"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 1 de agosto de 2013

PARTIDO DE MARINA SILVA TINHA MILITANTES NO QUEBRA-QUEBRA DO ITAMARATY. É A NOVA POLÍTICA. EM REDE


 
Pedro Piccolo Contesini é um dos vândalos que depredou o Itamaraty. Ele é um dos principais líderes na cadeia de comando do partido de Marina Silva, em Brasília. Na foto, Pedrão da Barra de Ferro junto com Marina Silva e Heloísa Helena. É a nova política transbordando...
Depois de ser identificado pela Polícia Federal como um dos sete rapazes suspeitos de terem depredado o Palácio Itamaraty na manifestação de 20 de junho, o membro da Comissão Executiva Nacional Provisória da Rede Sustentabilidade Pedro Piccolo Contesini, 27 anos, manifestou-se nas redes sociais. Em postagem publicada ontem, ele alega ter participado do protesto com uma camiseta da Rede porque tinha acabado de sair de uma ação de coleta de assinaturas pela criação do partido. O suspeito teria reforçado o número de manifestantes por vontade própria, e não por iniciativa da Comissão Executiva. A participação de um membro da organização foi antecipada pela coluna Eixo Capital na edição de ontem do Correio.
 
No texto, Piccolo alegou não ter cometido crime algum. “Vi uma barra de ferro no chão e a agarrei, inicialmente com a intenção de me defender, caso as coisas piorassem por ali. Depois, com as emoções à flor da pele, a pressionei algumas vezes contra diferentes pontos de uma estrutura também de ferro do próprio prédio e em seguida a joguei. Não quebrei nada!”, relatou. Apesar disso, ele pediu desculpas “a todos os companheiros e companheiras da Rede”. Flagrado por fotógrafos e cinegrafistas, o rapaz foi identificado pela Polícia Civil, que o encaminhou para a Polícia Federal, responsável pela investigação.
 
Piccolo também relatou ter sido abordado no último dia 24 por policiais civis e encaminhado à 5ª DP. Lá, ele respondeu perguntas sobre o ocorrido e admitiu o que havia ocorrido durante a manifestação. “(O delegado) mostrou-me fotos das ações no Itamaraty e admiti que estava lá e que escondia o rosto”, contou. O acusado também alegou não ter recebido qualquer estímulo da Rede para participar do movimento. “Agi por vontade própria, não tendo sido levado ou orientado a nada, por nenhuma pessoa ou organização”, garantiu.
 
Em nota, a assessoria de comunicação da Comissão Executiva Nacional Provisória da Rede Sustentabilidade informou que a organização tinha conhecimento do caso desde o início da semana, por meio do acusado. “A Rede Sustentabilidade esclarece que recebeu nesta semana a informação da possível abertura do inquérito pela Polícia Civil do DF por carta escrita pelo próprio Piccolo”, informaram.
 
(Estado de Minas)
 
01 de agosto de 2013
in coroneLeaks

POR QUE ALGUÉM GOSTA DO FORO DE SÃO PAULO?


          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo        

Ilmo. Sr.
Breno Altman

Opera MundiEditor

Tendo sido mencionado em termos altamente ofensivos num seu artigo recente, peço e exijo, no uso do meu direito de resposta, a publicação do texto que se segue.
Atenciosamente,
Olavo de Carvalho
 
 
Por que alguém gosta do Foro de São Paulo?
Olavo de Carvalho

A propósito do XIX Encontro da coordenação estratégica do movimento comunista no continente, um sr. Breno Altman indaga no “Opera Mundi” de 31 de julho, com ares de perplexa indignação: “Por que a direita odeia o Foro de São Paulo?”
A resposta, como não poderia deixar de ser em obra de tão criativa inteligência, vem pronta, copiada de qualquer manual de marxismo-leninismo: é “ódio de classe”, é a maldita burguesia inconformada de que após a queda da URSS o socialismo não morresse, mas prosperasse de vitória em vitória.

O próprio sr. Altman reconhece, no entanto, que nenhum sinal de hostilidade ao Foro se viu na “grande mídia”, porta-voz por excelência da “burguesia” segundo o ensinamento esquerdista repetido em todas as escolas. Em vez disso, os protestos direitistas, vindos de “grupos de distintos naipes” (sic), pipocaram por toda parte na blogosfera. Nem de longe ocorre a esse gênio da estupidez perguntar por que raios a burguesia enraivecida, em vez de fulminar o Foro de São Paulo pelos possantes meios de comunicação de massas que ela mesma possui e comanda, preferiu sussurrar seu “ódio de classe” em blogs raquíticos de alcance limitado e orçamento nulo, como por exemplo o “Mídia Sem Máscara”, que sobrevive das rebarbas do meu salário.
 
Muito menos notou o arguto mentecapto que, inversa e complementarmente, a sua própria opinião, em vez de ocultar-se em tão paupérrimas e frágeis publicações de quintal, brilha num site protegido pelo bilionário Grupo Folha e subsidiado pela Petrobrás, empresa onde uma parte substantiva da nossa burguesia investe o seu querido capital
 
Com toda a evidência, as respectivas “ideologias de classe”, no caso, não correspondem à posse ou falta de posse dos meios de produção. Estão sociologicamente invertidas. Mas no Brasil de hoje isso é normal entre intelectuais de esquerda (e suponho que o sr. Altman se creia um deles): sendo incapazes de discernir sua própria posição de classe, e sentindo-se inibidos de perguntá-la ao papai ou à mamãe, encontram alívio de tão angustiante desorientação inventando estereótipos amáveis e detestáveis e os vestem em quem bem desejem, acreditando que com isso estão fazendo análise sociológica.
 
É assim que os pés-rapados da blogosfera se transmutam na “burguesia” e os potentados da Folha e da Petrobrás no povão oprimido.
 
A resposta do sr. Altman vale o que vale o seu conhecimento das classes sociais no Brasil.
Mas, antes mesmo disso, a pergunta mesma já veio errada.
Ao longo de duas décadas e picos, o Foro de São Paulo acumulou uma folha de realizações que ninguém deveria ignorar:
 
1) Deu abrigo e proteção política a organizações terroristas e a quadrilhas de narcotraficantes e seqüestradores que nesse ínterim espalharam o vício, o sofrimento e a morte por todo o continente, fazendo mesmo do Brasil o país onde mais cresce o consumo de drogas na América Latina.
 
2) Ao associar entidades criminosas a partidos legais na busca de vantagens comuns, transformou estes últimos em parceiros do crime, institucionalizando a ilegalidade como rotina normal da vida política em dezenas de nações.
 
3) Burlou todas as constituições dos seus países-membros, convidando cada um de seus governantes a interferir despudoradamente na política interna das nações vizinhas, e provendo os meios para que o fizessem “sem que ninguém o percebesse”, como confessou o sr. Lula, e sem jamais ter de prestar satisfações por isso aos seus respectivos eleitorados.
 
4) Ocultou sua existência e a natureza das suas atividades durante dezesseis anos, enquanto fazia e desfazia governos e determinava desde cima o destino de nações e povos inteiros sem lhes dar a mínima satisfação ou explicação, rebaixando assim toda a política continental à condição de uma negociação secreta entre grupos interessados e transformando a democracia numa fachada enganosa.
 
5) Gastou dinheiro a rodo em viagens e hospedagens para muitos milhares de pessoas, durante vinte e três anos, sem jamais informar, seja ao povo brasileiro, seja aos povos das nações vizinhas, nem a fonte do financiamento nem os critérios da sua aplicação. Até hoje não se sabe quanto das despesas foi pago por organizações criminosas, quanto foi desviado dos vários governos, quanto veio de fortunas internacionais ou de outras fontes. Nunca se viu uma nota fiscal, uma ordem de serviço, uma prestação de contas, um simulacro sequer de contabilidade. A coisa tem a transparência de um muro de chumbo.
 
Diante desses fatos, perguntar por que alguém odeia o Foro de São Paulo é perguntar por que a chuva molha ou por que as vacas dão leite em vez de botar ovos.
 
É pergunta idiota de quem se faz de desentendido porque tem algo, e muito, a ganhar com uma cínica afetação de inocência.
O que toda inteligência normal e honesta deve perguntar, diante das obras e feitos do Foro de São Paulo, é, isto sim, como é possível alguém, sem ser parte interessada, gostar de uma porcaria dessas.

***
Devo acrescentar, a essas considerações, uma nota pessoal. No artigo do sr. Bruno Altman fui chamado, sem maiores explicações, de “filósofo de bordel”. Embora o julgamento do sr. Altman sobre quaisquer filósofos valha tanto quanto a sua sociologia, devo reconhecer que o rótulo não é totalmente descabido, de vez que tenho, de fato, dedicado bastante atenção filosófica a vários bordéis, lupanares, prostíbulos, alcoices, casas de tolerância, casas da tia ou como se queira chamá-los, cujas atividades espantosas requerem explicação. Há, entre inumeráveis outros, o bordel internacional do Foro de São Paulo, o bordel federal da sra. Dilma Rousseff, o bordel ao ar livre da “Marcha das Vadias” e, agora, o bordel jornalístico do “Opera Mundi”.
 
01 de agosto de 2013
Olavo de Carvalho

BOTÃO DE DESCARGA

                        
          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo 
descargaPoucos jornalistas brasileiros têm denunciado a fraude geral do governo petista com a constância, o brilho e a bravura de Diogo Mainardi, mas isso não quer dizer que ele compreenda claramente o que está acontecendo neste país, nem que se abstenha de sugerir remédios capazes de agravar consideravelmente a situação.

Numa recente mensagem postada no seu Facebook, ele exclama: “Falta uma mudança total, de tudo. Falta uma greve geral que tenha a força de liquidar essa quadrilha do PT, incrustada no poder. Falta o impeachment da Dilma... O impeachment, na minha visão, funciona como o botão que se aperta para dar descarga na privada.”

Isso não seria grave se Mainardi fosse o único a pensar dessa forma, mas sua visão do cenário político é a mesma de grande parte da sociedade brasileira.


O primeiro erro dessa perspectiva é ignorar que às vezes o centro vivo do poder, portanto a fonte geradora do mal, nem sempre reside no ocupante do mais alto posto da hierarquia constitucional; e, quando está em curso um processo revolucionário comunista sob camuflagem democrática, não reside quase nunca. É da natureza mesma do movimento comunista, sobretudo nas épocas de incerteza, não queimar jamais os seus quadros melhores expondo-os aos riscos de um cargo público demasiado visível.
O comando do processo está hoje nas mãos do Foro de São Paulo, e quando digo isso não me refiro nem mesmo às suas assembléias gerais, porém mais aos círculos de conversações discretas, ou até secretas, em que se fazem e desfazem governos e se decidem os destinos de nações inteiras sem que as respectivas populações tenham disso a menor notícia, ou, como confessou o sr. Lula, “sem que pareça”. O discurso que esse ex-presidente fez no XV aniversário do Foro, em 2005 – documento que ninguém na grande mídia publicou ou leu –, contém informações essenciais onde se pode obter uma idéia do poder avassalador da organização que por quase duas décadas se fingiu de inexistente ou inofensiva com a ajuda do silêncio obsequioso da classe jornalística em peso (Link A). Igualmente significativas, sob esse aspecto, foram as declarações do sr. José Dirceu em entrevista ao sr. Antonio Abujamra à qual ninguém prestou alguma atenção inteligente (Link B).
Há anos o Foro decidiu que o término do mandato de Lula assinalaria o fim da “etapa de transição” e o começo da conquista abrangente e definitiva do poder, ou, em outras palavras, o upgrade decisivo, a passagem do socialismo meia-bomba ao socialismo-bomba (Link C). A recente onda de protestos, planejada e incitada por agentes do Foro, inclusive com treinamento de guerrilheiros urbanos para dar à coisa um aspecto devidamente atemorizante (Link D) e justificar medidas mais drásticas contra o bode expiatório de sempre, a “direita fascista” (Link E), mostra claramente que o comando revolucionário não hesitou em espremer a sra. Dilma Rousseff contra a parede, para que se definisse, isto é, assumisse a liderança do processo ou fosse passada para trás pelas facções mais ousadas da esquerda nacional.

Os resultados do teste, porém, apareceram embaralhados pela intromissão de um fator inesperado: espontaneamente, numa desorganização majestosa, massas de liberais, conservadores e cidadãos sem cor política revoltados contra a esbórnia federal saíram também às ruas em quantidades oceânicas e, em certos pontos, acabaram ocupando o espaço e os megafones destinados inicialmente à agitação esquerdista.

Embora atônita e desorientada – prova inequívoca de não ter passado no exame --, a presidenta foi salva in extremis pela decisão do comando revolucionário, ele próprio a essa altura também atônito e desorientado, de dar marcha-a-ré na sucessão de badernas e fechar-se em copas para fins de autocrítica e remanejamento estratégico. Se não fosse por esses imprevistos, o fracasso da presidenta em dirigir os acontecimentos teria marcado o fim da sua carreira política e a ascensão de novas estrelas de esquerda, longamente preparadas para isso na escolinha maternal do próprio Foro de São Paulo (Link F).


Dito de outro modo: Se só Dilma Rousseff tivesse se mostrado perplexa e o próprio Foro não tivesse perdido o controle da situação, a cabeça da presidenta já teria rolado, e o sonho do sr. Diogo Mainardi teria se realizado, mas não em proveito do povo brasileiro e sim da parte mais furiosa da esquerda nacional, com a subseqüente instauração de um regime francamente revolucionário. E este, por força da centralização abrupta e descarada do poder, não hesitaria em apelar, sob o pretexto de saneamento e até sob os aplausos da massa ingênua, não só à violência repressiva tipicamente comunista como também a formas de corrupção de tipo soviético, ainda mais requintadas e perversas do que aquelas a que nos habituou a mixórdia petista.  


No rumo que as coisas tomaram, ficou tudo em suspenso até melhores análises estratégicas, mas, qualquer que seja o caso, o que está provado e bem provado é que livrar-nos de Dilma não é a mesma coisa que livrar-nos do mal. Se o fosse, o próprio Foro não teria chegado tão perto de apertar o botão de descarga.


Mais sobre isso no próximo artigo.

01 de agosto de 2013
Olavo de Carvalho

O CASO ZIMMERMAN, OU: COMO TRANSFORMAR UM CASO DE LEGITIMA DEFESA EM CRIME RACIAL

           
          Internacional - Estados Unidos 
"Se eu tivesse um filho homem ele se pareceria com Trayvon".
Barack Hussein Obama
"Foi uma tragédia, transformada num caso racial que nunca existiu".
Michael Reagan

Obama se referia a um jovem negro, Trayvon Martin, morto por um vigilante voluntário, George Zimmerman em Sanford, Florida. O julgamento deste último terminou há poucos dias com o veredicto ‘not guilty[i], gerando uma onda de protestos que abalou os EUA. A mídia brasileira que não passa de cópia em carbono da mídia esquerdista americana que não veicula fatos, mas apenas o que vai de acordo com sua crença político-ideológica, tem falsificado as informações. O que lerão aqui não sairá nos noticiários brasileiros. Apenas Olavo de Carvalho tem mostrado a verdade, mas segundo os cânones politicamente corretos, Olavo é uma radical de direita (seja o que for que isto possa significar!), racista, fascista, homofóbico, contra o ‘direito’ das mulheres assassinarem seus filhos, e otras cositas ainda piores! Certamente brancos matam negros só por serem negros, estes também matam brancos pela mesma razão e ambos os grupo se trucidam internamente e algumas se unem para atacar outros. Todas as combinações são possíveis, mas,dado um caso particular, é preciso investigá-lo do ponto de vista da Justiça. Os fatos são apresentados como ocorreram. Leiam e pensem por si mesmos.
O CASO
George Zimmerman, um hispano-americano (pai americano nativo e mãe peruana) é um vigilante voluntário de uma região residencial (neighborhood watch) o que poderíamos chamar de condomínio horizontal, ou de casas, sem configurar uma região administrativa oficial [ii]. Numa noite de fevereiro de 2012 viu um rapaz de roupa escura com capuz em atitude suspeita e passou a segui-lo. Como é do seu dever, ligou para 911, número nacional de emergência, e foi aconselhado a parar de segui-lo. Trayvon, este era o rapaz, ouviu o telefonema e partiu para cima de Zimmerman esmurrando-o, derrubando-o no chão e passou a bater com sua cabeça no pavimento com muita força. Zimmerman gritou várias vezes pedindo ajuda e ninguém atendeu. Sentindo que ia ser assassinado, sacou sua 9 mm da qual tinha posse legal e deu um tiro em Trayvon, matando-o.
O promotor do estado da Florida ordenou ao chefe de polícia local para colocar Zimmerman na prisão e ao promotor local (County Attorney) que entrasse com um processo contra Zimmerman. Ambos negaram-se a obedecer. O chefe de polícia, Bill Lee, foi despedido e o promotor afastado. Segundo o National Review, numa entrevista à CNN Lee explicou que foi despedido por tentar investigar o caso de forma objetiva, decidindo não prender Zimmerman porque seria uma violação de seus direitos definidos pela Quarta Emenda [iii]: ‘as evidências e testemunhos que nós tínhamos não nos fornecia uma causa provável’. Lee foi repetidamente questionado pelo City Manager: ‘pode haver uma prisão agora?’ e o City Commissioner disse que só precisavam de uma prisão.
AS REAÇÕES IMEDIATAS
A decisão de não processar Zimmerman despertou uma tempestade na mídia, com ‘especialistas’ acusando o Departamento de Polícia de Sanford de agir de forma negligente ou mesmo racista, pois Trayvon era negro. De acordo com Lee, a politização da investigação levou os meios de comunicação a produzir artigos e reportagens sensíveis que apontavam evidências que sugeriam um perfil racista do acusado que o levara a fazer Trayvon de alvo do seu ódio racial.
George Zimmerman é o que se chama nos EUA de ‘hispanic’ ou ‘latino’, jamais um white, mas a mídia se referia a ele como ‘white hispanic’; sim, porque, como toda mídia e a intelectualidade acadêmica ‘sabem’, todo branco americano é racista.
Michael Skolnick escreveu sobre este consenso um artigo intitulado: ‘Brancos, vocês nunca parecerão suspeitos’. Skolnick falou em nome de todos que se apressaram a condenar o vigilante, chamando-o de racista antes de qualquer evidência. Assim também Hank Johnson, membro do Congressional Black Caucus (Convenção dos Negros do Congresso), alegou que Trayvon tinha sido ‘executado’ por WWB in a GC (Walking While Black in a ‘Gated Comunity’ [negro caminhando numa ‘comunidade com acesso restrito]). Para os já doutrinados, Trayvon foi morto não porque se conduzisse de forma suspeita ou porque tivesse agredido o vigilante, mas apenas porque era um negro numa cultura racista e, portanto, uma ‘presa racial’.
O JULGAMENTO
Durante o julgamento as pressões da esquerda ‘progressista’, do partido Democrata e das comunidades negras foram enormes. A cidade ficou tomada de repórteres da mídia esquerdista. Em 12/03/2012 a CBS News falsamente chamou Zimmerman de branco antes de a notícia explodir. Partiram do princípio de que alguém chamado Zimmerman só podia ser branco. Como vimos, enganaram-se, Zimmerman é hispânico. Três dias depois o NY Times inventou o termo ‘white-hispanic’.
O júri foi composto por mulheres. Queriam fazer um caso emocional e acharam que as mulheres iriam cair nessa, e a juíza era democrata. Não obstante, Zimmerman foi declarado not guilty por unanimidade. A discussão foi centrada entre os termos manslaughter (homicídio culposo) e murder (assassinato deliberado) e, de outra parte, legítima defesa. O júri optou por esta última. Uma reportagem razoavelmente equilibrada foi publicada pelo Washington Post: a discussão sobre legítima defesa dependeu de vários itens apontados pelo advogado de defesa.
A propaganda racista foi mantida de fora da Corte. Nenhum dos jurados era ‘african american’. O severo juiz que presidia o julgamento, não permitiu que o caso se transformasse num julgamento racial e não permitiu aos acusadores acusar Zimmerman de ter dado a Trayvon um ‘perfil’ negro e por isto o tivesse perseguido e matado. A recusa em transformar o caso em racista desapontou os líderes afro-americanos que esperavam que as ações dentro da Corte refletissem e aprofundassem as discussões nacionais que eles mesmos estimulavam do lado de fora.
Mas o juiz também impediu que os jurados tomassem conhecimento das mensagens de texto do celular de Martin sobre armas e brigas porque não podiam ser autenticadas. Uma das mensagens dizia: ‘Porque você vive brigando?’ O advogado de defesa, West, esperava introduzir os textos para provar que Martin era o agressor e que Zimmerman – descrito por um ginasta como gentil e nada atlético – tinha sido subjugado por Martin, um adolescente alto e forte.
John Nolte declarou: ‘Enquanto esperamos o veredicto... é o momento propício para refletirmos sobre o papel cínico e desonesto da mídia em transformar um crime local numa obsessão nacional’. O time line (HOW THE PRESS PROSECUTED ZIMMERMAN WHILE STOKING RACIAL TENSIONS) publicado por ele em Breitbart.com é fundamental para entender todo o processo.
O PÓS-JULGAMENTO
Uma reação furiosa se espalhou por todo o país. A reação da mídia foi retumbante e agressiva: foi exigido por alguns jornais um novo julgamento com novo júri. O pequeno detalhe que faltava para a administração Obama e a mídia intensificarem a narrativa racial ‘brancos contra negros’, pois era uma pessoa branca suspeita de matar um negro.
‘Nunca antes naquele País’ um presidente havia contestado a decisão soberana de um júri: pois Obama declarou que o julgamento era sobre raça, mesmo contrariando as investigações do FBI, que entrevistou dezenas de pessoas e concluiu que preconceito racial não tinha sido um fator na morte de Martin. Disse Obama: "se Trayvon Martin fosse branco, poderia ainda estar vivo. Se fosse um jovem branco o resultado da briga e do julgamento seria diferente". Chris Serino, o Detetive Chefe de Sanford, disse aos agentes que Zimmerman traçou o perfil de Martin em função de seu moletom escuro com capuz e pelas circunstâncias, não pela raça. Mas os comentários de Obama foram:

‘Existem muito poucos homens afro-americanos neste país que não tiveram a experiência de serem seguidos quando vãos às compras em lojas de departamento. Muitos se acostumaram a ouvir os carros trancar as portas quando se aproximavam, ou mulheres fechando suas bolsas e prendendo a respiração quando um negro entrava no elevador. Eu mesmo tive essas experiências, ao menos antes de ser Senador’.
Embora Obama admita que os negros são desproporcionalmente tanto vítimas quanto responsáveis por atos de violência, e que esta é muitas vezes incontrolável nas suas comunidades, põe a culpa na história americana: ‘Os afro-americanos entendem que a violência endêmica nas suas comunidades nasceu de uma grande violência sofrida no passado’.
Obama foi ainda mais longe, tomando o caso como pessoal: ‘Martin poderia ser eu mesmo há 35 anos’.
Michael Reagan, filho adotivo do ex-presidente e curador da Reagan Legacy Foundation, declarou que a politização do caso por Obama serve aos seus propósitos de avançar no programa de controle de armas. ‘O incidente nada teve de racial, mas há gente – como Jesse Jackson, Al Sharpton e muitos outros – que vêm problemas raciais em cada esquina da América’. (Assista ao vídeo aqui). Imediatamente após o anúncio do veredicto Al Sharpton e a NAACP (National Association for the Advancement of Colored People) peticionaram ao Departamento de Justiça para sondar a respeito dos direitos civis federais, exigindo que o caso fosse tomado como racialmente contaminado.
Judy McCleod pergunta:

‘A quem o Presidente acha que está enganando além dos jovens afro-americanos desprivilegiados ludibriados por Al Sharpton de que protestar contra o veredicto de Zimmerman garantiria um novo julgamento? (...) Sabe Obama que ele e seu amigo Al Sharpton estão abastecendo de ódio racial que drogou os jovens afro-americanos para incendiar os protestos de rua em mais de cem cidades americanas no fim de semana passado (20-21/07)? Certamente ninguém interessado na proteção da vida humana agiria assim deliberadamente’.
Numa carta de leitor é traçado um perfil patológico de Obama:

ele sempre se coloca no centro de todas as coisas que nada tem a ver com ele. Para ele tudo é sobre ele, todo o mundo se centraliza nele, por isto disse, contra todas as evidências, que Trayvon Martin poderia ser ele 35 anos atrás,criado no Havaí e de família de posses que jamais morou numa comunidade negra pobre como a de Trayvon. Isto é característico de formas patológicas graves de narcisismo. Um a pessoa normal ou mesmo narcísicos borderline não diria isto. Obama sistema de crenças obamacêntricas incluem:
Todos os eventos começam com Obama. Todos os eventos terminam em Obama. O sol, as estrelas e a lua se movem em torno de Obama. Nada relativamente importante existiu antes de Obama ou existirá no futuro
Mas nem tudo ocorreu desta forma: um dos advogados de defesa e famoso professor em Harvard, Alan M. Dershowitz, solicitou uma investigação federal sobre os direitos civis de Zimmerman, que teriam sido violados pela conduta dos promotores e não por alegações de raça. Numa entrevista exclusiva para NewsMax Dershowitz disse que apesar da agressividade dos promotores, o júri chegou ao verdadeiro veredicto: not guilty em ambos os casos (tanto de crime culposo como de homicídio de segundo grau.
‘Acredito que tenha havido violações dos direitos e liberdades civis – por parte da promotora! Ela apresentou o caso para o juiz e, em minha opinião, escondeu deliberadamente, de maneira criminosa, todas as evidências favoráveis [iv] ao réu e que poderiam inocentá-lo. A negativa de dar ao juiz o direito de ver provas de que Zimmerman estava com o nariz quebrado e com a cabeça esmurrada e sangrando pelo nariz e couro cabeludo. Sugiro que à promotora Angela Corey e sua equipe de acusação deva ser investigada por violações dos direitos e liberdades civis do réu’.
Dershowitz disse ainda que homicídio em segundo grau nem devesse ter sido mencionado, consideradas as fracas provas contra o réu. ‘Se o juiz tivesse coragem em aplicar a lei, o caso jamais teria ido a júri e descartado com base da ‘dúvida razoável’.
A promotoria possuía fotos, que deliberadamente escondeu que mostravam que o caso nem era para ir a júri. ‘Houve violação de obrigações éticas, legais e profissionais muito graves, como foi comprovado pela equipe de defesa’.
A REAÇÃO DA FAMÍLIA
Robert Zimmerman Jr. foi o primeiro da família a ser entrevistado por Piers Morgan da CNN. Disse que sua família ainda está processando o veredicto e as perspectivas de George em liberdade (assista ao vídeo
aqui).
‘É difícil por em palavras como nossa família está aliviada, mas não é ocasião para grandes regozijos, pois Trayvon perdeu sua vida. Apesar de seu irmão estar livre foi uma horrível tragédia.
Sua família está mais feliz por não estarem mais como protagonistas de uma grande desinformação’. Piers ainda tentou ‘fritá-lo’ perguntando se ele acreditava mesmo que Trayvon iria bater até matar seu irmão, com as mãos vazias. Acrescentou que George iria viver num mundo hostil, onde muitas pessoas o desprezam, perguntou: ele teme sua segurança? 'Ele sempre temeu, mas passará o resto dos seus dias olhando para trás, temendo que algumas pessoas tentem fazer a lei com suas próprias mãos, ao invés de respeitarem o veredicto’.

E acrescentou que existem inúmeros crimes de negros contra negros que nunca vão a julgamento.

(SEGUE: 'O privliégio de cor')

Notas:[i] Os jurados americanos são chamados a dizer se o réu é guilty (culpado) ou not guilty (não culpado), às vezes a vários quesitos que correspondem a uma sentença específica. A palavra inocente denota uma qualidade positiva que ninguém pode afirmar.
[ii] Não existe equivalente no Brasil. Uma região residencial com neighborhood watch significa que os próprios moradores, ou vigilantes voluntários, vigiam as redondezas e em caso de suspeita devem chamar a polícia. Minha experiência: em 1985: eu e minha mulher passeávamos de carro em Nashville, Tennessee, por uma área de residências lindas e fizemos várias voltas. Em pouco tempo, um carro de polícia passou a nos seguir a uma distância discreta até, entendendo o recado, saímos da área e os policias deram a volta.

[iii] ‘O direito do povo de estar seguro em suas pessoas, casas, escritos e seus efeitos, contra buscas e prisão arbitrárias, não será violado, e nenhum Mandato será emitido, a não ser com causa provável apoiada em Juramento ou afirmação, devendo ser descrito o lugar específico da busca e a pessoa ou coisas a serem detidas’. (Minha tradução livre.)

[iv]Exculpatory evidences’: provas favoráveis ao réu que podem esclarecer os jurados e facilitar um verdicto de not guilty. É o contrário de ‘inculpatory evidences’.
 
01 de agosto de 2013
Heitor De Paola

"LA POLITICA É TROPPO SPORCATA"

 
Ao visitar o Brasil, o papa Francisco falou sobre diversos temas. Dado o estado desalentador da política no País, interessei-me particularmente por suas palavras sobre o assunto. Foram polidas, à sua maneira e para não ser descortês com autoridades locais, algumas delas presentes no eventos, mas distantes dos objetivos e caminhos que ele pregava.
 
Mas Francisco não deixou de dar os seus recados sobre o tema, como no sábado, no Teatro Municipal do Rio, onde estavam alguns políticos. Lia um texto, mas improvisou para acrescentar: “O futuro exige hoje reabilitar a política, uma das formas mais altas de caridade. O sentido ético é um desafio sem precedentes”.
 
E após a apresentação na Via-Crúcis no dia anterior, afirmou: “Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas”. Também atacou a corrupção na política, como ao visitar a comunidade de Varginha, na quinta-feira, quando pediu aos jovens que não se desiludissem “com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício”. É o figurino de muitos políticos brasileiros.
 
Sobre a política encontrei na internet uma recente fala papal mais explícita nas suas críticas, que também alcançaram os cristãos. Está em www.youtube.com/watch?v=-F5MwyYWKvQ. Foi em Roma, para uma plateia principalmente de jovens, no início do mês passado.
 
Na ocasião deixou de lado um discurso de cinco páginas, que chamou de “aborrecidas”, segundo a tradução que consta nas legendas do vídeo. E logo se dispôs a responder a questões da audiência.
 
Um participante, de grupo ligado a escolas jesuítas, pediu-lhe algumas palavras sobre “(...) como nosso compromisso, nosso trabalho hoje na Itália e no mundo, pode ser jesuítico e evangélico”. A resposta: “Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, cristãos, não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos. Temos que nos meter na política, porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política”.
 
Note-se que ele enfatizou a política como a busca do bem comum, o que repetiu aqui, na comunidade de Varginha, conforme assinalei acima. E não ficou apenas na crítica da política na sua prática, e de maneira mais forte, como mostrarei mais adiante. Recomendou que os cristãos participem dela dentro dessa visão centrada no bem comum.
 
Voltando à fala em Roma, veio a frase que intitula este artigo, traduzida na legenda como “a política está muito suja”. E continuou: “Mas, eu pergunto, está suja por quê? Por que os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É a pergunta que eu faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros. Mas eu, o que faço? Isto é um dever. Trabalhar para o bem comum é um dever do cristão”.
 
Não domino o italiano. Mas ao ouvir “sporcata” pareceu-me que o termo tinha um quê de porcaria e consultei um dicionário italiano-português. Em face do que encontrei, parece-me que a tradução da legenda usou a versão mais suave do termo original.
 
No dicionário consta “porcata”, um substantivo significando sacanagem, patifaria, safadeza, porcaria, porcalhada, obscenidade, bandalheira, coisa mal feita, droga. Há também o adjetivo “sporco”, que significa sujo, imundo, porco, porcalhão, imoral, obsceno e outros termos na mesma linha.
 
Uma tradução mais adequada ao Brasil seria imunda ou emporcalhada, ou outros termos mais contundentes, ou mesmo todos os citados. Sujo é pouco para o que se vê na política, e não só aqui, no Brasil. Sendo argentino e conhecedor da Itália, ele sabe o que falava.
 
Na Itália, aliás, na sexta-feira vi pela internet que foram presas aproximadamente cem pessoas em ação contra diferentes organizações da Máfia, numa operação que envolveu centenas de policiais. Entre os presos, a maioria na região da Calábria, havia um senador, Piero Aiello, membro do partido conservador do ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi, um “sporco” de destaque.
 
No contexto brasileiro, o que Francisco disse em Roma sobre a política reforça a crença na infalibilidade papal. Há as honrosas exceções, mas cada vez mais excepcionais. E vale também sua observação quanto à omissão dos cristãos, e que não é apenas deles. É dos cidadãos em geral.
 
Recentemente o País acordou dessa omissão e vieram as manifestações de junho, quando a reivindicação de menores ou nulas tarifas de ônibus levou a protestos de caráter político mais amplo, como contra a corrupção e a má gestão de recursos e serviços públicos em geral. Surpresos, políticos reagiram defensivamente, reduzindo essas tarifas e prometendo responder à voz das ruas.
 
Mas a “porcata” também se evidenciou, como na cúpula do Congresso, com o mau exemplo de viagens dos presidentes de suas duas Casas em aviões públicos postos à disposição de interesses privados. E num jantar oferecido pelo presidente da Câmara, por conta da Casa, para companheiros de partido, a R$ 350 por cabeça.
 
Não sei se por causa das férias escolares, ou qual outro motivo, as manifestações de rua com conteúdo político refluíram bastante em julho, em número e densidade. Na sexta-feira em São Paulo, na Avenida Paulista, o destaque ficou para os vândalos. É preciso que sejam retomadas, e também reforçada a prevenção e a atuação contra o vandalismo. Ontem ele se repetiu em nova manifestação, mas desta vez a polícia foi mais atuante.
 
Sou economista e tendo a enfatizar questões econômicas, Mas os nós que prendem o Brasil ao atraso estão mais na política do que na economia. Vejo a expressão “política econômica” nesta ordem: a política em primeiro lugar, mas no Brasil ela prejudica muito a economia, pois é muito, muitíssimo “sporcata”.

01 de agosto de 2013
Roberto Macedo, O Estado de São Paulo 

PAPA COMEÇA LIMPEZA DE ARCEBISPOS SUSPEITOS DE CORRUPÇÃO


Banco do Vaticano abre pela primeira vez um site para dar transparência
  
Nem bem desembarcou em Roma depois de uma intensa visita ao Brasil, o papa Francisco começa a tomar decisões para limpar a Igreja no que se refere aos escandalos de corrupção. Nesta quarta-feira, 31, o Vaticano anunciou a renúncia de três bispos implicados em escândalos de corrupção. No mesmo dia, a Santa Sé colocou no ar um site do Instituto de Obras Religiosas, considerado como o Banco do Vaticano, e prometeu que vai, pela primeira vez, publicar as contas da instituição.
 
O papa, durante sua viagem ao Brasil, insistiu que uma das metas de suas reformas é o de garantir transparência nas contas da Igreja. As renúncias dos bispos seriam um alerta de que ele não vai poupar ninguém.
 
Nesta quarta-feira, o Vaticano indicou diplomaticamente que Francisco "aceitou a renúncia" dos arcebispos de Lubjana e Maribor, depois que um buraco de 800 milhões de euros foi encontrado nas contas da Igreja eslovena.
 
Na Eslovênia, as vítimas foram os arcebispos Anton Stres e Marjan Turnsek. O Vaticano apenas indicou que seguiu o parágrafo 2 do canon 401 do Código de Direito Canônico. Por essa regra, pede-se que um bispo renuncie "por doença ou causa grave".
 
O escândalo começou ainda em 2010, quando o Vaticano enviou um inspetor para entender porque motivo a Igreja do país pedia tantos empréstimos à Santa Sé. Descobriu-se que, por conta de operações financeiras de alto risco, a Igreja local havia perdido muito dinheiro e, para sobreviver, pediu dinheiro emprestado em bancos e até a rede de TVs. Ficou ainda claro que a imprudência já tinha começado em 2003. "Espero que o passo que dei foi correto para restituir a reputação da Igreja eslovena", disse Stres.
 
Outro que renunciou foi o arcebispo de Yaoundé, em Camarões, também por conta de um escândalo financeiro. Simon-Victor Tonyé Bakot chegou a ser o presidente da Conferência Episcopal de seu país, mas também era um ativo empreendedor imobiliário.
 
No mesmo dia, o Banco do Vaticano abriu seu novo site - www.ior.va - justamente com a meta de dar transparência a suas atividades. O banco é alvo de duras críticas e o papa já indicou que não sabe ainda se a instituição será mantida.
 
Em declarações à Rádio Vaticano, o presidente do Ior, Erns von Freyberg, garantiu que a meta é ser transparente e que, em 2013, pela primeira vez as contas da instituição serão conhecidas. "Vamos fornecer informações sobre as nossas reformas e o que fazemos no mundo e como podemos apoiar a Igreja e sua missão e obras de caridade", disse.
@
Fraternidade
 
A busca por uma reforma também está marcada pela escolha do papa, anunciada na última quarta, de que o Dia Mundial da Paz de 2014 terá a "fraternidade" como tema.
 
Para ele, a "globalização da indiferença" deve ser substituída pela "globalização da fraternidade". Propondo um "rosto mais humano ao mundo", ele voltou a pedir que se supere a "cultura do descartavel" e que se promova a "cultura do encontro".
 
Sua avaliação é que a fraternidade é o caminho para superar a pobreza, fome, subdesenvolvimento, conflitos, desigualdade, injustiça, crime organizado e fundamentalismos. Francisco ainda pede que não se tenha apenas uma ajuda assistencialista ao mais pobres.
 
Na quarta, o papa ainda participou da festa litúrgica de São Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. Jesuíta, o papa não deixou de participar do evento. Mas pediu que seus colegas jesuítas tomem "caminhos criativos" e que destinem seus trabalhos para as "periferias, as tantas periferias do mundo".

01 de agosto de 2013
Jamil Chade - O Estado de São Paulo

"ENTRE O MAR E A PEDRA"

Para as relações da presidente Dilma Rousseff com a maioria governista no Congresso não fez diferença ela ter se humilhado ao dizer que "Lula não vai voltar porque ele não saiu", numa tentativa de esvaziar o movimento no PT pela candidatura do ex-presidente em 2014.
 
A base aliada do Planalto, a começar dos caciques do PMDB, sabe que a vida com Lula era uma coisa e com Dilma, outra. Ela consegue a um só tempo ser avessa à política e negar autonomia a quem quer que tenha escolhido para fazer o que ela não gosta nem sabe.
 
Some-se a isso a campanha sucessória antecipada por Lula também para neutralizar as pressões pela sua volta e a queda violenta da popularidade da apadrinhada, na esteira da inflação e dos protestos de junho, para completar o cenário de desafio à autoridade presidencial entre os partidos da sua vasta coalizão.
 
 
A obra não ficou pronta da noite para o dia. Segundo pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), divulgada pelo Valor, já no ano passado o apoio da base ao governo na Câmara dos Deputados, medido pela atitude de seus integrantes em relação aos projetos de interesse do Executivo, tinha sido o mais mirrado desde a ascensão do PT ao poder: ficou em 77,7% em 40 votações realizadas. Menos do que os 80% obtidos por Lula em 2005, sob o impacto da denúncia do mensalão. A erosão da liderança de Dilma se acentuou este ano.
 
Computadas as 50 votações até 19 de julho, fecharam com o Planalto apenas 72% dos ditos aliados - e só 56% dos peemedebistas. Pode ficar pior. Eles se preparam para alvejar o governo logo na volta do recesso, semana que vem, com armamento pesado. De um lado, com a derrubada de vetos presidenciais. De outro, com a aprovação de um projeto pesadelo para Dilma (e os futuros chefes de governo).
 
O principal veto na mira é o que invalidou o ato do Congresso que extinguiu a multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS, paga pelas empresas em casos de demissões sem justa causa. A presidente alega que o montante arrecadado a esse título - R$ 6,2 bilhões por ano - é indispensável ao Minha Casa, Minha Vida. Já o pesadelo é a proposta do presidente da Câmara, o peemedebista Henrique Eduardo Alves, para tornar impositivo o cumprimento do Orçamento da União.
 
Desde sempre, os governos desfrutam da liberdade de escolher quais dos gastos previstos serão efetivados a cada ano e quais ficarão para as calendas. O Orçamento impositivo é um disfarce para o que os políticos realmente desejam: a execução mandatória das emendas parlamentares, cujo valor este ano alcança R$ 8,9 bilhões.
 
Graças a elas, os autores esperam fazer bonito nos seus redutos, embora as obras de varejo a que se refiram pouco ou nada tenham que ver com as prioridades da administração. Já os governantes se valem da promessa de liberação dos recursos para comprar votos no Congresso.
 
Ou, como agora, para aquietar o surto autonomista dos partidos da base. Foi para isso que a presidente se reuniu na terça-feira com uma dezena de ministros, aos quais informou que liberará até o fim do ano, em três parcelas iguais, R$ 6 bilhões para tanto. A primeira era para ter saído em maio. Os ministros saíram do Alvorada com a incumbência adicional de trabalhar pela fidelidade dos partidos que os indicaram, nas votações em vias de começar.
 
Dilma está espremida entre o mar e a pedra. A crise das contas públicas a fez cortar há pouco R$ 10 bilhões do Orçamento na tentativa de acumular reservas equivalentes a 2,3% do PIB para pagar os juros da dívida este ano. (Nos 12 meses encerrados em junho, o resultado ficou em 2%.) Problema dela, dão de ombros os soi-disant aliados.
 
O deles, tornado urgente pela antecipação da campanha, é "a sobrevivência política de cada um", confessa o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. Isso conta mais do que o destino de Dilma - e se busca, para a grande maioria, no varejo. O seu homólogo na Câmara, Eduardo Cunha, acha absurdo, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário entregar um trator na base de um deputado sem combinar com ele antes. "Isso agride o parlamentar", protesta. Lula o teria desagravado com um abraço e um cafezinho em palácio.

01 de agosto de 2013
Editorial do Estadão

"DA ARTE DE ILUDIR"

 
Todos eles leram O Leopardo, de Lampedusa. “Se queremos que as coisas permaneçam como sempre foram, elas terão de mudar” - o célebre conselho de Tancredi Falconeri a Don Fabrizio provavelmente não foi enunciado explicitamente na reunião de Dilma Rousseff com os líderes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), mas uns e outros sabiam que era disso que se tratava.
 
A presidente declarou-se simpática à proposta de reforma política, mas não chegou a anunciar apoio público, algo que “não interessa” ao movimento, segundo o juiz Márlon Reis. O patrocínio oficial ficou, assim, fora dos autos.
 
Nas ruas, em junho, gritaram-se as palavras “educação” e “saúde”, não “reforma política”. Contudo o governo concluiu, razoavelmente, que o sistema político em vigor se tornou insuportável - e resolveu agir antes que uma nova onda de manifestações se organize sob a bandeira “Fora Dilma”.
 
Os ensaios sucessivos da Constituinte exclusiva, uma flagrante inconstitucionalidade, e do plebiscito, uma tentativa quixotesca de cassar as prerrogativas do Congresso (o que se traduz hoje, na prática, como prerrogativas do PMDB), evidenciaram o desespero que invadiu o Planalto. É sobre esse pano de fundo que surgiu, como derradeira boia de salvação, a iniciativa do MCCE. Tancredi está entre nós.
 
Antes das manifestações de junho, só o PT tinha uma proposta completa de reforma política. Nos sonhos petistas, o anárquico e corrompido sistema atual evoluiria em direção a algo mais consistente - e ainda mais impermeável à vontade dos cidadãos. O financiamento público de campanha concluiria o processo de estatização dos partidos políticos, que se tornariam virtualmente imunes ao escrutínio popular.
 
O voto em lista fechada concentraria o poder nas mãos das cúpulas partidárias, rompendo os tênues vínculos ainda existentes entre os eleitores e seus representantes. No fim, surgiria uma partidocracia cortada segundo os interesses exclusivos do partido dotado da máquina eleitoral mais eficiente.
 
O projeto petista, que já esbarrava na resistência do restante da elite política, tornou-se inviável depois do transbordamento das insatisfações populares. No lugar dele, o Planalto inclina-se em direção ao artefato lampedusiano produzido no forno do MCCE. O primeiro componente da proposta, sobre o financiamento de campanha, é um tímido aceno às ruas.
 
O segundo, sobre o sistema eleitoral, é uma versão levemente modificada do projeto petista do voto em listas fechadas. Os autores da proposta têm bons motivos para temer que lhes colem o rótulo de companheiros de viagem do governo.
 
Dentro da ideia do financiamento público de campanha pulsa um coração totalitário. Sob a sua lógica, os partidos se libertariam por completo da necessidade de persuadir as pessoas a financiá-los.
 
Pela mesma lógica, eu seria compelido a pagar as campanhas de figuras arcaicas restauradas pelo lulopetismo (Sarney, Calheiros, Collor, Maluf), de pastores fanáticos que sonham incendiar bruxas (Feliciano), de oportunistas sem freios atraídos pelas luzes do poder (Kassab, Afif), de saudosistas confessos do regime militar (Bolsonaro) e de stalinistas conservados em formol que adoram ditaduras de esquerda (quase todos os candidatos do PT, do PCdoB e do PSOL).
 
O MCCE rejeitou essa ideia macabra, associando sensatamente o financiamento de campanha à capacidade dos partidos de exercer influência sobre cidadãos livres.
 
Entretanto, curvando-se aos interesses gerais da elite política, a proposta não toca nas vacas sagradas do sistema em vigor: o Fundo Partidário e o tempo de televisão cinicamente qualificado como gratuito.
 
O sistema eleitoral atual é uma triste caricatura de democracia representativa. Soterrados sob listas intermináveis de candidatos apresentados por dezenas de siglas partidárias e ludibriados pelo truque imoral das coligações proporcionais, os eleitores operam como engrenagens da máquina de reprodução de uma elite política bárbara, hostil ao interesse público.
 
A alternativa petista do voto em listas fechadas corrompe a representação de modo diverso, mas não menos doentio, conferindo aos chefes dos partidos o poder extraordinário de esculpir a composição do Parlamento.
 
A proposta do MCCE envolve a alternativa petista num celofane ilusório, sem modificar o seu cerne. Os partidos seriam obrigados a realizar prévias internas fiscalizadas pela Justiça Eleitoral para selecionar seus candidatos, o que configura uma interferência antidemocrática na vida partidária.
 
Numa primeira etapa, os eleitores votariam apenas nos partidos. Depois, na etapa derradeira, votariam em nomes constantes de listas com duas vezes mais candidatos que as vagas obtidas na etapa anterior.
 
A valsa complexa conserva o poder de decisão essencialmente com os dirigentes dos partidos, mas distribui alguns doces aos eleitores. O Planalto e o PT entenderam o sentido da obra - que, por isso mesmo, deve ser descrita como “apartidária”.
 
Uma ruptura democrática seria a adoção do sistema de voto distrital misto. Nos Estados Unidos e na França, a disputa entre apenas um candidato de cada partido em circunscrições eleitorais delimitadas transfere o poder de decisão para os eleitores e provoca nítidas polarizações ideológicas. Sob a sua lógica, os partidos são estimulados a lançar candidatos capazes de sobreviver ao escrutínio direto do público.
 
E, ao contrário do que argumentam os arautos do voto proporcional exclusivo, os candidatos não se podem apresentar como “deputados-vereadores”, pois a dinâmica da disputa majoritária os compele a associar seus nomes às posições doutrinárias de seus partidos.
 
O MCCE, porém, parece avesso à ideia de uma mudança genuína. “Precisamos do apoio de todas as forças políticas na hora da aprovação no Congresso”, explicou Márlon Reis, o Tancredi disponível na esteira da tempestade de junho.

01 de agosto de 2013
Demétrio Magnoli, O Estado de São Paulo

AMEAÇA DA DESACELERAÇÃO NA CHINA

Como a desaceleração chinesa afeta a economia global
 
Quem comprará o excedente comercial da China em um mundo em crise?
Os planos do governo da China de "reequilibrar" sua economia e investimentos prometem causar impacto na economia global nos próximos anos.
A China seguiu a estratégia de desenvolvimento asiática que teve como pioneiro o Japão, dos anos 50 aos 80, e depois as economias dos chamados "tigres asiáticos": Taiwan, Coreia do Sul, Hong Kong e Cingapura.
 
 
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Infelizmente, para a China, sua população é quase sete vezes maior do que a do Japão e dos "tigres asiáticos" combinadas. O impacto da China no resto do mundo é muito maior.
Por isso, a estratégia de "reequilíbrio" da economia chinesa envolve o governo — ajudado por um pequeno grupo de gigantes do setor industrial — canalizando uma grande fatia da renda do país para investimentos.
 
E investimento, na China, significa qualquer coisa que aumente a capacidade produtiva do país: educar a população, construir indústrias e, acima de tudo, construir novas cidades, estradas, ferrovias, usinas de energia, portos etc.
Esta estratégia também envolve grande dependência das exportações, que ajudam o país a aumentar suas reservas de moedas estrangeiras necessárias para importar materiais brutos e também tecnologia estrangeira.
 
Divisão do bolo
Mas, voltar a economia para o investimento e exportação tem um problema: significa que a economia não atenderá tão bem as necessidades imediatas da população do país.
Para conseguir a média anual de 10% de crescimento alcançada nas últimas três décadas, o governo chinês teve que racionar a fatia do bolo econômico que é destinada em produtos e serviços para sua própria população.
Micheal Pettis, professor de economia da Universidade de Pequim, afirma que as prioridades do governo chinês podem ser vislumbradas através de suas políticas.
Entre elas: uma moeda barata, que mantém a competitividade das exportações, mas também torna os produtos importados mais caros.
 
Baixas taxas de juros, o que é bom para quem precisa de crédito (fábricas, indústrias estatais e construtoras), e não tão bom para poupadores.
 
 
 
O presidente Xi Jinping não tem muita escolha a não ser 'reequilibrar' a economia
Aumentos de salários que não alcançam o valor do que o chinês produz, possível graças à abundância de mão de obra camponesa barata migrando para as cidades.
O direito que governos regionais tem de desapropriar fazendas para empreendimentos imobiliários.
Um sistema de registro de residências que priva os imigrantes de um sistema de bem-estar nas cidades onde eles trabalham.
E todas estas coisas subsidiam o Estado e sua estratégia de desenvolvimento industrial às custas dos cidadãos chineses.
Agora, de acordo com o plano de "reequilíbrio", as políticas acima deverão ser revertidas para que os gastos da crescente classe média do país possam finalmente se transformar no principal motor da economia.
Foi apenas com a chegada de Xi Jinping à Presidência do país que o governo finalmente conseguiu iniciar a tarefa de reequilibrar a economia. E ele tem pouca escolha já que os motores antigos da economia chinesa, exportação e investimento, estão quebrados.
A crise de 2008 deixou claro que Estados Unidos e a Europa não poderiam continuar emprestando dinheiro da China para comprar produtos chineses.
A China saturou seus mercados exportadores e, para responder à crise financeira, o país aumentou os investimentos em infraestrutura e construção, uma estratégia que também já chegou ao limite.
 
Impacto do 'reequilíbrio'
A China já está vivendo uma explosão de consumo e, em parte, isto se deve ao fato de que, com 50% da população vivendo em cidades, a demanda por trabalho industrial barato parece ser maior do que o suprimento de trabalhadores migrantes, o que aumenta os salários.
Se esta explosão se mantiver, então a China poderá ultrapassar os Estados Unidos e a União Europeia para se transformar no maior mercado para produtos exportados.
Alguns setores dos negócios britânicos, como educação (com a venda de livros de estudo do inglês) e também produtos de luxo, já estão se beneficiando.
E este "reequilíbrio" chinês também pode começar a reverter a desigualdade de renda no mundo, que aumentou muito desde os anos 80 — em parte devido ao barateamento da mão de obra no Ocidente por causa da competição com os trabalhadores mais baratos da China.
Mas, nem todas as notícias são boas: a crescente demanda por carne entre a população mais rica do país deve aumentar ainda mais os preços de alimentos no mundo.
CliqueLeia mais: Estudo chinês indica que país está mais desigual
 
Inevitável
 
O "reequilíbrio" da China é inevitável e saudável.
 
Em meio a tantos países implantando políticas de austeridade, a economia global poderá se beneficiar com alguém gastando mais dinheiro, algo que os consumidores chineses poderão fazer.
Mas, eles ainda não chegaram lá. O consumo residencial na China é equivalente a apenas um terço dos gastos na economia do país, um número muito baixo. Na maioria dos países, gira em torno dos 50% ou 70%.
E há outros riscos também. Vamos supor que a taxa de gastos em investimentos da China, que atualmente está em 48% da produção econômica, fique estagnada, enquanto os gastos de consumidores crescem entre 10% e 15% a cada ano.
Isto seria o equivalente a desacelerar o crescimento chinês nos próximos anos, talvez entre 5% e 7%.
E surgem outros questionamentos para tornar a visão do futuro chinês ainda menos otimista: qual a razão de não diminuir estes gastos em investimentos se a China já investiu demais em muitos apartamentos, ferrovias e siderúrgicas?
 
 
Desacelaração na construção civil chinesa trará problemas para o mundo todo
E se o valor dos apartamentos que os chineses compraram, investindo as economias de uma vida inteira, começarem a cair?
Mesmo se a situação continuar boa, a perspectiva de um arrefecimento no boom da construção civil pode trazer implicações enormes para o resto do mundo.
No setor de mineração, por exemplo. O setor da construção consome grande quantidade de metais básicos. A Rio Tinto, uma das maiores mineradoras do mundo, estima que, em 2012, a China consumiu dois terços de seu minério de ferro, 45% do alumínio e 42% do cobre.
Se o consumo chinês cair devido à desaceleração da construção, os minérios vão inundar os mercados. Os preços de algumas commodities já caíram.
Se o plano de reequilíbrio continuar, a vida das mineradoras do mundo ficará difícil. E a vida de países que foram tão bem nos últimos anos exportando commodities como Brasil, Chile, a maior parte da África, Rússia etc, também ficará difícil.
Mas não é apenas a mineração que será atingida. A China conseguiu sobreviver à crise de 2008 aumentando ainda mais sua capacidade produtiva, mas para quem vai vender a produção resultante?
Capacidade superior à demanda é ruim para os lucros, empregos e relações comerciais.
Isto vai afetar países como Japão e Alemanha, que são importantes no setor da indústria. Países voltados para os serviços, como a Grã-Bretanha, poderão ser beneficiados.
 
Desafios globais
A explosão do setor de construção da China desde 2009 gerou a grande importação de materiais brutos, equipamentos e assim por diante, e quase eliminou o superavit da balança comercial do país — que em 2007, antes da crise mundial estava em torno de 10%.
Minerais e combustíveis foram responsáveis por cerca de um terço das importações chinesas em 2011, segundo dados da Organização Mundial do Comércio.
Se a explosão no setor de construção acabar, estas importações poderão cair muito, desequilibrando a balança.
 
 
Uma das opções seria desvalorizar o yuan
O governo chinês anunciou mais subsídios para exportadores, além de mais construções de ferrovias, como parte do plano para estimular a economia.
Outra opção seria deixar que o yuan se desvalorize.
Mas estas medidas não seriam úteis para outros países, como Estados Unidos, Japão e Europa, que também estão apelando às exportações para ajudar na recuperação econômica. Se todos querem exportar, quem irá importar?
Outro aspecto é que, se o governo chinês tiver que lidar com grandes números de trabalhadores imigrantes desempregados, sua liderança poderá ficar tentada a apelar à xenofobia para conseguir apoio popular.
Por exemplo, quando a economia do país começou a dar sinais de cansaço, a China reabriu uma velha disputa com o Japão pelas ilhas Shenkaku/Diaoyu e depois teve que esfriar a questão quando a fúria nas ruas pareceu ficar fora de controle.
Em resumo, há um risco de que o mundo possa estar entrando em mais um período de demanda global anêmica — e também em mais um período de relações comerciais cada vez mais cruéis.
01 de agosto de 2013
Laurence Knight - BBC News