"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 12 de abril de 2012

CADA FARINHA NO SEU SACO


O maior desejo do PT é transformar o escândalo do mensalão em conto da carochinha. O segundo maior é fazer colar na sociedade a impressão de que todas as forças políticas são iguais e nivelam-se por baixo.

São estas as teses que o partido de Lula, Dilma e José Dirceu irá tentar fazer prosperar na CPI do Cachoeira.

Desde que veio a público, em maio de 2005, o mensalão assombra o PT. Feita por um dos maiores aliados dos petistas à época, a revelação de que o governo Lula funcionava à base da compra descarada de votos no Congresso desnudou a aura de moralidade que, por anos, acompanhara o partido.

Anos de investigações e um devastador parecer da Procuradoria-Geral da República acabaram por revelar em detalhes o funcionamento da "organização criminosa", com a participação de dezenas de próceres petistas. Mas, para o PT, isso nunca passou de uma "conspiração" das elites, da mídia, da oposição.

O partido sempre contemporizou com os acusados, deu-lhes apoio institucional e cargos de relevância no governo. Jamais puniu quem quer que fosse. Compactuou, recorrentemente, com os que se locupletaram com o dinheiro sujo, vindo, inclusive, dos mesmos jogos de azar de Carlinhos Cachoeira.

Mas a principal preocupação dos petistas, vocalizada, principalmente, pelo ex-presidente Lula, sempre foi fazer prosperar na sociedade a tese de que o mensalão foi uma "farsa", uma desimportante operação de contabilidade paralela de contas de campanha eleitoral. Nesta estratégia, interessa, especialmente, atrapalhar, postergar e azucrinar o julgamento do caso no STF, previsto para ocorrer neste ano.

O PT espera usar a CPI do Cachoeira neste seu estratagema, como ficou muito claro ontem, mais uma vez, com o discurso de Rui Falcão, presidente do partido. Para ele, a comissão servirá "para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão", informou O Globo.

Não:
a CPI cuidará de investigar como gente do mundo político se relacionou com - e, em alguns casos, se vendeu a - um contraventor cujas ligações com os petistas são íntimas desde a época do mensalão.

Senão, vejamos:
até agora, afora o envolvimento do senador Demóstenes Torres, prontamente expurgado pelo DEM dos quadros da oposição, são petistas ou seus aliados os principais implicados na teia de corrupção tecida pelo bicheiro baseado em Goiás.

O mais graúdo destes envolvidos é o governador petista do Distrito Federal. Aliás, ligar o nome de Agnelo Queiroz, agora alcunhado "01", a escândalos já se tornou redundância. Hoje, os jornais - com destaque para a
Folha de S.Paulo - publicam farto material com suspeitas de que sua desgovernada gestão é alimentada por propina paga por uma empreiteira.

A mesma empresa, a Delta Construções, é, também, a maior beneficiária do PAC e foi a empresa que mais recebeu recursos do governo federal nos últimos três anos: R$ 2,43 bilhões desde 2009, segundo
O Estado de S.Paulo.
Surgem, daí, indícios de que as portentosas cifras que acompanham o programa podem servir para algo distinto da construção de obras, que, de resto, nunca ficam prontas mesmo.

Na lista de petistas muito enrolados, há também auxiliares de Agnelo e um assessor direto da ministra Ideli Salvatti, outro nome do governo do PT que rima com escândalo e que terá, agora, de explicar no Congresso a compra suspeita de lanchas fantasmas. E há, ainda, o deputado comunista e ex-delegado Protógenes Queiroz.

Não custa lembrar que esta animada ponte aérea PT-Cachoeira é ativa há muito tempo. O contraventor quase conseguiu emplacar a legalização dos jogos de azar no país:
a proposta foi defendida pelo Planalto lulista em 2004 e só foi abortada depois que Cachoeira protagonizou vídeo em que é achacado por Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu na Casa Civil.
Está evidente que o PT pretende manobrar a CPI do Cachoeira e embaralhar o jogo do mensalão. É um escárnio que o partido cujo governo afogou-se em seguidos casos de corrupção ao longo dos últimos anos pretenda acuar a oposição, fazendo dela o suposto alvo das investigações.
É o PT fazendo o que mais gosta:
juntar no mesmo saco farinhas que não se misturam.


12 abril de 2012
Fonte: Instituto Teotônio Vilela

PAGANDO O COCÔ E O PAPEL



Depois que se soube que o ministério da pesca gastou R$ 31 milhetas para comprar uma porrada de lanchas-patrulha que estão apodrecendo sob a guarda do próprio fabricante, e que babou o sigilo de uma doação deste mesmo "armador" para a campanha de tia Ideli, o berreiro agora contratou consultoria de imagem para atenuar o desgaste e reagir, a contento e a hora, aos "ataques à sua imaculada honra", conforme diz estar sofrendo nos últimos dias.
Por mais blindagem que tenham tentado, o escândalo acabou resultando na convocação de Idelizinha na Câmara para explicar a compra quando ela estava no comando da pasta.
A decisão foi discutida até com dona deelma pois poderia respingar cocô no Planalto, uma vez que apareceram relações de Olavo Noleto, flagrado em um telefonema com Wladimir Garcez, numero dois do esquema de Carlinhos Cachoeira. Por enquanto, o subchefe de assuntos Federativos da SRI continua no cargo, com o aval de Dilma.
Diz-se que a consultora foi contratada por Ideli como pessoa física, e não pela Secretaria de Relações Institucionais. Assim sendo, a empresa trata do contrato como "confidencial" e diz que está auxiliando a ministra a responder às demandas da imprensa, com rapidez.
A consultoria já divulgou três Press Release, em essência dizendo que a ministra "sempre esteve e se mantém à disposição" para prestar esclarecimentos à comissão do Congresso.
O babado que rola nas cocheiras é que a convocação de Ideli na Câmara foi uma vendeta do povo da base alugada contra a própria Ideli e contra a governANTA, pela gentileza e carinho com que tratam os "amigos".
Se for assim, não vai ter consultoria que resolva, pois as duas são incorrigíveis.
Bom...Eu não acredito que tia Ideli tenha colocado a mão no bolso prá pagar a tal consultoria. Prá mim, nós pagamos a cagada e agora estamos pagando o papel. prá limpar.
12 de abril de 2012

O SOL DE UM MURO AMARELO

Quem trabalha com cultura sabe que, no Brasil, costuma ser tratada mais como item de luxo do que como gênero de primeira necessidade. Pois ainda no mês passado, em Santiago, Mario Vargas Llosa fez veemente defesa dessa senhora, dizendo-a indispensável para as pessoas, para a sociedade e para a vida cotidiana. A cultura, disse ele, transforma a vida das pessoas e a torna mais fácil de levar. O interesse pela cultura permite viver melhor, viajar de outra maneira, olhar o mundo com uma visão que vai além da superfície.

Comentando no jornal El País a fala de Vargas Llosa, outro escritor chileno, Jorge Edwards, dá um exemplo prático. Indo à Holanda para uma viagem profissional, lembrou-se de ter lido páginas maravilhosas de Marcel Proust a respeito de um quadro famoso do mais famoso pintor holandês, Vermeer. Com essa lembrança na alma, Edwards partiu para o principal museu de Haia e parou diante do tal quadro, Vista de Delft.

Embora já o conhecesse, foi como se o visse pela primeira vez, pois agora o via de maneira múltipla, com seus próprios olhos, com os olhos da personagem de Proust que o comenta e com os olhos do próprio Proust, que muito o estudou para poder apropriar-se dele literariamente.

De volta a Santiago, Edwards foi logo à estante buscar o último tomo de Em busca do tempo perdido. E reencontrou-se com Bergotte, o grande escritor da Busca, doente e encharcado de remédios, que um dia lê o texto de um critico de arte dizendo como o pequeno pedaço de parede amarela que aparece no quadro fosse tão bem pintado, que poderia ser olhado separadamente, pois tinha a beleza de uma obra-prima da arte chinesa, capaz de falar por si só. Bergotte, embora doentíssimo, sai, vai a uma exposição de arte holandesa realizada naquele momento em Paris e para diante do quadro.
Fascinado pelo muro amarelo, pensa que deveria ter escrito sempre com a intensidade, a paixão, o talento com que Vermeer pintou o fragmento luminoso. Em seguida, desaba numa cadeira e dali para o chão, morto.

Li isso no aeroporto de Montevidéu, a caminho de casa. E chegando em casa, exatamente como Edwards, estendi a mão para a estante. Catei o terceiro tomo da Busca e mais um livro de arte sobre Vermeer.

Na Busca, sem lembrar exatamente em que páginas do romance procurar o fim de Bergotte, me perdi lendo a descrição minuciosa e encantadora dos pratos de porcelana chinesa em que é servido um jantar na casa dos Verdurin, decorados com íris aquáticos e atravessados por revoadas de martim-pescadores e de garças. Acabei desistindo.

Mas no livro de Vermeer não me perco. Abro Vista de Delft em página dupla. Conheço esse quadro em pessoa. Como Edwards, o vi em Haia. Só um terço da tela é ocupado pela cidade, o resto é céu pesado de nuvens. E na cidade, por trás de fachadas, telhados, torreões, tudo escuro, cintilam à direita algumas construções plenamente iluminadas pelo sol. E a um canto, o muro amarelo. Olho ávida, agora à procura da intensidade quase chinesa, e percebo que a reprodução não me permite ouvi-la falar por si só. Agreguei, porém, ao quadro um ponto focal específico, amarelo, e nunca mais verei Delft sem me lembrar de Proust, Bergotte, Edwards. Era a essa visão, a esse tipo de viagem, que se referia Vargas Llosa.
 
12 de abril de 2012
marina colasanti
 

A FRANÇA DO "NÃO"

A inclinação à esquerda, aparentemente inevitável, terá um elevado preço político


A França, pátria da Revolução, é um país essencialmente conservador. Fernand Braudel enfatizou isso: "Todos os países da Europa viveram, durante séculos, em economia camponesa. Em seguida, todos dela se afastaram, mais ou menos rápido. A França, mais lentamente que outros - esse atraso seguramente marcou sua história profunda". A nostalgia de uma época de ouro, bem como o temor da mudança, contaminam a política francesa. Eis aí a raiz das ambivalências da campanha eleitoral em curso, na qual os dois candidatos principais se entregam à dissimulação, fingindo ignorar as fraturas nos pilares que sustentam o modo de vida francês.

Nicolas Sarkozy imita Charles de Gaulle, enquanto seu adversário socialista, François Hollande, imita François Mitterrand. De Gaulle e Mitterrand conciliaram a "França eterna" à "França europeia", quando tal operação era viável. Seus imitadores não podem mais fazê-lo, a não ser como prestidigitação retórica. A crise do euro ronda as portas da França. O país viveu de crédito enquanto perdia competitividade em relação à Alemanha. As sirenes de alarme já soaram, no terreno das finanças, pelo descolamento entre as taxas de juros cobradas sobre títulos públicos alemães e franceses, e no da política, pela submissão de Sarkozy à orientação definida por Angela Merkel. Mas, apesar do ruído inconfundível, o gaullista e o socialista navegam nas águas plácidas da irrealidade.

"Globalização" é o nome do mal, na visão tradicional de quase toda a elite política francesa, à esquerda e à direita. Até há pouco, "Estados Unidos" era o outro nome desse mal e "Europa" aparecia como o antídoto infalível: a concha protetora da nação francesa. Nos últimos dois anos, entretanto, sob o impacto do desmoronamento do edifício das dívidas públicas denominadas em euro, "Europa" converteu-se em mais um sinônimo de "globalização". Nos extremos do espectro político, o dilema encontra uma resposta coerente, ainda que desastrosa: a rejeição nacionalista à Europa. Tal rejeição não pode ser incorporada pelos dois candidatos principais - mas eles também não podem recusá-la por inteiro.

No início, Sarkozy organizou seu discurso eleitoral em torno da razão pragmática. A França deveria equilibrar seu orçamento, para ser uma segunda Alemanha, e ele faria campanha como o parceiro indispensável de Merkel no empreendimento titânico de salvação da Europa. As sondagens indicaram, contudo, que o personagem não lhe assegurava nem mesmo a passagem para o segundo turno. O presidente investiu, então, sobre o eleitorado de Marine Le Pen, da Frente Nacional, curvando-se à "França eterna" e retomando as senhas xenófobas que guarda como reserva para emergências: a "identidade nacional" e o "fracasso da integração". O tema da imigração foi conectado aos problemas do desemprego, da segurança e do terrorismo. O Hexágono francês acossado se defenderá da "peneira europeia", bradou Sarkozy, ameaçando retirar o país do Tratado de Schengen, de livre circulação de pessoas.

Uma "França do não" emergiu majoritária no referendo sobre o projeto de Constituição Europeia, em 2005. Gaullistas e socialistas se engajaram, juntos, na campanha do "sim", sofrendo uma derrota desconcertante. O heteróclito polo da negação reuniu a extrema esquerda aos semifascistas da Frente Nacional, entrelaçando narrativas revolucionárias e nacionalistas. O resultado, um divisor de águas na história política francesa, provocou a cisão no Partido Socialista que originaria o Partido de Esquerda, de Jean-Luc Mélenchon, e a Frente de Esquerda, uma coalizão dos dissidentes socialistas com o Partido Comunista e grupos trotskistas. Na campanha em curso, a verdadeira novidade é a ascensão de Mélenchon, que aparece no terceiro lugar, à frente de Le Pen.

Nos comícios de Mélenchon ouvem-se os ecos longínquos da Comuna de Paris. "Quando já não existe liberdade, a insurreição é um dever sagrado da República". Ele fala numa "revolução dos cidadãos": a convocação de uma Constituinte para definir novos direitos sociais e desenhar os contornos de uma Sexta República. Promete romper com a "Europa neoliberal", retirar a França da Aliança Atlântica, dobrar o salário mínimo e, retomando o fio solto por Mitterrand em 1983, reorganizar a economia ao redor de um núcleo estatal formado pelas instituições financeiras e pelas indústrias estratégicas. As sondagens indicam que a esquerda renascida em 2005 avança sobre o eleitorado do anel industrial do leste francês, uma ampla base operária cedida pelos comunistas à Frente Nacional há duas décadas.

Hollande perdeu o primeiro posto nas sondagens eleitorais para Sarkozy, mas tem assegurado o seu lugar no segundo turno e, segundo as interpretações correntes, marcha rumo a um triunfo final propiciado pela transferência de votos de Mélenchon. O socialista comprometeu-se a reverter a reforma previdenciária de Sarkozy, aumentar a taxação sobre os mais ricos e renegociar o pacto fiscal europeu, a fim de reduzir os cortes previstos nos gastos públicos. No segundo turno, contudo, a dinâmica da conquista dos eleitores de Mélenchon exigirá algo mais: um apelo direto à "França do não". A inclinação à esquerda, aparentemente inevitável, terá um elevado preço político.

A prestação inicial será cobrada por Sarkozy, que já ensaia o ângulo de ataque. "Em 1981, os socialistas esvaziaram o cofre em dois anos. Em 2012, será preciso apenas dois dias. Eles nos levarão à Grécia ou nos levarão à Espanha", alertou o presidente, referindo-se ao tímido programa de reformas incrementais de seu oponente. Na hipótese provável de vitória de Hollande, os eleitores enganados cobrarão a prestação final. Então a curta primavera da dissimulação se dissolverá no tórrido verão da realidade e a crise do euro atingirá um patamar mais dramático, dilacerando o tecido frágil do sistema político francês.
 
12 de abril de 2012
demétrio magnoli

AS FRAUDES COTIDIANAS DE TODOS NÓS

Não tenho o hábito de colar adesivos no meu carro. Constituição familiar, time do peito, lojas que frequento, bichinho de estimação e fé religiosa são, a meu juízo, assuntos de foro íntimo. Sempre achei que meu carro não deveria transformar-se em um outdoor ambulante, vitrine de minha ideologia e espelho de meu estilo de vida.

Abri mão desta decisão para um único adesivo. Estampei sobre a lataria um discreto coração azul, que pede gentileza no trânsito. Senti que seria impossível furtar-me à ideia de que precisamos ser corteses se quisermos conviver de forma civilizada e urbana com nossos conterrâneos e contemporâneos.

Todos partilhamos das mesmas ruas, temos que sair de nossas garagens, encontrar vaga para estacionar nas ruas, buscar filhos em colégios, entrar e sair de supermercados, chegar a tempo e hora a nossos destinos. Desempenhar estas ações com cortesia ou de forma grosseira é a sutil e decisiva diferença. Custa pouco, rende muito.

Gostaria que os motoristas aprendessem a sentir o prazer do gesto que favorece a passagem do outro, vissem como vitória pessoal o sorriso do idoso que se sente seguro para atravessar à sua frente, percebessem o olhar de confiança do colegial para o qual paramos na faixa de segurança. Dar passagem é melhor do que avançar alguns metros, manter aberto o cruzamento é infinitamente mais gratificante do que grudar no carro à frente para conquistar a primazia. Quem experimentou este sabor sabe que é verdade.

Dirigir é ter uma arma de quatro rodas na mão, melhor manuseá-la com cuidado. Sonho com o dia em que a cortesia será a prática, não a eventualidade. Sou intransigente: reputo como corrupção infringir regras simples do cotidiano.

Vejo incoerência e demagogia nas palavras de quem condena o roubo escrachado que acontece nas altas esferas governamentais ou corporativas, mas se antecipa na fila, ocupa duas vagas ao ignorar as faixas amarelas de divisão dos espaços, não respeita as bases elementares da convivência humana. Somos, igualmente, ladrões, larápios, vilipendiadores e antiéticos quando praticamos tais desconsiderações nas ruas, avenidas, praças e esquinas das cidades que habitamos.

Se quisermos transcender o crescimento econômico que conquistamos, se nos anima a iminência do emprego pleno e do consumo disseminado entre todas as classes brasileiras, se quisermos fazer um gol de placa nos grandes eventos esportivos dos próximos anos, temos muito a aprender. Um primeiro passo é exercer a civilidade no dia a dia, em todas as esferas de nossas vidas. É fácil, tão fácil quanto criticar a corrupção dos outros, mas precisamos conscientemente educar-nos para atingir este patamar que tanto elogiamos, quando voltamos de viagens ao Exterior.
 
12 de abril de 2012
Susana Espíndola

DOIS LIVROS DE KENZABURO OE

Faz alguns anos, num feriado ventoso, li Uma Questão Pessoal, romance do japonês Kenzaburo Oe, que ganhou o Nobel de Literatura no ano de 1994 (ler um livro, para mim, é também marcar na alma, junto com os personagens e a ficção alheia, um tempo, um espaço físico, o estado de espírito que me dominava nos dias daquela leitura).

Uma questão pessoal conta a história de um jovem pai cuja esposa acaba de dar à luz um menino com grave anomalia – a síndrome do cérebro bipartido – e que, nos primeiros dias de vida dessa criança condenada a um futuro difícil e duvidoso, vaga em desespero pelas ruas de Tóquio almejando a morte do seu primogênito.

Um livro triste e intenso, a história de um pai que primeiro renega mas que acaba por aceitar, e abraça a sina do seu filho excepcional. Alguns anos mais tarde, quando li O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza (outro pai, outro filho, outra obra interessante), me foi impossível não voltar a pensar na vida e no feito literário de Kenzaburo Oe – pois a existência desse menino doente, dessa criança com sérias limitações cerebrais e com autismo acabou por ser a linha mestra, uma espécie de prumo de toda a ficção e de toda a escrita de Kenzaburo Oe. Imagino, também, da sua própria vida.

Acabei de ler Jovens de um Novo Tempo, Despertai. Um livro difícil e até mesmo estranho, mas com o qual Kenzaburo Oe nos rapta para um viés da vida, para um espaço indistinto, nem imperioso nem discreto – uma espécie de rio submerso na fúria cotidiana da vida – um espaço feito de delicadezas e de pequenas violências, feito de poesia e de humildade: a aventura de um homem na casa dos 50 que decide escrever um manual de definições do mundo para o seu filho excepcional que já vai completar 20 anos;

a história de um escritor que sempre estudou o poeta inglês Willian Blake e que, mais ainda, acreditou nos seus poemas como vaticínios para a sua própria existência; a vida cotidiana de um pai que tem no seu filho doente um contraponto aos seus próprios limites.

Um livro belíssimo, um chamado à coragem de viver esta vida com todos os seus miseráveis e grandes acontecimentos. Findei a última página com uma sensação de transfiguração da realidade, como quem acaba de dar um mergulho e, limpo e fresco, abre os olhos para um céu mais azul.
 
LETICIA WIERZCHOWSKI
12 de abril de 2012

MERA COINCIDÊNCIA...

Contratação da namorada de Franklin Martins é só mera coinciência

Uma empresa da namorada do jornalista Franklin Martins, ex-ministro da Comunicação Social, assinou em fevereiro com a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) o maior contrato já firmado pela estatal com uma produtora em quase cinco anos de existência, informa reportagem de Breno Costa, publicada na Folha.
Franklin, que foi um dos responsáveis pela criação da estatal em 2007, ainda tem influência política na EBC, vinculada à pasta da Comunicação Social. O atual diretor-presidente, Nelson Breve, contou com a indicação do ex-ministro.
A BSB Serviços Cine Vídeo Ltda., da pernambucana Mônica Monteiro, receberá R$ 2,39 milhões até outubro deste ano para produzir a série “Nova África”,veiculada pela TV Brasil.
O programa prevê a produção de reportagens sobre a atualidade de países africanos. Cada um dos 26 episódios, de meia hora de duração, custará R$ 92 mil.
Franklin Martins afirmou possuir “zero” influência em decisões da EBC e disse que não há nenhuma irregularidade na contratação da BSB Cine Vídeo. Sobre eventual conflito de interesses, alegou que ele já não é mais ministro desde o final do governo Lula.
Quer dizer: foi tudo mera coincidência…
tribuna da internet
12 de abril de 2012

AS MEMÓRIAS DE THOMAZ BASTOS

Aguarda-se com ansiedade o livro de memórias de Thomaz Bastos, o advogado de Cachoeira

O ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos vai lançar sua autobiografia, que será dividida em três capítulos: no primeiro, ele falará sobre a “aventura da advocacia” e detalhará alguns dos grandes casos que defendeu. Nos outros, falará de seu tempo como presidente da OAB e de sua experiência como ministro da Justiça de Lula.
Como se sabe, o ex-ministro é o responsável pela defesa de nomes indefensáveis como Carlinhos Cachoeira, a empresária Tânia Bulhões, envolvida em sonegação e contrabando, o médico Roger Abdelmassih, que dopava e estuprava as pacientes e está foragido, além de empresários picaretas e bandidos da pior espécie.
Se abordar esses casos na autobiografia, o livro de Thomaz Bastos será um espetáculo. Especula-se, por exemplo, que ele estaria cobrando R$ 15 milhões para soltar Cachoeira, o mesmo preço que cobra a grandes trambiqueiros, digo, empreiteiros. O ex-ministro é igual ao sabonete Lifeboy, vale quanto pesa.
Carlos Newton
12 de abril de 2012

AS LANCHAS DA IDELI: EXPLICAR O INEXPLICÁVEL...

Ideli Salvatti vai à Câmara explicar o inexplicável: a compra das lanchas inúteis.

Convocada a dar explicações à Câmara, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) afirmou, em nota oficial, que “sempre esteve e se mantém à disposição para os esclarecimentos necessários” ao Congresso.
Ideli foi convocada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara. A audiência ainda não tem data. Os deputados querem explicações sobre a compra de 28 lanchas pelo Ministério da Pesca, que foi controlado pela ministra no início do ano passado.
Ela está superconfiante, porque o contrato das lanchas, no entanto, não foi fechado na gestão de Ideli na Pesca, mas acontece que empresa que participou da venda revelou que um diretor do Ministério pediu doação de R$ 150 mil para o PT em Santa Catarina em 2010. E mais de 80% da campanha de Ideli ao governo do Estado foi financiada pelo comitê financeiro do PT, que recebeu a doação. Mas a nota oficial afirma ainda que a ministra não tem relação com a empresa e que sua “campanha ao governo de Santa Catarina não foi beneficiada com doações da Intech Boating”.
E acrescenta a nota: “Nos cinco meses em que a ministra esteve à frente do Ministério da Pesca, não assinou e não firmou nenhum novo contrato ou convênio. Devido aos deveres intrínsecos ao cargo, executou os contratos e convênios sobre os quais não recaíam quaisquer vetos dos órgãos fiscalizadores.”

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EXPLICAR O INEXPLICÁVEL

A ministra Ideli Salvatti não devia estar tão confiante. Embora não fosse ministra da Pesca na época do contrato, agora ela representa oficialmente o governo e terá de explicar por que seu antecessor comprou lanchas inúteis, que o Ministério da Pesca nem tem com utilizar e acabou doando à Marinha.
Terá de explicar também por que o Tribunal de Contas da União apontou superfaturamento e direcionamento da licitação para fornecer as lanchas no valor de R$ 31 milhões ao ministério.
Vai ser engraçado ver a ministra tentando explicar o inexplicável…

PRESIDENTE DO PT É UM TRAPALHÃO

Não vê que a CPI de Cachoeira vai prejudicar o partido

Reportagem de Maria Lima e Paulo Sérgio Pereira, página inteira em O Globo, mostra que a estratégia antes negada publicamente pela maioria dos petistas, – de usar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de Carlinhos Cachoeira para desviar o foco e neutralizar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) – foi admitida formalmente pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão.

Nm vídeo de quase dois minutos, postado quarta-feira à tarde no site oficial do PT, Falcão conclama centrais sindicais e partidos políticos que defendem o combate a corrupção, além de movimentos populares, a fazerem uma mobilização contra o que chamou de “operação abafa” que visaria a impedir a realização da investigação da CPMI, que já envolve parlamentares de seis partidos, inclusive do PT.

No vídeo, pela primeira vez, Falcão cita a intenção de desmascarar, na CPMI, aqueles que, segundo o presidente do PT, são os autores do que ele chama de “farsa do mensalão”, PSDB e DEM.
Falcão começa sua fala dizendo que está em operação “uma verdadeira operação abafa, uma tentativa de setores políticos e veículos de comunicação que tentam, a qualquer custo, impedir que se esclareça plenamente toda a organização criminosa montada por Carlinhos Cachoeira em conluio com o senador Demóstenes Torres, que já se afastou com DEM na tentativa de isolar o partido do escândalo”.

Em seguida é específico sobre o mensalão: “A bancada do PT na Câmara e no Senado defende uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão. É preciso que a sociedade organizada, movimentos populares, partidos políticos comprometidos com a luta contra a corrupção, como é o PT, se mobilizem para impedir a operação abafa, e para desvendar todo o esquema montado por esses criminosos, falsos moralistas que se diziam defensores da moral e dos bons costumes” – conclama Falcão.

No vídeo, ele ataca o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), mas não faz nenhuma menção ao envolvimento do governador petista do Distrito Federal, Agnelo Queiroz – que teve seu nome citado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, como interessado num encontro com Cachoeira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG

As inconvenientes declarações de Rui Falcão (em vídeo e, portanto, não podem ser desmentidas) foram criticadas pela oposição e até por setores do PT. E se ele pensa que a CPMI pode desviar as atenções, beneficiando o PT, está muito enganado. Os tentáculos de Cachoeira já estão por toda parte, inclusive no governo petista do Distrito Federal.

É MUITA LAMA!

Jamais se viu e nunca se verá um país com tamanha e epidêmica lama sujando os valores e preceitos civilizatórios como estamos vendo agora. Os casos de corrupção e deslizes morais crescem como um vírus atacando todo o tecido social da nação.
Ontem, enquanto acompanhava o desenrolar dos escândalos locais e nacionais, lembrei de um filminho de aventura, muito repetido nas sessões vesperais da TV fechada. Quem já viu “Zathura, uma Aventura Espacial”, dirigido pelo nova-iorquino Jon Favreau? Verdade, é a continuação de “Jumanji”, estrelado por Robin Williams. Nos dois casos, tratam-se de dois estranhos jogos com poderes mágicos e que provocam situações inusitadas cada vez que os dados são arremessados. Cada rodada, uma incrível surpresa.Quanto mais complicada uma situação, pior fica a vida dos jogadores com a jogada seguinte. Todas as tentativas de reparar um perigo ou uma confusão acarretam mais desespero para os envolvidos. De bom em Zathura, só a debutante Kristen Stewart.
 
Os acontecimentos criminosos que ocorrem diuturnamente no ambiente dos quatro poderes (Judiciário, Legislativo, Executivo e Aquisitivo) parecem com os jogos das duas ficções cinematográficas. Todo dia se descobre que alguém fez merda de novo.No plano nacional, os militantes de esquerda tiveram um orgasmo marxista-leninista quando a máscara de bom moço de Demóstenes derreteu na queda do Cachoeira. Só não esperavam que o esquema do bicheiro já havia bichado também o PT e adjacências.
Bradaram, os cuecões e os petralhas, por uma CPI para investigar a rede de influência do bandido e do promotor. O problema agora, com as revelações sobre a participação de um governador petista e um deputado do PCdoB, é de um coitus interruptus
stalinista.
 
No âmbito da província ensolarada, os dados do casal Carla Ubarana e George Leal não combinam com as cartas de jogo de alguns desembargadores, que a cada nova diligência do Ministério Público vão ficando mais enroscados no tabuleiro dos precatórios.Aliás, pelo que se viu nos autos e nos depoimentos, transformaram o Tribunal de Justiça num tabuleiro de vendedores do alheio. Em sendo verdade os testemunhos dos acusados, senhores de toga tungaram a viúva num esquema de negócio mafioso.
 
Como no desenrolar do filmezinho da TV, parece uma trilha sem fim a trama de desvios orquestrada no TJ. Era tanto dinheiro, e tão fácil botar a mão nele, que os autores do crime nem tinham noção de gasto em suas viagens milionárias por países europeus.Outra espécie de Zathura da roubalheira ou Jumanji das fraudes é o escândalo da inspeção veicular, conhecido por Sinal Fechado, dado pelo MP e pela polícia. Até agora, o principal jogador tem evitado revelar seus melhores parceiros de jogada.
 
Espera-se que as cartas do Ministério Público, inicialmente compostas numa petição que muitos fazem de conta que já se exauriu, traga novas explicações para que a sociedade também participe do jogo de reparos. George Olímpio não é vilão solitário.Na jogatina dissimulada que se instalou nos salões do poder público, há crimes sendo planejados em estado permanente, frutos da certeza de impunidade que unifica os punguistas de pé-rapado e os ladrões de colarinho branco. Este é o Brasil de todos.
Entre precatórios e mensalões, a alma nacional desce ao inferno da amoralidade constatando que o chavão religioso de que “todos são filhos de deus” foi refeito para “todos são filiados ao pecado”, mas não o pecado da Bíblia e sim o do Código Penal.

Será que estão ceretos os esotéricos, a imaginar o fim dos dias com os sinais de depravação moral da espécie humanus brasilis? A podridão infecta o país e o que resta de gente reta rejeita o serviço público, que como no inferno
de Dante deveria ter o aviso: “Deixai toda esperança, ó vós que entrais”.
12 de abril de 2012
Alex Medeiros

CELSO ARNALDO CAPTURA EM HARVARD A MENINA QUE QUERIA SER BAILARINA, SONHOU COM A VIDA DE BOMBEIRA E ACABOU VIRANDO `PRESIDENTA`


O jornalista Celso Arnaldo Araújo não deixou escapar a novidade inaugurada na visita à Universidade de Harvard: antes de “comprimentá” meio mundo durante alguns minutos, a presidente Dilma Rousseff fez questão de cumprimentar a presidenta Dilma Rousseff. “Pra mim, boa noite, é um prazer, boa tarde, indo pra noite, é um prazer estar aqui em Harvard mais uma vez”, desandou o neurônio solitário na primeira linha da discurseira.

“Harvard nunca mais será a mesma depois da visita de uma presidente afetada pelo fuso horário que dá boa noite a si própria”, resumiu Celso Arnaldo. Ainda sob o efeito do primeiro espanto, o implacável caçador de cretinices foi submetido à reprise da narrativa do encontro fortuito num aeroporto, durante a campanha eleitoral, com criança jamais identificada que teria perguntado à candidata se “as meninas também podem”.

“Podem o quê”?, garante ter replicado a chefe de governo. “Ser presidenta”, jura ter ouvido da misteriosa criança que, se Dilma não está mentindo outra vez, foi a primeira desde o Descobrimento a substituir o corriqueiro “presidente” por esse estranho “presidenta” que. depois de eleita, a presidente oficializou. Como acontece em todo palavrório, a historinha repetida em Harvard precedeu o embarque na máquina do tempo.

O vídeo abaixo registra o grande momento da viagem de volta à infância, transcrito por Celso Arnaldo:
“Eu não sonhava em ser presidenta. A minha geração … eu (sic) sonhava em ser uma de duas coisas: ou bailarina ou participá do Corpo de Bombeiro (sic), apagá incêndio. Hoje, as meninas podem sonhar com uma terceira opção: ser presidentas (sic) do Brasil”.
Comentário do nosso especialista em dilmês:
“A palestra que abalou a solidez acadêmica dos 375 anos da melhor universidade do planeta também revelou ao mundo que, não sendo Dilma, as mulheres brasileiras só podem escolher entre fazer pas de deux e apagar fogo”.

12 de abril de 2012
augusto nunes

O PAC DE DILMA É UM ANTRO DE CORRUPÇÃO. VEM AÍ A CPI DO PAC?


A CPI do Cachoeira pode expor os negócios da principal tocadora de obras do PAC, a Delta Construções. Com sede no Rio, a empresa faturou cerca de R$ 4 bilhões somente em repasses diretos desde o começo do governo Lula, com ápice no ano passado, quando tornou-se a campeã em recursos recebidos.

Mais de 80% desse montante são contratos do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), braço do Ministério dos Transportes e alvo de faxina recente da presidente Dilma Rousseff. O lobby para excluir empresas privadas da investigação foi deflagrado para evitar devassa na empreiteira.

Caixa
Em 2010, a Delta desembolsou R$ 2,3 milhões nas eleições, em iguais fatias para o PT e o PMDB nacionais. Além da força nacional, a empreiteira tem grande inserção no governo do peemedebista Sérgio Cabral (RJ).

Nem aí
Alertada na tarde de terça para a abrangência da CPI do Cachoeira, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) admitiu que ainda não havia lido o requerimento.

Happy hour
Enquanto avançava a CPI, Ideli se reuniu com os dissidentes do PMDB na terça. O evento foi feito sem conhecimento do líder Henrique Alves (RN) e foi interpretado como uma ação contra sua candidatura à presidência da Câmara em 2013.

12 de abril de 2012
Vera Magalhães
Painel Folha de São Paulo

FERNANDO CHIARELLI DISSE TUDO: O BRASIL ACABOU. SAIBA QUEM SÃO OS INIMIGOS


Um partido faz um compromisso com instituições internacionais, recebe destas instituições apoio político e dinheiro para tomar o governo de um país, e continua alinhado ao interesse de instituições terroristas, e partidos socialistas de outras nações.

Em 2001 um repórter acusou isso em alguns jornais, e sua recompensa foi a demissão e a humilhação pública, seu nome é Olavo de Carvalho.
O homem se auto exilou nos EUA, e de lá publicou as provas do que publicara, justamente as ATAS DO FORO DE SÃO PAULO num jornal criado por ele (mídia sem máscara).

Nestas Atas fica claro o compromisso do partido dos trabalhadores (PT) não com o País, não com os brasileiros, mas com órgãos lícitos e ilícitos internacionais, com caminhos pré-determinados para quando chegasse ao poder.
As metas lá estabelecidas vêm se cumprindo e esse acordo nefasto e que não foi objeto de discussão pública praticamente vem moldando a legislação do país.


Poucos homens tem se levantado para apontar o que é o maior golpe da história de um continente, eu sou apenas um rapaz de 32 anos, sem força política, que muitas vezes não consigo sequer saber o melhor caminho para a própria vida, mas sei quando um caminho é tortuoso, assim como sei que os caminhos mais difíceis podem ser os corretos.



MOVCC

O TSUNAMI VEM DAQUI MESMO

A controvérsia criada pelas queixas da presidente Dilma Rousseff em suas viagens à Europa e aos Estados Unidos sobre um suposto “tsunami monetário” que afetaria a economia brasileira tem uma nova versão na edição de quinta-feira (12/4) do Estado de S. Paulo. Segundo o jornal paulista, a origem e a solução do problema estão no Brasil, e não na oferta excessiva de euro e dólar por parte dos países ricos.

De acordo com fontes citadas pelo Estadão, a causa é a taxa de juros elevada no Brasil, e o ingresso de uma parte substancial dos bilhões injetados no mercado financeiro pelos países ricos em crise seria apenas parte do problema.

O jornal observa que parte desse ingresso desenfreado de capital externo se deve à ação de empresas brasileiras com capital no exterior, que reduzem novos projetos de investimento e repatriam para o Brasil grandes parcelas desse capital. O levantamento revela que, em 2011, esse retorno alcançou a cifra recorde de US$ 21 bilhões.

Manchete ideal

Esse fator foi determinante para o fato de o Brasil ter acabado o ano passado com o pior desempenho entre as maiores economias. Em vez de investir em atividades produtivas ou em aquisições, as multinacionais brasileiras buscam o porto seguro e mais lucrativo de especular com os juros.
Os dados citados pelo Estado de S.Paulo foram obtidos na Conferência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento – Unctad, na sigla em inglês – e estão disponíveis no site da instituição.

Segundo essa análise, os investimentos diretos em todo o mundo alcançaram US$ 1,66 trilhão em 2011, que representa uma elevação de 16% em relação ao ano anterior. Mas, de acordo com o relatório da Unctad, esse volume de investimento, que supera os valores registrados em 2008, antes da crise financeira, não deve se traduzir em aumento da capacidade produtiva, porque boa parte desse capital foi aplicada na aquisição de empresas no exterior e na transferência de recursos para filiais.

No caso das multinacionais brasileiras, o que ocorreu foi uma redução no apetite por aquisições, embora tenha aumentado o total de investimentos no exterior, que produziram um saldo positivo de US$ 11 bilhões. Segundo o relatório citado pelo Estadão, esse efeito acabou esvaziado pelo repatriamento de recursos, provavelmente estimulado pelas altas taxas internas de juros.

A reportagem em questão é mais um exemplo de que, mesmo contando com colaboradores qualificados, capazes de fazer análises esclarecedoras sobre os fatos econômicos, a imprensa brasileira ainda depende de fontes externas para colocar as informações em contextos mais adequados.

Até aqui, todo o noticiário rodava em torno da frase da presidente do Brasil, que, ao cunhar a expressão “tsunami monetário”, forneceu aos editores a manchete ideal. Com isso, passou-se para o leitor a interpretação segundo a qual nós, os brasileiros, estamos nos esforçando para fazer a lição de casa, cuidamos para não deixar nossa economia ser contaminada pela crise nos países ricos, mas sofremos com a enxurrada de dólares, que valoriza artificialmente nossa moeda.

A velha praga dos juros

O esclarecimento segundo o qual parte dos nossos problemas cambiais é causada por empresas brasileiras elimina os motivos para queixumes e nos obriga a olhar para nossas próprias deficiências estruturais.

Uma delas, a que parece central na questão abordada pela reportagem, é a permanência dos juros elevados. Nesse aspecto, os jornais vêm acompanhando com atenção a mudança mais ou menos recente de orientação do Banco Central e do Comitê de Política Monetária, que aponta para a redução dos juros oficiais.

Mas o problema persiste no campo dos juros praticados no mercado, aqueles que definem o custo real de vida do brasileiro. Segundo a Folha de S. Paulo, por exemplo, a iniciativa do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, de reduzir unilateralmente os juros, está estimulando um movimento de migração de clientes insatisfeitos com os custos de financiamentos nos bancos privados.

Essa situação cria uma circunstância curiosa na qual a imprensa é obrigada a concordar, ainda que indiretamente, com a estratégia oficial, criada no governo anterior, de reforçar a capacidade competitiva dos bancos controlados pelo Estado como forma de estimular a banca privada a ampliar a oferta de crédito.

Como se vê, a imprensa diária precisa mais do que alguns dias para fazer o leitor entender o cotidiano.

Por Luciano Martins Costa
12 de abril de 2012

DEMOCRACIA, LIBERDADE, ESTADO DE DIREITO E ECONOMIA DE MERCADO

NOTÍCIAS LÁ DO SANATÓRIO

E o Mantega?!?


Está bem, tá pra lá de bom... A Ideli Salvatti vai ter que se explicar lá no Congresso... Mas e o Guido Mantega não diz nada sobre o afilhado ele que se mandou da Casa da Moeda com R$ 25 milhões de propina na mala?!?
1ª Copa do Mundo - 1930

Foi o período do Brasil romântico que jogava futebol porque gostava.

Maracanaço - 1950
Não foi uma Copa; foi o fim do mundo.

Copa na Suécia - 1958

Pelé, Nilton Santos, Didi, Zagallo, com as bençãos de Garrincha, lançaram a pedra fundamental do Brasil, País do Futebol.

Copa do México - 1970

Reinauguração e consolidação solene do Reino de Pelé rumo à sua coroação como Atleta do Século.

Ronaldinho Gaúcho

Passando na corrida por Ronaldão e Romário, ele foi o primeiro sinal de que Pelé poderia ser apenas o Atleta do Século... passado.

Robinho

Um arremedo de Pelé mais moderno. Quando ia ser melhor que Ronaldinho Gaúcho, descobriu-se que ele era bom apenas para consumo interno da Vila Belmiro.

Neymar

O craque que ainda não chegou ao status de Messi que gostaria de jogar futebol como Neymar joga. O moleque espevitado da Vila vai ser o Atleta dos Séculos dos Séculos Amém. Basta-lhe somente ser tri-campeão do mundo, fazer mais de 1.300 gols, permanecer no auge 40 anos depois que deixar de jogar bola e dizer que se chama Edson. Nem precisa ser mais rico do que já é.

Copa do Mundo no Brasil em 2014

Realizada na Rússia, a Copa do Mundo de 2014 no Brasil foi uma vergonha. Políticos, consultores e empreiteiros meteram a mão na Copa muito mais do que no Maracanaço de 1958. ONGlando Silva deixou a bola quicando para Aldo Rebelo que levou um chuite no traseiro e enfiou a redonda pelo meio das pernas de Ricardo Teixeira, que passou o lance para Zé Maria Marins que enfiou a medalha de ouro no bolso e perdeu a jogada para Zé Blatter, capitão da Fifa e dono da bola.
Máquina de dinheiro
Um dia todo mundo vai saber que nada de tudo quanto o cara mais rico do Brasil ganhou foi ganho sem que a máquina do governo soubesse.
Desmancha-prazer
O que eu menos gosto no futebol é quando aquele ponteirinho do meu time aparece sozinho pedindo para receber a bola, no exato momento me que eu vou passar pelo último zagueiro pra ficar na cara do gol. Ele é exatamente como aquele sujeito que, no restaurante self service fica atrás de você, botando o bafo na nuca e apressando a sua liberdade de escolha. Puro desmancha-prazer.

Mudando de conversa

Marcondes Perillo, governador goiano, sobre o caso de seu conterrâneo, Carlinhos Cachoeira: "Não há envolvimento de Goiás com contravenção". Pronto, não se fala mais nisso. Melhor trocar de assunto: - Que bela cabeçada aquela do Marco Maia para o Neymar, né não?!?
ONGnelo no grampo
E então a Operação Monte Carlo grampeou comparsas de ONGnelo Queiroz dizendo que o governador de Brasília queria marcar um encontro com Carlinhos Cachoeira. Autoridade no Brasil é assim, fica logo abaixo do contraventor que, por sua vez, presta contas ao chefão que, com a sua "estratégia de coalizão", montou o crime organizado paraestatal no país.
12 de abril de 2012
sanatório da notícia

COCHILOU, CAIU O CACHIMBO

A base cochilou... Caiu o cachimbo. Ideli Salvatti vai ter que ir à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara para dar explicações sobre as suspeitas de irregularidades na compra de 28 lanchas-patrulha, adquiridas entre dezembro de 2008 e março de 2011 pelo Ministério da Pesca.

A convocação foi decidida hoje por uma goleada de 8 votos a 7. Dizem que não foi cochilo nenhum. É que alguns rebeldes da base resolveram votar contra e outros tantos nem foram lá ver que bicho ia dar, por absoluta falta de simpatia pela ministra das Relações Institucionais de Dilma. Como se trata de convocação, Ideli é obrigada a dar explicações dentro de 30 dias.

Sabe o que isso quer dizer? Nada, absolutamente nada vezes nada, noves fora nada.
 
 
12 de abril de 2012
sanatório da notícia

DA ETERNIDADE DO PADRE FERMINO *


"Vi como os católicos se revoltam com suas afirmações — escreve um leitor -. "Não se conformam, brigam, discutem, retrucam, ora com mais precisão ora com menos. Curioso".

Também acho. Até hoje não entendo como pode alguém irritar-se com um texto. Ora, se o autor propõe uma idéia ou visão de mundo distintas da minha, posso concordar ou discordar, aceitá-las ou rejeitá-las, mas não vejo motivo algum para irritação. Sou grato aos autores e amigos que demoliram convicções que a cultura oficial tentou enfiar-me goela abaixo, via escola. Verdade que hoje tenho uma base mínima de certezas e já não resta muito a demolir. Mas sempre encaro com simpatia opiniões contrárias ao que penso. Desde que não firam os fatos, é claro. Não vou concordar, sob pena de renunciar à minha inteligência, afirmações do tipo Moscou é Europa, Mozart é alemão, Cristo é filósofo, Allende foi assassinado. Tolerância tem limites.

Desde adolescente, tenho irritado não poucos crentes. Para quem tem alma gaudéria, não é fácil responder a esta pergunta: "qual é tua cidade?". Vivi em tantas que tenho de parar para pensar na resposta. Em primeiro lugar, não nasci em cidade, mas no campo, na fronteira seca do Upamaruty, Livramento. Só fui conhecer cidade aos onze anos de idade. No caso, Dom Pedrito, onde vivi cinco anos. Ou seja, apenas um décimo de minha existência. Mas se entendermos "minha cidade" como aquela em que enfrentamos os primeiros embates da vida, é bem possível que a minha seja mesmo Dom Pedrito.

A Igreja foi buscar-me ainda no campo. Uma catequista uruguaia apanhava-me em um jipe na Linha Divisória entre Livramento e Dom Pedrito para jogar-me nas aulas de catecismo. Na cidade, fui estudar em colégio católico, dirigido por padres oblatos. A eles agradeço minha iniciação em latim, francês e inglês. E só. Para desgraça de meus catequistas, muito cedo comecei a ler a Bíblia. Como não há fé em Deus que resista a uma leitura atenta da Bíblia, minhas dúvidas começaram a inquietar os oblatos. Um sacerdote de Bagé, franzino e inquisitorial, veio às pressas para tentar trazer o herege em potencial de volta ao rebanho.

Discutimos um dia todo, com várias jarras de água e um almoço de permeio. A cada preceito de fé que eu contestava, o padre Fermino Dalcin me jogava no rosto a acusação: "Arrogância. Orgulho intelectual. Quem és tu para contestar, aqui em Dom Pedrito, o que autoridades decidiram em Roma?"

Era um argumento pesado para um piá de uns quinze anos. Eu só tinha como defesa descrer do que não conseguia entender. Mas resisti e consegui, ainda adolescente, libertar-me do deus judaico-cristão. Bem sabia a Igreja o que fazia, ao proibir a leitura do Livro a menores de trinta anos. Como cachorro que sacode o corpo para secar-se, sacudi minha alma e procurei, nos anos seguintes, livrar-me da craca ética que vinha grudada ao cadáver do deus cristão. Esta é, a meu ver, a grande função da leitura, libertar o homem de mitos e superstições.

E, principalmente, da educação oficial imposta pela escola. Anos mais tarde, quando exercia o magistério em Santa Catarina, recebi de uma universitária o que considero ser a láurea suprema que pode receber um educador. O chefe de Departamento chamou-me à parte, constrangido. "Professor, uma aluna veio queixar-se de que tinha certezas ao entrar na faculdade. Depois de suas aulas, ela já não sabe mais em que acreditar".

Foi a gratificação maior, jamais superada, de meus anos de magistério. Eu havia conseguido semear a fértil semente da dúvida. Claro que não esquentei cátedra por muito tempo na universidade.

De outro fiel leitor, recebi esta ironia, a propósito de uma discussão em torno ao dogma da transubstanciação: "A cúpula da Igreja deve estar preparando um Concílio, para debater as questões levantadas pelo Janer. Balançam as colunas da Capela Sistina. João Paulo II, dizem, perdeu o sono várias noites, e desistiu de viajar pelo mundo para se dedicar ao assunto. Pela primeira vez, desde a invasão dos mouros, a Igreja Católica sente-se ameaçada, pelo Califa de Dom Pedrito".

Quando eu imaginava que padre Fermino pertencia a meu passado, cá está de volta, quatro décadas depois, o espectro do homenzinho. Se alguém nasce ou vive em Dom Pedrito, deve renunciar, ipso facto, à sua capacidade intelectual. Roma locuta, causa finita!

Pois naquela aldeia da fronteira, que em meus dias de ginasiano tinha apenas 13 mil habitantes, líamos muito Voltaire, escritor que passou os últimos anos de sua vida defendendo os direitos da razão, sempre polemizando contra "l’infâme", ou seja, a Igreja Católica, segundo ele a fonte dos piores abusos e superstições. Voltaire nasceu em geografia mais prestigiosa, Paris. Mas não seria de duvidar que lá no século XVIII, estivesse o eterno padre Fermino a censurá-lo: "Mas quem és tu, François-Marie, para contestar o que autoridades decidiram em Roma?" O mesmo devem ter ouvido Galileu, Giordano Bruno, Savonarola, Calvino, Lutero e Nietzsche.

O melhor estava por vir. Quando já pensava ter ouvido tudo quanto de insólito há para ouvir no mundo, o padre Fermino redivivo me surpreende: "Até que ponto é minimamente elegante, para não dizer justo, estarmos em um espaço aberto a todos os tipos de público, a desmoralizar as convicções alheias?"

Os cadáveres de Nietzsche, Swift, Voltaire devem estar se contorcendo sob a terra. Onde fica o ridendo castigat mores, tão caro a Molière? Deverá ser banido da história como símbolo de intolerância? Até os ossos do velho Marx, tão fanático e iracundo, devem ter sofrido um sobressalto. Afinal, de omnibus dubitandum era seu lema preferido: de tudo deve-se duvidar.

* 23/6/2000
12 de abril de 2012
janer cristaldo

POR QUE O MENSALÃO TEM DE SER JULGADO?

No site da revista Veja há um canal super-quente denominado REDE DE ESCÂNDALOS. É ótimo para refrescar a memória daqueles que já se esqueceram em razão do embrutecimento cerebral causado pela lavagem cerebral levada a efeito pela grande imprensa brasileira e, às vezes, ajudada inclusive por jornais e revistas internacionais. Este vídeo acima, intitulado "Carlinhos Cachoeira abastece o caixa dois de petista" é apenas um aperitivo da rede de escândalos que tem no mensalão o seu ápice.

Mofa nos escaninhos da burocracia cartorial do Supremo Tribunal Federal um fantástico processo em que o PGR denuncia o que qualificou como "sofisticada organização criminosa".

Os brasileiros que não foram cretinizados pela lavagem cerebral dos marketeiros do governo do PT mobilizam-se através das redes sociais na internet clamando por justiça. Exigem que esse rumoroso caso seja finalmente julgado e seus responsáveis punidos dentro da lei.

O processo do mensalão é o gargalo que asfixia a parte consciente da Nação brasileira e que impede que parâmetros morais e da boa ética se sobreponham a esse cipoal de iniqüidades que conspurca a Nação brasileira, enlameando-a pela corrupção vulgar e asquerosa. O mensalão se constitui no marco divisório da história da República: o Brasil antes e depois do governo do PT. O Brasil antes e depois de Lula, Dilma, José Dirceu e seus sequazes. O Brasil antes e depois de ser submetido a um plano nefasto de privatização do poder.
Não que a história brasileira constitua uma narrativa apenas de moralidade pública. Todavia, nunca antes na sua história se viveu um tempo em que os valores da civilidade e do mínimo respeito à lei e a ordem fossem, como foram na última década, escarnecidos e vilipendiados.

Urge, portanto, que o Superior Tribunal Federal, a máxima Côrte de Justiça do Brasil, cumpra a sua missão que é zelar pela Constituição do Estado e fazer valer o que nela está disposto.

A impunidade é inadimissível, porquanto convalida a mais vulgar e odiosa chicana que tem em mira trivializar a gravidade do escândalo do mensalão.

O processo transcende a qualquer aspecto político e, por isso, seu julgamento se exprime por dois valores fundamentais: um deles se vincula aos aspectos técnicos puramente legais e processuais; o outro diz respeito ao sentido mais puro do Direito e que se inscreve num plano simbólico, porém de extraordinária importância e eficácia: as leis constituem o norte moral e ético de qualquer sociedade humana e impedem o esgarçamento do tecido social.

Se a Corte Suprema por ventura pisoteá-las, mormente para atender interesses políticos, estará promovendo, na realidade, um golpe nas instituições democráticas e atirando a Nação no vazio jurídico, ou seja, na porta de entrada para um Estado anárquico, completamente destituído de parâmetros morais e éticos onde vale tudo.
12 de abril de 2012
aluizio amorim

ENIGMAS?


Demóstenes perdeu o pai aos 7 anos. Sua herança foi roubada por tutores. Abriu um processo, os ladrões recorreram, ele perdeu. Menino, Demóstenes assistiu a um julgamento no qual um orador brilhante mudou a opinião pública. Demóstenes invejou sua glória e ficou impressionado com o poder da palavra.
Pensou, então, em ser um grande orador mas o sonho parecia impossível pois, como o Rei George VI da vida e da fita, era gago. Corajoso, Demóstenes foi à luta. Curou a gaguez declamando poemas diante do mar, contra o vento; forçando-se a falar (como fazem alguns políticos) com pedras na boca. Graças a esse extenuante treinamento, Demóstenes foi o maior orador da Grécia.
Como um democrata, dedicou sua vida à defesa uma Atenas ameaçada por Filipe II, da Macedônia, pai do não menos hollywoodiano Alexandre, o Grande. Demóstenes escreveu inúmeros discursos e alguns roteiros com o objetivo de conclamar os atenienses, mas Felipe II venceu.

No ano 335 a.C., Demóstenes foi condenado por facilitar a fuga de um ministro de Alexandre de Atenas. Recebeu uma boa grana, mas, como não estava em Brasília, foi preso, mas conseguiu fugir, exilando-se de Atenas por um longo período.
Na Grécia antiga os oradores não tinham imunidade.
Após a morte de Alexandre, Demóstenes volta do exílio e retoma a vida pública. Alia-se imediatamente à revolta contra o ditador macedônio Antípatro, mas perde. Exila-se no templo de Poseidon, faz algumas palestras a peso de ouro para alguns mercadores, mas, vendo-se cercado pelos soldados do inimigo, Demóstenes termina com a própria vida tomando veneno.

Em 322 antes de Cristo, os políticos se suicidavam quando cometiam malfeitos. No Brasil, apenas Vargas perpetrou o gesto extremo de um suicídio de honra. Neste mundo cada vez mais ambíguo no qual tentamos viver, essa sensibilidade com a moral coletiva só tem ocorrido no Japão, que os políticos e os financistas de Wall Street dizem ser um país exótico…

John Winthrop (1588-1649) chegou à América com a intenção de construir uma comunidade utópica – uma nova Jerusalém numa “nova” Inglaterra. Aprendi isso com o Robert Bellah do livro “Habits of the Heart” (“Hábitos do coração”). Nele, há uma recapitulação desse messianismo fundado em princípios mais do que em santos e pessoas, como é o caso ibérico e brasileiro.

John Winthrop foi o primeiro governador eleito da Colônia da Baía de Massachusetts. Seu objetivo não era enriquecer, mas criar uma comunidade na qual a prosperidade sinalizava aprovação divina e por isso o seu exemplo como homem público merece ser relembrado nestes tempos de Brasil que se torna uma sociedade de massa, mas que ainda tem uma vida pública entupida de leis, mas carente de ética.

Durante os seus 12 mandatos como governador, Winthrop foi exemplar e inovador. Moderação e um bom-senso extraordinário caracterizam sua administração. Conta-se que durante um inverno particularmente longo e rigoroso a lenha de Winthrop era roubada por um vizinho pobre.
O governador mandou chamá-lo e ordenou que, devido à severidade do inverno e às suas necessidades, ele tinha permissão para apanhar toda a lenha de que precisasse durante aquela temporada. Com isso, dizia Winthrop a seus amigos, ele havia curado o homem do roubo.
Até hoje ainda não admitimos que um “homem público” simplesmente não tem “vida privada” porque ele não é gerente de coisas sem dono
Alguns dos nossos políticos têm dupla personalidade, mas, como eu tentei mostrar em “Carnavais, malandros e heróis”, o Brasil tem uma duplicidade de raiz. Ele é feito de leis universais (válidas para todos), mas, tal como o barqueiro napolitano de Max Weber, nós não podemos cobrar dos parentes, cobramos menos dos amigos, cobramos demasiado dos desconhecidos, e cobramos estupidamente (com a devida comissão para pessoas e partido) quando o passageiro é o governo.
Dois pesos e medidas levados ao extremo acabam em despotismo (os nossos fazem apenas “malfeitos” e são blindados); destituem de ética a impessoalidade do que é público. Até hoje ainda não admitimos que um “homem público” simplesmente não tem “vida privada” porque ele não é gerente de coisas sem dono; é – isso sim – um administrador do que pertence à sua coletividade.

É falsa essa apropriação do público pelo privado porque os eleitos não são donos de coisa alguma; são simplesmente responsáveis pelo que é de todos. O problema é que vemos como anomalias um traço de um Brasil que até hoje não quer saber se é um país de família, um clube de compadres e amigos – ou um sistema de instituições públicas.
O governador Winthrop não leu Hirschman, mas soube domar a paixão do roubo, transformando-a em interesse. Aceitou a necessidade e, regulando o furto, tornou o oculto em algo aberto, domesticável e virtuoso. Nós preferimos legislar negativamente e assim transformamos costumes em crime.

É impossível deter as Cachoeiras de desejos, sobretudo quando são proibidos por lei, mas aceitos placidamente pelos costumes da terra, como a amizade e a malandragem. Essas coisas que viciam, como disse um deputado mineiro que construiu um castelo feudal.
E, mais que isso, a certeza de que o governo tem muito mais do que pode administrar. Sobretudo quando se sabe que aquilo que é de todos (ainda) não é de ninguém. Como prender bandidos num país onde mentir em causa própria é um princípio constitutivo do sistema legal?

12 de abril de 2012
Autor: Roberto DaMatta
Fonte: O Globo

MACACO SIMÃO

MACACO SIMÃO.

E X C E L E N T E ! ! ! ! Definição do Congresso Brasileiro, segundo "José Simão": 
 
"Se gradear vira zoológico, se murar vira presídio, se cobrir com lona vira circo, se botar lanterna vermelha vira puteiro e se der a descarga não sobra ninguém".

DESCULPO-ME! RUI FALCÃO NÃO TEM NADA A VER COM CAREQUINHA E ARRELIA

 Eu deveria ter evocado Goebbels. Ou: Para os petralhas, somos os “judeus insolentes”

Leitores têm razão, e me cabe aqui corrigir uma injustiça. Ontem, no post que informava que Rui Falcão, presidente do PT, gravou um vídeo em que afirma que a CPI do Cachoeira tem de apurar os “escândalos dos autores da farsa do mensalão”, cometi uma terrível injustiça. Escrevi: “Só falta agora chamar Arrelia e Carequinha”. Esses dois palhaços que levaram a sério a sua arte, que encantaram gerações, não mereceriam ser associados ao amadorismo de Falcão. Desculpo-me com os admiradores desses dois artistas e com suas respectivas famílias. Prometo nunca mais associar petistas a essa categoria profissional e a essa arte, exercidas sempre com abnegação e honestidade. Foi um momento impensado.
Falcão merecia, não pela magnitude da fraude moral e ética — que aquela foi incomparavelmente maior —, mas pela essência, ter sido comparado a Goebbels, o chefe da máquina de propaganda nazista. Aquele, sim, era especialista em violentar a história, em enganar a opinião pública, em espalhar mentiras. E o fazia, seus discursos o demonstram, com plena convicção. É muito raro haver um homem que tenha plena consciência do seu tempo e que assuma de maneira inequívoca o compromisso com a trapaça. Goebbels era assim.
Há muitos anos, uma expressão é frequente nas reuniões de petistas: “pautar a sociedade”. Isso quer dizer, não raro, lançar um falsa questão para que seus militantes a espalhem por aí, com a ajuda da imprensa — tarefa hoje facilitada pela Internet, onde atuam seus agentes pagos com dinheiro público (propaganda oficial e de estatais). Vejam o vídeo. Volto em seguida.
A fala abre com uma mentira escandalosa: segundo ele, setores políticos e os meios de comunicação estariam empenhados numa “operação-abafa” para impedir a investigação. Como sabe qualquer leitor, o que vemos é justamente o contrário. A imprensa tem veiculado tudo o que está sendo vazado pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público e tenta, diga-se, ela própria, fazer suas apurações. Não há, pois, “operação-abafa” nenhuma!
Ocorre que o petismo precisam fazer com que os seus militantes e uma parte ao menos da opinião pública vejam a imprensa com suspeição, de modo a que o partido e seus asseclas sejam a única referência de verdade.
Os petistas, como Gobbels, não gostam da imprensa independente. Em 10 de fevereiro de 1933, no primeiro grande comício nazista depois que Hitler havia sido nomeado chanceler (30 de janeiro daquele ano), afirmava Goebbels:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=GrPT1MA2DUM
“Eu só queria acertar as contas com os [nossos] inimigos na imprensa e com os partidos inimigos e dizer-lhes pessoalmente o que quero dizer em todas as rádios alemãs para milhões de pessoas.”
Assim faz Falcão: acusa a imprensa, que está fazendo o seu trabalho, e, como vocês podem notar, cita o nome do governador de Goiás (PSDB), Marconi Perillo, como parte do esquema Cachoeira. Por óbvio, ele ignora que, por enquanto ao menos, há mais evidências de comprometimento é do petista Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, com a máfia do bicheiro.
Falcão, como Goebbels, tem um chefe. A decisão de sair acusando a imprensa — ??? — e de tratar Cachoeira como um problema exclusivo da oposição foi tomada por Luiz Inácio Lula da Silva. Não por acaso, anteontem, quem saiu atirando contra Perillo foi, imaginem vocês!, Paulo Okamoto, que é do Instituto Lula. É evidente que existem indícios de comprometimento do governo de Goiás com a máfia de Cachoeira. Mas o que dizer sobre o governo do Distrito Federal? Ora, ontem, ninguém menos do que José Dirceu, o chefe de quadrilha (segundo a PGR), atestou a inocência de Queiroz — tudo não passaria de uma tramoia da… “mídia”. Goebbels diria: “a mídia dos judeus”.
É com esse espírito limpo que os petistas pretendem fazer uma CPI. Se instalada, eles terão maioria. Podem, se quiserem, chamar para depor apenas políticos da oposição. Lembro, por exemplo, que, até agora, vídeo propriamente em que se negocia dinheiro sujo só existe com o deputado petita Rubens Otoni (GO). O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), já disse que ele é apenas uma vítima.
Tática da gritaria
É a tática da gritaria, a tentativa de vencer no berro. Lembro, a propósito, que essa foi a postura do PT por ocasião da morte de Celso Daniel. Antes que a polícia paulista pudesse respirar e antes que a sociedade se desse conta das hipóteses, os petistas saíram gritando: “Estão tentando nos acusar pela morte; estão tentando nos acusar pela morte”.
Nota: ninguém estava acusando o PT de coisa nenhuma! Era, na verdade, uma ação preventiva, uma vacina, uma maneira de se blindar de qualquer investigação. O Ministério Público já estava de olho num esquema de caixa dois que vigia na Prefeitura de Santo Adré para transferir ilegalmente recursos para o PT.
Um dos irmãos de Celso afirma que Gilberto Carvalho lhe confessou que levara dinheiro vivo da Prefeitura para… José Dirceu! Os dois negam. O casal Bruno e Marilena Nakano, irmão e cunhada do prefeito assassinado, viveu um tempo exilado na França.
No Brasil, estavam sendo ameaçados de morte porque não aceitavam a tese crime comum. Eram petistas de primeira hora — ela pertencera ao grupo de esquerda “Movimento de Emancipação do Proletariado”, mesma origem ideológica de Celso — e romperam com o partido. A família acumula indícios de que foi queima de arquivo.
A grande farsa
Agora atenção para este trecho da fala de Falcão:
“As bancadas do PT na Câmara e no Senado defendem uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão. É preciso que a sociedade organizada, as centrais sindicais, os movimentos populares, os partidos políticos comprometidos com a luta contra a corrupção, como é o caso do PT, se mobilizem para impedir a operação-abafa e para desvendar todo o esquema montado por esses criminosos, falsos moralistas, que se diziam defensores da moral e dos bons costumes”
O Supremo Tribunal Federal fará em breve, se Ricardo Lewandowski assim o permitir, o maior julgamento de sua história: o dos 37 do mensalão! Seu protagonista foi o PT, o mesmo partido que comandou a tramoia dos aloprados em 2006. Também é a legenda de Ideli Salvatti das lanchas ou de Erenice Guerra. Isso para fazer um resumo rápido. Mas Rui Falcão inclui o seu partido entre aqueles que… combatem a corrupção! E convoca as bate-paus do partido para a guerra santa!
“Autores do mensalão”??? Quem? Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres? Não, senhor! Esse crime, ao menos, eles não cometeram! A tese é escandalosamente falsa, destinada apenas a tentar livrar a cara dos criminosos mensaleiros.
- Os autores do mensalão são aqueles que pagavam o… mensalão!
- São aqueles que movimentavam o dinheiro sujo que passava pelas agências de Marcos Valério.
- São aqueles que iam sacar dinheiro na boca do caixa do BMG e do Banco Rural.
- São aqueles que passaram, o que Roberto Jefferson confessou, uma mala de dinheiro “não-contabilizado” para o PTB fazer campanha.
- São aqueles que compraram o então PL, de Valdemar Costa Neto.
- São aqueles que pagaram no exterior, pelo caixa dois, a bolada que Duda Mendonça cobrou pela campanha eleitoral de 2002.
- São aqueles que assinaram falsos documentos de empréstimos.
- São aqueles que fraudaram a contabilidade do partido.
Os autores do mensalão são aqueles que comandavam o partido quando tudo isso seu deu: José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares — além da outra penca. E, claro!, embora não tenha sido incluído na denúncia, o autor do mensalão é Luiz Inácio Lula da Silva, chefe inconteste de todos eles, desde sempre.
Como não ler aquele trecho do discurso do chefão do PT e associar a este trecho do discurso do chefão da propaganda nazista?
Há alguns anos, não falávamos da boca pra fora quando dizíamos que vocês, judeus, são nossos professores e que só queremos ser seus alunos e aprender com vocês. Além disso, é preciso esclarecer que aquilo que esses senhores conseguiram no terreno da política de propaganda durante os últimos 14 anos foi realmente uma porcaria. Apesar de eles controlarem os meios de comunicação, tudo o que conseguiram fazer foi encobrir os escândalos parlamentares, que eram inúteis para formar uma nova base política.O Movimento Nacional-Socialista vai mostrar como eles realmente deveriam ter lidado com isso, ou seja, quando se faz um bom governo, uma boa propaganda é consequência. Uma coisa segue a outra. Um bom governo sem propaganda dificilmente se sai melhor do que uma boa propaganda sem um bom governo. Um tem que complementar o outro. Se hoje a imprensa judaica acredita que pode fazer ameaças veladas contra o movimento Nacional-Socialista e acredita que pode burlar nossos meios de defesa, então, não deve continuar mentindo. Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!
Encerro
É isso aí! Para o petismo, nós somos os “judeus insolentes” e as “bocas mentirosas”. Abaixo, segue o vídeo com Goebbels para quem tiver alguma curiosidade. Num post do dia 20 de setembro de 2010, escrevi a respeito e traduzi o trecho do discurso que aparece nesse vídeo. Volto para encerrar.
Voltei
Júlio Cesar — o da peça de Shakespeare — dizia, referindo-se a Cássio, ter certo receio dessas pessoas de ar esfaimado, como Goebbels e Falcão. Achava que tinham certo pendor para a conspiração… Os magros (hoje eu também sou um magro!) não reclamem por favor. É só uma notinha de literatura para alegrar a vida. Para falar de Falcão, com sua vocação para carcará da democracia (que falcão é bicho europeu), preciso lembrar que a beleza ainda resiste…
Não! Desta vez, carcará não pega, não mata nem come! Vai ter que recolher seu “bico vorteado que nem gavião”.
12 de abril de 2012
Por Reinaldo Azevedo