"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

LEIA E SE IRRITE



 João Paulo Cunha foi condenado, na forma da lei. Até aí, nada a reclamar. Mas há um ponto que, estando embora na lei, deveria ser discutido: por que a punição deve ser a cadeia? Gente desse tipo não oferece risco de violência; ele não irá colocar ninguém na mira de uma arma.

Ele pode ser deixado em liberdade (ao contrário daquele trombadinha, coitadinho, que roubou muito menos e foi preso – mas que, solto, ameaçaria a vida de outras pessoas).

Deve ser punido, claro; mas é bobagem colocá-lo na cadeia, onde ocupará uma vaga necessária para conter criminosos violentos e nos forçará a gastar dinheiro público – escasso – para vigiá-lo, alimentá-lo, protegê-lo de outros prisioneiros indignados com o comportamento que o levou a ser seu novo colega. E, na cadeia, ele também poderá ensinar aos presos mais coisas ruins que eventualmente ainda não saibam.


Pessoas como João Paulo Cunha sentem muito mais dois outros tipos de pena: primeiro, o afastamento da vida pública, do poder, da vida nos palácios, dos puxa-sacos que correm para abrir-lhe as portas e os chamam de Vossa Excelência; segundo, a devolução do dinheiro desviado, acrescido de multas pesadas e efetivamente cobradas.

Há gente para quem dinheiro é mais importante que tudo, inclusive a liberdade. Que o condenado seja punido exemplarmente, então, da maneira que lhe é mais dolorosa, permitindo que o país seja ressarcido dos prejuízos que teve não apenas com os desvios, mas também com o custo das investigações e processos.

É melhor do que gastar ainda mais verba pública com ele.

03 de setembro de 2012
Carlos Brickmann

A PROPÓSITO DO CAIXA DOIS

 

Fiquei estarrecido quando tomei conhecimento, pela mídia, que a mais alta autoridade da República, à época que eclodiu o denominado escândalo do mensalão, alegara tratar-se de um mero (sic) caixa dois.

Uma autoridade fiscal chegaria ao limite da perplexidade se ouvisse de um contribuinte - que praticara crime de sonegação por omissão de receita, por exemplo -, a justificação de que fora tão somente um cândido exercício de caixa dois. Pois bem, esse mau contribuinte poderia acrescentar que se inspirara em discurso de autoridade.

O advogado, no exercício de uma função essencial ao estado democrático de direito, tem a obrigação de buscar a absolvição ou, ao menos, a redução das penas que, em tese, seriam aplicáveis a seus clientes.

O que espanta, todavia, é ver políticos e advogados festejarem o crime do caixa dois, ante a possibilidade de prescrição. Bradam solenemente: foi apenas caixa dois. É a banalização da indecência.

Crime deve ser confessado de forma compungida e envergonhada, de cabeça baixa, com um mínimo sinal de arrependimento. Somente criminosos doentios se vangloriam de suas iniquidades.
Essas condutas funcionam como uma espécie de cupins da frágil estrutura de valores da sociedade brasileira.

Somadas a outras, que de tão pequenas às vezes não são percebidas, vão minando as convicções das pessoas e arruinando o processo civilizatório.

A alegação do caixa dois não é, entretanto, um episódio isolado nesse processo de aviltamento dos valores. O ovo da serpente há muito se encontra instalado no estado brasileiro.

A redemocratização no Brasil, infelizmente, revigorou a condenável prática do fisiologismo. Não tendo sido decorrente de uma ruptura institucional, mas de um processo conciliatório, a redemocratização trouxe à mesa do governo personagens antes abrigados na oposição.

Os novos protagonistas da cena política exigiram, legitimamente, que fossem representados na administração pública, já sobrecarregada pelos oriundos da velha ordem. A Nova República iniciou a temporada das “indicações”. Foi a festa do velho fisiologismo.

A arena política passou a ser povoada por uma miríade de partidos e tendências, em que prevaleceram interesses localizados, pretextando o que foi chamado de presidencialismo de coalisão. O clássico fisiologismo, então, se sofisticou.

Se antes as postulações dos partidos políticos se limitavam às “indicações”, em um novo estágio elas se direcionaram para despudoradas demandas por “diretoria que fura poço” e tesouraria de estatais.

Mais recentemente, surgiu o que se chamou de aparelhamento, em que se pretendia um comprometimento ideológico dos indicados. Não é nada disso, entretanto, ainda que, em alguns momentos, se escutassem murmúrios de teses obscuras, cada vez mais subjugadas pelo pragmatismo.
  
Aparelhamento é apenas outra denominação do fisiologismo, aplicável à ambição de grupelhos políticos não tradicionais. Qualquer que seja o nome – fisiologismo, aparelhamento, apadrinhamento -, o que fica evidente é o propósito de tão somente manter-se no poder e dele se servir, na velhaca tradição patrimonialista brasileira.
 
Chegou-se, agora, à ousadia de cobrar-se fidelidade da toga aos donos do poder. Muitos políticos se espantam quando magistrados decidem de forma diferente da expectativa dos que os nomearam. Marianne, símbolo da República desde a Revolução Francesa, deve estar ruborizada.
 
Essas práticas pouco edificantes se combinam com obscenas barganhas e negócios tenebrosos, que têm por base as emendas parlamentares ao orçamento. Serão elas, mantido o modelo existente, uma fonte inesgotável de escândalos. Não raro, os acusadores de hoje se convertem nos acusados de amanhã. A maldição está em um sistema completamente vulnerável à corrupção.
 
O afrouxamento moral do Estado tem outras faces. Por exemplo, qual o respaldo moral para cobrar as dívidas dos contribuintes, se o Estado não paga precatórios, atrasa tanto quanto possível restituições e compensações de tributos, faz uso de todos os recursos procrastinatórios para evitar a liquidação de sentenças em que foi condenado? Essa assimetria de conduta, tão recorrente, é um desserviço à República e agride a moralidade.
 
Não me surpreendo, conquanto deplore, quando vejo cidadãos afirmando, publicamente, que não pagam impostos porque os políticos são corruptos. É o império da torpeza bilateral.
 
O que impressiona, de mais a mais, é constatar que essa crise axiológica, que não é recente, vem crescendo continuadamente, sem que nada interrompa sua execrável trajetória.
 
Há uma novidade, todavia. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos réus do mensalão, independentemente das decisões que serão tomadas, trouxe a lume alguns conceitos alentadores, superando o ranço positivista que pretende a supremacia do formalismo sobre os fatos e construindo novas jurisprudências.
 
Assim, o que se colhe fora do juízo, ainda que não sejam provas cabais, robustecem as evidências extraídas no rito judicial. Nenhuma destinação, por mais meritória que seja, sacraliza dinheiro oriundo de peculato. Deve-se alegar caixa dois em tom contrito e penitente, jamais como um pecado escusável. Como contraponto, foi proclamado que pessoas inocentes têm o direito - não tão óbvio, para alguns - de serem declaradas inocentes.
 
Em “O Moleiro de Sans-Souci”, conto de François Andriex, um personagem, ao repelir a pretensão do Imperador Frederico II da Prússia de demolir seu moinho, reagiu com destemor: ainda há juízes em Berlim. Embora não concluído o julgamento do mensalão, as atitudes firmes e serenas dos Ministros do STF, nem sempre convergentes como autoriza a livre convicção, levam-me a admitir que ainda há juízes em Brasília. É uma réstia de esperança, até mesmo para os céticos, como eu.

03 de setembro de 2012
Everardo Maciel é ex-secretário da Receita Federal

IMAGEM DO DIA

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  • Filhote de tigre-de-bengala com sua mãe, Surya Bara, no zoológico de Liberec, na República Tcheca. Ele é um dos trigêmeos nascidos em julho no zoológico
    Filhote de tigre-de-bengala com sua mãe, Surya Bara, no zoológico de Liberec, na República Tcheca. Ele é um dos trigêmeos nascidos em julho no zoológico - Petr David Josek/AP
     
    03 de setembro de 2012
     

    AO CONDENAR O NÚCLEO FINANCEIRO, BARBOSA ARMARÁ BOTE SOBRE POLÍTICOS

     

    O STF realiza nesta segunda (3) a 18a sessão de julgamento do mensalão. Joaquim Barbosa concluirá a leitura do pedaço do voto que trata do “núcleo financeiro” do escândalo. A peça começou a ser lida na quinta (30). Na parte já exposta, o relator não deixou dúvidas quanto ao desfecho: votará pela condenação dos réus.

    Vão à grelha de Barbosa quatro ex-gestores do Banco Rural: Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Ayanna Tenório e Vinícius Samarane. Enrolaram-se por conta de empréstimos ao PT e a empresas de Marcos Valério. Coisa de R$ 32 milhões em valores de 2003 –R$ 3 milhões ao PT e R$ 29 milhões às agências de publicidade Graffiti e SMP&B.

    Na lógica do ‘fatiamento’ adotada por Barbosa, as condenações desse capítulo preparam o bote do relator sobre os réus dos capítulos seguintes. Entre eles os políticos e seus prepostos. Na denúncia da Procuradoria, os empréstimos do Rural não passaram de simulação. Destinavam-se a dar aparência legal às verbas de má origem que forniram as arcas do mensalão.

    Se a maioria do plenário concordar com o relator, ficará entendido que os créditos eram fictícios. Algo que levará à alça de mira os dois ex-dirigentes do PT que assinaram os empréstimos: José Genoino e Delúbio Soares, ex-presidente e ex-tesoureiro do partido. Abre-se, de resto, a picada que levará à condenação de todos os que sacaram os valerianos repasses nos guichês do Rural.

    03 de setembro de 2012
    Josias de Souza - UOL

    OPINIÃO DO LEITOR

     

    "Quem for sábio saberá que a hora é de economizar e frear suas dívidas pessoais, pois quando a bolha estourar, vai ser um pega pra capar muito complicado".

    Chris Haddad Ben Yaacov
    Novo Hamburgo - RS

    DILMA ROUSSEFF PERDE O BOM SENSO AO REBATER FHC E AFIRMA QUE HERANÇA DEIXADA POR LULA NÃO É MALDITA

     

    (Foto: AFP

    Troca de farpas – Que Luiz Inácio da Silva deixou à sua sucessora uma intrincada e maldita herança todos sabem, mas ninguém pode falar sobre o assunto. Pelo menos é isso que demonstra nota assinada pela presidente Dilma Rousseff e enviada aos órgãos de comunicação do País.

    De acordo com a nota, Dilma rebate a afirmação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em artigo publicado no último final de semana nos jornais “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”, destacou a herança maldita deixada por Lula.
    A referência de FHC foi um repetição do que o próprio ex-metalúrgico fez quando assumiu o poder, em janeiro de 2003. Como forma de justificar por antecipação a sua conhecida incompetência, Lula preferiu classificar como herança maldita o legado do antecessor.

    “Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão. Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes”, destaca a nota assinada por Dilma.

    Petistas são magnânimos e não toleram ser criticados, especialmente por adversários. Dilma, por sua vez, sem ter o que fazer, apelou ao absurdo para rebater o artigo de Fernando Henrique Cardoso.
    O Brasil, como se sabe, vive um inequívoco apagão de infraestrutura, o que impede qualquer reação da economia nacional. Afirmar que Lula deixou investimentos consistentes em infraestrutura é assinar recibo de tolice. Outro absurdo de Dilma foi afirmar que a inflação está sob controle, quando na realidade as previsões são de alta do mais temido fantasma da economia.

    Em outro trecho, a presidente afirma ter recebido “um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes”.

    Pois bem, para Dilma não importa o endividamento recorde das famílias brasileiras e a disparada da inadimplência. De igual modo, a presidente parece não se preocupar com o nível de aprendizado dos alunos, bastando apenas que os mesmos consigam chegar às universidades.
    Ou seja, bom mesmo são universitários diplomados com vocação para néscio.

    Mais adiante, Dilma alega ter recebido “um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse”.
    Lula só não avançou no seu projeto de mudar a Constituição Federal para abocanhar mais um mandato porque foi aconselhado a desistir da ideia que estava em marcha na Câmara dos Deputados, sob o comando do deputado federal e companheiro de legenda Devanir Ribeiro.

    Por fim, Dilma destaca na nota que “o ex-presidente Lula é um exemplo de estadista”. No momento em que o Supremo Tribunal Federal confirma que o governo Lula foi uma ode à corrupção, afirmar que o ex-metalúrgico é um estadista é no mínimo sandice. Pode até ser uma obrigação partidária, mas tal afirmação é suicídio político.

     03 de setembro de 2012
    ucho.info

    BRAZUCA É O NOME DA BOLA


    E no país dos párias de chuteiras, o ufanismo patriótico estúpido já batizou a bola da copa de 2014.
     
    Agora ela é oficialmente chamada de BRAZUCA.
    Nada mais apropriado para definir a brasilidade cretina de parcela da população que vive de torcer pelo futebol.
     
    O mesmo futebol que transforma medíocres jogadores em "melonarus" semi deuses. Onde a "arte" de bater na bola é mais absoluta que o conhecimento e a educação.
     
    O futebol que aliena e mata parcela de BRAZUCAS sem noção que não entendem mais nada da vida a não ser o amor ao clube do coração.
     
    O futebol que empana o brilho de valentes juízes que estão na luta para transformar este país em uma nação séria e que segue as leis, tentando punir a bandoleiros que entenderam que pão e circo transformam uma população em prezas fáceis para seus planos de perpetuação no poder. Daí a Copa do Mundo na Pocilga.
     
    O mesmo futebol onde a malemolência, a manha e a malandragem dão o tom antiesportivo que acaba se tornando lugar comum na vida das pessoas sem noção que acreditam que o jogo ainda se ganha no campo.
     
    O mesmo futebol que hoje é responsável pelos maiores rombos e desvios corruptos em obras superfaturadas para a construção de estádiios em cidades que nem times em divisões importantes dos campeonatos da pocilga possuem, mas certamente farão o sonho de alguns idiotas por um mês com uma conta social que certamente ficará pendurada em nossas costas por algumas décadas.
     
    Mas o que importa ser o Brasil uma potência mundial em mediocridade se somos os PENTA campeões da bola em busca do EXA que nos fará os melhores em porra nenhuma.
    Brazuca.
    Nada mais apropriado para coroar a mediocridade de uma nação de desdentados sem educação, sem saúde, sem segurança, sem cidadania.
    Que acham engraçada a propria miséria, onde a tragédia humana é deixada de lado no próximo clássico, onde protestar nas ruas contra a bandalheira é coisa para mané.
    O legal mesmo é sair às ruas em dias de jogo da "celessão", com a camisa amarela, de bandeira em punho, cantando o Hino Nacional em uma demonstração de orgulho ufano patriótico típico de uma colônia movida a pão e circo.
    Abaixo a letra da Música de Gabriel o Pensador "BRAZUCA",
    Bom para refletir.
    Brazuca
    Gabriel O Pensador
     
    Futebol? Futebol não se aprende na escola
    No país do futebol o sol nasce para todos
    mas só brilha para poucose brilhou pela janela do barraco da favelaonde morava esse garoto chamado Brazuca
    Que não tinha nem comida na panelamas fazia embaixadinha na canelae deixava a galera maluca
    Era novo e já diziam que era o novo Pelé
    Que fazia o que queria com uma bola no pé
    Que cobrava falta bem melhor que o Zico e o Maradona eque driblava bem melhor que o Mané, pois é
    E o Brazuca cresceu, despertando o interesse emempresários e a inveja nos otários
    Inclusive em seu irmão que tem um poster do Romário noarmário
    Mas joga bola mal pra caralho
    O nome dele é Zé Batalha
    E desde pequeno ele trabalha pra ganhar uma migalha
    que alimenta sua mãe e o seu irmão mais novo
    Nenhum dos dois estudou porque não existe educação propovo no país do futebol
    Futebol não se aprende na escola
    É por isso que Brazuca é bom de bola
    Brazuca é bom de bolaBrazuca deita e rola
    Zé Batalha só trabalha
    Zé Batalha só se esfola
    Brazuca é bom de bola
    Brazuca deita e rola
    Zé Batalha só trabalha
    Zé Batalha só se esfola
    Chega de levar porrada
    A canela tá inchada e o juiz não vê
    Chega dessa marmelada
    A camisa tá suada de tanto correr
    Chega de bola quadrada
    Essa regra tá errada, vâmo refazer
    Chega de levar porrada
    A galera tá cansada de perder
    No país do futebol quase tudo vai mal
    Mas Brazuca é bom de bola, já virou profissional
    Campeão estadual, campeão brasileiro
    Foi jogar na seleção, conheceu o mundo inteiro
    E o mundo inteiro conheceu Brazuca com a dez
    Comandando na meiúca como quem joga sinuca com os pés
    Com calma, com classe, sem errar um passe
    O que fez com que seu passe também se valorizasse
    E hoje ele é o craque mais bem pago da Europa
    Capitão da seleção, tá lá na Copa
    Enquanto o seu irmão, Zé Batalha, e todo o seu povão,
    a gentalha da favela de onde veio, só trabalha
    Suando a camisa, jogado pra escanteio
    Tentando construir uma jogada mais bonita do que agrama que carrega na marmita
    Contundido de tanto apanhar
    Confundido com bandidoImpedido
    Pode parar!!Sem reclamar pra não levar cartão vermelho
    Zé Batalha sob a mira da metralha de joelhos
    Tentando se explicar com um revólver na nuca:
    Eu sou trabalhador, sou irmão do Brazuca!
    Ele reza, prende a respiração
    E lá na Copa, pênalti a favor da seleção
    Bola no lugar, Brazuca vai bater
    Dedo no gatilho, Zé Batalha vai morrer
    Juiz apitou... Tudo como tinha que ser:
    Tá lá mais um gol e o Brasil é campeãoTá lá mais um corpo estendido no chão

    O país ficou feliz depois daquele gol
    Todo mundo satisfeito, todo mundo se abraçou
    Muita gente até chorou com a comemoração
    Orgulho de viver nesse país campeão
    E na favela, no dia seguinte, ninguém trabalha
    É o dia de enterrar o que sobrou do Zé Batalha
    Mas não tem ninguém pra carregar o corpo
    Nem pra fazer uma oração pelo morto
    Tá todo mundo com a bandeira na mão esperando aseleção no aeroporto
    É campeão da hipocrisia, da violência, da humilhação
    É campeão da covardia e da miséria, corrupção
    É campeão da ignorância, do desespero, desnutrição
    É campeão do abandono, da fome e da prostituição
     
    03 de setembro de 2012
    omascate

    OS DIFERENTES DESTINOS DA DEMOCRATIZAÇÃO

    Marcello Averburg


    Durante grande parte do século XX a América Latina manteve-se subjugada a dirigentes ditadoriais. Os processos de democratização começaram a concretizar-se principalmente a partir da década de 80, mudando o visual político da região. Entusiásticas esperanças afloraram, prevendo-se crescente aperfeiçoamento e consolidação institucional. Hoje, observando a realidade latino-americana, concluimos que em vários casos tais esperanças não se justificaram.

    Em uma tentativa de agrupar os países de acordo com o tipo de trajetória que percorreram após o fim das respectivas ditaduras, consegui identificar quatro conjuntos.

    O primeiro é composto pelos hoje governados por presidentes escolhidos pela via eleitoral, mas que arremataram poderes não condizentes com o sistema democrático. Caracterizam-se por constranger seus opositores, sonhar em perpetuar-se no poder e manipular de forma abusiva os instrumentos constitucionais, inclusive modificando-os quando lhes convém.
    Quais fatores viabilizaram a produção desse gênero de liderança?

    Não restam dúvidas de que o fator mais importante foi o deplorável desempenho do precedente establishment no comando dos respectivos países após a democratização. A desilusão provocada pela incapacidade da classe política tradicional de promover desenvolvimento econômico e equidade social e de demonstrar probidade no exercício do poder, provocou o declínio da fidelidade do povo à liberdade conquistada.

    Como consequência desse desencantamento, deu-se o surgimento do espaço propenso à ascensão de lideranças populistas, despreocupadas com a integridade democrática e com a eficácia das políticas públicas. Hugo Chavez foi pioneiro na percepção desse espaço, servindo de inspiração para o atual panorama na Bolívia, Equador e Nicarágua.

    A desilusão provocada pela incapacidade da classe política tradicional de promover desenvolvimento econômico e equidade social e de demonstrar probidade no exercício do poder, provocou o declínio da fidelidade do povo à liberdade conquistada
     
    O segundo conjunto de países é formado por aqueles onde o processo de democratização não amadureceu adequadamente. Isto é, onde a debilidade das instituições e das organizações politico-partidárias resulta em Estados desprovidos de instrumentos apropriados ao exercício do poder, pilotados por governantes ineptos e corruptos. Os exemplos mais marcantes são o Paraguai e algúns integrantes da América Central e Caribe.

    Argentina e Brasil justificam a identificação de um terceiro conjunto. Ambos possuem sólidas e sofisticadas estruturas institucionais e seus respectivos regimes politicos estão longe de se assemelharem ao do primeiro conjunto. No entanto, o comportamento de algúns de seus presidentes conflita com a ética democrática.

    Tanto na Casa Rosada, quando ocupada por peronistas, quanto no Palácio do Planalto durante o período Lula, a fronteira da legalidade sofre e sofreu arranhões , sob o respaldado da maioria disponível no congresso. Nos dois casos a máquina estatal é compulsivamente manobrada em prol dos interesses dos partidos situacionistas, e o grau de tolerância e/ou conivência com a corrupção é elevado.

    No quarto conjunto incluem-se os países onde a redemocratização atingiu bons indices de êxito. Chile e Uruguai lideram esse grupo, do qual também fazem parte Peru e Colômbia, em diferentes níveis de adesão.

    Evidentemente, essa tentativa de classificação é generalista e simplificadora, mas pode servir como roteiro para acompanhar a trajetória política das nações em foco. Em nenhum dos quatro conjuntos seria correto enquadrar Cuba e México, cujas peculiaridades demandam analises específicas.

    3 de setembro de 2012
    Marcello Averbug

    LULA, OS DRAÇÕES E O PODER DOS FRACOS

    Roberto DaMatta


    Um imperador chinês adorava dragões. Colecionava suas imagens e os reverenciava. Os dragões, que ocupavam o lugar mais alto na hierarquia dos animais na China e eram associados ao próprio imperador–apalavra dragão em chinês produz o som do trovão –, ficaram felizes quando, nas montanhas onde viviam exilados, souberamque ele os admirava.
    Rompendo o confinamento, eles resolveramvisitá-lo. Desajeitados, rastejaram, galoparam e voarampara o palácio imperial.
    Foram recebidos com insultos. O imperador até tentou encarar a visita comouma cortesia.Mas, quando se viu diante daqueles bichos escamosos e fedorentos, que, enquanto falavam, provocavam labaredas que queimavamplantações, deixou de lado a admiração que sentia e os expulsou do palácio.

    Ouvi essa história de um cientista político chinês, durante uma palestra numa universidade americana. Como se sabe, disse com ironia o colega chinês, todo mundo ama e admira a democracia desde que ela, como os dragões, permaneça nas montanhas.

    Quando a democracia chega cuspindo o fogo da liberdade – comseu poder de reduzir ricos e pobres, fracos e fortes à igualdade perante seus poderes –, há em toda parte uma forte reação.

    Hoje, os dragões são bons símbolos das confusões permanentes da competição eleitoral e da igualdade de todos perante as leis, porque a vida numa democracia liberal é tão complexa e difícil quanto a desses seres que, de repente, podem botar fogo pela boca.

    Como domesticar os dragões no caso de países como o brasil? Aqui, eles correspondem não ao ideal de democracia, mas a outra idealização: a enorme diferença entre o que se diz e o que se faz com nossos companheiros e com nosso partido quando chegamos ao poder.
    Aí está o mensalão, armado por aficionados desses monstros, que não me deixa mentir.
    O dragão pergunta: será que o voto deve ter o mesmo valor para todos? Se sabemos a solução para os problemas do Brasil, não seria legítimo comprar votos e políticos, e até mesmo partidos inteiros – para permanecer no poder resolvendo, a nosso modo, os problemas do povo brasileiro? Não se trata de tomar partido, trata-se de condescender com a desonestidade como um meio para permanecer no poder.

    Lula, sem sombra de dúvida, foi o político simbolicamente mais forte da história do brasil. Ele não precisava adorar dragões, porque dentro dele conviviam o dragão da miséria, da fome, do abandono e da pobreza, com todos os seus terríveis coadjuvantes.
    Jamais se viu um presidente ou líder político com tanto poder de aglutinação simbólica como lula.
    Ele atraía os ricos pela culpa e pelas novas oportunidades de ganhar dinheiro com – e não contra – os trabalhadores sindicalizados; era amado pelos subordinados e ressentidos; era incensado pelos intelectuais – sobretudo os chegados a um despotismozinho inocente –, porque, como Platão, supunham que ele poderia ser educado ou convertido; era idolatrado pelos fanáticos pelo poder porque, com Lula, algo novo ocorreria com seus donos.
    E, finalmente, Lula dragava na sua figura os cristãos porque, nascido no centro da opressão, ele sofreu, mas não desistiu.

    Sua fala repleta de erros crassos de português e de imagens simplórias não era, como pensavam os letrados, um demérito. Era o mais sincero testemunho de sua origem popular, porque essa fala confirmava o “pobre” iletrado (e explorado) no papel do presidente que pode tudo. Lula foi premiado com a Presidência por suas virtudes e por algo que a teoria política burguesa dos Hobbes, Rousseaus, Lockes e Mills jamais perceberam: aquilo que alguns antropólogos chamaram de “poder dos fracos”.

    O poder dos miseráveis nas sociedades intransigentemente desiguais, como a nossa, que tem a ilegítima legitimidade de transformar o assalto à mão armada em distribuição de renda. Esse poder dos fracos é o velho poder das ciganas que vivem miseravelmente no presente, mas predizem o futuro. Lula foi a imagem da redenção do Brasil pelo Brasil.
    Lula foi a imagem da redenção do Brasil pelo Brasil
     
    Nem a Revolução Francesa, nem a Russa, nem a Americana tiveram um ator com tais atributos. Pois Lula é a metáfora viva do que uma democracia pode fazer e do que só pode ser feito numa democracia construída por meio de uma imprensa livre e da competição eleitoral. nas revoluções que romperam as realezas e inauguraram a democracia como uma forma de vida, esse dragão feio, imperfeito, inclassificável – porque é ave, réptil e é também um mamífero –, não há nenhum líder como lula. A Revolução Gloriosa e a Francesa foram feitas por pensadores burgueses.

    Nem mesmo Mandela, negro e advogado, se iguala a ele. Nenhum deles veio tão de baixo – nem mesmo na Revolução Americana, onde se fundou a primeira sociedade civicamente igualitária do planeta, como tão bem percebeu um deslumbrado Alexis de Tocqueville.

    Medir o que Lula representa simbolicamente é mais fácil hoje porque o tempo e a vida – e, mais que isso, a presença do petismo nas engrenagens paradoxais do poder – revelaram, logo no primeiro governo, a impossibilidade de seguir à risca o projeto ideológico de permanência, hoje em julgamento pelo Superior tribunal Federal. Lula perdeu parte de sua atração ideológica quando se filiou ao projeto brasileiro perene de manter nossas desigualdades confiando ao Estado (não à sociedade) seu projeto de revolução. E tome roubo e recursos públicos, e tome funcionalismo acima das leis.

    Está Lula hoje, como um ex-presidente profissional que sabe como ninguém jogar com a dramaticidade de sua trajetória e com os anseios messiânicos do povo brasileiro, ainda desejoso de ter um dragão que tudo resolva? É certo que Lula tem um papel ímpar no processo político nacional.

    Mas também é seguro que ele não goza mais aquela ausência de verniz que o cobria como um presidente messias – um pobre governando os pobres. A aura de pureza e de inocência dos fracos e destituídos desmanchou-se diante da fieira de roubalheiras que é parte de sua era.

    As eleições são o teste. Veremos se Lula continua com o mesmo poder de transferir carisma ou se o desfrute do poder concreto tem mesmo a capacidade destrutiva de transformar dragões em lagartos.

    Quem viver verá. E quem viver também verá se ainda precisamos de messias populistas que são pais (e mães) do povo – ou se começamos a exigir um estilo de governo mais impessoal, menos mendaz, mais democrático, que gerencia em nome do povo o que só a ele pertence.

    Roberto DaMatta
    Fonte: revista Época, 03/09/2012

    STF: RÉUS DO MENSALÃO DEVEM MESMO IR EM 'CANA'

     

    Ministros do Supremo Tribunal Federal, consultados em “off” pela Coluna, são de opinião que “vários” réus do processo do mensalão devem cumprir pena de prisão. Eles não citam nominalmente os acusados, mas acham que alguns serão beneficiados por regime aberto, mas outros vão mesmo cumprir a sentença em regime fechado, dada a gravidade dos fatos e a constatação de “crime continuado”.
     
    03 de setembro de 2012
    in claudio humberto

    ESTE É O BRASIL INDECENTE

    Eis a liberdade da “elite pensante” republicana e democrática.
    O Fratres in Unum se solidariza e oferece suas orações por nosso príncipe Dom Bertrand.
    Falta de respeito: Estudantes da Unesp atacam trineto de Dom Pedro durante palestra
    Franca Notícias.com O trineto do imperador Dom Pedro II foi praticamente atacado por estudantes da Unesp em Franca.

    Dom Bertrand de Orleans e Bragança esteve em Franca na noite de terça-feira (28), e pretendia realizar uma palestra na universidade, mas o evento foi marcado por manifestações de estudantes.
    A palestra falaria sobre a importância da monarquia no país, mas assim que chegou a sala, o palestrante foi chamado de nazista e acusado por vários estudantes de ferir a dignidade humana.
    Muitos universitários acabaram xingando o trineto de Dom Pedro e fizeram gestos obscenos em direção ao palestrante.
    Diante da situação, a palestra teve que ser transferida para a faculdade de direito, onde Dom Bertrand foi recebido de uma forma mais educada.
    Em relação aos universitários da Unesp, o descendente do Imperador afirmou que foi uma estupidez.
    Episódios de falta de educação na Unesp de Franca não são novidades, tempos atrás, estudantes em protesto defecaram na frente do reitor da universidade durante a realização de um evento no antigo campus na centro de Franca.
    03 de setembro de 2012
    Créditos ao leitor: Lucas Janusckiewicz Coletta

    MENSALÃO E ELEIÇÃO, NADA A VER



    O julgamento do mensalão começou muito bem, com exibições em grande estilo do procurador-geral, do relator e do revisor, com citações a Chico Buarque, Cazuza, Drummond, Fernando Pessoa e Camões. Já foi pedida a condenação de alguns famosos vilões do escândalo, incluindo o diretor do Banco do Brasil que o Tribunal de Contas da União tentou proteger, num arranjo sombrio com o governo popular. O show, portanto está ótimo. Pena que o eleitorado brasileiro não esteja assistindo.

    A campanha para as eleições municipais 2012 começou como se o mensalão tivesse acontecido 50 anos Antes de Cristo (ou de Lula, tanto faz). Candidatos em todo o país disputam o apoio do messias petista, e se exibem ao lado dele no horário eleitoral gratuito – mostrando que, só em gravação de propaganda política, Lula trabalhou nos últimos meses mais do que o governo inteiro. No momento em que se julga o maior escândalo da história da República, envolvendo todos os homens do então presidente, os candidatos por ele apoiados vão muito bem, obrigado, nas intenções de voto.

    O cenário eleitoral está tão tranqüilo, que até o mensaleiro João Paulo Cunha, considerado culpado pelo ministro-relator Joaquim Barbosa – portanto correndo o risco de ir preso –, é candidatíssimo a prefeito de Osasco, e não se esconde de ninguém. Se ele cair, não tem problema. A máquina de eleger gente está em grande forma, Lula e Dilma são os maiores cabos eleitorais da eleição, e o mensalão não vai atrapalhar mais um banho de urna em escala nacional.


    A tomada dos municípios, como se sabe, sempre foi a base da indústria fisiológica do PT & simpatizantes. Às vezes alguém atravessa o samba, como no assassinato do prefeito Celso Daniel, e aí o país se lembra que a revolução companheira é feita de propina e lixo, ou vice-versa, e que não é seguro deixar os revolucionários sem receber. Mas logo depois escorre tudo para a pré-história, como se vê agora com o mensalão. Chega a ser comovente que um ex-presidente citado a todo momento no maior julgamento da corte suprema, com seu nome rodeado por golpistas e salafrários hospedados em seu grupo político, ressurja como estrela das próximas eleições.

    Se tudo correr bem para as “forças populares” na votação de outubro, como a campanha já indica, em 2014 o país poderá decidir seu rumo de acordo com a nova forma de alternância no poder:Dilma ou Lula.


    Não será uma escolha tão difícil assim. Haverá debates profundos sobre qual dos dois é mais amigo de Hugo Chávez, ou quem alcançará primeiro o populismo desvairado de Cristina Kirchner, mas a essência é a mesma – como mostra a compra do apoio de Maluf para a candidatura Haddad, descrita em detalhes sórdidos por Luíza Erundina.
    Por falar em Haddad, sua candidatura também já demonstrou imunidade ao show do mensalão – apesar de urdida na marra por Lula com supervisão de Dirceu. Enquanto o assalto dos companheiros era cantado em prosa e verso pelos juízes do Supremo, o candidato do PT saiu da patinação e cresceu 50%, graças à porção paulistana da “pátria mãe tão distraída”.

    Tão distraída que nem nota a relação entre a avacalhação do ano letivo nas universidades públicas e a gestão educacional do candidato a prefeito de São Paulo. No MEC, como se sabe, Fernando Haddad fez o que faz todo ministro do PT: política. Defendeu livros com erros de português para agradar ao povão, fez comícios sobre cotas para minorias, tentou emplacar um kit gay como pedagogia eleitoreira, mergulhou na campanha presidencial de Dilma enquanto o Enem bagunçava a vida dos estudantes brasileiros – enfim, mostrou por A + B ser a pessoa certa para administrar a maior cidade do país.

    Mas os méritos não são só dele. Dilma Rousseff tem sido elogiada até pela imprensa burguesa (que conspira contra o governo popular, como denunciou o nosso Delúbio) na forma de enfrentar a greve nas universidades, e no funcionalismo em geral. Dizem que com Dilma acabou a moleza para os sindicalistas. Se com esse rigor todo a população é chantageada pela Polícia Federal nos aeroportos e estradas, imagine-se como seria com a moleza.

    Não adianta. O império dos coitados veio para ficar. E com essas filas imensas, nem dá mais para dizer que a melhor saída é o aeroporto.
     
    03 de setembro de 2012
    Por Guilherme Fiuza - Revista Época

    SANTOS NEGOCIARÁ COM O NARCOTERROR COMUNISTA. ISSO É POSSÍVEL?

      
              Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
    Agora sabemos que as FARC dialogavam em segredo com emissários de Santos enquanto seqüestravam, plantavam minas, recrutavam crianças, atentavam contra a população civil e exportavam drogas.

    A decisão do presidente Juan Manuel Santos de abrir “negociações de paz” com as FARC, após um período de “contatos” secretos com o bando terrorista, em Cuba e outros países, como ele e um porta-voz das FARC acabam de admitir publicamente, é o resultado de uma acumulação de problemas irresolvidos do governo colombiano.
     
    Esse anúncio sobrevem após a queda da popularidade do chefe de Estado colombiano e em meio à maior crise de segurança que o país vive. O aspecto mais visível dessa crise, porém não o único, são os episódios recentes de terror continuado em quatro estados do sul da Colômbia, um grave atentado em Bogotá contra um ex-ministro e jornalista, Fernando Londoño Hoyos, a nova onda de ataques a populações e de destruições de infra-estruturas elétricas e os tumultos indígenas do Cauca que pretendiam beneficiar as FARC tirando a força pública de corredores estratégicos para a segurança nacional.
     
    Para resumir, o plano de Santos de “dialogar” com as FARC não emerge no melhor momento de seu mandato, senão em uma fase de declive no qual não se destaca nenhum avanço político, social e militar do Estado colombiano em sua luta histórica contra a subversão narco-comunista. Pelo contrário, é o resultado da nova relação de forças imposta por esta ao Estado colombiano.
     
    É também a conseqüência de um melhoramento da posição das FARC no cenário internacional. As FARC consolidaram seus bastiões em Cuba, Venezuela e Equador, e contam com redes de simpatizantes em cada país do hemisfério, inclusive os Estados Unidos. A ação diplomática colombiana frente a essa ameaça tem sido inexistente.
     
    Queiram ou não os publicitários do palácio de Nariño, essa é a base política objetiva sobre a qual começará a nova tentativa de “diálogo” com as FARC. A essa desvantagem estratégica se lhe soma outra: o erro de Santos de aceitar o esquema predileto do defunto Tirofijo de “negociar no meio do conflito”. Esse esquema, no qual cada colombiano morto ou ferido pelas FARC pesa contra a Colômbia na mesa de negociação, explica por quê as FARC cresceram cada vez que o Estado colombiano dialogava com elas.
     
    Desde já pode-se ver que esse processo, como os anteriores, não vai ser fácil nem promissor para a democracia colombiana, nem para a estabilidade do continente. O pior de tudo é que essa concessão de Santos às FARC custará a vida de centenas de colombianos.
     
    As FARC de hoje têm pouco a ver com as FARC de 2010. Os oito anos de governos de Álvaro Uribe impuseram a essas hordas uma situação de desgaste, batida em retirada e isolamento como nunca antes. As FARC perderam cerca de 10 mil combatentes, entre baixas, feridos, capturas, extradições e, sobretudo, deserções.
    Uribe havia conseguido a desmobilização de 52 mil homens e mulheres em armas (35 mil para-militares e 17 mil guerrilheiros). A força pública havia sido capaz de expulsar as FARC de vastos territórios, eliminar e encarcerar uma parte de sua liderança, confundir e humilhar os chefes restantes, obrigá-los a se refugiar na Venezuela e Equador.
    Em inúmeros combates, sobretudo com as operações Fênix e Xeque, que o mundo inteiro admirou, o Exército e a Polícia colombianos demonstraram que as FARC já não podiam estar seguras em nenhum lugar. E o otimismo voltou a renascer no coração dos colombianos.
     
    Porém, em apenas dois anos do governo de Santos essas conquistas se perderam. O desmonte da segurança democrática, a tolerância do Executivo ante os desmandos do poder judiciário e o agravamento da guerra jurídica contra as Forças Armadas paralisaram a força pública, confinaram-na a ações defensivas, e permitiu às FARC voltar a suas ofensivas, a ocupar territórios, a re-atualizar suas redes locais e internacionais, a montar atentados em Bogotá, a golpear as comunidades indígenas, a se infiltrar nos movimentos sociais, a reforçar seu negócio de drogas, e a impor na imprensa e nos meios de comunicação sua mentira acerca da “saída negociada do conflito”.
     
    Agora sabemos que as FARC dialogavam em segredo com emissários de Santos enquanto seqüestravam, plantavam minas, recrutavam crianças, atentavam contra a população civil e exportavam drogas.
    O quê Santos vai negociar nessas condições? O quê pode lhes propor, por exemplo, acerca de seus cultivo e tráficos de droga? Um status quo?
     
    Até que ponto é possível continuar chamando isso hoje de “negociações de paz”? Planejada por alguém para embelezar um ato que era e que se confirmou nefasto para a Colômbia, essa fórmula caducou desde o fracasso das reuniões de três anos no Caguán.
    O que o presidente Santos se propõe agora tem mais o aspecto de outra coisa. Teria que abrir um concurso para determinar qual é a definição mais exata do processo que Santos nos promete.
     
    Pois o que se abre não será uma negociação de paz. Com as FARC isso é impossível. Mostra-o a experiência dos últimos 50 anos. Na bagagem intelectual dessa organização não existe a noção de intercâmbio, de negociação, de transação leal. Como movimento totalitário, as FARC só querem o poder e todo o poder.
     
    Nesse sentido, nada têm a oferecer aos colombianos, salvo o caos, a destruição da economia de mercado, da propriedade, da região, das tradições, a abolição da democracia e a escravização de todos, como ocorre em Cuba e Coréia do Norte.
     
    Apesar do respaldo de alguns porta-vozes da comunidade internacional, o ambiente externo tampouco é bom para essas “negociações”. Se Chávez for derrotado em 7 de outubro próximo, e se Cuba não ganhar seu intento de esmagar em sangue a revolta da cidadania, os chefes das FARC perderão suas guaridas. Se Chávez ganhar a eleição, os problemas e a cólera dos venezuelanos aumentarão.
     
    Com um Mitt Romney na Casa Branca Washington poderia abandonar o neutralismo de Obama a respeito do chavismo, e a sorte mudará para os povos que padecem hoje o autoritarismo dos regimes de esquerda. É possível que as “negociações” com as FARC tornem Santos ainda mais impopular e lhe fechem toda a possibilidade de ser re-eleito.
    Escrito por Eduardo Mackenzie

    PRONTO! FICA EVIDENTE QUE TODO O DINHEIRO DO MENSALÃO TINHA ORIGEM FRAUDULENTA

     
    O voto de Ricardo Lewandowski — a exemplo do de Joaquim Barbosa — quer dizer uma coisa apenas: os empréstimos não existiram, eram fraudulentos. Atenção!
     
    O mensalão tinha três fontes de receita: o dinheiro do Visanet (do Banco do Brasil), o dinheiro do Rural e o dinheiro do BMG. Esse último caso (ver post) está sendo julgado na primeira instância da Justiça Federal, em Minas.
     
    Os outros dois estão no Supremo. Por unanimidade, o STF já decidiu que houve transferência ilegal de recursos do Banco do Brasil para Marcos Valério. Agora, com o voto de Lewandowski — e deve haver bem pouca discordância —, fica evidente que o STF deve considerar que outra fonte do mensalão, o Rural, derivava também de uma trapaça.
     
    03 de setembro de 2012
    Por Reinaldo Azevedo

    AO VIVO. DEBATENDO O MENSALÃO


    Estamos ao vivo, até aproximadamente 20h15, aqui: http://veja.abril.com.br/ao-vivo/ ; eu, Augusto Nunes e Marco Antonio Villa conversamos sobre o sessão de hoje do julgamento do Mensalão.

    03 de setembro de 2012
    Por Reinaldo Azevedo

    JUSTIÇA DO TRABALHO ENGARRAFADA COM UM TOTAL DE 22 MILHÕES DE AÇÕES

     

    Todos estão no limite da tolerância com a Justiça – a sociedade que contribui para sua manutenção; os advogados que alimentam a máquina judiciária e padecem no enfrentamento da precariedade dos serviços de serventias e na arrogância e soberba dos juízes; e os trabalhadores que não conseguem alcançar o resultado da mais valia.



    No conjunto, esses problemas acabaram gerando um efeito devastador, porque se uniram a outras questões pontuais.
    No caso da Justiça do Trabalho, é capitaneada pelo processualismo que a transformou num modelo avesso a sua real vocação, que corrói os pilares da primazia da oralidade, simplicidade e pacificação.

    Em 2009, o Judiciário Trabalhista custou R$ 37,3 bilhões, 9% acima de 2008. Mais da metade do valor é aplicado pela Justiça dos estados. O fato é existem 22 milhões e boa parte do resultado com êxito na solução dos conflitos vai para a mão do governo (INSS, IR e custas), valor que fica na contramão do social. A ação trabalhista mantém em parte milhares serventuários e juízes que representam 93% do total do orçamento anual do judiciário laboral.

    Em 2011, R$ 14,97 bilhões foram repassados pela Justiça do Trabalho aos trabalhadores que ajuizaram reclamações, em decorrência de execução de sentença ou acordo homologado. O valor é um terço superior ao pago em 2010. O montante não reflete a realidade, pois se calcula que existam hoje R$ 400 bilhões travados neste judiciário.

    O segmento na interlocução dos seus integrantes estatais, aposta que o aumento das indenizações é reflexo da adoção de diversas medidas que visam dar efetividade à execução, após a implantação em 2005 do convênio da Justiça do Trabalho com o Banco Central, para bloqueio online de contas bancárias para pagamento de dívidas trabalhistas.
    E ainda, o incremento de novas medidas na execução através dos convênios com outras instituições federais e estaduais (Receita Federal, INSS, Detrans, juntas comerciais) que permitem a localização e o bloqueio de bens para penhora.

    Infelizmente há anos os interlocutores da justiça especializada não encontram meios e métodos realmente eficazes para solucionar a montanha de 22 milhões de processos em tramitação em suas 1,5 mil varas trabalhistas, 24 tribunais regionais e o TST.

    Esse tipo de resposta merece uma profunda reflexão, eis que os R$ 15 bilhões pagos nas indenizações são valor diminuto, frente ao gasto anual de R$ 9,3 bilhões/ano, deste judiciário.

    MANSÕES NO LAGO SUL SÃO USADAS POR EMPRESAS PARA LOBBY COM POLÍTICOS

     

    Os jardins da entrada, as piscinas da parte interna e a ausência de placas na fachada disfarçam o perfil comercial de dezenas de casas usadas para funcionar como entreposto político de empresas de grande porte no Lago Sul.
    O bairro mais luxuoso de Brasília foi escolhido pelas firmas com maior peso no Produto Interno Bruto (PIB) para abrigar verdadeiros quartéis generais destinados a desempenhar uma das missões mais estratégicas para as empresas: o lobby com o governo.

     (Elio Rizzo/CB/DA Press)
    Esta é uma das mansões de lobby

    Longe da paisagem urbana de sua sede em São Paulo, a casa de representação da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ocupa grande área arborizada na QI 15 do Lago Sul.
    A fachada do imóvel é protegida por muros altos e um grande portão que se abre a uma espécie de “quintal”, quando o visitante se identifica pelo interfone. Apesar de entidade representar pelo menos 12 montadoras, algumas também utilizam consultorias próprias ou contratam escritórios especializados em assuntos governamentais para ter um entreposto político em Brasília.

    Em alguns casos, a exemplo da Coca-Cola, a representação própria consegue ter mais influência entre autoridades do que a própria associação. A casa da multinacional é a referência no Lago Sul como ponto para discussão de políticas que atingem a indústria de bebidas, engolindo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerante (Abir), que funciona na QL 12 do bairro.

    Também na QL 12 está o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que utiliza o espaço para realizar encontros de discussão do setor. Das casas visitadas pelo Correio, a do Ibram é a que mais se assemelha à estrutura formal de escritório, apesar de estar localizada em região residencial.

    Procurados nas sedes onde mantém as casas, os representantes da Anfavea, Abir e Ibram não quiseram dar entrevista ao Correio.

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    ATÉ A CBF

    A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também já teve sua casa de representação no Lago Sul. Durante a CPI do Futebol, instalada no Congresso em 2001, o órgão máximo do esporte no Brasil alugou um imóvel na QI 15 do bairro.
    A casa da CBF, conhecida como “embaixada da bola”, ficava em uma chácara, com direito a campo de futebol e espaço para eventos descontraídos. Além de atrair empresários do setor esportivo, a casa de representação da CBF reunia parlamentares da chamada bancada da bola.

    À época em que alugou a casa, a CBF foi acusada de montar espaço de diversão para entreter os parlamentares, diretamente envolvidos na CPI, para que os empresários do setor tivessem acesso direto às autoridades destacadas para investigar supostas irregularidades no meio esportivo.

    Após o encerramento das atividades do imóvel da QI 15, outra residência na QL 13 teria sido alugada para oferecer um espaço mais reservado a autoridades que se deslocassem para reunião com cartolas, mas atualmente a casa de representação não está ativa.

    JUSTIÇA DE JERSEY REJEITA RECURSO DE MALUF, E SEUS ADVOGADOS SÃO CHAMADOS DE 'CÍNICOS'

     

    Os advogados de Paulo Maluf sofreram uma derrota na Justiça de Jersey e a Corte Real da ilha rejeitou mais uma tentativa de adiar o julgamento em relação ao destino do dinheiro que estaria congelado em contas no paraíso fiscal.
    Para a corte, a iniciativa dos advogados de Maluf de apresentar um recurso era “tático” e concorda com a versão dos advogados da prefeitura de São Paulo de que os argumentos para pedir o adiamento seriam “cínicos”.

    Há cerca de um mês, a Corte concluiu as audiências em torno do caso aberto pela prefeitura de São Paulo para reaver o dinheiro que Maluf teria desviado das obras da Avenida Águas Espraiadas e que estariam no paraíso fiscal.
    O julgamento permitiu que, pela primeira vez em uma década, documentos fossem liberados mostrando que a família de Maluf administrou contas no exterior, algo que o ex-prefeito sempre negou.

    Numa decisão tomada no dia 22 de agosto e que foi divulgada agora, a corte revela como os advogados do ex-prefeito tentaram, já em 4 de julho, incluir novos elementos ao processo e, assim, pedir que a audiência fosse adiada. Uma primeira decisão rejeitou o pedido.
    Mas os advogados de Maluf voltaram a insistir com a tese e apelar da decisão. Uma vez mais a corte a rejeitou, no dia 28 de agosto.
    Os advogados de Maluf insistiam em mudar algumas de suas respostas que haviam dado no processo, dois anos depois que elas foram entregues ao juiz, o que atrasaria o andamento do caso.

    Nas próximas semanas, a Corte deve se pronunciar sobre o dinheiro de Maluf na ilha e se os recursos devem ou não voltar aos cofres públicos em São Paulo.