Semana do Santuário Histórico de Machu Picchu (4)
Muitos arqueólogos acreditam que Machu Picchu foi planejado como domicílio real, um local destinado ao repouso do imperador inca, onde, além de seu palácio, outras residências para membros de sua elite foram construídas. O palácio destinado ao imperador fica na parte sudoeste da localidade, separado das outras casas.
A construção hoje conhecida como Templo do Sol é adjacente ao palácio. Uma escada corre lateralmente ao complexo real e leva a uma praça onde o imperador gozava das delícias de um jardim, de uma banheira para seu uso exclusivo e até de um banheiro privado, o único com essa característica em toda a cidadela.
O Templo do Sol, ou Torreão, tem forma elíptica similar a do Templo do Sol que se encontra em Cusco, então a capital Inca. Uma rocha em seu interior poderia ter servido de altar. Durante o solstício de junho um raio de sol bate diretamente em uma das janelas do templo unindo a janela à pedra do altar. Conhecido também como Torre de Vigia, suas paredes, em casos de instabilidade do terreno, movem-se ligeiramente e se reassentam sem cair.
Outras estruturas religiosas:
O Templo Principal, com seu altar de pedra trabalhada que, ao ser escavado para poder ser inteiramente visto, revelou uma farta camada de areia branca, o que Bingham já vira nos templos em Cusco. Ao lado do Templo Principal, o Templo das Três Janelas, onde foi encontrada grande quantidade de cerâmica quebrada, aparentemente com um propósito (foto abaixo).
Mas o maior enigma de Machu Picchu é uma rocha gigantesca conhecida como “a Intihuatana”, nome criado por Bingham com palavras em quechua. Seu significado é “local onde o sol está acorrentado” (foto abaixo).
Sobre uma plataforma elevada em forma de pirâmide que domina a praça, sua razão de ser é um mistério. Até recentemente julgava-se que servia como relógio de sol, mas isso já foi descartado. Pode ter sido utilizada para algum tipo de observação astronômica. Pode estar ligada às montanhas que circundam Machu Picchu. Vê-se que foi cortada de uma pedra maior. (Olhem bem na foto abaixo, no alto da pirâmide, está a Intihuatana)
Mas há quem não duvide da razão de ser de Machu Picchu. O site Leibniz Online (da Sociedade Leibniz) publicou em dezembro de 2011 um texto sobre a Intihuatana que é muito interessante; está ilustrado com imagens deslumbrantes, que não pude copiar. Recomendo a todos que o acessem.
Pois bem, a conclusão do autor do texto, Dieter B. Herrmann, é que Intihuatana foi aparelhada de modo a que suas duas largas faces, uma voltada para o sol nascente e outra para o sol poente, com as sombras provocadas pela luz do sol, indicassem os solstícios de inverno e verão.
Segundo ele, os estudos a respeito são as pecinhas que faltavam no mosaico que prova que Machu Picchu foi criada como centro de peregrinação para honrar o Deus Sol, muito mais do que localidade para repouso e prazer de um soberano inca. Um fato aliás pode não excluir o outro... como frisou muitas vezes o arqueólogo inglês que se tornou guru de meu grupo em Machu Picchu.
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Observações de uma turista agredida por mosquitos: não leio mais nada sobre esses invasores da paz da cidadela. Acho que foram exterminados para sempre! Mas sei o que sofri e rendo homenagem aos turistas alemães e ingleses. De bermudas, tênis comum e meias de algodão, assim percorreram as mais longas trilhas e escalaram tudo que puderam. Com as pernas inchadas e vermelhas, estavam no aeroporto de Cusco à espera de nossos voos e só falavam das belezas que viram e de como queriam voltar... Mosquitos? Um ou outro, mas diante daquela paisagem... São uns abnegados, é a minha conclusão.
Deixo com vocês a foto da mais bela dos Andes. E reparem no alto
do Huayna: seu contorno no alto, à esquerda, onde o sol bate, não parece um
perfil humano?
MACHU PICCU
...a continuar...
18 de outubro de 2012