"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

MORRE EM SP O DR. SÓCRATES

Morreu esta madrugada no Hopsital Albert Einstein. O "PILOTO DE PROVAS DE ALAMBIQUE" Dr. Socrates, que dispensa apresentações.
Digo apenas que o Brasil perdeu mais um comunista festeiro que adorava falar em socioalismo para o povo, mas quando ficou doente correu para um hospital "porco capitalista" na tentativa de salvar a própria pele. Jamais ventilou a hipótese de ir se tratar na "democrática" e "moderna" ilha caribenha de CÚba que ele cantava em versos e prosas e tanto amava. Só que espertamente o Dr. preferiu morar no atrasado e nada democrático Brasil.

O país perde mais um hipócrita adorador de Fidel Castro I o Imorrível, a ponto de sacanear o próprio filho colocando na criança o nome da múmia caribenha.

E o Sebento perdeu mais um eleitor.
O MASCATE

NOTA AO PÉ DO TEXTO


Já disse e repito, O Mascate não perdoa. É aquele tipo de zagueiro que passa a bola, mas o adversário não passa: fica no chão. Nada daquele jeitinho cretino do brasileiro: morreu, temos que santificar, buscando virtudes onde não existe.
A verdade, doa a quem doer... Não diria que é um imperativo da franqueza, mas da seriedade. Quando somos capazes de expressar o que sentimos, ou pensamos, em relação aos acontecimentos, não estamos sendo francos, mas honestos. As pessoas merecem essa consideração. Nunca escamotear, ou ficar na posição daquele personagem do Jô Soares, em um dos seus inúmeros quadros em que satirizava a sociedade, o Múcio. Alguém se lembra do Múcio?
Pois é, Jô Soares criticava personalidades do tempo, e que sobrevivem até hoje em outras casacas, ou cascas, mas guardando a mais profunda semelhança.
m.americo

DOSSIÊ CAYMAN

DOSSIÊ CAYMAN - Collor pagou e recebeu dossiê falso contra PSDB, afirma Polícia Federal


Collor pagou e recebeu dossiê Cayman, afirma PF


Investigação da Polícia Federal afirma que a família do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) pagou em 1998 pelo dossiê Cayman, conjunto de papéis forjados para implicar tucanos com supostas movimentações financeiras no exterior.

A informação é da reportagem de José Ernesto Credendio, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

Segundo o inquérito, o senador teria recebido pessoalmente a papelada das mãos de um envolvido, em Maceió.

As conclusões são baseadas em investigações da Polícia Federal, do FBI (nos Estados Unidos) e da Interpol.

OUTRO LADO

Na última quarta-feira, a Folha procurou o senador Fernando Collor de Mello, por meio de sua de assessoria de imprensa, para que se manifestasse sobre o caso.

Após o primeiro contato, Collor chegou a telefonar pessoalmente para a reportagem pedindo mais detalhes sobre o conteúdo da documentação a que a Folha teve acesso.

Todo o relatório foi encaminhado à assessoria do senador. Sua equipe chegou a confirmar o recebimento dos documentos e respondeu à reportagem que aguardaria uma manifestação de Collor sobre o assunto.

Desde então, a reportagem espera novo contato da assessoria do ex-presidente. Até o fechamento desta edição, contudo, não houve resposta do senador alagoano.
movcc

NOTA AO PÉ DO TEXTO

As figurinhas de sempre... Mesmo com impeachment o homem continua na ativa, servindo a pátria, dedicado às grandes causas republicanas. Haja paciência.
Como é possível o retorno dessa figurinha a vida pública? Por essas e outras que se questiona o voto do eleitor analfabeto, fácil de manipular, de comprar, desinformado, e que representa uma parcela expressiva desse país. Em que lugar vamos encontrar a "consciência política" necessária para evitar que essa gente retorne a vida pública? O que podemos fazer para preservar a "memória eleitoral" dos maus políticos? Dos bandidos? Dos ladrões? Como exercer o direito do voto direito? Consciente?
Taí o homem de novo, aprontando mais uma. Realmente, é demais... Não basta o denuncismo da imprensa. A essa altura dos acontecimentos, podemos perceber que toda a estrutura está comprometida e ameaça contaminar o processo democrático.
m.americo

PIMENTEL TEM APOIO DE DILMA, DIZ IDELI

Segundo a ministra de Relações Institucionais, titular do Desenvolvimento está prestando 'todos os esclarecimentos' sobre denúncias de tráfico de influência
Rafael Moraes Moura - Agência Estado

A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti disse nesta segunda-feira, 12, que o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) tem o apoio da presidente Dilma Rousseff e vem prestando "todos os esclarecimentos" solicitados, diante das denúncias publicadas na imprensa.

Pimentel vem sendo alvo de acusações de tráfico de influência nas atividades de consultoria exercidas por sua empresa, a P-21. O caso do ministro tem sido comparado ao de Antonio Palocci, que saiu da Casa Civil após informações sobre sua evolução patrimonial e suas atividades de consultor.

"Olha, temos em primeiro lugar, o apoio da presidenta, ele acompanhou a presidenta em viagem na Argentina, temos a convicção de que o ministro tem prestado todos os esclarecimentos. É sempre importante e relevante realçar que ele não estava exercendo nenhum cargo público quando exerceu o seu trabalho de economista, prestando consultorias", disse Ideli que participou na manhã desta segunda da reunião da equipe de coordenação com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
"A impressão que temos é que as explicações (de Pimentel) têm sido satisfatórias, não havendo necessidade de levar o assunto ao Congresso", afirmou Ideli.

PS - Uma das coisas mais admiráveis dessa gente que comanda o Brasil, é a solidariedade e união entre eles. Não deixa de ser uma prática comum entre os compadres e comadres da classe malandra que, tendo a convicção íntima de ser inferior aos que o cercam, adopta uma atitude de hostilidade, de desafio, quando são afrontados na falta de caráter. O círculo se fecha, e todos são solidários ao companheiro vocacionado à bandidagem.

Sendo assim, essa gente bonita, moderna, saudável, com aquele frescor da juventude primata, cuja inteligência está acima dos demais humanos, pois, quando entraram na vida política do país, eram pálidos e miseráveis, e hoje, com tamanha capacidade - ficam milionários prestando "consultoria" aos desorientados. Enfim, se a nossa ministra do arrepio falou, nada mais a comentar. Movcc/Gabriela

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Estamos olhando, senhora ministra, e também temos a impressão. Ocorre apenas uma divergência de foco. Olhamos para outro lado e a impressão é a pior possível...
Infelizmente, não conseguimos enxergar tanta nobreza e dedicação a causa pública. Como já é voz corrente "Pimentel no montenegro dos outros é refresco". Hê, hê, Hê... É um espanto, a casa dos horrores!
Tomara estejamos enganados.
m.americo

DINHEIRO DE DESAPROPRIAÇÕES MILIONÁRIAS EM VITÓRIA FINANCIA PT, ACUSA EX-SERVIDOR QUE CUIDAVA DO ASSUNTO

O busílis é o seguinte: o Ministério Público começou a investigar as desapropriações feitas pela Prefeitura de Vitória.

Segundo informou o jornal ‘A Gazeta, neste domingo, há denúncias de indenizações milionárias em áreas que não são nobres; pagamento de imóveis por quase o dobro do valor pelo qual ele foi avaliado pela própria administração municipal e de prédios comprados há anos que estão praticamente abandonados.

Agora, serão gastos mais R$ 6,9 milhões para iniciar a reforma da antiga União Capixaba de Ensino (Uces), que abrigará uma escola de ensino fundamental. Curiosamente, a prefeitura pagou R$ 2,2 milhões por um terreno dez vezes maior num local próximo - no bairro de Grande Vitória.

O prefeito de Vitória, João Coser (PT), afirmou na reportagem que não há nada de ilícito com os processos e que confia em sua equipe.
Segundo ele, foram seguidos critérios técnicos rigorosos e que as áreas escolhidas eram prioritárias para a instalação de equipamentos públicos, tais como escolas, unidades de saúde, praças e aberturas de vias. Leiam o que vai no Portal G1:

*

Pivô das denúncias contra a prefeitura de Vitória, o ex-chefe da equipe de desapropriações na capital, Geraldo Caetano Neto, disse, em entrevista à TV Gazeta, que as pessoas indenizadas pela administração municipal usavam o dinheiro para financiar campanhas políticas do Partido dos Trabalhadores (PT), sigla do prefeito do município, João Coser.

Em nota, a prefeitura disse que não há nada de ilegal nos processos de desapropriação. E o PT informou que não recebeu a verba.

Geraldo trabalhou na prefeitura entre 2001 e 2008. Ele disse que era comum o município superfaturar o valor de indenizações. “A maioria dos processos de áreas grandes e de valores altos, sempre se pagava acima do laudo elaborado pelo próprio técnico da prefeitura”, disse o ex-funcionário.

Ele informou que está sofrendo ameaças de morte e que o dinheiro das desapropriações tinha como destino o financiamento de campanha. “Era para ajudar a campanha do PT. Como funcionava eu não sei, a única coisa que eu sei, era que o dinheiro em espécie era destinado para a campanha do PT e para seus apadrinhados. O prefeito de Vitória recebeu dinheiro com certeza, por que os próprios ex-desapropriados disseram que era financiamento da reeleição do prefeito e as obras tinha que sair logo, por que o prefeito necessitava disso logo”, contou.

Em um terreno, no bairro Tabuazeiro, que não é um dos bairros mais valorizados da cidade, o preço do metro quadrado ficou bem acima do valor de mercado, pelo terreno e o esqueleto de um prédio a prefeitura pagou R$ 15 milhões e 200 mil.
Outro prédio, onde funciona, atualmente, uma unidade de saúde, no bairro Enseada do Suá, também foi desapropriado pelo município. O documento, elaborado por técnicos da própria prefeitura, mostra que a indenização deveria ficar R$ 899 mil, mas a prefeitura pagou um R$ 1,7 milhão.

O Ministério Público Estadual (MPES) está investigando as desapropriações feitas pela prefeitura de Vitória e já encaminhou uma ação à Justiça.

O prefeito João Coser teve os bens bloqueados por causa de um terreno que fica no bairro Andorinhas e foi desapropriado em 2006 para a construção da Ponte da Passagem.
Segundo a denúncia, desta vez a prefeitura pagou R$ 3 milhões a mais do que o valor recomendado pelos técnicos em uma área que já pertencia a ela e havia sido doada a um comerciante.

Reinaldo Azevedo

NOTA AO PÉ DO TEXTO

É. O Brasil virou caso de polícia, de xilindró, de camburão. Não é possível minha gente! É lama para qualquer lado que a imprensa investigativa cutuque um pouquinho só. Isso não terminará nunca! Parece que em todas as esferas do Executivo, a bandalha corre solta. Já não é quase possível indignar-se, diante de tantos escândalos, de tanta impunidade, de tanto assalto!
Quando acreditamos que vamos ter um intervalo, BUMBA!!! Explode outra bomba.
Penso que já cruzamos a linha da tolerância! Estamos saciados de tanta miséria política, de tanta bandidagem, de tanto cinismo.
Interessante é que todos "confiam em seu secretariado, em sua equipe técnica", todos sempre respeitadíssimos senhores, honoráveis servidores, enquanto a justiça abre apuração das denúncias, embasada em acusações, no caso, feitas por quem estava no miolo da história. É demais...
"Quosque tandem Catilina, abutere patientia nostra?"
Valha-me Deus!
m.americo

LUPI, O INJUSTIÇADO


Carlos Lupi caiu. Seja qual for a verdade dos fatos que provocaram sua queda, ele foi injustiçado.

O ministro do Trabalho construiu uma rede de promiscuidade com ONGs companheiras, envolvendo pelo menos 280 milhões de reais em convênios voadores.

Não foi demitido por isso.

Andou em avião arranjado pelo dono de uma dessas ONGs, em missão oficial.

Não foi demitido por isso.

Mentiu descaradamente à presidente da República, dizendo que nunca entrara no tal avião.

Não foi demitido por isso.

Desafiou publicamente a autoridade da presidente, afirmando que só sairia do Ministério abatido à bala.

Não foi demitido por isso.

A bala finalmente acertou-lhe a cabeça, quando a Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou expressamente a Dilma Rousseff a sua demissão, pelo conjunto da obra.

Não foi demitido por isso.

A preservação do cargo de Carlos Lupi ao longo de toda a sua temporada de achincalhe aos bons costumes foi garantida, bravamente, por Dilma e Lula – a turma do casco duro.

Todos os envolvidos na investigação da cachoeira de delitos no Trabalho – Ministério Público, imprensa, Polícia Federal, Controladoria-Geral da União, Comissão de Ética Pública – foram desautorizados pela firme decisão da presidente Dilma de prestigiar o delinquente.

Depois de tão brava resistência do governo popular contra a conspiração das elites, um passarinho vai ao ouvido do ministro dizer-lhe que ele não passa de segunda-feira.

Não é justo.

Carlos Lupi deveria botar a boca no trombone, denunciando a incoerência de seus ex-chefes, em contradição com as boas práticas do fisiologismo.

Não é possível que um ministro tão falante vá se calar logo agora. Fale, ex-ministro. O Brasil finalmente quer escutá-lo.
guilherme fiuza

UMA DEFECOU, OUTRA FILMOU: A VIDA SEM RECALQUES

A cena diante da câmera

Desde a semana passada circula um vídeo na internet em que uma mulher, totalmente nua, defeca em uma agência bancária de Aracaju. Em seguida, ela se atira no chão, de costas, como se sentisse um grande prazer. Alguém, talvez um funcionário da agência, a cutuca. Ela reage com agressividade, levanta-se e empunha a calcinha suja de fezes como uma arma ao caminhar pelo hall. Depois, volta, limpa as fezes no chão com a roupa. E sai, nua e altiva. A porta da agência é rapidamente fechada. E lá fora ela parece proferir alguns xingamentos.

Isso é o que se vê no vídeo. Mas há algo menos explícito, que não pode ser visto, mas que vale a pena enxergarmos.

A cena por trás da câmera:

Desde o início da gravação, ouvimos uma risada feminina, talvez de quem filma a cena ou está ao lado de quem filma. Não parece ser aquele riso nervoso, que às vezes nos sucede diante de algo inusitado. Parece mais uma risada de alguém que se diverte com a cena. A risada vai aumentando. Ao final, quando a mulher já está fora do banco, a dona da risada faz um comentário: “Está com o demônio no corpo.”

Isso não se vê no vídeo. Apenas ouvimos.

Ao assistir às imagens, senti incômodo. Mas fiquei tão incomodada com a mulher nua e defecando quanto com a mulher filmando a cena. (E aqui vou tratá-la como mulher, por causa da voz, mas não faz a menor diferença se for um homem.) Ao investigar a razão do meu incômodo, percebi que estava diante de dois atos pré-civilizatórios: um óbvio e escancarado, o outro menos visível, mas não menos chocante.

O que é uma mulher nua defecando em uma agência bancária? Somos nós, quando ainda estávamos na natureza – e antes de nos tornarmos cultura. Naquele momento, ela era como um bebê que sente vontade de fazer cocô e faz. Vira-se no chão com visível prazer e alívio. E então é alcançada pelo homem – a Lei – que a cutuca dizendo que ela não pode fazer aquilo. Lembrando-a, portanto, do contrato social. A mulher reage ainda como natureza, ameaçando o homem com suas fezes. E, de repente, algo que também está nela retorna. Ao limpar as fezes no chão, ela volta a se inscrever na cultura.

Não é possível afirmar se a mulher está vivendo algum tipo de surto, mas me parece mais delírio do que protesto. Por que os atos dessa mulher chamam atenção é óbvio. A grosso modo, nos tornamos civilizados no momento em que sacrificamos a nossa natureza, recalcando nossos instintos mais primitivos, para garantir a vida em sociedade. Não podemos mais sair por aí fazendo o que bem entendemos, como defecar nus no meio de uma agência bancária quando sentimos vontade. É preciso procurar um banheiro, chavear a porta, usar papel higiênico, lavar bem as mãos depois e, quem sabe, até aplicar um spray para mascarar o mau cheiro. A repressão de nossos instintos, em todas as esferas do humano, tem um custo alto. Mas, em troca, ganhamos a segurança proporcionada pelo contrato social. A mulher que defeca na agência bancária quebra o contrato que garante a vida em sociedade (na nossa, pelo menos) e por isso se torna perturbadora.

O que me parece é que a mulher que a filma também quebra, mas isso não é interpretado desse modo nem por quem está presenciando a cena nem por quem assiste ao vídeo. Por que não podemos estuprar quem desejamos ou matar quem odiamos? Porque isso nos devolveria a um estado de natureza. Temos de reprimir nossos instintos e, assim, abrir mão de nossa liberdade. Nesse processo, é necessário enxergar o outro como uma pessoa, um semelhante, alguém com direitos, para que o pacto se torne possível. Por que, então, é aceitável que alguém filme a cena de um ser humano em total desamparo e a dissemine na internet? Por que esse ato não é visto como um rompimento do contrato social?

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Quem filma a cena e muitos dos que a assistem, a julgar pelos comentários, não reconhecem mais na mulher nua que defeca em público uma semelhante – uma humana. Esse estranhamento os autorizaria a desnudá-la de uma forma muito mais profunda, para além das roupas, diante não apenas dos clientes da agência bancária, mas do mundo inteiro. Ou talvez a reconheçam tanto como uma igual, ao invejar sua liberdade selvagem, defecando no banco enquanto eles esperam na fila para pagar alguma das muitas contas sempre chatas, caras e burocráticas da vida em sociedade, que precisam imediatamente se afastar dela. E afastam-se filmando e expondo o que consideram sua diferença.

Ao filmar a cena e ao difundi-la na rede, embora exponha a mulher por completo, aquela que a filma não a enxerga de fato nem por um segundo. Porque para enxergar é preciso se identificar com o outro. Se em algum momento a mulher que filma tivesse conseguido se identificar com a mulher filmada, acredito que a teria protegido – e não a exposto mais.

Nesse sentido, embora seja a mulher filmada que esteja sem roupas, é a mulher que filma a mais nua entre as duas. É isso, no meu ponto de vista, o mais interessante desse vídeo e o que me faz trazê-lo para esta coluna: ele revela mais da mulher que filma do que da mulher filmada. Mas, em geral, não chama atenção o fato de alguém filmar uma pessoa em total e visível desamparo. Isso é visto como “normal” e aceitável. Minha hipótese, porém, é de que é um ato de barbárie, na medida em que deixa de reconhecer o outro como humano. Ao apontar e amplificar a barbárie que acredita estar na outra mulher, é ela que se torna bárbara.

Assim, ambas – a mulher filmada e a mulher que filma – se igualam ao eliminar o recalque e dar vazão aos seus instintos sem se identificarem uma com a outra. Uma não se reprimiu ao defecar em público, a outra não se reprimiu ao filmar a cena. A primeira exibiu as próprias fezes no ambiente de uma agência bancária, a segunda exibiu as fezes da outra para milhares de pessoas no ambiente da internet. Por que uma causa espanto e a outra não?

Pessoalmente, acho mais ameaçadora ao pacto civilizatório a mulher que filma do que a mulher que caga.

ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.

UMA PEQUENA GRAVIDEZ

Postei ontem artigo de Adriana Setti, publicado em Época, em outubro do ano passado. Os pais da jornalista fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver em Barcelona do que gastavam no Brasil. Só não constata isto quem viaja em excursões e não toma contato com o dia-a-dia do país por onde passa.

Enviei há pouco, para uma lista da qual participo, um link que remete a vários outros sites, que oferecem livros, filmes, música, vinhos. Do Canadá, recebi este comentário: “Fui lá e cliquei no link dos "10 bons vinhos que custam até 90 reais" e me assustei com os preços. Como é que um vinho no Brasil (como o espanhol Hécula, que tomo aqui) é duas vezes e meia mais caro no Brasil do que no Canadá, país notório pelos altos impostos sobre o álcool?”

Nada de espantar. Há dois anos, uma notícia causou pasmo entre os brasileiros. Fora lançado no México o novo City, produzido na fábrica da Honda localizada em Sumaré, São Paulo. Preço no México: 197 mil pesos mexicanos, o que equivalia então a cerca de 25.800 reais. No Brasil, o City tinha preço sugerido de R$ 56.210. Ou seja: um carro produzido em São Paulo e exportado ao México custa no México menos que a metade de seu preço no Brasil.

Perguntinha que se fizeram então os jornalistas, para a qual até hoje não há resposta: mesmo lembrando que Brasil e México possuem um acordo comercial que isenta a cobrança de impostos de importação, fica a pergunta: como é possível um carro fabricado no Brasil ser vendido, com lucro, por menos da metade do preço em outro país? Ora, direis, é a tributação excessiva do Brasil. Pode ser. Mas não se justifica.

Outro amigo, dos Estados Unidos, aventa uma explicação: “O Brasil está caríssimo porque o dinheiro brasileiro está supervalorizado, devido a várias peculiaridades da crise internacional atual. Eu não me importo, melhor para a minha família e amigos. O chato é que, quando eu visito o Brasil, o que posso comprar e os restaurantes que posso freqüentar ficam limitados”.

De minha parte, diria que só a supervalorização do real não explica o fenômeno. Há anos venho afirmando que a Europa está mais barata que o Brasil e, na época, o real não estava tão alto. Contei que, tanto em Paris como em Madri, centenas de restaurantes ofereciam menus executivos – entrada, prato principal e sobremesa – por dez euros. Isto é, 24 reais, na cotação de hoje. Por esse preço, mal como um sanduíche e um café com leite aqui no Brasil. Voltei mês passado de Paris. Estes menus aumentaram terrivelmente de preço. Estão custando de 12 a 13 euros. Isto é, 29 a 31 reais. Ontem ainda, tarde da noite, passei em um Fran’s aqui ao lado de casa. Pedi um café com leite, um toast e um docinho para minha faxineira. 41 reais. Não é exatamente o real que está supervalorizado. O Brasil está absurdamente caro.

Conclui a articulista: “o nababesco padrão de vida almejado por parte da classe média alta brasileira (que um europeu relutaria em adotar até por uma questão de princípios) acaba gerando stress, amarras e muita complicação como efeitos colaterais”. Sem dúvida nenhuma. Conheço não poucas gentes aqui em São Paulo que vão à falência por ostentar um alto padrão de vida.

Um de meus vizinhos, que vivia já além de seus limites no bairro, resolveu um dia mudar-se para Alphaville, condomínio de alto luxo a 26 quilômetros da cidade. Comprou casa suntuosa com pátio e piscina, onde dava festas para 30 ou 40 pessoas. Faliu, como era de esperar-se. Certo dia, me telefonou, pedindo alguma grana. Em memória de seus jantares, pensei em contribuir – a fundo perdido – com cinco mil reais. Quando me dirigia ao banco, pensei: péra aí, eu não tenho casa com pátio e piscina em condomínio de luxo. Minha generosidade diminuiu para mil reais. Ao chegar ao banco, cortei minha generosidade pela metade.

Soube que ele queixou-se a seu círculo, que quando estava na pior seus amigos se afastaram. Como não afastar-se? Como contribuir para que alguém viva em condomínio de luxo quando se vive em apartamento de classe média? Só o que faltava eu financiar casa e piscina em nome de uma hipotética amizade, que aliás nem amizade era.

No botequinho modesto que freqüento aos fins de semana, a mesa da diretoria, como se diz, está mermando. Nos últimos quinze anos, mais da metade da mesa morreu. Ano passado, um dos sobreviventes veio falar-me, assustado: estou ficando sozinho. Acontece, respondi, e qualquer hora chega o nosso dia. Dessa mesa, participavam dois paulistanos já falecidos. Ambos moravam a 200, 300 metros do bar. E só chegavam lá de carro. Um deles, diabético – e que tinha necessidade de caminhar – era conduzido por seu chofer.

O outro, de origem portuguesa, dispensava chofer. Tinha um carro solene. Não me perguntem que carro era, isto é erudição que me falta. Só lembro que tinha um painel que parecia o de um Boeing. Para estacionar, muitas vezes tinha de fazer um percurso mais longo que o de seu apartamento ao bar. Certo dia, o convenci a ir a Paris. Já no aeroporto, sentiu-se humilhado. O taxista tinha um carro igual ao dele.

Em meus anos de São Paulo, conheci gente rica de posses. E pobres de espírito. Conheci pessoas que viajaram o mundo todo e do mundo nada aprenderam. No início deste ano, comentei reportagem de dois jornalistas da Superinteressante, que afirmavam:

“Mas sozinho o imposto não explica tudo. Outra razão importante para a disparidade de preços é a busca por status. Mercado de luxo existe desde o Egito antigo. Mas no nosso caso virou aberração. Tênis e roupas de marcas populares lá fora são artigos finos nos shoppings daqui, já que a mesma calça que custa R$ 150 lá fora sai por R$ 600 no Brasil. O Smart é um carrinho de molecada na Europa, um popular. Aqui virou um Rolex motorizado - um jeito de mostrar que você tem R$ 60 mil sobrando. O irônico é que o preço alto vira uma razão para consumir a coisa. Às vezes, a única razão. Como realmente estamos ficando mais ricos (a renda per capita cresceu 20% acima da inflação nos últimos 10 anos), a demanda por produtos de preços irreais continua forte. Os lucros que o comércio tem com eles também. E as compras lá fora idem”.

São Paulo está cheia de restaurantes caríssimos, onde você não come a dois por menos de 500, 600 ou mais reais. Em Paris ou Madri, você come muito bem em restaurantes centenários, com bom vinho, por cerca de duzentos reais. A mania de status encarece o Brasil.

Há também um outro probleminha, cujo nome a imprensa não ousa – ou não quer – pronunciar: a inflação. Talvez seja deferência ao governo de Dona Dilma. O fato é que a inflação vem aumentando a olhos vistos. E, como dizia Roberto Campos, uma pequena inflação é como uma pequena gravidez.

Last but not least, um leitor me escreve: “O que vale na vida não é pra onde você vai. Não importa se você está em Paris, Londres, Belém, Gravatá, Tupinambá, etc. O que importa é que você se acha feliz em qualquer lugar. Qual a diferença?”

Até pode ser. Há alguns anos, numa noite fria de inverno, encontrei um mendigo bêbado sentado na calçada. Ele ria sozinho e repetia: como eu sou feliz. Não duvido que fosse. Felicidade é algo subjetivo. De qualquer forma, por mais subjetiva que seja, não se pode comparar Paris ou Londres com Belém ou Gravatá. São realidades distintas. O leitor, evidentemente, nunca viajou. E quem não viaja não tem elementos para comparar.

Que mais não seja, melhor ser feliz em uma cidade linda pagando mais barato do que ser feliz em uma cidade feia pagando caríssimo.

janer cristaldo

HOMENAGEM AO NARCOTERRORISMO

PARTIDÁRIOS DE CHÁVEZ ERGUEM ESTÁTUA EM HOMENAGEM AOS CRIMINOSOS NARCO-TERRORISTAS DAS FARC! INCRÍVEL IGNOMÍNIA!



Incrível! Os seguidores de Hugo Chávez fizeram neste domingo uma homenagem aos narco-terristas das FARC e inauguram estátua de um dos sanguinários assassinos desse bando de vagabundos que alimenta o narco-tráfico no continente latino-americano e é responsável por centenas de sequestros e assassinatos.

O evento teve o beneplácito do caudilho Hugo Chávez. O vídeo mostra claramente que o Partido de Hugo Chávez tem ligação direta com o crime organizado.

Só esse evento já seria o suficiente, num país sério, para a destituição de Chávez. Este é o continente latino-americano sob o comando do Foro de São Paulo, organização esquerdista fundada por Lula, Chávez e demais tiranetes vagabundos que infestam a América Latina.

O Foro de São Paulo, que não é citado pela grande imprensa brasileira e de todo o continente, é a organização que fornece as diretrizes e controla a política latino-americana.
Deve-se acrescentar que todos os grandes empresários e banqueiros latino-americanos e suas organizações de representação classista, apóiam calados esses criminosos que fazem agora homenagem a assassinos e em reverência a eles erguem estátuas.

Jamais vi algo igual, sequer parecido, com que estou vendo nos últimos anos. Sou, além e advogado e mestre em Direito, jornalista profissional há mais de 40 anos. Antes de me dedicar ao jornalismo digital trabalhei durante muitos anos em jornais, como repórter, redator e editor. Tenho uma vida dedicada à comunicação e repito: nunca vi nada igual!

Aluizio Amorim

Ô DA FAXINA! CADÊ A VERGONHA NA CARA?

Do Augusto Nunes:
“Ela só me perguntou:
‘Como é que você tá? Tá firme?’. Eu falei: ‘Tô. Tô sofrendo, mas estou bem’. E ela: ‘Então, tá. O importante é você ficar bem’.

E não fez mais comentários sobre nada, porque não cabe. Não tem nada a ver com o governo. Não tem nada, absolutamente nada a ver com o governo federal e com esse ministério. Esse é que é o maior espanto”.


Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior, ao relatar a conversa com a presidente, explicando que as evidências de que um ministro do governo Dilma Rousseff andou ganhando dinheiro como traficante de influência não tem nada a ver com o governo Dilma Rousseff.


Não precisa dar muito trabalho à memória para lembrar que quando Itamar Franco era o Presidente, o então chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, acusado de irregularidades no cargo, foi a Itamar e disse:

“Eu vou sair porque não posso comprometer o seu governo.”

O Presidente Itamar até lhe disse: “Mas não tem nada...”

E Hargreaves: “Não, mas eu vou, amanhã, depor na CPI e não quero depor como chefe da Casa Civil”, e deixou o posto enquanto duraram as investigações sobre denúncias levantadas contra ele. Inocentado, voltou ao cargo.


Já que Pimentel não tem a vergonha na cara e a decência de Hargreaves – nenhum dos demitidos têm –, cadê a mulher da faxina que não faz nada?
Vai ficar nessa de “o importante é você ficar bem” e o Brasil que se dane e que se vire com mais um corrupto escancarado a roubar nas nossas fuças?
Por Ricardo Froes

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Esse diálogo, tão informal e afetivo, parece conversa de comadre que se restabelece de uma gripe. A dignidade dos cargos em questão, a cara dos 'dialogantes' diante da nação e nada, é a mesma coisa... Aliás falar em dignidade a essa altura dos acontecimentos, quando já está para se completar um ano e seis expurgos de governo, não fica nem bem... É coisa de idiota.

QUEREM RETALHAR O BRASIL

Como ficaria o Brasil


O plebiscito sobre a divisão do Pará acabou dando em nada, ainda bem. Mas se a moda pega, vai ter plebiscito até não poder mais aqui no Bananistão. Vejam as propostas que rolam pelo Congresso:

A divisão do atual estado do Rio de Janeiro, através da reemancipação da Guanabara que foi absorvida por aquele estado em março de 1975;

Estado do Planalto Central, formado com partes de Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal;

Estado do Juruá, desmembrado do Amazonas, abrangendo as cidades amazonenses nos limites com o Acre, que já teria Eirunepé como capital.

Estado de Solimões, desmembrado do Amazonas, abrangendo as áreas fronteiriças ao Peru e Colômbia e a capital seria Tabatinga.

Estado do Rio São Francisco, a parte da Bahia a oeste do rio homônimo (já rejeitado na CCJ da Câmara;

Estado do Araguaia, a ser desmembrado do nordeste do Mato Grosso;

Estado do Mato Grosso do Norte, a partir do noroeste do Mato Grosso, fronteiriço ao Amazonas e a Rondônia;

Estado de São Paulo do Oeste, que já nasceria com Ribeirão Preto como capital;

Estado de São Paulo do Sul, que incluiria 54 municípios da região sul do estado de São Paulo, na zona mais pobre do estado. Registro seria a capital;

Estado de Minas do Norte, região do Vale do Jequitinhonha gerado dentro dos atuais limites de Minas Gerais;

Estado do Iguaçu, no oeste dos estados do Paraná e Santa Catarina. Seu território seria o mesmo do extinto Território do Iguaçu, criado em 1943 pelo então Presidente Getúlio Vargas e extinto em 1946;

Estado do Pampa, na parte sul do Rio Grande do Sul;

Além dos Territórios Federais de Marajó, no Pará; Alto Rio Negro, que é antiga região conhecida como Cabeça do Cachorro, no noroeste do Amazonas; e Oiapoque, no Amapá.

Por Ricardo Froes

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Não deixa de ser engenhoso o plano dessa camarilha. Transformar o Brasil num verdadeiro 'puzzle' geográfico.
Quanto custaria isso? Quantos vereadores, deputados estaduais, federais, senadores, governadores, tribunais, Câmaras,toda espécie de prédios públicos,para não falar nos apaniguados e apadrinhados que se locupletariam nos desvãos da burocracia, com salários bem acima do mercado.
E o burro de carga do contribuinte? Será que aceitaria mais esse desmando?
Quem sobreviver, verá...
m.americo

ONDE A JUSTIÇA FUNCIONA

No País da impunidade há uma justiça que funciona. Esta JUSTIÇA CHAMA-SE JUSTIÇA MILITAR.

È lamentável que um sargento do Exército tenha tido a fraqueza de receber dinheiro de pelo menos de um pipeiro (dono de caminhão que transporta água) na cidade de Pedra Branca (CE). Foi uma importância pequena, não importa.

O militar em causa feriu o que é de mais sagrado nas nossas FORÇAS ARMADAS: A HONESTIDADE. Foi o referido ex-militar condenado a dois anos e seis meses de prisão e expulso das fileiras do Exército. A importância da atitude não republicana foi de R$6.000,00 REAIS.
A relatora do processo – Ministra Elizabeth Rocha afirma: “Aliás, não tenho dúvidas de que o esquema é criminoso e envolve uma quadrilha”. Este fato foi notícia no jornal DIÁRIO DO NORDESTE de 22 de novembro de 2011, na página 9.

Agora vem a pergunta do GRUPO GUARARAPES:
Em 11 de abril de 2006 o exmo. Sr. Procurador Geral da República – Dr ANTÔNIO FENANDO BARROS E SILVA – fez a denúncia ao STF nos seguintes termos:
“Os denunciados (40 quadrilheiros) operacionalizaram desvios de recursos públicos, concessões de benefícios indevidos a particulares em troca de dinheiro e compra de apoio político, condutas que caracterizam os crimes de QUADRILHA – PECULATO – LAVAGEM DE DINHEIRO – GESTÃO FRAUDULENTA – CORRUPÇÃO e EVASÃO DE DIVISAS”.

E o que aconteceu até agora? NADA! Dinheiro rolou em mala, em cueca em caixa de rum, em avião, carro e etc. e os quadrilheiros soltos e rindo deste infeliz País.

A quadrilha do ex-sargento, como diz a doutora Ministra, envolveu R$ 6.000,00 e a do mensalão foi de milhões e milhões.
No primeiro caso 2 anos e seis meses e nos milhões nada. No livro o CHEFE há outros roubos de bilhões como da INFRAERO e até assassinato como em Santo André e Campinas.

No capítulo 13 do referido livro citado foram gastos doze bilhões e seis milhões de reais com ONGS. Farra e grande com o público.

Atualmente, os roubos já levaram a demissão de 6 ministros e há outros em andamento. As revistas semanais VEJA – ÉPOCA e ISTO É estão com as páginas cheias de todo tipo de roubalheira. E, NADA!

No caso do ex-sargento R$6.000,00 e na república da irresponsabilidade começa na Presidência da República se espalha pelos ministérios, invade o Congresso Nacional, respinga lama grossa no Poder Judiciário. Envolve tudo.

É um mar de lama onde as verdinhas (dólar) se misturam com os reais, penetra nas casas de luz vermelha com moças de programas, onde tudo é permissível.

TANTA FESTA PARA A COMISSÃO DA VERDADE E A VERDADE É SIMPLES: SOMOS GOVERNADOS POR LADRÕES SOLTOS.

Gritavam para implantar uma ditadura do proletariado. Agora dizem que lutaram pela democracia e no poder são finos ladrões como disse muito bem o EXMO. SR. PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA.

Um deles acusado pelo Procurador Geral da República de crimes de PECULATO – LAVAGEM DE DINHEIRO – GESTÃO RAUDULENTA – CORRUPÇÃO e EVASÃO DE DIVISAS” é hoje, quase o MINISTRO DA DEFESA.

POBRE PAÍS! INFELIZ POVO QUE NÃO TEM JUSTIÇA!GOVERNANTES QUADRILHEIROS!

ESTAMOS VIVOS! GRUPO GUARARAPES! PERSONALIDADE JURÍDICA sob reg. Nº12 58 93. Cartório do 1º egistro de títulos e documentos, em Fortaleza.
Somos 1.798 civis – 49 da Marinha - 474 do Exército – 51 da Aeronáutica; TOTAL 2.372
WWW.FORTALWEB.COM.BR/GRUPOGUARARAPES

LULA, O CÂNCER, O SUS E O SÍRIO

As pessoas que estão reclamando porque Lula não foi tratar seu câncer no SUS dividem-se em dois grupos:
um foi atrás da piada fácil, e ruim; o outro, movido a ódio, quer que ele se ferre.

Na rede pública de saúde, em 1971, Lula perdeu a primeira mulher e um filho. Em 1998, o metalúrgico tornou-se candidato à Presidência da República e pegou pesado:
"Eu não sei se o Fernando Henrique ou algum governador confiaria na saúde pública para se tratar."

Nessa época acusava o governo de desossar o SUS, estimulando a migração para os planos privados. Quando Lula chegou ao Planalto, havia 31,2 milhões de brasileiros no mercado de planos particulares. Ao deixá-lo, essa clientela era de 45,6 milhões, e ele não tocava mais no assunto.

Em 2010, Lula inaugurou uma Unidade de Pronto Atendimento do SUS no Recife dizendo que "ela está tão bem localizada, tão bem estruturada, que dá até vontade de ficar doente para ser atendido".
Horas depois, teve uma crise de hipertensão e internou-se num hospital privado.

Lula percorreu todo o arco da malversação do debate da saúde pública. Foi de vítima a denunciante, passou da denúncia à marquetagem oficialista e acabou aninhado no Sírio-Libanês, um dos melhores e mais caros hospitais do país. Melhor para ele.

(No andar do SUS, uma pessoa que teve dor de ouvido e sentiu algo esquisito na garganta leva uns trinta dias para ser examinada corretamente, outros 76, na média, para começar um tratamento quimioterápico, 113 dias se precisar de radioterapia.

No andar de Lula, é possível chegar-se ao diagnóstico numa sexta-feira e à químio na segunda. A conta fica em algo como R$50 mil.)

Lula, Dilma Rousseff e José Alencar trataram seus tumores no Sírio. Lá, Dilma recebeu uma droga que não era oferecida à patuleia do SUS. Deve-se a ela a inclusão do rituximab na lista de medicamentos da saúde pública.

Os companheiros descobriram as virtudes da medicina privada, mas, em nove anos de poder, pouco fizeram pelos pacientes da rede pública. Melhoraram o acesso aos diagnósticos, mas os tratamentos continuam arruinados.

Fora isso, alteraram o nome do Instituto Nacional do Câncer, acrescentando-lhe uma homenagem a José Alencar, que lá nunca pôs os pés. Depois de oito anos: um em cada cinco pacientes de câncer dos planos de saúde era mandado para a rede pública.
Já o tucanato, tendo criado em São Paulo um centro de excelência, o Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira, por pouco não entregou 25% dos seus leitos à privataria. (A iniciativa, do governador Geraldo Alckmin, foi derrubada pelo Judiciário paulista.)

A luta de José Alencar contra "o insidioso mal" serviu para retirar o estigma da doença. Se o câncer de Lula servir para responsabilizar burocratas que compram mamógrafos e não os desencaixotam (as comissões vêm por fora) e médicos que não comparecem ao local de trabalho, as filas do SUS poderão diminuir.
Poderá servir também para acabar com a política de duplas portas, pelas quais os clientes de planos privados têm atendimento expedito nos hospitais públicos.

Lula soube cuidar de si. Delirou ao tratar da saúde dos outros quando, em 2006, disse que "o Brasil não está longe de atingir a perfeição no tratamento de saúde".
Está precisamente a 33 quilômetros, a distância entre seu apartamento de São Bernardo e o Sírio.

ELIO GASPARI é jornalista.
O GLOBO. 12.12.2011

PLEBISCITO NO PARÁ, O BOM SENSO VENCEU A SAFADEZA

A vitória do NÃO no plebiscito que propunha a divisão do estado do Pará em mais dois outros, Tapajós e Carajás, é a mostra de que o povo paraense não é burro.

E de quebra, ainda deram uma "freada" nas ambições políticas de espertalhões que certamente se jogariam em busca dos novos cargos públicos que iriam desde deputados estaduais e dois novos governadores e toda camarilha de vagabundos que circulam na órbita dos poderes estaduais.
Mas também derrubaram alguns novos deputados e senadores que "representariam" os novos estados no cãogresso fedemal. E o custo para manter essa cambada em Brasília iria explodir.

A divisão do estado não traria benefício algum para a população. E não é só no Pará não, também tem alguns "espertos" já pregando a idéia de divisão do Maranhão em dois. Aí sim seria a derrota total do mais atrasado estado da federação.

Na verdade, uma divisão desse nível só traz prejuízo aos cofres públicos, bagunça toda a estrutura já constituída e atrapalha a vida dos cidadãos. Os políticos é claro, sempre irão propor as divisões de qualquer estado, pensando apenas nos proveitos particulares que a divisão trará.

O povo do estado do Pará deu uma lição de cidadania quando disse não.
E para os políticos pilantras, safados e aproveitadores que acreditavam na total desinformação da população.....

omascate

UMA CARTADA DE ALTO RISCO

Eliminado o ministro do Trabalho Carlos Lupi, trata agora a imprensa de levantar suspeitas contra o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Antes que o rolo compressor acumule novos questionamentos, como é de praxe nesse tipo de cobertura, trata a presidente da República de fazer seu auxiliar apresentar o mais amplo esclarecimento, o que já no segundo dia oferece explicações para as perguntas em tom de acusação publicadas no domingo (4/12) pelo jornal O Globo.

Pode-se prever para os próximos dias movimentos de grande significado de um lado e de outro, já que Pimentel é um quadro de primeira grandeza no partido da presidente da República, para quem se desenham papéis relevantes no futuro próximo.

Essa condição também o transforma em alvo preferencial, se considerarmos os sintomas de que há algo mais no ímpeto da imprensa do que o louvável interesse pela moralidade nos negócios públicos. Seja qual for a verdade por trás de cada um dos casos que até aqui resultaram em mudanças no ministério, este tem um peso muito especial. Fernando Pimentel é quadro destacado no processo de renovação de lideranças do Partido dos Trabalhadores.

A rigor, a acusação inicial a respeito das consultorias que prestou entre 2009 e 2010, quando não ocupava cargo público, não difere de trabalhos que foram realizados por ex-diretores do Banco Central, ex-ministros e até mesmo ex-presidentes da República nas últimas décadas.

Nenhum jornal jamais estranhou os movimentos anteriores de ex-dirigentes de bancos estatais e ex-ministros ou ex-governadores na iniciativa privada. Alguns desses personagens, aliás, se transformaram em fontes preferenciais da imprensa como analistas de assuntos de governo e de economia.

Insinuações ou afirmações da imprensa sobre suposto tráfico de influência precisam ser demonstradas com muita clareza, para que não reste dúvida sobre o comportamento do ministro Pimentel. No seu caso, não vai colar o processo que produziu até aqui a sucessão de quedas que, na verdade, ajudam a presidente Dilma Rousseff a desenhar o governo mais ao seu gosto.

A reforma necessária

Pimentel pertence ao núcleo duro do governo, é figura central no projeto político da atual ocupante do Planalto. Se os jornais aderirem ao processo de fritura iniciado pelo Globo e restar demonstrado que não havia causa para escândalo, a ruptura estará feita.

Se até aqui a presidente manobrou nos espaços que lhe deixou a imprensa ao sacudir um ou outro ministro de seu galho, administrando com cautela o epíteto de “faxineira” que os jornais lhe tentaram aplicar, o mesmo não se pode esperar quando o alvo é Fernando Pimentel.

O noticiário sobre malfeitos no governo federal tem um caráter profilático, quando ajuda a desmascarar o sistema político de alianças, que descentraliza decisões no varejo e estimula a apropriação do patrimônio público. Mas o mesmo critério não é aplicado para toda suspeita de corrupção.

Em São Paulo, onde o Estadão criou um selo para acompanhar o caso das propinas na Assembléia Legislativa, outro escândalo de dimensões muito maiores, envolvendo a CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano –, foi engavetado nas redações em 2007 e até hoje permanece fora da pauta.

É obrigação de todo jornalista investigar qualquer suspeita de irregularidade no poder público, assim como nos casos de crimes privados. Mas a fragmentação do noticiário, com a apresentação sequencial de casos isolados, não ajuda a entender como funcionam os esquemas da corrupção e alimenta na sociedade a descrença no regime democrático.

Juntando-se os casos já levados a público, com a consequente queda de ministros, há material suficiente para uma série de reportagens sobre o funcionamento do sistema político-partidário e as fissuras que permitem ou estimulam as associações delituosas – que parecem ao cidadão comum, cada vez mais, como inerentes ao poder público.

Percebe-se claramente um cansaço geral com as falcatruas em todas as instâncias, com a inoperância do Judiciário e a ineficiência do Estado em muitos setores. Mas, até aqui, as tentativas de movimentos contra a corrupção não têm juntado mais do que um punhado de gatos pingados, porque existe na sociedade uma desconfiança generalizada nas intenções de seus organizadores, justamente por causa do caráter seletivo dos protestos.

Se a imprensa tivesse estofo para discutir o sistema político, sem partidarismos, poderia produzir iniciativas coletivas como a que levou à apresentação do projeto da Ficha Limpa, obrigando o Congresso a encarar a tarefa da reforma institucional.

Luciano Martins Costa, 06/12/2011

O ESCÂNDALO DO SÉCULO

A PRIVATARIA TUCANA

O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, intitulado A privataria tucana, publicado pela Geração Editorial na coleção “História Agora”, está produzindo um estranho fenômeno na imprensa brasileira: provoca um dos mais intensos debates nas redes sociais, mobilizando um número espantoso de jornalistas, e não parece sensibilizar a chamada grande imprensa.

O autor promete, na capa, entregar os documentos sobre o que chama de “o maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Anuncia ainda relatar “a fantástica viagem das fortunas tucanas até o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas”. E promete revelar a história “de como o PT sabotou o PT na campanha de Dilma Rousseff”.

Ex-repórter do Globo, originalmente dedicado ao tema dos direitos humanos, Ribeiro Jr. ganhou notoriedade no ano passado ao ser acusado de violar o sigilo da comunicação de personagens da política ao investigar as fonte de um suposto esquema de espionagem que teria como alvo o então governador mineiro Aécio Neves.
Trabalhava, então, no jornal Estado de Minas, que apoiava claramente as pretensões de Neves de vir a disputar a candidatura do PSDB à Presidência da República em 2010.

Os bastidores dessa história apontam para o ex-governador paulista José Serra como suposto mandante da espionagem contra Aécio Neves, seu adversário até o último momento na disputa interna para decidir quem enfrentaria Dilma Rousseff nas urnas.

“Outro ninho”

Informações que transitaram pelas redes sociais no domingo (11/12) dão conta de que Serra tentou comprar todo o estoque de A privataria tucana colocado à venda na Livraria Cultura, em São Paulo, e que teria disparado telefonemas para as redações das principais empresas de comunicação do país.

Intervindo em um grupo de conversações formado basicamente por jornalistas, o editor Luiz Fernando Emediato, sócio da Geração Editorial, afirmou que foram vendidos 15 mil exemplares em apenas um dia, no lançamento ocorrido na sexta-feira (9).
Outros 15 mil exemplares estavam a caminho, impressos em plantão especial para serem entregues às livrarias na segunda, dia 12, juntamente com o lançamento da versão digital.

Aos seus amigos do PSDB, Emediato recomendou cautela e a leitura cuidadosa da obra, afirmando que o trabalho de Amaury Ribeiro Jr. não é “dossiê de aloprado, não é vingança, não é denúncia vazia, não é sensacionalismo. É jornalismo”.

O editor indicou ainda aos leitores que procurassem informações no blog do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), no qual, segundo ele, estariam as pistas de “outro ninho offshore na rua Bernardino de Campos, no bairro do Paraíso, em São Paulo. A investigação agora chega na família do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Vamos ver onde isso vai parar”, concluiu.

O Titanic da política

A julgar pelo volume e a densidade das denúncias, pode-se afirmar que, sendo verdadeira a história contada por Amaury Ribeiro Jr, trata-se do mais espetacular trabalho de investigação jornalística produzido no Brasil nas últimas décadas.
Foram doze anos de apuração e depurações. A se confirmar a autenticidade dos documentos apresentados, pode-se apostar nessa como a obra de uma vida. A hipótese de completa insanidade do autor e do editor seria a única possibilidade de se tratar de uma falsificação.

Confirmado seu conteúdo, o livro representa o epitáfio na carreira política do ex-governador José Serra e um desafio para o futuro de seus aliados até agora incondicionais na chamada grande imprensa.

O editor garante que são 334 páginas de teor explosivo, escancarando o que teria sido a articulação de uma quadrilha altamente especializada em torno do processo das privatizações levadas a efeito durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso. Os documentos envolvem o banqueiro Daniel Dantas, a família de José Serra e alguns personagens de sua confiança.

Não apenas pelo que contém, mas também pelos movimentos iniciais que lhe deram origem, o livro representa uma fratura sem remédio na cúpula do PSDB e deve causar mudanças profundas no jogo político-partidário.

“Privataria”, a expressão tomada emprestada do termo que o colunista Elio Gaspari costuma aplicar para os chamados malfeitos nas operações de venda do patrimônio público, ganha agora um sentido muito mais claro – e chocante.

Os sites dos principais jornais do país praticamente ignoraram o assunto. Mas portais importantes como o Terra Magazine entrevistaram o autor. O tema é capa da revista Carta Capital, e não há como os jornais considerados de circulação nacional deixarem a história na gaveta. Mesmo que seus editores demonstrem eventuais falhas na apuração de Amaury Ribeiro Jr., o fenômeno da mobilização nas redes sociais exige um posicionamento das principais redações.

Se a carreira de Serra parece ter se chocado contra o iceberg do jornalismo investigativo, a imprensa precisa correr imediatamente para um bote salva-vidas. Ou vai afundar junto com ele.

Luciano Martins Costa, 12/12/2011

HERANÇA MALDITA DO PARTIDÃO

Artigos - Economia

A Fiesp será talvez a mais vetusta instituição infiltrada pelas teses do Partido Comunista, que sempre fez do "plano" a mola mestra da ação econômica estatal.

Ontem eu olhava os canais de tevê e parei vendo na GloboNews o programa 'Painel'. A trinca de "especialistas" (Paulo Francini, Silmão Silber e Juan Jensen), ancorada por William Waack, debateu no primeiro bloco as decisões européias da semana passada.
Todos eles infelizes com a inflexibilidade da senhora Angela Merckel, que não quer ver o Banco Central europeu transformado em emprestador de última instância e sancionador da irresponsabilidade fiscal dos parceiros quebrados.
Mais que ninguém a Alemanha sabe do valor indelével de uma moeda saudável.

No segundo bloco foi analisada a situação do Brasil. E aqui foi a minha grande surpresa quando Paulo Francini, criticando os demais especialistas, reclamando da desindustrialização do Brasil, clamou por um "plano" de salvação da indústria nacional. Isso mesmo! O velho e malfadado "plano", a varinha de condão de todos os comunistas mundo afora. A Fiesp será talvez a mais vetusta instituição infiltrada pelas teses do Partido Comunista, que sempre fez do "plano" a mola mestra da ação econômica estatal.

Por que há desindustrialização? Por razões conhecidas:

1 - A China, usando da sua imensa reserva de mão de obra, simplesmente deslocou as plantas industriais do mundo para seu território. Lá o Estado, paradoxalmente, tributa pouco, o mercado de trabalho é desregulamentado e os trabalhadores ganham bem pouco. Compensa aos empresários atravessar o globo para lá produzir. Isso retirou plantas industriais inteiras do Brasil;

2 - A política cambial do governo do PT descobriu as delícias do câmbio valorizado, ancorando a baixa taxa de inflação. O partido sabe que a perda de controle sobre os preços pode lhe custar o poder político. Aproveitou o momento favorável dos preços da commodities e afrouxou a política fiscal. O impacto nos preços só não é corrosivo ainda porque o câmbio segura tudo. Ninguém sabe até quando.

O que o "plano" teria a fazer contra isso? Nada.
Paulo Francini e sua Fiesp avalizaram Lula e o PT e não podem pleitear mudanças na política salarial, bem como na política do mercado de trabalho enrijecido, tão cara aos sindicalistas da base do governo. A inflexibilidade do mercado de trabalho é total.
Não há também como ter surpresas na taxa de câmbio, pois o sistema de metas de inflação tem se mostrado bom para administrar conflitos e permitido a navegação em meio à crise.

O tal "plano" pleiteado teria portanto o encargo de fazer o que essa gente da Fiesp sempre quis e pleiteou: reserva de mercado, barreira tarifária e subsídios estatais para o suposto "desenvolvimento" industrial.
O velho filme dos anos cinqüenta. Claro que os tempos são outros e tal receita não tem sequer condições de ganhar respeitabilidade política.

Paulo Francini e seus pares não discutem o único caminho possível, o de repensar o Estado social-democrata ossificado, que transformou a população brasileira em rentista do Estado.

A supertributação vem nesse processo, outro vetor a tirar competitividade da indústria nacional. Reduzir a regulamentação no mercado de trabalho, amenizar a necessidade de financiamento externo pela elevação da taxa de poupança e liberar os forças de mercado são as únicas bandeiras sensatas, mas Paulo Francini nem opinou sobre essa possibilidade.

Ficou apenas no mágico "plano", como se essa loucura não tivesse sido completamente desmoralizada desde o naufrágio da ex-URSS.

Nivaldo CordeirO, 12 Dezembro 2011

CRESCE DESIGUALDADE DE RENDA EM PAÍSES RICOS

Segundo relatório, uma das razões para o aumento da desigualdade é o maior número de pessoas no mercado de trabalho.

A diferença entre ricos e pobres cresceu ainda mais em países ricos nas últimas três décadas. Um novo relatório elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) tem toneladas de dados sobre este fenômeno e vale a pena dar uma olhada nele.

O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade na qual zero corresponde a todos que tenham a mesma renda e um significa que a pessoa mais rica tem toda a renda, aumentou mais de 10%, de 0.29 em 1985 para 0.32 em 2008 para pessoas em idade de trabalho nos países da OCDE. Essa tendência é causada pelos ganhos: o pagamento dos 10% dos empregados mais ricos cresceu em uma taxa muito maior do que o dos 10% mais pobres.
Dentro das faixas superiores, o 1% dos mais abastados reteu os maiores ganhos. A tecnologia beneficiou desproporcionalmente os trabalhadores que ganham mais, os quais também passam muito mais tempo no trabalho do que os que ganham menos.

Quem ganha muito casa com quem ganha muito. E os governos estão fazendo menos para redistribuir a riqueza do que fizeram no passado. Até agora, tudo bem conhecido.
Mas o relatório também argumenta que a globalização não é uma causa significante da desigualdade, e que uma das muitas razões para o aumento na desigualdade de renda é que mais pessoas estão trabalhando hoje (ou pelo menos eles estavam antes que a crise financeira começasse) em comparação com os anos 70.


The Economist
12/12/2011

"O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS MAUS, MAS O SILÊNCIO DOS BONS."

Atribui-se a Martin Luther King uma frase de valor inquestionável: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. É exata! É sob o silêncio cúmplice dos decentes que alguns dos maiores crimes acabam sendo perpetrados.

Um texto do pastor Niemöller, que cometeu o equívoco de ser simpatizante do nazismo no começo do movimento — e veio a se tornar seu adversário radical, tanto que foi parar num campo de concentração —, expressa esse mesmo valor. É muito citado, mas, com certa freqüência, atribui-se a autoria a Maiakovski ou a Brecht.
“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.”

Quando os bons se calam, os maus triunfam. Está em curso, vocês já devem ter reparado, uma operação coordenada para destruir a imagem de José Serra. Admire-se ou não o político — sim, estou entre os admiradores e jamais omiti isso —, o fato é que se trata de um dos homens públicos mais preparados do Brasil. Buscam atingi-lo em sua honra pessoal — e a campanha eleitoral demonstrou até que ponto eles podem chegar — e política. Os movimentos podem até ser distintos, mas se conjugam.

Há os que se espojam na lama dos chiqueiros, e, sobre estes, não há o que dizer, entendo, a não ser acionar a Justiça. Não tentem citar o nome dessa canalha aqui. Não há diálogo com porcos. Mas há profissionais cuja trajetória é respeitada por seus pares ao menos — não expresso o meu ponto de vista pessoal — e que podem igualmente perniciosos. A questão é saber com que propósito.

Na Folha de hoje, lê-se o seguinte:

A biografia autorizada da presidente Dilma Rousseff vincula a campanha do ex-adversário José Serra (PSDB) ao envio de e-mails apócrifos com ataques à petista na reta final das eleições de 2010. “A Vida Quer É Coragem”, que chega às livrarias dia 15, liga a artilharia anônima contra a petista aos serviços de Ravi Singh, o “guru indiano” contratado pelo PSDB. Segundo o livro, ele usou o site de Serra para montar um “gigantesco banco de e-mails”, que estaria por trás das mensagens ligando Dilma à defesa do aborto e a ações armadas na ditadura. “Foi pela rede de computadores que os adversários disseminaram os ataques mais baixos e os boatos mais incríveis a respeito de Dilma”, afirma a biografia. “A ferramenta mais primitiva da internet foi a que melhor serviu para disseminar o que havia de mais atrasado politicamente na campanha.” A obra registra que o tucano também recebeu ataques anônimos, mas sustenta que Dilma foi mais prejudicada.

Voltei

Vivemos dias, de fato, do mais absoluto surrealismo político. O livro foi escrito por Ricardo Amaral, que foi assessor de Dilma na Casa Civil e atuou na campanha eleitoral da candidata do PT. Assim, o que se tem acima é uma notícia surgida de uma acusação, SEM PROVAS, feita pela ex-candidata, agora presidente, e redigida por alguém que atuava na campanha. Acima, meus caros, há duas ordens de mentiras: há a mentira factual propriamente, e há uma mais sofisticada, que é o embuste político.

Mentira factual

Todos os jornalistas que cobriram a eleição SABEM — SABEM, MAS VÃO FICAR CALADOS — que as mensagens ligando Dilma à defesa do aborto ANTECEDERAM EM MUITO A CHEGADA DO TAL INDIANO e não tinham nenhuma vinculação com a campanha de Serra. Nasceram de grupos religiosos católicos e evangélicos preocupados — E COM JUSTEZA QUANDO SE É CRISTÃO — com as opiniões que tinha Dilma sobre o aborto. Ela era franca e abertamente favorável à LEGALIZAÇÃO. Qual é o problema? FHC expressou opinião parecida na sabatina da Folha. Eu, por exemplo, que combatia a opinião dela, também combati a dele.

Todos os jornalistas que cobriram a eleição sabem que, ao contrário do que afirma o assessor de Dilma — ELE É NEUTRO? —, a campanha de Serra procurava era guardar distância daquele movimento, isto sim! Eu, pessoalmente, achei um erro. Estou sendo muito claro! Eu acho que temas de comportamento devem, sim, fazer parte de campanhas. Movimentos antiaborto combatiam a candidata — e faziam muito bem, ora essa! Falo do ponto de vista de quem é contra — como fazem, no mundo inteiro, seus congêneres em períodos eleitorais. Se a eleição tendia a se polarizar entre Serra e Dilma, o natural é que o escolhessem.

Todos os jornalistas que cobriram a eleição sabem que essa história do indiano é uma mentira vergonhosa. Ao contrário: esse sujeito deu alguns pitacos da área de Internet e, segundo testemunharam os repórteres, mais atrapalhou do que ajudou. Qual é a acusação de Dilma e Amaral? Eles queriam que Serra tivesse colaborado com a campanha da petista? Aí diz o “isento biógrafo autorizado”: o tucano também foi alvo, mas foi menos prejudicado. Como ele sabe? Qual é o dado objetivo de que dispõe?

O embuste político

Consta que há esta frase no livro: “A ferramenta mais primitiva da internet foi a que melhor serviu para disseminar o que havia de mais atrasado politicamente na campanha.” Entendo! Avançado, na política, é mentir sobre o “Minha Casa, Minha Vida”, sobre as UPAs, sobre o PAC, sobre a Copa… E o que o senhor Amaral chama de “atrasado”? LÁ VOU EU CONFRONTAR ALGUMAS PESSOAS COM OS FATOS, O QUE COSTUMA DEIXÁ-LAS NERVOSAS.

Em outubro de 2007, Dilma participou de uma sabatina da Folha e defendeu o aborto. O vídeo, vejam vocês, foi retirado do Youtube. Em abril de 2009, deu a mesma opinião numa entrevista à revista Marie Claire, a saber:

MC Uma das bandeiras da Marie Claire é defender a legalização do aborto. Fizemos uma pesquisa com leitoras e 60% delas se posicionaram favoravelmente, mesmo o aborto não sendo uma escolha fácil. O que a senhora pensa sobre isso?

DR - Abortar não é fácil pra mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização. O aborto é uma questão de saúde pública. Há uma quantidade enorme de mulheres brasileiras que morre porque tenta abortar em condições precárias. Se a gente tratar o assunto de forma séria e respeitosa, evitará toda sorte de preconceitos. Essa é uma questão grave que causa muitos mal-entendidos.

Quanto à luta armada, dizer o quê? Que se saiba, ela não cuidava de fazer omeletes no Colina e na VAR-Palmares. Não que os camaradas não merecessem… Ainda que Amaral estivesse dizendo a verdade e que tudo tivesse partido da campanha de Serra, o que ele classfica de “politicamente atrasado”? A VERDADE??? Ou politicamente atrasados são os indivíduos contrários ao aborto, que estariam proibidos de se manifestar?


Que tempos! E a censura

Que tempos estes, não? Estamos proibidos de confrontar os ditos “progressistas” com suas próprias verdades, não é mesmo? Isso é de tal sorte escandaloso que, se vocês se lembrarem, pela primeira vez desde o fim da ditadura, A POLÍCIA SAIU ÀS RUAS PARA PRENDER PESSOAS POR DELITO DE OPINIÃO! E com o aplauso de amplos setores da imprensa! Pessoas que distribuíam ou portavam aquele panfleto de um setor da Igreja Católica foram PRESAS!!! O texto recomendava que os eleitores não votassem em políticos que defendiam a legalização do aborto. MUITOS “PROGRESSISTAS” DAS REDAÇÕES ACHARAM QUE A APREENSÃO ESTAVA CERTA. AFINAL, AQUELA ERA A OPINIÃO ERRADA, E ELES SÓ DEFENDEM LIBERDADE DE EXPRESSÃO PARA AS PESSOAS QUE TÊM A OPINIÃO… CERTA!

Caminhando para o encerramento

Há um esforço conjugado de duas faces do oficialismo para destruir um político. Por que será que ele incomoda tanto? Nem com mandato está. Numa frente, a do chiqueiro, os porcões se espojam na lama, ESCANCARADAMENTE FINANCIADOS POR ESTATAIS. O dinheiro público está sendo usado para atingir um adversário do governo. É ataque a soldo mesmo, coisa de quadrilha. Putin, na Rússia, precisa descobrir essa tecnologia.

Na outra frente, essa mais higienizada, há coisas como a desse livro. Reitero: trata-se de uma mentira factual. O movimento na Internet — e sei porque, com milhares de leitores, os ecos começaram a chegar aqui bem cedo, via comentários; os próprios petistas o identificaram — criticando Dilma por causa de suas opiniões sobre o aborto nasceu praticamente junto com a sua candidatura. E os jornalistas que cobrem a eleição sabem disso. O tal indiano, que mal teve tempo de dar opiniões e foi logo dispensado, nunca teve nada a ver com isso. Tampouco a campanha de Serra na Intenet. ISSO, DE RESTO, DISTORCE UM FATO OBJETIVO: os católicos e evangélicos de mobilizaram contra a legalização do aborto. Não podem? Essa seria uma opinião errada?

A canalha petralha, esses porcos prestadores de serviço, e uma parte do jornalismo que tem sobre si mesma uma opinião generosa dão Serra como carta fora do baralho. Muito bem. Se é assim, por que essa sanha para destruí-lo? Qual foi o mal mesmo que ele fez ao Brasil?

É inacreditável! Vamos nos lembrar: um bunker, chefiado pelo “consultor” Fernando Pimentel, foi desbaratado quando montava um dossiê criminoso contra Serra. Como prêmio, o “consultor” e “companheiro de armas” ganhou um ministério. Depois, descobriu-se que outra súcia havia invadido o sigilo fiscal de dirigentes tucanos e de membros da família do candidato. Não obstante, os porcos reiteram no crime, financiados com dinheiro público, e Dilma, numa “biografia autorizada”, redigida por um assessor de campanha, acusa, sem provas e contra os fatos, o adversário de “disseminar o que havia de mais atrasado politicamente na campanha.”

Progressista é montar bunker de criminosos para fazer dossiê.
Progressista é invadir sigilo fiscal.
Progressista, enfim, é mentir.

“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.”

Reinaldo Azevedo

MIREM-SE NO EXEMPLO DAS RAIMUNDAS E MARIAS ATORMENTADAS PELO ABANDONO

Anunciando a chegada do final do 9º ano da Era da Mediocridade, o mês de dezembro teve um início igual aos outros onze que o antecederam e tudo indica que terá o mesmo desfecho.
Denúncias de superfaturamento em obras da Copa do Mundo, desperdício do dinheiro público em puxadões improvisados, a dor que não cessa da presidente e a queda de mais um ministro, o 16º em nove anos de governo petista.
Quinze por envolvimento em atos de corrupção e um por problemas psicológicos. Nessa mesmice indecorosa, dois fatos diferentes entre si, mas intimamente ligados, me chamaram a atenção.
Um pelo viés insólito. Outro pela dramaticidade implícita.


Recepcionados por Hugo Chavez, sob o patrocínio da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), reuniu-se em Caracas a fina flor da democracia imposta à América Latina e ao Caribe. Desfilaram sob os holofotes da imprensa capitalista a ser censurada democratas excêntricos da estirpe dos Castros, dos Morales, dos Correias, dos Ortegas, das Kirchners. Todos em torno do mesmo ideal: socializar os latinos e caribenhos e capitalizar os dividendos oferecidos pelo poder. Tanto os políticos como os econômicos.

Aquele ajuntamento de tiranetes decadentes, cada um embalando o sonho de ter seu país particular, uma imprensa companheira sensível às suas aspirações, a população submetida a circo e a oposição à bala, aprovou por unanimidade moção que celebra a hostilidade aos americanos do norte e vetou o ingresso dos Estados Unidos e do Canadá na entidade. Decididos a garantir que a injustiça não prospere em qualquer quadrante continental, negaram-se a abrigar no seio imaculado da CELAC os regimes autoritários instaurados nas duas nações e repudiaram com veemência o desrespeito aos direitos humanos sistêmico e a corrupção endêmica que assolam aquelas aquelas paragens. Em nome dos brasileiros que a elegeram, Dilma Rousseff assinou o documento final que ridiculariza nossa inteligência e desdenha da fome que consome os latinos-americanos e os caribenhos ao ameaçar com a expulsão os governos autoritários e antidemocráticos do Canadá e dos EUA. Representante de uma das democracias mais sólidas e evoluídas do planeta, coube ao presidente cubano Raul Castro o privilégio de ser um dos primeiros a chancelar a farsa.

Contrapondo-se à orgia democrática latino-caribenha, o Brasil tomava conhecimento de um drama que se desenrolava em algum lugar do Maranhão. Seus personagens principais, o apresentador de televisão Gugu Liberato e uma família de oito pessoas que sobrevivia em condições sub-humanas representada por Maria, a mãe, precocemente envelhecida pela miséria e Raimunda, a filha quase adolescente, cujo olhos tristes não ousavam encarar seu interlocutor, talvez com medo de que ele descobrisse alguma culpa que nunca fora sua ─ ou percebesse a vergonha que era sua mas que jamais produzira. Ambas, mãe e filha, envilecidas pelo abandono.

De repente, vi saltar ali na minha frente a realidade estampada nas pesquisas publicadas pelo IBGE e pela UNICEF. Os números frios das estatísticas ganhavam vida, rostos e nomes e revelavam, com todos os agravantes da degradação absoluta, a condição de precariedade extrema que assola uma parcela significativa da população brasileira. Morando com os sete filhos em um casebre de pau-a-pique coberto por folhas de palmeira e equilibrado em paredes esburacadas que ameaçavam ruir a qualquer momento, aquela brasileira valente sobrevive com o auxílio-doença de uma de suas meninas. Seu corpo alquebrado já não agüenta quebrar coco para prover o sustento. Sem rede de esgoto instalada e a fossa séptica saturada, até aquele domingo que as redimiu, ela e sua prole usavam a mata no fundo do quintal como banheiro e tinham no poço imundo ao lado da palhoça a única possibilidade de saciarem, ainda que com a água contaminada, a sede que as atormentavam e adoeciam.

Assim como elas, teimam em resistir a essa realidade devastadora centenas de milhares de Marias e Raimundas espalhadas por esse chão brasileiro. Sobrou somente a dignidade que as mantém íntegras e prontas para enfrentarem com a mesma coragem e resignação as adversidades que as martirizam, que as autoridades não veem e a propaganda oficial exclui. Desnecessário dizer que esse quadro desolador não é exclusividade só dos brasileiros.

Que a sensibilidade caudilhesca da CELAC mire-se no exemplo dessas mulheres. Apenas Marias e Raimundas. Se bolivianas, venezuelanas ou brasileiras, pouco importa. Todas produtos inteiros de uma sub-américa macabra, despedaçada por super ditadores e protagonizada por sub-presidentes. Sub-evos, sub-hugos, sub-dilmas.

Continuo a não chorar por ti América Latina e chorarei menos ainda depois de consumada na Venezuela essa aventura doidivana. Não és digna de sequer uma lágrima minha. Não enquanto deres guarida a caudilhos e ditadores. Meu pranto e meu lamento eu os dedico às Marias e Raimundas de todos os idiomas, de todos os sotaques, de todas as nacionalidades.

É pouco, quase nada, mas é o que me resta.

Mauro Pereira

OPOSIÇÃO: BUSCA-SE UM DISCURSO, DESESPERADAMENTE.

Perdido em uma briga interna entre o ex-governador de São Paulo, José Serra, e o senador Aécio Neves (MG), pré-candidatos à Presidência em 2014, o PSDB está deteriorando a relação com seus aliados e não apresenta propostas que o torne uma alternativa ao governo petista.

A avaliação é do ex-deputado federal Raul Jungmann (PPS), que foi ministro da Reforma Agrária do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), embora seu partido fizesse oposição aos tucanos na época.
Ele acredita que a oposição não mostra como solucionará os problemas da população.
Ao contrário, fica presa na "facilidade de denunciar" o governo, que perdeu seis ministros acusados de corrupção no primeiro ano da presidente Dilma Rousseff (PT).

Em entrevista ao Valor no sábado, quando o PPS aprovou lançando candidato próprio para presidente em 2014, Jungmann garante que a tática é infrutífera, como prova o mensalão.


Valor Econômico: O senhor diz que o PPS está perdido no "hiper antipetismo". Como isso tem afetado a oposição?

Raul Jungmann: O bloco comandado pelo PT e pelo [ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva] nos tornou dependentes - no sentido de contraponto - do discurso deles. Não temos ido além, não temos apresentado propostas à população. Depois de três disputas presidenciais, a polarização PT/PSDB entrou em um processo de fadiga para as forças que não encabeçam a oposição. Para nós, ela não tem levado a uma saída e começa a não ser mais sustentável.


Valor: Para o PPS ou para a oposição?

Jungmann: Se o Tribunal Superior Eleitoral entender que o PSD tem direito ao fundo partidário e tempo de televisão, haverá um movimento de para criar novos partidos e isso sangrará ainda mais os partidos da oposição que não representam o novo. Vamos sair do troca a troca no varejo para o troca a troca no atacado, o que ameaça o campo da oposição.


Valor: A queda de seis ministros não afetou a aprovação da presidente. A oposição falhou em explorar esses escândalos?

Jungmann: Ficou facílimo denunciar o governo do PT. Diria até que é impossível não denunciar. Mas ficou evidente, e o mensalão foi o exemplo máximo, que isso não basta. O denuncismo sensibiliza uma faixa da opinião pública, mas temos que entender que outra parte não quer saber disso. Com a evidente piora da economia, haverá um desembarque de aliados e segmentos sociais do governo e, se ficarmos presos a essa polaridade, a essas denúncias, perderemos a oportunidade de construir um novo rumo para o país.


Valor: O PPS apoiou o candidato do PSDB à Presidência em 2006 e 2010. O partido perdeu com essa aliança?

Jungmann: Deveríamos ter resistido e insistido no caminho próprio. Tivemos candidato em 1989 [Roberto Freire, quando o partido ainda era PCB], 1998 e 2002 [Ciro Gomes, hoje no PSB]. Tínhamos três deputados federais em 1988 e chegamos a 22 [em 2003]. Em todas estas disputas, crescemos em prestígio, mesmo sem sucesso eleitoral. O que nos reserva o PSDB hoje é uma espécie de quarto de despejo, um quartinho dos fundos.


Valor: Como assim?

Jungmann: Eles dizem: "olha, vocês ficam ai que nós tocamos efetivamente o lado de cá" [a oposição]. O PSDB tem tratado com desdém e desprezo o PPS. E quem está dizendo isso é o "bico longo" [em referência ao bico dos tucanos], que trabalhou por oito anos no governo FHC. O PSDB montou um comitê nacional com o DEM, para dividir os municípios e capitais em todo o país, e não chamou o PPS. Fomos excluídos.


Valor: Por isso a candidatura própria?

Jungmann: Sem deixar o campo da oposição e sem romper com o PSDB, queremos estar, de maneira diferente, em 2014. Hoje, não vejo no PSDB a unidade, a renovação, uma proposta para o país que nos dê esperança de retomar esse processo. O PSDB tem deteriorado a relação com os aliados continuamente, não só conosco, e isso é fruto do que ocorre dentro do partido, em que há uma disputa mortal entre os líderes dos dois maiores Estados do país [Serra e Aécio].


Valor: Em 2009, o partido quase aprovou a fusão com o PSDB. O que mudou? Foi a derrota do Serra?

Jungmann: A derrota do Serra conta, é claro. Mas também foi a decepção e frustração pela irresolução dos dilemas do PSDB. É um partido que não resolve sua divisão interna, que não se refaz, que não teve coragem de defender as próprias bandeiras. Há um cansaço com essa indefinição. Não significa deixar a aliança, mas o que começa a acontecer? O DEM está à procura do seu caminho [lançou o senador Demóstenes Torres, de Goiás, como candidato a presidente], o PPS também. E cada um vai tocar a sua vida.


Valor: O PPS não tem nomes fortes para 2014. Mesmo assim, o senhor acredita em vitória?

Jungmann: Digo que é muito difícil, mas precisamos preparar terreno para 2018. Dizem que somos muito pequenos, mas a [ex-senadora] Marina [Silva] teve 20 milhões de votos com o PV, que é menor do que nós. Não há uma ligação direta entre tamanho do partido e resultado.

Valor: Aliados da Marina se filiaram ao PPS. O nome desejado para 2014 é o dela?

Jungmann:
Prefiro não tocar no assunto, primeiro para não passar por cima da Marina. Entretanto, defendo que o PPS faça um congresso em 2013 para colocar o desenvolvimento sustentável no topo das suas preocupações. Isso é um movimento que a envolve, mas não faço nenhum cálculo.

DILMA DEVE SE RESPONSABILIZAR POR MINISTROS, DIZ FHC

Em entrevista à Radio 'Estadão ESPN', o ex-presidente falou sobre, governo federal, corrupção e eleições 2012
12 de dezembro de 2011

Notícia
Daiene Cardoso, da Agência Estado

Em entrevista à rádio Estadão ESPN, na manhã desta segunda-feira, 12, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou a presidente Dilma Rousseff à responsabilidade diante das denúncias contra ministros de seu governo. "Tem de haver um pouco mais de responsabilização", cobrou FHC. Para o ex-presidente, os ministros precisam deixar o cargo diante do surgimento de denúncias. "Tem suspeita? Tem de cair fora", recomendou.

Andre Lessa/AE - 12.12.2011

Ex-presidente durante entrevista à rádio, FHC disse que em seu governo não existia "tolerância" com irregularidades e que seus auxiliares eram obrigados a deixar o cargo ao serem confrontados com denúncias. "Eu nunca tive leniência ou tolerância", afirmou.
Na opinião do ex-presidente, hoje a responsabilidade é jogada sobre os partidos e a corrupção se tornou parte do jogo político. "Acho isso muito grave", comentou.

Durante entrevista de uma hora, Fernando Henrique disse que em seu primeiro ano de governo a presidente Dilma Rousseff carregou uma base "maior do que a necessária" para governar e a herança do governo Luiz Inácio Lula da Silva se transformou em "entulho".
"Ela levou o ano todo com o peso morto desse entulho. Ela tem de se livrar desse entulho", sugeriu.

Na avaliação do ex-presidente, se Dilma perder alguns partidos da base aliada, isso não comprometerá a governabilidade.
"A Dilma tem uma base maior que o necessário. Se ela dispensar um ou dois partidos, não acontece nada (na coalizão)", comentou. Mesmo evitando "dar conselhos" a Dilma, FHC acredita que a reforma ministerial prevista para o início de 2012 será a oportunidade de a presidente mostrar "coragem" e dar sua cara ao ministério."Acho que ela tem uma bela chance de atuar firmemente", disse.

Embora tenha cobrado firmeza de Dilma, o tucano culpou o sistema político clientelista pela corrupção no País. "Nossa cultura aceita transgressões", resumiu. Segundo ele, a frouxidão da cultura política brasileira só pode ser mudada com o tempo e com exemplos.
"É muito difícil mudar o sistema porque quem muda foi eleito pelo sistema", afirmou. Ainda que tenha sido rigoroso com as denúncias, FHC admitiu que possa ter ocorrido irregularidades em sua gestão. "Não vou dizer que não teve corrupção no meu governo, provavelmente sim", reconheceu.

FHC lembrou que o governo tucano deu prioridade a outras reformas, mas que ele não se dedicou pessoalmente à reforma política para não se tornar "refém dela". O ex-presidente disse ainda que será preciso que alguém enfrente os desafios de implementar uma reforma política. "Vai ser necessário que algum presidente tome como objetivo fazer a reforma política", disse.

FHC: mudança de tom?

Em entrevista à rádio Estadão ESPN, na manhã desta segunda-feira, 12, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou a presidente Dilma Rousseff à responsabilidade diante das denúncias contra ministros de seu governo. "Tem de haver um pouco mais de responsabilização", cobrou FHC. Para o ex-presidente, os ministros precisam deixar o cargo diante do surgimento de denúncias. "Tem suspeita? Tem de cair fora", recomendou.
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