"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

VIAJANDO JUNTINHOS...

 

Claro que este não chegará a tal ponto, haja vista que Rose (como gosta de ser chamada), não tem a mesma dimensão de José Dirceu, e só assemelham como corruptos.


O imã de juntar ladrões, Luiz Inácio Lula da Silva, para livrar sua cara, teria dito que se sentia apunhalado pelas costas.

Mas isso é conversa mole para criança ir dormir com fome. A “presidenta” ao demiti-la, quis retornar a ser a grande faxineira, mas não é nada disso, pois ela teve que negociar com Lula esse afastamento.
Por sua vez o x-presidente aceitou, numa de perder os anéis, mas ficar com os nove dedos que lhe restam.
Ele fechou-se em copas e evita falar sobre o assunto, temendo que os desdobramentos das investigações respinguem-lhe merda e gerem constrangimentos ao expor a proximidade intima entre Lula e Rose.

Claro que ninguém tem nada a ver com a sua vida particular, mas quando está começa a valer-se de dinheiro público para manter-se, ele tem que explicar a coisa ao contribuinte.

Tem outras coisas carentes d explicações, tais como: O que o levou a avalizar para cargos importantes do governo nomes indicados por Rosemary de Noronha, secretária de Dirceu durante mais de 10 anos?

Por que tanto empenho para atender os pedidos de Rose, inclusive forçar a mão (com sucesso) para que o Senado mudasse uma votação?

Outra notícia que surgiu na terça feira, se refere às viagens acompanhando Lula, em inúmeros países.
No período de 2003 a 2010, isto é, durante a presidência de seu protetor, a dona Rose esteve em 24 países acompanhando Lula, recebendo as devidas diária e ninguém sabe para fazer o que.

Só para citar: em 2009. Rosemary esteve em missões oficiais com o presidente na Alemanha, Portugal, França, Reino Unido, Qatar, El Salvador, Guatemala, Costa Rica, Paraguai, Ucrânia e Venezuela. No ano seguinte o “casal” foi ao México, Cuba, El Salvador, Rússia, Portugal, Moçambique e Coréia do Sul.

Espera-se que nessa cagada não aconteça o mesmo que aconteceu com Erenice Guerra, que está impune e continua a delinqüir sem que nada lhe aconteça

28 de novembro de 2012
Giulio Sanmartini

JOÃO PAULO CUNHA: 20 ANOS DE MOLHO!

 

Hoje, no STF, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), além da cadeia, terá punição mais dura: deve ficar duas décadas sem concorrer a nenhum mandato ou sem ocupar cargos públicos, como secretário estadual, municipal, ministro, diretor de empresas públicas, e sem integrar conselhos de administração.

Isso porque ele vai pegar uma pena alta por conta do crime de peculato, mais alguns anos por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, o que deve superar dez anos.
Nos casos de lavagem, a pena inclui a proibição de ocupar ou concorrer a cargos públicos pelo dobro da condenação, ou seja, cerca de 20 anos.

28 de novembro de 2012
Ilimar Franco, O Globo

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



28 de novembro de 2012

PROPOSTA DE ESTÁTUA PARA O LULALATO

APARIÇÕES

 

A democracia promove, sem cessar, aparições. Começa a ficar complicado para quem governa domesticar fantasmas. Os espíritos surgem naquilo que Tocqueville descobriu como sendo o espírito da vida democrática: a opinião pública. Esse poder inventado pela igualdade que ele chamava de força geradora da vida liberal.

Sem opinião pública, as aparições somem ou são controladas. Hitler e sua camarilha domesticavam o fantasma do projeto de extermínio de judeus e de categorias marginais como os deficientes, os ciganos e os homossexuais. Havia suspeição do extermínio, não a prova cabal que apareceu na derrocada do nazismo, em 1945, confirmando as atrocidades. O mesmo ocorreu com as torturas da ditadura militar. As torturas eram negadas, ninguém era responsável e até hoje há quem nelas não creia ou admita e, no entanto, tal como os fantasmas, elas existiram.

O fantasma é parente do boato, do banal "ouvi dizer" que serve como alerta, aviso ou premonição.
Os antigos psicólogos sociais escreveram sobre o boato como um desejo secreto (a notícia da morte de uma figura pública repudiada, por exemplo); e pelo menos um antropólogo da minha decadente tribo - Max Gluckman - revelou como a intriga e o escândalo eram elementos fundamentais de controle social.
De fato, a igualdade de todos perante a lei era uma fantasia no Brasil. Hoje, graças e uma imprensa livre que honra a reportagem investigativa, pois sabe que falcatruas jamais vão ser impressas no Diário Oficial da União, começamos a assistir ao julgamento e à condenação de poderosos membros do governo do PT.
Se eles vão mesmo para a prisão é uma outra história, já que pelo menos um ministro do Supremo defende multas pecuniárias em vez de cadeia para crimes de "colarinho branco", essa excrecência jurídica nacional. Ademais, com a figura da prescrição, é possível que nós, o povo - as pessoas comuns, os governados -, tenhamos que indenizar os responsáveis pela politicalha do mensalão e adjacências cujos responsáveis já teriam cumprido suas penas.
Os seus ilícitos seriam fuxicos, fantasias, fantasmas e projeções.
 
O fuxico é a fumaça, o fato que a concretiza é o fogo. Onde há fumaça, há fogo, diz-se confirmando uma perspectiva de plausibilidade humana sem a qual a vida social seria impossível. O fuxico é a fantasia que configura um ato antes de ele ocorrer ou surgir como fato, daí o seu poder controlador.
 
O boato tem que ser tratado com cuidado, tal como se faz com as fantasias, porque certos eventos despertam o lado nosso vingativo. Inimigos políticos tendem a fuxicar com exagero. São inventores de fantasmas porque, muitas vezes, suas fantasias são como os 40 moinhos de vento que Dom Quixote via como gigantes.
Quem não se lembra da campanha contra o Plano Real e a sua "herança maldita"? Mark Twain, cuja independência de pensamento causava inveja até mesmo na América dos livres e iguais, disse uma vez que as notícias (ou boatos) sobre sua morte eram muito exagerados.
Isso é suficiente para estabelecer o elo entre a projeção que aciona o desejo e a fantasia. O desejo de morte do inimigo surge antes de sua morte. O adversário vira um fantasma antes mesmo de ser enterrado.
 
O Brasil da era Lula está coalhado de fantasmas e, mais do que isso, de aparições. É o que leio nos jornais com pavor e vergonha. O julgamento do mensalão deixa ver melhor o queijo suíço de falcatruas, nomeações indevidas e das roubalheiras programadas desses tempos. A todo momento uma nova aparição, como é o caso da super-Rosemary Noronha, essa prova de um aparelhamento deslavado do estado pelo partido no poder que, obviamente, quer ser o poder. O partido que eu e milhões de brasileiros supúnhamos que iria liquidar esse estado provedor, mas ao mesmo tempo canalha, que sempre foi pai dos pobres e mãe dos ricos e, hoje, é a madrinha dos correligionários que, com ele e por meio dele, mas em nome do povo pobre, se tornam milionários!
 
O procurador-geral da República no seu libelo contra os mensaleiros deu uma medida precisa dos atos vergonhosos que fizeram. O fantasma tornou-se aparição e a aparição virou um cadáver que - espero - tenhamos a coragem de sepultar, ao lado dos crimes cometidos contra o espírito humano nos tempos da ditadura militar. Uma coisa tem uma óbvia ligação com a outra.

E uma não pode ser tratada como fantasma (o mensalão) e a outra como verdade, ou vice-versa. Cabe a todos nós rasgar esse véu de uma histórica hipocrisia, sempre justificada pela fantasia dos elos pessoais: aos amigos o heroísmo de um passado que lhes permite tudo; aos inimigos o opróbio da falsidade e dos interesses ocultos. O Supremo liquidou essa lógica, colocando-a nos seus devidos termos. Todos, inclusive e principalmente os amigos, são também sujeitos da lei.
 
A aparição é como os boatos e fuxicos um exemplo da operação da opinião pública. Essa figura que, numa democracia, representa o todo e a alma de um país democrático. Esse modo de existir que não é mais um fantasma, mas uma realidade de nossas vidas.

28 de novembro de 2012
Roberto DaMatta - O Estado de S.Paulo

JOSÉ EDUARDO CARDOZO VIROU AGORA "SUPERNANNY" DE CORRUPTOS?

 Patriotas sérios e de ar compenetrado como José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, já vi muitos. Até a semana passada, ele estava empenhado em “oferecer ajuda”, por meio da imprensa, para São Paulo “enfrentar” a violência. Não ficou claro, até agora, que ajuda seria. Nem precisa. O seu objetivo e o do jornalismo que lhe deu trela era mesmo satanizar a gestão adversária. Deu certo! No coroamento da patuscada, João Santana lançou a candidatura de Lula ao governo de São Paulo. Ah, sim: para as demais 26 unidades da Federação com taxas de homicídio superiores às de São Paulo, Cardozo não tem proposta nenhuma… Ao fazer essa lembrança, estou caracterizando uma moral privada e uma ética pública.
Abaixo, reproduzo um post de Lauro Jardim na coluna “Radar”. Volto em seguida.
Cardozo na blindagem

Rosemary Noronha já tem muito a agradecer a José Eduardo Cardozo. Embora não tenha atendido o seu telefonema na manhã do dia da operação Porto Seguro, é ele quem está cuidando da blindagem dela no Senado. Cardozo passou o dia em contato com parlamentares da base aliada. A ordem é: não admitir a convocação de Rose e, se possível, dos irmãos Rubens e Paulo Vieira . Como se sabe, a primeira batalha foi ganha.
O segundo capítulo da guerra será amanhã, na sessão da CCJ. E Cardozo continua na luta. Por isso, está conversando com seus pares e lembrando que o potencial ofensivo de um eventual depoimento de Rose no Congresso é incalculável. A avaliação é que Rosemary não tem nenhum preparo para suportar a pressão dos opositores ao governo. Além disso, após a operação da Polícia Federal, Rose perdeu o pouco que tinha, menos a solidariedade dos petistas, claro.
A base aliada já entendeu. Obviamente, o ideal é blindar todo e qualquer membro do governo, mas, se não der para vencer todas, que o Congresso ouça apenas os caciques de AGU, ANA, Anac e até o próprio Cardozo. No caso dos comandantes das agências reguladoras e da AGU, a questão crucial são os pareceres emitidos. E acredita-se que Luís Inácio Adams, Marcelo Guaranys e Vicente Andreu Guillo darão conta de atenuar os danos do bombardeio a que eles seriam submetidos, seja na Câmara ou no Senado. Já no tópico Rosemary, o risco não está na caneta, mas na língua. Se ela resolver abrir a boca, sai de baixo.
Voltei

Que papelão, não?! O homem que, até a semana passada, se mostrava tão empenhado em supostamente defender os paulistas da sanha dos bandidos; que aparecia em certa imprensa como um espécie de paladino da segurança pública, falando apenas em nome do bem, do belo e do justo, agora se dedica a uma operação partidária das mais mesquinhas: impedir o depoimento da tal Rosemary e, pasmem!, do próprio Paulo Vieira, apontado como chefe da quadrilha instalada no coração do poder.
Aí há sempre aquele que não ligou ainda lé com lé, cré com cré. “Ué, não entendi por que você falou daquele Cardozo da Segurança Pública para poder falar deste outro, que virou supernanny de corrupto…” Eu explico. Estou deixando claro que, tanto lá como cá, tanto antes como agora, ele cumpria uma tarefa partidária, não uma tarefa de homem de estado.
Como e por que um ministro da Justiça se mobiliza para impedir o depoimento ao Parlamento de larápios flagrados em delito? Em nome do quê? O PT e os partidos da base não dispõem de líderes na Câmara e no Senado? Se a questão é, assim, tão delicada para o Planalto, há os próprios líderes do governo nas duas Casas. Por que há de ser o ministro da Justiça?
É um acinte que seja Cardozo a assumir essa função quando a Polícia Federal, que conduziu a investigação até aqui, é subordinada à pasta de que ele é o titular. No poder, o PT só não faz coisas de que até Deus duvida porque Deus não duvida de nada; já viu iniquidades maiores. Mas que os homens de bom senso e de boa índole se escandalizam, ah, isso se escandalizam…
 
28 de novembro de 2012
Reinaldo Azevedo, Veja online

IMAGEM DO DIA

 
Rebeldes sírios ao lado dos restos de um avião de caça do governo sírio que foi abatido em Daret Ezza, na fronteira entre as províncias de Idlib e Aleppo
Rebeldes sírios ao lado dos restos de um avião de caça do governo sírio que foi abatido em Daret Ezza, na fronteira entre as províncias de Idlib e Aleppo - Francisco Leong/AFP
 
28 de novembro de 2012

CACHOEIRA ENVENENADO?

 

Informação que começou a circular hoje cedo em Brasília - a capital mundial dos boatos.
 
Carlinhos Cachoeira, que está internado em estado grave no Hospital neurológico de Goiania, supostamente com sintomas de alta depressão, pode ter sido vítima de envenenamento.
 
O crime teria sido praticado por especialistas ucranianos em um restaurante onde Cachoeira comeu com a mulher no final de semana.
 
Investiga-se por que os dois sujeitos, que ficaram hospedados em Goiania, vazaram do Brasil abandonando bagagens no hotel...
28 de novembro de 2012

ÁRABES: BÁRBAROS OU ESPERTINHOS?


Os árabes não são felizes

Os países ateus e agnósticos, e também aqueles nos quais as religiões estão em vias de extinção, são os que apresentam os mais altos níveis de desenvolvimento e de qualidade de vida do planeta, a saber: Holanda, Suécia, Noruega, Finlândia, Estônia, Alemanha, Inglaterra, França, Hungria, Rep.Tcheca, Eslováquia e tantos outros. Por isso atraem povos do mundo inteiro, incluindo habitantes de terras incomparavelmente mais ricas, que por pura incompetência não sabem explorá-las e fazê-las produzir. Libertas dos deuses, das religiões e das superstições que escravizam o homem – incluindo o marxismo -, as populações do Ocidente finalmente entenderam que o trabalho, a inteligência e a educação, são as três únicas alavancas capazes de içar uma sociedade da miséria e conduzi-la ao progresso. Eles compreenderam também que a paz e a tão sonhada fraternidade universal só serão possíveis quando cada povo tiver o seu espaço de terra para viver livre e independente. Os imigrantes, sobretudo os oriundos de países muçulmanos do norte da África e do Oriente Médio, querem a todo custo impor aos povos ocidentais as leis retrógradas que os impedem de evoluir em casa. Querem que assimilemos à força os mesmos costumes que os infelicitam. Querem reintroduzir em nosso meio monstros semelhantes àqueles que durante milênios devastaram nossas famílias, aldeias e cidades. Os países nórdicos, notadamente a Suécia e a Noruega, deixaram de ser paraísos terrestres a partir do momento que passaram a receber imigrantes que cultivam tais costumes.

Assaltos, assassinatos, estupros, sujeira, vandalismo, poligamia, e outros males característicos de povos degenerados são hoje algo presente no cotidiano destes povos pacíficos, inteligentes, e sem deus, que nos últimos duzentos anos jamais ergueram suas armas para agredir outras nações, escravizar, ou usurpar terras alheias. A expulsão dos muçulmanos da Europa não é, pois, uma questão de racismo e sim de sobrevivência.

Os muçulmanos não estão felizes
Eles não estão felizes em Gaza.
Eles não estão felizes na Cisjordânia.
Eles não estão felizes em Jerusalém ..
Eles não estão felizes em Israel.
Eles não estão felizes no Egito.
Eles não estão felizes na Líbia.
Eles não estão felizes na Argélia.
Eles não estão felizes em Tunis …
Eles não estão felizes em Marrocos.
Eles não estão felizes no Iêmen.
Eles não estão felizes no Iraque.
Eles não estão felizes no Afeganistão.
Eles não estão felizes na Síria.
Eles não estão felizes no Líbano.
Eles não estão felizes no Sudão.
Eles não estão felizes na Jordânia …
Eles não estão felizes no Irã.

Onde os muçulmanos estão felizes?
Eles estão felizes na Inglaterra.
Eles estão felizes na França.
Eles estão felizes na Itália.
Eles estão felizes na Alemanha.
Eles estão felizes na Suécia.
Eles estão felizes na Holanda.
Eles estão felizes na Dinamarca.
Eles estão felizes na Bélgica.
Eles estão felizes na Noruega.
Eles estão felizes em U.S.A.
Eles estão felizes no Canadá.
Eles estão felizes na Romenia.
Eles estão felizes na Hungria.
Eles estão felizes na Austrália.
Eles estão felizes na Nova Zelândia.
Eles estão felizes em qualquer outro país no mundo que não está sob um governo muçulmano.

E quem eles culpam?
Não o Islam.
Não a liderança deles.
Não a si mesmos.
Culpam os países onde estão vivendo livremente e bem.

A democracia é realmente boa para eles. Em uma democracia que eles podem viver confortavelmente, aproveitar a alta qualidade de vida que eles não construíram e nem trabalharam para ter. Podem manter seus costumes, desobedecem às leis, exploram os serviços sociais, fazem paródias de nossa política e de nossos tribunais. Geralmente, mordem a mão que os alimenta. A questão é contraditória, paradoxal ! Eles tentam trazer seu sistema de vida falido e querem transformar os países que os acolheram no país que abandonaram em busca de uma vida melhor. Dá para entender?
 
28 de novembro de 2012

BB DECIDE EXONERAR EX-MARIDO DE ROSEMARY DE CONSELHO DA BRASILPREV

 
O Banco do Brasil decidiu exonerar José Claudio de Noronha do conselho de administração da Brasilprev, empresa de previdência privada que tem o BB como sócio, por causa do suposto envolvimento de Rosemary Noronha, sua ex-mulher, em esquema de corrupção. Rosemary também perdeu o cargo de chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo.

José Cláudio participa do conselho desde agosto de 2009. Atualmente, ele é suplente de Alexandre Abreu, diretor do Banco do Brasil. As nomeações são feitas pelo BB.

Antes disso, foi suplente do ministro Luís Inácio Adams, da AGU (Advocacia Geral da União). No site da Brasilprev ainda consta nesta quarta-feira Noronha como suplente de Adams, mas a assessoria do BB informou que estava desatualizada e mandou alterar o site após a Folha entrar em contato. O braço direito de Adams, José Weber, é acusado pela PF de participar do esquema de venda de pareceres públicos para empresários. Weber foi exonerado do cargo de confiança.

A Folha apurou que Noronha foi indicado por Rosemary. A cúpula do BB decidiu que, mesmo ele não sendo investigado na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, como foi uma nomeação dela, será exonerado.

No conselho ele recebe salário de R$ 3.300,00. O salário dos titulares é de R$ 6.600,00. José Claudio ocupa cargo de assessor especial da Infraero desde 2005. A Brasilprev é presidida por Ricardo Flores, ex-presidente da Previ, amigo de Rosemary.

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress


28 de novembro de 2012
ANDREZA MATAIS- Folha Online

QUE ORGULHO DO BRASIL DO PT!

Entre 40 países, só a Indonésia é pior em Educação! Tá feliz, Lula?

 
Bem à moda do apedeuta e perfeitamente compatível com o nível intelectual dos petralhas, o Brasil ficou em penúltimo lugar em um ranking global de educação que comparou 40 países levando em conta notas de testes e qualidade de professores, dentre outros fatores. A pesquisa foi encomendada à consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) pela Pearson, empresa que fabrica sistemas de aprendizado e vende seus produtos a vários países.
Os resultados foram estruturados a partir de notas de testes efetuados por estudantes dos países entre 2006 e 2010. Também foi considerado pela pesquisa a quantidade de alunos que ingressam na universidade e foram empregados.
 
Conhecidas como "super potências" da educação, a Finlândia e a Coreia do Sul dominam as duas primeiras colocações do ranking e, na sequência, figuram Hong Kong, Japão e Cingapura. Alemanha (15), Estados Unidos (17) e França (25) estão em grupo intermediário e México (38), Brasil (39), e Indonésia (40) integram as posições mais baixas. Entre os sul-americanos, Chile (33), Argentina (35) e Colômbia (36) estão em melhor colocação que o Brasil.
 
O ranking é baseado em testes efetuados em áreas como matemática, ciências e habilidades linguísticas a cada três ou quatro anos e, por isso, apresenta um cenário com atraso estatístico frente à realidade atual.
 
Ao analisar os sistemas educacionais bem-sucedidos, o estudo concluiu que investimentos são importantes, mas não tanto quanto manter uma verdadeira "cultura" nacional de aprendizado, que valoriza professores, escolas e a educação como um todo. O relatório destaca ainda a importância de empregar professores de alta qualidade, a necessidade de encontrar maneiras de recrutá-los e o pagamento de bons salários.
 
O Ministério da Educação (MEC) informou desconhecer a pesquisa realizada pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU).

Como eu me ufano destepaiz de nunca antes na história...
28 de novembro de 2012

"AVALISTA DO SILÊNCIO"

 
Nessa altura pouco importa se o ex-presidente Lula sabia ou não sabia se a amiga Rosemary Noronha fazia e acontecia nos escaninhos da administração pública.

A versão de que se sente "apunhalado pelas costas", repetindo a fórmula de escape - "fui traído" - adotada no caso do mensalão, fala por si em matéria de descrédito.

O importante é que se saiba como, quando, onde, por que, qual a extensão e a dimensão das ligações, sob a proteção de quem atuava a quadrilha da venda de pareceres descoberta pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro.

Demissões, pentes-finos em contratos, extinção de cargos, tudo isso é bom e necessário. Mas é insuficiente e ainda soa algo artificial quando se vê o governo preocupado com o estado de nervos da ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo.

Ela perdeu o emprego, as sinecuras da família, tem a vida devassada, não recebeu das autoridades companheiras a atenção que considerava devida depois de mais de 20 anos de convivência e, por isso, seria um perigo ambulante.

Fala-se isso com naturalidade no PT como se fosse argumento aceitável para evitar que Rosemary vá ao Congresso explicar suas atividades.

Admite-se a convocação do ministro da Justiça, do advogado-geral da União, mas aquela que fazia a ponte de negócios em troca de pequenos (ao que se saiba) favores e esteve na comitiva presidencial em 17 viagens internacionais de Lula, não pode ir. Teme-se o "despreparo" e o "destempero" da moça.

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga, não vê motivo para tal convocação e o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, considera uma "aberração" se pensar em chamar o padrinho de Rosemary.

É de se perguntar por quê. A condição de ex-presidente não faz de ninguém intocável. O Congresso não é uma masmorra, é Casa de representação popular, foro ideal para esse tipo de questionamento.

Esquisita a preocupação do Planalto em interditar testemunhas. Se a ideia da presidente é mesmo apurar e punir, em tese seria a maior interessada em acabar com essa história de blindagem e se postar de ouvidos bem abertos no aguardo de revelações úteis.

O incentivo ao silêncio de quaisquer pessoas que possam contribuir para o esclarecimento dos fatos subtrai confiabilidade dos propósitos saneadores do Palácio do Planalto.

Espanta a sem-cerimônia com que se mobilizam as forças governistas no Parlamento em prol das bocas fechadas. Surpreende a indiferença com os sinais de que algo anda errado.

Por exemplo: segunda-feira o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc deu uma entrevista ao jornal O Globo dizendo que, na época da indicação de Paulo Vieira (agora preso) para a Agência Nacional de Águas, ouvira dos funcionários que ele "navegava em águas turvas, não era flor que se cheire".

Pois bem, na ocasião não se buscou saber as razões de os servidores serem contra a nomeação e agora ninguém no governo teve a curiosidade de perguntar a Minc mais detalhes.

Quando fica tudo por isso mesmo, não dá outra: a história se repete.

28 de novembro de 2012
Dora Kramer, O Estado de São Paulo
 

PINTOU SUJEIRA, PINTOU PETRALHA PROTAGONIZANDO

Paulo Paim preside comissão do eu sozinho no Senado


É inquestionável a potencialidade do PT em abrigar calhordas de todos os gêneros. Quando a gente pensa que com o cerco à corrupção esses caras vão sossegar o facho, mais surgem picaretas e picaretagens de dentro daquele covil.
 
Agora é Paulo Paim, que faz da Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH), que preside, uma “comissão do eu sozinho”, aprovando requerimentos até em reuniões “deliberativas” nas quais ele é o único participante.
 
Só onze das 41 sessões realizadas entre fevereiro e setembro deste ano observaram o quorum mínimo da maioria dos membros (dez senadores), fixado pelo art. 108 do Regimento Interno.
 
O quorum mínimo (maioria absoluta) também foi ignorado, este ano, nas duas reuniões conjuntas da CDH e Comissão de Assuntos Sociais.
 
Ao menos em seis ocasiões, em 2012, Paulo Paim presidiu sessões onde era o único presente, para aprovar requerimentos de sua autoria.
 
Na reunião que aprovou doze audiências públicas, só compareceram Paulo Paim, autor de onze, e Eduardo Suplicy (PT-SP), autor de uma.
 
O art. 279 do regimento proíbe votações sem quorum mínimo, mas isso ocorreu quinze vezes, este ano. Paim era autor de 78% das matérias.
 
28 de novembro de 2012

DE VOLTA AO DESERTO VERDE





Há duas semanas, fui revisitar meus pagos. Tinha estado lá pela última vez há 35 anos. Agora, minha filha queria conhecê-los, para entender melhor o pai. E para entender melhor esta volta, retomo depoimento anterior, que escrevi há quase dez anos.

Nasci no Upamaruty, distrito rural de Livramento, na fronteira seca entre Brasil e Uruguai. Coincidia que o Uruguai começava justo no horizonte, onde ficava a Linha Divisória. Nesta linha, de quilômetro em quilômetro há um marco de concreto. De seis em seis, há um marco maior.

Em frente a nosso rancho, ficava o Marco Grande dos Moreiras, sobrenome paterno. Meu pai me erguia até o topo do marco, me fazia virar para o nascente e dizia: “Fala para os homens do Uruguai, meu filho”. Depois, me virava para o poente: “Fala agora com os homens do Brasil”. Nasci entre dois países, sempre olhando para um e outro. Daí a querer ir mais adiante foi só um passo.

No lado do Uruguai, no capão de árvores que ainda teimava em existir, vivia Don Floro Rocha, pai de sete guapas morochas e de um só varão, o Gojo. Gessi, uma das gurizas, cuidou de mim naqueles dias.

Em 77, quando ia para a França, levei a Baixinha para conhecer aquelas coxilhas e canhadas onde nasci. Pegamos um Fusca em Dom Pedrito e rumamos até a Linha. Uma légua além do obelisco que marca a assinatura da humilhação farroupilha nos campos de Ponche Verde, olhando ao longe o vulto da Casa, coração num ritmo esquisito, o Fusca atolou num barral. Justo em frente à casa do Hilário da Siá Cantilha, que há uns trinta ou mais anos estava doente e às portas da morte. Era tuberculose. Em meus dias de colégio primário, as professoras me recomendavam passar de longe pelo rancho do Hilário e jamais beber água de seu poço, mesmo que a sede apertasse. Pois lá estava o Hilário, eterno, apoiado em um moirão, em carne e osso, mais osso do que carne, era verdade, mas mais rijo que o moirão.

Abandonamos o Fusca no lamaçal. Debrucei-me no alambrado e me dispus a alguns dedos de prosa. Eu havia abandonado há cerca de trinta anos aqueles pagos e tinha a impressão que Hilário jamais se afastara daquele poste. Falou de sua doença. Que quase havia batido as botas no ano anterior, fora até mesmo levado para um hospital em Dom Pedrito.

— Mas eu senti que iam me matá naquele hospital. Mal senti por perto o bafo da Moira Torta, peguei meus trapo e saí como quem roba daqueles quarto branco. Se não fujo, tava morto.

E estaria morto mesmo, pensei. No entanto, ali estávamos charlando, contando as novidades do Ponche Verde, quem havia casado ou morrido. Em minha pressa urbana, me senti definitivamente expulso daquele universo primitivo onde o tempo corria com o vagar de uma lesma, se é que corria. Hilário não entendia porque eu consultava tanto o relógio. Tentei explicar que estava voltando das Europas, onde tudo tinha horário. Hilário era homem informado:
— Já me falaro das Oropa. Fica meio pras banda de Passo Fundo, segundo me contaram.

E ficava mesmo naquele rumo. Deixei Hilário escorado no moirão e fui revisitar minha infância. Mas já era um intruso naquele mundo de tempo infinitamente lento, preguiçoso. À medida que me aproximava do Cerro da Tala, onde estava a Toca da Onça, um nó foi me estrangulando a garganta. Lá adiante, no Uruguai, frente ao Marco dos Moreiras, o rancho de Don Floro Rocha. No lado do Brasil, minha tapera e a casa do Tio Ângelo.

Para nós, piás, era simplesmente a Casa, onde se reunia a família toda. Um cinamomo generoso abrigava os viventes com suas copas, de dia para proteger do sol, de noite do sereno. Cheguei à porta da Casa, acocorei-me em uma pedra de amolar facas, e gritei: “Ô de casa!”. Corina, minha prima, veio lá dos fundos. Não me reconheceu, é claro. “O senhor, quem é?” Balbuciei: “Vim ver o tio Ângelo”. Ele não mais vivia. Eu sabia disso. Falei para identificar-me. Ela me reconheceu: “Negrinho!”. Nos abraçamos chorando.

Corininha. Quando ela ia lavar roupas na sanga, eu pegava um caniço de bambu e ia pescar joaninhas. Pescar joaninhas umas ovas. O que queria mesmo era acocorar-me do outro lado do riachinho e ficar olhando, não para as joaninhas, mas para aquela coisa escura e cheia de mistérios, meio que entreaberta, entre as coxas da priminha. Ela sabia que as joaninhas pouco me interessavam e sentia-se muito bem esfregando as roupas no pedregal, frente a meus olhos arregalados.

Tio Ângelo era um precursor. Lá no meio do deserto verde da pampa, ouvira falar no tal de rádio e tomara a decisão de ter o seu. Em um raio de léguas em torno ao rancho, nos bolichos de Ponche Verde, Três Vendas, Villa Indarte, Upamaruty, Puntas de Jaguary, Cerrilhada, enfim, onde chegasse a notícia de seu projeto, era visto como louco ou mentiroso, onde se havia visto um pobre diabo com tais luxos da cidade? Mas o homem falava sério e fazia repetidas viagens a Livramento e a Dom Pedrito, de onde voltava sempre de mãos vazias, mas com um jeitão pensativo, de quem pesa as conveniências e inconveniências de um gasto absurdo.

Um belo dia, cortou o mais retilíneo e mais alto dos eucaliptos, despiu-lhe os galhos, falquejou-o de forma a deixá-lo quadrado e o pintou de vermelho, enquanto se avolumavam nas imediações o boato de que estava enlouquecendo. Não lhe foi fácil reunir vizinhos para erguê-lo, mediante um complexo sistema de máquinas de alambrar, e os que conseguiu reunir o ajudaram com certa piedade, o homem estava louco mesmo, seria pior contrariá-lo: onde se viu derrubar um eucalipto, pintá-lo de vermelho e tornar a plantá-lo na terra?

Mantenho ainda viva a lembrança da operação. Levara um dia todo, o poste colossal fora erguido com quatro fios de arame puxados de árvores próximas pelas máquinas de alambrar. Havia o risco de que algum fio rebentasse, e adeus rancho! Erguido o poste, Tio Ângelo, contente, carneou uma ovelha e, em meio ao churrasco e à cachaça, a vizinhança até mesmo esqueceu aquela torre absurda.

Semana seguinte, atrelou um matungo a uma aranha e se tocou para Villa Indarte, no Uruguai. Voltou tarde da noite e à meia-guampa, com um imenso volume quadrado no pescante da aranha. Ainda não era o rádio, apenas duas baterias e um aerodínamo. Instalado o catavento no poste, seu conceito mudou nos bolichos da região, parece que o homem vai mesmo trazer o tal de rádio, dizia-se. O que de fato ocorreu no domingo seguinte, quando tio Ângelo voltou mais uma vez da Villa Indarte, agora com um volume um pouco menor, um imenso Telefunken, e num porre federal.

Descera a coxilha cantando, mal pulou da aranha gritou feliz: “agora não preciso cantar mais, tenho quem cante pra mim. E esses hijos de la gran puta china de mierda vão ver o que é rádio”.

A notícia correra como um raio na redondeza. Nos dias seguintes não houve tardinha em que não chegassem dois, três vizinhos a cavalo, com um ar meio sem jeito, com o pretexto esfarrapado de uma visita, “onde se viu visita em dia de semana, dia de trabalho”, resmungava feliz tio Ângelo. E judiava dos curiosos, lhes oferecia mate, perguntava sobre as novidades, sempre embaixo do cinamomo antiquíssimo, ao lado do catavento, cujas pás se moviam impelidas pela brisa do entardecer. O sol se escondia, as visitas hesitavam em dizer ao que vinham e tio Ângelo, num misto de desprendimento e vingança, convidava: “o compadre quer passar pra sala, escutar um pouco de rádio?”

Com o tempo atenuara-se aquele ímpeto de desforra, como também o complexo de culpa dos vizinhos - por vizinhos entendia-se pessoas que moravam a léguas de distância - e a cada noite tio Ângelo recebia gente vinda de longe para escutar rádio. Ao chegar, já iam desencilhando os matungos, pois a sessão de escuta só terminava lá pela meia-noite. Orgulhoso, tio Ângelo não permitia a ninguém, nem mesmo a mim, mexer nos botões do Telefunken. Qual sacerdote oficiando sua liturgia, solenemente ligava o rádio e girava o dial, perguntando à roda, com picardia, se queriam escutar brasileiro ou castelhano, tangos ou rancheiras, música ou notícias.

Tarde da noite, alegava ter de madrugar para o trabalho, a indiada se despedia, encilhava os cavalos e saía perfurando a noite na pampa com vozes que aos poucos morriam nas canhadas. Tio Ângelo então me chamava, “vem cá, guri, o melhor vem agora”. E mudava de onda. Ouvíamos então, silentes, ruídos que pareciam vir de estrelas distantes, línguas estranhas que escutávamos durante horas tentando entender ao menos uma palavra, notícias de outros povos e costumes, canções de outras gentes.

A mim, na época, parecia-me impossível que um ser humano pudesse falar outra língua que não os dois únicos idiomas existentes no mundo, o brasileiro e o castelhano. Com o tempo, quando o rádio já não mais constituía milagre, os vizinhos, se passavam por Dom Pedrito, lhe enviavam um chasque pela rádio Ponche Verde, endereçado à Estância do Pau Vermelho, o que fazia tio Ângelo sorrir divertido, não pelo duplo sentido do nome, mas pelo fato de chamarem de estância suas poucas braças de terra.

Bueno, agora voltei aos pagos. Fui conduzido por um amigo dos dias de Dom Pedrito, o Pacase, mais a Chica, minha prima, e minha fotógrafa particular. Do obelisco em diante, taperas por todos os lados. Tapera do Ivo, pai de minha prima. Tapera do Dalmácio, seu avô. Tapera do Raul, nosso tio. Mais as taperas da Toto Ferreira, do Hilário e da Siá Cantilha. Tapera do Camilo Morales. Todos morreram e os filhos bateram na marca e se mandaram para o povoado. Tapera do Dr. Christiano Fischer, médico cujo centenário assisti em 1952, quando tinha cinco anos.

Só não estava tapera a igreja São Domingos, administrada por meu padrinho de batismo, o Érico Berruti Corsini. Catolicíssimo, fez uma tumba solene para sua mulher atrás da capela. Em 2004, quando andei por Dom Pedrito, soube que vivia em Rivera e tinha 101 anos. Achei que estivesse já mais pra lá do que pra cá e preferi não visitá-lo. Ano passado, uma prima – coincidentemente a que me acompanhou nesta volta à infância - me escreveu. Dizia ter estado com o Berruti. Não acreditei.

Pois estava com 107, saudável e lúcido e escrevendo nos jornais de Livramento. Vivito y coleando. O homem atravessou o século passado inteiro! Segundo minha prima, estava recebendo um teólogo italiano em sua fazenda. E ainda lembrava de mim. Era um desses raros homens que podem chamar o papa de “aquele rapaz”. Morreu aos 108.

Adelante! Ocorreu que furamos o pneu em plena Linha, justo ao lado do Marco dos Moreiras. Do lado do Uruguai, o rancho de Don Floro Rocha, também tapera. No Brasil, minha tapera e a agora tapera do Tio Ângelo. Em idade já provecta, na faixa dos 60, não conseguíamos descer o estepe, além do mais trancado por uma corrente. Urgia gente mais moça. Náufragos entre duas nações, ficamos à espera de um milagre. Foi quando passou um personagem para mim novo naquela geografia, uma moça de moto com uma filha na garupa. Prometeu ajudar-nos. Que chamaria o Gojo, que ainda ficara num restinho de campo frente à tapera do pai.

Me preparei espiritualmente para passar à noite no pampa. Gojo era uns dez anos mais velho do que eu. Estaria caindo aos pedaços – comentei com o Pacase. Mas era o Gojo ou nada e melhor o Gojo do que nada. Dali a meia hora chegou nosso socorro, também em uma moto. Outra moça havia passado de moto pela Linha. O campo havia mudado. Cavalo já pertencia a meu passado.

Chegou um paisano de barba e bigode brancos, franzino mas rijo como um touro. Minha memória me traiu, pensei com meus botões. Vai ver que o Gojo era mais novo do que eu. Sem me apresentar, fui logo perguntando pela Gessi. Ele naturalmente não me reconheceu e teve um momento de perplexidade.

- Mi hermana?
- Si, tu hermana. Eu nasci ali na frente, sou filho do Canário. Deves lembrar de mim. Lembrava, apesar de mais de meio século passado. Mi hermana está en Nova Jorque.
- E a Gleci?
- Está em Paris.
- E as outras?
- Ah, uma está em Madri, outra em Dom Pedrito...

Uma sensação de raro bem-estar me tomou conta da alma. Mulherada alarifa, barbaridade! Mais esparramadas que filhotes de perdiz. Haviam saído das mesmas grotas que eu, daquele deserto verde onde nasci, e viviam no mundo, em plena civilização. Gojo, e mais alguns outros que haviam chegado, nos trocaram o estepe. Ocorreu-me então uma pergunta:
- Que idade tens, Gojo?
- 78.

Os tauras daqueles pagos não são chegados à morte. Diante de nós, decrépitos urbanos, Gojo parecia um gurizote. Voltando a Dom Pedrito, Pacase falou-me no Dezé. Era o cartorário do Ponche Verde, em meus dias de guri. Sim, eu lembrava do Dezé. Quando morreu?
- Não morreu. Está com 99.

Decididamente, a Indesejada das Gentes não é muito popular naquelas plagas. De volta a Porto Alegre, fui revisitar dois amigos dos dias de universidade, na flor dos 80. Me assustei com o que me espera, salvo alguma providencial queda de avião. Estão ambos mais para lá do que para cá. A urbe mata.

Reposto o pneu, fui até onde nasci. No hallé ni rastro del rancho: ¡sólo estaba la tapera! ¡Por cristo si aquello era pa enlutar el corazón! – como decía Fierro. Logo adiante, ainda em pé mas abandonado aos cardos e à flechilha, o rancho do tio Ângelo. Nem sombra do cinamomo, muito menos do catavento. O mato e o pastiçal fizeram um cerco implacável à tapera, como se, longe do olhar humano, a natureza se entregasse a uma orgia obscena.

Fui até a cacimba onde, em 77, ainda me debrucei e bebi, minhas lágrimas se misturando à água salobra. Estava seca, muda e atulhada. E assim foi minha volta ao deserto verde onde nasci.


28 de novembro de 2012
janer cristaldo

E NA HORDA DO P ARTIDO T ORPE... A HORA E A VEZ DOS MEQUETREFES

 

 
O Palácio do Planalto e sua base de apoio parlamentar impediram ontem que o Congresso convocasse os funcionários presos ou indiciados pela Operação Porto Seguro para falar. Mais uma vez, a gestão petista resiste a esclarecer como mais uma rede de corrupção se instalou no coração do poder.
Se a regra é a transparência, eles têm muito a dizer; para quem quer melar o jogo, o melhor é escondê-los.

O governo sustenta que, neste momento, a atribuição de ouvir gente como Rosemary Nóvoa Noronha, os irmãos Paulo e Rubens Vieira e José Weber de Holanda, o braço direito do braço direito da presidente Dilma Rousseff na Advocacia-Geral da União (AGU), é da Polícia Federal, e não do Congresso. Com base nisso, os governistas propuseram a ida dos chefes deles ao Senado.
Mas, num caso de polícia, quem tem muito a revelar é a arraia-miúda, quem pôs a mão na massa, quem teceu no dia a dia as teias da corrupção no aparato estatal. É a partir do que eles disserem que será possível, em sequência, chegar aos tubarões - que certamente existem e estão muito próximo dos mais estrelados gabinetes da República. A hora, agora, é de ouvir os mequetrefes.
Rosemary Noronha, por exemplo, poderá contar como atuava como faz-tudo de Luiz Inácio Lula da Silva dentro e fora do Brasil. Como portava um superpassaporte que só as mais altas autoridades - não era, formalmente, o caso dela - deveriam ter e por que viajou a torto e a direito com o então presidente da República: foram 24 países entre 2007 e 2010, que, além de passeios, lhe rederam R$ 62,9 mil em diárias.

Poderá explicar como influenciou a indicação dos irmãos Vieira para a ANA e a Anac, de onde eles operavam uma vasta rede de venda de pareceres oficiais para atender interessados privados. A ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo poderá abrir a boca e aliviar suas tensões, que tanto temor causam aos capas pretas petistas.
Quem também tem muito a contar é José Weber de Holanda, que até ontem era o segundo na hierarquia da AGU. Ele poderá falar, por exemplo, sobre suas perigosas ligações com o ex-senador Gilberto Miranda, sua fixação por ilhas, seu empenho em liberar obras bilionárias em paraísos ambientais.
Atuando na AGU, Weber ajudou o polêmico político a manter a Ilha das Cabras, em Ilhabela (SP), cuja ocupação é objeto de contestação no Supremo Tribunal Federal. Informa
O Globo que um parecer de Weber deu origem a pedido da AGU assinado pelo titular Luís Inácio Adams que corrobora as teses da defesa do ex-senador - Miranda construiu ilegalmente na ilha uma área para pouso de helicópteros, uma praia artificial e um deque.

Não foi só. O empenho de Weber também ajudou Gilberto Miranda a destravar o projeto de um complexo portuário de R$ 2 bilhões na Ilha de Bagres, área de proteção permanente ao lado do porto de Santos, como mostra a Folha de S.Paulo. No Congresso, o advogado poderá explicar como conseguiu fazer com que o empreendimento fosse aprovado em tempo recorde por órgãos como Ibama, Secretaria de Portos e Secretaria de Patrimônio da União.

Para tanto, ele certamente poderá contar como auxílio de Mário Lima Júnior, mais novo nome da lista dos nem tão mequetrefes assim abarcados pela Operação Porto Seguro. Trata-se do secretário-executivo da Secretaria de Portos ou simplesmente o número 2 na hierarquia da pasta, ligada à Presidência da República. Segundo
O Estado de S.Paulo, Lima "negociou com a quadrilha acusada de vender pareceres técnicos" a liberação do projeto da Ilha de Bagres.

Por fim, os parlamentares poderão ouvir de Paulo Vieira como, a partir da ANA, operava com tanta desenvoltura e em tantos órgãos azeitando a concessão de benesses públicas para interesses privados. Ele também vai poder explicar como amealhou tanto poder no governo do PT mesmo sendo tão ruim de voto:
em 2004, Vieira disputou, pelo partido, uma vaga na Câmara de Vereadores de um município paulista de 4 mil habitantes e só conseguiu 55 votos, como revela O Globo.

Como se vê, todos têm muito a contar, mas o petismo prefere escondê-los. "Esquisita a preocupação do Planalto em interditar testemunhas. Se a ideia da presidente é mesmo apurar e punir, em tese seria a maior interessada em acabar com essa história de blindagem e se postar de ouvidos bem abertos no aguardo de revelações úteis. O incentivo ao silêncio de quaisquer pessoas que possam contribuir para o esclarecimento dos fatos subtrai confiabilidade dos propósitos saneadores do Palácio do Planalto", analisa Dora Kramer.

Todas as pessoas que o governo da presidente Dilma Rousseff conseguiu ontem evitar que sejam ouvidas no Parlamento ocupam ou ocupavam até este fim de semana cargos públicos na gestão petista. Para que estivessem lá, a regra número um é a transparência e a lisura no trato do patrimônio público.
Sejam eles tubarões ou simples mequetrefes, falharam no cumprimento do dever e agora devem prestar contas à sociedade. Se o governo está contra isso, está contra o interesse público.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

 28 de novembro de 2012

NUNCA SE QUEIXE, NUNCA SE EXPLIQUE, NUNCA SE DESCULPE, DIZ ROBERTO JEFFERSON SOBRE PENA

 

 
 
O presidente nacional do PTB e ex-deputado federal, Roberto Jefferson, comentou rapidamente em seu blog a pena imposta a ele pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi condenado a sete anos e 14 dias de prisão - em regime semiaberto - além do pagamento de R$ 720,8 mil, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Sobre o julgamento no STF. Do ex-primeiro-ministro inglês Benjamin Disraeli - Never complain, never explain, never apologise (literalmente, nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe), escreveu o ex-deputado no blog.

Após a fixação da pena, o advogado do petebista, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, disse que não está satisfeito com a decisão do Supremo de reduzir a pena imposta ao seu cliente. O advogado disse que a expectativa dele era de absolvição e que depois do julgamento vai recorrer da decisão.

Enquanto os ministros do Supremo decidiam sua pena pelo envolvimento no caso do mensalão, o petebista usou o Twitter para falar de outros temas e não tocou no assunto do julgamento. Somente depois que a pena foi fixada, ele postou a mensagem no blog.

Em três mensagem publicadas enquanto ocorria o julgamento, o presidente do PTB publicou links de seu blog, para textos em que comenta a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que prendeu seis pessoas e indiciou mais 12 sob acusação de participação em um esquema de fraudes de pareceres técnicos em agências reguladoras e órgãos federais.

No lugar dos investigados irão os ministros ao Congresso, tática usada quando da faxina feita por Dilma no ano passado, escreveu Jefferson em uma das mensagens, referindo-se à convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que ocorreu após um acordo com o governo.

De ex-secretária, ex-mulher e ex-motorista os escândalos estão sempre cheios e Rose cabe em uma destas categorias, disse ele em outro post.

Já depois de a pena ter sido fixada, Jefferson postou nova mensagem, novamente sem tocar no tema do mensalão:

Que Dilma mantenha a rapidez e mostre que abandonou de vez a mania que Lula tinha de demorar com as indicações do STF.

Em outra mensagem, Jefferson postou que a quadrilha desbaratada pela Operação Porto Seguro atuou em outros ministérios, como a Secretaria de Portos e Itamaraty.

Jefferson, que se recupera de um câncer no pâncreas, não passa por sessão de quimioterapia esta semana, segundo sua assessoria. Ele está em sua casa no município de Levy Gasparian, no interior do Rio.
 
28 de novembro de 2012
camuflados

E NO BRASIL ASSENHOREADO PELA CANALHA

      No rastro da farra com dinheiro público

Em uma investigação que apura o suposto desvio de recursos de emendas parlamentares para shows e eventos, a casa e o rancho do secretário de Micro e Pequenas Empresas, Raad Massouh, foram alvos de promotores e policiais civis na manhã de ontem. A Operação Mangona, conduzida pela Procuradoria-Geral de Justiça do Distrito Federal, também apreendeu computadores e documentos no anexo do Palácio do Buriti e em outros endereços do DF e do Entorno.

As apurações ocorrem desde o ano passado e tiveram início na Polícia Civil, mas, após serem interrompidas por conta de remanejamento na corporação, ficaram sob a responsabilidade do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Às 6h, promotores, agentes e delegados da Polícia Civil saíram para cumprir os 14 mandados de busca e apreensão. Na Secretaria de Micro e Pequenas Empresas, localizada no 9º andar do anexo do Palácio do Buriti, foram recolhidos computadores e documentos. As buscas também ocorreram na casa do secretário e deputado licenciado Raad Massouh (PPL), no Rancho RM (em Sobradinho), que pertence a ele, no Sindicato das Empresas de Turismo Rural e em Formosa (GO).

Todo o material apreendido, incluindo um cofre, foi encaminhado à Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), que auxiliou no cumprimento dos mandados.

As investigações tiveram início em 2011, quando uma denúncia indicou irregularidades na organização de um evento rural realizado em Sobradinho, em 2010. A festa teria custado R$ 100 mil aos cofres públicos, mas parte do dinheiro, segundo testemunhas, teria sido desviada. A verba foi liberada por meio de uma emenda de Raad Massouh.

As denúncias revelam que os valores pagos aos artistas que se apresentaram na festa teriam sido superfaturados e que houve dispensa de licitação para a realização do evento. A Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), então chefiada pelo delegado Flamarion Vidal, começou a apurar o caso.

As investigações, entretanto, foram interrompidas em novembro de 2011, com a transferência de Flamarion para a 30ª Delegacia de Polícia, em São Sebastião.

O inquérito foi retomado pela assessoria criminal da procuradora-geral de Justiça do DF, Eunice Amorim Carvalhido. Os documentos apreendidos podem fazer com que o secretário seja denunciado perante o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF. Por meio de nota, o MPDFT informou que o processo corre em segredo de Justiça e que “o material apreendido será objeto de análise e subsidiará a investigação que tramita no Conselho Especial do TJDFT”.

O Governo do Distrito Federal (GDF) também divulgou uma nota na qual garante que a operação “não se refere a atos administrativos da atual gestão”

Tubarão
O nome da operação deflagrada ontem faz alusão ao tubarão Mangona, que pode medir até 3,2m e pesar 300kg. A espécie é encontrada no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, com coloração de pele variando de cinza a castanho-claro. Os machos são menores que as fêmeas.

Recursos
R$ 100 mil
Total liberado para festa em Sobradinho, em 2010, por meio de emenda de Raad Massouh. Parte teria sido desviada

Bolada

R$ 98 milhões
Montante garantido pelos distritais para aplicação em esporte e lazer este ano no Distrito Federal

KELLY ALMEIDA ANA MARIA CAMPOS ALMIRO MARCOS
Correio Braziliense
28 de novembro de 2012

O BRASIL MARAVILHA DOS FARSANTES: CERCA DE UM QUARTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA TEM CARÊNCIAS SOCIAIS E DE RENDA, DIZ IBGE

Quando é considerado apenas uma das carências, de renda ou social, a parcela sobe para 58,4% em 2011
 
Num entendimento mais amplo da pobreza, o IBGE uniu carências sociais com as de renda e verificou que quase um quarto , ou 22,4% da população brasileira, pode ser considerado vulnerável, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2012, divulgada nesta quarta-feira pelo instituto.
As carências sociais foram reunidas em quatro grandes grupos: atraso educacional , domicílio precário, falta de acesso a serviços básicos e, por último, sem acesso à seguridade social. A carência de renda foi fixada em R$ 327 per capita. Segundo a publicação, foram selecionados indicadores de carências sociais que identificam elementos mínimos de direito, sem os quais não se pode assegurar que as pessoas possam exercer sua dignidade, segundo o marco jurídico nacional.
O grupo mais vulnerável foi o que apresentou carência de renda e uma das fragilidades sociais citadas. Nesse grupo estão os 22,4% da população. Quando se acrescenta a parcela da população com apenas uma das carências, seja de renda ou social, essa parcela sobe para 58,4% em 2011. Há dez anos, a parcela era de 70,1%.
Cristiane Soares, da Coordenação de População e Indicadores Sociais, diz que mais importante do que medir o conjunto de pobres, é a ideia relativa da pobreza.
Temos que ver a pobreza em várias dimensões.
O acesso a serviços básicos do domicílio foi a principal carência identificada. De novo, o saneamento puxando para baixo o desempenho social brasileiro. Da população, 32,2% não têm acesso a serviços como saneamento adequado, água encanada, lixo coletado ou luz elétrica). Em 2001, eram 40,9% da população.
O atraso educacional medido por crianças de 6 a 14 anos que não frequentavam a escola, pessoas de 15 anos ou mais analfabetas ou as pessoas de 16 anos ou mais que não tinham concluído o ensino fundamental melhorou na década estudada. Baixou de 39,3% para 31,2%.
A falta de acesso à seguridade (pessoas de 10 anos ou mais que não contribuíam para previdência ou não recebiam aposentadoria ou pensões e não recebiam benefícios sociais apesar de estar elegível para o programa), com a formalização do mercado de trabalho e a ampliação dos programas sociais, diminuiu, mas ainda não é realidade para 21,3% da população.
Em 2001, eram 36,4%.

Na fragilidade de renda, são 29,8% dos brasileiros, contra 30,2% uma década antes.
Com esses indicadores, o IBGE constatou que apenas 34,2% da população podem ser considerados não vulneráveis; 36% são vulneráveis somente de carências sociais, 7,4% somente por rendimento.
Com a desigualdade regional histórica, no Nordeste, os carentes de tudo somam 40,1%, mesma parcela do Norte. Já no Sul, a taxa baixa para 11,3% e no Sudeste, 11,9%. No Centro-Oeste, os mais fragilidades somam 16,2%.



O Globo
28 de novembro de 2012

CINE POCILGA APRESENTA...


 
28 de novembro de 2012
omascate

O SUICÍDIO DA ÁGUIA - PARTE VII


Por que Obama foi reeleito e o quê esperar do futuro
 
 
Parte I

Analisarei a reeleição de Obama como o desenvolvimento natural da tendência exposta nos artigos anteriores com o mesmo titulo: a vitória da esquerda radical do Partido Democrata, do shadow party, forjada no movimento dos revoltos contra a guerra do Vietnã nas décadas de sessenta e setenta. Deixarei de lado as várias evidências de fraude em inúmeros distritos – num deles os votos apurados foram 141 a 158% maiores do que o número de eleitores inscritos [[i]], em vários não era exigido nenhum documento de identidade, noutros alguns eleitores votaram duas vezes -, nem discorrerei sobre a já óbvia falsidade de seus documentos, inclusive o Birth Certificate. Olavo de Carvalho tem abordado exaustivamente estas últimas e tem muitas novidades sobre as primeiras.

Vitória de Obama ou suicídio republicano?


‘Os líderes cristãos e conservadores assim como os cidadãos tradicionais, os ‘caipiras’ (grass-root citizens,) devem deixar claro que sob nenhuma circunstância comprometeremos o cerne de nossas crenças morais e espirituais para apoiar liberais [[ii]] sem Deus (godless) tipo Romney para cargos públicos, não importa quantas vezes a cúpula liberal do Partido Republicano em Washington nos assegure ele foi escolhido porque jamais seria elegível um candidato 100% a favor do casamento tradicional, a favor do ‘rule of law’ e cristão’. Isto é falso!

Gregg Jackson, jornalista conservador

Qualquer que seja o ângulo pelo qual se analise a vitória de Obama é forçoso reconhecer os flagrantes erros dos republicanos. Uma máxima que já está se tornando rotina é a de que quanto mais o Partido Democrata radicaliza à esquerda, mais os Republicanos seguem o mesmo caminho, tentando se apossar das teses dos “liberais” (socialistas). Centenas de milhares de republicanos não votaram simplesmente porque consideravam que não havia diferença entre os candidatos.

Romney tratou suas bases mais sólidas de maneira morna e indiferente. Rick Santorum estava certo quando disse que Romney era o pior republicano em todo o país para enfrentar Obama. Ele estava certo porque Romney fez de tudo para esnobar sua própria base constituída de eleitores evangélicos conservadores que poderiam ter virado a eleição a seu favor nos estados-chave (key swing states) (veja aqui o mapa eleitoral por distritos).

Além disto:

1 – Recusou assinar o compromisso pró-vida de Susan B. Anthony List’s Pro-life Presidential Leadership Pledge e Personhood USA’s Republican Presidential Candidate Pledge (http://www.personhoodusa.com/press-release?page=4);

2 – Reafirmou sua oposição a proibir monitores homossexuais de escoteiros e sabe-se que em seu governo em Massachusetts foi extremamente benevolente com os movimentos gay;

3 – Se opôs ao candidato de seu próprio partido ao senado, Todd Akin, 100% pró-vida respeitado por todos da base republicana tradicional;

4 - Permitiu propaganda pró-aborto de sua candidatura nos estados-chave;

5 – Declarou que a legislação abortiva, inclusive de menores de idade, não estava na sua agenda;

6 – Declarou que a oposição Síria ‘partilha nossos valores’ quando de fato não passam de organizações terroristas que matam judeus e cristãos e que Assad é o mais pró-cristão dos líderes da região;

7 – Não só esnobou como se afastou completamente do Tea Party, movimento de retorno aos ideais republicanos, fundado logo após a derrota de McCain, outro RINO (republican in name only - republicano só no nome) como Romney;

Romney fez uma campanha de bom moço, apelando para a racionalidade e sem atacar Obama com a força com que Reagan atacou Carter em 1980. No seu primeiro discurso de campanha, em 1º de setembro de 1980, disse Reagan:

‘Carter nos diz que os descendentes daqueles que se sacrificaram para recomeçar suas vidas nesta terra de liberdade, devem abandonar o sonho que dirigiu seus ancestrais para uma nova vida numa nova terra. E é verdade! Sua administração é uma litania de desespero, de promessas quebradas, de esperanças sagradas abandonadas e esquecidas. Quando se mostra a miséria econômica o que ele responde? Que é apenas uma recessão, não uma depressão. (...) Carter se refugia atrás de um dicionário. OK, se ele quer uma definição eu lhes darei uma: uma recessão é quando seu vizinho perde o emprego, uma depressão é quando você perde o seu, e uma recuperação é quando Jimmy Carter perder o dele’!

Naquela época o Partido Republicano queria realmente o poder e soube escolher. Bush também foi uma excelente escolha conservadora e por isto foi duramente atacado. É claro que a mídia esquerdista clama que Romney apelou demais para as idéias de ‘extrema direita’ e que não foi ‘suficientemente moderado’. Este apelo ao apaziguamento em todas as instâncias da vida humana é um paradigma da modernidade, ou pós-modernidade, sei lá! Quanto mais agressivo o oponente, mais deve ser apaziguado. Baseado nisto tratam-se bandidos a pão-de-ló, pede-se desculpas a terroristas como fez Obama na Líbia (voltarei a este ponto adiante) e não como Reagan mandando bombardear Trípoli e a cidade de Kadhafi, e recomenda-se Israel a não reagir aos foguetes dos terroristas do Hamas.

A verdade da eleição americana é exatamente a oposta. Mas a elite republicana pensa diferente e tem nomeado contra Obama candidatos como McCain e Romney, que são mais liberais do que muitos democratas não radicais que gostariam de votar num republicano porque não estão satisfeitos com a agenda extremista de Obama. Como fizeram em 1980: Reagan ganhou milhões de votos democratas defendendo uma plataforma nitidamente conservadora, só perdendo em seis Estados e no Distrito de Columbia. Obteve 50,9% dos votos populares e 489 votos eleitorais (90,9%). Quatro anos depois recebeu respectivamente 58,77 e 525 (97,6%) e só perdeu em Minnesota e D.C. e em 92 elegeu seu vice.

O estrategista republicano Karl Rove, que levantou 330 milhões de dólares para garantir a vitória de Romney e a maioria no Senado, aconselhou os republicanos de evitarem chamar Obama de socialista ou esquerdista. Rove acreditava que os eleitores indecisos, moderados ou tendentes à esquerda pulariam para o lado de Obama se estas acusações fossem levantadas: “Se você diz que ele é socialista, eles vão defendê-lo’. Rove recomendou a Romney mostrar-se respeitoso com Obama!

Resultado: uma estrondosa vitória de Obama em 2008 e agora com menos força, o que demonstra que os republicanos perderam votos com uma campanha morna e sem defender os tradicionais valores americanos.

Gregg Jackson e outros conservadores como Glenn Beck já avisavam há meses que é impossível vencer sem sua base eleitoral, mas novamente as elites que dirigem o Partido Republicano (Reince Priebus, Karl Rove, os Bush, Fox News, Weekly Standard e National Review) empurraram outro RINO garganta adentro dos eleitores, um candidato que estava destinado a perder, apesar da relativa fraqueza de Obama, com uma administração reconhecidamente débil, indecisa, titubeante, que só sabe discursar com o teleprompter, além de um ponto fraco por recusar-se a mostrar seus verdadeiros documentos.

É urgente que a liderança republicana reconheça que sua base política acredita num mundo criado por Deus, que os direitos do indivíduo derivam de Sua vontade e que a principal razão de ser de um governo civil é proteger e defender estes direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Existem milhões de cristãos e conservadores que não subscrevem a idéia do ‘menor dos males’ e se recusam a dar seus votos para aqueles que não seguem os mesmos princípios, mesmo que o outro candidato seja muito pior, com uma agenda marxista radical.

Os Estados Unidos estão se aproximando celeremente da triste situação brasileira onde só existem esquerdistas e muitos chegam a fazer a escolha fatal do ‘menor dos males’, legitimando a radicalização esquerdista manobrada por Lula: acabar com a direita no Brasil.

Cada vez mais parece que o Partido Republicano vem adotando a plataforma Democrata. E desta forma sumirão do mapa político americano. Desprezar o Tea Party para dar uma de bom moço, nada radical, nem caipira, deu no que deu. Como no Brasil, onde o conservadorismo é sentido como uma ofensa terrível. Estarão os Estados Unidos se transformando numa república das bananas?

O uso demagógico da economia e do ‘social’


A democracia leva a um igualitarismo radical: à crença de que aqueles que são iguais em algum aspecto são necessariamente iguais em todos os demais. Porque os homens são iguais na sua liberdade, clamam por serem iguais em tudo.

Aristóteles


Aristóteles, apesar de ter vivido há mais de dois milênios, continua sendo uma autoridade em política e outros campos, maior do que tudo o que se escreveu depois, principalmente as complicadas, inúteis e vazias teses da modernosa ‘ciência’ política. O próprio fato de existir uma ‘ciência’ hoje em dia serve para criar uma casta de ‘especialistas’ e coloca uma barragem, um abismo intransponível – salvo para os que aceitarem as regras da casta e a ela aderirem -, entre eles e o restante da população que têm que aprender com eles para entender alguma coisa. Aristóteles, assim como Sócrates, Platão e outros sábios daqueles idos, era um habitante comum de sua pólis e descrevia o que via acontecer.
Acredito que nenhum deles tinha a mínima pretensão, e ficaria espantado se viessem a saber que 2.500 anos depois ainda influenciariam o pensamento humano e serviriam de norteadores para a boa e sã Filosofia, o Projeto Socrático como o denominou Olavo de Carvalho.

Desgraçadamente, outros se apossaram de seus escritos e criaram uma falsa ‘ciência’ para deturpar suas palavras e mistificar o povo.

É um corolário óbvio de sua observação acima que, num regime democrático, os políticos tendam a usar o poder coercitivo do Estado para nivelar todas as igualdades, especialmente através da apropriação e redistribuição da riqueza por meio de leis distributivas. O direito à igualdade de oportunidades se torna o direito à igualdade de resultados, assegurada pelo poder do Estado como instrumento coercitivo para atingir este resultado utópico, geralmente às expensas das restrições da própria liberdade.

Tucídides, que pretendia contar a história como acontecera objetivamente sem floreios interpretativos farsescos, relata que durante o 4º século A.C. os cidadãos atenienses recebiam cada ano mais estipêndios do Estado. Eram pagos para servir de jurados, para freqüentar as Assembléias, para ir ao teatro e aos festivais religiosos.

‘Mesmo com a ameaça de Felipe da Macedônia contra Atenas era muito perigoso para qualquer político transferir verbas públicas dos fundos para teatro e festivais para os militares [[iii]]. Quando os atenienses se deram conta do perigo já era tarde demais: perderam a batalha de Queronéia em 338 A.C e com ela a sua liberdade política e autonomia’.

É exatamente o que ocorrerá com os Estados Unidos se prosseguirem nesta senda de enxugar o orçamento militar transferindo as verbas para as despesas ‘sociais’ – alegadamente para colaborar com a nova multipolaridade mundial.

Assim Obama conquista seus votos, e tem uma larga experiência nisto: sua única ocupação ‘profissional’ comprovada foi a de agitador e ‘organizador comunitário’ no sul de Chicago (comunitário é um eufemismo, pois como discípulo de Saul Alinsky, o termo correto é ‘organizador revolucionário’). Obama considera que esta atividade representa o âmago de sua identidade, na qual recebeu a ‘melhor educação’ de toda sua vida, não na educação formal em Columbia ou na Escola de Direito de Harvard. Aliás, ainda restam dúvidas se estes estudos universitários foram de fato realizados, já que seu histórico escolar inverossímil é guardado como segredo de Estado.

Tudo começou quando Obama, então ‘trabalhando’ com Ralph Nader, aceitou ‘emprego’ como diretor do grupo do centro da cidade de Chicago do Developing Communities Project (DCP), da Calumet Community Religious Conference (CCRC), uma organização que visava converter as igrejas negras de Chicagos South Side em agências de mudança social. Durante a primeira campanha ele declarou:

‘Nos protestos, ocupações (de terrenos e imóveis), nas marchas, nas canções dos presidiários, eu vi a comunidade Afro-Americana se tornando mais do que apenas um lugar onde foi criado ou se mora. Através da organização, do sacrifício compartilhado, atingia-se a condição de membro pleno da comunidade’ [[iv]].

Esta foi a razão de Mitt Romney ter dito antes das eleições que 47% dos eleitores eram votos cativos de Obama, escandalizando toda a mídia amestrada, porque a verdade jamais deve ser dita em política. A verdade dói, a mentira alivia a dor, ao menos até o momento em que inevitavelmente falha. Aí a dor é bem pior, como a Europa está sentindo atualmente depois de anos de mentira socialista. Em termos pessoais geralmente o mentiroso acaba pagando o preço por suas mentiras. Em termos sociais não: são as gerações futuras que pagarão pelas mentiras do presente. É a população atual européia que está pagando com as sucessivas recessões econômicas pelas mentiras dos últimos 50 ou 60 anos de orgias em gastos ‘sociais’.
Na hora da verdade é necessário apertar os cintos e aí é que ‘o bicho pega’. Quando escrevo este texto vejo as massas dos ‘desmamados do dinheiro público’ protestando contra os inevitáveis cortes orçamentários. Margaret Thatcher observava que ‘o socialismo acaba quando termina o dinheiro dos outros’. Mesmo assim a sedução pela ‘bondade’ e ‘generosidade’ dos distribuidores de dinheiro dos outros, continua gerando votos. Até que um dia acaba.

Mas não só de dinheiro vive Obama; também de agraciar cada uma das chamadas ‘minorias’ com legalização ou promessas de legalização de atividades moralmente controversas. Isto lhe rendeu votos suficientes para conquistar ‘a maioria das minorias’. Segundo Le Figaro, citando uma pesquisa da CNN: dos 13% de afro-americanos nos EUA, Obama obteve 96% dos votos, dos latinos (10% da população) ficou com 70%, dos gays teve 75%, dos judeus, apesar das nítidas decisões contra Israel ficou com 68%, ainda 70% dos votos de mulheres de todas as etnias ligadas a movimentos feministas e abortistas, e dos asiáticos 70%. Somando todos esses, Obama obteve 1 a 2% a mais dos votos do que Romney. O ‘mérito’ de Obama é que ele conseguiu aglutinar uma grande fauna, falando a cada grupo o que gostariam de ouvir (e receber do governo). Como disse o comentarista da Fox News, O´Reily, ‘those who voted for Obama want stuff’ (stuff é coisas, objetos, mas essencialmente dinheiro). Há os que querem mamar nas tetas do governo e aqueles que mamam e não querem que lhes seja tirada a mamadeira.

Segundo a propaganda da mídia amestrada mundial Obama é um progressista moderado, a voz da América esclarecida em luta contra o obscurantismo reacionário e racista; não é um “falcão” empenhado em esmagar o pobre mundo sob as patas do Império americano.

Mesmo para os que consideram que ‘todos os americanos só pensam em dominar o mundo’, sua diferença com os republicanos é que pelo menos ele não é um ‘caipirão racista e conservador’, a pior ofensa para os modernistas. Mas Obama não passa de um dos meninos de ouro de Saul Alinsky, certamente seu maior aprendiz, mesmo sem nunca ter tido contato com o próprio.

(Continua.)

28 de novembro de 2012
Heitor De Paola

Notas:

[i] St Lucy County. Florida: http://www.towncrierdubuque.com/the_town_crier/breaking-florida-showing-massive-voter-fraud e http://www.slcelections.com/Pdf%20Docs/2012%20General/GEMS%20SOVC%20REPORT.pdf. Basta ler a 1ª página: 1ª coluna nº de eleitores registrado, 2ª votos contados, 3ª percentual de comparecimento. Num Condado de Ohio, um battleground, Obama recebeu 106,258 votos, mas só havia 98,213 eleitores inscritos.Estranho também que Romney não tenha obtido nenhum voto em 59 Distritos de Filadélfia (http://minutemennews.com/2012/11/believable-romney-got-zero-votes-in-59-philadelphia-voting-districts/). .
[ii] “Liberais” são os socialistas nos USA.
[iii] Pensem nisto quando virem Fernanda Montenegro comandando uma caravana de teatrólogos e o Barretão e seus acólitos cineastas desembarcarem em Brasília para pedir dinheiro e ‘incentivos’ às atividades culturais.
[iv] Ver mais dados sobre a história de Obama em: http://www.discoverthenetworks.org/Articles/bobamasunlikelypoliticaledu.html