"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 23 de dezembro de 2012

ESPECIAL: FIDEL CASTRO SE DESPEDE DE SEU AMIGO HUGO CHÁVEZ


 
O site argentino de notícias Infobae, publicou um excelente artigo do jornalista e escritor cubano Carlos Alberto Montaner, que há anos vive exilado fazendo a ponte aérea entre Miami e Madri. Neste seu escrito, que transcrevo na íntegra em espanhol, Montaner faz revelações sobre o desastre do governo do caudilho Hugo Chávez e seus asseclas. Ao mesmo tempo, mostra que há fricções no âmbito chavista agora em luta encarniçada pelo poder. Sem Chávez o chavismo fenecerá? É possível. O título original do artigo é o mesmo deste post traduzido para o português.
Leiam:

Hay fricciones serias en el ámbito chavista.

EN ESPAÑOL - Diosdado Cabello quiere aplazar la toma de posesión de Chávez. Aparentemente, su propósito es darle tiempo a que se cure. Gente del entorno chavista opina que quiere darle tiempo a que se muera. Para él es más fácil maniobrar sin Chávez que con el caudillo respirando.

Es el escenario temido en La Habana. Fidel Castro, que sabe más que nadie de la salud de Hugo Chávez, el 15 de diciembre, en un breve texto construido dentro de la estructura de un obituario convencional, despidió en vida a su discípulo y les mandó un mensaje a los chavistas.

Así concluyó su escrito el viejo Comandante: “Tengo la seguridad de que ustedes con él, y aún por dolorosa que fuese la ausencia de él, serían capaces de continuar su obra”.

Esta es la parte clave del comunicado. El resto es un cortés e intrascendente relleno.

Poco después de escrita esta nota se anunció que el presidente venezolano había tenido una insuficiencia respiratoria que los médicos habían conseguido aliviar. Antes, durante la operación, lograron controlar un peligroso sangramiento que lo puso al borde de la muerte.

En todo caso, el pronóstico es que Chávez, salvo que suceda algún milagro, hasta que expire, sufrirá frecuentes y crecientes problemas derivados de la debilidad general de su organismo, como cualquier enfermo de cáncer en la fase final de la enfermedad. Paradójicamente, la quimioterapia, que a veces contribuye a curar el mal, otras parece acelerarlo.

¿Tendrá razón Fidel Castro y los chavistas podrán continuar la obra del líder de la revolución bolivariana? Pero, ¿cuál es, en realidad, la obra de Chávez?

En estos catorce años, este militar ha construido el estado más corrupto de América Latina. Según Transparency International ocupa el número 166 de un total de 176 países escrutados en el planeta.

Caracas, con 130 asesinatos por 100 000 habitantes, es la segunda ciudad más peligrosa del mundo. (Chicago, que es el matadero de Estados Unidos, apenas alcanza los 19).

El nivel venezolano de inflación anual, 29%, es el más alto de América Latina y uno de los peores del globo.

De ser un país receptor de inmigrantes, ha pasado a ser una insensible maquinaria de expulsión de venezolanos educados y emprendedores. Se estima en unos 500 000 los que se han radicado en el exterior, 200 000 mil de ellos en Estados Unidos. Se van con sus conocimientos y, cuando pueden, con sus capitales, hacia otros destinos más prometedores. Ésa es una incalculable sangria.

No obstante ser el país peor gobernado de América Latina, que ha visto cerrar 107.000 empresas durante el chavismo (de un total de 600.000), un 55% de los venezolanos votó por esa ríspida y empobrecedora manera de organizar la convivencia en las elecciones del pasado 7 de octubre.

¿Por qué? Porque el gobierno utiliza una parte sustancial de sus ingresos en lo que llaman “gasto social”. Unas treinta “misiones” se ocupan de instruir, subsidiar el consumo, curar enfermos y distribuir recursos de una manera terriblemente ineficaz, pero suficiente para comprar voluntades y generar una enorme red de clientes políticos y estómagos agradecidos.

¿Seguirá Nicolás Maduro, el heredero designado por Chávez, ese modelo de gerencia disparatada y corrupta, lenguaje incendiario, lucha de clases, antiamericanismo estridente, creciente estatismo, destrucción del tejido empresarial productivo y abundante e incosteable asistencialismo, fomentador de la dependencia y la irresponsabilidad ciudadana?

¿Es ese barullo revolucionario lo que Fidel Castro desea preservar, o son los diez mil millones de dólares anuales que Cuba recibe del gobierno de Venezuela por diversos conceptos, cifra publicada por el Instituto de Estudios Cubanos de la Universidad de Miami, incluidos 115 000 barriles diarios de petróleo?

Francamente, es difícil que el heredero de Chávez, quienquiera que sea, continúe por la senda trazada por el caudillo bolivariano. La deuda del país ha pasado del 35% del PIB en 1998 al 71% en el 2012. Una caída de los precios del petróleo generaría una catástrofe tremenda.

Obviamente, ya hay síntomas de que en el velorio del Caudillo comenzará una seria crisis entre sus delfines. No hay consenso en quién debe ser el heredero o en qué consiste el engendro legado por Chávez. Lo que todos saben, tirios y troyanos, es que el país va por muy mal camino.
 
Do site Infobae
 
23 de dezembro de 2012
in aluizio amorim

A MÁFIA INFILTRADA NO PODER PÚBLICO DO BRASIL

PILHAGEM NOS COFRES ESTATAIS: MÁFIA DE GRANDALHÕES INFILTRADA NO PODER PÚBLICO DO BRASIL, REVELA POLÍCIA FEDERAL!
 
A doutrina da Polícia Federal prepara seus agentes para o combate a três classes do crime organizado. A primeira é a organização de matriz mafiosa, como a dos contraventores que exploram o jogo do bicho no Rio. "Tem o capo e várias pessoas que se unem para cometimento de crimes", analisa o delegado Oslain Santana. "A organização se infiltra nos poderes do Estado. Investe muito mais em corrupção do que propriamente em violência para se manter no poder. Veja o exemplo do Carlinhos Cachoeira. Começou com jogo do bicho e foi se infiltrando no Estado."

A segunda classificação é relativa aos "grupos agressivos", que adotam ações armadas. Como as facções que atuam no Rio e em São Paulo. "Esses têm poder econômico reduzido, comparativamente às demais quadrilhas, e a infiltração no setor público não é tão enraizada."

A terceira classe é a que mais preocupa o delegado da PF pelo seu poderio e raio de atuação. "São as organizações do colarinho branco ou das elites, pessoas acima de qualquer suspeita, mas que movimentam grandes esquemas. São as mais perniciosas do ponto de vista da Polícia Federal. Desviam bilhões dos cofres públicos para benefício pessoal. Tiram dinheiro da educação e da saúde por meio de violações constantes ao Decreto Lei 201/67 (crimes de prefeitos) e à Lei de Licitações."

Na avaliação de Oslain Santana, essa ramificação do crime organizado tem uma linha de ação diversa das demais. "Às vezes, até usa um pouco da violência, até queima um arquivo, mas prefere corromper ou contratar uma defesa muito boa. Ela é estruturada. Causa prejuízo muito maior para a sociedade."

A ousadia do colarinho branco impressiona o veterano policial. "O mercado de cocaína no Brasil gira em torno de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões por ano. Uma única fraude dessas às vezes tem valor muito maior que todo o tráfico de drogas no País."

"São crimes de lesa pátria a corrupção, a sonegação fiscal, os empréstimos fraudulentos que tiram dinheiro de bancos públicos para interesse de poucos", afirma Oslain. "Lesa pátria porque tira dinheiro de toda a coletividade, daquelas pessoas principalmente menos favorecidas que recolhem tributos e não têm uma contraprestação do Estado com relação à segurança, à saúde, ao provimento de Justiça."

O delegado disse que a meta maior da PF é descapitalizar as organizações do crime. "Se eu tiro o dinheiro daquela organização, eu tiro o seu poder. Esse é o segredo, sequestrar os bens ilícitos, tirar a motivação do crime e reverter esse dinheiro para o Estado aplicar na saúde, na educação e na segurança."
 
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23 de dezembro de 2012
in aluizio amorim

NATAL NA ARGENTINA E NO BRASIL




POLÍCIA FEDERAL DESVENDA NOVA FORMA DE FRAUDE EM PARECERES DA UNIÃO

 

Fraudes em pareceres técnicos de órgãos da União provocam prejuízos milionários ao erário, segundo documentos inéditos da Polícia Federal. A Operação Porto Seguro, que desarticulou um grupo acusado de vender pareceres do governo, não foi a única a demonstrar os desvios de recursos causados por documentos fraudulentos.



Relatório de outra investigação da Polícia Federal, a Perímetro, mostra que uma área de 344 hectares, cujo valor foi avaliado em R$ 380 milhões, seria liberada pela União para uma empresa privada após fraude em documentação. O terreno seria repassado a uma construtora.

Os peritos da PF descobriram que os laudos técnicos elaborados pela SPU (Secretaria de Patrimônio da União) eram irregulares. Por exemplo, a medição do terreno deveria ter sido feita para o lado esquerdo do terreno, mas os técnicos da União foram para o lado direito, aumentando o tamanho da terra e, com isso, o prejuízo.

A Polícia Federal chamou a perícia de “um fato incomum”. Segundo os peritos, a SPU passou a considerar referências diferentes na medição do terreno, o que propiciou um “plus agrário”.
A história remonta à construção de Brasília. Naquela época, foram medidos 1.807 hectares, e o governo pagou uma indenização pela terra à família dona do local.

Ocorre que a SPU fez novas medições em 2008 e concluiu que a área a ser desapropriada seria de 2.152 hectares. A SPU atribuiu a diferença a avanços tecnológicos. Ou seja, deveria ser devolvida uma área de 344 hectares ao espólio da família dona da terra.

A PF chamou a justificativa tecnológica de “falaciosa”. “Os presentes métodos de medições de terra são mais precisos. No entanto, o excesso não se dá pela melhoria dos métodos geodésicos, mas parte dele se dá pela alteração deliberada de limites”, escreveram os peritos.
De acordo com a PF, a SPU “executou uma demarcação de terras sem o formalismo necessário, eivada de vícios materiais graves”.

A PF viu “inovação artificiosa do estado do marco pertencente ao limite fundiário do imóvel”. O laudo 1.185 vai além. Afirma que os integrantes da comissão de demarcação da SPU não tinham “habilitação formal para os atos”.

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EX-DEPUTADA ENVOLVIDA

A Polícia Federal indiciou sete servidores públicos, entre funcionários da Secretaria de Patrimônio da União e da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap).

Uma das indiciadas foi a superintendente da Secretaria de Patrimônio da União do Distrito Federal, Lucia Helena de Carvalho, ex-deputada distrital pelo PT, sob acusação de formação de quadrilha e fraude processual. Apesar do indiciamento, ela permanece no cargo.

A SPU afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que não iria se pronunciar sobre o relatório da PF porque não teve acesso ao material.

Sobre a servidora Lúcia Helena de Carvalho, o órgão informou apenas que ela “continua exercendo sua função”. Lúcia Helena não respondeu aos contatos da reportagem.

A Companhia Imobiliária de Brasília afirmou que “toda a documentação emitida pela empresa e a atuação de seus empregados encontram-se rigorosamente de acordo com o que preceitua a lei”.

23 de dezembro de 2012
Fernando Mello (Folha de S. Paulo)

NÃO OLHAR PARA TRÁS

 

Não basta o governo investir, tem que investir certo. “Construir pirâmides não vai desenvolver o país”, diz Armínio Fraga. Trem-bala é pirâmide, na visão dele. Aliás, de muita gente. O governo está neste momento com nostalgia do modelo dos anos 1970. “Não sou pessimista com o Brasil a médio prazo, mas agora o governo está olhando demais para um modelo que deu errado.”
No domingo, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o economista Edward Amadeo publicaram um artigo neste jornal se perguntando se não está chegando ao fim a herança bendita. Foi sobre isso que conversei com Fraga no programa da Globonews.

Por herança bendita, ele entende as reformas que o Brasil fez a partir da década de 1990. Abertura da economia, estabilização, modernização do Estado e inclusão dos mais pobres. Acha que esses bons passos foram dados por governos diferentes, e não apenas o de Fernando Henrique, no qual trabalhou.
Destaca avanços importantes no governo Lula, principalmente o combate à pobreza:
— Mas, aos poucos, começou a mudar. Hoje, olhando para trás, dá para saber que a guinada começou no segundo mandato do presidente Lula.

Ele contrapõe o modelo novo, em que houve muitas reformas, com o velho, dos anos 50 a 70, em que houve pouca poupança, pouca ênfase na educação e na produtividade:
— Temos que nos organizar para avançar. No novo modelo, o Estado continua necessário — e nem seria diferente numa sociedade tão desigual quanto a nossa — mas para concentrar-se no que é mais importante. Nos outros setores, tem que atuar apenas como regulador. Hoje, o Estado está entrando cada vez mais na produção e está correndo riscos.

Um dos exemplos é o setor ferroviário. É uma velha demanda brasileira o investimento em ferrovias, mas o governo assumiu todos os riscos da ampliação de investimento e vai garantir a compra de toda a oferta de transporte que for criada:
— É muito melhor ter um setor privado que corre riscos e paga os preços das decisões que toma, e, portanto, tem que pensar bem antes de fazer um investimento, do que ter um Estado que garante tudo.

Ele acha que o BNDES deveria cobrar do setor privado aumento na participação do financiamento ao investimento:
— A história de países que alicerçaram o seu crescimento em bancos públicos não é boa, inclusive a nossa.

O ex-presidente do BC ressalta o ganho da queda dos juros, mas recomenda paciência e disciplina:
— A inflação vem acima da meta há algum tempo e isso não é bom. O governo tem recorrido a artifícios tributários e outros, como o dos combustíveis, para ajudar a inflação. Isso produz uma redução pontual dos preços. Não quer dizer que a inflação está resolvida. A taxa está bem alta no Brasil.

Armínio não está pessimista com o país e vê avanços importantes na educação, por exemplo, principalmente porque as famílias começaram a dar mais valor:

— As pesquisas mostram isso e se as famílias estiverem cobrando dos políticos, escolas, diretores, professores, a situação melhora. Essa área promete. Tem muita coisa boa acontecendo.
Outro avanço ocorre no mercado de capitais que, por esforços das empresas e governo, tem ficado mais confiável e atraído mais investidores:

— Não sou pessimista, mas o país está confuso em sua estratégia e há no governo um certo namoro com um modelo antigo que deu errado.
Armínio acha que o cenário externo será melhor em 2013 e o ciclo vai favorecer. O que está faltando, segundo ele, é o Brasil agir na direção certa.

23 de dezembro de 2012
Miriam Leitão, O Globo

O FIM DE UMA LENDA

 

Nos últimos anos, o ex-ministro José Dirceu alardeou um poder que já não tem há muito no PT. Os adversários do petismo ajudaram a alimentar esse mito para desgastar o partido que governa o país.

Agora está claro o limite de seu poder e de sua capacidade de mobilização. Em 24 de novembro, Dirceu bradou:
“É preciso ir às ruas!”. Ele pretendia fazer “o julgamento do julgamento”. Os petistas não foram às ruas durante o julgamento do mensalão e nem irão quando os condenados estiverem na prisão.

Dirceu saiu contrariado da última reunião nacional do PT, que se recusou a aprovar uma proposta de manifestações públicas contra o STF.

23 de dezembro de 2012
Ilimar Franco, O Globo

VISÃO PRAGMÁTICA DA PROBLEMÁTICA

 

Há quem acredite que exagero, quando falo nas muitas excelências de Itaparica, tanto as presentes quanto as passadas. Mas é uma impressão falsa, porque, embora não possa ignorar esses grandes predicados, procuro sempre ater-me à imparcialidade e fidelidade aos fatos que devem nortear o bom jornalismo informativo.
Agora mesmo, diante dos acontecimentos nacionais, sou o primeiro a reconhecer que carecemos hoje de juristas capazes de prestar uma contribuição significativa aos debates em curso.
Bem verdade que, se tivessem anel no dedo, Ary de Maninha e Jacob Branco botariam num chinelo muitos desses advogadecos mal-acabados que por aí abundam, mas o fato é que, pelo menos que eu saiba, ninguém na ilha pode alegar notório saber jurídico e pleitear ser ouvido sobre questões constitucionais.

O que não impede, naturalmente, que se registre um pronunciamento marcante ou outro, como o do citado Ary de Maninha, na happy hour das nove da manhã, no Bar de Espanha.

Os nobres amigos leram? — indagou ele. — Uns porretas aí dizem que a interpretação da Constituição pelo Supremo está errada e que o Supremo não é a única interpretação que vale! A que vale é a deles! Vale a de todo mundo! Cada um chega lá e diz que a Constituição estabelece o que ele quer, pra que Supremo?
Meus caros amigos, Ruy Barbosa acaba de ganhar o apelido de Ruy Carrapeta, de tanto que rola na tumba! Não cumprem a decisão do Supremo e passamos a ter o nome oficial de República Esculhambativa do Brasil, ninguém mais vai cumprir merda nenhuma e as decisões do Supremo doravante serão encaminhadas aos deputados, para ver se eles concordam.
Por que não resolvem logo que pra deputado a Justiça não vale? Por que não acabam logo com juiz, tribunal, essas coisas? Vamos criar a Deputança Judiciária! Vamos criar o Judiciário Cidadão! Cada um é livre para interpretar a lei como quiser.
Eu dou uma dedada no seu traseiro e declaro que, na minha interpretação, a lei me dá direito a isso. Dá direito ao urologista, por que não dá a mim?
Eu digo que meu direito de ir e vir não está sendo respeitado e aí exijo passagens de graça para onde eu quiser, na minha opinião a lei garante! Manolo, eu estou quase morto de sede! Se você não me der uma cerveja de graça pra eu me hidratar, é omissão de socorro!
O sentenciado resolve se aceita a sentença! Oh baderna, baderna, mixordieira deusa do atraso, aqui nos entregamos nós de uma vez por todas, acolhe-nos em teu regaço impudente, afaga-nos com tuas mãos mensaleiras, beija-nos com teus lábios prevaricadores!

Bar de Espanha, onde Ary de Maninha fez a oração acima

Mas, apesar da pungência dessa rendição, a ilha permaneceu irresignada a ficar à margem dos acontecimentos.

Depois de uns três dias de recolhimento, durante os quais quem passava por sua calçada ouvia lá de dentro apenas uma ou outra voz de mulher num momento de alguma exaltação, Zecamunista emergiu na saída da rua dos Patos, sobraçando várias pastas de papelão e, passo firme e queixo empinado, se dirigiu ao Bar de Espanha.

Enganaram-se os mexeriqueiros que haviam atribuído os gritinhos femininos a mais uma reunião do Cialis, não o remédio, mas o Centro Itaparicano de Amor Livre Socialista, de que Zeca é secretário-geral perpétuo e que promove periodicamente o que ele chama de encontros motivacionais e o pessoal despeitado, invejoso e reacionário chama de outras coisas, todas impróprias.

(Aliás, Zeca sustenta que o nome do remédio é plágio e de vez em quando ameaça abrir processo; diz que todas as coroas do Recôncavo testemunhariam a favor dele, pois muitas delas já se beneficiaram do Centro e são sócias atuantes, contribuintes e até sócias atletas).

Os gritinhos eram das voluntárias que se ofereceram para ajudá-lo na formulação de seus planos, ao terminarem alguma tarefa importante.

Resolvi dar uma mão à burguesia mercantil local, a crise não ajuda ninguém — disse ele, alisando a papelada. — Está tudo detalhado aqui, vou encaminhar à Associação Comercial. As circunstâncias já nos fizeram perder uma oportunidade histórica, mas outras estão se abrindo é só saber enxergar.

Tudo começara com a ideia de oferecerem na ilha acomodações adequadas para a reclusão dos condenados classe A. Essa ideia foi logo encampada por outras cidades Brasil afora, todas sentindo o potencial mercadológico de uma jogada dessas.

A ilha bobeou e vai perder a oportunidade, tinha de ter atirado com todas as armas, era preciso ter unido a Bahia em torno desse manancial turístico incalculável, que iria beneficiar todo o estado, além de elevar sua autoestima, por hospedar tantos nomes nacionais.

Ele já tinha escolhido o sobradão para a nova cadeia, já tinha orçado a reforma, a decoração e as instalações, tudo para inspetor nenhum, nem repórter nenhum, de onde lá fossem, botar defeito.
Mas faltou visão, faltou agilidade, a ilha vai ficar fora dessa. Cadê a classe hoteleira, cadê as agências de turismo?

Infelizmente, a batalha está perdida para competidoras infinitamente mais ricas e poderosas e a vencedora vai ser uma cidade paulista, isso se não abrirem uma concorrência internacional e as Bermudas, Taiti ou Ibiza não ganharem.

Mas o serviço que ele criara, não! A ilha pode sair na frente e a complexa estratégia já estava traçada. A ilha vai oferecer serviços de protestos, passeatas e manifestações diversas com toda a infraestrutura, tudo profissional de alto nível. O freguês especifica a manifestação que quer, faz-se um orçamento e se providencia tudo.

Bastou ele ter dado uma sondada e já tinha sentido a possibilidade de pelo menos duas boas manifestações contra o Supremo, logo no começo do ano. Uma firma de São Paulo telefonou querendo saber datas para o verão, tem muita grana nisso, o mercado está aquecidíssimo.
Agora é assim — disse Zeca, com aquela risadinha bolchevique. — Não gostou, faz umas boas manifestações e vira o jogo. É a nova democracia.

23 de dezembro de 2012
João Ubaldo Ribeiro é escritor

A RECEITA DE VENENO DO COMISSARIADO

 

Lula e José Dirceu, bem como os comissários Gilberto Carvalho e Rui Falcão, mostraram-se dispostos a botar povo na rua para defender o que chamam de “nosso projeto”.

A ideia é tirar a nação petista do inferno astral em que se meteu com o ronco das praças. Deveriam pensar duas vezes. Talvez três, consultando-se com o senador Fernando Collor de Mello.

Em agosto de 1992, ainda na Presidência, acossado por denúncias de roubalheiras, ele foi à televisão e pediu ao povo que o defendesse, vestindo verde e amarelo no dia 7 de setembro. A garotada ouviu-o e saiu por aí vestindo luto, com as caras pintadas. Em dezembro, Collor renunciou à Presidência.

O que vem a ser o “nosso projeto” em cuja defesa o comissariado quer gente na rua? O pedaço dos dez anos de mandarinato petista que garantem popularidade a Lula e à doutora Dilma nada tem a ver com o infortúnio dos mensaleiros e dos jardins de Rose Noronha.

Há gente disposta a sair às ruas para defender muitas iniciativas realizadas pelo PT desde 2003, mas, se o comissariado acredita que conseguirá uma mobilização popular para proteger delinquentes condenados pelo Supremo Tribunal ou apanhados pela Polícia Federal, pode estar apostando numa radicalização suicida.

O repórter José Casado acompanhou três comícios de Lula durante a última campanha eleitoral. Viu-o nas praças de São Bernardo, Santo André e Diadema. Em cada uma delas, havia algo em torno de duas mil pessoas. Dois terços da audiência eram compostos por uma plateia que havia chegado em ônibus fretados por comissários.

Casado tirou uma prova perguntando a vendedores de água como ia a féria. Muito mal.

Se a ideia é botar povo na rua sem ônibus de prefeituras, dispensando a infraestrutura da Viúva, tudo bem. Se acreditam que podem usar esses recursos sem que ninguém perceba, enganam-se. Produzirão apenas mais situações escandalosas.

Foto: Léo Caldas

Quando Collor teve sua péssima ideia, já existia mobilização popular contra ele. Potencializou-a. Há pessoas indignadas com a postura petista de defesa de delinquentes condenados. Elas ainda estão em casa, quietas. Se o negócio é ir para a rua, elas também podem ir, sem ônibus das prefeituras.

23 de dezembro de 2012
Elio Gaspari, O Globo

OS GUERREIROS DA MALDADE

 

Ao visitar a sagrada montanha de Taishan, Confúcio, o sábio chinês, deparou-se com uma mulher cujos parentes haviam sido devorados por tigres. Indagou: “Por que não se muda daqui?” Ouviu como resposta o lamento: “Porque os governantes são mais ferozes que os tigres”.
A historinha é um libelo contra os políticos. A desilusão com os governos tem atravessado ciclos históricos, ganhando referências e pontuações que marcam o caráter predador de mandatários que se valem da política como escada para a ascensão pessoal.

Saint-Just, um dos jacobinos da Revolução Francesa, executado após a queda de Robespierre, costumava dizer: “Todas as artes produziram maravilhas, exceto a arte de governar, que só produziu monstros”.

Nessa mesma linha, registra-se uma lapidar frase de John Adams, o segundo presidente dos Estados Unidos:
"Todas as ciências progrediram, menos a de governar, que não avançou, sendo hoje exercida apenas um pouquinho melhor do que há quatro mil anos”.

Concorde-se ou não com a moldura expressiva, o fato é que, aqui e alhures, multiplicam-se exemplos da devastação que governantes e políticos provocam nas mais diferentes roças da res publica.
Apesar dos avanços da democracia nos palcos contemporâneos, os atores políticos extrapolam seus papéis.

Fixemos os olhos ao nosso redor. A par da bateria de denúncias que atingem os costados da administração federal, feitos de governantes municipais derrotados no último pleito têm chamado a atenção.

Inconformados por não terem sido reeleitos ou pela derrota de seu candidato, os guerreiros da maldade espalhados pela Federação abrem um vasto arsenal de armas para atirar contra a população.

A vingança se dá por meio de um leque de atos pérfidos: suspensão de serviços básicos (saúde, transporte, limpeza pública, por exemplo), demissões irregulares de funcionários, calote na folha de pagamentos, nomeações de última hora, realização improvisada de concursos públicos, desprezo pela lei de responsabilidade fiscal etc.

Em algumas localidades, a situação caótica ganhou intensidade com o fechamento de postos médicos, suspensão do transporte escolar e até dos serviços de abastecimento de água.

Apesar da iniciativa saneadora do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, prefeitos conseguem driblar medidas impostas como Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), ações cautelares e preparatórias de ações civis públicas.

Quem não se lembra do folclórico ex-presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, hoje prefeito de João Alfredo, em Pernambuco? Foi obrigado a se submeter a um TAC para regularizar o pagamento de servidores e restabelecer serviços públicos.

E a prefeita de Fortaleza, hein? Luizianne Lins suspendeu o "Réveillon da Paz" por não sentir “legitimada para conduzir uma festa que transcorrerá em meio a uma mudança de gestão". Que cara de pau.

O que explica a vingança contra o eleitorado? Reação ao exercício do voto consciente. Avançamos em matéria de cidadania ativa.

Como se recorda, John Stuart Mill, em suas Considerações sobre o Governo Representativo, divide os cidadãos em ativos e passivos, arrematando que os primeiros fazem bem à democracia, enquanto os segundos são os preferidos dos governantes.

O eleitorado racional se expande, sendo este um dos fatores a explicar o estreitamento de currais eleitorais. Alarga-se a participação do eleitor no processo político, cujos efeitos se fazem ver na renovação dos quadros municipais. Essa nova realidade explica a ação vingativa de prefeitos que receberam o cartão vermelho nas urnas.

O jus sperneandi dos derrotados é uma tentativa de puxar para a atualidade traços do ciclo coronelista que Victor Nunes Leal tão bem descreveu em Coronelismo, Enxada e Voto, cujo lema era: “para os amigos, pão; para os inimigos, pau.”

Negar pão e água ao adversário e favorecer os amigos, máximas da República Velha, ainda inspiram a banda jurássica de nossa política.

O fato é que os avanços do presente, por mais que se multipliquem, não apagaram as marcas do passado. Nos mais diversos campos, da política aos costumes, o Brasil dual se faz ver por meio de uma banda asséptica ao lado de uma banda suja.

De um lado, o cabo de guerra é puxado pelas forças da moral e da ética, sob a bandeira de valores republicanos como o compromisso, a prevalência da coletividade sobre a individualidade, a transparência, a verdade e a justiça; de outro, as forças do atraso se esforçam para ganhar a peleja, usando, para tanto, as armas da emboscada e as curvas dos desvios e ilícitos.

Mas há motivos para comemorar. O Supremo Tribunal Federal chega ao final de um julgamento que, há cinco meses, parecia algo inalcançável. Enxergamos as instituições, malgrado vaidades e querelas entre grupos, funcionarem a contento.

Em um território afamado por impor barreiras quase intransponíveis ao acesso à justiça e onde se edificou gigantesco apartheid social, verificar que os poderosos também podem ingressar no xilindró constitui agradável sensação de que águas cristalinas voltam a banhar o corpo pátrio.

Todos são iguais perante a lei. Essa é a luz que joga claridade sobre instituições e pessoas, pobres e ricos.

Não podemos perder de vista os enclaves do atraso, as teias de maracutaias, as máfias que se incrustam nas malhas da administração nas instâncias federativas. Urge eliminar os focos de corrupção que conectam a burocracia à esfera dos negócios privados.

Holofotes devem ser abertos sobre quadros venais, alguns habitando os mais altos Tribunais, que agem sob suspeita camada de interesses escusos. É bem verdade que os mecanismos de investigação aguçam a percepção e aperfeiçoam as ferramentas de controle. Mas os donos do poder invisível multiplicam garras e escudos de proteção com inimaginável sofisticação.

São trânsfugas morais. Sabem expressar o discurso da honestidade para confundir os incautos. Fazem da hipocrisia a arte de amordaçar a dignidade. Que o Natal ilumine a consciência de todos!

23 de dezembro de 2012
Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação

BALANÇO GERAL

 

Incorreu em grave equívoco quem pensou que o processo do mensalão acabaria "dando em nada".
 
Por variados motivos hábito do descrédito, medida preventiva contra decepções, confiança na morosidade da Justiça ou certeza de que a composição da Corte majoritariamente formada por indicação de companheiros de jornada dos acusados seria garantia suprema de submissão.
 
Concluído o julgamento inédito na duração, quantidade de réus, número de crimes, gravidade de delitos e complexidade do esquema montado para financiar um projeto de hegemonia política, resta aguardar a conclusão os trâmites e daí a execução das punições.
 
A negativa do ministro Joaquim Barbosa ao pedido da Procuradoria-Geral da República de prisão imediata dos condenados talvez tenha até decepcionado os mais exaltados dos dois lados.
Não ofereceu o "sangue" esperado pelos que se regozijam de maneira exacerbada nem forneceu argumentos aos que se revoltam de forma desatinada com o resultado do julgamento. Estes estariam prontos para apontar a "prova" de que Barbosa relatou o processo jogando para a platéia.
 
Tudo transcorreu dentro da mais perfeita ordem institucional e com uma vantagem de natureza moral: o STF deu um alento aos que nos últimos tempos assistiram perplexos à escalada de impunidade de cinismo, muitas vezes duvidando do que viam e ouviam. Não raro até pensando se talvez não tivessem razão os que atribuíam a enxurrada de ilicitudes a uma injusta perseguição.
 
Diante de toda narrativa, ficou patente que não se tratou de mera compra de votos no Parlamento para aprovação de projetos. O mensalão propriamente dito acabou emprestando nome ao episódio, mas não foi o mais relevante naquilo que o ministro Marco Aurélio Mello chamou de "esse grande todo" quando : do recebimento da denúncia, em 2007. Por "todo" entenda-se o método do ; PT de arrecadar dinheiro e cooptar sustentação partidária para financiar o projeto de se tornar inamovível do poder por meio do voto.
 
Para tanto, mandou os escrúpulos às favas e aliou-se aos piores tipos dentro e fora da política. Imaginou que poderia manipulá-los mediante o atendimento de seus interesses na máquina pública e ainda sair-se ileso pelo fato de ser o sócio ideológico do esquema.
 
O partido foi denunciado pelos comparsas e, assim, os ideológicos acabaram dividindo com os fisiológicos o mesmo doloroso destino.
 
Fora da curva. Justiça seja feita, o deputado Marco Maia nunca disse que esconderia parlamentares da Polícia Federal na Câmara.
 
A versão prosperou por causa da declaração ambígua dele na entrevista coletiva de quinta-feira.
 
Maia tanto fez para tirar o corpo fora das perguntas sobre o tema, que terminou dando margem àquela interpretação. Indagado se abriria as portas da Câmara para eles, saiu pela tangente: "As portas da Casa estão abertas a todos".
 
Se a alma petista não tivesse falado mais alto, poderia ter dito simplesmente que o Parlamento não é esconderijo.
 
Calendas. Depois que a emenda constitucional extinguindo o voto secreto para cassação de mandatos foi aprovada pelo Senado, a orientação para a maioria governista na Câmara era aprová-la ainda neste ano.
 
Em novembro, a proposta recebeu parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça e já poderia nessa altura ter passado pela comissão especial e ido a plenário.
 
Diante da possibilidade de a Câmara dar a última palavra sobre a perda de mandato dos condenados, porém, tomou um chá de bela adormecida e descansa em berço esplêndido.
 
23 de dezembro de 2012
Dora Kramer

PESQUISA ILUMINA A EXTENSÃO DA DESIGUALDADE NA CHINA

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Desigualdade chinesa está prestes a ser igualada a da África do Sul (Reprodução/AFP)
Na China, 57% do total da riqueza do país se encontra nas mãos de 10% da população

Graças ao apartheid, a um mercado de trabalho quebrado e a um setor de extração mineral monopolizado, a África do Sul é um dos países mais desiguais do mundo. O grupo dos 10% das residências mais ricas embolsaram 58% da renda em 2008, de acordo com pesquisadores da Universidade da Cidade do Cabo. Mas a desigualdade da Cidade do Cabo pode em breve ser igualada por um rival inesperado: a China comunista. De acordo com uma nova pesquisa, as residência no grupo das 10% mais ricas se apropriaram de 57% da renda em 2010.

A pesquisa, conhecida como a Pesquisa de Finanças Residenciais da China (PFRC), foi supervisionada por Gang Li da Universidade de Texas A&M e da Universidade Southwestern em Chengdu, a capital da província de Sichuan. Modelada na pesquisa de finanças do consumidor do Federal Reserve, que monitora quase 6.500 famílias americanas a cada três anos, a PFRC tem coletado dados de 8.438 lares na China, sem incluir Tibet, Xinjiang, Mongólia interior, Hong Kong e Macau.

A pesquisa confirmou que lares chineses têm um nível de dívida baixíssimo. Seus passivos representam menos de 5 % de seus ativos, comparado a mais de 16% nos EUA. Extraordinariamente, a riqueza combinada dos lares chinesas (todos os seus ativos menos seus passivos) ficou em US$ 69,1 trilhões em 2010. Isto é cerca de 20% a mais que a riqueza líquida dos lares americanas.

23 de dezembro de 2012

Fontes:The Economist-To each, not according to his needs
 

FRASE PARA GUARDAR

 

lula so fala merdaNo fim de seu primeiro mandato, em um de seus últimos discursos, Lula declarou, com toda aquela sua pomposidade secular, de boa genética, sem contar os habituais perdigotos que acertavam os cumpanheros na primeira fila.

Os repórteres, mais espertos, e sem precisarem ser puxa-sacos, salvo PHA Paulo Henrique Amorim et caterva, ficavam atrás para escapar do bombardeio. Mas não escavam dos peidos, aqueles que fazem “pufff”, silenciosos e fedidos:

“Na verdade, não sei quando sou presidente e quando sou candidato”.
Uma obra-prima de ignorância…

O Zé Simão, um mestre do humor, na Folha de São Paulo, acabou com a dúvida, graças à sua genialidade para frases de efeito:

” Quando ele está fazendo merda é presidente; quando está prometendo merda é candidato. Quando ele sabe de tudo, é candidato; quando ele não sabe de nada, é presidente “.

23 de dezembro de 2012
Marc Aubert

SANATÓRIO GERAL DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

O bicho pegou

“Em 2013, o bicho vai pegar”.

Gilberto Carvalho, no vídeo em que formaliza a candidatura a Vassalo do Século, revelando que, mais de 10 anos depois do assassinato de Celso Daniel, começou a ter pesadelos também quando está acordado.

Gente fina

“A gente falou muito sobre o Brasil, a necessidade que a gente pense uma reforma política pro Brasil e pensar em valorizar a política”.

Cid Gomes, representante do Ceará e do PSB no beija-mão em que oito governadores prestaram vassalagem a Lula, explicando que, como se tratou de um encontro de gente fina, interessada exclusivamente no bem-estar da nação, ninguém perguntou ao ex-presidente se está tudo bem com Rosemary Noronha.

Envergonhando o pai

“Sou amigo pessoal do presidente Lula e o Estado de Alagoas é muito grato à postura republicana, solidária, parceira, que o presidente Lula teve para com o Estado”.

Teotônio Vilela Filho, governador de Alagoas pelo PSDB, que representou os sabujos disfarçados de oposicionistas no encontro com Lula, confirmando que a altivez não transmitida geneticamente e reiterando que, no Brasil, a pusilanimidade é suprapartidária.

Melhor amiga

“O povo sabe muito bem quem é o Lula”.

Agnelo Queiroz, representante do Distrito Federal e do PT no encontro em que oito governadores se solidarizaram com Lula por causa das denúncias mais recentes de Marcos Valério, garantindo que ninguém se surpreendeu com a história da quadrilheira Rosemary Noronha, melhor amiga do ex-presidente há quase 20 anos.

Sabujo malandro

“Viemos dizer para ele que estamos indignados com essa acusação de Marcos Valério, que isso não é respeitoso para com a figura do ex-presidente e com a memória do Brasil”.

Cid Gomes, representante do Ceará e do PSB no encontro em que oito governadores prestaram solidariedade a Lula por causa das denúncias mais recentes de Marcos Valério, fingindo que nunca ouviu falar em Operação Porto Segura e não sabe quem é Rosemary Noronha.

23 de dezembro de 2012
Augusto Nunes

"NÃO CREIA EM BRUXAS, MAS QUE AS HÁ, AS HÁ"

 
Em Paris, cenário favorito para desabafos de presidentes petistas, Dilma Rousseff fez uma digressão interessante sobre suas convicções pessoais a respeito de corrupção de agentes públicos: ela é a favor de tolerância zero para pôr fim aos malfeitos dos larápios, mas contra a “caça às bruxas”.

O combate sem trégua é dirigido indiscriminadamente contra quem desafiar seu indômito espírito republicano e a vigilância que ela anuncia para evitar malversação do erário.
A exceção refere-se a seu ex-chefe, padrinho e antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem quaisquer suspeitas, por mais que apoiadas em provas ou evidências, são por ela consideradas uma “indignidade”.

A tolerância zero da presidente não garante lisura na gestão do dinheiro público, mas revela seu estilo de mando. É de todos conhecida a curtíssima extensão do pavio da chefe de governo: suas explosões de mau gênio são tão estridentes que os impropérios atravessaram os geralmente indevassáveis salões e corredores palacianos, tornando-se famigerados.
Quanto à corrupção propriamente dita, sua reação é, sem nenhuma intenção de desrespeitá-la, pavloviana: cada auxiliar de alto escalão que não tenha a proteção de sua benquerença, ao ser denunciado, é logo demitido.

Os que habitam os desvãos secretos de seus afetos não recebem tratamento isonômico. É notório o caso do ministro Fernando Pimentel, cujo cargo foi mantido sem que nunca tivesse sido esclarecido de que sabença dispõe para justificar os altíssimos preços pagos por suas palestras. Para poupá-lo a chefe chegou a levar um ícone da antiga moral petista, o ex-ministro Sepúlveda Pertence, a renunciar à Comissão de Ética da Presidência da República, após não reconduzir membros interessados na contabilidade da consultoria de seu auxiliar do peito.

Nem protegidos de seu padrinho foram poupados quando denunciados pelos adversários da “mídia”. Só que, depois, ninguém seria alcançado pelos braços da punição penal, donde se conclui que a perda de cargo é a pena máxima para amigos.

Isso, é claro, não vale para os inimigos de ocasião. Não há delito de que seja acusado um companheiro petista que não desperte a sanha de sua base de apoio parlamentar a apontar com seu dedo em riste na direção do ex-presidente Fernando Henrique, cujo único crime reconhecido é a filiação ao PSDB.
Se bem que neste momento o referido tucano venha sendo acompanhado por novos desafetos, como o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusado de alta traição por ter sido nomeado pelo petista Lula, confirmado por Dilma e, apesar disso, ter apresentado um libelo acusatório que terminou levando o Supremo Tribunal Federal (STF) a condenar os petistas Dirceu, Genoino e Delúbio.

A “caça às bruxas” não atende aos requisitos mínimos da lógica e da verdade. Haverá, de fato, uma onda de delação, premiada ou não, no momento no Brasil? Vamos aos fatos: o operador do mensalão, que, conforme o PT da presidente, nunca existiu, Marcos Valério Fernandes, procurou o Ministério Público Federal (MPF) para contar que depositou dinheiro da corrupção na conta do ex-segurança e ex-aloprado Freud Godoy supostamente para pagar contas pessoais de Lula. Será verdade? A ministra do STF Cármen Lúcia disse que duvida. Dilma não hesitou: fora do País, sendo recebida pelo presidente da França, François Hollande, não apenas desmentiu, como deu ordens, segundo noticiário confiável, para seus ministros saírem em defesa do companheiro-mor.

Estarão corretas as insignes damas republicanas? É simples responder à questão. Basta abrir um inquérito, saber se de fato o depósito foi feito e exigir que o destinatário, caso seja confirmado, conte o que fez com o dinheiro.
Aí a polícia, sob as ordens do solerte dr. José Eduardo Martins Cardozo, poderia aproveitar a ocasião para inquirir o mesmo acusado a respeito de sua participação na falsificação de um dossiê contra o tucano José Serra na eleição de 2006.

Em vez de mandar a Polícia Federal investigar, contudo, obediente às ordens emanadas de Paris, o dr. Cardozo absolveu imediatamente o padrinho da chefe:
“Do ponto de vista jurídico, isoladamente, esse depoimento não tem nenhum significado. Foi produzido por uma pessoa que já estava sendo processada, condenada no julgamento, feito visivelmente na tentativa de tumultuar esse processo. Esse depoimento não tem valor probatório”.

Homem de confiança de Lula no governo atual, o ministro que chefia a Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, sentiu-se à vontade para se acumpliciar com a comandante, batendo duro no delator:

“O que mais nos impressiona neste momento é como uma pessoa que foi condenada a longos anos de prisão, por ser o cérebro e o provocador de dois processos, de repente, num gesto de desespero para tentar amainar sua pena, é tomado de tamanha credibilidade. O que este senhor tem revelado, particularmente a respeito do presidente Lula, é de uma falácia, de uma falsidade, impressionantes.
Me impressiona a credibilidade que se dá a esse cidadão nessa hora, tanto nos detalhes quanto no conteúdo mais profundo”.

Trata-se de uma deslavada aposta na amnésia ampla e geral: todos sabem que o dito desqualificado patrocinou uma romaria de banqueiros também condenados no processo do mensalão a gabinetes do alto comando federal no primeiro governo Lula, entre os quais o do chefe da Casa Civil à época, José Dirceu. Se crime não houve, criminoso há? E de que autoridade moral se investe alguém que nega credibilidade à palavra de um réu e atribui a um colega de banco dele no julgamento a aura de mártir injustiçado?

Terá Valério nomeado Rosemary Nóvoa de Noronha, denunciada pelo MPF, para chefiar o gabinete da Presidência da República em São Paulo? Terá sido em seu nome que ela nomeou figurões da burocracia federal? Sob sua égide terá praticado os delitos de que é acusada? Ou será, por acaso, ela a bruxa que Dilma não quer que cacem?

23 de dezembro de 2012
JOSÉ NÊUMANNE
(19 de dezembro de 2012, Estadão)

"PAULO OKAMOTTO, UM FILME DÉJÀ VU" ,

 


O nome de Paulo Okamotto nas manchetes de jornais não é novidade. A imprensa insiste em mantê-lo nos cadernos políticos quando deveria confiná-lo nas páginas policiais. É a minha opinião por tudo o que conheci, e pelo meu convívio com essa misteriosa figura.

Entre outras coisas, Okamotto é responsável pela administração das contas pessoais do ex-presidente desde o tempo em que Lula presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. A leitura do Estadão de 11 de dezembro provocou-me a sensação de estar vivendo de novo uma experiência já vivida. O chamado déjà vu.

Em 1979, durante a greve dos metalúrgicos do ABC, Okamotto fazia parte de um esquema paralelo. Seu nome constava de uma lista de dirigentes sindicais que deveriam assumir clandestinamente o controle do sindicato caso a diretoria eleita fosse presa pela polícia política.
Nessa mesma ocasião, eu era um dos coordenadores da parte financeira do Fundo de Solidariedade que funcionava na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Chegava muita grana do exterior. O euro ainda não existia. Mas os dólares, francos e marcos eram muito bem recebidos. O administrador do sindicato, Sadao Higuchi, era quem encaminhava os recursos vindos do exterior a Okamotto.

Em 13 de junho de 1998, em plena campanha eleitoral, Sadao morreu “afogado” numa represa localizada nas proximidades de Bragança Paulista. Lula fez questão de suspender todas as atividades para participar das buscas.
Quem conhece a represa, como eu conheço, não consegue entender o que aconteceu. Sadao morreu afogado, mas tinha uma contusão na cabeça. Ele teria caído n’água e o barco teria se chocado com ele. Pequeno enorme detalhe: tratava-se de um bote inflável.

Em 1992, o PT elegeu vários prefeitos no estado. Indicado por José Dirceu e Aloisio Mercadante, assumi a secretaria de Finanças de São José dos Campos.
A empresa CPEM, representada pelo advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, era a maior credora da prefeitura então comandada pela futura bailarina Ângela Guadagnin.
A auditoria externa que contratei comprovou uma série de irregularidades. Informado pessoalmente por mim, Lula convocou Okamotto e ordenou-lhe que me acompanhasse numa conversa com seu compadre. Ou seja, enviou-me para conversar pessoalmente com o acusado.

Okamotto costumava circular pela prefeitura de São José em busca de lista de empresários credores. Ele não ocupava qualquer cargo no paço. Era evidente que buscava recursos paralelos, com anuência da então prefeita Ângela Guadagnin.
No mesmo dia em que a auditoria externa encerrou seus trabalhos e me enviou o relatório, fui exonerado sumariamente a pedido de Paulo Okamotto e Paulo Frateschi, segundo me relatou a própria prefeita.

Algumas semanas antes da exoneração, sofri um atentado na então Rodovia dos Trabalhadores, hoje Ayrton Senna. O carro ocupado por três homens enormes tinha chapa fria, conforme informou a Polícia Civil onde registrei o boletim de ocorrência.
Detalhe: o carro em que me encontrava era dirigido por um funcionário de carreira da prefeitura que, literalmente, urinou nas calças.

Quando Lula foi eleito em 2002, pensei seriamente em pedir asilo político em algum país europeu. Cheguei a ter pesadelos. Sonhava que Okamotto era chefe da Polícia Federal. Fui dissuadido por Lupércio Marques de Assis, meu sogro e advogado brilhante, que morreu logo após a posse do governo petista.
Em 2006, durante a CPI dos Bingos, defrontei-me com Paulo Okamotto em uma acareação realizada no Congresso Nacional. Na ocasião, entreguei formalmente aos congressistas uma vasta documentação. Duvido que alguém tenha lido. O que mais me chamou a atenção foi o olhar de ódio com que Okamotto me encarava.

Faço esse breve relato para registrar que não tenho nenhum motivo para por em dúvida o depoimento de Marcos Valério, um dos responsáveis pelo mensalão que o levou a ser condenado a mais de 40 anos de prisão. Parece que foi para mim que Okamotto disse: “Tem gente no PT que acha que a gente devia matar você. (…) Ou você se comporta, ou você morre.”

23 de dezembro de 2012
Paulo de Tarso Venceslau, ex-petista e ex-secretário de Finanças da prefeitura de São José dos Campos, é economista e diretor de redação do Jornal Contato
PUBLICADO NO SITE UCHO.INFO

IMAGEM DO DIA

 
Participante da oitava convenção de tatuagem de Londres, na Inglaterra
Participante da oitava convenção de tatuagem de Londres, na Inglaterra - Adrian Dennis/AFP
 
23 de dezembro de 2012

PAULO DE TARSO VENCESLAU VIU DE PERTO A FACE ESCURA DE OKAMOTTO

‘Não tenho motivos para duvidar da ameaça a Valério’


Um dos fundadores do PT, Paulo de Tarso Venceslau foi expulso do partido e demitido do cargo de secretário de Finanças da prefeitura de São José dos Campos depois de ter revelado a Lula bandalheiras envolvendo delinquentes especialmente caros ao chefe supremo.
Esse foi um dos muitos episódios que lhe permitiram contemplar de perto a face escura de Paulo Okamotto, iluminada por um artigo publicado no blog do Ucho. Confira dois trechos do texto reproduzido na seção Feira Livre.:

Okamotto costumava circular pela prefeitura de São José em busca de lista de empresários credores. Ele não ocupava qualquer cargo no paço. Era evidente que buscava recursos paralelos, com anuência da então prefeita Ângela Guadagnin. No mesmo dia em que a auditoria externa encerrou seus trabalhos e me enviou o relatório, fui exonerado sumariamente a pedido de Paulo Okamotto e Paulo Frateschi, segundo me relatou a própria prefeita Ângela Guadagnin. 
 
O administrador do sindicato, Sadao Higuchi, era quem encaminhava os recursos vindos do exterior a Okamotto. Em 13 de junho de 1998, em plena campanha eleitoral, Sadao morreu “afogado” numa represa localizada nas proximidades de Bragança Paulista. (…) Sadao morreu afogado, mas tinha uma contusão na cabeça. Ele teria caído n’água e o barco teria se chocado com ele. Pequeno enorme detalhe: tratava-se de um bote inflável.

Coisa de direitista delirante? Mais uma da elite golpista? Invencionice da mídia conservadora? É difícil enquadrar nesses clichês o economista Paulo de Tarso Venceslau. Paulista de Santa Bárbara D’Oeste, hoje com 69 anos, Venceslau se engajou na luta armada como ativista da Ação Libertadora Nacional (ALN), participou em setembro de 1969 do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, foi capturado dias depois pela polícia política, passou cinco anos na cadeia e ligou-se a um dos grupos que fundariam o PT. Não é loiro. E não tem olhos azuis.

Anos depois de ouvir ameaças de morte berradas por torturadores decididos a fazê-lo falar, Venceslau voltou a ouvi-las sussurradas por companheiros conspiradores dispostos a silenciá-lo. No DOI-Codi, poderia ter morrido por insistir em mentiras. No PT, quase morreu por ter contado a verdade.

23 de junho de 2012
Augusto Nunes

O DIA DO FIM

 

Em “O Moinho de Hamlet”, o grande historiador da história da ciência e dos mitos, Giorgio Santillana, lembra a teoria da precessão: de vinte e seis mil em vinte e seis mil anos, a Terra oscila sobre seu próprio eixo, dando origem a nova glaciação.



Essa glaciação, de acordo com os mitos – identificados em todas as civilizações estudadas, incluída a maia – é relacionada com o dilúvio.

O céu, nos relatos mitológicos, mergulha, com grande parte de suas estrelas, no mar. Um caminho se abre para a Via Láctea – em associação com o mito católico da assunção física de Cristo e Maria aos céus.


De acordo com os astrofísicos, o plano da eclíptica, com relação às estrelas fixas, oscila alguns graus, sempre em direção ao oeste do planeta, e é essa oscilação que altera os processos geológicos.

A última oscilação, ocorrendo já na idade do homem, é registrada pelos vários mitos, da América ao Extremo Oriente, passando pelas ilhas habitadas no Pacífico.

Santillana, que escreveu esse livro maior tendo a colaboração da professora alemã Hertha Von Dechend, relaciona o mito à estrutura do tempo, e ousa a tese de que “o mito nasceu da ciência, e só a ciência pode explicá-lo”.

De acordo com alguns estudiosos da escritura maia, a previsão de que o mundo acabaria sexta-feira se fez há quase seis mil anos, o que lhe daria credibilidade.

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FIM DO MUNDO

De certa forma é alentador que muitos se preocupem com o fim do mundo, e procurem dele escapar, buscando refúgios imaginários. É outro mito, o mito de que há salvação contra a extinção da Terra.

Se assim é, podemos ter alguma esperança, fundada na aspiração humana de que a espécie sobreviva.
Se o mundo acabasse hoje, não viveriam seus últimos minutos as crianças trucidadas em Newtown, nem aquelas, minhas contemporâneas, cujo mundo acabou nas câmaras de gás, ou debaixo dos bombardeios de napalm, nem todas as outras que, todos os dias, deixam a vida, antes que possam senti-la, como pranteou Obama.

O mundo, na verdade, começa quando nascemos e perece quando cada um de nós morre, como na bela passagem de Grande Sertão: Veredas, quando Riobaldo ajuda uma mulher paupérrima a ter seu filho e diz à mãe em pranto: Não chore não, dona senhora, uma criança nasceu, o mundo começou outra vez.

Rubem Braga, em uma de suas melhores crônicas, fala sobre uma última festa na Terra, quando todos os homens, mulheres e crianças se reúnem em um só espaço, para a alegria do dia derradeiro.
Seria ótimo se todos nós entendêssemos que hoje, ou amanhã, será o fim de nosso próprio mundo, e tratássemos o outro, qualquer outro, como o irmão que nos pode deixar ou que poderemos deixar, no segundo inexorável que nos atingirá, cada um a sua vez ou – quem sabe? – com uma catástrofe cósmica, que é melhor não prever, e que, com toda nossa ciência, não conseguiremos evitar.

O que nos pode entristecer, e muito, é que o homem, capaz de todos os crimes e massacres estúpidos, buscou, na alma e na natureza, a música de Bach, a pintura de Velázquez, as esculturas de Fídias. E se o mundo perecer, esse instante da Eternidade estará perdido para sempre.

Seria ótimo se fizéssemos, todos os dias, a grande festa na Terra, com as pessoas se abraçando, rindo e festejando a única e irrepetível aventura de cada um de nós.

(do Blog de Santayana)

23 de dezembro de 2012
Mauro Santayana