"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 30 de dezembro de 2012

A HISTÓRIA REGISTRARÁ...

‘Maia deveria abrigar os condenados na casa onde mora’



E o MAIA???

Qual a relação que pode existir entre o Rio Grande e Marco Maia?
Exceto ter sido parido em terras gaudérias ─ que, convenhamos, o índio nada fez para merecer! ─ não encontro outra similitude.

Chimango? Só se for em relação ao eterno adesismo. Maragato? Falta coragem e cultura.
Marco Maia envergonha o Rio Grande do Sul e o Brasil.

Quer dizer agora que, demonstrando coragem inaudita de guri criado na barra da saia da avó, quer criar a República dos Pústulas? Ou seria o Império dos Condenados? Sabemos quem é o Imperador.

O Maia do Fim do Mundo, O Verdadeiro, com aquele olhar apatetado de pedinte eterno ─ sabedor que é da eterna e doentia incapacidade que é marca registrada dos idiotas de carteirinha ─ pretende criar um “asilo” de quadrilheiros na Câmara dos Deputados?

A Câmara já se faz conhecida pela inutilidade política, apêndice (supurado) que é do Executivo, ridícula pela arrogância típica dos que se sabem anões morais. Agora pretende ser criminosa.
Abrigo de bandidos. Esconderijo de pilantras. Covil de ladrões. Boca-de-grana de corruptos. Esgoto de ratos identificados e saltitantes. Com Dom Maia Ratón à frente.

Diz-se que a indecência não tem limites. É sempre elástica, na medida em que se nutre do ato anterior. Assim, de pecado em pecado o diabo nem nota que já está ardendo no caldeirão de enxofre.
Onde estarão os deputados (aqueles para quem ainda resta alguma vergonha nos nobres cornos de excelências) que não protestam já, de imediato?

Basta a ideia lançada ─ para estupefação de toda uma nação ─ para que quem ainda tenha alguma dignidade (vá lá, vergonha na cara mesmo!) venha a público denunciar o delírio do desequilibrado presidente para desautorizá-lo a falar em nome de todos.

Afinal, seria o caso de considerar a Câmara propriedade privada (com bidê e chuveirinho) de quem está lá por representação de todos nós.

Em nenhum momento algum dos deputados eleitos, em campanha, citou como proposta o aluguel do prédio de Brasília para ladrões condenados em fuga.

Que Marco Maia os abrigue na própria residência. Creio que não haveria problemas em dividir quartos de filhos, e até o próprio, com Delúbio ou Dirceu. E que defenda ─ com a coragem que demonstra abusando de um poder que paranoicamente acredita ter ─ a cidadela dos bandidos. Insisto: na própria casa. É problema dele.

É meu problema que se use a Casa dos Deputados (um deles eleito com meu voto!) para homiziar ─ como se diz na linguagem dos policiais que perseguem trombadinhas e trombadões ─ quadrilheiros condenados.

Que Maia, este gaúcho que envergonha os verdadeiros, que preste sua (a dele!) solidariedade habitando a mesma cela dos amigos de butim e de cara-de-pau!
E tire as patas do Poder Legislativo.

A classe política brasileira, representada por este aborto que mereceu um mandato sabe-se lá por que transe coletivo do Rio Grande consegue aprofundar o rés do chão.
Dizia-se que “do chão não passa!”.

Esta fase quando dita não contemplava Marco Maia, o protetor de canalhas.
Maia consegue transitar abaixo do chão. Na tubulação dos sanitários da Câmara.
Que seria o abrigo ideal para os protegidos deste enlouquecido ditador de parte da loucura reinante no Brasil.

De grande, Maia tem a falta de vergonha.

E do Rio Grande, creio que ele terá uma passagem para o outro lado da fronteira. Qualquer uma.
Ele já se mostrou um expert em travessias. Da moralidade, ética e decência.

Maia quer ser mais realista que o rei (ou rainha). E conseguir uma sobrevida de zumbi.
Para tanto, gauchescamente falando, ele está “agarrado como carrapato em culhão de touro”!

Mesmo que o boi mamão seja um José Dirceu.

30 de dezembro de 2012
REYNALDO ROCHA

A HISTÓRIA REGISTROU.

 

"AINDA BEM QUE VOCÊ NÃO ACREDITOU NAQUELAS HISTÓRIAS DE ANTIGAMENTE!"

30 de dezembro de 2012

DO SANATÓRIO GERAL DO MENSALÃO: ARROUBOS DE SINCERIDADE

Inocente demais


PUBLICADO EM 21 DE AGOSTO

“Pediram que entregasse a encomenda ao PT. Um contínuo da Previ foi buscar o dinheiro, digo, o pacote, mas ele não sabia do que se tratava. Pizzolato ficou algumas horas com a encomenda e depois entregou ao emissário do PT”.

Marthius Lobato, advogado de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, acusado de receber R$336 mil de Marcos Valério e autorizar um adiantamento de R$73 milhões do fundo Visanet para a agência DNA, que tinha contrato com o BB, condenado nesta segunda-feira pelo relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, explicando que seu cliente não sabe distinguir um maço de cédulas de real de um maço de cigarros.

Conta outra, doutor


PUBLICADO EM 17 DE AGOSTO

“Cachoeira está muito abatido, profundamente abatido, mas ele afirma que não cometeu crimes. Ele afirma e reafirma. Diz que estava envolvido com a atividade de jogos. Que, no máximo, isso configuraria contravenção penal, e é verdade”.

Nabor Bulhões, advogado de defesa de Carlinhos Cachoeira desde a deserção de Márcio Thomaz Bastos, ao informar que seu cliente anda tentando abater juízes e testemunhas de acusação por estar muito abatido com as injustiças sofridas por um esforçado empresário dedicado a loterias zoológicas.

Doutor em maluquice


PUBLICADO EM 16 DE AGOSTO

“Peço sem medo de errar: absolvam o senhor João Magno de Moura, porque, se tem um dos 38 réus aqui que desde o primeiro momento reconheceu o crime de caixa dois, este senhor é o senhor João Magno de Moura”.

Wellington Valente, advogado de João Magno de Moura, ex-deputado federal (PT-MG), acusado de receber R$360 mil de Marcos Valério, explicando aos ministros do STF que seu cliente merece ser absolvido por ser criminoso confesso.

Esses se merecem


PUBLICADO EM 14 DE AGOSTO

“Ela vai me desculpar, mas eu vou falar de novo. Uma funcionária mequetrefe denunciada no maior escândalo jurídico da Nação brasileira”.

Paulo Sérgio Abreu e Silva, advogado de Geiza Dias dos Santos, ex-gerente financeira da empresa de Marcos Valério, informando durante o palavrório no STF que sua cliente não é apenas mensaleira.

“Ela até me agradeceu por telefone”.

Paulo Sérgio Abreu e Silva, no dia seguinte, ao lhe perguntarem se a cliente ficara magoada com a palavra que usara para defini-la, revelando que Geiza ficou bastante orgulhosa ao descobrir que é a única mensaleira mequetrefe.

Doutor em mágica


PUBLICADO EM 10 DE AGOSTO

“Está provada a inexistência do mensalão”.

Marcelo Leal de Lima Oliveira, advogado de Pedro Corrêa, presidente do PP quando foi descoberta a roubalheira que lhe custou o mandato de deputado federal, na sessão desta quinta-feira no STF, pronto para provar, se necessário, a inexistência de Pedro Corrêa.

Dilmês data venia


PUBLICADO EM 9 DE AGOSTO

“Se a própria acusação diz que o dinheiro era previamente lavado antes de ser repassado, o tomador já recebia lavado, então não temos lavagem. A lavagem envolve um processo. Aquele que se limitou a sacar o dinheiro não o lavou”.

Alberto Toron, advogado de João Paulo Cunha, deputado federal, sobre a acusação de lavagem de dinheiro, durante sessão do STF desta quarta-feira, explicando, em dilmês data venia, que seu cliente foi apenas receptador de dinheiro roubado.

Segue o baile


PUBLICADO EM 8 DE AGOSTO

“Kátia Rabello é bailarina, tinha uma escola de dança para crianças. Ela é uma artista. O que acontece é que sua irmã, que havia sido preparada pelo pai para ser banqueira, falece em um desastre de helicóptero”.

José Carlos Dias, advogado de Kátia Rabello, presidente do Banco Rural à época da descoberta do mensalão, explicando por que sua cliente dançou.

Maravilhas do mensalão


PUBLICADO EM 8 DE AGOSTO

“Ela pegou um carro-forte, sim! Como ia levar esse dinheiro em caixa? Tinha que ser um carro-forte mesmo. E isso era ordem do seu patrão. Ela perguntou por que não mandar doc, e o Marcos Valério disse: ‘Porque tem que ser assim”.

Leonardo Isaac Yarochewsky, advogado de Simone Vasconcelos, diretora de uma das agências de Marcos Valério, nesta terça-feira, durante a sessão do Supremo Tribunal Federal, confirmando a revelação do procurador-geral Roberto Gurgel: se no resto do mundo carros-fortes sempre foram assaltados, no Brasil do mensalão foram usados para assaltar.

Doutores em impunidade (17)


PUBLICADO EM 6 DE AGOSTO

“Naquela época, o PT era uma das coisas mais puras que existia no Brasil. Não ser petista era quase pecado”.

Hermes Guerrero, advogado de Ramon Hollerbach, sócio de Marcos Valério, às 19:01 desta segunda-feira, lembrando o tempo em que o Brasil não sabia que o templo das vestais de araque já abrigava o bordel das messalinas do mensalão.

PUBLICADO EM 6 DE AGOSTO

“Peço que se faça justiça à figura de Marcos Valério Fernandes de Souza”

Marcelo Leonardo, advogado de Marcos Valério, às 18:22 desta segunda-feira, pedindo a condenação do cliente.

NUM PAÍS SÉRIO, OS ESTUPRADORES DA LEI ELEITORAL SAIRIAM ALGEMADOS DO SBT

PUBLICADO EM 1 DE JUNHO

A captura do achacador de juízes do Supremo libertou o atropelador da legislação eleitoral. Nesta quinta-feira, com a cumplicidade militante do apresentador do Programa do Ratinho, Lula deixou em casa o chantagista a serviço da quadrilha do mensalão para incorporar num estúdio do SBT, durante 40 minutos, o animador de palanque a serviço de si próprio e de companheiros do PT.
O que se viu na tela foi mais que propaganda eleitoral antecipada. Foi um comício ilegal estrelado por um pecador sem remédio nem limites, permanentemente empenhado em desmoralizar as normas que regem eleições no Brasil.

Na primeira parte da afronta transmitida ao vivo, o protagonista do espetáculo do deboche deixou claro que transforma até câncer em instrumento de caça ao voto. O relato da temporada no hospital foi enfeitado por um fundo musical de teatrão, mensagens açucaradas, cenas do filme “Lula, o Filho do Brasil”, depoimentos lacrimosos e reportagens pautadas pela sabujice.
“Ele foi um grande presidente para nós brasileiros, que o adoramos, o amamos”, derramou-se, por exemplo, o ex-jogador Ronaldo. Há poucos anos, o Fenômeno aposentado só achava que “ele bebe pra caramba”.

Num dos vídeos que escancararam o crime premeditado, a locutora caprichou no fecho glorioso, ilustrado por imagens do herói que acabara de nocautear a doença: “Parecia a fênix renascendo das cinzas. O homem está de volta. E com a corda toda”.
Ratinho deu-lhe mais corda ainda: por que a saúde não é tão boa?, quis saber o anfitrião da farra eleitoreira. Por culpa da oposição, garantiu Lula sem ficar ruborizado. Se o imposto do cheque não tivesse acabado, mentiu, os pacientes do Sírio Libanês hoje estariam morrendo de inveja dos fregueses do SUS.

Animado com a sintonia da dupla, Ratinho fez a proposta ao vivo: “Vamo montá um programa de entrevistas, Lula? Teve um monte de jornalista que bateu em você, vamo dá o troco neles”.
O convidado gostou da ideia.
”Um dia desses vocês vão se surpriendê, que eu vou vir aqui trabalhá com o Ratinho”, ameaçou, olhando para a plateia. Foi a senha para o início da segunda parte do show repulsivo, concebida para resgatar Fernando Haddad do buraco dos 3% nas pesquisas.

“Por que você escolheu o Haddad?”, cochichou Ratinho. Close no ex-ministro da Educação, risonho na fila do gargarejo. “Acho que São Paulo precisa do Haddad”, comunicou o palanque ambulante. Outro close na salvação dos paulistanos. “Vem pra cá, Haddad”, ordenou Ratinho, que retomou o tema que o preocupa enquanto o candidato se ajeitava na poltrona: o que pode fazer um prefeito para melhorar a saúde?

“As coisas que dependem do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma, que é gerar emprego e distribuição de renda, isso está sendo feito”, declamou Haddad. Na maior cidade brasileira, ensinou, a saúde só não é de primeiro mundo porque o prefeito é do PSD e o governador é do PSDB.
O padrinho aparteou o afilhado para jurar que nunca antes neste país houve um ministro da Educação tão competente.
Quem construiu uma escola por dia é capaz de inaugurar um hospital por mês já no primeiro ano de governo.

Liquidada a questão municipal, começou a sucessão presidencial. Lula será candidato em 2014?, passou a bola Ratinho. “A única hipótese de eu sê candidato é a Dilma não querê se candidatá, eu não vô permiti que um tucano dirija esse país”, devolveu Lula.
 “O Zé Serra tá ralado”, chutou Ratinho de bico. Só na prorrogação o apresentador pareceu lembrar que andou lendo alguma coisa sobre Lula e Gilmar Mendes. O que houve mesmo?, perguntou.

“Quem inventou a história que prove a história”, cortou o lobista dos mensaleiros. Ratinho completou de canela: “”Quem gosta de você, gosta de você. Quem não gosta de você, não gosta de você. Quem é indiferente, vai ser indiferente”.
Tradução: quem tem chefe não pode deixar de aplaudi-lo mesmo que apareça nu no Parque do Ibirapuera, com uma carabina engatilhada e avisando aos berros que vai liquidar a tiros a herança maldita legada por FHC. Lula, é verdade, não fez isso. Fez coisas piores.

Num país sério, a dupla sairia algemada do SBT por determinação da Justiça eleitoral. Nestes trêfegos trópicos, o ex-presidente continua fazendo impunemente o que quer.
A apresentação de Lula e Ratinho começou com todo mundo cantando o hino do Corinthians.
Deveria terminar com a chegada de um batalhão de policiais. Como estamos no País do Carnaval, só não terminou com a entrada de um batalhão de mulatas por falha da produção.
(AUGUSTO NUNES)

30 de dezembro de 2012

REPORTAGEM DE VEJA REVELA A OBSCENA OFENSIVA DE LULA PARA SUBJUGAR O SUPREMO E LIVRAR DO CASTIGO A QUADRILHA DO MENSALÃO

PUBLICADO EM 26 DE MAIO

O ex-presidente Lula vem erguendo desde o começo de abril o mais obsceno dos numerosos monumentos à cafajestagem forjados desde 2005 para impedir que os quadrilheiros do mensalão sejam castigados pela Justiça. Inquieto com a aproximação do julgamento, perturbado pela suspeita de que os bandidos de estimação correm perigo, o Padroeiro dos Pecadores jogou o que restava de vergonha numa lixeira do Sírio Libanês e resolveu pressionar pessoalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal.
De novo, como informou VEJA neste sábado, o colecionador de atrevimentos derrapou na autoconfiança delirante e bateu de frente com um interlocutor que não se intimida com bravatas.

A reportagem de Rodrigo Rangel e Otávio Cabral reproduz os momentos mais espantosos do encontro entre Lula e o ministro Gilmar Mendes ocorrido, há um mês, no escritório mantido em Brasília pelo amigo comum Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo e ex-ministro da Defesa.
A conversa fez escala em assuntos diversos até que o palanque ambulante interrompeu o minueto para dar início ao forró do mensalão. “Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”, disse Gilmar a VEJA. Não é para menos.

“É inconveniente julgar o processo agora”, começou Lula, lembrando que, como 2012 é um ano eleitoral, o PT seria injustamente afetado pelo barulho em torno do escândalo. Depois de registrar que controla a CPI do Cachoeira, insinuou que o ministro, se fosse compreensivo, seria poupado de possíveis desconfortos.
“E a viagem a Berlim?”, perguntou em seguida, encampando os boatos segundo os quais Gilmar Mendes e Demóstenes Torres teriam viajado para a cidade alemã num avião cedido por Carlinhos Cachoeira, e com todas as despesas pagas pelo meliante da moda.

Gilmar confirmou que se encontrou com o senador na Europa. Mas esclareceu que foi e voltou em avião de carreira, bancou todas as despesas e tem como provar o que diz. “Vou a Berlim como você vai a São Bernardo. Minha filha mora lá”, informou, antes da recomendação final: “Vá fundo na CPI”. Lula preferiu ir fundo no palavrório arrogante.

Com o desembaraço dos autoritários inimputáveis, o ex-presidente que não desencarnou do Planalto e dá ordens ao Congresso disse o suficiente para concluir-se que, enquanto escolhe candidatos a prefeito e dá conselhos ao mundo, pretende usar o caso do mensalão para deixar claro quem manda no STF.

Alguns dos piores momentos da conversa envolveram quatro dos seis ministros que Lula nomeou:

CARMEM LÚCIA

“Vou falar com o Pertence para cuidar dela”. (Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF e hoje presidente da Comissão de Ética Pública, é tratado por Carmen Lúcia como “guru”).

DIAS TOFFOLI

“Ele tem que participar do julgamento”. (O ministro foi advogado do PT e chefe da Advocacia Geral da União. Sua mulher defendeu três mensaleiros. Mas ainda não descobriu que tem o dever de declarar-se sob suspeição).

RICARDO LEWANDOWSKI

“Ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão”. (Só falta o parecer do revisor do processo para que o julgamento comece. Lewandowski ainda não fixou um prazo para terminar o serviço que está pronto desde que ganhou uma toga).

Os outros dois ministros nomeados por Lula são Joaquim Barbosa (considerado “um traidor, um complexado”) e Ayres Britto, a quem Gilmar relatou na quarta-feira o encontro em Brasília. O atual presidente do STF soube pelo colega que Lula pretende seduzi-lo com a ajuda do jurista Celso Antonio Bandeira de Mello, amigo de ambos e um dos patrocinadores da sua indicação. Imediatamente, Ayres Britto associou o que acabara de escutar ao que ouviu de Lula num recente almoço no Palácio da Alvorada. “O ex-presidente me perguntou se eu tinha notícias do Bandeirinha e disse: ‘Qualquer dia a gente toma um vinho’”, contou o ministro a VEJA.

Na mesma quarta-feira, a chegada ao STF de um documento assinado por dez advogados de mensaleiros comprovou que Lula age em parceria com a tropa comandada pelo inevitável Márcio Thomaz Bastos. “Embora nós saibamos disso, é preciso dar mostras a todos de que o Supremo Tribunal Federal não se curva a pressões e não decide ‘com a faca no pescoço’”, diz um trecho desse inverossímil hino à insolência.
A expressão foi pinçada da frase dita em 2007 pelo ministro Ricardo Lewandowski, num restaurante em Brasília, depois da sessão que aprovou a abertura do processo do mensalão. Faltou completar a frase do revisor sem pressa: “Todo mundo votou com a faca no pescoço. A tendência era amaciar pro Dirceu”.

O escândalo descoberto há sete anos se arrasta no STF há cinco, mas os dez doutores criticaram “a correria para o julgamento, atiçada pela grita”. Eles resolveram dar lições ao tribunal por estarem “preocupados com a inaudita onda de pressões deflagradas contra a mais alta corte brasileira”.

O Brasil decente faz o que pode para manifestar seu inconformismo com o tratamento gentil dispensado pela Justiça a pecadores que dispõem de padrinhos poderosos e advogados que cobram por minuto. São pressões legítimas.
Preocupante é o cerco movido a um Poder independente por um ex-chefe do Executivo. Isso não é uma operação política, muito menos uma ação jurídica. É um genuíno caso de polícia.

Se os bacharéis do mensalão efetivamente se preocupam com pressões ilegais, devem redigir outro documento exigindo que Lula aprenda a comportar-se como ex-presidente e pare de agir como um fora-da-lei.
(AUGUSTO NUNES)

30 de dezembro de 2012

CELSO ARNALDO CAPTURA A PRESIDENTA QUE RESOLVEU INVENTAR A TORNEIRA-MECÂNICA

PUBLICADO EM 6 DE ABRIL

Parece piada, mas juro é verdade. Neste governo, aliás, o que não tem faltado é verdade que parece piada. Espantado com a informação enviada pelo comentarista Marlon, fui conferir no Diário Oficial da União. E lá estava a Lei n° 12.605, de 3 de abril de 2012, que “Determina o emprego obrigatório da flexão de gênero para nomear profissão ou grau em diplomas. O texto diz o seguinte:

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1°. As instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido.

Art. 2°. As pessoas já diplomadas poderão requerer das instituições referidas no art. 1o a reemissão gratuita dos diplomas, com a devida correção, segundo regulamento do respectivo sistema de ensino.

Art. 3°. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 3 de abril de 2012; 191o da Independência e 124o da República.

DILMA ROUSSEFF
Aloizio Mercadante
Eleonora Menicucci de Oliveira

Ainda convalescendo do assombro, fui de novo socorrido pelo jornalista Celso Arnaldo Araújo. Igualmente alertado pelo Marlon, o grande caçador de cretinices foi à procura do monumento à idiotice. E escreveu outro texto definitivo. (AN)
*** *** ***
“It´s good to be the king”, exulta o rei Luis 16, interpretado por Mel Brooks, olhando sarcasticamente para a câmera, no impagável “História do Mundo Parte 1″, sempre que, no exercício de seu imenso poder nas situações cotidianas da corte, experimenta uma espécie de orgasmo absoluto diante da constatação de que pode tudo, literalmente tudo.


Canastrona irrecuperável, frequentemente imagino a presidente Dilma Rousseff parafraseando para si mesma, na ausência de plateia, o bordão de Brooks:
─ É bom ser a presidenta!

Deve ser mesmo uma concupiscência permanente, incomparável aos pequenos prazeres do fictício Luis 16, exercer um poder como o que Dilma julga ter, na sucessão de Lula 13. E julga ter porque efetivamente tem. Ela pode, por exemplo, dizer disparates que não seriam sequer aproveitados por Mel Brooks numa sátira rasgada sobre uma presidente mulher – e, no dia seguinte, repercutir na grande mídia como grande estadista. E pode ignorar solenemente um escândalo que provavelmente derrubaria até mesmo Luis 16, como o das lanchas imprestáveis do Ministério da Pesca – o qual, por si só, já é uma piada típica das chanchadas da Atlântida nos anos 50.

Mas a lei 12.605, que acaba de ser sancionada pela Presidência da República, eleva – ou reduz ─ o poder de Dilma Rousseff ao patamar risível de um outro personagem de comédia: o ditador recém-eleito da republiqueta sul-americana de “Bananas”, de Woody Allen. Que, no discurso de posse, institui o sueco como língua oficial do país e anuncia uma lei obrigando todo cidadão a trocar a roupa de baixo a cada meia hora – roupa essa usada do lado de fora, para permitir a fiscalização.
Perto disso, a lei 12.605 pode parecer inocente ─ mas é uma piada ainda melhor. Ela simplesmente determina “o emprego obrigatório da flexão de gênero para nomear profissão ou grau em diplomas”.

Flexão de gênero, para quem não sabe, pode ser traduzido em língua de gente como “homem ou mulher”, “menino ou menina”. Aliás, sou do tempo em que, nas fichas cadastrais, essa dupla possibilidade era resumida a uma só palavra e um ponto de interrogação: sexo? Aliás, esse tempo ainda é hoje para quem fala português e não estudou na escola de Iriny Lopes e Eleonora Menicucci: o que vemos num ultrassom gestacional é o sexo do bebê. O gênero não interessa aos futuros pais.

Volte um parágrafo e leia de novo: “Determina o emprego obrigatório da flexão de gênero para nomear profissão ou grau em diplomas”. O que isso quer dizer? Que, de agora em diante, por sanção da “presidenta” da República, “as instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido”.

Ou seja: Maria da Graça, torneiro-mecânico do “gênero” feminino formada pelo Senai, terá em sua parede um diploma de “torneira-mecânica”. E assim por diante. Pena que minhas colegas jornalistas não possam usufruir da boa nova. Quem mandou ter uma profissão com nome “comum de dois”? Mais: se a Maria foi graduada antes da lei, o Senai terá de providenciar um novo diploma como “torneira-mecânica”, sem custos.

A bem da verdade, a lei 12.605 – de novo, guardem bem esse número – foi aprovada antes pelo Congresso Nacional. Mas aposto que, na visão de Dilma, é uma das maiores realizações de seu governo até aqui. Pois quem exige ser chamada de presidenta, cita criancinhas em discursos como “brasileirinhos e brasileirinhas” e já se dirigiu ao público de um congresso da juventude petista como “jovens homens e jovens mulheres” (meninos, e meninas, eu ouvi!), está mesmo fazendo gênero.
Poder absoluto? Não. É falta absoluta do que fazer.
(AUGUSTO NUNES)

30 de dezembro de 2012
CELSO ARNALDO ARAÚJO

SATYAPREM: "A REALIDADE É UMA CONVENÇÃO".

 



Quem é você? É com essa interrogação que Satyaprem começa suas palestras – chamadas satsangs – que faz pelo Brasil e por outros países para levar à meditação quem busca um pouco mais de consciência.

Um dos mestres mais respeitados do mundo, Satyaprem nasceu no Rio Grande do Sul e trabalhou como jornalista e fotógrafo até ser obrigado a deixar o país por pressão da ditadura militar.

Na Índia, conheceu o mestre Osho. De volta a Porto Alegre, criou um centro que recebe centenas de visitantes todos os anos. Nesta entrevista, Satyaprem fala sobre noções de realidade e o que é meditação.

PARTE 1


PARTE 2


PARTE 3


PARTE 4


PARTE 5


PARTE 6


REPETECO PARA O REVEILLON. SEMPRE É BOM LEMBRAR...

                           As 10 fases do álcool



Depois de anos atrás de um balcão, a gente começa a perceber mais claramente a natureza humana. Com a bebida, as pessoas se soltam e os comportamentos se evidenciam. Com o tempo a gente percebe também que os comportamentos são semelhantes e podemos traçar um roteiro da sequencia das fases propiciadas pelo volume do álcool ingerido.

Relaciono aqui estas fases para vocês:



1ª fase: Alegria - você começa a rir de coisas bobas. O riso fica mais fácil e você mais soltinho.

2ª fase: Negação - apesar de você estar pra lá de Bagdá, você continua falando que está sóbrio. Cambaleia, faz que vai e não vai, parecendo um João Bobo, mas achando que ta firme. O mundo é que cambaleia.

3ª fase: Amizade - você começa a ficar amigo de todo mundo: do barman, do tio, do mendigo, dos inimigos ... Os abraços, a melação, os beijos estalados são característica dessa fase.

4ª fase: Cegueira - essa fase é muito perigosa, pois nesse momento você já começa a achar todo mundo bonito. O maior perigo dessa fase é quando você acorda no dia seguinte e vê, realmente vê, quem esta a seu lado na cama!

5ª fase: Invisibilidade - nesse momento, você acha que está invisível e que ninguém está te vendo, portanto, faz cagadas achando que ninguém nem percebeu, quando na verdade todo mundo está te olhando!

6ª fase: Momento verdade - perigoso, pois você começa a dizer as verdades pra todo mundo. A bebida entra e a verdade sai. O problema maior é que você diz a SUA verdade!

7ª fase: Nostalgia - nesse momento você chora dizendo que todo mundo ali é seu amigo do peito e não sabe o que faria sem eles, é nessa fase também que as pessoas começam a ligar para os (as) EX namorados(as). Quase sempre da a maior M.....

8ª fase: Poliglota - é a hora de falar inglês, espanhol, aramaico, língua do P e outras... além, é claro, do português pra lá de enrolado.

9ª fase: Depressão. Nessa hora parece que o mundo caiu.....

10 ª fase: Amnésia - Depois de TODAS as merdas feitas, você não se lembra de mais nada! Ah! Mas pode ter certeza que os outros se lembram...... E é nessa fase que geralmente acontecem as coisas inconfessáveis. Lembre-se c.. de bêbado não tem dono!
 
30 de dezembro de 2012
buteco do lufe
 

PREPARE-SE: VOCÊ VAI TRABALHAR ALÉM DOS 65 ANOS

Peso nas contas da Previdência e mudança na estrutura etária da população vai obrigar brasileiros a ficar na ativa por mais tempo


Existe uma dupla pressão que conspira para que os brasileiros trabalhem cada vez até mais tarde.
A primeira é puramente econômica: as contas da Previdência Social, que carregam um déficit histórico, não permitirão o pagamento de benefícios por períodos tão longos a um contingente cada vez maior de pessoas.
Em segundo lugar, o envelhecimento da população - que, em algumas décadas, se refletirá em uma quantidade menor de jovens entrando no mercado de trabalho - exigirá que homens e mulheres permaneçam ativos por mais tempo.

Para David Bloom, especialista em longevidade e professor da Universidade Harvard, o sistema previdenciário brasileiro é, ainda hoje, generoso demais. "Ainda é possível que as pessoas se aposentem aos 50 anos, como ocorria há 30 anos, quando a expectativa de vida da população era bem menor" (veja quadro nesta página), afirma o professor.
"É algo que terá de mudar rapidamente. Por mais que seja politicamente difícil fazer isso hoje, em 10 ou 15 anos será ainda mais complicado."

O especialista afirma que o próprio aumento da renda no País incentivará que a população trabalhe até mais tarde com o objetivo de manter o padrão de vida conquistado ao longo da carreira.
 "Os valores da aposentadoria geralmente representam um corte drástico na renda de quem está acostumado com um certo estilo de gastos", explica o professor de Harvard. "Naturalmente, enquanto puderem, as pessoas vão tentar manter o padrão de consumo que conquistaram", acrescenta.

Vida ativa. À medida que as pessoas vivem mais e melhor, diz Bloom, é natural também que busquem uma vida ativa. É por isso que a Universidade Harvard mantém um programa de estudos de um ano para executivos e empresários que já passaram dos 60 anos.
A ideia é que eles encontrem novas formas de aproveitar o conhecimento que adquiriram ao longo da vida - como professores, voluntários em organizações não governamentais ou até dando início um novo negócio.

O executivo brasileiro Roberto Junqueira, que exerceu cargos diretivos no Banco Safra e no braço financeiro da montadora General Motors, (GMAC), encontrou uma nova atividade já após os 70 anos. Ele se aposentou tarde para os padrões brasileiros - aos 68 anos -, mas o período de descanso não durou muito tempo.
Aos 72 anos, ele administra a creche Baroneza de Limeira, fundada há 108 anos por sua tia-avó. A creche tem 73 funcionários e atende 550 crianças diariamente - e recebeu um choque de gestão desde a chegada de Junqueira.

Modelo de gestão. Uma das primeiras medidas que o executivo tomou foi a reorganização do plano de cargos e salários da instituição. A ideia é que, mesmo com recursos limitados, os empregados fossem incentivados a permanecer na creche.
"Valorizamos muito o profissional, e tentamos pagar salários sempre acima da média do mercado", explica Junqueira. "Hoje, todos os funcionários que trabalham com educação infantil aqui são formados em pedagogia."

A retenção, diz o executivo, não se dá apenas pela remuneração, mas também pelo diferencial do trabalho feito na instituição, que atende as crianças por meio de uma convênio com a prefeitura.
Os alunos permanecem na creche diariamente das 7h às 17h e recebem cinco refeições por dia, o que totaliza 7 mil pratos servidos diariamente. Para o ano que vem, está prevista a ampliação das atividades da Baroneza de Limeira, com a introdução do berçário (hoje, o atendimento é para crianças de 1 a 6 anos).

Novo ritmo. As atividades do ex-executivo não se resumem à administração da creche, que toma três dias de sua semana. Ele decidiu aposentar-se em 2008, quando a GMAC deixou o mercado brasileiro.
"De certa forma, eu me aposentei por causa da situação, e não porque realmente havia planejado", explica. Hoje, além de cuidar do dia a dia da creche, Junqueira também administra um fundo de investimentos que montou com o patrimônio acumulado ao longo da vida profissional.

Apesar de continuar na ativa, o ex-diretor de banco diz que o ritmo de trabalho atual não se compara com a corrida de obstáculos que um executivo do setor financeiro precisava enfrentar todos os dias, especialmente na época de hiperinflação, nos anos 80.
"Acho que a inflação formou no Brasil os melhores executivos de banco do mundo. Isso porque tudo precisava ser decidido em questão de horas. Errar, naquele tempo, representava perder muito dinheiro rapidamente", afirma Junqueira.

30 de dezembro de 2012
FERNANDO SCHELLER - O Estado de S.Paulo

COUNT BASIE E SUA ORQUESTRA:IN A MELLOW TONE

A INEXPLICÁVEL FRASE DO DIA...


"Os membros da Suprema Corte foram indicados, inclusive pelo governo anterior, e julgaram de acordo com a sua consciência e com o seu conhecimento jurídico. Não faço reparos em relação a isso. E ele (Joaquim Barbosa) julgou com muita convicção, foi muito convicto em suas posições."

Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo

"CONFRONTO QUE ENDURECE"

 
Para aturdir os governantes do PT, deixando-os à mercê da pancadaria, um aparelho em pane é suficiente

Tão palavrosos como dirigentes partidários e como militantes, nos seus governos os petistas são um fracasso de comunicação até aqui inexplicável. E pagam preços altíssimos por isso, sem no entanto se aperceberem dos desastres e suas consequências. Ou melhor, às vezes percebem, e até se autocriticam, mas com atraso de anos.

Para aturdir os governantes e dirigentes petistas, deixando-os à mercê da pancadaria, nem é preciso um canhonaço como foi o mensalão. Um aparelho de ar refrigerado em pane é suficiente. Nada mais normal do que a quebra de uma máquina. Mas há cinco dias os usuários do aeroporto Santos Dumont se esfalfam em queixas e acusações; e, no outro lado, a presidente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Secretaria de Aviação Civil (a que veio mesmo?) e a Infraero apanham, inertes, dos meios de comunicação e da estimulada opinião pública.

No governo imenso, cheio de assessorias de comunicação próprias e contratadas, a ninguém ocorreu romper o marasmo burocrático e dirigir-se à população com as explicações devidas.

A quebra foi assim-assado, tomaram-se tais providências, e, depois, o reparo está demorando ou não deu certo por tais motivos, diante dos quais estão tomadas as seguintes providências, e por aí afora.

Nada de difícil ou especial. Aquilo mesmo que se espera ao buscar o carrinho ou, se tucano, ir pegar o carrão e não o encontrar pronto na oficina. Aborrece, mas se a explicação não falta e é honesta, o provável é perceber-se uma situação desagradavelmente normal na era das máquinas. E nada mais.

No aeroporto Tom Jobim deu-se o mesmo, com a pane local de um transformador. Mas tudo virou um problema enorme de falta de geração de energia, de apagão.

Até os índios do Xingu e do Madeira foram condenados, com o brado destemido de Regina Duarte a favor da inundação das terras indígenas e da floresta: "Viva Belo Monte! Essa [um aparelho de ar refrigerado quebrado] é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia!"

Talvez, contra o calorão do Santos Dumont, comprar um aparelho novo fosse mais barato e eficiente do que construir uma hidrelétrica na Amazônia. Bem, depois a atriz se disse preocupada também com o calorão na Copa do Mundo. A qual, aliás, será no inverno. Mas o que interessa é ter aproveitado a bobeada do governo petista.

Desde a entrevista de Lula em Paris, sentado a meio de um jardim de hotel, com uma jovem entrevistadora mal improvisada, para gaguejar grotescos esclarecimentos do mensalão, logo serão dez anos.

A inesgotável oratória de Lula, com sua mescla de populismo político e ativismo social, nesse tempo contornou a maioria dos percalços que o sistema de comunicação dos governos petistas não encarou. Com o julgamento do mensalão e com as cenas que ainda promete, o governo Dilma Rousseff é o alvo do agora exaltado antilulismo ou antipetismo (a rigor, não são o mesmo). Assim, neste embate endurecido, tende a ser o 2013 que veremos.

30 de dezembro de 2012
Janio de Freitas, Folha de São Paulo

"ECONOMIA FISCAL, UMA PIADA DE GOSTO DUVIDOSO"

 
As contas públicas consolidadas apresentaram, em novembro, o pior resultado desde que Banco Central (BC) iniciou a série histórica, em 2001. Motivo: o excesso de gastos do governo central - ou seja, do Tesouro - em relação às receitas. As contas estão sob ameaça, sem direito a "gargalhada" - como sugeriu a presidente Dilma Rousseff aos que ouvirem falar em apagão elétrico. O chavão de que o governo faz economia, apesar de déficits primário e nominal expressivos, torna-se piada de mau gosto.


Entre outubro e novembro, em números redondos, as receitas da União caíram R$ 8 bilhões, enquanto as transferências a Estados e municípios aumentaram R$ 6 bilhões e o déficit da Previdência Social foi R$ 2,5 bilhões maior. O resultado primário do governo central (que não inclui juros) foi negativo em R$ 4,3 bilhões. Comparando janeiro a novembro, de 2011 e de 2012, houve superávit primário com declínio de 34%: de R$ 91,5 bilhões para R$ 60,4 bilhões.

À piora das contas federais, muito além do que se esperava, soma-se o déficit primário recorde de R$ 5,5 bilhões, no mês passado, nas contas do governo central, de Estados, municípios, estatais e do Banco Central.

Em 12 meses, até novembro, o superávit primário consolidado foi de apenas 1,93% do PIB, ante 2,26% do PIB, em outubro. O governo terá de recorrer a malabarismo - o abatimento de despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) dos gastos públicos - para não expor a gravidade da situação fiscal. A meta de superávit primário, de 3,1% do PIB, em 2012, ou R$ 139,8 bilhões, mostrou o grau de irrealismo das previsões das autoridades, feitas há um ano.

Os déficits nominais do setor público, de R$ 21,8 bilhões, em novembro, e de R$ 112,1 bilhões, em 11 meses, também foram os piores resultados da série histórica para os períodos mencionados.

As contas fiscais de novembro mostram que a política de incentivos fiscais adotada para combater a desaceleração econômica, em especial, a redução do IPI e a desoneração da folha de pagamentos, provocou uma piora da situação fiscal. Em dezembro, deverá haver melhora, graças ao aumento da arrecadação, inclusive da Previdência Social, mas não a ponto de reabilitar as metas.

Na busca de preservar a confiança dos agentes econômicos, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, mostrou que a dívida líquida atingiu o menor patamar da série (35% do PIB), em novembro, e que a previsão de gastos com juros é de 4,8% do PIB, ante 5,7% em 2011.

30 de dezembro de 2012
Editorial do Estadão

DESGASTADO, PT FAZ 10 ANOS NO PODER

Forte na política, mas desgastado, PT faz 10 anos no poder
 

O PT completa dez anos no poder exibindo músculos na política, mas com um forte abalo em uma de suas principais bandeiras antes de chegar ao poder, a ética.

Favorito hoje para emplacar a quarta vitória presidencial seguida em 2014 --tanto Dilma Rousseff quanto Luiz Inácio Lula da Silva lideram com folga as pesquisas de intenção de voto--, a sigla tenta superar o desgaste causado pelo mensalão, maior escândalo da era Lula (2003-10).

Quando o PT chegou ao poder federal com Lula em janeiro de 2003, aderiu com rapidez aos métodos tradicionais da política brasileira.

O partido e seus aliados aparelharam o Estado e abriram espaço para a fisiologia no Congresso.

Não há inovação nessas práticas. O PT apenas emulou, ao seu jeito, o que outros faziam. E usa muitas vezes essa explicação para justificar o que pratica. Foi o caso de Lula à época em que eclodiu o mensalão, em 2005.

"O que o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil sistematicamente", declarou à época. E mais: "Não é por causa do erro de um dirigente ou outro que você pode dizer que o PT está envolvido em corrupção".

Essas explicações do então presidente da República e líder máximo do PT serviram de salvo-conduto para tudo o que o partido fez e viria a fazer no exercício do poder.

Mas existem nuanças em relação ao comportamento de outros grupos políticos anteriores. A comparação mais evidente é com o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
 
Tanto FHC como Lula se abriram à política miúda da fisiologia no Congresso. Mas com engenharias distintas.

Nos seus oito anos no comando do Brasil, FHC preferiu construir bancadas governistas menos fragmentadas --com número reduzido de siglas. Concentrou a adesão de deputados nas legendas-âncora de sua administração, PSDB e PFL (hoje DEM).

Já Lula decidiu repelir alianças com alguns partidos maiores, como o PMDB. Optou por horizontalizar sua base, com partidos médios e pequenos. Mas aí teve de cooptar mais agremiações.

O resultado foi simples. Enquanto nos anos FHC a centralização política foi quase total, sob Lula uma miríade de interesses se espalhou, tornando a gestão da fisiologia ""demandas paroquiais, legítimas ou não"" dos políticos às vezes incontrolável.

Os números das bancadas no Congresso no início de cada mandato são ilustrativos. Quando FHC tomou posse, em 1995, tinha o apoio formal de 387 deputados ""dos quais 258 estavam abrigados em apenas três legendas: PSDB, PFL e PMDB.

Já Lula ao assumir, em 2003, tinha uma bancada governista de 336 deputados na Câmara. Ocorre que os três principais partidos lulistas (PT, PL e PSB) somavam apenas 153 deputados.

O passo seguinte na governança política petista foi fatiar os cargos públicos entre os diversos partidos aliados.

O número de ministérios teve de crescer. Eram 27 quando FHC assumiu. Hoje são 38.

Uma base política mais fragmentada é menos controlável. Isso explica por que durante FHC o Congresso teve mais CPIs e nenhuma abalou o governo como o mensalão dos anos Lula.

O tucano conviveu com 54 CPIs, mas teve comando total em todas. Lula enfrentou 42 investigações e perdeu o controle durante a mais relevante, a do mensalão.

FHC também foi hábil ao evitar a abertura de CPIs que poderiam escapar do comando. Um caso relevante ocorreu em 1997, quando o tucano abafou uma investigação sobre a compra de votos a favor da emenda da reeleição.
 
À época, os deputados envolvidos foram forçados a renunciar aos mandatos. E nove dias depois de o caso eclodir, o PMDB, vital na operação dos interesses políticos tucanos no Congresso, impôs a nomeação de dois ministros.

Lula nunca conseguiu impedir a investigação do mensalão. Não que não tivesse tentado. Mas a política de fragmentação partidária não dava ao petista essa margem. De maneira inadvertida, o petismo e o lulismo ajudaram o Brasil a conhecer um pouco mais como se opera a política no país.

30 de dezembro de 2012
FERNANDO RODRIGUES - Folha de São Paulo

HAN HON HEN HAN HENOM


O século XIX foi generoso em sandices, entre elas o marxismo, a psicanálise e a identidade de sexos. Verdade que estes três movimentos só vão consolidar-se no XX. No caso da identidade de sexos, a grande difusora da idéia foi Simone de Beauvoir.

Se formos atribuir a alguém a frase mais idiota do século, a láurea vai sem dúvida alguma para Castor, como a chamava Sartre: “uma mulher não nasce mulher; torna-se mulher”. De uma penada, Simone abolia as diferenças constitutivas de macho e fêmea.

A frasezinha infeliz está em Le Deuxième Sexe (1949), ensaio que, apesar de atropelar todas as evidências, fez fortuna no mundo todo na segunda metade do século. Paris dixit! Amém.

Sem citar la Beauvoir, em Heterodoxia, ensaio de 1953, que tive a honra de traduzir, Ernesto Sábato comenta este colossal disparate:
O candoroso século XIX não só culminou na idéia de que o homem que viajava em trem era moralmente superior ao homem que andava a cavalo: culminou na doutrina mais inesperada de todos os tempos, a idéia da identidade dos sexos.

Não houvesse outras provas da frivolidade deste século, bastaria esta para condená-lo. Do ponto de vista desses otimistas, a diferença entre o útero e o falo era algo assim como ranço dos Tempos Obscuros, destinado a desaparecer com a diligência e o analfabetismo. Felizmente, este estranho vaticínio não se cumpriu, como tantos outros daqueles profetas da Locomotiva.

(...) A maior parte das mulheres, principalmente as de alguma cultura - não há nada mais perigoso que alguma coisa de cultura -, se deixam arrastar por esta teoria, sem compreender que ela pouco favor lhes faz e além disso as coloca em um terreno desfavorável: como se um submarino, incomodado pelo prestígio da aviação, pretendesse ser tão bom como um avião... no ar.

Até parece ser um mefistofélico subterfúgio inventado por algum inimigo da mulher para colocá-la em uma situação ridícula. Com razão, Gina Lombroso põe em guarda seus congêneres contra esta tortuosa doutrina: "é inútil negá-lo, a mulher não é igual ao homem. Busquem qualquer testemunho da literatura antiga ou moderna - um romance, um poema, um mito - e tratem de masculinizar suas heroínas. Imaginem por um instante as mulheres do Antigo e Novo Testamento: Rebeca, Noemi, Rute, Maria Madalena, convertidas em homens. Incluam nesta imaginária metamorfose Helena, Hécuba, Electra, ou simplesmente a Eugênia de Balzac, a Rebeca de Walter Scott, a Dorrit de Dickens, e digam em sã consciência se as figuras resultantes de semelhante operação não são ridículas ou monstruosas".


De mãos amigas, recebo artigo do jornalista americano Thaddeus Baklinski, sobre a última trouvaille dos suecos. Em Estocolmo, a pré-escola proíbe que crianças sejam tratadas como meninos e meninas. Em conformidade com um currículo escolar nacional que busca combater a "estereotipação" dos papéis sexuais, uma pré-escola do distrito de Södermalm, da cidade de Estocolmo, incorporou uma pedagogia sexualmente neutra que elimina completamente todas as referências ao sexo masculino e feminino. Os professores e funcionários da pré-escola Egalia evitam usar palavras como "ele" ou "ela" e em vez disso se dirigem aos mais de 30 meninos e meninas, de idades variando entre 1 e 6 anos, como "amigos".

O han e o hon (ele e ela), foram trocados pelo pronome neutro hen, palavra que não existe nos dicionários. Mas tampouco é nova. Foi proposta por Hans Karlgren em 1994. Mas já havia sido aventada por Rolf Dunas, no Upsala Nya Tidning, em 1966. Nesta proposta, hen era apresentado como substituição a han e hon e mais: henom substituiria henne/honom (dele/dela). A palavra parece ter sido inspirada no finlandês hän.

Acontece que ausência de gênero é uma característica do finês e não ideologia de feministas. Não se trata de eliminar todas as referências ao sexo masculino e feminino É que as palavras não são masculinas nem femininas. Tampouco existem artigos. Nos tempos verbais, não há futuro. O que deve exigir muita acrobacia dos políticos locais, pois não há como dizer, por exemplo, "eu farei isto ou aquilo". Mas isto já é outro assunto.

Segundo a diretora Lotta Rajalin, a escola contratou um "pedagogo de diversidade sexual" para ajudar os professores e funcionários a remover as referências masculinas e femininas na linguagem e conduta. Além disso, não há livros infantis tradicionais como Branca de Neve, Cinderela ou os contos de fadas clássicos, disse Rajalin. Em vez disso, as prateleiras têm livros que lidam com duplas homossexuais, mães solteiras, filhos adotados e obras sobre "maneiras modernas de brincar". Pelo jeito, a relação homem/mulher virou anomalia.

O sonho da Simone se realiza em Estocolmo. Mulher não nasce mulher, se torna mulher. Suponho que o corolário seja válido também para varões. A bem da verdade, a história é antiga.

Em Gálatas, 3:28, Paulo já afirmava: “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.

Pelo jeito, em seu ímpeto de estar à frente de sua época, os revolucionários Svenssons voltaram... ao século XIX.


30 de dezembro de 2012
janer cristaldo

FAZ SUCESSO NA INTERNET UM ARTIGO SOBRE HUGO BOSS, O ALFAIATE DOS NAZISTAS

 

Muito interessante o texto sobre Hugo Boss que circula na internet, com muito sucesso. O artigo, sem crédito do autor, nos foi enviado pelo jornalista Valter Xéu, do site Pátria Latina. (C.N)


Eis um anúncio do Boss nazista

O ALFAIATE DO NAZISMO

Chamava-se Hugo. Era alemão. Rondava os 40 anos quando fundou uma pequena loja de moda, em Metzingen, onde foi dado à luz.
 
Seis anos depois abriu falência. Desesperado, resolveu dar a volta à crise: ingressou no Partido Nazi – e a sua vida rapidamente mudou. Corria o ano de 1931.
 
Tornou-se fornecedor exclusivo dos uniformes negros das SS (Schutzstaffel), da Juventude Hitleriana e de outras organizações criminosas (sempre muito preocupadas com o porte e o corte). Naturalmente ganhou muitos milhões de marcos entre 1934 e 1945, e para dar conta das encomendas, a solução foi recorrer a mão-de-obra – baratíssima – dos prisioneiros de guerra.
 
Após a derrota do III Reich, foi processado mas sofreu uma pena pecuniária: teve de indenizar as famílias dos escravizados que haviam falecido de exaustão ou sido mortos.
 
O nome completo do empresário de sucesso era Hugo Boss. E os negócios prosseguiram até hoje com a mesma etiqueta na ourela.
 
Boss é Boss. Será que Merkel usa perfume Boss? Será que o grupo HB investe em fundos de resgate de submetidos ao IV Reich, onde o trabalho escravo começa a refazer caminho? Costumam estar em todas as linhas de investimento.

Na Wikipedia: en.wikipedia.org/wiki/Hugo_Boss

30 de dezembro de 2012

PRESENTE DE ANO NOVO: TODA A BIBLIOTECA DE FERNANDO PESSOA, ONLINE

 

Em plena festa do fim de ano, este é um presente que nos manda o sempre atuante e atento Francisco Bendl: toda a biblioteca do poeta Fernando Pessoa online.



É isso mesmo: os livros da Biblioteca Particular de Fernando Pessoa estão disponíveis gratuitamente online no site da Casa Fernando Pessoa. Até agora, só uma visita à Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, permitia consultar este acervo que é “riquíssimo”, mas com o site, bilingue (português e inglês, e disponível em qualquer lugar do mundo, com uma ligação à Internet.
 
É possível consultar, página a página, os cerca de 1.140 volumes da biblioteca, mais as anotações – incluindo poemas – que Fernando Pessoa foi fazendo nas páginas dos livros.
 
CLIQUE http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt

30 dezembro de 2012
Francisco Bendl

POR QUE OS ESTADOS UNIDOS FRACASSARAM

 

Morris Berman, 67 anos, é um acadêmico americano que vale a pena conhecer. Acabo de ler “Por Que os Estados Unidos Fracassaram”, dele.
A primeira coisa que me ocorre é: tomara que alguma editora brasileira se interesse por este pequeno – 196 páginas — grande livro. A questão do título é respondida amplamente.
Você fecha o livro com uma compreensão clara sobre o que levou os americanos a um declínio tão dramático.


Fila de desempregados

O argumento inicial de Berman diz tudo. Uma sociedade em que os fundamentos são a busca de status e a aquisição de objetos não pode funcionar. Berman cita um episódio que viu na televisão. Uma mulher desabou com o rosto no chão em um hospital em Nova York. Ela ficou tal como caiu por uma hora inteira, sob indiferença geral, até que finalmente alguém se movimentou. A mulher já estava morta.

“O psicoterapeuta Douglas LaBier, de Washington, tem um nome para esse tipo de comportamento, que ele afirma ser comuníssimo nos Estados Unidos: síndrome da falta de solidariedade”, diz Berman. “Basicamente, é um termo elegante para designar quem não dá a mínima para ninguém senão para si próprio. LaBier sustenta que solidariedade é uma emoção natural, mas logo cedo perdida pelos americanos porque nossa sociedade dá foco nas coisas materiais e evita reflexão interior.”

Berman afirma que você sente no ar um “autismo hostil” nas relações entre as pessoas nos Estados Unidos. “Isso se manifesta numa espécie de ausência de alma, algo de que a capital Washington é um exemplo perfeito. Se você quer ter um amigo na cidade, como Harry Truman disse, então compre um cachorro.”

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MOBILIDADE SOCIAL?

O americano médio, diz ele, acredita no “mito” da mobilidade social. Berman nota que as estatísticas mostram que a imensa maioria das pessoas nos Estados Unidos morrem na classe em que nasceram. Ainda assim, elas acham que um dia vão ser Bill Gates. Têm essa “alucinação”, em vez de achar um absurdo que alguém possa ter mais de 60 bilhões de dólares, como Bill Gates.

“Estamos assistindo ao suicídio de uma nação”, diz Berman. “Um país cujo propósito é encorajar seus cidadãos a acumular mercadorias no maior volume possível, ou exportar ‘democracia’ à base de bombas, é um navio prestes a afundar. Nossa política externa gerou o 11 de Setembro, obra de pessoas que detestavam o que os Estados Unidos estavam fazendo com os países delas. A nossa política (econômica) interna criou a crise mundial de 2008.”

A soberba americana é sublinhada por Berman em várias situações. Ele cita, por exemplo, uma declaração de George W Bush de 1988: “Nunca peço desculpas por algo que os Estados Unidos tenham feito. Não me importam os fatos.” Essa fala foi feita pouco depois que um navio de guerra americano derrubou por alegado engano um avião iraniano com 290 pessoas a bordo, 66 delas crianças. Não houve sobreviventes.

Berman evoca também a Guerra do Vietnã. “Como entender que, depois de termos matado 3 milhões de camponeses vietnamitas e torturado dezenas de milhares, o povo americano ficasse mais incomodado com os protestos antiguerra do que com aquilo que nosso exército estava fazendo? É uma ironia que, depois de tudo, os reais selvagens sejamos – nós.”

Você pode perguntar: como alguém que tem uma visão tão crítica – e tão justificada – de seu país pode viver nele?

A resposta é que Berman desistiu dos Estados Unidos. Ele vive hoje no México, que segundo ele é visceralmente diferente do paraíso do narcotráfico pintado pela mídia americana — pela qual ele não tem a menor admiração. “Mudei para o México porque acreditava que ainda encontraria lá elementos de uma cultura tradicional, e acertei”, diz ele. “Só lamento não ter feito isso há vinte anos. Há uma decência humana no México que não existe nos Estados Unidos.”

30 de dezembro de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)