"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CONVERSÃO DE PUTA VELHA NÃO CONVENCE


Em minha adolescência, quando vivia em Dom Pedrito – início dos anos 60 – fui disputado pelas duas filosofias então vigentes na cidade: católicos e comunistas.

Quanto aos primeiros, fui jogado na doutrina por uma catequista uruguaia, que nos pedia para rezar ao bom Deus para parar a chuva, para que seu marido pudesse levar a safra de lã à cidade. Fiz carreira na Igreja.

Aos 15 anos, era presidente da Congregação Mariana. Foi mais ou menos nessa época que me libertei dos grilhões de Roma. Como cachorro que sacode a água para secar-se, deixei de crer em Deus e senti uma extraordinária sensação de liberdade. Era como se minha vida começasse de novo a partir dali.

In illo tempore, como dizem os evangelistas, nas pequenas cidades do interior havia três instituições onipresentes: uma guarnição do Exército, a Igreja... e o Partido Comunista. Os camaradas, mal viram a ovelha desgarrada do rebanho, tentaram conduzi-la a um novo redil.

Um dos líderes do Partido era o Gerson Prabaldi, operário e militante, um dos raros comunistas que até hoje merece meu respeito. Funileiro, patrão de si próprio, lutava por uma sociedade mais justa, nada a ver com os filhos da classe média que fizeram carreira e fortuna montados nos ideais socialistas. Final de tarde, fechava a funilaria, pegava uma bicicleta e saía a fazer seu apostolado, o porta-cargas repleto de ideologia. Líamos as revistas China e Unión Soviética, em espanhol, mais aquele catecismo em edições mensais do PC, a revista Problemas, e muita imprensa de esquerda.

O funileiro acreditava na utopia e dedicava suas horas de lazer à construção do socialismo. Homem de uma era pré-televisiva, na qual mesmo os jornais que eventualmente chegavam a Dom Pedrito desconheciam o que se passava no mundo soviético, Gérson acreditava piamente nos panfletos vindos de Pequim ou Moscou.

Fosse um dia ao paraíso que louvava, ou tivesse melhores fontes de informação, tenho certeza de que faria marcha à ré. Era homem desinformado, mas honesto. Em sua oficina, rodeado de pneus e aros de bicicletas, recebi minhas primeiras aulas de marxismo, baseadas em um livrinho de Georges Politzer, Curso de Filosofia - Princípios Fundamentais.

Primeiras e primárias: sua argumentação simplória não me convencia. No entanto, este divulgador menor foi bastante significativo. Em sua tentativa de trocar em miúdos o marxismo para um público operário, Politzer despe a doutrina de sua retórica e a exibe em sua indigência.

Eu já lia filosofia e a doutrina me pareceu por demais tosca. Mas não foi propriamente a leitura de Politzer que me afastou dos camaradas. E sim o muro de Berlim. Naqueles dias, já nos chegavam algumas notícias das pessoas que eram fuziladas ao tentar escapar da Alemanha Oriental. Sabíamos que os cidadãos da União Soviética eram proibidos de sair de seus países. Porque não voltavam mais. Havia então algo de errado naqueles paraísos anunciados pelas revistas do Gérson.

Se saímos do paraíso, temos pressa em voltar. Se alguém sai e não volta mais, é porque não era paraíso. Não é preciso maior argúcia para entender isto. E quando pessoas arriscam a própria vida – e mesmo morrem – na tentativa de sair, é porque o paraíso está mais para inferno. Assim, já em minha adolescência, pus no lixo qualquer veleidade comunista.

Ferreira Gullar rides again. Eu também. Em entrevista para as páginas amarelas da Veja, José Ribamar Ferreira – seu nome de pia – discorre sobre sua conversão, depois de velho, ao capitalismo. Ao falar de Cuba, declara:

- Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo.

Falei há poucas semanas desta cortesã, que depois de velha decidiu trabalhar do outro lado do balcão. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro no dia 1º de abril de 1964, 28 anos após a denúncia das primeiras purgas de Stalin em 1936, quinze anos após a denúncia dos gulags por Viktor Kravchenko em Paris, em 1949, nove anos após a denúncia dos crimes de Stalin por Nikita Kruschev, em 1956, no XX Congresso do PCUS. Isto é, o Ribamar atroz aderiu ao partido quando a nenhum cidadão honesto era mais permissível ignorar os crimes do regime soviético.

Mas digamos que o Ribamar tenha vivido boa parte de sua vida afastado da imprensa burguesa. Pelo jeito, só este ano descobriu que os cubanos não podem sair de Cuba. Em fevereiro passado, escreveu na Folha de São Paulo:

- Nenhum defensor do regime cubano desejaria viver num país de onde não se pode sair sem permissão. É com enorme dificuldade que abordo este assunto: mais uma vez – a 19ª – o governo cubano nega permissão a que Yoani Sánchez saia do país.

Ó, santa credulidade! Ribamar então não sabia que os berlinenses orientais eram fuzilados se tentassem atravessar o Muro? Morou em Moscou e não sabia que os russos estavam proibidos de sair do próprio país? Não terá visto, nas últimas décadas, cidadãos do mundo socialista tentando escapar do inferno pelas fronteiras mais elásticas da Iugoslávia? Não terá ouvido falar, nos dias que antecederam a queda do Muro, de milhares de alemães fugindo para o Ocidente por uma porteira aberta na Hungria? Será que nunca ouviu falar nos cubanos que durante décadas morreram afogados no mar do Caribe, tentando chegar a Miami?

A conversão da prostituta decrépita não convence. Mas é significativa. Indica que até os mais ferrenhos stalinistas já se envergonham do próprio passado. Agora é tarde. Nos anos 60 já era tarde. Ribamar – poeta que escreveu um poema dizendo que uma moça “era quase tão bonita quanto a revolução cubana” - mentiu e caluniou durante toda sua vida. Foi cúmplice de gulags, massacres, prisão e execução de dissidentes. E agora, aos 80 e lá vai pedrada, quer redimir-se.

Quando congregado mariano, fiz a promessa dos cinco sábados. Se assistisse a missa durante cinco sábados seguidos em homenagem à Maria, teria a graça da redenção final. Isto é, um pouquinho antes de morrer, me arrependeria de meus pecados e iria direto ao paraíso. Por isso, tenho pecado tranqüilamente até hoje.

Mas a promessa de Maria não era extensiva a comunistas.


24 de setembro de 2012
janer cristaldo

CHÁVEZ: CÂNCER AVANÇA

MÉDICO REVELA QUE EMBORA POSSA APARENTAR MELHORA, CÂNCER DE CHÁVEZ CONTINUA AVANÇANDO NO ORGANISMO DO CAUDILHO.
O médico venezuelano José Rafael Marquina, que atua en Naples (EUA), um dos especialistas melhor informados sobre o câncer de Hugo Chávez, assegura que é muito enganosa a aparente recuperação da saúde do caudilho. Em sua opinião, Chávez está fazendo um imenso esforço para parecer saudável, embora se encontre num estado muito delicado.
Estas informações acabam de ser publicadas no site do jornal espanhol ABC, e a entrevista de Marquina foi concedida à conceituada jornalista venezuelana, Ludmila Vinogradoff, que é correspondente do jornal ABC.
Segundo o médico, Chávez recebe dose altíssima de esteroides e calmantes, como o Fentanilo, destinado a mitigar a dor causada pela moléstia. Esses medicamentos - afirma o médico - lhe são aplicados à tarde e à noite e de manhã devido à campanha eleitoral. "Por isso é que Chávez sempre aparece em público no final da tarde e à noite."
Transcrevo na íntegra a entrevista do Dr. Marquina no original em espanhol. Leiam:
O médico José Rafal Marquina
EN ESPAÑOL - El médico venezolano José Rafael Marquina, uno de los especialistas mejor informados sobre la enfermedad de Chávez, asegura que es muy engañosa la aparente recuperación de la salud del presidente venezolano. En su opinión, el mandatario está haciendo un inmenso esfuerzo para parecer sano, aunque se encuentre en un estado muy delicado.
¿Hasta qué punto ha empeorado la enfermedad de Chávez?
–Al presidente se le ve muy mal físicamente, muy débil, está grave, se mantiene a base de esteroides, no tiene coherencia física ni mental.
 
Pero por televisión se le ve más o menos bien, incluso canta y baila y la gente duda de si de verdad está enfermo.
–El no poder realizar ningún tipo de actividad pública prolongada demuestra que su salud no va bien. Bajo sus ropas se nota que está escondiendo una bolsa, camina con dificultad.
 
¿Exactamente qué parte de su cuerpo está afectada por el cáncer?.
–Al principio tenía metástasis en el hígado y glándulas suprarrenales. Después se especuló que tenía metástasis en el colon, pulmones y problemas en la cabeza del fémur. Cuando hay metástasis, hay fiebre, la fiebre causa sensación de frío, hay que recordar a Chávez en San Félix con bufanda y abrigo. Su capacidad de respuesta para enfrentar los problemas ha disminuido.
O potente Fentanilo combate a dor
¿Qué tratamiento sigue para mantenerse en pie?
–Es evidente la dosis altísima de esteroides y calmantes, como el fentanilo, que está recibiendo para el dolor. Se los están aplicando tarde en la noche y en la mañana debido a la campaña electoral. Por eso es que siempre aparece en público finalizando la tarde y en la noche.
 
¿Entonces no hay problemas para que llegue en buenas condiciones para las elecciones?
–Él va a tratar de llegar bien a las elecciones y, probablemente, hará un cierre de campaña impresionante, muy mediático. Va a impresionar para desvirtuar la idea de que está mal.
 
–¿Cuándo se presentará el deterioro de su salud?
–El deterioro y la recaída se tendría que a ver a partir de diciembre. La enfermedad continúa progresando, su cáncer es asintomático, los síntomas aparecen cuando ya la persona no responde al tratamiento.
 
Su interés es que no parezca que los venezolanos están votando a un Chávez enfermo.
–Estarán votando por un Chávez gravemente enfermo que no está en condiciones de gobernar 6 años más. Su enfermedad ha hecho que la candidatura de Capriles se dispare cuando todo el mundo pensaba que Chávez era invencible.
 
¿Ha recibido usted dinero de los cubanos para afirmar que Chávez tenía un cáncer terminal como dice un «anónimo» que trabaja de limpiador en la clínica cubana CIMEQ?
–Esa es una muestra de la desesperación del chavismo y forma parte de su guerra sucia. En EE.UU., donde trabajo, es un delito recibir fondos para ese tipo de cosas y el lavado de dinero es penalizado con cadena perpetua. Tengo una profesión exitosa y gano lo suficiente con mi trabajo.
 
¿No ha considerado la posibilidad de que le hayan engañado con los datos que le han pasado sobre la supuesta enfermedad de Chávez?
–Todas las informaciones que me han pasado las he verificado antes de darla al público. Tengo confianza en mis informantes y no me han desmentido hasta ahora. Del sítio de ABC
 
24 de setembro de 2012
in aluizio amorim

SECRETÁRIO-GERAL DA ONU DEFENDE DIREITO DA PALESTINA SER ESTADO AUTÔNOMO

 

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Ban Ki-moon, apelou para que a comunidade internacional apoie os esfoços feitos pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) em busca de sua autonomia e da conquista de ser transformada em um Estado.

Segundo ele, dessa forma a comunidade internacional vai colaborara para evitar um efeito desestabilizador no Oriente Médio.
Porém, o apelo dos palestinos esbarra em resistências por parte de Israel e seus aliados, como os Estados Unidos. As discussões sobre o tema geram polêmicas e críticas.

“Não fazer isso neste momento crítico pode ter consequências que podem se revelar como desestabilizadoras [no Oriente Médio]“, disse Ban Ki-moon, lembrando que a expansão dos assentamentos (israelenses) e da divisão do povo palestino são as principais ameaças para as negociações entre palestinos e isralenses.

Ban Ki-moon pediu ainda a colaboração financeira da comunidade internacional para o comitê de ajuda aos refugiados palestinos. Segundo ele, há um “déficit urgente” de US$ 400 milhões.
O secretário-geral acrescentou que as agências da ONU continuarão a trabalhar para ajudar a Autoridade Nacional Palestina.

“A situação atual não é sustentável. O estabelecimento de um Estado viável, democrático e soberano da Palestina, vivendo lado a lado com Israel está muito atrasada “, lamentou Ban Ki-moon. “É hora de a comunidade internacional a trabalhar seriamente com as partes nos próximos meses para traçar um novo caminho político credível para alcançar essa visão.”

A presidente Dilma Rousseff pretende abordar a questão entre palestinos e israelenses em seu discurso amanhã na abertura da 67ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O governo brasileiro é favorável ao Estado autônomo palestino.

24 de setembro de 2012
Renata Giraldi (Agência Brasil)

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE






CIENTISTA POLÍTICO DIZ QUE JULGAMENTO DO MENSALÃO PODE CRIAR "CÍRCULO VIRTUOSO"

 

Após cinco anos na Universidade de São Paulo, o cientista político Matthew Taylor voltou para a American University, em Washington. Antes, publicou (com Timothy Power) o livro “Corrupção e Democracia no Brasil”, uma análise sobre a impunidade de autoridades brasileiras.



Para Taylor, dependendo do resultado, o julgamento do mensalão pode iniciar um “círculo virtuoso”, ao aumentar a confiança nos brasileiros de que políticos devem, sim, temer a Justiça e podem ir para a cadeia.

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Folha – Qual é a importância do julgamento do mensalão?

Matthew Taylor – Apenas o fato de o STF julgar publicamente é um avanço, pois são pessoas graúdas e importantes da política. Pelo tamanho, pelo número de réus e por impactar uma presidência que foi muito louvada em outros campos, a de Lula, é um caso histórico.

Quais podem ser as consequências de condenações?

Quando a corrupção é descoberta, investigada e punida, um círculo virtuoso se torna possível, com ganhos institucionais. Primeiro, acaba com práticas específicas e contribui com o saneamento do jogo político. Segundo, pode dar a demonstração de que existem custos e riscos para aqueles que se engajam em práticas corruptas. Terceiro, pode ajudar a restaurar a confiança nas instituições.

O efeito é imediato?

Não, são mudanças paulatinas. Se compararmos o Brasil de 1980 e o de hoje, não houve nenhum momento de mudança institucional radical no combate à corrupção. Mesmo assim, a melhora acumulada ao longo da última geração é significativa.

Que escândalos tiveram efeitos institucionais positivos?

Após os anões do Orçamento, iniciou-se uma iniciativa que só vingou uma década depois: a possibilidade de políticos serem julgados ou investigados pelo STF sem a necessidade de autorização do Congresso. Mas em cada momento histórico surgem gargalos a serem enfrentados.
Não acredito que o problema da impunidade ou corrupção seja, prioritariamente, cultural, mas institucional. Atualmente, me parece claro que o Judiciário é esse gargalo.

ARCEBISPO DEFENDE CASAMENTO DE PADRE E DIZ QUE PAPA NÃO É INFALÍVEL

 

Recém-nomeado arcebispo de Teresina (PI), dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, 65, diz que o discurso do papa “não é infalível”. E, segundo o religioso, “o fato de que, para ser padre, precisa ser também celibatário, é uma disciplina da Igreja [Católica] que pode mudar”.

O recém-nomeado arcebispo de Teresina, dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho
D. Jacinto quer mudanças

A opinião se choca com recentes declarações de Bento 16 a sacerdotes reformistas que desejam tanto a ordenação de mulheres como o fim da proibição do casamento de religiosos. O papa se refere ao celibato como “imprescindível” e, a essa ala contrária, como “desobediente”.

“O papa não é infalível quando fala tudo. A Igreja tem a convicção de que ele é infalível quando fala de fé e moral”, afirma dom Jacinto.

Para ele, a mudança de opinião em relação ao celibato é alimentada por vários segmentos da Igreja. “Isso é um desejo de muitos bispos.”

“O espírito vai soprar na Igreja, e o papa tomará uma decisão oficial, conjunta, de dar as duas alternativas para o Ocidente”, diz, sobre a opção de ser ou não celibatário.

O arcebispo lembra que há padres casados na Igreja. “No Oriente cristão católico há padres casados. Isso não é estranho. A Igreja sempre teve padres casados.”

O arcebispo de Teresina diz que “recentemente o papa Bento 16 acolheu padres que saíram da Igreja Anglicana, com suas famílias, e se tornaram católicos”. E afirma que existe espaço para que essa mudança seja aceita.

Ligado à Teologia da Libertação, linha que nos anos 80 ligava o catolicismo ao marxismo, dom Jacinto se considera um religioso que defende uma renovação de ideias.

JORNALISTA INGLÊS SUGERE O TÉCNICO IDEAL PARA A SELEÇÃO BRASILEIRA

 

LONDRES – Vi o jogo entre Brasil e Argentina. Mais uma vez, fiquei decepcionado com a atuação do Brasil. Temos na cabeça um Brasil mágico, e a verdade é que faz tempo que essa magia não se manifesta.

Vocês têm um problema. Talvez eu tenha a solução. O técnico Mano Menezes voltou do fracasso olímpico ainda mais inseguro do que era. A medalha de ouro empurraria a ele e ao time para cima. A de prata jogou para baixo.

Faltam quase dois anos para a Copa do Brasil. Não existe sentido em permanecer com um treinador acuado, que transmitirá sua insegurança a um time que precisa de confiança. E existe tempo.



A solução se chama Tostão. Minha lembrança dele é de jogador. Jamais esquecei aquela tarde no México em que ele baixou a cabeça, rodopiou sem rumo por si mesmo e com a perna errada deu um chute ao acaso para a área. A bola foi parar – logo em quem – Pelé, e de Pelé alcançou Jairzinho. Perdemos a Copa ali. Éramos a única seleção capaz de bater os canarinhos.

Tostão, lembro bem, foi um jogador excepcional. O boss me conta que ele continua na ativa, próximo do futebol. É segundo o boss o melhor comentarista de futebol do Brasil. “Enxerga o jogo como se ainda estivesse dentro do campo”, ouço numa rodada de pints no pub da esquina.

Eis a saída: Tostão como técnico. Tostão tem o carisma de quem foi campeão mundial, de quem venceu tudo, de quem jogou como poucos.

A questão é como negociar sua ida. Sou pragmático tal como todo bom inglês. Não existe nada que o dinheiro não possa comprar. Mesmo minha mulher Chrissie, que discorda de mim em tudo, concorda nisso.

Ofereçam a ele um bom dinheiro. Assegurem condições ideais para ele trabalhar: com isso quero dizer, coloquem no contrato que ele não sofrerá nenhuma espécie de interferência – nem de cartolas, nem de patrocinadores, nem de ninguém. (A ausência de Ricardo Teixeira é, em si, um bônus para Tostão.)

Embrulhem tudo isso numa causa nacional. Tostão há de entender que estão em jogo o orgulho, a honra, a alegria dos brasileiros.
Tostão será capaz de executar as tarefas mais prementes do selecionado verde-amarelo, como, por exemplo, transformar Neymar de menino em adulto.
Feito isso, contratado Tostão, o caminho para o hexa estará plano, estupendamente agradável, para vocês, brasileiros.

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 

 


Dividimo-nos orgulhosamente em 60% de analfabetos, 40% de ignorantes e o resto de governantes.

Já que o Reino dos Céus é dos humildes, me digam aí, não podiam mandar minha parte em dinheiro?

Se eu fosse o Papa vendia tudo e ia embora.


Fique tranquilo: sempre se pode provar o contrário.

Em terra de cego abrir cinema é idiotice.

Era a cara escarrada do pai, sobretudo quando estava resfriado.

Que seria dos economistas se não fosse a extrema miséria do mundo?

Os grandes mistérios da telefonia: porque será que quando a gente liga um número enganado ele nunca está ocupado?

Em boca fechada não entra broca de dentista.

As pessoas são sempre problemáticas. E os problemas são todos pessoais.

24 de setembro de 2012
 

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



24 de setembro de 2012

ORIENTAÇÃO AOS COMPANHEIROS

 

Em sua edição mais recente, a VEJA afirma que está tão segura de que Marcos Valério disse o que ela publicou na semana passada como estava ao publicar em 1992 a entrevista de Pedro Collor responsável pelo início da queda do irmão dele, o então presidente Fernando Collor.

Para quem não lembra ou não sabe: a entrevista de Pedro foi gravada e filmada, e é a isso que a VEJA agora se refere indiretamente. Portanto, a de Valério também teria sido.

Não, não foi. A de Valério foi só gravada.

Valério soube que sua conversa com a VEJA fora gravada quando quis romper o trato feito com a revista: ela publicaria as declarações dele, mas as atribuiria a pessoas que as teriam ouvido diretamente de Valério.

Assim, a entrevista deixaria de ser uma entrevista, o que livraria Valério da responsabilidade de responder por ela diante da Justiça. Mas Valério não perderia a ocasião de mandar recados para quem quisesse e de fazer ameaças.

Agora, a orientação aos companheiros: cobrem da VEJA a gravação da conversa com Valério. Ela não poderá mostrá-la depois de ter negado que entrevistou Valério.

O companheiro Lula não pode cobrar. É mais conveniente para ele fingir que acredita que não houve entrevista - e, portanto, que a Veja não dispõe de gravação com Valério.

Continuem desacreditando a revista, chamando-a de mentirosa. Lula também não poderá fazê-lo. Nem mesmo o PT que tantas vezes já o fez. Imaginem só se, irritada, a revista acabasse divulgando a gravação.

Só não esqueçam que o momento é delicado.

Se a gravação vier a público, algum juiz de primeira instância poderia abrir um inquérito para apurar as acusações de Valério. Isso não seria bom para Lula.

Batam na VEJA por hábito e para não parecermos frouxos. Mas sem a virulência dos temerários e nem o descompromisso dos suicidas.

24 de setembro de 2012
in ricardo noblat

PÉROLAS DE VELHAS CAMPANHAS ELEITORAIS...

ESTATÍSTICA

 


Observem, amigos e colegas deste blog, uma excelente estatística divulgada pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (logomarca na ilustração). É um assunto muito interessante, que tem um profundo sentido de verdade e coerência:

- O número de médicos nos EUA é de 700 mil.

- Mortes acidentais causadas por erros médicos são de 120 mil.

- O resultado é que a proporção de mortes por médicos é 0,171 (aqui no Brasil o número remete a uma matéria do código penal até que meio estranha, né não?)

Agora pense comigo. Outra organização respeitável daquele país, o FBI (Birô Federal de Investigações), divulgou também a estatística seguinte:

- O número de proprietários de armas legais é de 80 milhões.
- O número de mortes acidentais por armas de fogo, por ano, considerados todos o grupos etários, é de mil e quinhentas pessoas.
- Proporcionalmente, a taxa é 0,0000188.


A comparação estatística, uma verdade matemática, mostra que os médicos são 9 mil vezes mais perigosos que os proprietários de armas legais, porque armas, sozinhas, não matam pessoas mas, médicos, sozinhos, sim.

O fator preocupante é que nem todo mundo tem uma arma mas, quase todo mundo tem um médico, levando a conclusão que quem tem um médico tem 9 mil vezes mais chances de ser morto por ele do que por um proprietário de arma legal.
 
Aviso Importante:
Por receio de criar pânico generalizado, não vou informar as estatísticas referentes a advogados.


24 de setembro de 2012
 

SOCIALISMO / COMUNISMO

 


O nosso redator Walter escreveu bem sobre o
Socialismo do foro de São Paulo! 22/09. O que ele aborda me fez buscar dois textículos que guardei, para uso oportuno, que chegou. O regime que essa putada do Foro quer implantar aqui nos levará a coisas como as que passo a relatar:

Empalação – “Suplício antigo, que consistia em espetar o condenado em uma estaca, pelo ânus, deixando-o assim até morrer.” (Dicionário Aurélio).
Olavo de Carvalho (foto), em seu artigo O espírito da clandestinidade, afirma:

“O requinte soviético foi que os candidatos a empalamento não foram escolhidos entre empaladores em potencial, mas entre padres e monges, para escandalizar os fiéis e fazê-los perder a confiança na religião, segundo a meta leninista de `extirpar o cristianismo da face da terra`; esfolar prisioneiros, fechá-los numa tumba junto com cadáveres em decomposição, colocá-los na ponta de uma prancha e escorregá-los lentamente para dentro de uma fornalha, encostar na sua barriga uma gaiola sem fundo, com um rato dentro, e em seguida aquecer com a chama de uma vela o traseiro do rato para que, sem saída, ele roesse o caminho no corpo da vítima – eis alguns dos processos então documentados por uma comissão de investigação dos países aliados. (…)
O canal dos exilados cubanos, TV Martí, exibe semanalmente uma procissão infindável de dedos cortados, orelhas arrancadas e olhos vazados que atestam a continuidade do leninismo nas prisões políticas de Havana.”

Tibete – “O décimo Panchen Lama, nascido na China e rival do Dalai Lama, apoiou a instalação do regime comunista na China, em 1949, e a ocupação do Tibete, a partir de 21 de outubro de 1950, no desenrolar da Guerra da Coréia.
 
Após a rebelião tibetana de 1959, esmagada pela China, o Dalai Lama refugiou-se na Índia. Em 1970, a China anexou ‘definitivamente’ o Tibete, que passou a ter status de região autônoma.
 
Segundo o escritor soviético Alexander Soljenítsin, “a ocupação chinesa do Tibete é obra do mais brutal e desumano de todos os regimes comunistas que já existiram no mundo”.
 
Dos seis mil mosteiros antes existentes no Tibete, os comunistas deixaram apenas oito em pé. Morreram cerca de 1.200.000 tibetanos, assassinados, torturados, ou queimados vivos em campos de concentração, além de milhares de mulheres obrigadas a abortar e esterilizadas à força.”

24 de setembro de 2012
Magu

REALE JÚNIOR: "NOVO CÓDIGO PENAL TEM FALHAS INSJUPERÁVEIS"

Ex-ministro da Justiça alerta para erros graves do anteprojeto que prevê mudanças como a liberação da eutanásia, o perdão a crimes cometidos pelo MST e a perseguição a jornalistas

 
Miguel Reale Júnior, professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo
Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça e professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo (Folhapress)
 
"A lesão não intencional tem o dobro da pena da lesão intencional. É o absurdo da desproporção e da falta de critério"
    
Representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Ordem dos Advogados do Brasil reúnem-se nesta segunda-feira em São Paulo para um manifesto em defesa do Direito Penal – açoitado em anteprojeto criado sob a batuta do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
A proposta foi feita por uma comissão de juristas indicados por Sarney para reformular o Código Penal em um prazo de seis meses e traz novidades tão preocupantes quanto a liberação da eutanásia, o perdão a crimes cometidos por movimentos sociais e a volta dos aspectos mais autoritários da finada Lei de Imprensa.
O anteprojeto foi concluído em junho e a intenção de Sarney é colocar a matéria em votação já em outubro. Principal voz crítica à proposta, o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior afirma que a proposta traz itens mais do que inconsistentes: inconstitucionais.
 
“O anteprojeto liquida com o Direito Penal”, afirma ao site de VEJA o professor titular da Universidade de São Paulo e um dos maiores nomes do Direto Penal do Brasil. “O projeto é inaproveitável. Se quiser uma coisa séria, tem de fazer tudo de novo. Há falhas e deficiências técnicas insuperáveis.”
Reale Júnior afirma que José Sarney apressou a elaboração do anteprojeto para cumprir uma agenda positiva em sua gestão e compara o presidente do Senado a Justiniano, que, no comando do Império Bizantino, formulou um sistema de leis que garantia poder ilimitado ao imperador. “Mas Justiniano se preocupou com o conteúdo, fez o digesto, que quer dizer por em ordem. Sarney faz o indigesto, pôs em desordem.”
 
 
O Ato em Defesa do Direito Penal acontece a partir das 19 horas desta segunda-feira no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP. Ao final do encontro, as entidades vão elaborar uma nota a ser enviada para o Senado pedindo a suspensão da tramitação do anteprojeto.
 
Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida por Miguel Reale Júnior ao site de VEJA:
Quais são os pontos mais críticos do anteprojeto do Código Penal?
 
O projeto apresentado pelo senhor Sarney está repleto de impropriedades. Transforma, de maneira inaceitável, conceitos fundamentais do direito penal, como os de coautoria, tentativa, dolo e culpa - o que torna o texto incompreensível. Há a criminalização de várias condutas de forma errônea, a formulação de tipos penais insuficientes e uma absoluta desproporcionalidade na fixação de penas. O anteprojeto libera de forma grave ações como a eutanásia.
Qual é a posição da comissão a respeito da eutanásia?
 
Dá-se o perdão judicial à eutanásia quando praticada por parente, se a vítima estiver em estado grave, e se dispensa que um médico ateste esse estado terminal. A decisão se dá apenas pela percepção do parente, independentemente de qualquer diagnóstico médico. Você pode matar a vítima por compaixão que vai ser perdoado. Todas as propostas anteriores previam que, nessas circunstâncias, a pena fosse diminuída e não que haveria perdão judicial.
Há posições perigosas também em relação à imprensa e aos chamados “movimentos sociais”?
 
Sim. O anteprojeto traz algo muito pior que a Lei de Imprensa, que já era considerada um entulho autoritário. É gravíssimo: a difamação comum tem um ano de pena mínima, mas, se quem a praticou foi um jornalista, por meio de imprensa, a pena é de dois a quatro anos. É uma pena oito vezes superior ao que previa a Lei de Imprensa. Além disso, o projeto diz que os atos de terror praticados por movimentos sociais em reinvindicações de seus interesses não serão considerados crimes. É uma loucura.
O senhor vê alguma forma de salvar o anteprojeto ou é preciso começar do zero?
 
Os erros são tão graves e repetidos que não há possibilidade de aproveitamento, de fazer correções, emendas. Há um conjunto sem nexo, um conjunto normativo destituído de qualquer lógica ou sistema. São falhas e deficiências técnicas insuperáveis. Se você se espanta com um artigo, leia o seguinte. Fica cada vez pior. É preciso começar o trabalho do zero. A pobreza técnica é de tal ordem que só se pode rejeitar globalmente o projeto. Há uma imensa preocupação, tanto que todas essas entidades se uniram agora para pedir o sobrestamento da tramitação. Querem votar no Senado em 23 de outubro. É uma irresponsabilidade.
Há pontos inconstitucionais no anteprojeto?
 
Sim. Ele viola o principio da proporcionalidade e da taxatividade, ou seja, criam-se crimes sem o menor critério. Por exemplo, o anteprojeto fala no crime de gestão fraudulenta de instituição financeira e estabelece que a gestão é fraudulenta quando se pratica ato fraudulento na gestão da instituição. Isso é tudo. Ora, um diretor que atesta a presença de um funcionário faltoso comete um ato fraudulento. Mas isso não tem nada a ver com a descrição do crime de gestão fraudulenta, que implica pôr em risco a instituição financeira. Faz-se uma generalidade. No caso da eutanásia também há inconstitucionalidade, pois se viola o direito à vida.
Um dos integrantes da comissão, o doutor René Dotti, da Universidade Federal do Paraná, retirou-se do grupo antes da conclusão dos trabalhos. Por quê?
 
Ele trabalhava na parte geral do Código, que é uma parte central, em que se conceitua o que é estado de necessidade, dolo, culpa, tentativa e coautoria. Essa parte ficou entregue a um advogado e a um promotor que são desconhecidos sem a menor tradição ou contribuição na área. É uma parte delicada, que exige muito preparo. Eles mexeram no que não sabem.
Como o Congresso responde às críticas do senhor?
 
O senador Pedro Taques (PDT-MT), sem argumentos para responder às críticas, diz que esta é uma posição de São Paulo e que eu estou ferido por não ter sido escolhido membro da comissão. Ele não me conhece. Eu já fui membro de várias comissões, já sai de comissões quando se tentou precipitar o processo, já inscrevi o meu nome na legislação brasileira, não estou atrás disso. Estou atrás de preservar o Brasil, por isso o ato se chama Ato em Defesa do Direito Penal, porque o anteprojeto liquida com o Direito Penal.
Da instalação da comissão até a conclusão do trabalho passaram-se seis meses. É pouco tempo?
 
Sim. Houve pressa na elaboração, o que contraria a tradição do Direto brasileiro. Obras dessa natureza sempre foram objeto de um anteprojeto que foi publicado, recebeu sugestões, passou por uma comissão revisora. Agora foi tudo a toque de caixa. Não é assim que se faz Código Penal.
Por que a pressa?
 
Por causa da chamada agenda positiva do Sarney. Ele constituiu comissões para fazer o Código de Processo Civil, o Código Eleitoral, o Pacto Federativo, a Lei do Consumidor e o Código Penal. Ele quer ser o novo Justiniano, mas Justiniano se preocupou com o conteúdo e fez o digesto, que quer dizer por em ordem. Sarney faz o indigesto, pôs em desordem.
Ainda há como reverter a situação?
 
O caminho é a sociedade se mobilizar, pressionar para que o anteprojeto não siga adiante. Não se pode premiar as vaidades, seja do presidente Sarney, seja do senador Pedro Taques. O projeto é inaproveitável. Se quiser uma coisa séria, tem de fazer tudo de novo. Há vários projetos já apresentados na Câmara dos Deputados, feitos em comissões anteriores, que não foram aproveitados. Querem passar por cima de tudo.
O senhor foi convidado a compor a comissão? Não e, se fosse convidado, eu jamais aceitaria ir para uma comissão dessas. Jamais aceitaria fazer parte de uma comissão que tivesse urgência, não tivesse calma nem um processo de elaboração pensada e reflexiva.
Qual foi o fator determinante para que o resultado do trabalho fosse tão fraco?
 
Com a saída do professor René, a parte geral, que é a mais complicada, ficou entregue a pessoas sem tradição, vida acadêmica ou experiência de elaboração legislativa. Por outro lado, buscou-se sempre o politicamente correto. Não se faz Código Penal com jornalista à porta. Cada pérola que se produzia se passava para a imprensa. Quando se vê o todo, o resultado é gravíssimo em todos os títulos: nos crimes contra o patrimônio, contra a honra, contra a vida, contra a pessoa, nos crimes em instituições financeiras, de ordem econômica e contra o meio ambiente.
Nesse último tópico, o que há de mais crítico?
 
Estabelece-se que é crime pescar ou molestar cetáceo, ou seja, golfinhos e baleias. A pena é de dois a quatro anos. Isso já era objeto de ridicularia no mundo. Eles não só reintroduziram uma lei revogada como aumentaram o absurdo ao estabelecer que, se o cetáceo é filhote, a pena mínima é de três anos e, se o cetáceo morre, a pena é de quatro anos. A consequência natural de pescar uma baleia é que ela morra. Não se vai por no aquário. Deve-se obviamente proteger o cetáceo, mas o absurdo é a atribuição das penas. Outro exemplo é que, se você não prestar socorro a um animal, a pena é de um ano; se deixar de prestar assistência a uma criança ferida, a pena é de um mês. É preciso proporcionalidade e racionalidade. Absurdos dessa natureza estão espalhados pelo anteprojeto.
Que distinção o anteprojeto faz das penas para lesão culposa (sem intenção) e lesão dolosa (com intenção)?
 
A pena da lesão culposa é de um ano e a dolosa, de seis meses. Ou seja, se você propositalmente quebra o braço de alguém, a pena é de seis meses. Se, em um acidente, alguém sai com o braço ferido, a pena é de um ano. A lesão não intencional tem o dobro da pena da lesão intencional. É o absurdo da desproporção e da falta de critério.
Qual seria forma ideal de conduzir essa reforma no Código Penal?
 
Para você fazer um código, ainda mais o Código Penal, você precisa por a cabeça no travesseiro, trocar ideias, conversar, ter reuniões, se desgastar. É um processo lento, moroso, de idas e vindas. O melhor método é, antes de tudo, ter tempo. No mínimo, um ano. O ideal seria de um a dois anos.
O senhor fez parte de comissões para a criação de leis ao longo de sua carreira. Como foi essa experiência?
 
Eu fui chamado jovem para fazer a parte geral da Lei de Execução Penal, tinha 35 anos. Participei de inúmeras comissões. Foi sempre algo absolutamente envolvente e que exigia dedicação integral. Você dorme com os tipos penais na cabeça, acorda no meio da noite, telefona para os colegas de comissão. É algo muito delicado.
Que pontos do atual Código Penal de fato precisam ser reformados?
 
Há questões que poderiam ser modernizadas. O que está lá, contudo, não tem criado problemas. Então, é melhor que fique como está. Pode-se melhorar a definição de dolo, de culpa, mas o que não pode é piorar, como eles fizeram. Todos os institutos importantes eles pioraram. É preciso fazer é uma consolidação das leis penais, trazer os tipos penais que estão em outras leis para dentro do Código, com muito cuidado, consertar o que a jurisprudência tem feito de crítica a esses tipos penais e refazer todo o sistema com proporcionalidade.
 
24 de setembro de 2012
Carolina Freitas
Veja

POPULAÇÃO DE RECIFE DIZ "NÃO" ÀS ORDENS DE LULA E SUBMETE HUMBERTO COSTA A UMA HUMILHAÇÃO

É um vexame verdadeiramente histórico! Os petistas de Recife, com o apoio de Lula, deram um chega pra lá na candidatura à reeleição do prefeito João da Costa. O petista foi humilhado pelos seus pares. Venceu a convenção, mas não levou.
O governador Eduardo Campos (PSB) aproveitou a confusão petista, rompeu a aliança e lançou seu próprio candidato, Geraldo Júlio, que largou com apenas 4% das intenções de voto.
 
O PT desistiu da pretensão inicial, Maurício Rands, e apostou no senador Humberto Costa, um medalhão do partido e um dos homens que ajudaram a desestabilizar o atual prefeito — que faz uma gestão reprovada pela maioria dos recifenses. Lula assumiu a candidatura de Humberto: “Deixa comigo! Vou lá, faço e aconteço”.
 
Para demonstrar que a luta era para valer, João Paulo, ex-prefeito da cidade, entrou como vice na chapa do PT. Lula, com a bazófia habitual, chegou a afirmar para seus interlocutores que iria fazer um braço de ferro na cidade com o governador para ver quem levava a melhor. É claro que ele achava que seria ele.
 
Pois bem: A 13 dias da eleição, Júlio, o candidato do governador, está, segundo o Ibope divulgado ontem, com 39% das intenções de voto. O tucano Daniel Coelho ultrapassou Humberto Costa e aparece com 24%. Humberto, o petista de Lula e Dilma, que tinha 29% na largada, está agora com 16%.
 
Entendam o que aconteceu: Lula mandou a população de Recife votar no candidato que ele tinha no bolso, e, por enquanto, 39% escolheram Júlio, e 24% ficaram com Coelho. Mendonça Filho, do DEM, está com 4%.
 
A derrota, além de histórica, será também vexaminosa.
 
A campanha do senador abusa das imagens de Lula e Dilma e insiste naquela cascata de que tudo o que há de bom no Brasil é obra do PT. Não está dando certo.
 
No momento mais comovente de uma das muitas falas estúpidas de Lula, ouvimos: “Democracia é a gente comer de manhã, de tarde e de noite”. É? Conclui-se, assim, que nenhum ambiente é mais democrático do que as granjas de engorda de galinhas e porcos, não é mesmo?
Com orgulho, a campanha petista informa que, só em Recife, 130 mil famílias estão no Bolsa Família, como se isso fosse coisa da qual uma cidade deva se orgulhar.
 
A população de Recife está dizendo “não” às ordens de Lula. Tudo indica que o candidato de Campos vai disputar o segundo turno com o Coelho, do PSDB. A única saída de Humberto será apoiar Geraldo Júlio, depois de ter tentado anular a sua candidatura na Justiça. É uma humilhação.
 
24 de setembro de 2012
Por Reinaldo Azevedo

AU, AU, NO MIAU, MIAU? OPOSIÇÃO PRETENDE OBSTRUIR SABATINA DO NOVO INDICADO AO STF

 

A oposição vai tentar obstruir, nesta terça-feira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a sabatina do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Teori Zavascki, indicado pela presidente Dilma Rousseff para o Supremo Tribunal Federal (STF).
 
O objetivo é tentar adiar sua posse no Supremo e evitar o risco de um pedido de vista do processo do mensalão, o que suspenderia o julgamento. Oposicionistas ressaltam que não há nada contra o ministro e que pretendem votar a favor de sua indicação. O único problema seria a pressa.
 
Líder do PSDB, o senador Álvaro Dias (PR) pretende solicitar, ainda nesta segunda-feira, ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ao presidente da CCJ, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), o adiamento da sabatina para depois das eleições.
 
- Ele tem um currículo que atende os pressupostos básicos para ser indicado para o Supremo. O problema é a pressa, que autoriza a suspeição sobre o objetivo de sua indicação quanto ao julgamento do mensalão - afirmou o líder do PSDB.
 
A sabatina está marcada para 14h na CCJ e a sessão no plenário, para votar a Medida Provisória do Código Florestal, 16h. A oposição pretende estender a sabatina para que a sessão da Comissão de Constituição e Justiça seja suspensa antes da votação da indicação de Zavascki.
 
Pelo regimento do Senado, as comissão têm que suspender os trabalhos quando começa a ordem do dia no plenário.
O governo tem pressa em votar a MP do Código Florestal porque ela perde a validade no dia 8 de outubro.
 
Dias pretende perguntar a Zavascki, na sabatina, se ele votará ou não no processo do mensalão, e se pretende pedir vista. Mas lembra que perguntou o mesmo na sabatina do ministro Dias Toffoli e ele disse que se declararia impedido, o que não aconteceu.
 
Diante desse clima, Zavascki desistiu de ir ao Senado nesta segunda-feira se apresentar a senadores, em busca de apoio. Segundo Dias, ele desmarcou a conversa temendo passar a impressão de que estava pressionando a Casa.
 
Da ala independente do PDT, o senador Cristovam Buarque (DF) também criticou a celeridade do processo de apreciação da indicação de Zavascki, embora tenha elogiado o ministro. Cristovam não faz parte da CCJ.

- Essa rapidez está conspurcando um dos melhores nomes para a Corte Suprema. A presidente indicou um nome que não poderia ser melhor, em um momento que não poderia ser pior. É uma maldade com o Teori, que em vez de chegar lá ungido, chega com a pergunta se vai votar ou não, pedir vista ou não do processo do mensalão.
 
O Globo
24 de setembro de 2012

LEGALIZAR PARA QUEM? LIBERAÇÃO? QUE DROGA? A PRIORIDADE É PREVENÇÃO

 
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Nos dias de hoje, não faltam declarações de apoio à liberação das drogas e à descriminalização de entorpecentes.

Os resultados das pesquisas parecem, no entanto, não merecer a mesma importância para informar a população sobre os elevados riscos de experimentação, seja em nome do prazer, seja em busca da remoção de algum desconforto.

O discurso pela liberação vem se sustentando no fracasso da política de repressão às drogas. A posição de um país vizinho, o Uruguai, alimenta a possibilidade do nascimento do narcotráfico, favorecendo a criação de um mercado negro, com ricas vantagens impossíveis de serem controladas.

Na Holanda, um dos países mais tolerantes no uso de drogas, o tráfico nunca foi banido, e usuários, após consumir a quantidade permitida por lei, procuravam a droga nas mãos dos traficantes para saciar uma compulsão crescente.

O aumento do consumo e a precocidade com que os jovens vêm experimentando variados tipos de drogas alertam especialistas numa direção comum:

é preciso trabalhar na prevenção!

A prevenção no sentido de educar, conscientizar o jovem para assumir atitudes responsáveis na identificação e no manejo de situações de risco que a droga pode causar e que possam ameaçar a sua dignidade.

A droga uma vez disponibilizada irá aumentar a oferta e, portanto, o consumo, indo na contramão da redução da demanda. O consumo representa um grave problema de saúde pública, com sérios prejuízos para as famílias e para o Estado.

A questão fundamental é:

por que um governo desejaria estabelecer e financiar um sistema que venha tornar seus cidadãos doentes e dependentes?

Não precisamos da Justiça para legalizar o caminho que conduz os jovens a uma destruição catastrófica num prazo muito curto. Avançar culturalmente na compreensão do processo de consumo de drogas significa caminhar em direção à liberação de substâncias químicas que alteram o ânimo, o comportamento e a consciência?

Como podemos chamar de evolução leis que colocam em risco a vida das pessoas? E como podemos envolver nas discussões sobre políticas públicas para o desenvolvimento sustentável o uso de drogas que colocam em perigo o discernimento essencial para salvar o ser humano de sua autodestruição?

- Precisamos que legisladores e magistrados assegurem aos jovens-cidadãos a certeza de encontrar amparo para o amadurecimento consciente de suas escolhas, com responsabilidade e clareza.

É urgente, portanto, que ações preventivas contra o uso das drogas sejam promovidas e discutidas por todos.

Maria Sílvia Napolitano é coordenadora da Coordenadoria Especial de Promoção das Políticas Públicas de Prevenção à Dependência Química da Prefeitura do Rio
 
24 de setembro de 2012
camuflados

PREFEITO DO RIO NÃO REPASSA VERBAS A INSTITUIÇÃO QUE ATENDE CRIANÇAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS


O Prefeito do Rio Eduardo Paes vem empurrando com a barriga (vazia) a verba destinada a Merenda das Instituições Filantrópicas conveniadas com a Secretaria Municipal de Assistência Social.
Há 6 meses a tradicional e histórica Sociedade Pestalozzi do Brasil não recebe repasses.

A cada contato que a instituição faz com a Prefeitura, é exigido um documento diferente para comprovar o trabalho desenvolvido, que é tratado com descaso pela administração pública.

A Sociedade Pestalozzi do Brasil atende crianças carentes há 67 anos. Seu trabalho é de suma importância para mais de 500 famílias com crianças portadoras de necessidades especiais.

Pais, alunos e professores da Sociedade Pestalozzi organizaram um protesto

SEPÚLVEDA PERTENCE ENFIM RENUNCIA À COMISSÃO DE ÉTICA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


Demorou, mas aconteceu. O comentarista Darcy Leite, sempre atento, nos envia a notícia de que o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, Sepúlveda Pertence, renunciou ao cargo nesta segunda-feira, logo após dar posse aos três novos conselheiros, Marcello Alencar de Araújo, Mauro de Azevedo Menezes e Antônio Modesto da Silveira, indicados pela presidente Dilma Rousseff no último dia 3 de setembro.


Um homem de bem

Sepúlveda deixou clara sua insatisfação com a não recondução dos conselheiros Marília Muricy e Fabio Coutinho, que poderiam ficar mais três anos na comissão.

Como se sabe, Marília Muricy sugeriu a demissão do ex-ministro do Trabalho Calos Lupi, em dezembro doa ano passado, por causa das denúncias de irregularidades em convênios da pasta com ONGs, que teriam beneficiado o PDT. E no início deste ano,

Coutinho propôs uma advertência ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, devido às consultorias feitas por ele entre 2009 e 2010 para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, que renderam R$ 2 milhões. O processo está parado na comissão.

“Eu vim aqui exclusivamente para empossar os três membros designados pela presidente da República e demonstrar-lhes a satisfação que tenho com os nomes e, ao mesmo tempo, que isso nada tem a ver com o fato que lhes comuniquei de que, neste momento, estou encaminhando à chefe do governo a minha renúncia às funções de membro e consequentemente presidente da Comissão de Ética” – afirmou Sepúlveda, que é um homem de bem, mas andava curvado nos últimos tempos, com sua espinha arqueada diante de um governo que decidamente não combate a corrupção.

No Brasil, quem demite ministro corrupto é a imprensa. Se depender do governo (leia-se Lula Rousseff) eles permanecem no poder até o final dos tempos.
 

FUNCIONALISMO PÚBLICO NOS EUA

 

Durante uma mesa redonda na rede ABC, Rand Paul pareceu chocado quando afirmei que o emprego estatal caiu no governo Obama. Claro que sim.

Mas talvez ele esteja pensando no fato de que, como o número de funcionários públicos aumentou no governo Bush, estamos ainda em níveis absolutos mais altos do que uma década atrás.

No entanto, esta é uma estranha comparação: se não houve nenhuma alteração em relação ao passado, seria de esperar que o emprego público aumentasse com a população (lembre-se, o típico funcionário público é o professor de escola). E aqui está o que ocorreu com o emprego no funcionalismo público per capita:



Sei que os republicanos sabem, apenas sabem, que o governo inflou sob Obama. Mas não.

(Artigo transcrito do Estadão)
 
24 de setembro de 2012
Paul Krugman