Horas depois de a Suprema Corte Constitucional do Egito anunciar que o Parlamento continuará dissolvido e que o Poder Legislativo ainda está a cargo dos militares, a Irmandade Muçulmana convocou uma marcha de um milhão de pessoas para apoiar o decreto de domingo do presidente Mohamed Mursi, que restabeleceu a abertura da Câmara.
Há uma queda de braço declarada entre o recém-eleito presidente Mohamed Mursi, representante da Irmandade Muçulmana, e a cúpula militar apoiada pelos juízes da Suprema Corte.
O cenário se tornou extremamenete explosivo, visto que a Síria está as portas da guerra civil e ainda há a ameaça da Turquia entrar no conflito para a derrubada do presidente sírio Assad. Uma faísca poderá desencadear uma guerra generalizada envolvendo, Síria, Líbano, Israel, Jordânia, Qatar, Arábia Saudita e até o distante Irã. Todo cuidado ainda deverá ser pouco.
Realmente, a decisão do presidente Mohamed Mursi de reabrir o Parlamento foi uma surpresa interessante. Na verdade trata-se de disputa pelo poder.
Lembro que João Goulart em 1961 enfrentou a cúpula militar, que concordou com sua chegada ao poder após a renúncia de Jânio Quadros, desde que fosse no regime parlamentarista. Jango aceitou e seis meses depois lançou um Referendo para o povo decidir: Presidencialismo ou Parlamentarismo?
Venceu o Presidencialismo, lógico.
Então, a partir desse gesto, o presidente Goulart nunca mais teve trégua dos militares até sua queda em 31 de março de 1964. No Egito, penso que haverá repetição do drama brasileiro.
Os militares e a Corte Suprema fecharam o Parlamento de maioria muçulmana exatamente para
reduzir o poder do atual presidente sabedores de que iria ganhar as eleições. O sistema tem seus próprios meios de pesquisa, que são infalíveis diferentemente dos Ibopes da vida, que de vez em quando falham.
O decreto presidencial terá consequências políticas, pois os militares são uma força importante no cenário explosivo do Egito. E afinal, depois de mais de 50 anos no poder, os militares não entregarão facilmente ao presidente civil as estruturas governamentais que geram mordomias e negócios interessantes.
Poucos estão se lixando para os interesses da nação egípcia, do seu povo e dos jovens que realmente lideraram a queda de Mubarack. As grandes potências têm muitos interesses no Canal de Suez, e para a segurança de Israel o acordo de Campi David precisa de continuidade.
Todo cuidado ainda será pouco em relação aos atuais senhores do Egito. Um novo golpe militar será desastroso para a democracia no Oriente Médio e poderá levar aquela nação que foi o berço da civilização, juntamente com o Iraque, para uma guerra civil e o advento do terror para os 60 milhões de habitantes, a maior população entre os países do Oriente Médio.
De que adianta um Trono Manchado de Sangue, a propósito do filme de Akira Kurosawa?
Roberto Nascimento
Há uma queda de braço declarada entre o recém-eleito presidente Mohamed Mursi, representante da Irmandade Muçulmana, e a cúpula militar apoiada pelos juízes da Suprema Corte.
O cenário se tornou extremamenete explosivo, visto que a Síria está as portas da guerra civil e ainda há a ameaça da Turquia entrar no conflito para a derrubada do presidente sírio Assad. Uma faísca poderá desencadear uma guerra generalizada envolvendo, Síria, Líbano, Israel, Jordânia, Qatar, Arábia Saudita e até o distante Irã. Todo cuidado ainda deverá ser pouco.
Realmente, a decisão do presidente Mohamed Mursi de reabrir o Parlamento foi uma surpresa interessante. Na verdade trata-se de disputa pelo poder.
Lembro que João Goulart em 1961 enfrentou a cúpula militar, que concordou com sua chegada ao poder após a renúncia de Jânio Quadros, desde que fosse no regime parlamentarista. Jango aceitou e seis meses depois lançou um Referendo para o povo decidir: Presidencialismo ou Parlamentarismo?
Venceu o Presidencialismo, lógico.
Então, a partir desse gesto, o presidente Goulart nunca mais teve trégua dos militares até sua queda em 31 de março de 1964. No Egito, penso que haverá repetição do drama brasileiro.
Os militares e a Corte Suprema fecharam o Parlamento de maioria muçulmana exatamente para
reduzir o poder do atual presidente sabedores de que iria ganhar as eleições. O sistema tem seus próprios meios de pesquisa, que são infalíveis diferentemente dos Ibopes da vida, que de vez em quando falham.
O decreto presidencial terá consequências políticas, pois os militares são uma força importante no cenário explosivo do Egito. E afinal, depois de mais de 50 anos no poder, os militares não entregarão facilmente ao presidente civil as estruturas governamentais que geram mordomias e negócios interessantes.
Poucos estão se lixando para os interesses da nação egípcia, do seu povo e dos jovens que realmente lideraram a queda de Mubarack. As grandes potências têm muitos interesses no Canal de Suez, e para a segurança de Israel o acordo de Campi David precisa de continuidade.
Todo cuidado ainda será pouco em relação aos atuais senhores do Egito. Um novo golpe militar será desastroso para a democracia no Oriente Médio e poderá levar aquela nação que foi o berço da civilização, juntamente com o Iraque, para uma guerra civil e o advento do terror para os 60 milhões de habitantes, a maior população entre os países do Oriente Médio.
De que adianta um Trono Manchado de Sangue, a propósito do filme de Akira Kurosawa?
Roberto Nascimento