsões - A expulsão dos três deputados petistas que participaram do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves, pondo fim à ditadura - Airton Soares, José Eudes e Bete Mendes - fará parte do “Memorial da Democracia”, ou isso também será aspirado da história, como a Universidade Federal de Santa Catarina aspirou a entrevista da agora ministra da Mulher? Em tempo: vi dia desses Soares negar na TV Cultura que tivesse sido expulso. Diga o que quiser, agora que fez as pazes com a legenda. Foi expulso, sim!

3: Governo Itamar - A expulsão de Luíza Erundina do partido porque aceitou ser ministra da Administração do governo Itamar, cuja estabilidade era fundamental para a democracia brasileira, entra no Memorial da Democracia, ou esse fato será eliminado da história junto com os fatos, os fetos, as fotos e os homens que não são do agrado do petismo?

4: Voto contra o Real -A mobilização do partido contra a aprovação do Plano Real integrará o acervo do Memorial da Democracia, ou os petistas farão de conta que sempre apostaram na estabilidade do país?

5: Guerra contra as privatizações - As guerras bucéfalas contra as privatizações — o tema anda mais atual do que nunca — e todas as indignidades ditas contra a correta e necessária entrada do capital estrangeiro em setores ditos “estratégicos” merecerá uma leitura isenta, ou o Memorial da Democracia se atreverá a reunir como virtudes todas as imposturas do partido?

6: Luta contra a reestruturação dos bancos - A guerra insana do petismo contra a reestruturação dos bancos públicos e privados ganhará uma área especial no Memorial da Democracia, ou os petistas farão de conta que aquilo nunca aconteceu? Terão a coragem, já que são quem são, de insistir na mentira e de tratar, de novo, um dos pilares da salvação do país como um malefício, a exemplo do que fizeram no passado?

7: Ataque à Lei de Responsabilidade Fiscal - Os petistas exporão os documentos que evidenciam que o partido recorreu à Justiça contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, tornada depois cláusula pétrea da gestão de Antônio Palocci no Ministério da Fazenda?

8: Mensalão - O Memorial da Democracia vai expor, enfim, a conspiração dos vigaristas, que tiveram o desplante de usar dinheiro sujo para tentar criar uma espécie de Congresso paralelo, alimentado por escroques de dentro e de fora do governo? O prédio vai reunir os documentos da movimentação ilegal de dinheiro?

9: Duda Mendonça na CPI - Haverá no Memorial da Democracia o filme do depoimento de Duda Mendonça na CPI do Mensalão, quando confessou ter recebido numa empresa no exterior o pagamento da campanha eleitoral de Lula em 2002? O museu de Lula terá a coragem de evidenciar que ali estava motivo o bastante para o impeachment do presidente?

10: Dossiê dos aloprados - O Memorial da Democracia que tanto entusiasma Lula e Kassab trará a foto da montanha de dinheiro flagrada com os ditos aloprados, que tentavam fraudar as eleições — para não variar —, buscando imputar a José Serra um crime que não cometera? Exibirá a foto do assessor de Aloizio Mercadante, que disputava com Serra, carregando a mala preta?

11: Dossiê da Casa Civil - Esse magnífico Memorial da Democracia trará os documentos sobre o dossiê de indignidades elaborado na Casa Civil contra FHC e contra, pasmem!, Ruth Cardoso, quando a titular da pasta era ninguém menos do que Dilma Rousseff, e sua lugar-tenente, ninguém menos do que Erenice Guerra?

12: Censura à imprensa - Kassab, que quer doar o terreno, se comprometeria a pedir a Lula que o Memorial da Democracia reunisse as evidências das muitas vezes em que o PT tentou censurar a imprensa, seja tentando criar o Conselho Federal de Jornalismo, seja introduzindo no Plano Nacional de Direitos Humanos mecanismos de censura prévia?

13: Imprensa comprada e vendida - Teremos a chance de ver os contratos de publicidade do governo e das estatais com pistoleiros disfarçados de jornalistas, que usam o dinheiro público para atacar a imprensa séria e aqueles que o governo considera adversários nos governos dos Estados, no Legislativo e no Judiciário?

14 - Novo dossiê contra adversário - O Museu da Democracia do Instituto Lula reunirá as evidências todas das novas conspiratas do petismo contra o candidato da oposição em 2010, com a criação de bunker para fazer dossiês com acusações falsas e a quebra do sigilo fiscal de familiares do candidato e de dirigentes tucanos?

15 - Uso da máquina contra governos de adversários - A mobilização da máquina federal contra o governo de São Paulo em episódios como o da retomada da Cracolândia e da desocupação do Pinheirinho entrará ou não no Memorial da Democracia como ato indigno do governo federal?

16 - Apoio a ditaduras - O sistemático apoio que os petistas empenham a ditaduras mundo afora estará devidamente retratado no Memorial da Democracia? Veremos Lula a comparar presos de consciência em Cuba a presos comuns no Brasil? Veremos Dilma Rousseff a comparar os dissidentes da ilha a terroristas de Guantánamo?

Fiz acima perguntas sobre 16 temas. Poderia passar aqui a noite listando as vigarices, imposturas, falcatruas e tentativas de fraudar a democracia protagonizadas por petistas e por governos do PT. As que se lêem são apenas as mais notórias e conhecidas.

NÃO! ERRAM AQUELES QUE ACHAM QUE QUERO IMPEDIR LULA — E O PT — DE CONTAR A HISTÓRIA COMO LHE DER NA TELHA. QUEM GOSTA DE CENSURA SÃO OS PETISTAS, NÃO EU! O Apedeuta que conte o mundo desde o fim e rivalize, se quiser, com Adão, Noé, Moisés ou o próprio Deus, para citar alguém que ele deve julgar quase à sua altura. MAS NÃO HÁ DE SER COM O NOSSO DINHEIRO.

Kassab tem o direito de doar uma área pública para aquilo que será, necessariamente, um monumento à versão da história de um só partido, com especial ênfase no trabalho de um líder? Não!

Essa conversa de que será uma instituição suprapartidária é mentirosa desde a origem. Supor que Paulo Vannuchi — JUSTAMENTE O RESPONSÁVEL POR AQUELE PLANO SINISTRO QUE DIZIA SER DE DIREITOS HUMANOS E QUE PREVIA CENSURA PRÉVIA — e Paulo Okamotto possam ter qualquer iniciativa que não traga um viés petistas é tolice ou má fé. Ou, então, o prefeito transforme o centro de São Paulo numa espécie de Esplanada dos Partidos. Por que só para Lula?

Fique de olho, leitor! Se você for petista, deve achar a doação de um terreno a Lula a coisa mais normal do mundo, um presente merecido. Se não for, veja lá o que vai fazer o vereador. Se ele disser “sim” à proposta, estará sendo generoso com o seu dinheiro, com aquilo que lhe pertence.

Espalhe este texto. Herói é você, que sobrevive no Brasil mesmo com a classe política que aí está, não Lula. Ele é só um contumaz sabotador de governos alheios, que agora pretende, com a ajuda do prefeito e dos vereadores, tomar um terreno que pertence à população de São Paulo para erguer no lugar o Museu das Imposturas. De resto, basta que ele estale os dedos, e haverá empresários em penca dispostos a lhe encher as burras de grana. Que compre o terreno! E Kassab que transforme esse dinheiro em creches.

03 de abril de 2012
Reinaldo Azevedo

VOCÊS QUEREM BACALHAU?

Rodou, rodou, e voltamos ao ponto de partida.

Me bateu um desânimo, hoje, ao ver o ministro da Fazenda, com todo aquele circo armado em volta, lendo aquelas listas patéticas dos contemplados com a graça de por o nariz para cima da linha d'água quando o barco começa fazer água de que tive a ilusão de que pudéssemos nos livrar aí pelos começos do Terceiro Milênio.

"Confecções, luminárias, call centers, móveis, plásticos..."

La ia o Mantega, cheio de "erres", atirando os seus "bacalhaus" para a plateia e, na minha imaginação, eu via uma espécie de auditório de TV gigante onde, a cada nome sacado do chapéu, uma torcida se manifestava aos gritos de alívio, como quando o Jô Soares nomeia os convidados da sua plateia.

Nas primeiras filas do auditório do Mantega, aboletados em posição de destaque mas com um ar inteiramente blazé, sentava-se a fina flor dos "barões do BNDES", seguros dos seus bilhões, a nos lembrar muito graficamente que em país em que ministro da economia se dedica a montar listinhas de contemplados, só mesmo quem chora é que mama.

Reformas mesmo, nem pensar. Alterar a estrutura cuja falência o governo está confessando com seus band-aids tributário-protecionistas, de jeito nenhum.

Vamos direto e reto de volta pras carroças a preço de rolls-royce que merecemos.

O doutor Mantega mencionou a intenção do governo de obter do Congresso uma redução das alíquotas de ICMS para importados para 4% de modo a reduzir o espaço para a guerra que os governadores travam por essa brecha onde os traíras que elegemos enriquecem os espertalhões que depois financiarão as suas campanhas às custas dos empregos dos seus eleitores nas industrias nacionais que cairão de joelhos diante das importações subsidiadas com dinheiro público.

Que país, meu deus do céu!
Não estou nem culpando a Dilma, que já chegou meio no fim da festa. Pois se em países de dois partidos já não é mole aprovar políticas econômicas para tempos de vacas magras, que dirá neste pasto das matilhas de hienas da governabilidade.

Já fez mais do que eu esperava depois do que tenho ouvido por aí a respeito dessa farra do subsídio às importações, ao pelo menos mandar a lei para o Congresso de modo a "lavar as mãos".

Mas o que me garantem fontes que sabem o que estão dizendo é que é tudo só mesmo para marcar posição pois partido por partido, governador por governador, todos já provaram ao governo a sua firme disposição de não mover uma palha para extinguir essa mina.

Vão fechar a brecha para a importação de aço, graças aos préstimos de sir Gerdau e sir Steinbruch, e de certos polímeros que interessam a sir Odebrecht, todos eles devidamente alugados pelo PT para as próximas temporadas, e o resto do empresariado que se arda.

A conferir...
Agora, que é triste é triste a sina do brasileiro que insiste em empreender. Um governo que sente a necessidade de anunciar pacotes de medidas desse tipo está confessando que sua política - ou sua falta de politica - deu o que tinha de dar e precisa mudar de rumo, mas que ele não tem condições políticas sequer de pensar nisso.

A onda da inflação das commodities só serviu para inflar egos e comprar poder. Em matéria de musculatura institucional, não avançamos um passo.

03 de abril de 2012
fernaslm

O CASO DEMÓSTENES TORRES E AS RAPOSAS NO GALINHEIRO


O rumoroso caso Demóstenes Torres (DEM-GO) não é apenas mais um caso de corrupção denunciado pelo Ministério Público. É uma chance única de reavaliar o que foi a política brasileira na última década, e de como ela – venal, hipócrita e manipuladora – foi viabilizada por um estilo de cobertura política irresponsável, manipuladora e, em alguns casos, venal. E hipócrita também.

Teoricamente, todos os jornais e jornalistas sabiam quem foram os arautos da moralidade por eles eleitos nos últimos anos: representantes da política tradicional, que fizeram suas carreiras políticas à base de dominação da política local, que ocuparam cargos de governos passados sem nenhuma honra, que construíram seus impérios políticos e suas riquezas pessoais com favores de Estado, que estabeleceram relações profícuas e férteis com setores do empresariado com interesses diretos em assuntos de governo.

Foram políticos com esse perfil os escolhidos pelos meios de comunicação para vigiar a lisura de governos. Botaram raposas no galinheiro.

Nesse período, algumas denúncias eram verdadeiras, outras, não. Mas os mecanismos de produção de sensos comuns foram acionados independentemente da realidade dos fatos. Demóstenes Torres, o amigo íntimo do bicheiro, tornou-se autoridade máxima em assuntos éticos. Produziu os escândalos que quis, divulgou-os com estardalhaço. Sem ir muito longe, basta lembrar a “denúncia” de grampo supostamente feita pelo Poder Executivo no gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, então presidente da mais alta Corte do país. Era inverossímil: jamais alguém ouviu a escuta supostamente feita de uma conversa telefônica entre Demóstenes, o amigo do bicheiro, e Mendes, o amigo de Demóstenes.

Os meios de comunicação receberam a suposta transcrição de um grampo, onde Demóstenes elogia o amigo Mendes, e Mendes elogia o amigo Demóstenes, e ambos se auto-elegem os guardiões da moralidade contra um governo ditatorial e corrupto. Contando a história depois de tanto tempo, e depois de tantos escândalos Demóstenes correndo por baixo da ponte, parece piada. Mas os meios de comunicação engoliram a estória sem precisar de água. O show midiático produzido em torno do episódio transformou uma ridícula encenação em verdade.

A estratégia do show midiático é conhecida desde os primórdios da imprensa. Joga-se uma notícia de forma sensacionalista (já dizia isso Antonio Gramsci, no início do século passado, atribuindo essa prática a uma “ imprensa marrom”), que é alimentada durante o período seguinte com novos pequenos fatos que não dizem nada, mas tornam-se um show à parte; são escolhidos personagens e lhes é conferida a credibilidade de oráculos, e cada frase de um deles é apresentada como prova da venalidade alheia. No final de uma explosão de pânico como essa, o consumo de uma tapioca torna-se crime contra o Estado, e é colocado no mesmo nível do que uma licitação fraudulenta. A mentira torna-se verdade pela repetição. E a verdade é o segredo que Demóstenes – aquele que decide, com seus amigos, quem vai ser o alvo da vez – não revela.

Convenha-se que, nos últimos anos, no mínimo ficou confusa a medida de gravidade dos fatos; no outro limite, tornou-se duvidosa a veracidade das denúncias. A participação da mídia na construção e destruição de reputações foi imensa. Demóstenes não seria Demóstenes se não tivesse tanto espaço para divulgação de suas armações. Os jornais, tevês e revistas não teriam construído um Demóstenes se não tivessem caído em todas as armadilhas construídas por ele para destruir inimigos, favorecer amigos ou chantagear governos. Os interesses econômicos e ideológicos da mídia construíram relações de cumplicidade onde a última coisa que contou foi a verdade.

Ao final dos fatos, constata-se, ao longo de um mandato de oito anos, mais um ano do segundo mandato, uma sólida relação entre Demóstenes e a mídia que, com ou sem consciência dos profissionais de imprensa, conseguiu curvar um país inteiro aos interesses de uma quadrilha sediada em Goiás.

Interesses da máfia dos jogos transitaram por esse esquema de poder. E os interesses abarcavam os mais variados negócios que se possa fazer com governos, parlamentos e Justiça: aprovação de leis, regras de licitação, empregos públicos, acompanhamento de ações no Judiciário. Por conta de um interesse político da grande mídia, o Brasil tornou-se refém de Demóstenes, do bicheiro e dos amigos de ambos no poder.

Não foi a mídia que desmascarou Demóstenes: a investigação sobre ele acontece há um bom tempo no âmbito da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Nesse meio tempo, os meios de comunicação foram reféns de um desconhecido personagem de Goiás, que se tornou em pouco tempo o porta-voz da moralidade. A criatura depõe contra seus criadores.

Maria Inês Nassif *, Carta Maior
03 de abril de 2012
(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.

MAR DE LAMA DE CACHOEIRA PODE OFUSCAR MENSALÃO


Extensão da Operação Monte Carlo ameaça julgamento rápido do maior escândalo do governo Lula; os dois casos estão nas mãos do ministro Ricardo Lewandowski; um lado, já vê sinais de conspiração; o outro, fará de tudo para postergar o processo

247 - O julgamento do século no Brasil, que poderia ocorrer em maio deste ano, corre o risco de ser adiado. Trata-se do processo do Mensalão, que será relatado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, o mesmo que ficou também encarregado de conduzir a investigação criminal contra o senador Demóstenes Torres (DEM/GO), que, aparentemente agia como sócio e lobista do bicheiro Carlos Cachoeira.

Há ministros do STF, que defendem o julgamento rápido do caso. É o caso, por exemplo, de Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello. Outros, como Lewandowski e Carmen Lúcia, têm sinalizado que seria melhor que isso ocorresse depois das eleições municipais deste ano, para que um julgamento técnico não se transforme em julgamento político.

Em resumo, o escândalo decorreu de três reportagens.

A primeira, de Policarpo Júnior, em Veja, foi o filme de Maurício Marinho recebendo uma propina de R$ 5 mil nos Correios, uma estatal que, à época, era comandada pelo PTB de Roberto Jefferson.

Em seguida, Jefferson, sentindo-se traído pelo PT, concedeu duas entrevistas à jornalistas Renata Lo Prete. Na primeira, disse que havia o Mensalão -- um esquema de compra de apoio parlamentar. Na segunda, afirmou que este esquema era operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza.

A terceira reportagem da série, assinada por Leonardo Attuch, responsável pelo 247, na Istoé Dinheiro, foi a entrevista com Fernanda Karina, secretária de Valério, que deu consistência e credibilidade às denúncias de Jefferson, na condição de testemunha.

Sabe-se, agora, que a fita de Marinho foi gravada por Cachoeira e entregue a Policarpo Júnior, de Veja. Segundo o ex-prefeito de Anápolis, Ernani de Paula, cuja mulher foi suplente de Demóstenes no Senado, havia uma agenda oculta no escândalo.
Cachoeira e Demóstenes queria retaliar o governo pelo fato de o senador não ter sido nomeado Secretário Nacional de Segurança Pública, onde trabalharia pela legalização do jogo no Brasil. Ernani de Paula sabia do plano porque sua ex-mulher se tornaria senadora.

Essas novas revelações já têm sido vistas por alguns como parte de uma conspiração para livrar a cara dos mensaleiros. A insinuação é de que a Operação Monte Carlo, ainda que legítima, teria motivações políticas.
Será? Seja como for, o PT não deve partir para a cassação imediata de Demóstenes Torres. Deve trabalhar o assunto em banho-maria, para que permaneça o maior tempo possível na mídia.

Leia, abaixo, notas de Claudio Humberto a respeito do possível adiamento do Mensalão:

"Aumentou a aposta no PT para que o caso Cachoeira/Demóstenes Torres ajude a adiar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, previsto para junho. O relator de ambos os casos, ministro Ricardo Lewandowski, que foi rápido como um raio para abrir investigação e quebrar o sigilo do senador do DEM-GO, já avisou que não tem pressa de levar o caso do mensalão ao plenário do STF. O vazamento administrado de gravações que comprometem o senador Demóstenes Torres obedece à tática de ofuscar outros escândalos."

03 de abril de 2012
René Amaral
blog do amoral nato

A PIZZA ESTÁ NO FORNO

É compreensível que gente como Reinaldo Azevedo e Ricardo Noblat esteja tentando vender a teoria de que as provas dos crimes do senador Demóstenes Torres não podem ser usadas porque, devido ao cargo que ocupa, só poderia ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal ou sob sua autorização.
Chega ao blog informação de que Demóstenes estaria fazendo ameaças à mídia, aos seus pares do DEM e até a pelo menos um membro do STF no sentido de que, caso seja estraçalhado, levará muitos ex-amigos consigo para o cadafalso.

O senador bandido está disposto a tudo para não perder o mandato simplesmente porque, sem imunidade parlamentar, dificilmente deixará de ir fazer companhia ao seu amigão Carlinhos Cachoeira lá no PF Hilton.

Demóstenes estaria ameaçando revelar que veículos como a Veja saberiam de suas atividades criminosas e que nada revelavam, porque ele os municiava com informações contra o PT, entre outros favores que lhes prestaria na “Câmara Alta”.

Enquanto isso, DEM, PSDB, editora Abril e Globo estariam propondo acionar sua bancada no STF para trocar a decapitação política de Demóstenes pelo adiamento do julgamento do mensalão, que deveria ocorrer em maio.
Até porque, após o STF se pronunciar pela impunidade de Demóstenes, não teria como julgar o mensalão.


Aliás, no que depender do STF, Demóstenes pode ficar tranqüilo. O fato de que até há pouco havia a decisão de julgar o mensalão ainda neste semestre revela que a Suprema Corte de Justiça do país se deixa intimidar pela mídia.
Julgar um caso como esse em ano eleitoral, é uma aberração.
Não se pode esquecer, também, que a decapitação e a previsível verborragia posterior de Demóstenes intimidam ao menos um membro do Supremo, Gilmar Mendes, acusado de, em conluio com o demo, ter criado a farsa do grampo sem áudio. Imagine, leitor, se, caído em desgraça e preso, Demóstenes conta que ele e o juiz forjaram aquilo.

O que pode melar tudo são as escutas não reveladas, que já se sabe que mal começaram a ser vazadas. Segundo este blog vem apurando, ao menos a Veja está enrolada até o pescoço. E haveria muito mais não só contra a Veja, mas contra todos os que se envolveram no consórcio político-midiático que imperou na década passada.

Ainda assim, já estão sendo estabelecidas as bases para um acordão. O julgamento do mensalão em ano eleitoral seria uma tragédia para o PT e o aprofundamento das investigações sobre o envolvimento da Veja com Demóstenes e Cachoeira atingiria do Supremo ao resto da mídia tucana.

Acabaremos todos com caras de palhaços, pois. Impotentes diante do apodrecimento da República, assim como no caso da Privataria Tucana.

Eles acabarão se entendendo por instinto de sobrevivência. Enquanto um lado tiver munição pesada contra o outro, nada mudará. E só nos restará espernear.

03 de abril de 2012
Eduardo Guimarães

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Será que deu para sentir o cheiro? Hein? Hein? Lembra alguma coisa, como por exemplo o Betinho Jefferson, que desencadeou o mensalão?

Pois é... Como até o garçon do pé sujo ali da esquina já sabe, enquanto o "cano" tiver munição, ficaremos todos ouvindo "historinhas da carochinha". Cachoeira pra cá... Cachoeira pra lá... E a 'cascata' midiática rolando e enchendo linguiça.
Mensalão? Taí. De tanto ouvir essa palavra, já estou até gostando dela. Vou comprar um cachorro e dar esse nome pra ele. Legal...
m.americo

POLICARPO&CACHOEIRA: UMA DUPLA PARA LIMPAR O BRASIL

A Veja "desencarnou" Demóstenes: parceria cívica com Carlinhos Cachoeira
Um dos principais argumentos para dizer que o ex-Presidente Lula tinha conhecimento dos esquemas de depósitos ilegais de dinheiro para parlamentares em seu primeiro governo é o fato de que o governador de Goiás, Marconi Perillo, afirma tê-lo avisado de que estaria ocorrendo o “mensalão”.

Perillo diz ter sido alertado pelo deputado tucano Carlos Leréia. Ambos, como todos sabem, mais do que ligados a Carlinhos Cachoeira.
O caso começou, todos se recordam, com a filmagem de um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, recebendo R$ 3 mil de interlocutores, num “furo de reportagem” de Policarpo Júnior, da Veja.

Sabe-se agora que a gravação foi providenciada pelo araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, sargento reformado da Aeronáutica a serviço de Carlinhos Cachoeira. Dadá é aquele que “revelou” a Policarpo Júnior o suposto “dossiê” que se fazia contra a candidatura Serra que, de tão secreto, virou o livro “A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Júnior.

Cachoeira é, por sua vez, o autor da gravação de Waldomiro Diniz, na época dirigente da empresa de loterias do Governo do Rio de Janeiro, pedindo propina, outro “furo” de Policarpo Júnior.

Agora, não podendo mais ocultar a “série de coincidências” – embora, ao contrário de outras vezes, tenha poupado uma capa sobre o escândalo – Veja mostra que associação entre seu editor e o banqueiro do bicho era de natureza “cívica”.

Sabendo que o áudio vazara, o publica como prova de sua “total transparência”, com a garantia do próprio bicheiro: “‘O Policarpo nunca vai ser nosso’.

Não, apenas estão trabalhando juntos pela moralidade pública:
- Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos (furos de reportagem) já foram, rapaz? E tudo via Policarpo.
Chega a ser comovente tanta pureza.

E é também tocante o discernimento de toda a grande imprensa brasileira, que se convenceu, automaticamente, que a associação Policarpo&Cachoeira era quase uma benemerência, uma cruzada moralizadora para livrar o Brasil da corrupção.

É certamente por esse elevado sentido de honradez que todas estas informações foram sonegadas aos leitores.
O homem que mandava corromper e gravava a propina, queria apenas o bem do Brasil e Policarpo, dono de um altíssimo sentido de dever pátrio, seguia suas orientações, profusamente transmitidas em dezenas e até centenas de telefonemas.


Só falta dizer que é dele a imagem no Santo Sudário, ao qual apelou a Veja para esconder sob Cristo o seu pecado Demo-Cachoeirista.

Enquanto isso, Lula, com a garganta – aquela que ele salvou do impeachment que a Veja desejava – recém recuperado, vai fazendo o milagre de contar, como prometera, tudo o que esteve encoberto na história do “mensalão”.
Sem ter de dizer uma palavra.

Tijolaço
03 de abril de 2012
Postado por René Amaral
amoral nato

HISTÓRIAS DO FOLCLORE POLÍTICO BRASILEIRO

Folclore político

JK
exilado em Paris pela violência gratuita do golpe de 64, Juscelino saiu uma tarde dirigindo seu carro e curtindo saudades do Brasil, numa conversa com seu velho amigo Olavo Drummond. Chegaram à Place Vendômme, estacionou em um lugar proibido. O guarda logo aparece, alto e posudo, com seu bonezinho à De Gaulle. Pediu a carteira de motorista, conferiu :

- Oh, senhor Kubitschek? Parente do grande presidente Kubitschek do Brasil?

- Sou eu.

- O senhor, o próprio presidente Kubitschek? Por favor, dê-me a chave do carro. Eu mesmo vou estaciona-lo. Aqui, apesar de exilado, o senhor continua presidente, como sei que continua lá.

JK entregou a chave, pôs a mão no ombro de Olavo e chorou.

ALKMIN

José Maria Alkmin, ministro da Fazenda, e Augusto Frederico Schmidt, assessor de inteligência de Juscelino, foram jantar com o embaixador do Egito. A conversa corria sobre as influencias árabes no Brasil. Schmidt provocou :

- Nosso Alkmin, por exemplo, é um árabe puro, a partir do nome. O que é que significa mesmo Alkmin?

O embaixador sorriu, ficou sem jeito, respondeu:

- “Al” é o artigo “O”. “Kmin” é “mentira”. Alquime é o ouro falso. Alquimia eram conhecimentos quiméricos da Idade Media.

- O senhor está dizendo então que eu sou “o mentiroso”?

Despediram-se às gargalhadas. Schmidt foi contar a JK.

- Alkmin já esteve aqui. Disse que “Alkmin” é “o valente”.

SANTIAGO

Santiago Dantas foi à Polônia receber o titulo de doutor Honoris Causa da multisecular Universidade de Cracóvia (terra de João Paulo II). Na hora da solenidade, deu-se conta de que esqueceu o texto do discurso de agradecimento que tinha preparado para ser lido, como manda a tradição.

Mas era preciso não ser indelicado. Chamou Marcilio Marques Moreira, diplomata e assessor, pediu algumas folhas em branco, levantou-se com elas nas mãos, e, fitando-as com firmeza, pronunciou longo discurso em francês, como se estivesse lendo.

Só Marcilio sabia.

JOSÉ BONIFACIO


Em maio de 76, na viagem do presidente Geisel a Londres, grupos de brasileiros que moravam lá levaram faixas e manifestos para a frente da embaixada do Brasil, protestando contra a visita do “ditador”. Um jornalista encontrou, tranqüilo e distante, o deputado José Bonifácio, líder da Arena :

- Deputado, o que o senhor está achando das faixas e manifestos?

- Não estou achando nada, meu caro. Não sei inglês.

AUGUSTO DE LIMA

Em 40, Getulio nomeou o historiador e brilhante intelectual mineiro Augusto de Lima Junior, filho do poeta e da avenida do poeta, ministro plenipotenciário do Brasil durante as solenidades de mais um centenário da independencia de Portugal.

Liminha chegou lá de discurso no bolso, feliz com a história e com a retórica. Mas no dia seguinte também chegou o ministro do Exterior João Neves da Fontoura, orador pomposo, acompanhado de ilustre comitiva, e comunicou que ia falar em nome do Brasil.

Lima Junior enlouqueceu. Pouco antes da solenidade, telefonou para o hotel e disse ao ministro que havia chegado do Brasil um telegrama do Presidente para ele. João Neves correu para lá, trancou-se para ler o telegrama, não havia telegrama nenhum.

03 de abril de 2012
sebastião nery

MILLÔR, UM ESCRITOR SEM DIREITOS SOBRE LINHAS TORTAS

Agora é a hora do panegírico, do elogio, da apologia. Contra todas as estimativas Millôr Fernandes morreu com mais de 80 anos (como ele mesmo dizia: acima dos seus próprios recursos).

Da Bíblia do Caos, 1994

Aplauso – O aplauso é a minha pátria (Escrito em 1961. Hoje acho o aplauso uma bobagem).

Elogio – Me elogia, vai! Escreve um troço aí!/Não dói não!/ Faz de conta que morri!

MILLÔR É MORTAL

Isso se provou agora estes dias. Millôr morreu. Quanta gente chorando na sua cremação, e não era a fumaça nem cinza nos olhos não. Mas vejam o que ele mesmo escreveu na sua Bíblia do Caos sobre a morte (dos outros):

A Morte – Pensamento final de todo o mundo: Mas já? E por que eu? Por que pra sempre? (1994)

No caso do Millôr a morada agora é etérea, feita de fumaça, e pra sempre. Ele está agora no smoking-sky, muito acima do fumacê das armas permitidas aos bandidos pacificados, e dos apaziguadores do Rio de Janeiro. Aliás, como ele mesmo dizia:

– Apaziguador é um cara que pensa que tratando com cuidado um rinoceronte ele um dia dá leite de vaca (1994). Sergio Cabral naquele tempo era apenas o filho do Sergio Cabral.

Millôr era um pacifista? Acho que era. Mas não destes que andam por aí pacificando bandidos.

Pacifista – Sempre fiquei fora da briga. Quando nasci a primeira guerra já tinha terminado. Na segunda eu já era muito cínico. (1994)

Reparem só: depois de um certo tempo todo pacifista já caminha em ritmo militar. (1994) Mas a Dilma marcha com as pernas abertas! Vocês já viram?

Millôr nos liderou, tem gente que disse isso. Mas Millôr era um líder? Coisíssima nenhuma. Millôr nunca liderou nada. Millôr era mortal e muito vivo: jamais sucumbiu à mosca azul da Academia Brasileira de Letras. Já pensaram o Millôr de fardão, lado a lado com o imortal Sir Ney? Millôr era apenas um pensador médio num país que pensa muito pouco, portanto fora da medida do grande intelectual Sir Ney.

Líder – Não liderou nada na vida a não ser o pequeno grupo que o levou à última morada. (1994).

Lula – Um líder aspirando cada vez mais pompa e tropeçando mais nas circunstâncias. (1994) Ou seriam nas sircumstanzias, Millôr?

– Tão medíocre que nem no dia do próprio enterro conseguiu ser o centro das atrações (1994).

Não, este não é o Millôr. Para começar o Millôr não foi ao enterro dele. Explico, ele foi incinerado, que nem o Chico Anísio. E deixou órfãos e órfãs que não vão assombrá-lo com exames de DNA.

Millôr era um escritor e um humorista sóbrio. Há controvérsias, entretanto. Eu tenho dúvidas sobre essa agora propalada sobriedade, e olha que eu não precisei vasculhar muito o lixo para encontrar algumas garrafas de VAT 69 ou um Haig’s.

Sobriedade – Existe coisa mais sóbria do que uma garrafa de uísque lacrada? (1994)

Millôr nunca foi sóbrio, nem por isso abdicou do próprio ego. O que seria de nós sem o ego do Millôr? Sobraria apenas o Eu, a alma, mas até isso ele negava:

Ego – O Ego é uma máquina de enrustir. Ficar mexendo nele com a varinha da irresponsabilidade psicanalítica a fim de trazer à tona o lodo que deveria ficar sempre no fundo (lei hidráulica) é um crime imperdoável e irreparável. (1994). Isso me lembra duas coisas: psicanalistas lavando roupa suja, e a tal Comissão da Verdade. A única Comissão de Verdade do Congresso Nacional é a dos 15%, 20%, 30%.

Alma – Não possuo alma. Sou, como todo o mundo, uma alucinação holística e holográfica.

Millôr agora é memória. Que azar, logo em um país com memória tão curta que todo cidadão, como um verdadeiro Catão, ao acordar deveria repetir três vezes: mensalão, mensalão, mensalão. Por isso, até o Millôr desaparecerá um dia.

Memória (ou a falta dela) – O pior da velhice é você ainda conservar uma grande capacidade de conquista, levar mulheres para a cama com a maior desenvoltura, e não se lembrar pra quê. (1994)

E por favor, não me venham com aquela surrada: Millôr vive! Ou pior ainda: vem aí uma novela da Globo sobre o Millôr. Ele não merece!

E, por fim, as últimas do Millôr:

Quando eu morrer só acreditarei na sinceridade de uma homenagem – o agente funerário não cobrar o enterro (a cremação).

Meu epitáfio: Não contem mais comigo!

03 de abril de 2012
charles london

PRESIDENTE DA HUNGRIA RENUNCIA POR FRAUDAR TESE DE DOUTORADO. DILMA E MERCADANTE RENUNCIARÃO QUANDO?

O presidente da Hungria acaba de renunciar porque, há vinte anos, falsificou sua tese de doutoramento, embutindo nela mais de uma centena de páginas de um pensador búlgaro.

A gente vive em um país tão estranho que, eu mesmo, intolerante de carteirinha, não sei avaliar se isso é motivo para uma atitude tão radical. Acho até que já assimilei novos padrões depois de quase dez anos sob a influência diária das mentiras que o PT conta. Passei até a ser mais tolerante com certos deslizes dos políticos por absoluta falta de parâmetros.

Vejam, por exemplo, o caso dos 44 apartes de 44 senadores manifestando solidariedade a Demóstenes Torres após este declarar na tribuna, em alto e bom tom, que “Carlinhos [Cachoeira] não era conhecido entre nós por explorar jogos de azar”.
Estavam entre eles Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos, Romero Jucá, Lobão Filho, Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, Alfredo Nascimento, Eduardo Suplicy e sua ex, Marta Suplicy, vice-presidente do Senado, que, empolgada e cheia de amor para dar, classificou Demóstenes como o “maior e mais brilhante opositor na Casa” e que “a atitude de ter vindo se colocar em plenário levou toda a Casa a ter uma postura uníssona, de situação e oposição, o que é muito raro”.

Enfim, senadores supostamente decentes embolaram-se com representantes do que há de pior em política e atacaram a decência, que sempre é posta de lado quando o assunto requer o corporativimo canalha.

Mas volto a Pal Schmitt, presidente da Hungria, traçando um paralelo do seu caso com casos dos nossos “doutores” petistas. Aloizio Mercadante, por exemplo, obteve o título de doutor pela Unicamp com uma tese baseada em um livro já publicado por ele mesmo, “Brasil, a construção retomada”, o que contraria o regimento da universidade, que prevê trabalhos originais.

Em sua defesa, Mercadante, disse tratar-se apenas de uma versão mais densa e ousada e, por incrível que pareça, colou (aliás nem é tão incrível assim, em se tratando de um petista aloprado).
Isso significa que a tese de 537 páginas intitulada “As bases do Novo Desenvolvimentismo no Brasil: análise do governo Lula (2003-2010)”, apresentada em um auditório para mais de 150 pessoas, foi considerada original apesar de vir depois do livro. E dane-se o regimento da Unicamp.

Não, nesse caso Mercadante não precisa renunciar. Apesar dos pesares ele é “dotô” de fato e de direito. Quem deveria ser preso é o reitor da Unicamp, acompanhado pela sua Comissão Examinadora do Doutorado, que apesar de constatar a violação do regimento, validou a tese (que deve ser uma maravilha...).

Outro pior foi o caso do falso doutorado de Dilma.
O título constava de seu currículo oficial e, numa entrevista que deu ao Roda Viva quando ainda era candidata, o apresentador citou um a um seus atributos acadêmicos e, sem esboçar nenhuma reação, ouviu ser detentora de um “doutorado em Economia pela Unicamp”.

Mais tarde, descobriram que o doutorado de Dilma só existia no impressionante “Compêndio das mentiras que o PT conta”, nada de canudo. E o que houve então? É simples: tudo ficou como se nada tivesse acontecido. Dilma só não é doutora hoje porque descobriram que ela não é doutora. Mas continua presidente. Vergonhosamente mentirosa, mas presidente e, até aonde eu saiba, sem nenhum arrependimento pela sua falsidade ideológica.

Pois é assim. A gente vai se acostumando a ser cozinhado em banho-maria, com um temperinho petista aqui, outro temperinho petista ali, até se descobrir totalmente pronto para aceitar como normais coisas que até ontem eram crimes.

Será que Pal Schmitt deveria ter renunciado?

03 de abril de 2012
Por Ricardo Froes

EU E ELES (I) *

"Tu estás contra toda tua geração", disse-me há mais de década o Aníbal Damasceno Ferreira, este obscuro pesquisador a quem devemos a descoberta de Qorpo Santo. No que não deixava de ter razão. Mesmo assim, a frase me surpreendeu, afinal nunca tive vocação para original. Por geração entendia nossos contemporâneos que lêem, escrevem, discutem e lutam por suas idéias, e este é o conceito utilizado ao longo desta reflexão. Panta rei. Nada como uma década depois da outra para se passar a entender o que antes era ininteligível.

Anos mais tarde, um outro amigo gaúcho me confessava desolado: "Minha geração fracassou". Eu, perplexo. Tínhamos a mesma idade, tentamos salvar o mundo, logo nossa geração era a mesma. Não me sentia fracassado, muito antes pelo contrário. A visão de mundo que defendi, desde que me conheço por gente, triunfava no Ocidente. Nossa geração ganhou a parada, retruquei.

Cada frase depende de sua circunstância. Mais ainda, de por quem é proferida. Este último diálogo ocorreu nos dias da queda do Muro de Berlim. Meu amigo havia militado no PC. Verdade que abrira os olhos bem antes da revolução do Nove de Novembro. Mas marxismo é como caxumba. Ou dá na idade certa, ou deixa seqüelas. Passei então a entender a afirmação do Damasceno. Não havia percebido que a minha, a nossa geração, era fundamentalmente marxista, mesmo sem ter lido Marx.

Inclusive eu. Em meus dias de adolescente em Dom Pedrito, mesmo sem conhecer história ou geopolítica, stalinismo ou guerra fria, eu detestava Tito, Franco e Salazar. Não tinha a mínima idéia do que fosse Iugoslávia, Espanha ou Portugal, muito menos do que significasse Europa ou a finada União Soviética. Mas já sabia a quem insultar. Do alto de minhas tribunas na sedizente Capital da Paz, na arrogância dos quinze anos, sem conhecer nem mesmo Bagé, eu julgava e condenava a "sifilização" ocidental e cristã.

Mais tarde estudei história, particularmente história da filosofia e história da arte. Há mais distância entre arte e filosofia do que nosso vão cientificismo presume. Posso hoje ler a Arte de Amar, de Ovídio, ou o Quixote, e estes livros permanecem sempre verdejantes, porque nascidos da emoção. As filosofias, frutos da razão, se destroem umas às outras, e dogmas existem apenas para gerar hereges. Quem estuda história sabe que verdade é algo relativo ao espaço e tempo em que foi enunciado. Desde adolescente venho refutando o fascismo eslavo travestido de pensamento científico.

Um de meus primeiros artigos na imprensa da capital saiu no finado Correio do Povo, em 1968: "Marxismo Gaúcho Contemporâneo". Era uma sátira aos filhinhos-de-papai oriundos em geral do colégio Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, depois entrincheirados na Filosofia da UFRGS (então URGS), que discutiam a união estudantil-operário-camponesa nas boates da Independência.
Filho de camponeses, nascido e criado no campo, sempre julguei ridículas abordagens teóricas sobre o homem do campo, feitas por meninos urbanos de mãos sem calos. Daí meu artigo e suas conseqüências. Fui ostracisado na universidade, com a pecha de reacionário.

Mais ainda: fui encarcerado na calada da noite, por um delegado lotado em Dom Pedrito, que pouco entendia de humor e julgou que meu artigo era uma defesa do marxismo.
Barbudo, em época em que barba era sinônimo de subversão, tive de ouvir: "você sabe que sua estética externa suscita antipatias?" Sabia. O delegado, candidato a rábula, gostava de aliterações. Era verão e estava pensando em raspar a juba, só não o fiz por ser imposição da "otoridade".

Em 1981, voltando de uma viagem à Romênia, fui convidado por um professor da PUC de Porto Alegre, para participar de um painel sobre o socialismo. Éramos três os expositores e meus dois colegas se debulharam em louvores sobre as virtudes do sistema e confrontos com o capitalismo podre ocidental.
Quando chegou minha vez, fui contando em detalhes o que havia acabado de ver. Miséria por todo lado, pessoas famintas disputando quase a tapa um pedaço de carne, isso quando surgia carne nos mercados de gôndolas vazias e lúgubres, onde a mercadoria que mais dava o ar da graça eram longas filas de pás, enxadas, baldes e utensílios do gênero.

Comestíveis, que é bom, nem pensar. Em hotéis de primeira categoria, faltavam lâmpadas e papel higiênico. Na portaria dos hotéis, cada vez que reclamava da falta de papel, a funcionária me perguntava quantos dias ficaria ali. Avaliava então minhas trocas metabólicas, puxava um rolo do balcão e me passava algumas tiras.

Considerando-se que eu pagava em dólar, moeda que sempre foi bem-vinda no finado mundo socialista, pode-se imaginar as condições de higiene em que vivia o cidadão romeno comum, dispondo apenas de seus inúteis lei (plural de leu, a moeda local). Falei das lavouras onde cereais e batatas apodreciam no chão, em um total de 40% a 50% da colheita. Pois a ninguém interessa colher nada, se deste gesto não recebe lucro algum.

Concluí com um exemplo que me parecia determinar, mais que qualquer complicada teoria econômica, a derrocada do socialismo. Estava em uma praia em Mangália, no Mar Negro, a sete quilômetros da fronteira com a Bulgária. Dois garçons abrem um bar à minha frente. Espalham as mesas na areia, dispõem toalhas, seguram-nas com pedrinhas. Cerveja, pensei. Santa ingenuidade. Não havia cerveja. Água mineral, então. Nada feito. Mas a sede nos faz perder a compostura. Pedi então um desses xaropes horrendos ianques, coca ou pepsi. Muito menos.

Apostei mais alto. Naquela região há uma interessante cachaça de ameixa, a Haidouc. Por haidouc entende-se uma espécie de gaúcho eslavo, o homem mais ou menos nômade que habitou aquelas plagas, em época que as potências não haviam estabelecido fronteiras fixas. Pois nem a cachaça da região havia no bar. Vodca é o que não vai faltar, pensei. Faltava. Comecei a delirar: vinho, uísque. Nada. Nada para beber? Nada. Muito bem. Para comer o que é que tem? Nada. Mas como, isto não é um bar? É, mas o distribuidor não vem hoje. E por que vocês abriram o bar? Nós somos funcionários. Somos pagos para abrir o bar.

Volto a Porto Alegre. Ali estava, singelamente, o fato que minaria o socialismo: uma sociedade não avança se a ninguém interessa vender algo a alguém. Surgisse ali na praia um moleque com um balaio vendendo cerveja e pastéis, iria preso como inimigo do socialismo, sabotador da sociedade ideal. É utopia desvairada, afirmei, alguém pretender que o homem trabalhe sem pensar em lucro. Meu anfitrião agradeceu-me, encerrou os debates e mais ou menos desculpou-se ante a platéia, que eu fora convidado para discutir a teoria socialista, e não a prática. Pena que na prática a teoria é diferente, protestei.

Pouco dias antes do fuzilamento dos Ceaucescu, diga-se de passagem, era proibido entre a elite bem-pensante de Porto Alegre contestar o regime romeno. Um deputado gaúcho teve inclusive de andar recolhendo às pressas um seu livreco de viagem, onde saudava Nicolae Ceaucescu como a Águia dos Bálcãs.

Andei mais tarde por Berlim Oriental e contei o que vi em minha coluna na extinta Folha da Manhã. Manifestei minha perplexidade ante o muro, de sinistra memória. Tentei traduzir ao leitor o ar fedorento que se respirava, mal se saía da outra Alemanha.

O medo estampado nos rostos, olhares sem esperança alguma, por toda parte cinzento e desolação. Soube que uma alta instância do PC gaúcho queixou-se na Rua da Praia, de que era um absurdo a Caldas Júnior estar publicando aquilo tudo, particularmente por uma razão: eu estava observando os fatos in loco, e portanto falava com autoridade.

Até hoje meus amigos preferem não declinar-me o nome deste senhor. Não duvido tenha sido o especialista por excelência em Assuntos para a (ex) Alemanha Oriental nas Letras Jurídicas Gaúchas, o Dr. Antonio Pinheiro Machado Netto, ilustre membro da Ordem dos Advogados do Brasil, como adora definir-se.

Pois este senhor, em 1985, ousou publicar pela L&PM, uma plaquete intitulada O Muro de Berlim: muro da vergonha ou da paz?, onde assegura que só existe uma possibilidade de união entre as duas Alemanhas: ela ocorrerá, diz o arguto analista, quando a Alemanha Ocidental for também socialista. E o homem anda solto por aí, posando de defensor dos direitos humanos.

Dizer que a minha ou a nossa geração era marxista, fale-se de Rio Grande do Sul ou Brasil, América Latina ou Europa, é pecar por omissão. O século todo foi marxista. Morto o deus cristão, os órfãos europeus criaram um deus laico, Stalin. Os mais ativos escritores, desde um Gorki ou Maiakovski, a um Brecht ou Sartre, se tornaram arautos ou cúmplices da nova religião. Pois o marxismo foi religião. A fé dos crentes o confirma: sempre definiram como paraíso o que desde 1917 foi um inferno.

Torna-se então compreensível a lamúria de meu desolado amigo. Ele confundia geração com marxismo. Com a derrocada da União Soviética, deduziu que sua geração havia fracassado. Quando na verdade o que afundou foi a mais longa e cruel tirania exercida sobre dezenas de nações durante décadas deste século.

Se europeus cultos e viajados, como um Sartre ou Kazantzakis, irmãos Webb ou Aragon, se deixaram embalar pela miragem soviética, a ninguém surpreende que os intelectuais de Pindorama – sempre duas ou três décadas a reboque dos modismos europeus – tenham enveredado por esta trilha de muares.

Primo inter pares, Jorge Amado, que após editar páginas do jornal nazista Meio-Dia, intuindo que este tipo de fascismo não tinha futuro sequer a curto prazo, jogou suas moedas no stalinismo.
A aposta foi oportuníssima: defendendo a tirania urbe et orbi, Amado tornou-se bilionário com seus panfletos em louvor do fascismo eslavo e julga-se um campeão na luta pela libertação dos povos.
O baiano caiu na vida através de Raquel de Queiroz, que até hoje usufrui dos juros de sua militância.

Raros foram os escritores no Brasil – e mesmo na América Latina, isso se não quisermos mencionar o século – a intuir o caráter totalitário e opressivo da nova religião.
No Brasil, por exemplo, o primeiro a fazer esta denúncia foi Pagu, a Patrícia Galvão, musa da suposta revolução literária que a USP batizou como modernismo brasileiro.
Pagu viveu mais tempo em Moscou que os turistas desejosos de crer na nova fé e ao voltar, contou o que viu. Pagou o preço de sua audácia. Na prisão, sofreu mais com a tortura mental de seus companheiros de cela que com a polícia do Estado Novo. Deixemos de lado um Gustavo Corção: embora fossem procedentes suas denúncias, lutava em nome de outro totalitarismo, o católico.

Em 1962, Osvaldo Peralva, ex-apparatchik do Kominform em Bucareste, lança O Retrato. Peralva conhecia por dentro a máquina de mentiras do PCUS e a revelou tal como era. Ninguém acreditou.
Mais recentemente, dois escritores não pouparam o malho nos comunistas. Na área do ensaísmo, Leo Gilson Ribeiro, anatematizado pela intelligentsia nacional. No jornalismo quotidiano, o genial Nelson Rodrigues. Graças a seu teatro, Nelson conseguia manter-se à tona no mundo das comunicações. Como desmontava a hipocrisia da então chamada classe burguesa, louvado era.
Suas crônicas, o melhor do Nelson, sempre foram vistas como seu lado doentio.

No Rio Grande do Sul, desconheço ensaísta que tenha estudado a fundo a influência marxista na cultura gaúcha. No entanto, ela foi forte.
Ao lado de um escritor de porte como Dyonélio Machado, temos expressões menores como Lila Ripoll, Laci Osório, Ivan Pedro de Martins, Edith Hervé, Isaac Axelrud, Otto Alcides Ohlweiler, Juvenal Jacinto de Souza, Josué Guimarães.
Mais para nossos dias, aí estão Voltaire Schilling, Marco Aurélio Garcia, Luís Pilla Vares, Tarso Genro et caterva. (Com a mania que têm os stalinistas de erguer monumentos a si próprios, já devem estar planejando futuros bustos, ruas ou fundações com seus nomes).

Verdade que João Batista Marçal, em Os Comunistas Gaúchos, tentou apanhar o touro pelas guampas. Deu-se mal. Jornalista interiorano, deslumbrado com a ideologia vigente na capital, tentou erguer pedestais a quem só fez por merecer a famosa lata de lixo da História.

03 de abril de 2012
janer cristaldo



* Depoimento publicado na coletânea "Nós, os Gaúchos", Ed. Universidade/UFRGS, Porto Alegre, 1992