"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 12 de janeiro de 2013

A ERA DO DEBOCHE

 

Mais uma vez as chuvas do verão destroem, desalojam e matam, de modo tão previsível quanto as bandalheiras orçamentárias, mas o governo federal só gastou no ano passado cerca de um terço – 32,2% – das verbas previstas para prevenção, enfrentamento de desastres e reconstrução.
 
O Tesouro pagou R$ 1,85 bilhão dos R$ 5,75 bilhões autorizados, segundo números oficiais tabulados pela respeitada organização Contas Abertas. Nada espantoso, nada anormal. A normalidade inclui, segundo altos funcionários da Fazenda, malabarismos contábeis para a encenação do cumprimento da meta fiscal. Foi tudo legal, tudo certinho, segundo o secretário do Tesouro, Arno Augustin.
Não seria mais fácil, mais claro e mais decente reconhecer o mau resultado e tentar, se fosse o caso, justificá-lo? Em outros tempos, com certeza. Na era do deboche, é igualmente normal deixar a aprovação do Orçamento para depois, porque o Executivo dará um jeito de garantir as despesas, dentro ou fora dos padrões constitucionais.
 
Neste tempo bandalho, o poder público tem prioridades muito mais interessantes que administrar a vida coletiva e servir aos interesses da sociedade. É preciso aproveitar o tempo e o dinheiro dos contribuintes para financiar empresas selecionadas, proteger setores amigos, oferecer contratos a grupos felizardos e pôr as estatais a serviço de projetos políticos pessoais e partidários.
Também natural – como consequência – foi a deterioração da Petrobrás, depois de anos de submissão a decisões centralizadas no Palácio do Planalto. Com persistência, a nova presidente, Graça Foster, talvez consiga arrumar a empresa, se ficar no posto por tempo suficiente. Tem mostrado disposição para o trabalho sério, mas sua figura contrasta, perigosamente, com a maior parte do cenário.

Na era do deboche, os padrões políticos e gerenciais se degradam em quase todos os cantos e todos os níveis do sistema de poder. Um bonde sai dos trilhos, por falta de manutenção, e passageiros morrem.
A primeira reação das autoridades é lançar suspeitas sobre o motorneiro, também morto no acidente. Uma criança baleada fica oito horas sem atendimento, embora levada a um hospital. Resposta oficial: o médico faltou. Faltou, sim, mas essa é a resposta errada. Pode ter sido irresponsável, mas também poderia ter sido atropelado ou atingido por um raio.
Em qualquer cidade gerida com um mínimo de competência e seriedade, os serviços públicos essenciais funcionam como um sistema. Não havia outros médicos disponíveis? Não se podia mobilizar uma ambulância para levar a vítima a um lugar onde recebesse assistência?
Na segunda maior cidade de uma das dez maiores economias do mundo, a falta de um único funcionário pode comprometer o socorro de emergência a uma pessoa ferida ou doente.
Os padrões políticos e gerenciais se degradam em quase todos os cantos e todos os níveis do sistema de poder
Mas o padrão se repete. Na capital federal, crianças ficaram sem atendimento porque plantonistas faltaram para prestar exames de residentes. Nenhum administrador sabia? Afinal, quem aplicou o exame?
Novamente: que porcaria de sistema administrativo deixa a segurança dos pacientes na dependência de jovens profissionais? Sistemas organizados para funcionar de verdade têm mecanismos de segurança. São impessoais. Nenhum dirigente de nível superior tem o direito de renegar a própria responsabilidade para transferi-la aos subordinados na ponta da linha.
 
Na era bandalha, quem se importa com a escala das responsabilidades e com a qualidade gerencial do setor público? O governo brasileiro comprometeu-se em 2007 a hospedar a Copa do Mundo de 2014.
 
Em 2011, quando o novo governo se instalou, nada, ou quase nada, havia sido feito para preparar o País. Havia atraso nas obras de aeroportos, estádios, estradas e sistemas urbanos de transporte. Os atrasos continuam, mas os custos subiram, muito dinheiro foi desperdiçado e mais ainda será perdido.
 
Nesta fase debochada, os apagões se multiplicam e chegam a atingir vários Estados, às vezes por várias horas. Os altos funcionários do sistema falam em raios, depois em falhas humanas. A chefe de todos recomenda aos jornalistas uma gargalhada, se alguém mencionar novamente a queda de um raio. Mas quem tem autoridade para pôr ordem na casa e cobrar seriedade na gestão do sistema?
 
Em tempos bandalhos, o presidente da Câmara dos Deputados promete asilo a condenados num processo penal – criminosos, portanto -, se a Justiça ordenar sua prisão. Qual o próximo passo: votar a revogação das penas? Combinaria bem com os padrões atuais de normalidade.

Quando o Congresso adia a votação do Orçamento, crianças ficam sem assistência médica porque o serviço hospitalar é um desastre, a economia emperra porque a infraestrutura se esboroa e a diplomacia, outrora competente e respeitada, se torna subserviente à senhora Cristina Kirchner, a piada final é atribuir os males do País ao câmbio valorizado e aos juros. Abaixo o real, e tudo será resolvido.

12 de janeiro de 2013
Rolf Kuntz
Fonte: O Estado de S. Paulo

IMBECIS SEM DEUS

    
          Artigos - Cultura 
A estupidez, afirma Voegelin, sempre foi um fenômeno reconhecido pelas civilizações antigas: o nabal (tolo) em hebraico, o amathes (homem irracionalmente ignorante) platônico, o stultus (tolo) de Tomás de Aquino. Todos os três criadores da desordem na sociedade em razão da “imagem defeituosa da realidade” com a qual enxergam a existência.

Qual o objetivo da filosofia política? Segundo o professor Olavo de Carvalho, é o de “iluminar intelectivamente a experiência da ordem (ou desordem) político-social”.
E desde os tempos de Sócrates, Platão e Aristóteles o esforço explicativo da filosofia política foi balizado pelas “duas outras ordens que, com ela (com a ordem política e social) compõem a estrutura integral da realidade: a ordem cósmica ou divina (do natural ao sobrenatural) e a ordem interior da alma tal como o filósofo a descobre e a realiza em si próprio mediante a participação consciente na sociedade e no cosmos”.

Nos livros Jardim das Aflições, O Imbecil Coletivo, e em seu site pessoal, o professor Olavo publicou imagem que mostra a articulação das três ordens que compõe a estrutura integral da realidade:


cruz

Uma filosofia política deve, então, estudar e esclarecer o “mundo” humano, mas sem se esquecer, no entanto, do resto da realidade, ou seja, da alma individual, do “mundo” natural e, claro, de Deus.

Não precisamos imaginar o que aconteceria com a análise da política se Deus fosse deixado de lado, pois é exatamente o que acontece no mundo Ocidental desde pelo menos o século XVII.
Se nas concepções clássicas e cristã “a substância da ordem consiste na homonoia de seus membros”, ou seja, se os indivíduos “são membros da sociedade na medida em que participam do nous, no sentido clássico, ou do logos, no sentido cristão”, a partir de Hobbes o summum malum substitui o summum bonum divino na hierarquia do ser.[1]

A consequência dessa substituição do summum bonum pelo summum malum é o que Eric Voegelin chamou de “redução ontológica”: numa busca desesperada por peças de reposição para o nous e o logos (tentativa que Voegelin chama de “sucedâneos ontológicos para a ordem”), os “filósofos” foram “resvalando hierarquia abaixo” da estrutura do ser.

Partiram de Deus (concepção clássica e cristã) e aterrissaram de cabeça nos fluidos dos impulsos biológicos (psicologia do inconsciente de Freud), passando pela guilhotina da razão (iluministas),se embrulhando na inteligência pragmática, abraçando a utilidade (John Stuart Mill e utilitaristas), sendo esmagados pelas forças de produção (Karl Marx) e pelos determinismos raciais (Gobineau).

A descrição, análise e preocupação com o fenômeno da “perda de Deus” – e as conseqüências dessa perda – são parte importante das obras de Olavo de Carvalho e Eric Voegelin. Dentre elas está o fenômeno de estupidificação ou idiotização pelos quais passam os indivíduos e sociedades.

Voegelin começa a explicar a estupidez humana com a pergunta: o que é o homem? Segundo o filósofo, duas respostas foram delineadas por duas civilizações que tiveram experiências distintas sobre o que é o homem: as resposta helênica e resposta israelita.

Os filósofos gregos do período clássico experienciaram o homem como sendo um ser constituídos pela razão (nous). Os israelitas, o experienciaram como sendo “o ser a quem Deus dirige a sua palavra, ou seja, como um ser pneumático que está aberto à palavra de Deus”[2]. Na perspectiva greco-hebraica, o homem é, pois, constituído de razão e espírito.

Mas o que significa existir constituído pela razão e pelo espírito, pergunta Voegelin. Significa que, tanto a experiência da razão, feita pelos gregos, quanto a do espírito, feita pelos judeus, mostram que o homem tem uma experiência de si mesmo como um ser que não existe por si mesmo, ou seja, existe em um mundo já dado; mundo que existe “em razão de um mistério”; mistério que é a causa do ser do mundo; mundo do qual o homem é um componente. E o nome dessa causa misteriosa é Deus.

Os conceitos methexis e participatio, grego e latino, respectivamente, significam participação no divino.
A primeira é um “sair de nós mesmos em direção ao divino”, à Sabedoria, por meio da razão; a segunda é o “encontro amoroso através da palavra”, do Logos, por meio do espírito, da revelação. E é nessa participação no divino que a dignidade específica do homem reside, conclui Voegelin; nossa dignidade está no fato de sermos “teomórficos” (grego), de sermos a “imagem de Deus” (judaísmo e cristianismo)[3].

A “perda de Deus” é, ao mesmo tempo, uma negação da participação do ser humano no divino. E como é essa participação a constituição essencial do homem, a desdivinização é acompanhada, necessariamente, de um processo de desumanização. Conseqüência de “um fechamento deliberado de si mesmo para o divino”, a desdivinação provoca a “perda da realidade”, já que Deus é o “fundamento do ser”, é a possibilidade de tudo o que existe[4].

Perdida a experiência da realidade divina, do fundamento do ser, os indivíduos e as sociedades tornam-se incapaz de orientar corretamente sua atuação no mundo, tornando-se, assim, estúpidos, imbecis.
A estupidez, afirma Voegelin, sempre foi um fenômeno reconhecido pelas civilizações antigas: o nabal (tolo) em hebraico, o amathes (homem irracionalmente ignorante) platônico, o stultus (tolo) de Tomás de Aquino. Todos os três criadores da desordem na sociedade em razão da “imagem defeituosa da realidade”[5] com a qual enxergam a existência.

Numa aula em que aborda a filosofia de Santo Agostinho, Olavo de Carvalho expressa sua posição sobre o fenômeno da imbecilidade; posição muito similar a de Voegelin:

O ser humano emerge para dentro da vida a partir de um fundo que lhe permanece desconhecido, mas que continua dentro de si como um componente problemático. Então o homem é aquele que se pergunta sobre o seu fundamento. Isto já estava dito nos gregos. Platão colocava que o homem que não tem esta interrogação sobre o fundamento da sua existência era chamado amathes (mathes, da raiz “saber”), o homem sem saber, sem sabedoria. Amathes pode ser traduzido como “homem estúpido” (ou idiota, ou imbecil).

(Quando publiquei um livro chamado O Imbecil Coletivo, todo mundo só pensou que era insulto. Não!
O conceito de “imbecil” é um conceito filosófico que tem uma tradição de 2.400 anos. É um conceito perfeito...Não, não estou brincando! É uma coisa perfeitamente delineada, que tem um imensa bibliografia, que vai desde Platão até o século XX, quando se tem estudos sobre isso.
Há o famoso estudo de Robert Musil, Über die Dummheit. Dummheit é um palavra até mais...até pelo som se vê. Esse “dum” quer dizer que o sujeito é um negócio fechado, sem nenhum interesse, é maciço. Dummheit só pode ser estupidez maciça. Esse é um livro de trinta páginas, absolutamente maravilhoso, continuação de uma tradição).

Então, quando um filósofo fala da imbecilidade ou da estupidez, ele sabe do que está falando. É um fenômeno gravíssimo da constituição humana que se manifesta pelo desinteresse pelo fundamento.
O fundamento é aquilo que está dentro de você e que o transcende, é a parte misteriosa, é o apeíron, o indefinido que está embaixo e dentro de você, e acima também.
Quando você se fecha para este fundo, quando não quer mais saber dele, fechou-se só naquilo que constitui você mesmo tal como você está; fechou-se no mesmo. “Mesmo”, em grego, é idios, então você se tornou um idiotes, que é um indivíduo que só sabe do mesmo, que não conhece aquela alteridade, aquele outro, aquele fundamento abissal que existe dentro dele.
Só sabe dele mesmo, daquilo que ele mesmo pôs no circuito dele mesmo. Tudo o que constitui sua verdadeira realidade e que vem de fora, vem de cima e vem de baixo, vem do infinito, para ele não existe. Então, é evidente que é um idiota! Ele não sabe onde está! [6]

A perda de Deus desorientou tanto a ordem política e social do Ocidente quanto àqueles que deveriam elucidar e explicar essa ordem, ou seja, os filósofos políticos. As tentativas de explicar a mixórdia dos últimos séculos são elas mesmas mixórdias. E assim, montados sob os ombros de falsos gigantes tornamo-nos imbecis sem Deus. Na teoria e na prática.

Notas:


[1] VOEGELIN, Eric. Bases morais necessárias à comunicação em uma democracia. http://migre.me/cMsX9
[2] VOEGELIN, Eric. Hitler e ao alemães.. 1.ed, São Paulo, É Realizações, 2008, p.117.
[3] Op.cit, 2008, p.118.
[4] Op.cit, 2008, p. 119.
[5] Op.cit, 2008, p. 121.
[6] CARVALHO, Olavo. História Essencial da Filosofia, v.10, Santo Agostinho. 1ed., São Paulo, É realizações, 2003, p.26-27.

12 de janeiro de 2013
Luiz Felipe Adurens Cordeiro é sociólogo e jornalista.

ABC DA DESINFORMAÇÃO

    
          Artigos - Desinformação 
       
operationsnow
Psicologicamente, Pearl Harbor é ainda hoje um símbolo aglutinador do patriotismo americano, mas, em termos substantivos, foi uma tremenda vitória da desinformação soviética.

Para quem zela pela sobrevivência do seu cérebro num tempo de naufrágio universal da inteligência, nada mais urgente do que compreender o que é realmente “desinformação”.
 
O uso corrente da palavra como rótulo infamante para denegrir qualquer opinião adversa é garantia segura de que as verdadeiras operações de desinformação passarão despercebidas, condição necessária e quase suficiente do seu sucesso.

 
Só há dois tipos de desinformação genuína, e cada um deles requer muito mais planejamento e execução cuidadosa do que o mero vício jornalístico de espalhar mentirinhas ideologicamente sedutoras.
 
O primeiro tipo – e, de longe, o mais importante – é aquele que tem como alvo não o público em geral, a massa ignara, e sim os homens do poder, os que tomam decisões de grande alcance. Dificilmente uma dessas criaturas se deixa orientar pelo que sai na mídia popular.
Para influenciá-las é preciso colocar no seu entourage (ou conquistar mediante suborno, chantagem etc.) assessores técnicos que sejam da sua plena confiança.
 
E mesmo estes têm de ser muito prudentes no manejo do fluxo de informações que levará seus chefes a tomar as decisões erradas, favoráveis ao inimigo que controla de longe a situação. A importância dessas operações é imensurável, muito mais do que o cidadão comum pode imaginar, e ninguém foi (e é ainda) mais hábil em manejá-las do que a boa e velha KGB (atual FSB).
 
Graças à pletora de documentos secretos revelados após a queda da URSS, hoje sabe-se que desde os anos 40 os agentes soviéticos moldaram a seu belprazer algumas das principais decisões estratégicas do governo de Washington no cenário internacional, induzindo-o a trabalhar contra os interesses mais vitais da nação americana.
 
O exemplo mais claro e didático está no livro Operation Snow: How a Soviet Mole in FDR’s White House Triggered Pearl Harbor, de John Koster (Regnery, 2012). “Mole” (toupeira) é, no jargão dos serviços de inteligência, o termo técnico que designa o agente infiltrado. A toupeira, no caso, foi Harry Dexter White, alto funcionário do Tesouro, homem de confiança de Franklin Delano Roosevelt e, como os documentos comprovam, agente soviético.
 
A situação era a seguinte em 1941. O governo militarista e expansionista do Japão estava dividido entre duas correntes: uma queria retormar a velha guerra com a Rússia. A outra queria ajudar os nazistas contra as potências ocidentais.
 
A Rússia, sob ataque alemão desde junho, não podia oferecer resistência eficaz aos japoneses do outro lado do território. Profundo conhecedor da língua, da cultura e da política japonesas, e colocado, ademais, numa posição desde a qual podia facilmente influenciar as decisões econômicas do governo Roosevelt, Harry Dexter White foi contratado pelos soviéticos para criar artificialmente um conflito entre o Japão e os EUA.
 
A seqüência de memorandos e estudos estratégicos com que ele remoldou para pior as relações econômicas entre os dois países foi uma obra de gênio, levando Roosevelt a impor às importacões japonesas de petróleo limitações drásticas que do ponto de vista americano pareciam simplesmente razoáveis, mas que no contexto japonês, e em língua japonesa, soavam como verdadeiras declarações de guerra.
 
O Japão respondeu com o ataque a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941 – não por coincidência, um dia depois que a Rússia, livre da ameaça nipônica, lançava aos alemães um contra-ataque maciço.
 
Psicologicamente, Pearl Harbor é ainda hoje um símbolo aglutinador do patriotismo americano, mas, em termos substantivos, foi uma tremenda vitória da desinformação soviética.
 
O outro tipo de desinformação é antes uma obra de engenharia social. Não se dirige ao governo para moldar suas decisões, mas, ao contrário, vem do governo e de seus centros de poder associados e desce para a massa popular, depois que as decisões já estão tomadas e é preciso, para implementá-las, conquistar o apoio do eleitorado, mantê-lo na total ignorância do que os altos círculos estão fazendo ou ajustar sua conduta aos padrões exigidos pela nova política.
 
Pode-se chamar esses dois tipos de micro e macrodesinformação. As dificuldades são consideráveis em ambos os casos, mas de natureza bem diversa. Se o primeiro é inviável sem o máximo de sigilo e o manejo fino do fluxo de informações, o segundo requer o controle completo dos meios maiores e mais prestigiosos de difusão, podendo no entanto coexistir com alguma contestação menor – ou marginal -- que, estatisticamente, não afete os sentimentos da massa popular.
 
No Brasil essa condição é facílima de alcançar, pois a grande mídia foi sempre dependente de verbas governamentais e não se atreve a morder a mão que a alimenta. Foi assim que os maiores jornais e canais de TV consentiram em ocultar a existência do Foro de São Paulo até o momento em que, dominador completo da situação continental, este já podia se exibir em público sem maiores riscos.
 
Nos EUA a coisa teve de ser precedida de um longo e complexo processo de concentração da mídia nas mãos dos grupos globalistas que hoje disputam com a Rússia as afeições do bloco islâmico.
Quando esses grupos colocaram Barack Hussein Obama no governo para minar o poder nacional dos EUA e operar um giro de 180 graus na política externa americana, fazendo do antigo aliado de Israel o maior protetor que os radicais muçulmanos já tiveram no Ocidente, a mídia já estava preparada para ocultar não somente a biografia altamente comprometedora do presidente, mas até algumas das suas executive orders mais ambiciosas e daninhas, que entram em vigor sem que a população fique sabendo de nada.

12 de janeiro de 2013
Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio.

UM DEFUNTO GOVERNO A VENEZUELA?

    
          Artigos - Governo do PT 
Nivaldo Cordeiro comenta em vídeo os atos imperialistas do PT, via Foro de São Paulo, na farsa montada para manter Hugo Chávez presidente da Venezuela. Também fala da irresponsabilidade e incompetência do governo petista, que está conduzindo o país novamente ao tempo dos apagões e racionamentos de energia, e da nova fase de perseguição aos policiais instaurada em São Paulo por Fernando Grella e Geraldo Alckmin.

A imprensa brasileira ficou calada diante do ato imperialista do PT de impor Hugo Chávez como governante, prescindindo da posse formal. Ninguém escreveu que foi um violência institucional apoiada desde fora, do Brasil. Possivelmente temos agora um defunto governante. Ou será um governante defunto? A comédia e a tragédia andam de mãos dadas aqui. O ato imperialista do Brasil foi feito em nome do Foro de São Paulo, repetindo gestos como o de Zelaya em Honduras e o do Uruguai recentemente. Um perigo para a tradição diplomática brasileira.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=sXaSSkGUfls

A volta do racionamento

Manchete do jornal O Estado de São Paulo: Governo já vê risco de racionamento de energia. No mesmo jornal temos editorial negativo sobre a situação da Petrobrás
(http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-declinio-da-petrobras-,981726,0.htm).

Toda a incúria e a incapacidade gerencial do PT estão agora cobrando seu preço. Isso acontece depois de um ano em que o PIB ficou estagnado, o que me leva a acreditar que se o crescimento tivesse sido normal o racionamento seria agora a realidade cotidiana do país.
{youtube}VZegpek--zA{youtube}

Perseguição à PM de São Paulo

A decisão do governador Geraldo Alckmin de impedir que a Polícia Militar preste socorro em caso de violência grave, mediante simples resolução do secretário de Segurança, é um escândalo. A PM de São Paulo faz um excelente trabalho e apenas o ódio ideológico de gente como Fernando Grella desconfia da instituição e de cada um dos seus membros.

Injusto e anti-operacional. Mais das vezes a viatura vira ambulância e primeiro socorro de toda a gente, salvando vidas prontamente. O governador meteu os pés pelas mãos ao colocar esse secretário movido exclusivamente por ódio sectário.

12 de janeiro de 2013
Nivaldo Cordeiro

MANIFESTO À SOCIEDADE DEMOCRÁTICA VENEZUELA E À SUA FORÇA ARMADA NACIONAL

    
          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo 
Nós, os abaixo assinados, nos dirigimos a todos os setores democráticos do país e em especial aos integrantes das Forças Armadas Nacionais, nesta hora nefasta da pátria, para estabelecer-lhes o seguinte:

1. Desde há quatorze anos a Venezuela tem sido vítima de uma invasão por parte do regime castro-comunista cubano. Esta invasão efetuou-se devido a que foi propiciada e amparada desde o mais alto governo.

2. De maneira lenta e progressiva, os cubanos tomaram o controle de nossas notarias, os registros, o sistema de identificação e estrangeria, a política exterior e setores importantes da economia nacional. O controle dos cubanos chegou inclusive aos corpos policiais e às Forças Armadas, em detrimento da segurança e defesa do Estado.

3. As conseqüências da dominação castro-comunista se evidenciam em todos os âmbitos da vida nacional. Isto significou, entre outros muitos males, a destruição de nossa indústria petroleira, o desmantelamento do aparato produtivo, tanto no campo como na indústria, a progressiva eliminação das liberdade civis e econômicas, e o avanço do narcotráfico, da guerrilha e do crime organizado.

4. Para garantir seu controle sobre a Venezuela, o castro-comunismo desenhou um sistema eleitoral à sua medida, que lhe permite tergiversar a vontade dos eleitores mediante o vantagismo, o abuso, a coação, a compra de consciências e um sem-número de vícios e irregularidades.

5. Os recursos do Estado venezuelano já não são investidos para resolver os múltiplos problemas que afetam nosso povo, senão que se utilizam abertamente para financiar a expansão do castro-comunismo em toda a região. É por isso que uma parte da comunidade internacional, subornada com petro-dólares venezuelanos, avaliza e legitima a invasão cubana na Venezuela.

6. É público e notório que o destino dos venezuelanos já não é decidido por nossas próprias autoridades, senão que se define descaradamente em Havana, com a participação aberta dos irmãos Castro.

7. Preocupados pelo desaparecimento físico do presidente Chávez, o regime cubano desenhou um mecanismo para perpetuar seu controle sobre a Venezuela. A manobra inclui apontar um sucessor submisso a seus interesses, Nicolás Maduro, e propiciar um “pacto” entre os diferentes setores do PSUV que garanta a continuidade da ingerência cubana em nossa nação.

8. Esta manobra conta com o respaldo de vários presidentes latino-americanos, entre eles os de Argentina, Brasil, Bolívia, Cuba, Equador, Nicarágua e Uruguai, a maioria dos quais não só compartilha a mesma ideologia e as mesmas metas políticas, senão que todos se beneficiam das contribuições econômicas que o governo venezuelano lhes proporciona.

9. Tudo o que foi dito anteriormente constitui uma clara violação à Constituição e às leis, configura um golpe de Estado em favor de uma potência estrangeira e significa, finalmente, a transformação do Estado venezuelano em um apêndice de Cuba.

10. Em que pese que nossa proposição é razoável, democrática e constitucional, porta-vozes do governo e alguns setores da oposição o qualificarão de “golpista”. Porém, ocorre justamente o contrário: golpistas são os que vieram violando a Constituição de maneira sistemática. Restabelecer sua vigência é um mandato explícito, contemplado no Artigo 333 da Carta Magna.

Durante os próximos dias se definirá se a Venezuela deixará de existir como nação, para se converter definitivamente em uma colônia de Cuba, ou se recuperaremos nossa identidade e nosso destino histórico. Estamos convencidos de que nossas Forças Armadas, respaldadas por todos os setores da sociedade, daremos uma passo à frente e impediremos a dissolução da pátria.
 Fuerza Solidaria
Caracas, 10 de janeiro de 2013.
Tradução: Graça Salgueiro

A REFORMA ORTOGRÁFICA E A TOMADA DE TRÊS PINOS


Escreve a Folha de São Paulo em editorial:

- Ficou célebre a frase do poeta Ferreira Gullar: “A crase não foi feita para humilhar ninguém”. Com mais razão seria possível acrescentar que ninguém estará ameaçado de cadeia ou multa se desobedecer às regras do novo acordo ortográfico, adotado no Brasil a partir de 2009.

Não há sanção alguma para quem desobedecer tal reforma. Se não há sanção, não há crime. Logo, se não é crime adotar as novas regras – confusas e contraditórias – por que adotá-las? Há horas venho afirmando que se a imprensa, o mundo editorial e as universidades não adotassem a lei inútil e confusa, ela morreria no berço. Não que os idiomas sejam imutáveis. Fossem imutáveis, nem o português existiria. Mas a reforma proposta por Antonio Hoauiss é confusa e só serve para dificultar o uso da língua.

Costuma-se afirmar que o povo é quem faz a língua. Por acaso foi consultado o tal de povo nesta reforma? Não foi consultado nem para dizer amém. Nem o povo, nem os escritores, nem os jornalistas, nem os professores, os principais usuários deste instrumento. A reforma veio de cima e foi imposta a “los de abajo”. A bem da verdade, não foi imposta legalmente. Mas jornais, editoras e universidades brasileiras a assumiram como se lei fosse. Pior ainda, o acordo foi imposto até ao país onde nasceu a língua. Mas Portugal não nasceu ontem e resiste à reforma espúria.

- Chega a ser notável, aliás, a diligência com que tantos brasileiros trataram de se adaptar às modificações impostas – continua o editorial –. Manuais explicativos, dicionários atualizados, edições refeitas de antigos livros se produziram em quantidade e - no que sem dúvida consistiu em forte motivo para todo o desassossego - se venderam com rapidez.

Nada espanta que a diligência tenha sido notável. Reforma ortográfica rende mais que tomada de três pinos. De repente decidiu-se que só tomadas com terra eram seguras, como se todos os dias morresse um brasileiro por choque em tomadas. Ocorre que a maior parte das residências no Brasil não está aterrada. Que se modifiquem então as instalações elétricas do país. O mercado precisa de novos produtos.

Mas a tomada de três pinos afeta só o mercado das tomadas. A reforma ortográfica afeta livros, jornais, leis, tudo o que se escreve. Toda a literatura publicada tem de ser republicada, trate-se tanto de ficções como de bíblias, leis, manuais e até mesmo placas de rua. Isto é, a rigor não teria, já que a lei não tem sanção. Mas imprensa, universidade e editoras se comportaram como se sanção tivesse.

Mal foi instituída a reforma, já estava nas livrarias o manual Escrevendo pela nova Ortografia. Editado por quem? Por uma parceria entre a Publifolha e o Instituto Antônio Houaiss. A imprensa foi cooptada desde o início.

Tamanha era a certeza na aposta da reforma, que o Instituto Houaiss apressou-se em publicar, em 2008 – um ano antes da entrada em vigor do acordo – uma nova edição do Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o primeiro dicionário brasileiro a contemplar integralmente a nova lexicografia.

Disse na ocasião o editor Roberto Feith, da Objetiva, que muitos pais compram os livros escolares do ano seguinte ainda em agosto ou setembro. "Não faz o menor sentido adquirir uma obra de consulta que esteja defasada. O fato é que todos os dicionários estarão ultrapassados em poucos meses."

Alvíssaras. Nunca uma decisão autocrática de um intelectual favoreceu tanto o mercado editorial. Antonio Houaiss ganhou seus galões com a tradução de Ulisses. O que ninguém comenta é que a obra - que rendeu o fardão de imortal a Hoauiss – tem pelo menos cinco mil erros. Erros não do tradutor. Mas da edição princeps de Joyce, que tinha uma péssima caligrafia que não foi entendida pelo linotipista. Você imaginou que festa para um psicanalista se Joyce escreveu another e o linotipista entendeu mother?

Quem ganha com isto? O mercado editorial e livreiro. O brasileiro só perde. Além de ter de assimilar uma reforma irracional e incoerente, tem de usar as novas tomadas – digo, livros – que o mercado impõe.

Brasileiros adoram protestar contra o mensalão, mas engolem prazerosamente inovações inúteis que lhes tiram do bolso muito mais grana que os mensaleiros.


12 de janeiro de 2013
janer cristaldo

O QUE MOSTRA O FILME?

Dizem que quando morremos vemos um filme de nossas vidas. Um resumo preciso e inexorável de tudo o que fizemos de bom e de lastimoso surge numa tela, revelando as coisas inconfessáveis que escondemos dos outros e de nós mesmos.

Imaginar que o rito de passagem para o outro mundo, que a última peça do nosso "trânsito em julgado" consiste em assistir à nossa vida como uma "fita de cinema" é, no mínimo, deslumbrante.

Se tudo é concluído com um filme, estamos todos sujeitos, também no além, a interpretações. Se a vida é um filme, nenhuma vida pode se reduzir a uma verdade única, pois todas são dotadas de abundantes pontos de vista.

A hipótese é interessante porque o cinema se abre a muitas verdades e eu estou seguro de que a nossa maior tarefa nesta vida é a responsabilidade de interpretar o que - nesta fantasia - continua depois da morte. A vida, como a fita, asseguram e reiteram que somos seres em busca de interpretações responsáveis.

Na cosmologia Católica Romana, mas não na luterana e na calvinista, podemos seguir para três e não dois, e apenas dois, lugares: céu ou inferno. O purgatório, que relaciona mortos e vivos, figura como um ponto intermediário, ao lado do limbo - esse não lugar inventado séculos antes da antropologia de Marc Augé. Uma paragem cujos oradores não têm filme!

De qualquer modo, a peça final desse "trânsito em julgado" é um grandioso ato interpretativo no qual os nossos advogados de defesa e intérpretes (chamados trivialmente de anjos da guarda e santos da nossa devoção) estarão a postos para arguir a nosso favor junto ao filme revelado.

Num inquérito antigo, a maioria estava convencida de que ia para o purgatório. O culto das almas do purgatório tem muitos devotos. Há quem se esqueça que você está queimando; mas há quem se lembre de você e, interpretando sua vida positivamente, reza por sua alma, poupando-lhe alguns milhares ou milhões de anos de fogueira.

No nosso catolicismo ibérico e relacional, o purgatório é a terra das interpretações, o paraíso da crítica, o lugar privilegiado dos tribunais e um grandioso festival de cinema. Por isso eu digo que o mais importante nesta vida não é acumular dinheiro e poder, mas atuar em histórias que possam render um Oscar.

Todo filme revela coisas insuspeitas. Você pensava que o pecado era leve, mas o filme revela detalhes de uma má-fé surpreendente. O gesto, a voz e as mãos mostram, na fita, a sua maldade esquecida. Exprimem e denunciam intenções que fazem parte do inconsciente do inconsciente. Sim, porque neste plano, o querer faz parte de um desejo e o desejo faz parte de uma intenção e a intenção - que é parte de sua circunstância de vida - revela-se truncada pela mendacidade. Essa mendacidade que recusa o bom senso sem o qual não se vive debaixo da lei.

No filme final vemos tudo. Na vida terrena, esse mundo que inventa o cronista e a arte em geral, cada qual enxerga um pedaço. Sem a liberdade de todas as vozes, não se chega aos fatos, contados sempre de um só lado e por isso tidos como ficção. O problema, porém, é que os santos, os poetas e os filósofos descobrem contradições nos mandamentos. A igualdade pode ser incompatível com a liberdade do mesmo modo que o egoísmo, sem o qual não há autoestima, pode ser o fim do altruísmo e da caridade. Há casos de suicídio por amor e de santificação por meio do adultério. Que falem alguns livros do grande Graham Green.

As múltiplas interpretações inventam críticos, hermeneutas, juízes e tribunais que, não obstante, podem também errar, mas a quem atribuímos, como os árbitros de futebol, uma decisão - sem trocadilho - relativamente arbitrária. Pois quem merece mesmo ir para o inferno, exceto uns poucos f.d.p? E o que é o destino senão um conjunto de erros com pessoas certas e de acertos com gente errada? Se o homem se faz a si mesmo como ainda supomos - e se a neurociência deixar -, alguma instituição tem que cortar o nó. E essa instituição não pode ser um ator interessado em escamotear papéis. Caso isso ocorra, o palco desaba!

Termino com uma nota simples, clara e feliz. Quero externar minha alegria por ter de volta o Luis Fernando Verissimo, que quase viu esse filme.


12 de janeiro de 2013
Roberto Damatta - O Estado de S.Paulo

REFÉNS DA MISÉRIA

Pesquisa prova que Bolsa Família maquia a pobreza. Sem ela, famílias voltam à estaca zero.
Implantados há uma década, os planos de combate à miséria dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff têm registrado sucesso em dois aspectos: a ampliação dos benefícios de transferência de renda à maioria das famílias mais necessitadas, garantindo alívio imediato, e a melhoria de indicadores sociais.
Eles patinam, porém, quando se trata de aumentar as oportunidades de inclusão no mercado de trabalho.
 
12 de janeiro de 2013
in coroneLeaks

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




12 de janeiro de 2013

HACKER CHANTAGEIA LULA


US$ 25 milhões para não divulgar na internet dados comprometedores


Exclusivo – Luiz Inácio Lula da Silva é vítima de uma milionária chantagem cibernética. Um hacker está cobrando a bagatela de US$ 25 milhões, em troca da não divulgação pública de informações financeiras supostamente comprometedoras do ex-Presidente da República Sindicalista do Brazil. O escândalo está providencialmente abafado por aqui – como de costume. Mas pode vazar na imprensa internacional.

A ordem do chantagista é que os milhões de dólares para o “silêncio” fossem depositados em uma conta bancária na Chechênia – de onde opera uma das mais famosas máfias da Federação Russa. O bandido do mundo virtual fez sua ameaça em uma carta (com dados criptografados). Não se sabe por qual motivo específico, o material com a ameaça endereçada a Lula foi entregue no consulado do Brasil, no Chile.

O criminoso invasor de computadores garante ter em seu poder os códigos de segurança de duas caixas de segurança que Lula teria em dois bancos na França. O hacker também assegura ter outras informações pessoais e sigilosas sobre Lula, seus familiares, além de políticos e empresários parceiros em negócios. O certo é que a temporada de dossiês contra o governo e políticos está mais que escancarada no Brasil.

O pirata chantagista seria o mesmo que divulgou criminosamente, no Twitter, o número do CPF, telefone, empresas e propriedades supostamente em nome de Lula e de outros condenados no processo do Mensalão. Até a chantagem ainda não tornada pública, o hacker alegara que divulgava os dados como um protesto contra a Justiça brasileira, apostando que toda a onda de corrupção denunciada no governo Lula “acabaria em nada”.

Em férias em Angra dos Reis, curtindo as mordomias na mansão do bilionário José Seripieri Júnior (controlador da Qualicorp, a maior gestora de planos de saúde do Brasil), Lula permanece providencialmente calado sobre todos os escândalos que afetam seu nome e reputação. Lula já sabe que é o alvo de um grande esquema ilegal de espionagem para acabar com sua carreira política. Só não consegue identificar, com precisão, quem é o mandante principal dos ataques que vem sofrendo desde que estourou a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.

Lula já não sabe como lidar com o desgaste de ser convocado, a qualquer momento, pelo Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, para “prestar esclarecimentos” sobre a atuação de sua apadrinhada Rosemary Nóvoa Noronha em grandes esquemas de corrupção e tráfico de influência.
 
Gurgel já tem em seu poder documentos que comprometem Rose e confirmam sua relação de muita intimidade e ligações permanentes com Lula. São vídeos, fotografias e notas fiscais de gastos acima do padrão salarial de uma mera servidora pública que ocupava o cargo de confiança de Secretária da Presidência da República em São Paulo.

O começo de ano com final 13 (o número do PT) parece azarento para Lula – que não conta mais com foro privilegiado ou qualquer tipo de imunidade para se blindar em investigações ou processos de investigação abertos a pedido do Ministério Público Federal.


Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

 
12 de janeiro de 2013
 Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)



Responda depresssa:
- De quoi remplir la main d´un honnête homme?
Pronúncia: – De quoá rãmplí la mã dan onéte ôme?
Tradução: – Como é que você compra um cara honesto?


12 de janeiro de 2013

A CRISE NA ESPANHA SE APROFUNDA CADA VEZ MAIS

 

Estou fazendo um curso de 3 semanas em Toledo, Espanha, e realmente a crise aqui está se aprofundando cada vez mais.
Os governos central e das comunidades autônomas cortaram a gratificação natalina dos servidores públicos, a saúde pública está sendo privatizada na Comunidade de Madri apesar das manifestações de protesto dos sindicatos, e os cortes orçamentários atingem até o seguro desemprego, isso sem falar nos despejos residenciais devido à crise imobiliária/hipotecária e na maior taxa de desemprego da União Européia de mais de 26% da população economicamente ativa, maior até do que a taxa da Grécia.



As pessoas tomaram financiamentos nos bancos para comprar o imóvel próprio, dando o próprio imóvel como garantia; muitos perderam o emprego e a renda, ficaram sem dinheiro, não conseguiram mais pagar as prestações e, por causa disso, os bancos retomaram os imóveis, o que gerou, inclusive, suicídio de algumas pessoas em decorrência dos despejos.

Os bancos espanhóis falidos foram salvos pelo dinheiro da União Européia, mas os cidadaos, as pessoas comuns, perderam suas casas e seus empregos. Hoje a Espanha já tem 27% da sua população abaixo da linha de pobreza. Portugal tem 24%. Ambos os países estão empobrecendo em consequência da crise.

BRASILEIROS EM ALTA

Devido à crise econômica espanhola e à boa situação financeira de parte da classe média brasileira, que consegue viajar para a Europa e gasta muito em compras, e também por causa do elevado desemprego espanhol, os brasileiros não estão mais sendo deportados da Espanha, tema que foi assunto até de uma visita do Rei da Espanha ao Brasil em junho de 2012.

O aniversário de 75 anos do Rei foI celebrado em 4 de janeiro mediante a realização de uma entrevista na TV estatal, a qual teve repercussão ruim entre a população, porque foram evitados os dois assuntos polêmicos que mais mobilizam os espanhóis: a caça a elefantes de que o Rei participou no início de 2012 e o envolvimento do genro do Rei, Urdungarin, em um escândalo de corrupção de desvio indevido de recursos públicos.

Quanto ao Rei, este demonstrou preocupação em relação à unidade territorial da Espanha, tendo em vista o sentimento nacionalista/separatista majoritário na Catalunha, uma das regiões mais ricas da Espanha junto com o país basco, no qual estão situadas as mais relevantes instituições financeiras espanholas.
O Rei também manifestou preocupação com o elevado desemprego e com o terrorismo do ETA que ainda não foi completamente extirpado da sociedade espanhola.

IGUAL AO BRASIL…

É importante destacar que o Rei desempenhou um papel digno na transição da ditadura franquista para a democracia.
O Rei herdou os plenos poderes de Franco, mas os devolveu à soberania popular, tendo, ainda, sido contrário à tentativa de golpe militar de 23/2/1981, o famoso 23F, garantindo assim a continuidade da democracia espanhola.

Também vale a pena lembrar que o chefe do Governo espanhol que operacionalizou o retorno à democracia depois do franquismo foi, surpreendentemente, um político da extrema direita franquista, falangista, que havia feito carreira no regime autoritário de Franco, Adolfo Suárez.

No mais, são grandes as semelhanças entre o Brasil e a Espanha: muitos escândalos de corrupção envolvendo os políticos, nepotismo e patrimonialismo, descaso com os serviços sociais e até a candidatura de Madri para ser a sede da Olimpíada de 2020 aproxima os dois países.

Os políticos em ambos os países preferem investir nas Olimpíadas em vez de melhorar as condições de saúde, educação, transporte e habitação da população. A razão principal é óbvia: a possibilidade de auferir lucros ilegais decorrentes da corrupção da primeira opção é bem maior do que na 2ª.

12 de janeiro de 2013
Carlos Frederico Alverga

DE MITOS E ESPERANÇAS

 

Durante muitos anos, funcionou, numa ruazinha decadente do centro do Rio, a livraria Página. Vendia exclusivamente livros soviéticos traduzidos. Na época mais dura do regime militar, limitava-se a títulos de ciências exatas e naturais. Nada de economia, filosofia ou política. Eram matérias “subversivas”.
De vez em quando, eu dava uma garimpada e, numa dessas, descobri uma preciosidade. Era a coleção Ciência Popular.



Cientistas soviéticos mostravam, numa linguagem ao mesmo tempo simples e cativante, conceitos básicos de áreas que iam da matemática à física, passando pela cosmogonia e outras menos votadas.
Y. Perelman era um craque nos números e sabia como tirar o pânico que muitos de nós tinham por equações e vizinhanças. Matemática recreativa é uma pequena obra-prima. Passeia pelo cotidiano e pela História, mostrando o engenho humano para resolver problemas usando os números.

Um dos capítulos mais interessantes se refere a uma passagem bíblica: a lenda do Dilúvio. De acordo com o Velho Testamento, choveu torrencialmente sobre o planeta durante 40 dias e 40 noites.
A água teria inundado toda a superfície terrestre e levado 110 dias para baixar. Os únicos sobreviventes dessa tragédia monumental foram, de acordo com a lenda, Noé, sua família e casais de todos os bichos (que deveriam repovoar a Terra), abrigados numa arca gigantesca.

Perelman examina com rigor a narrativa e prova, com informações meteorológicas elementares e cálculos simples, que, nas condições descritas, o planeta teria sido recoberto por uma camada de … 2,5 cm de água ! Não daria para cobrir nem a canela de uma criança.
Pergunta, em seguida, se a arca de Noé seria viável. Usando informações náuticas e calculando as necessidades de sobrevivência daquela multidão por 5 meses, chega à conclusão de que seria necessária uma embarcação com capacidade para deslocar 20.000 toneladas d’água.

Com a tecnologia da época, isso seria completamente impossível. Em suma: deve ter acontecido uma inundação localizada, que foi interpretada como universal. O resto é imaginação.

AS RELIGIÕES

Religiões são coquetéis complexos de mitos, insegurança, desejo de superar as inevitáveis fraquezas humanas, manejo de códigos inacessíveis, poder jamais provado sobre a realidade objetiva, invenções cósmicas. Institucionalmente, produziram festivais de horrores como as Cruzadas, a Inquisição, a destruição de imagens “heréticas”, a cumplicidade com regimes sanguinários.
Acabo de ver a foto de um padre filipino abençoando o primeiro dia de trabalho na Bolsa de Valores de Manila. Propunha-se a “afastar o mal da crise”. Nas entranhas da jogatina financeira.

Dialeticamente, inspiraram artistas geniais, cujo trabalho ilumina gerações. Para gostar de Bach ou apreciar Michelangelo, não é necessário ter fé. O que me assusta é a multiplicação de correntes religiosas nos espaços públicos e nos veículos de comunicação.
A Marcha para Jesus faz parte do calendário oficial do país após lei federal promulgada em 2009.

Evangélicos estão conversando com a rede Globo para acertar os ponteiros. Na pauta, a possibilidade de incluir protagonistas evangélicos nas novelas globais. Mais do que tudo isso: aproveitando-se da fragilidade e da ignorância de muita gente, mistificadores expandiram o mercado da impostura e oferecem fórmulas rápidas e “seguras” para antever o futuro e garantir o “sucesso” e a “felicidade”.

Foi com um misto de incredulidade e indignação que li a entrevista de um senhor que se apresenta como “angelólogo”, muito popular entre celebridades. Nunca tinha ouvido falar nisso. Trata-se de uma “especialidade” que afirma que cada um de nós tem um anjo da guarda (!). Baseado nisso, fala obviedades e besteiras descomunais.
Uma delas: “O Brasil tem tudo para se tornar uma grande festa, mais do que já é”. Associa o futuro com cores (“o ano promete ser muito bom para quem passar a virada de lilás conjugado com o branco, cor da excelência”) e garante que 2013 vai ser “regido” por um anjo ligado às artes e à beleza.

GARANTIA DE FÁBRICA

Ah, como a vida seria fácil – e medíocre – se tudo já viesse empacotado, com garantia de fábrica e rótulo fidedigno. Quem sabe as vítimas das enchentes recorrentes no Rio e das chacinas rotineiras em São Paulo tivessem tido melhor sorte com a simples providência de vestir uma calça branca e uma camisa lilás no dia 31 de dezembro …
Para os desabrigados, os humilhados, os ofendidos e as famílias dos chacinados resta o possível consolo de que, com reivindicações a serem oportunamente divulgadas, os anjos da guarda tinham declarado greve no réveillon.

Lembram-se do final clássico dos contos de fadas ? “E foram felizes para sempre”. Artigo de luxo, essa tal de felicidade. Para nós, pobres andarilhos desconfiados das promessas fantasiosas e dos milagres, ela é um processo árduo de conquista. Virá fugidia, arisca, provisória por natureza. E a busca sempre recomeçará.
Os farsantes a oferecem como possível estado permanente. Uma repórter da Folha de São Paulo passou dez dias num sítio em Miguel Pereira, participando do Curso de Meditação Vipassana. Submeteu-se a uma rotina espartana, dolorosa, neurotizante, finda a qual se prometia, entre outras maravilhas, a “suprema felicidade”. O que será isso ?

Fui e sou feliz em espasmos, e não acho que sou diferente de ninguém. Cada um reconhecerá seu quinhão. No início dos anos 60, meu pai tinha uma pequena loja de móveis em Angra dos Reis. Por um ou dois verões, a família se alojou por alguns dias numa pensão barata em Angra, que era pouco mais do que uma colônia de pescadores.
Fugir da rotina, tomar um copo de Ovomaltine na padaria, assistir filmes B quase todos os dias no único cinema da cidade, ouvir meu primo fazendo gracinhas em ídish com meu tio. Caramba, eu acordava já excitado com o que o dia me reservava! Felicidade.
Estou com o doutor Drauzio Varella: “Passar a vida a lamentar a felicidade perdida é apanágio de velhos chatos, fadados a terminar seus dias na solidão”. Viver é lutar, encontrar objetivos, redefinir caminhos. Sem cair na armadilha de atalhos narcotizantes.

(Artigo enviado por Mário Assis)

12 de janeiro de 2013
Jacques Gruman (Carta Maior)

POR QUE A DIPLOMACIA BRASILEIRA ACERTOU NO CASO CHÁVEZ

 

Entendi, mas não compreendi: por que tanto barulho em torno do apoio do governo brasileiro à permanência de Chávez no poder apesar de ele não estar em condições de prestar juramento no dia 10?
Ora, o povo venezuelano o elegeu maciçamente há pouco tempo para mais um mandato, e a Constituição prevê que em situações excepcionais como esta a posse pode ser postergada.



O que o Brasil deveria fazer? Ficar calado enquanto a oposição venezuelana tenta tirar Chávez na marra, sob as graças de Washington? O Brasil é hoje uma potência econômica, e tem que se comportar como tal. Não pode se alienar quando coisas tão importantes como o caso venezuelano emergem.

Por que tanto rigor com a diplomacia brasileira e nenhum, por exemplo, com a americana? Recentemente, o governo Obama passou um projeto no Congresso para cercear os passos do Irã na América Latina.

Tudo que o Irã fez foi abrir institutos culturais em países da região, muitos dos quais já não seguem vassalamente ordens dos Estados Unidos. Nada de ilegal foi sequer alegado pelo governo Obama.

Mesmo assim, os Estados Unidos decidiram monitorar ações em países que tradicionalmente foram tratados como seu quintal. Alguém escreveu contra isso no Brasil?

CHINA E JAPÂO

Fora da América Latina, há uma pendência ameaçadora agora entre China e Japão em torno de ilhas chinesas que os japoneses tomaram numa guerra há mais de cem anos. Os americanos já se apressaram a tomar o partido do Japão. Mandaram navios de guerra para a região.
Os chineses sabem que os Estados Unidos farão tudo para atrapalhar a China em sua escalada. Guerra, incluída, se for o caso.

Os chineses estão se armando e se preparando. A história lhes ensinou muito. No século 19, quando eram o país mais rico do mundo, a Inglaterra emergente deu um jeito de derrubar a China.

Foi nas infames Guerras do Ópio, quando em nome do ”livre comércio” os ingleses derrotaram os chineses pelas armas para poder vender ópio livremente na China e assim encher de ouro os cofres da Rainha Vitória.

Alguém imaginou que, agora, os Estados Unidos assistiriam pacificamente o crescimento da China? Os americanos já iniciaram contra os chineses a diplomacia que sabem usar – a da violência brutal. Cadê as críticas dos comentaristas políticos brasileiros? Algum deles conhece as Guerras do Ópio?

É um disparate calar num assunto tão perigoso para o mundo como a intromissão americana na contenda China-Japão e espernear por causa do apoio inofensivo a um presidente democraticamente eleito na Venezuela.

12 de janeiro de 2013
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

AMBIENTALISMO EM QUEDA

 

Embora a presidente Dilma tenha confrontado a maquinaria ambientalista que obstaculiza parte dos projetos de infraestrutura do PAC, ela ainda não parece com coragem para contrariar frontalmente certas pressões do aparato ambientalista-indigenista internacional.



Essas atitudes de submissão a pressões externas tinham sido constante nos governos anteriores, desde o Collor, que entregou a reserva ianomâmi, exigida pela agenda da “Nova Ordem Mundial”, até o Lula, que admitiu ter homologado a reserva Raposa Serra do Sol, por pressão internacional.

Não obstante, o cenário está em mudança. A agenda ambientalista global experimenta um processo de desmoralização e retrocesso, pelos efeitos dos choques de realidade, pela evidente falsificação dos dados pseudo-científicos dos seus cenários catastrofistas, como pela cada vez mais evidente inviabilidade socioeconômica da sua agenda de restrições ao desenvolvimento, a começar pela insana proposta de “descarbonização” da economia mundial.
Com a economia no vermelho, não há muito espaço para os delírios “verdes”.

CÓDIGO FLORESTAL

Assim, em face desse enfraquecimento do discurso ambientalista, o adiamento da votação do Código Florestal permitirá que o processo decisório possa transcorrer sob menos pressões externas.
E, com um pouco de otimismo, pode-se esperar que, com cabeças mais frias, o Planalto não venha considerar como uma afronta pessoal a aprovação de um texto mais próximo ao já aprovado pela Câmara dos Deputados – que, sem dúvida, representa um consenso majoritário dos setores relevantes da sociedade.

Em 1992, a desmedida soberba de Collor fez da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92) a sua versão do Baile da Ilha Fiscal. Na época, houve quem se deixou enganar pelas insidiosas aparências do movimento ambientalista-indigenista internacional.

Duas décadas depois, havendo uma maior compreensão de que se trata de um instrumento neocolonial de interesses supranacionais, não é crível que se repitam erros semelhantes e primários.

12 de janeiro de 2013
Gelio Fregapani

COMO É DIFÍCIL SANEAMENTO E DESPOLUIÇÃO NO RIO

 

Reportagem de Célia Gomes e Selma Schmidt, O Globo de quinta-feira 10, focaliza a iniciativa do prefeito Eduardo Paes que constituiu grupo de trabalho para estudar a possibilidade de conceder a exploração do sistema de esgoto da Baixada de Jacarepaguá, que inclui a Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, à iniciativa privada.



O Secretário Chefe da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, afirmou que, apesar do programa que a Cedae realiza, em torno de 50% dos imóveis não contam com rede coletora ligada ao emissário submarino. Difícil, portanto, realizar-se obras de saneamento e despoluição. Foto desoladora acompanha a matéria. Lixo lançado no rio das Pedras no seu encontro com a Lagoa do Camorim. Bairros bem populares nas margens das águas e da foto.

A Cedae,, acentua a matéria, discorda da privatização, em face dos investimentos já levados a efeito e outros em pleno andamento. Mas esta é outra questão. O fato é que os trabalhos arrastam-se há trinta anos, acrescentam Célia e Selma. A Cedae assegura que tudo estará pronto para as Olimpíadas de 2016. Inclusive a região vai receber grande volume de equipamentos olímpicos.
As Olimpíadas instituem assim uma maratona no plano administrativo. Ainda bem. Porque, caso contrário, os investimentos saneadores poderiam não sair do papel.
Como tantas outras iniciativas no Estado e no país. A força da inércia pesa muito, os custos também, sobretudo seus reajustes com base no IGPM da Fundação Getúlio Vargas, sempre acima da inflação do IBGE.

ANTIGAMENTE…

Os governos Carlos Lacerda, Negrão de Lima e Chagas Freitas aceleraram a execução de obras públicas e resolveram obstáculos. Mas em outros períodos, nem sempre se verificou a mesma disposição.
Chagas Freitas, por exemplo, tornou possível a estrada de acesso ao túnel Dois Irmãos, atravessando áreas da PUC, passando por baixo de conjunto residencial, numa solução lógica. Viabilizou também a conclusão do elevado da Perimetral, que o prefeito Eduardo Paes pretende demolir, passando por cima do Quartel dos Fuzileiros Navais.
Superou resistência da Marinha, mostrando que não havia implicação alguma em matéria de segurança. Negrão de Lima uniu a Zona Sul à Barra da Tijuca com os dois estágios do Túnel de São Conrado. Lacerda implantou as zonas industriais.

Como se encontram hoje? Eis aí uma pergunta a ser respondida. O Rio, antiga Guanabara, teve através do tempo até sua falência decretada pelo prefeito Saturnino Braga. Foi um equívoco, grave, o poder público não por ir a falência como se fosse um empreendimento comercial.
Seu objetivo não é, tampouco poderia ser o lucro, já que dele depende a qualidade de vida da população. A qualidade de vida da Baixada de Jacarepaguá, agora, poderá melhorar.
Mas o empreendimento cogitado hoje revela e acentua as dificuldades de ontem. Caso contrário, em 30 anos, as obras de despoluição já teriam até sido concluídas. As consequências sociais da não realização são muito grandes. O nível sanitário, por exemplo, cai sem o saneamento do meio ambiente.

Inclusive é preciso considerar que a população cresce à velocidade de 1,2% ao ano, observando-se apenas o ritmo demográfico, e não incluindo no cálculo a força de atração da Barra da Tijuca, do Recreio dos Bandeirantes, da Baixada de Jacarepaguá, portanto.
Assim, cada projeto não executado encarece e torna-se mais difícil de um ano para outro. A despoluição e o saneamento são essenciais. Agora, trinta anos depois, parece que vão ser feitos. Antes tarde do que nunca, como no velho ditado.

11 de janeiro de 2013
Pedro do Coutto