"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 28 de julho de 2013

MUITO O QUE CONVERSAR

 



Dirceu: sempre ativo...
As conversas entre Lula e José Dirceu têm sido frequentes. A relação dos dois está afinada.

28 de julho de 2013
 Lauro Jardim

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Imagino... O que reservará o futuro ao partido e a estes dois personagens macabros?
O terror crescente do PT com a possibilidade da derrota nas eleições de 2014, a cada dia é maior.
Será a abertura da caixa preta de um governo, com a exposição de todas as mazelas e fraudes, que assombrará o Brasil. Conheceremos os personagens ocultos, que se movem nos bastidores, mascarados, quando se apresentam publicamente, mas na calada da bastilha, tramam contra a nação, contra o povo, contra a democracia.
m.americo
 

UMA BASE GASOSA

 

Votação na Câmara: a chance de derrota não para de cresce

Caiu o apoio à Dilma Rousseff na Câmara no primeiro semestre quando comparado ao mesmo período de 2011 e 2012.

De acordo com um levantamento inédito da Arko Advice, em 2011, com 39 votações analisadas, o apoio aos projetos de interesse do governo foi 54%. O índice caiu para 50% em 2012 (31 votações) e, agora, atingiu seu patamar mais baixo: 44%, em 53 votações.

O movimento coincide com o comportamento da bancada do PMDB no período: 64%, 55% e 44% de “sim” aos projetos de interesse de Dilma. Ou seja, de 2011 para 2013, o apoio do principal partido da aliança caiu quase vinte pontos percentuais.

Nos primeiros seis meses de 2011, Dilma sofreu apenas uma derrota na Câmara. No primeiro semestre de 2012, duas. Neste ano, já com a bancada sob a liderança de Eduardo Cunha, são oito.

28 de julho de 2013
Por Lauro Jardim

TUMORES SOCIAIS DO NOSSO TEMPO


Podem ter a mais absoluta certeza que a vadia da imagem vota no PT.
28 de julho de 2013
omascate

EXEMPLO...


 
 
28 de julho de 2013

DIZEM OS ANTIGOS QUE O DIABO NÃO FALA. SÓ AGE...



 
Tempo de contrastes. Dias de redescobertas. Assim vi a passagem de Francisco pelo Brasil.
Nada mais chocante ─ pelo impacto do contraste ─ do que ver Dilma, Evo e Cristina na missa de Copacabana. Nada falaram, o que merece nossos agradecimentos. Foi suficiente a visão da Viúva Eterna, do índio de araque e da surreal presidente que não assumiu ainda. Sem contar a presença de Sérgio Cabral, a salvo de manifestações,  preocupado apenas com o helicóptero (e com o Juquinha).
A presidente que temia pela segurança do Papa promoveu reuniões infindáveis com os responsáveis pelos aparatos de segurança.  A preocupação com o clima de insatisfação popular visível nas ruas foi estendida à visita de Francisco. Mais uma cortina de fumaça. Previsível como qualquer ação oriunda dos militontos do PT.
O Brasil ─ em especial o Rio de Janeiro ─ mostrou de modo insofismável contra quem é a revolta que explodiu nas ruas.
Não, presidente, não é contra tudo e todos! É contra o que você e seus asseclas representam. Duvida? Dê um passeio pela Avenida Presidente Vargas num carro com os vidros abertos. E reze para não ficar presa num engarrafamento.
A segurança oferecida era desnecessária. Um tal de “povo” sabe cuidar da segurança de quem admira. Sabe distinguir perfeitamente mensageiros de boas-novas de apóstatas que pregam a mentira.
Mais que a religião católica ou a fé de cada um, Francisco representou o retorno e resgate de alguém que fala a verdade. Não oculta nem reescreve uma história. Não encobre erros, não demoniza quem discorda, não diz  coisas incompreensíveis.
Isso Dilma jamais entenderá. Na entrevista à Folha de S. Paulo, ela insiste em descrever um país de fantasia, inventa números, quer ser inteligente (e soa somente vulgar).
De novo, senhora copresidente, faça um teste! Tente reunir mil pessoas em Copacabana para ouvir sua mensagem. Qualquer uma. Se entenderem, vão vaiar. Se não entenderem, vão viras as costas.
Ficarão somente os apaniguados, a gritar histericamente que Lula é o Senhor e Dilma a nova Senhora! (Eles berram qualquer coisa. Basta ter emprego, sanduíche de mortadela e tubaína).
Mais uma diferença. As pessoas que participaram dos eventos protagonizados pelo  papa Francisco estavam pagando ─ do próprio bolso ─ para lá estarem. Só como exercício matemático: para colocar 3 milhões numa praia qualquer do país, o PT gastaria módicos R$ 210.000.000,00 (a R$ 70,00 por cabeça, o preço de um “manifestante” pró-governo).
É caro, ainda mais sem o apoio da dupla José Dirceu e Marcos Valério.
Já vimos a redescoberta da força das ruas. Agora constatamos, entusiasmados, que podemos ouvir mensagens inteligentes (e inteligíveis) no Brasil real. Quase esquecemos que era possível.
Não é o caso de concordar ou não com o que Francisco disse nestes dias memoráveis. Trata-se de compreender que, mesmo discordando, não seremos demonizados.
Entre o papa Francisco e Dilma, numa estranha inversão, quem se preocupa mais com o capeta é ela.
Embora o papa tenha opositores, não se ouviu uma só comparação entre a fé que Francisco professa e outra qualquer. Na entrevista de Dilma à Folha, há um elogio (??) a Lula e cinco comparações com Fernando Henrique.
 
Francisco enxerga o futuro. E agradece o passado, no que ele pode dar de contribuição para hoje. Dilma dirige de olho no retrovisor. E amaldiçoa quem lhe permitiu ser o que é.
É um contraste. Mais um.
Dizem os antigos que o diabo não fala. Só age.
Dilma é ou não especialista no coisa-ruim? 
 
28 de julho de 2013
Reynaldo Rocha

UM LINDO MOMENTO....

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=HwyDfq5EozQ

Na sequência havíamos prometido contar uma história do apocalipse familiar. Preferimos ficar com o canto jovem e emocionante, o que faz bem a alma de todos nós, já que vivemos num país cujas mazelas sociais muito nos entristece. Sem nenhuma submissão à corrupção, caminhemos  firmes e fortes na certeza  de que, todo MAL não será para sempre.MOVCC
 
 
28 de julho de 2013
MOVCC

A "MORALIDADE ESTATAL" DA RÚSSIA E AS MENTIRAS DOS "NOVOS TRADICIONALISTAS"

                        
          Artigos - Globalismo 
duginO que a Rússia pode nos ensinar em matéria de moralidade? Durante todo o século XX, o país foi dominado pelo mais monstruoso, imoral e desumano sistema totalitário da história, capaz de superar, e muito, sua rival nazista.


Não deixa de ser cômico ver alguns ditos "tradicionalistas católicos" ou "conservadores" rendendo loas à atual Rússia do déspota elevado a "presidente" Vladmir Putin. A admiração que eles nutrem por este país tem uma motivação tacanha.
 
Coloco entre aspas esse "conservadorismo" porque lá tenho minhas dúvidas. A Rússia está vendendo a idéia de que é o bastião da "tradição" ao proibir paradas gays em Moscou ou quando eleva os valores da Igreja Ortodoxa.
 
Malgrado isso, agora surgiu, tanto na Europa, como na América Latina, um diminuto grupo sectário de "eurasianos" pró-Rússia, pró-Vladmir Putin, embebidos das idéias (ou serão pseudo-idéias?) do ideólogo Aleksandr Dugin (foto).
Se não bastassem a admiração pelos russos, idolatram também um "Oriente" idealizado, que seria o restaurador de uma ordem moral superior, de uma "sophia perenis", contra a decadência, o materialismo e o liberalismo do mundo ocidental. Alguns ditos "católicos" chegam a admirar até mesmo o islamismo mais terrorista!

Apesar de toda essa ladainha moralizante, prepotente e autoritária, na prática, porém, o que se vê nos ditos "tradicionalistas" pode ser qualquer coisa, menos algo tradicional.
Não escondo um sentimento de perplexidade em observar que a grande maioria jamais leu nada sobre a história da Rússia. Pelo contrário, tudo o que lêem a respeito é uma mistificação, tanto da Rússia, como do Oriente. A ideologia "eurasiana" de Dugin casa com o que há de mais grotesco e piorado na decadência do mundo ocidental sob alguma aparência de "tradição".
 
Na prática, não passa de um esoterismo vulgar de seita. Nesta doutrina, notamos os ares do fascismo, do nacional-bolchevismo, com pitadas delirantes de Julius Evola e muito haxixe a la René Guenón. Na pior das hipóteses, lembra as concepções ocultistas comuns aos movimentos nazi-fascistas e comunistas. Na prática, é uma revisão e atualização delas, sob uma máscara de "tradição".
Quase todo leitor que conheci de Guenón ou Evola parece nutrir uma admiração xucra ou rasteira por algum modelito totalitário pronto e acabado para a sociedade "decadente".
Sob a aparência de "espiritualidade" e de resgate cultural da civilização ocidental, vê-se o engodo despótico e a idolatria estatal, transformada em universo místico imanentista.
Ou na melhor das palavras, a traição da mensagem de Nosso Senhor, ao não separar César dos desígnios de Deus. "Sophia Perenis" é apenas um novo nome para a velha religião civil estatal de Rousseau. 
 
O objeto de ódio obsessivo de Aleksandr Dugin e seus asseclas é o Ocidente. Mas qual Ocidente? Apenas o "decadente" Ocidente democrático e liberal? Naturalmente que não. Isso inclui também as elevadas tradições espirituais e intelectuais provindas da filosofia grega, da tradição judaico-cristã autêntica e da própria fé católica. Em suma, os charlatães eurasianos travestidos de "católicos" idealizam a destruição da Sé Romana, em troca da igrejinha estatal stalinista e eslavófila. 
 
Porém, o que a Rússia pode nos ensinar em matéria de moralidade? Durante todo o século XX, o país foi dominado pelo mais monstruoso, imoral e desumano sistema totalitário da história, capaz de superar, e muito, sua rival nazista. Foi também o Estado russo que massacrou dezenas de milhões de seus concidadãos, além de espalhar toda sorte de mazelas morais, intelectuais e éticas no ocidente.
É muito fácil apontar o dedo contra a causa homossexual, quando foi a Rússia sua maior difusora, através das ações da KGB entre os intelectuais e meios culturais ocidentais.
O tal oriente russo provoca a decadência moral do ocidente e depois vem como o quebra-gelo de salvador da civilização? Foi diferente quando a Rússia soviética de Stálin promoveu Hitler até a invasão alemã de 1941? Quem é que não sabe que a KGB apoiou tudo que é movimento politicamente correto no mundo ocidental, para enfraquecê-lo moralmente na disputa da Guerra Fria? Pacifismo, gayzismo, relativismo moral, multiculturalismo racista. Tudo isso é, em grande parte, produto desta reles prostituta chamada "Mãe Rússia". 
 
O que é a Rússia atual, depois de 80 anos de ditadura comunista? Uma sociedade corrupta, dominada pelo crime organizado, infestada de mais completo materialismo. A corrupção moral, longe de ser um acidente, já se tornou parte da vida cotidiana do povo russo.
Muita coisa na Rússia não funciona sem propina. Sem contar o alcoolismo, a desestrutura familiar, o aborto e a prostituição, já que muitos homens do Ocidente procuram as mulheres russas para turismo sexual. A censura e o assassinato de jornalistas dissidentes correm à solta. O Estado soviético tirou praticamente tudo do homem russo, inclusive sua consciência moral ou o que restava dela. E agora joga a culpa no Ocidente. 
 
A Rússia teve quase um século de misérias, tiranias e depravações e agora o povo se sente incapacitado de viver em condições normais de moralidade. Os "católicos" de araque agora acham que a Rússia é um pouquinho mais moralista porque coloca gays na cadeia?  
O Estado soviético fazia a mesma coisa e não se presume que Lênin ou Stálin sejam exemplos de santidade cristã.
Crer na santidade da Rússia é o mesmo que achar que a cafetina vai moralizar o convento ou o seminário de padres. Com certeza a Rússia não vai salvar a "sophia perenis" na civilização! Na verdade, conseguiu, como nunca, bestializar uma boa parte do mundo. 
 
Curiosamente, esses "católicos" morrem de amores por uma Igreja cismática e estatal, como é o caso da Igreja Russa. No fundo, nutrem uma profunda hostilidade à Sé Romana, acusada de "modernista" ou de ter sucumbido ao mundo secular. Provavelmente sonham com uma igrejinha particular sem papa.
Entretanto, quem é que leva a sério essa instituição chamada "Igreja Ortodoxa", quando ela é comandada pela atual polícia política do Estado russo, a FSB? Lembro-me dos relatos do jornalista gaúcho Orlando Loureiro, lá por volta dos anos 50, quando entrava numa dessas igrejas e se deparava com um retrato de Stálin substituindo os ícones dos santos.
A pregação da homília era marxismo-leninismo em estado puro, com elogios rasgados ao tiranete da Geórgia. Não duvidaria que essa "nova" igreja ortodoxa qualquer dia colocasse os ícones sagrados de “São Vladmir Putin” e “São Aleksandr Dugin”. Na Igreja estatal, ou melhor, quando as palavras de Cristo são retorcidas, os principados e potestades do mal prevalecem. As portas do inferno prevalecem. Claro que a Igreja Ortodoxa Russa não é a Igreja de Cristo! O diabo tomou conta dela faz tempo!
 
Espantosa é a mitificação idolátrica pelo Oriente, representado pelo Islã e pela China. Por que será que os famigerados "tradicionalistas" admiram o Oriente? O que o Oriente tem para nos ensinar? É a tal "sophia perenis", conceito gnóstico roubado das obras de Guenón? Ainda me pergunto o que um país tão xenófobo, racista, autocrático e genocida como a China tem para ensinar ao Ocidente, já que é a nação, por excelência, da violação dos direitos humanos? Na gloriosa China "mística", crianças do sexo feminino são abandonadas à fome e à morte, tal como os pagãos da Roma Antiga faziam com seus filhos. Os chineses não concebem o indivíduo como tal. Na verdade, o elemento onipotente é o ogro finantrópico da coletividade ou do Estado.
 
E o que podemos buscar na Índia? Certa vez um hare krishna idiota veio atacar meu blog, querendo provar as maravilhas daquele país, afirmando que eram superiores à cultura ocidental e cristã. De forma abertamente desonesta, ele escondia as mazelas da Índia, dando por acidentais o que eram regras naquele país. Aliás, esse é o jogo dos "tradicionalistas" atuais.
Inventar uma caricatura do Ocidente decadente, quando na prática, idealizam uma sociedade oriental que não existe na prática, ou que é mais decadente ainda. Todavia, esconder as mazelas da Índia é um serviço hercúleo demais para um reles mentiroso apegado às suas crendices supersticiosas.
 
A Índia maravilhosa dos hare krishnas e das novelas da Rede Globo é aquela em que uma vaca tem tratamento melhor do que um ser humano e onde milhões de pessoas tomam banho num rio poluído e dito "sagrado", onde se jogam merda e cadáveres. Há seitas hindus fanáticas que comem até corpos humanos em estado de putrefação, em adoração ao deus Shiva.
A Índia maravilhosa é um país onde as mulheres ocidentais podem ser estupradas na rua e onde era costume queimar vivas as viúvas, para que acompanhassem seus maridos mortos. A Índia é também a nação da perversa sociedade de castas, do animismo, da superstição e do fanatismo em todas as suas formas mais bizarras. Com certeza não é a antiguidade da cultura védica que vai tornar a Índia mais legítima nas suas tradições! 
 
E agora há gente admiradora do islamismo no meio "conservador". Aquele mesmo islamismo que um dia destruiu a Cristandade do norte da África, invadiu a Espanha, assolou a Europa e o Mediterrâneo. E esse mesmo islamismo que um dia sonha em ser um império mundial, sob o cadáver dos cristãos da atualidade. Talvez os ditos cristãos eurasianos sonhem com burkas, na falta do piedoso véu tridentino.
É mais ofensivo a essa gente estúpida uma mulher mostrar os ombros do que os terroristas islâmicos estuprarem, degolarem ou explodirem pessoas inocentes. Tal é o estado a inversão psicológica e moral desse povo. 
 
Mas não custa nada observar um mero detalhe: a idolatria do Estado como entidade moral superior na sociedade é uma das maiores perversões psicológicas destes grupelhos. Não é curioso que este pessoal creia piamente que o Estado deva ditar para nós o que escolher? Uma característica óbvia de uma sociedade moralmente saudável é quando as pessoas cumprem esse código ético de valores sob o mínimo de coerção.
 
A ética autêntica é aquela internalizada na atitude consciente e na voluntariedade. O "conservador" eurasiano não pensa na ética em termos de ação individual e consciente, motivada pela busca voluntária do bem e orientada pela prudência e justa reta razão. "Ética", para ele, é tão somente obedecer cegamente um Estado iluminado, elevado como um bem por si mesmo. O "bem", por assim dizer, é aquilo que o Estado é ou determina.
Ainda que justifiquem suas canalhices em nome da "tradição" ou do ódio à modernidade, na prática, porém, são genuinamente modernos, no mesmo sentido de que qualquer sistema perfeitamente totalitário é. 
 
A doutrina eurasiana não passa de um irracionalismo extremo disfarçado de "tradição". Como uma ideologia parasitária, ela mesma é a negação da tradição. E como toda ideologia totalitária, promete tão somente a destruição, em nome de um mundo ideal, hipotético e futurista, usurpando a linguagem e os valores do bem comum.
 
28 de julho de 2013
Leonardo Bruno  

BLOG DA DILMA OFENDE OS NEGROS, A LÓGICA, A VERDADE E ATÉ A LÍNGUA PORTUGUESA

                     
          Artigos - Governo do PT 
blogdadilmaComeço literalmente pelo título: creio que deva ser uma forma de erudição às avessas os petistas degolarem nossa linda porém tão maltratada língua portuguesa, algo assim como uma espécie de código tácito de afirmação de identidade de grupo: mais petista é aquele que mais fala e escreve errado.
Pois assim o Blog da Dilma publicou outra de suas indecorosas matérias: "Joaquim Barbosa não desrespeitou Dilma: foi todo o país". Confesso que demorei a compreender o que o autor, Rodrigo Penna, queria dizer: até terminar de ler seu texto eu ainda pensava que foi todo o país que desrespeitou Dilma!
E este negócio de "presidenta", afe, já encheu o saco!

A matéria acima se refere a um famoso
 vídeo em que se alega que o Sr. Ministro do STF teria se negado deliberadamente a cumprimentar a presidente Dilma Rousseff.
Ora, a postura de Joaquim Barbosa atendeu formalmente ao que prescreve o protocolo. Naquela ocasião, os cumprimentos eram para a autoridade visitante. Apenas se a própria Dilma Rousseff lhe estendesse a mão, aí sim, por ela ser mulher, ele acederia ao cumprimento.
Em 2011, rodou pela internet um vídeo que mostrava uma situação exatamente inversa: bispos alemães estariam se negando a cumprimentar o Papa. A verdade, porém, é que o Papa estava apresentando os bispos ao presidente da Alemanha, e sua mão estendida era um gesto de introdução de cada um dos bispos à autoridade visitante, que em linha, cumprimentava um a um.
Claramente, tratou-se de um ato difamatório contra o Papa Bento XVI, que foi desmoralizado tão logo a assessoria do Vaticano desmentiu a intriga apenas com a serena explicação de como se processa o ritual. 
Quem feriu o protocolo, sim, foi a presidente Dilma Rousseff, ao aproveitar-se de uma aparição pública em que se veria de frente a um grande público sem correr o risco de ser vaiada para fazer um discurso de palanque nonsense, quando deveria resumir-se a dar as boas vindas ao Papa e aos peregrinos estrangeiros.
Ademais, ninguém entendeu porque foi inserida no seu artigo uma foto de um negro escravo sendo açoitado. Que relação houve com o fato? O máximo que consigo depreender disto é que Joaquim Barbosa seria um "nego fujão", eis que foi colocado no STF para atender aos interesses do PT e surpreendeu a petralhada com seu desempenho no julgamento do mensalão. 
Eu mesmo não lhe atribuo tanto créditos assim. Se os mensaleiros foram condenados, foi por terem pago a diversos deputados para votar em projetos de lei do interesse do PT, ao passo que ele, assim como os demais ministros do STF, fizeram ainda pior, ao legislarem judicialmente, inconstitucionalmente - e graciosamente - os mesmos assuntos. Portanto, o crime foi pagar, e não fazer de graça.
No entanto, neste caso, dou-lhe razão, até mesmo porque, enfim, guardadas as proporções, o que fez pelo Brasil - com a extrema carência de bons homens públicos - foi algo realmente histórico, e ademais, como se demonstra pela insidiosa postagem do Blog da Dilma fez, ao associar o acontecido com outras supostas - e às vezes duvidáveis situações desabonadores que teriam sido cometidas pelo Sr. Joaquim Barbosa - o PT anda ávido por detratar-lhe a honra precisamente por aquilo que ele tem de bom.
Muitas pessoas têm declarado que registraram queixa no site da Polícia Federal. Eu não o farei, porque repudio uma tal lei que criminalize o direito de expressão, tal qual é a que enquadra a chamada "injúria racial". Considero que há uma diferença enorme entre o que merece a reprimenda moral e o que deve ser considerado delito.
A lei que incrimina os cidadãos por injúria racial tem como fundamento a hegemonia de poder sob o conceito de guerra assimétrica, isto é, a possibilidade de um dos lados de praticar contra seus alvos as mesmas iniqüidades que a estes se exige que não pratiquem contra ninguém. Os petistas e seus sequazes têm abusado tanto de tais auto-atribuídas prerrogativas que nem sequer se dão ao trabalho de serem um pouco mais discretos.
Lembro aqui, caros leitores, só de vista grossa, que o Sr. Lula já chamou os gaúchos de “veados”, assim como, ora ora, a própria musa do movimento gayzista, a Sra. Marta Suplicy, também não economizou a detratar de maneira chula seu rival, Gilberto Kassab, por sua suposta orientação sexual. Agora, temos mais o exemplo do blog da Dilma. E não pensem, caros leitores, que tais artimanhas se resumem ao Brasil: nos EUA, nem a então Secretária de Estado Condolezza Rice escapou dos democratas, que, tão dedicados a defenderem os direitos dos negros, chegaram ao cúmulo de publicar charges comparando-a a uma macaca.
Prudência, recato e severidade seriam esperáveis dos editores do Blog da Dilma, ao invés de dedicarem à intriga e à fofoquinha mais ralé, não propriamente em honra à pessoa da Sra. Dilma Rousseff, já bem famosa por seus modos toscos, mas pelo menos em respeito à gravidade do cargo que ela ocupa.
28 de julho de 2013
Klauber Cristofen Pires
 

HANNAH ARENDT


          Artigos - Cultura        

Hannah Arendt não percebeu que o único antídoto contra o totalitarismo é o retorno ao direito natural. Ou seja: o fim do Estado moderno como ele é. Não estamos livres dessas forças. O Estado atual torna-se mais e mais policialesco e um homem diante dele nada vale.
 
O filme de Margarethe Trotta sobre Hannah Arendt é sublime. Um relato conciso e fiel da vida da filósofa, centrado no caso Eichmann. A atriz que vive Arendt é ótima. A narrativa é muito boa, não cansa. Mas o espetacular é dizer que Hannah quis fazer a reportagem/livro. A obsessão de Arendt é a minha: explicar o mal. Tenho colocado minhas energias inteiras nisso, tanto ao grande mal quanto àqueles do cotidiano. Não é possível falar do mal sem falar das grandes guerras, do nazismo e do comunismo. Ali forças cósmicas interagiram para maximizar a morte.
 
É especialmente sensível em Hannah Arendt sua visão de que o mal está tanto do lado dos opressores como das vítimas. Sofreu calúnias por isso. Não obstante a genialidade de Hannah Arendt, ela falhou ao explicar a origem do mal. E, pior, perdeu-se na proposição de como preveni-lo. Sua ideia dos direitos humanos como meio de prevenção é romântica e errada. E fraca.
Vemos hoje esses direitos serem transformados em opressão. Na verdade, a ideia de direitos humanos fundada no jus-naturalismo é parte do problema. Está na gênese do mal político. O mal é o Estado moderno. Não podemos compreender nem o nazismo e nem o comunismo sem que estudemos a verdade histórica. Ambos filhos do esteticismo alemão. O esteticismo alemão, por sua vez, é filho da Reforma e das ideias neoplatônicas do Renascimento.
 
A emergência do Estado nacional se dá aí. O poder de Estado foi separado de sua fonte transcendente e compreendido como amoral. O desvalor da vida humana acontece nesse instante. O novo Estado fundou o novo direito abstrato moderno, em suas variações. O jus-naturalismo foi precursor do positivismo jurídico radical. No nazismo e no comunismo o poder Executivo se confunde com o Legislativo. Tanto Hitler como Stalin avocaram a si a Vontade Geral. Legislaram. Claro, legislaram movidos pela visão demoníaca de que estavam possuídos. A morte era o objetivo único, o resto era meio. O mal absoluto
 
A inspiração primeira de toda a tragédia está na obra de Goethe. Penso que, com ironia, a diretora pôs um personagem que fala do pai que o cita. Citação de Mefisto: "Sangue é um extrato muito especial". É só isso que Satã sempre quis, massacrar os homens, e no século XX conseguiu. Nisso Hannah Arendt estava certa, em responsabilizar todos. Vemos que os generais nazistas e comunistas mandaram seus povos à morte. Impiedosamente. E o fizeram porque tanto fazia quem seria tornado defunto. O livro de Jonathan Littell (AS BENEVOLENTES) é espetacular sobre isso.

Hannah Arendt não percebeu que o único antídoto contra o totalitarismo é o retorno ao direito natural. Ou seja: o fim do Estado moderno como ele é. Não estamos livres dessas forças. O Estado atual torna-se mais e mais policialesco e um homem diante dele nada vale. A impiedade amoral de Eichmann eu vejo todo dia em policiais, fiscais da Receita e no Judiciário.
O homem é apenas um cliente de suas taras. Uma narração da psicologia dessas gentes tomadas pelo instinto de morte pode ser vista no livro TEMPESTADE DE AÇO, de Ernst Jünger.
Este autor foi combatente alemão na I e II Guerra Mundial. Matar e morrer para os fanáticos do front era a mesma coisa.
 Morria-se dos dois lados da trincheira. Aterrador saber que, de uma hora para outra, forças podem ser liberadas para a matança, em larga escala. Com a tecnologia atual, muito eficiente. Os mesmo elementos que aturaram antes atuam agora.
Governantes amorais, satanistas ou, no mínimo, ateus, movem os cordéis. Zumbis de Satã. De novo está tudo pronto para uma Shoah, a grande calamidade, em larga escala. E não apenas judeus serão queimados. Destruição em massa. É preciso ver o filme e tentar, no mínimo, entender o legado da grande Hannah Arendt. Para mim uma heroína.
 
28 de julho de 2013
Nivaldo Cordeiro  

PARA QUEM ERAM AS ARMAS CUBANAS CONFISCADAS NO PANAMÁ?

                     
          Notícias Faltantes - Comunismo 
Havana foi flagrada com as mãos na massa e terá de contar com as cortinas de fumaça que os do Foro de São Paulo e os ativistas da ALBA lançarão para enredar as coisas na OEA e na ONU. 

O escândalo das armas russas clandestinas embarcadas por Cuba em um navio da Coréia do Norte que pretendia cruzar o Canal do Panamá antes de ser paralisado e inquirido no porto de Manzanillo pelas autoridades do Panamá, está evoluindo de maneira muito estranha. Uma semana depois do começo da inspeção do Chong Chon Gang e da descoberta dos primeiros oito containers carregados de material bélico, certa imprensa, em vez de investigar os pontos mais obscuros desse tráfico de armas, está tratando de desviar a atenção para aspectos secundários, quando não ridículos.
 
Após ler o que escreveu ontem, por exemplo, La Prensa, do Panamá, não resta dúvida acerca dessa intenção. Esse diário conta-nos que o problema não é o que fez Havana, senão o que fez o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli. Essa publicação assegura que “a presença e participação ativa do presidente, Ricardo Martinelli, no processo”, é um problema. Que o mandatário panamenho“ não só participou da apreensão [do navio], senão que publicou constantemente fotos e detalhes do procedimento em sua conta da rede social Twitter”.

Martinelli é, pois, culpado por ter alertado o mundo sobre o que o Panamá havia descoberto. Entretanto, ao fazer isso, Martinelli cumpriu com seu dever constitucional de velar pela segurança do seu país. Esse navio que levava não só dois aviões de combate russos MIG-21 desmontados mas em perfeito estado, um avião para recarregar combustível no ar, uma base de mísseis terra-ar, uma antena de radar com sua plataforma, e dois veículos para rebocar radares, levava também dois tanques repletos de gasolina especial para aviões e mais de 10.000 toneladas de açúcar, matéria esta que é um poderoso carburante.
Em outras palavras, o navio coreano, que levava tudo isso em containers deteriorados, não só estava violando a legislação internacional, como era uma “bomba ambulante”, como indicou um ministro panamenho: em condições de intenso calor, esse combustível poderia ter explodido e inflamado as toneladas de açúcar causando um enorme desastre no Canal.

Muitos observadores no Panamá e no estrangeiro se perguntam, por outro lado, para onde iam realmente e quem eram os verdadeiros destinatários dessas armas pesadas, ponto que é, realmente, o principal deste affaire. La Prensa sem responder a isso assegura que o problema é o protagonismo do presidente Martinelli, e não os cubanos nem os coreanos do norte envolvidos nesse tráfico.
É legítimo supor, pois, que ante as explicações incríveis de Havana - de que os aviões e mísseis eram armas “obsoletas” que a Coréia do Norte ia reparar -, a ditadura cubana está exigindo de seus agentes de influência, no Panamá e no continente americano, fazer o que for necessário para desviar a atenção e adormecer a comunidade internacional para que este assunto não revele seus segredos, não chegue ao Conselho de Segurança da ONU e Cuba ou Coréia do Norte possam, finalmente, recuperar o navio e seu carregamento.
 
Essas armas - os dois MIG-21 haviam sido usados recentemente, segundo os experts -, haviam sido enterradas debaixo de 220.000 sacos de açúcar para burlar a vigilância dos aduaneiros do Panamá e quem sabe de que outros países. Quem ia recebê-las e onde? Ninguém sabe nada. O que sabe-se, sim, é que sete outros navios da Coréia do Norte fizeram viagens a Cuba nos últimos quatro anos, com itinerários parecidos ao do Chong Chon Gang, segundo as autoridades panamenhas e o Instituto de Investigação para a Paz Internacional de Estocolmo.
Em princípio, esses navios transportaram açúcar. Entretanto, segundo Hugh Griffiths, um expert em tráfico marítimo de armas, consultado pelo Washington Post, existe a possibilidade de que esses navios tenham podido evadir os controles do Panamá e outros países como o Chong Chon Gang queria fazer. O mais interessante é que esse navio, em junho passado, voltou a cruzar o canal e enquanto navegava no Caribe apagou seu dispositivo de localização e não sabe-se em quais portos de Cuba esteve.

A indiferença com que as autoridades e a imprensa da Colômbia olham este assunto é preocupante.
 
O ex-presidente Álvaro Uribe afirmou que havia recebido informação de uma fonte séria, no sentido de que essas armas, ou uma parte, estavam destinadas às FARC. Diante disso, o Governo de Juan Manuel Santos e a imprensa em geral guardaram silêncio, como se a coisa fosse totalmente impensável. Mas não é.

Cada vez que as FARC aceitam falar de paz com o governo colombiano, elas tratam de reforçar seus arsenais e acrescentam sua atividade criminal. Desta vez não fez uma exceção.
 
Pelo contrário, enquanto peroram e especulam em Havana sobre a paz eventual e futura, estão se rearmando, com ajuda de Cuba, Venezuela e Equador (último país por onde entram na Colômbia enorme quantidade de explosivos) e conseguindo re-dimensionar suas estruturas políticas.
Seu comitê internacional está, segundo fontes colombianas, mais forte do que nunca e as organizações “populares”, dirigidas por tarimbados milicianos, operam agora sem dificuldade.
O tumulto e ocupação da estratégica região do Catatumbo, ainda não desativada pelas autoridades, é o melhor exemplo dessa ofensiva. Isso explica o atual descaramento das FARC que acabam de propor aos camponeses do Catatumbo dotá-los de armas e de “combatentes” nessa “luta”, o que escandalizou um membro dos que dialogam com eles em Cuba. O Governo, em todo caso, engoliu esse sapo e continua nos diálogos como nada estivesse ocorrendo.
 
Não é a primeira vez que Cuba exporta armas clandestinamente para promover a chamada “revolução”, nem a primeira vez que envia seus aviões MIG-21 em navios para outros países, como fez durante as guerras na Etiópia (1978) e em Angola (1987). Logo veremos como termina este novo episódio em que Havana foi flagrada com as mãos na massa. Cuba terá de contar com as cortinas de fumaça que os do Foro de São Paulo e os ativistas da ALBA lançarão para enredar as coisas na OEA e na ONU. A Colômbia deveria se envolver na investigação, pois sua segurança nacional está em jogo.
 
28 de julho de 2013

Foi precisamente nessa conjuntura de alta tensão, mas também de alto entendimento entre Bogotá e a chefatura das FARC, que estourou o escândalo do navio da Coréia do Norte carregado com material bélico cubano que pretendia passar para o Oceano Pacífico. Foi só uma casualidade?
Alguém pode razoavelmente desmerecer a possibilidade de que esses oito containers, cujas séries de registro haviam sido apagadas para impossibilitar a descoberta posterior de sua origem, iam ser descarregados clandestinamente em algum lugar do litoral colombiano ou equatoriano? Não é senão que o navio da Coréia do Norte apague seu dispositivo de localização e sua localização por radar é quase impossível.
 
As FARC há anos fazem esforços enormes para se dotar de mísseis terra-ar para derrubar os aviões e helicópteros militares da Colômbia. Adquiriram alguns de baixo calibre que não funcionaram, por sorte. Porém, não renunciaram a isso.
O contrabando que o navio carregado trazia de Cuba, faz pensar nesses delírios. E em algo muito mais audacioso, à altura do momento “histórico” que elas dizem viver: um par de aviões de combate, com combustível e tudo, desenhados para ataques em solo e suscetíveis de decolar e aterrissar em pistas médias, como é o caso dos MIG-21, teria dado, em poucos dias, um novo caráter à ameaça que as FARC representam para a Colômbia.
É isso que está por trás do episódio - aparente - de umas armas “imprestáveis” que Cuba enviava a Pyongyang? 

Eduardo Mackenzie
Tradução: Graça Salgueiro

TURISMO LITERÁRIO SE DEMOCRATIZA


Há dois dias, comentei o tal de Dia do Escritor, data tão vazia que passou despercebida. O personagem já foi em prosa e verso louvado ... pelos próprios escritores, é claro. Hoje, só chama a atenção de alguns gatos pingados. Pois o escritor, antes tido como uma espécie de farol da humanidade, vendeu-se, prostituiu-se, vulgarizou-se. Y a las pruebas me remito.

Há seis anos, uma dúzia e meia de malandros desejosos de conhecer o mundo a custas do Estado, reuniu-se em um projeto intitulado Amores Expressos, elaborou um ambicioso plano de turismo e tentou passar a conta ao contribuinte. Na ocasião, comentei a maracutaia na crônica que segue abaixo.

Dia seguinte, de Rodrigo Teixeira, o mentor das prostitutas, recebi o mail abaixo. Transcrevo, como recebi, com o português ilibado do condutor de escritores:

- Para seu conhecimento, quem está pagando pela estadia dos autores sou eu Rodrigo Teixeira. para seu conhecimento investi dinheiro meu e não publico e nem menos captado via leis de incentivo em um filme que está dando o que falar pelo seu resultado artistico e qualidade chamado Cheiro do Ralo, eu invisto em cultura, do meu bolso eu me arrisco e não consigo entender as suas acusações, leia a matéria da Folha de sabado, e quer saber projeto malandro (onde?) não existe aprovação, enfiando as mãos em dinheiro publico onde? prove que faço mau uso ou que no momento estou fazendo.

Um desmemoriado, o Rodrigo. Na Folha de São Paulo do sábado anterior, lá estava:

"O projeto, idealizado pelo produtor Rodrigo Teixeira e pelo escritor João Paulo Cuenca, tem um custo total de R$ 1,2 milhão e pleiteia verba de renúncia fiscal. Por enquanto, o processo ainda está em tramitação no Ministério da Cultura. Se a grana de incentivo não rolar, Teixeira diz que pagará do próprio bolso as viagens dos autores".

Seis anos depois, a maracutaia volta às manchetes. Leio na Folha de hoje:

Amor por encomenda

"Nem tanto amor, nem tão expresso. Mesmo com problemas, o projeto literário Amores Expressos, que levou há seis anos 17 escritores brasileiros a 17 cidades do mundo para que escrevessem histórias de amor, ainda rende rebentos. E uma "DR": obra de encomenda é arte menor?

"Mais dois livros da coleção acabam de chegar às livrarias: "Ithaca Road", de Paulo Scott, e "Digam a Satã que o Recado Foi Entendido", do colunista da Folha Daniel Pellizzari. O próximo, "Barreira", de Amilcar Bettega, será lançado no começo de agosto. Com esses, a série chega a dez livros publicados pela Companhia das Letras, editora oficial do projeto. Dos sete restantes, um foi recusado pela Companhia e saiu pela Rocco; outro, também recusado, está em negociação com outras editoras; e cinco estão sendo reescritos ou revisados, sem previsão de lançamento. (...) A possibilidade de financiamento público despertou a ira de escritores e blogueiros, que criticaram ainda a temática e o critério de escolha dos autores, que teria privilegiado amigos de Teixeira e do escritor João Paulo Cuenca, também idealizador da série”.

O problema parece ter sido o pequeno número de eleitos. Fosse o projeto mais abrangente, seria defendido com unhas e dentes pela guilda. Não é justo que apenas uma dúzia e meia de amigos do Rei saiam a gozar as delícias deste vasto mundo, quando todos delas querem usufruir.

O generoso mecenas não conseguiu enfiar a mão no bolso dos contribuintes. Pelo menos por enquanto. “Com a polêmica, Teixeira desistiu das leis de incentivo e, com dois sócios, financiou o projeto, reduzido a R$ 560 mil”.

Do que – permita—me o mecenas – muito duvido. Ninguém tira do bolso 560 mil para investir em um delírio fadado ao fracasso. Só louco rasga dinheiro e o benemérito incentivador das Letras de louco nada parece ter. De qualquer forma, Rodrigo ainda tem chances. Em troca, teria o direito de adaptar os romances para o cinema. Teríamos uma bela safra no glorioso cinema nacional, nada menos que 17 filmes.

Rodados a partir de histórias sem nexo de escritores desconhecidos. Mas algum leitor viu cineasta investir dinheiro próprio no cinema? Isto não existe no Brasil. Desta vez, lei Rouanet na certa. Se você, leitor, foi poupado em 2006, caso o projeto chegue a seus fins, agora você marcha, inexoravelmente.

Encomenda travou escritores da coleção – diz a Folha em manchete. “O tema fechado inibiu a imaginação e atrasou conclusão das histórias, dizem autores do projeto Amores Expressos (...) Crises de inspiração, acúmulo de trabalho e dificuldade em lidar com o tema da série partiram o coração de muitos escritores do projeto”.

O redator está sendo gentil. O projeto não era literário, mas turístico. É preciso ser estrangeiro ao mundo das Letras para imaginar que basta enviar um escrevinhador para um país que não conhece e cuja língua nem entende, para daí produzir um romance.

Reinaldo Moraes, que foi fazer turismo na Cidade do México no final de 2007, voltou de mãos vazias. "Esse negócio de livro de encomenda não deu certo para mim. Queria fazer um thriller simples, mas me enrolei com a genealogia do protagonista. Já estava com umas 200 páginas escritas e ele ainda não tinha chegado ao México."

Idem Lourenço Mutarelli. Concluiu seu livro sobre Nova York no começo de 2009, mas a Companhia das Letras – cúmplice da maracutaia - fez uma série de restrições. "Mas o romance era muito ruim mesmo, acabei concordado com eles", diz.

Antonio Prata – que em 2002 viu um Potosí a céu aberto no bolso do contribuinte e pedia ao governo uma carteirinha de escritor – também deu com os burros n’água. Suas vilegiaturas em Xangai deram em nada. "A dificuldade é uma questão inerente à escrita. A produção de um romance é sempre difícil, demorada, independentemente de ser encomenda ou não", argumenta.

Antonia Pellegrino foi para Bombaim em setembro de 2007. Nada feito. Adriana Lisboa foi contemplada com Paris, a pérola da coroa. Mas deparou-se com uma "questão estrutural quase insolúvel". O romance seria inspirado em uma história real, e a escritora não sabe se deixa isso explícito logo no início do livro ou não.

O turismo literário está se democratizando. Se antes era privilégio da universidade, agora se estende a escritores. Não bastasse já viverem de favores do Estado, exigem agora viagens a países distantes. Se voltam de mãos abanando, tanto faz como tanto fez. Ninguém vai cobrar mesmo.


28 de julho de 2013
janer cristaldo
 

CORRUPÇÃO NO MUNDO DAS LETRAS


Está dando o que falar o último caso de corrupção no mundo das letras. Digo o último porque está longe de ser o primeiro. Trata-se do Amores Expressos, projeto malandro de um tal de Rodrigo Teixeira, que pretende enviar dezesseis escritores para dezesseis cidades do mundo, entre elas Paris, Berlim, Roma, Nova York, Tóquio, São Petersburgo, Praga e outras que tais. Dessas cidades, os escritores devem trazer uma história de amor. Quem pagará a conta? Claro que não serão os escritores. O projeto buscará os subsídios da famigerada lei Rouanet, que já serviu para financiar até mesmo a apresentação no Brasil de uma companhia milionária, o Cirque du Soleil. O leitor já deve estar intuindo: no fundo quem pagará o turismo privilegiado dos meninos serei eu.

Exato, meu caro. Aparentemente, você não paga nada. O que financia os jovens literatos é a chamada renúncia fiscal, parcela da tributação que a Receita perdoa aos grandes contribuintes desde que sejam aplicadas nessa palavra mágica e elástica, a "cultura", que significa tanto Julio Iglesias como Xuxa ou Gilberto Gil. Ora, a corda sempre rebenta na ponta mais fraca. Quando falta dinheiro ao Erário para pagar a vagabundagem e as farras de nossos deputados, professores universitários, sindicalistas e artistas, a União cria as CPMFs da vida, aumenta impostos. Em suma, enfia a mão no bolso do pagante final, você.

Em reportagem da Folha de São Paulo da semana passada, Rodrigo Teixeira é pintado como um "um jovem Quixote de pés bem plantados no chão". E as mãos enfiadas no dinheiro público, cabe acrescentar. Que me conste, Don Quixote nunca enfiou a mão no bolso dos contribuintes de sua época para financiar suas aventuras ou amores com a Dulcinéia del Toboso. Nem Cervantes foi pago para escrever sua obra em nenhuma capital européia ou asiática. A primeira parte foi escrita na prisão. Que a Folha encare o projeto com simpatia e o considere quixotesco, nada de espantar. Uma de suas colunistas, Cecília Giannetti, vai para Berlim. Sem carregar vergonha alguma em sua bagagem.

O projeto está orçado em 1,2 milhão de reais. As "obras" produzidas pelos escritores serão publicadas pela editora Companhia das Letras no decorrer de quatro anos. Ao investir 1,2 milhão de reais em autores praticamente desconhecidos do público, Luiz Schwarcz revela-se um editor de uma audácia extraordinária. Aposta no escuro, pois não tem idéia alguma de que os dezesseis produtos dos dezesseis autores sejam editáveis ou pelo menos vendáveis. Verdade que não é difícil ser audaz quando o investimento é a fundo perdido e não vem do próprio bolso. E é bom lembrar que o projeto do nosso Quixote - que certamente desdenha moinhos de vento, mas não é cego a uma pilha de reais, dólares ou euros - prevê uma segunda passada de chapéu, a transformação das narrativas em filmes. De novo, a mão no seu bolso.

Não vejo nada demais em uma editora financiar um escritor para escrever um livro. A primeira escritora que conheci, face a face, foi uma suissesse, em Estocolmo. Era jovem, chama-se Federica de Cesco, já havia escrito 25 livros, estava redigindo o vigésimo oitavo e tinha dois no prelo. Perguntei-lhe que fazia naqueles nortes. "Estou aqui para escrever um romance ambientado em Estocolmo. Sou paga para isso e tenho um ano para entregar meu trabalho". Primeira providência de Federica: inscreveu-se em um curso de sueco - onde a encontrei - para poder entender o país. Naquele momento, invejei a profissão de escritor. Quem a pagava era sua editora, e não o contribuinte suíço. E o editor estava apostando em uma profissional que tinha mais de 25 títulos no currículo.

Luís Schwarcz também não vê nada demais. Considera que se cinema e teatro são subsidiados, porque não o seria a literatura? Não deixa de ter razão. Ocorre que esta lógica é aquela do Stanislaw Ponte Preta: restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos. Mas isto não é o que acontece. Produtores e diretores de cinema ou teatro, no Brasil, jamais investem do próprio bolso. Só dignam-se a oferecer seu engenho e arte aos pobres mortais se os pobres mortais os financiam. Se a peça ou filme é uma solene empulhação e não tem público algum, tanto faz como tanto fez. A grana já foi embolsada e investida em mansões em ruas nobres, as únicas dignas de um grande diretor de teatro ou cinema.

Os editores parecem ter gostado dos tais de subsídios à cultura. Essas mordomias oferecidas a grupelhos de amigos nada têm de novo. Os Amores Expressos estão dando o que falar devido à desfaçatez do projeto. Em um país em que crianças estão estudando - quando estudam - em escolas de lata, é dose excessiva pagar o turismo de meninos apadrinhados com dinheiro público.

A prática é antiga no mundo acadêmico, particularmente na área de Letras. Acadêmicos brasileiros cruzam os ares, de Porto Alegre a Tóquio, de São Paulo a Paris, para fazer vitais comunicados - de vinte minutos - sobre lingüística, literatura comparada, teoria literária. Professores são enviados ao Exterior para defender teses sobre a obra de Machado de Assis ou Villa Lobos, Guimarães Rosa ou Clarice Lispector. Boa parte deles volta sem ter defendido tese alguma. Jamais vi, em minha não tão curta existência, um só professor ser demitido da universidade ou pelo menos obrigado a ressarcir o erário público. A farra é grossa, antiga e atende por intercâmbio acadêmico. Curiosamente, não ocorre a nenhum jornalista denunciar esta corrupção escancarada. O que parece soar insólito no trem dos Amores Expressos é que meros escritores queiram usufruir de privilégios privativos da universidade.

Há muitos leitores questionando a escolha das cidades para onde irão nossos bravos escritores, em geral capitais do Ocidente bastante próximas de nós. Ora, estamos fartos de histórias de amor em Paris e Berlim, Roma ou Nova York, o cinema as fornece à exaustão. Seria bem mais interessante, para o público brasileiro, ter notícias de histórias de amor em Irkutsk, por exemplo, na Sibéria. Ou Pyongyang, na Coréia do Norte. Quem sabem em Ashgabat, no Turcomenistão. Nada sabemos do amor em Grozni, na Chechênia e apesar do Iraque estar todos os dias nas primeiras páginas dos jornais, nenhuma notícia temos do amor em Bagdá. Mas suponho que escritor algum se digladiaria para pesquisar o amor em tais rincões.

Tenho sugestão melhor. Nossos escritores deveriam ir para a cadeia. Não estou fazendo piada, não. A prisão, ao longo da história, tem sido muito produtiva para escritores. A começar pelo manco de Lepanto, que escreveu na prisão a obra magna da ficção ocidental. Permanecesse em sua condição de coletor de impostos, Cervantes certamente não nos daria o Quixote. Ou ainda Dostoievski, que nos legou o imortal Recordações da Casa dos Mortos. Um fuzilamentozinho simulado - como aquele ao qual foi submetido Dostoievski - talvez não fosse fora de propósito. Ressuscitar quando achamos que estamos mortos será sempre uma experiência interessante para quem escreve sobre o ser humano e seus abismos.

Quem leu Cartas do Cárcere - sem entrar no mérito da obra - terá de constatar que a prisão permitiu que Gramsci sistematizasse seu pensamento. Mesmo entre nós, temos um Graciliano Ramos e suas Memórias do Cárcere. O escritor alagoano considerava muito salutar para sua literatura o fato de ser prisioneiro: "Naquele momento, a idéia de prisão dava-me quase prazer: vi ali um princípio de liberdade. Eximira-me do parecer, do ofício, da estampilha, dos horríveis cumprimentos ao deputado e ao senador; iria escapar a outras maçadas, gotas espessas, amargas, corrosivas".

Conhecendo como conheço as capitais do Ocidente, em nome da pujança da literatura nacional, acredito, honestamente, que a prisão seria melhor para nossos escritores. As noites de Berlim e Praga, a gastronomia de Paris ou Roma, as noites brancas de São Petersburgo e suas kagebetes, não sei não! Acho que tais apelos iriam desviar um tanto os jovens corruptinhos do nobre ofício de escrever.

Melhor prisão, mesmo. Sem falar que não oneraria o contribuinte brasileiro. Quem não adoraria ler um título como O Amor em Abu Ghraib?

(26/03/2007 )
28 de julho de 2013
janer cristaldo

SURGE, ENFIM, O NOME DA MUDANÇA (RELENDO)

O milagre da onda de passeatas foi a reabilitação dele, o filho do Brasil, o homem, o mito: Luiz Inácio da Silva

                                                                       A revolta das ruas produziu um milagre. Não as votações espasmódicas do Congresso Nacional, nem a revogação de aumentos das tarifas de ônibus. Esses foram atos oportunistas, que logo sumirão na poeira da história, embora tenham sido celebrados como vitórias revolucionárias. O milagre também não foi a reação do governo Dilma Rousseff, que propôs ao país um plebiscito para reformar a política. Outros governantes já usaram alegorias para embaçar o debate. Como a alegoria de Dilma é especialmente fajuta, não será comentada neste espaço. O milagre da onda de passeatas foi a reabilitação dele – o filho do Brasil, o homem e o mito, Luiz Inácio Lula da Silva. 
A opinião pública brasileira é um show. A pesquisa Datafolha que registrou queda na avaliação do governo Dilma quase à metade revelou que, hoje, a eleição presidencial iria para o segundo turno. A não ser que Lula entrasse no páreo. Aí ele seria eleito em primeiro turno. O povo, revoltado com tudo isso que aí está, puniu Dilma nas pesquisas porque quer mudança. E sua opção de mudança é Lula. Viva o povo brasileiro!

A pesquisa revelou mais. Quem teria, hoje, o melhor preparo, entre os candidatos, para resolver os problemas econômicos do Brasil? Em primeiro lugar, disparado: Lula. É um resultado impressionante. A maioria do eleitorado deve estar escondendo alguma informação bombástica. Devem ter algum segredo, guardado a sete chaves, sobre o novo Lula. Diferentemente do velho, esse aí não deve ter nada a ver com Dilma, Guido Mantega, Gilberto Carvalho, José Dirceu, enfim, a turma que estourou as contas nacionais para bancar o populismo perdulário.

Não, nada disso. O novo Lula – esse que a voz do povo descobriu e não quer nos contar – é um administrador moderno, implacável com o fisiologismo. Um Lula que jamais daria agências reguladoras de presente a Rosemary Noronha, para ela brincar de polícia e ladrão com os companheiros (é bem verdade que a polícia só chegou ao final da brincadeira). Esse Lula, que hoje seria eleito para desenguiçar a economia brasileira, sabe que politizar e vampirizar uma Anac compromete o serviço da aviação. O povo foi às ruas por melhores serviços de transportes, e o novo Lula não faria como o velho Lula – aquele que transformou as agências do setor num anexo do PT e seus comparsas. Jamais.

O povo brasileiro é muito sagaz. Descobriu o que nem um sociólogo visionário descobriria: o sujeito que pariu Dilma, montou seu modelo de administração e dá pitaco nele até hoje fará tudo completamente diferente, se for eleito presidente em 2014. Quem poderia supor uma guinada dessas? Só mesmo um povo sacudido pela revolta das ruas faria essa descoberta genial. O grande nome da oposição a Dilma é Lula. É ele quem saberá levar as finanças nacionais para onde Dilma, segundo a pesquisa, não soube levar. O eleitor brasileiro é, desde já, candidato ao Prêmio Nobel de Economia por essa descoberta impressionante.

Como se sabe, Lula manteve a política econômica de Fernando Henrique – até porque seu partido não tinha política de governo, não tinha projetos administrativos (continua não tendo), não tinha nada. Para manter a militância acesa, o ex-operário assumiu a Presidência criticando o Banco Central. Auxiliado pelo vice José Alencar, inaugurou o primeiro governo de oposição da história. (Longe dos holofotes, pedia pelo amor de Deus para o BC continuar fazendo o que estava fazendo, já que ele não entendia bulhufas daquilo.) A conjuntura internacional foi uma mãe para o filho do Brasil, e ele torrou o dinheiro do contribuinte na maior festa de cargos e propaganda já vista neste país. Lançou então a sucessora, que fez campanha dizendo que o PT acabara com a inflação.

O único erro de cálculo dos companheiros foi esquecer que a desonestidade intelectual tem pernas curtas. E a conta do charuto do oprimido chegou: eis a inflação de volta. (Ao negar esse fato, Mantega foi convidado pelo companheiro Gilberto Carvalho a dar um passeio na feira.)

Mas vem aí o novo Lula, ungido pela sabedoria das massas, para salvar a economia brasileira. Qual será seu segredo? Será a substituição de Guido Mantega por Marcos Valério? Pode ser. Até porque o país não suporta mais amadorismo.
 
28 de julho de 2013
Guilherme fiuza, Época

IMAGEM DO DIA



28 de julho de 2013

A MÁ-FÉ DO TERROR OFICIAL

A lambança na JMJ só se compara à má-fé das versões oficiais dos protestos contra Cabral

                
   O papa Francisco bota fé nos jovens. E você? Bota fé na PM e no governo do Rio de Janeiro? O grau de lambança na logística da Jornada Mundial da Juventude só se equipara à má-fé das versões oficiais sobre os protestos contra a corrupção e Sérgio Cabral. Faltou “inteligência” na repressão fardada e infiltrada. Uma repressão seletiva, que fere manifestantes e jornalistas, mas deixa rolar depredações e saques com total impunidade – como aconteceu naquela madrugada no Leblon, até hoje mal explicada. Quem engoliu a história do “pacto com a OAB” para não reprimir crimes comuns contra lojas e patrimônio público?

PMs sem identificação e policiais à paisana – os P2, fantasiados de manifestantes, identificados com uma pulseirinha preta – criaram no Rio um clima de intimidação física e psicológica. Há relatos de sequestro-relâmpago, ameaças de morte, armação de flagrantes, acusações montadas de formação de quadrilha. Há detenções arbitrárias “para averiguação”. Um clima que, como diz Cabral, “afronta o Estado democrático de direito”. Também afronta a democracia o decreto inconstitucional de Cabral exigindo, “em 24 horas”, das operadoras de telefone e provedores de internet, dados telefônicos e informações sobre suspeitos. Ele refraseou o decreto, mas a OAB continua a tachá-lo de ilegal. É essa “a agenda positiva” de Cabral para eleger seu vice Pezão? Cabral teve a pior avaliação entre 11 governadores, segundo o Ibope. Só 19% o apoiam hoje.

O episódio com Bruno Ferreira Teles, manifestante preso “por porte de artefato” perto do Palácio Guanabara, revelou o festival de contradições da PM. Vídeos e
fotos no Facebook foram essenciais. Em liberdade condicional por habeas corpus, Bruno provavelmente ainda estaria preso se não fossem essas imagens. O procurador Eduardo Lima Neto, presidente da comissão criada pelo governo para investigar vandalismo, o denunciou por “tentativa de homicídio”.

O que mostram os vídeos e fotos? Bruno com casaco e óculos de proteção, sem mochila e sem máscara, na linha de frente da manifestação contra Cabral, junto à grade, gritando. Subitamente, um coquetel molotov é lançado por trás dele. Um policial à paisana, com camiseta e mochila pretas, tenta prender Bruno. Bruno dá uma “voadora” no P2. PMs perseguem Bruno e atiram. Ele cai desacordado. Um PM dá um choque no rapaz com a pistola Taser. Alguém o refreia: “Ele já está no chão!”. Bruno é arrastado pela rua por policiais. Recobra a consciência e é algemado. Policiais mostram o colete metálico que ele usava – como “prova de vandalismo”. Um PM grita: “Foi ele que tacou o primeiro coquetel molotov”. Bruno nega. “Ele é preso de quem?”, pergunta um oficial. “Do P2”, responde o PM. Na delegacia, o subcomandante da PM acusa Bruno formalmente de ter jogado o artefato. Ele é autuado em flagrante na presença de representantes do Ministério Público e passa a madrugada na cadeia.

Nas redes sociais, acusa-se um P2 de ter lançado o coquetel molotov. Não há prova. A PM diz ser “uma hipótese absur­da imaginar que um policial possa cometer um ato bárbaro contra um companheiro de farda”. O assessor de direitos humanos da Anistia Internacional, o cientista político Mauricio Santoro, enxerga sinais de que policiais à paisana desestabilizem passeatas para justificar a reação da PM. Isso é muito perigoso. Já vimos esse filme antes e ele não acaba bem, não é, presidente Dilma?

A geógrafa Carla Hirt, de 28 anos, foi presa, agredida, ferida com bala de borracha e acusada de formação de quadrilha com mais seis rapazes que não se conhecem. Pagou R$ 700 de fiança “para não ser levada para (o presídio de) Bangu”. O videógrafo Rafucko foi preso e algemado – e diz que o PM encheu sua camiseta com pedras portuguesas para montar uma acusação, rejeitada pela delegada. O sociólogo Paulo Baía foi vítima de sequestro-relâmpago por encapuzados armados, quando saía para caminhar no Aterro do Flamengo. “Disseram pra eu não dar mais nenhuma entrevista falando da PM.” O estudante Rodrigo D’Olivera Graça, de 19 anos, diz ter sido colocado por quatro encapuzados “no banco de trás de um Sandeiro branco” e ameaçado caso não saísse das ruas. Aconselho a comissão de Cabral a investigar todas as denúncias graves relacionadas aos protestos, se estiver preocupada com direitos humanos.

Cinegrafistas e jornalistas passaram a ser alvos de PMs no Rio. Câmeras foram quebradas. Um policial prendeu “para averiguação” Filipe Peçanha, do Mídia Ninja, que transmite as manifestações por internet. Outro PM deu golpe de cassetete na cabeça do fotógrafo Yasuyoshi Chiba, da AFP. A versão da PM era: “Atingido por coquetel molotov lançado por manifestante”. É condenável divulgar como “verdades” os releases da PM sem investigar antes. Não bote fé.
 
 
28 de julho de 2013
Ruth de Aquino, Época