"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 4 de agosto de 2013

BODE GORDO

Redução das punições a partidos e candidatos, regras de financiamento mais flexíveis para campanhas eleitorais, que permitem até doações de concessionários e permissionários de serviços públicos, propaganda paga na internet e – mais grave - restrições à fiscalização do Judiciário e do Ministério Público. Esse é o monstro que nasceu do grupo coordenado pelo deputado Cândido Vacarezza (PT-SP). Parido às pressas, o texto é tão absurdo que parece ter sido concebido como bode, daqueles que se alimentam na sala para se enxotar de lá.

 



Como todo bode inventado, aponta na direção contrária de tudo aquilo pelo qual se berra. Nas ruas e no próprio canal aberto pela Câmara dos Deputados para colher ideias sobre a tão propalada reforma política.

Em seu site, Vacarezza vangloria-se de o portal e-democracia ter registrado, na primeira semana, mais de 64 mil acessos de 16 mil visitantes, 113 tópicos de discussão, 126 propostas que tiveram mais de 14 mil votos.

Pena que ele não se atentou para a audiência, que nada fala dos itens enfiados na minirreforma.

Com pontuações de zero a 100, o fim de regalias parlamentares, como as cotas para gastos com material, auxílio-moradia, para pagamento de assessores e passagens aéreas, recebia 79 pontos na noite de sexta-feira. Impedir que os próprios deputados fixem os seus ganhos, 76 pontos. Com 74 estava o voto aberto nas sessões legislativas, com 72 a proposta para que o Parlamento seja reduzido em 50%, seguido do fim do voto obrigatório, com 71 pontos. O financiamento público defendido pelo PT aparece com parcos 35 pontos. E as ideias geniais de Vacarezza e seu grupo sem ponto algum.

Cândido Vacarezza, deputado

Vacarezza diz que a proposta visa a desburocratizar e facilitar a fiscalização. Mas o que ela faz é retirar a responsabilidade final do candidato sobre a prestação de contas e amordaçar a Justiça, impedindo a ação da primeira instância.

Para não dizer que nada se salva, há méritos, como a realização de novas eleições no caso de cassação do mais votado, impedindo o efeito Roseana Sarney. Preterida nas urnas em 2006, ela assumiu o governo do Maranhão após a cassação de Jackson Lago (PDT). Uma excrescência jurídica, que atenta contra a vontade do eleitor.

No mais, tudo cheira a bode.

Como contraria frontalmente a pregação petista pelo financiamento público das campanhas eleitorais, para o qual o partido está coletando assinaturas com vistas a uma emenda popular, a grita contra a minirreforma pode vir a calhar. Na ótica do PT, que só a si vê, é um bom bode para engordar.

04 de agosto de 2013
Mary Zaidan é jornalista

LULA E A MENTIRA DO FMI


Maílson da Nóbrega recupera, na Veja desta semana, um pedaço da história recente, em que as mentiras de Lula tornaram-se verdades absolutas. Uma delas é a cantilena do ex-presidente sobre o pagamento da dívida ao FMI. " A mesma obsessão que eu tinha de não pagar aluguel. Eu tinha que acabar com o FMI, de não ter dívida com o FMI", relata Lula em um recente livro chapa-branca escrito por Emir Sader, o sociólogo empresário, que cobra seus honorários irregulares da EBC por meio de uma Sader Participações, violando o estatuto do funcionário público.
 
Segundo Maílson, o pagamento da dívida nada teve de excepcional, pois o Brasil sempre foi um bom pagador e sempre honrou seus compromissos. O que havia, à época, era uma conjuntura favorável à antecipação da quitação. Tanto é que Filipinas, Tailândia e Rússia fizeram isso antes do Brasil.
O nosso país tinha reservas para tal e Lula, espertamente, misturou a antecipação ao FMI com o pagamento da dívida externa.
Um mentira sem precedentes
 
O Brasil continua com um grande dívida externa, de U$ 325 bilhões, inclusive ao FMI, uma dívida que o PT só fez aumentar. A diferença é que as nossas reservas estão em U$ 380 bilhões, graças as exportações de commodities.  Lula, o grande mentiroso, deveria ter vergonha de colocar o fato em livro. Mas vergonha não faz parte do caráter de Lula, muito antes pelo contrário. 
 
04 de agosto de 2013
in coroneLeaks

VOCÊ NÃO FOI AO JANTAR DO PRESIDENTE DA CÂMARA, HENRIQUE ALVES, MAS PAGOU A CONTA


E SALVE O CONTRIBUINTE BRASILEIRO!

- R$ 28.400,00 -

   Na noite da última terça-feira, 16/07/13, o Presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves,
(PMDB de NATAL - Rio Grande do Norte) abriu as portas da residência oficial que ocupa, às margens do Lago Paranoá, em Brasília,
para os deputados da bancada do seu partido, o PMDB.
Ofereceu-lhes um jantar.

 Custou VINTE e OITO MIL e QUATROCENTOS REAIS (R$ 28,400,00) ? ou R$ 355,00 por cabeça.
A conta foi paga com DINHEIRO PÚBLICO. A verba saiu das arcas da Câmara.
A ONG Contas Abertas obteve a nota de empenho da despesa.


 Está escrito: ?Concessão de suprimento de fundos para atender despesas relativas à contratação de serviços destinados à realização de jantar no dia 16.07.2013, na residência oficial da Câmara dos Deputados, para um público estimado de oitenta pessoas, a pedido do gabinete do presidente.?


 A rubrica ?suprimentos de fundos? serve para a realização de despesas inesperadas e urgentes.
No caso específico, o dinheiro da Câmara (PÚBLICO) foi repassado a servidora Bernadette Maria França Amaral Soares que está lotada no Gabinete de Henrique Alves, como administradora da residência oficial da Câmara. O salário dela é de cerca de R$ 23.000,00 mil mensais.


 Repetindo, a CASEIRA ganha R$ 23.000,00 por mês e o contribuinte é quem paga.
Ela, como despiste, realizou os gastos que foram EMPENHADOS e prestará contas posteriormente.
Além dos Deputados, estiveram no repasto o vice-presidente Michel Temer e todos os Ministros de DILMA do PMDB.


 O encontro foi partidário. ?Um jantar social de fim de semestre?, na definição do líder da legenda, deputado Eduardo Cunha.


 O cardápio foi fino ? de camarão a queijo brie caramelado, noves fora o champanhe.
A pauta foi indigesta: do derretimento de Dilma Rousseff à deterioração da coligação.
A pergunta que fica boiando na atmosfera é:


 ?Por que diabos o contribuinte brasileiro foi intimado a pagar a conta??

 Não há propriamente uma ilegalidade no espeto. Porém, se as ruas de junho informaram alguma coisa foi que a sociedade já não engole passivamente tudo o que em Brasília é considerado ?normal?.
Não é pelos vinte centavos, diria um desses rapazes que saem de casa para protestar defronte do prédio do Congresso. É pelo respeito à liturgia.


 A Câmara já custeia a equipagem, a criadagem, a cozinheira e os alimentos que vão à mesa da residência do seu presidente. Difícil acomodar no escaninho das normalidades a contratação de uma empresa para fornecer decoração, mesas, cadeiras e a comida servida à turma do PMDB.
A plateia se pergunta: por que o inquilino e seus convidados não fizeram uma vaquinha?
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 PS:
Este Deputado que exerce um dos Poderes da República é aquele que também usa
AVIÕES da FAB para eventos particulares, como trazer a família de NATAL para assistir
Jogo de FUTEBOL no Rio de Janeiro .


 Isto tudo ocorreu depois das MANIFESTAÇÕES de RUA que condenam esse tipo de FALCATRUA, principalmente quando ela está configurada na tentativa de DESPISTAMENTO, repassando o DINHEIRO PÚBLICO para uma funcionária e assim encobrindo o seu nome e o da CÂMARA dos DEPUTADOS.
 

"O CASTIGO dos BONS que NÃO fazem POLÍTICA é ser governados
pelos MAUS que FAZEM POLÍTICA".

(Platão)


04 de agosto de 2013
Facebook

AGORA EU ACREDITO QUE A ELITE BRASILEIRA CONFIA NO BRASIL...

Elite brasileira têm 4ª maior fortuna do mundo em paraísos fiscais

John_Christensen01A

Os super-ricos brasileiros detêm o equivalente a um terço do Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas do País em um ano, em contas em paraísos fiscais, livres de tributação. Trata-se da quarta maior quantia do mundo depositada nesta modalidade de conta bancária.

A informação foi revelada por um estudo inédito, que pela primeira vez chegou a valores depositados nas chamadas contas offshore, sobre as quais as autoridades tributárias dos países não têm como cobrar impostos.

O documento The price of offshore revisited, escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network, mostra que os super-ricos brasileiros somaram até 2010 cerca de US$520 bilhões (ou mais de R$1 trilhão) em paraísos fiscais.

O estudo cruzou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais para chegar a valores considerados pelo autor.
Em 2010, o Produto Interno Bruto Brasileiro somou cerca de R$3,6 trilhões.

BURACO NEGRO
O relatório destaca o impacto sobre as economias dos 139 países mais desenvolvidos da movimentação de dinheiro enviado a paraísos fiscais.
Henry estima que, desde os anos de 1970 até 2010, os cidadãos mais ricos desses 139 países aumentaram de US$7,3 trilhões para US$9,3 trilhões a “riqueza offshore não registrada” para fins de tributação.

A riqueza privada offshore representa “um enorme buraco negro na economia mundial”, disse o autor do estudo, acrescentando: “Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço”

Na América Latina, chama a atenção o fato de, além do Brasil, países como México, Argentina e Venezuela aparecerem entre os 20 que mais enviaram recursos a paraísos fiscais.

John Christensen, diretor da Tax Justice Network, organização que combate os paraísos fiscais e que encomendou o estudo, afirmou à BBC Brasil que países exportadores de riquezas minerais seguem um padrão. Segundo ele, elites locais vêm sendo abordadas há décadas por bancos, principalmente norte-americanos, para enviarem seus recursos ao exterior.

“Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço. Como o governo norte-americano não compartilha informações tributárias, fica muito difícil para estes países chegar aos donos destas contas e taxar os recursos”, afirma.
“Isso aumentou muito nos anos de 1970, durante as ditaduras”, observa.

QUEM ENVIA

Segundo o diretor da Tax Justice Network, além dos acionistas de empresas dos setores exportadores de minerais (mineração e petróleo), os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre os que mais remetem recursos para paraísos fiscais.

“As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de pagar impostos”, afirma Christensen. “No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam brincando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo.”

Christensen afirma que no caso de México, Venezuela e Argentina, tratados bilaterais como o Nafta (tratado de livre comércio EUA-México) e a ação dos bancos norte-americanos fizeram os valores escondidos no exterior subirem vertiginosamente desde os anos de 1970, embora “este seja um fenômeno de mais de meio século”.

O diretor da Tax Justice Network destaca ainda que há enormes recursos de países africanos em contas offshore.

BC FECHA BANCO RURAL, ENVOLVIDO NO MENSALÃO


               


04 de agosto de 2013

ACOSTUMADOS À VIDA DE BURRO DE CARGA

 

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Três anos atrás estive na Noruega.
Desembarquei em Oslo e, como de praxe, fui seguindo distraído o fluxo de passageiros pelos corredores e escadarias de um aeroporto bem simpático e informal, com estruturas de madeira e ferro que faziam lembrar uma gigantesca cabana.
Quando dei por mim já estava em frente à esteira de bagagens!
 
Caramba“, pensei comigo. “Acho que segui a turma errada e perdi a área da imigração“.
 
Vou ao balcão de informações mais próximo à procura do tradicional chiqueirinho com filas balizadas em ziguezagues terminando em policiais aborrecidos que te fazem perguntas meio inaudíveis sem olhar pra tua cara.
 
Não, o senhor não perdeu nada. Não fazemos check-in de passaportes aqui na Noruega. É só pegar a sua mala e descer por aquela escada rolante, que leva ao trem integrado ao metro. Ele o deixará em qualquer ponto de Oslo que desejar (a uns 100 km percorridos em uns 15-20 minutos)“.
!!!!“…
 
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Na semana passada estive na Bolívia com dois amigos. Santa Cruz de la Sierra, para ser mais exato, de passagem para um ponto isolado da fascinante porção amazônica daquele país. É um vôo de duas horas e meia direto de São Paulo.
 
Mal sentei no avião a aeromoça entregou-me quatro longas tiras de papel em cores diferentes – azul, verde, rosa e branco, este um “vintage” em duas vias com “carbono” – com dezenas de “campos” para serem preenchidos e intermináveis questionários em letras miúdas.
 
Acredite se quiser, até as perguntas diretas “Você já praticou atos terroristas?” e “Pertence a alguma organização secreta ou já praticou atos de espionagem?” estavam lá.
Mas a papelada e a linguagem eram tão confusas e repetitivas que, em poucos minutos, o avião se tinha transformado numa verdadeira “chacrinha” com os passageiros baixando maletas de cabine para checar números de documentos e perguntando uns aos outros como preencher (ou não?) determinados campos ou responder esta ou aquela pergunta.
 
Uma vez em terra, um corredor curto e uma escada de uma construção meio-acabada (ou meio destruída?) padrão obra pública bem nosso conhecido, e lá estava o chiqueirinho com suas balizas e fitas.
 
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Duas filas se formaram levando, cada uma, a dois guichês de policiais de imigração. Embora houvesse menos de meio avião à minha frente, o ritmo de lesma paralítica logo me informou que haveria mais de uma hora de espera para caminhar aqueles três metros.
Ilusão de noiva! Muito mais.
 
Não demorou muito e pelo vão formado entre as duas filas foi-se acumulando um terceiro magote de “VIP“s que os muitos policiais dedicados a fiscalizar as filas iam catando nelas e passando à frente dos outros.
 
Sendo um “estado plurinacional” com base em divisões étnicas, como certas correntes do PT querem que o Brasil venha a ser, todas as autoridades da Bolívia de Evo Moales têm os traços característicos da etnia à qual pertence o presidente.
Mesmo assim, os passageiros com traços marcadamente indígenas, especialmente os mais pobres – mães e pais com crianças – eram os que recebiam pior tratamento.
Algo tão ostensivamente ríspido e humilhante que revoltava e constrangia quem assistia à cena.
 
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Passada essa primeira barreira de guichês, haveria mais duas, cada uma das quais com a sua “autoridade” interessada num dos papeis coloridos, metade a serem entregues na entrada e metade – atenção, não os perca nem ande sem eles na Bolívia! – a serem devolvidos na saída.

 A saída, eu logo viria a saber, é ainda mais surrealista pois além das perguntas e conferências de papeis, haverá mais guichês e mais “autoridades” empenhadas em revistas à procura da droga cuja produção o governo dos agentes revistadores oficialmente patrocina…
 
Em algum lugar entre a Noruega e a Bolívia situa-se o Brasil em matéria de burocracia. Filiação a (chefes de) “partidos políticos” substituem, por enquanto, características raciais na definição de quem tem de trabalhar e quem pode só “ter um emprego” (no sentido de possuí-lo para todo o sempre).
 
Mas – e naquela fila interminável nós tivemos tempo mais que suficiente para discuti-lo e concluí-lo – a ausência de dois ou três dos exageros relatados sobre a Bolívia não nos redime enquanto otários. Deixar-se roubar um pouco mais ou um pouco menos não nos faz menos coniventes com a roubalheira.
 
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Só a posição norueguesa, posta a qual vastos setores do Estado em todas as suas instâncias desaparecem junto com os demais setores criados para gerir, “apoiar” e fiscalizar os primeiros, se justifica.
Pois afinal – sobretudo neste planeta integralmente conectado, onde cada passo é traçável e universalmente filmado – o check-in no primeiro aeroporto e a certeza de que o checado embarcou é tudo quanto é necessário já que, uma vez no avião, ou o cara saltou de paraquedas ou desembarcou no seu destino.
 
Basta, portanto, um banco de dados. Todo o resto daquele aparato – do deles, do nosso, do de todo mundo que ainda mantém um – não é mais que a horda dos carrapatos com que os Estados e seus “proprietários” sobrecarregam quem tem um trabalho em vez de um emprego, mas ninguém ainda se dá conta disso.
 
A humanidade, não por acaso ainda eivada de miséria à beira da era da ciência total, acostumou-se à vida de burro de carga.

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É DIFÍCIL SEGUIR DILMA E APOIÁ-LA


O governo da presidente Dilma Rousseff maltrata seus seguidores, principalmente, aqueles sempre dispostos a defendê-lo nas redes sociais a cada suspiro da petista. Tem sido assim: Dilma aparece na TV e anuncia um plebiscito para decidir sobre a reforma política.
 
Logo depois, seus eleitores e fãs se lançam em uma cruzada para defender a ideia da presidente com uma série de argumentos – alguns plausíveis e outros totalmente mirabolantes.

Quando essas pessoas já se expuseram ao máximo em defesa do governo, criando desafetos e até sendo meio ridículas em alguns casos tamanha a cegueira, a presidente vem e desiste do tal projeto salvador, jogando sua militância num vazio político.

Ontem, o governo federal repetiu a tacada. Depois de anunciar a intenção de estender os cursos de medicina em mais dois anos, com trabalho obrigatório dos estudantes no SUS, e criar uma imensa briga com a categoria, o ministro da Saúde veio a público nessa quarta-feira para falar da mudança de rota do governo.
A desistência da ideia original, sustentada durante menos de um mês com fervor como um modelo de sucesso adotado em diversos outros países, deixa novamente a militância no vácuo.

Afinal de contas, qual é o problema? A presidente e sua equipe estão jogando para a torcida? Ou é falta de preparo e afobamento na tentativa de dar uma resposta rápida à população?
O perfil firme da presidente está começando a se desmanchar, inclusive, entre os que votaram nela, pois as medidas anunciadas recentemente não resistiram à pressão de políticos e de segmentos da sociedade.

A dúvida é se não resistiram porque implicariam em uma briga com o Congresso e com categorias organizadas, a qual o governo avaliou ser muito grande para comprar, ou se caíram por terra porque não se sustentavam.

“DILMA BOLADA”

Até a Dilma Bolada – perfil criado no Facebook por um simpatizante da presidente para promover suas ações de forma bem-humorada – está ficando em apuros.
A falta de comunicação no Planalto, ilustrado por um vai e vem de decisões e programas, é uma comédia por si só.

A sorte de Dilma e do PT é a fragilidade permanente da oposição, completamente perdida, sem discurso e sem ação.

Nesse cenário, uma espécie de terra de ninguém, as manifestações é que vão ditando o ritmo e obrigando os governos a se curvarem a antigas reivindicações. Foi assim com o transporte e começa a avançar para outras áreas, como o problema habitacional.

Acuados, prefeitos, governadores e até a presidente tentam empurrar a culpa um para o outro e agem de forma isolada para tentar dar satisfação ao povo. Só assim para entender, no caso do governo federal, tantos desmandos e alterações de percurso em um curto espaço de tempo.

(transcrito de O Tempo)

04 de agosto de 2013
Murilo Rocha

SÓ MUDA QUEM QUER


Um efeito imediato as manifestações de ruas já conseguiram certamente. Há um entendimento geral de que é preciso fazer mudanças nas máquinas públicas, seja em âmbitos municipais, estaduais ou federal.
Aquela velha ideia de que o poder público é um guarda-chuva aberto e capaz de abrigar todos os afilhados dos poderosos começa a ser desfeita do ponto de vista dos que têm a caneta.

Os governos de São Paulo e Minas Gerais, ambos comandados pelo PSDB, já tomaram suas iniciativas no sentido de efetuar cortes de despesas e reduzir pessoal. Os críticos vão dizer que há nessas medidas um forte viés eleitoral.
Mas que assim seja, o importante é que o dinheiro público seja tratado com mais seriedade. Independentemente dos motivos que estejam levando à mudança de mentalidade, a nova rota é a desejada e a reclamada nas ruas de todo o país.

O governo federal está demorando mais para reconhecer aquilo que é inevitável. A presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que não pretende fazer cortes de pessoal e custeio, está evitando confirmar o discurso oposicionista de que a máquina federal é muito gorda. Estratégia que não parece acertada.

Depois do que ocorreu em todo o país – protestos sequenciais e sempre com um grande número de adeptos –, fica evidente que é mais importante acertar o passo com a sociedade do que medir força com o adversário político. Seria melhor corrigir os rumos neste momento – a mais de um ano da eleição – do que admitir o equívoco durante a campanha eleitoral.

INTENÇÕES CONTAM POUCO

Na política, as intenções contam pouco ou quase nada. As ações são as donas do simbolismo. Os políticos do século passado costumavam dizer que “quem é bonzinho não tem voto”. Atualmente, a máxima é bem outra: “Quem não escuta não ganha eleição”. O protesto já aconteceu, a reclamação foi colocada na mesa, muda de trajetória quem quiser. Mas, certamente, nenhum movimento, seja de inércia ou de aceleração, ficará impune.

Em outubro de 2014, deputados, senadores, governadores e a presidente Dilma Rousseff serão testados. Será a oportunidade de avaliar de fato quem está escutando melhor. O PSDB tem se mostrado rápido e sintonizado com as manifestações, o que, ainda assim, não está impedindo um certo desgaste para Geraldo Alckmin, em São Paulo. Já o PMDB está meio perdido, sem saber se continua o casamento com o PT ou se começa um divórcio para se mostrar mais disponível em 2014. Enquanto isso, Sérgio Cabral vive seu inferno astral no Rio de Janeiro.

O PT da presidente Dilma Rousseff é o partido que demonstra estar mais perdido. Em alguns momentos se aproxima da sociedade e, em outros, prefere reafirmar suas posições, ainda que correndo o risco de ficar navegando contra a maré.

04 de agosto de 2013
Carla Kreefft (O Tempo)

O HUMOR GENIAL DO DUKE

Charge O Tempo 04/08

04 de agosto de 2013

GRANDE VERDADE...



Hahaha.. Ri muito aqui.
 
 
04 de agosto de 2013


MANIFESTAÇÃO CONTRA O FORO DE SÃO PAULO



Manifestantes gritam contra PT, Lula e comunismo em frente a reunião do Foro de SP

Ouvir o texto



Cerca de 30 pessoas fizeram manifestação na tarde deste sábado (3) em frente ao Hotel Jaraguá, no centro de São Paulo, onde ocorre a reunião do Foro de SP.

Segundo a Polícia Militar, o ato foi pacífico.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem como "Fora PT", contra o comunismo e chamaram o ex-presidente Lula de ladrão.

Também houve gritos de protesto contra a presidente Dilma Rousseff.

O bioquímico Daniel Guissa disse que o ato foi organizado por meio do Facebook.

"Nossa intenção é fazer um ato pacífico, sem nenhum tipo de confronto. Mesmo se houvesse algum tipo de depredação, a ideia era que nós nos dispersássemos."

Um grupo de estudantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) chegou a gritar contra os manifestantes.

"Fora capitalistas, a América Latina vai ser toda socialista", diziam eles. Mesmo assim, integrantes dos dois grupos chegaram a conversar entre si. O ato terminou por volta das 16h15.

03 de agosto de 2013
Folha Poder

LONGE DESTE INSENSATO MUNDO

Sempre gostei de beber. Comecei com cachaça, é o que tinha lá no campo. Cerveja era algo raro, sem falar que na época não havia refrigeradores. A única maneira de gelar exigia algum trabalho, era preciso ir até a cacimba e nela jogar a garrafa. Ao voltar da cacimba, a cerveja estava mais para morna que outra coisa. O vinho disponível era algo chamado Sangue de Boi. De Livramento, se bem me lembro. Mesmo para quem não conhecia vinhos, não era fácil tomá-lo.

(Curiosamente, fui me reencontrar com ele em Budapeste. O mais famoso tinto húngaro é o Egri Bikaver, Sangue de Touro. Pelo jeito, há uma considerável distância entre o sangue de boi e o sangue de touro. Se é que alguém que não conheça o campo ainda sabe o que é boi e o que é touro. Aqui em São Paulo, há muita gente que não sabe do que se trata, muito menos do que seja carneiro, cordeiro e terneiro. E quem distingue cordeiro de cabrito já se considera um erudito).

Publicidade foi algo que não existiu em minha infância e boa parte da adolescência. Verdade que, quando o rádio chegou àquelas plagas, alguma coisa sempre chegava. Em minha memória ficou algo daqueles dias:

Y SI HABLAMOS DE CERVEZA, PUNTO Y RAYA! LA DOBLE URUGUAYA

Mas não foi por isso que passei a gostar de cerveja. Gostei porque gostei, simples assim. Como também da cachaça. A que lá chegava era a Bacachiry Extra, uma aguardente das mais ardentes – e bota ardente nisto - que queimava a garganta como ácido. Era uma queimação que me agradava. Meu primeiro porre, devo tê-lo tomado lá pelos doze ou treze anos. Não porque fosse um bebum. Mas na ocasião o porre foi uma questão de sobrevivência.

Para ir a Dom Pedrito, eu ia até a Linha Divisória e pedia carona nos raros automóveis que existiam na região. Certa ocasião, peguei carona com o Toto Ferreira, que era chegado a um beijo no gargalo. Toto empinava sua caninha e dizia: “quando eu bebo, as palavras flueeeem”. E afundava o pé no acelerador. Senti que, se quisesse chegar ileso à cidade, era melhor dar uma mão ao Toto. Na altura do bolicho do Péla Gaúcho, antes de entrar na “várgia” do Santa Maria, estávamos enrolando os erres e esses e a botella era tapera. Mas cheguei vivo.

Mais tarde, com a universidade, eduquei-me também etilicamente. Mas jamais fui atrás de rótulos ou grifes. Bebia porque gostava. Não exatamente da bebida, mas da euforia dela decorrente. Jamais bebi um uísque ou vinho por ter visto sua publicidade. Por estas e outras razões, não consigo entender muito bem porque existe publicidade de Brahma ou Antártica. As pessoas querem é cerveja. E entre as duas não há maior diferença. Duvido que alguém distinga uma da outra, bebendo de olhos vendados.

Claro que se falamos de uma Leffe ou Affligem, de uma Guinness ou Delirium Tremens, a coisa muda de figura. Mas cheguei a essas cervejas sem nenhum apelo publicitário. E gostei delas porque simplesmente ... gostei. Da mesma forma, o vinho ou uísque. Jamais havia ouvido falar de Leffe, nem da blonde, nem da brune, nem da radieuse, quando me deparei com elas. Da mesma forma, o Egri Bikaver. Ou qualquer outro vinho. Com o tempo, aderi aos vinhos de montanha. E passei a preferir os vinhos da Cordilheira – ou da Sicília – até mesmo aos franceses e espanhóis. Me sabem mais terrosos.

Dizia ontem que sou à prova de publicidade. Sou totalmente refratário a este universo. Abomino toda e qualquer propaganda. Tenho um olhar seletivo. Um jornal pode anunciar um produto qualquer em página inteira e eu não o enxergo. Aconteceu há alguns anos. Eu lia um jornal em um café e fui abordado por uma marqueteira. Queria saber se eu havia visto algum anúncio das casas Bahia. Respondi que não. Ela pegou o jornal e mostrou-me. Havia seis anúncios das tais de casas, de página inteira e de meia página. Eu não havia visto nenhum.

Publicidade para mim é preto – disse certa vez a uma amiga em um bar. Ela olhou preocupada para os lados, para ver se não havia nenhum negro por perto. Mas não era a negros que me referia. E sim a uma antiga prática de jornalismo. Após fechar o jornal, editores e redatores descem à gráfica para ver as primeiras provas no papel, questão de corrigir em última hora algum errinho que tenha passado. Nestas provas, só está o texto jornalístico. O espaço reservado à publicidade está em negro. É assim que vejo a publicidade ao ler algo, um quadrado preto frente a meus olhos.

Prova disto – como se de provas eu precisasse para convencer-me do que penso ou gosto – encontrei na Veja on line. Leio que “em tempos de saturação de imagens bombardeando as inúmeras mídias o tempo todo, produzir comerciais que se eternizem na mente das pessoas é tarefa árdua. Um personagem, uma canção, um artista ou uma piada - algo faz com que eles sejam sempre lembrados por marcar um período ou uma década. Quem não se lembra dos siris criados pela Brahma, o "baixinho da Kaiser" e a estátua viva de Adoniran Barbosa na propaganda da Antárctica. Confira os vídeos de algumas propagandas memoráveis”.

Fui conferir. Dos dez vídeos que se eternizaram na mente das pessoas, só conheço um, o do “baixinho da Kaiser”. Talvez pelo physique du rôle do personagem. Dos outros nove vídeos memoráveis, não tenho registro. É bastante possível que tenham passado por meus olhos. Mas não penetraram minha percepção.

Sim, alguma coisa ficou na memória. Quem de minha idade não lembra do “quem bebe Grapette, repete Grapette, repete Grapette, Grapette é gostosa demais”? Se ficou em minha memória, foi pela aliteração. Jamais passou por meu palato. Da mesma forma, as Pepsis e Cocas da vida. Devo ter tomado uma, a primeira, e mais nenhuma outra, apesar dos milhões investidos em suas publicidades.

Dizia há pouco que jamais convivi com quem fumasse maconha. Muito menos com que toma tais beberagens. Nada contra. Mas são pessoas com as quais nada tenho a ver. Duvido que um bebedor de xaropes ianques tenha algum apreço por Don Giovanni ou Carmen. Inversamente, duvido que um cultor de óperas – ou do Quixote, ou de Pessoa - seja um bebedor de Coca-Cola. Coca combina com rock, funk, essas coisas. Cervantes, Pessoa, Mozart ou Bizet exigem vinho.

Há momentos em que não entendo o mundo em que vivo. É que desconheço grifes, produtos de moda, supérfluos empurrados a golpes de propaganda. Nesse sentido, embora não seja consumidora de porte, minha diarista é mais erudita que eu. Coincidiu que hoje levei-a ao shopping Higienópolis, para mostrar-lhe um universo que ela desconhecia. Ficou perplexa. Mas entendia melhor do que eu dos produtos oferecidos.

Há quem fale nos riscos da tal de propaganda subliminar, passada pelo cinema ou televisão. Que a propaganda subliminar dos filmes americanos seria a grande responsável pelo tabagismo e pelo alcoolismo. Ora, podem atar-me frente a uma tela qualquer 24 horas por dia e enfiar-me a tal de propaganda subliminar do que quer que seja, mas jamais me farão beber do que não gosto. Muito menos fumar. Passei boa parte de minha adolescência vendo faroestes nos quais não se sabia quem fumava mais, se o mocinho ou o bandido. Nunca fumei.

Não tenho a mínima idéia dos vídeos de cerveja que fizeram época. Mas guardo na memória as boas cervejas que degustei. Na mente deste que vos escreve, publicidade alguma se eternizou. Conseqüentemente, não consigo entender os milhões que o mercado investe em publicidade.

Decididamente, não vivo neste mundo.


04 de agosto de 2013
janer cristaldo

BRASIL EM IMAGENS



 
04 de agosto de 2013

SURUBA NA CASA DE RIO BRANCO

O diplomata Mario Grieco, ministro de segunda classe, recebe salário de R$ 20.789,81, mas não trabalha desde 2006. Pior ainda, somente em julho do ano passado é que o ministério das Relações Exteriores (MRE) descobriu essa anomalia e levou 6 anos para fazer um memorando sugerindo uma lotação, mas mesmo assim, continua na mesma.

Os  cisnes do ItamaratyOs cisnes do Itamaraty
 
Infelizmente não se trata de um caso isolado, na estrutura do MRE, existem pelo menos 17 diplomatas que recebem seus salários sem trabalhar: São três embaixadores, cinco ministros de segunda classe, oito conselheiros e uma primeira-secretária que ganham salário médio de R$ 20 mil e, no entanto, não têm lotação.
Por mês, a pasta gasta, sem contar benefícios indiretos, algo como  R$ 326 mil, ou seja, uma importância idêntica ao pagamento mensal de 500 trabalhadores.
 
Todos têm passaporte diplomático e alguns deles até apartamentos funcionais em áreas nobres de Brasília. Muitos dos chamados “encostados do Itamaraty” não põem os pés no MRE há anos, ou ironicamente, também diplomatas que trabalham no DEC — Departamento de Escadas e Corredores.
Esse surrealismo abriga outros surrealismos, como o caso da conselheira Ilka Maria Lehmkul. Desde 2006, ela simplesmente desapareceu do controle interno do ministério. Já são pouco mais de seis anos sem trabalhar, embora receba todo mês R$ 19.297.
 
Na lista de ramais telefônicos internos do Itamaraty, na qual constam desde o telefone do agente de portaria até o do ministro Antonio Patriota, os 17 diplomatas nem sequer aparecem. Até servidores cedidos a outros órgão constam na relação.
 
“Quem? Não, senhor. Esta pessoa não trabalha aqui, ou então entrou há muito pouco tempo”, avisa a recepcionista, quando perguntada por um embaixador. Em outro documento — a lista de antiguidade do MRE —, também são os únicos em que aparecem sem nenhuma lotação específica.
 
Na lista que segue abaixo, pode-se constatar que se trata de uma aberração típica da administração desastrosa do Partido dos Trabalhadores, que criminosamente vem desmontando uma  instituição, que era das mais  sérias do país, antes que eles chegassem ao poder.
 
Abaixo segue a lista desse zumbis abrigados no MRE:
 
Carlos Eduardo Sette Câmara (embaixador)
Não tem lotação. Em 2011, realizou apenas uma missão. Em 2012, outra. Desde novembro do ano passado, não trabalha. Aguarda sabatina do Senado Federal para ser nomeado embaixador do Brasil em Nassau, nas Bahamas. Salário: R$ 21.447,61
 
Carlos Augusto Rêgo Santos Neves (embaixador)
Já foi embaixador em Moscou, em Londres e no Porto. Sem trabalhar desde novembro do ano passado. O MRE informou que ele está em processo para se aposentar, mas não há data definida. Salário: R$ 21.557
 
Eduardo Botelho Barbosa (embaixador)
Cedido ao Ministério da Saúde até abril de 2012. Trabalhou em uma missão transitória de novembro de 2012 a janeiro deste ano. Aguarda sabatina no Senado para ser nomeado embaixador em Argel. Salário: R$ 19.420
 
Clemente Rodrigues Mourão Neto (ministro de 2ª classe)
Não tem lotação. Realizou apenas uma missão no ano passado. Vai se aposentar em junho deste ano. Salário: R$ 20.525,39
 
Mario Grieco (ministro de 2ª classe)
Não trabalha desde 2006. Só em julho de 2012, o MRE o notificou. Apenas em agosto do ano passado, o memorando sugerindo sua lotação ficou pronto, no entanto, até agora não há definição, e ele segue sem local de trabalho. Salário: 20.729,81
 
Renato Xavier (ministro de 2ª classe)
Sem nenhuma lotação desde o ano passado. Foi embaixador em Kingstown até julho de 2012. Salário: R$ 20.729,82
 
Fausto Martha Godoy (ministro de 2ª classe)
Sem nenhuma lotação desde dezembro do ano passado. Em 2011, trabalhou três meses numa missão em Bagdá. Em 2012, ficou em Bangladesh de abril até dezembro. Salário: R$ 20.729,82
 
Roberto Pires Coutinho (ministro de 2ª classe)
Não tem nenhuma lotação específica. Desligou-se da Escola Superior de Guerra em fevereiro do ano passado. Em abril, cumpriu missão de dois meses no Nepal. Em novembro do ano passado, foi para uma missão na Costa do Marfim. Só agora, cinco meses depois, seguirá para uma missão em Abdijan. Salário: R$ 20.729,82
 
Rolemberg Estevão de Souza (conselheiro)
Demitido em 1996, foi reintegrado em 2004 por decisão judicial. Trabalhou até 2007. Só foi notificado pelo MRE em julho do ano passado. A lotação dele foi proposta, mas até então não tem local de trabalho. Salário: R$ 17.384,92
 
Ilka Maria Lehmkuhl (conselheira)
Sem lotação desde 2006. O MRE alega que, por alguma falha no sistema, ela saiu do controle interno desde 2006. Salário: R$ 19.297,26
 
João Frederico Abbot Galvão (conselheiro)
Sem lotação desde 2001. O MRE não fala sobre o caso. Salário: R$ 19.297,26
 
Paulo de Mello Vidal (conselheiro)
Sem lotação desde 2009. O MRE não fala sobre o caso. Salário: R$ 17.384,92
 
Fausto Fernando Rocha Cardona (conselheiro)
Sem lotação desde 2009. O MRE não fala sobre o caso. Salário: R$ 17.384,92
 
Sérgio Sanginito Novaes da Silva (conselheiro)
Sem lotação desde 2003. O MRE não fala sobre o caso. Salário: R$ 17.384,92
 
Marcia Jabor Canizio (conselheira)
Sem lotação desde 2009. O MRE não fala sobre o caso. Salário: R$ 17.384,92
 
Pedro Paulo Hamilton (conselheiro)
Sem lotação desde julho de 2011. Em 2011, trabalhou 45 dias em São Tomé e Príncipe. De novembro de 2012 a janeiro deste ano, trabalhou em Bissau. Salário: R$ 19.297,26
 
Liana Lustosa Leal Musy (primeira-secretária)
Sem lotação desde 2008. Só foi notificada em janeiro de 2012. Continua sem trabalhar. Salário: R$ 16.180.
 
04 de agosto de 2013
Giulio Sanmartini

BRASIL PERDE COMPETITIVIDADE E IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS TECNOLÓGICOS CRESCE 16,2%

Brasil perde competitividade e importação de produtos tecnológicos aumenta 16,3%.  Segundo levantamento do Iedi, déficit gerado por entrada de produtos de média e alta tecnologia chegou a US$ 46,8 bi de janeiro a junho deste ano



Exatron: fabricação de produtos eletrônicos esbarra no custo elevado pago pelo frete entre o Porto de Rio Grande e a fábrica em Porto Alegre
Foto: Divulgação
Exatron: fabricação de produtos eletrônicos esbarra no custo elevado pago pelo frete entre o Porto de Rio Grande e a fábrica em Porto AlegreDivulgação
 
A possibilidade de a balança comercial encerrar o ano com o primeiro saldo negativo desde 2000 — o acumulado até julho se aproxima de US$ 5 bilhões — mostra a perda de competitividade do Brasil na indústria manufatureira mundial. Além disso, depende cada vez mais de importações de produtos de alta e média tecnologia. Na contramão de seu próprio mercado, ávido por consumir produtos de última geração, o Brasil vê aumentar as importações justamente nos setores de alta e média tecnologia. Um levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostra que o déficit gerado pela importação de produtos de média e alta tecnologia chegou a US$ 46,8 bilhões de janeiro a junho deste ano, 16,3% a mais do que em igual período de 2012.
 
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a Samsung da Amazônia, de produtos eletrônicos de consumo, foi a segunda empresa que mais importou em 2012, atrás apenas da Petrobras. Só no primeiro semestre deste ano, importou o equivalente a US$ 1,9 bilhão, mais do que as exportações de aviões da Embraer no período. Apenas no segmento de baixa tecnologia industrial o país obteve superávit, de US$ 18,9 bilhões, com a venda de produtos como madeira e derivados, papel e celulose, alimentos, bebidas e tabaco.
 
— O mundo das commodities já não é mais o mesmo, continua bom, mas já não é espetacular a ponto de neutralizar a perda de competitividade do Brasil na indústria. A dependência tecnológica é forte e, num mundo sedento por ganhar mercados, a dificuldade de exportar aumenta — afirma o economista Júlio César Gomes de Almeida, ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda.
 
Até mesmo a agricultura, para crescer depende da importação de toneladas de defensivos agrícolas, máquinas e equipamentos. Uma única fornecedora do setor, a Syngenta, aumentou suas importações em 48% no primeiro semestre deste ano e ocupa o 15º lugar no ranking de importadores do período.
 
— Nossa fragilidade no setor industrial se acentuou nos últimos anos e, com o menor crescimento da China e da economia mundial, ela ficou mais clara. O desastre da competitividade ficou nos bastidores — diz Lia Valls Pereira, coordenadora de Estudos de Comércio Exterior do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas.
 
Brasil perde participação
 
Dados da ONU, compilados pelo Iedi, mostram que em 1990 o Brasil respondia por 2% do Produto Interno Bruto (PIB) manufatureiro mundial. Em 2011, ficou com 1,7%. No período, a Índia aumentou sua fatia de 1% para 2,1%; a Coreia, de 1,4% para 3,1%; e o México perdeu menos que o Brasil, passando de 2% para 1,8%.
 
— Agimos como na fábula da cigarra e da formiga. Com a exportação de commodities agrícolas e minerais em alta, estávamos no verão. E nos esquecemos do inverno. Para vender commodities, o esforço é pequeno; o preço é internacional. No setor industrial, é preciso atitude. A China está vendendo calçados, móveis e máquinas agrícolas para a Argentina. A indústria brasileira precisa reagir, inclusive tentando entrar em nichos do mercado chinês, como o de calçados de couro para segmentos de maior poder aquisitivo — afirma Michel Alaby, consultor de comércio exterior.
 
As indústrias brasileiras convivem com absurdos que ilustram facilmente a situação. A Exatron, fabricante de produtos de automação predial e residencial e sensores de presença, com sede em Porto Alegre, é um dos exemplos. A empresa paga R$ 4 mil pelo transporte de um contêiner de produtos da marca fabricados na China até o Porto de Rio Grande, num trajeto de quase 20 mil quilômetros. Para levar o contêiner do porto até sua fábrica, num percurso de 320 quilômetros, desembolsa R$ 2 mil.
 
Segundo Régis Haubert, diretor da empresa, 14% do valor do transporte terrestre no Brasil correspondem a pedágio.
 
Exportações sobem pouco
 
Estudo da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) mostra que, entre 2000 e 2010, as importações latino-americanas do Leste da Ásia, apenas por avião — meio de transporte pela qual viajam produtos de maior valor agregado — passaram de 50 mil toneladas para 1,4 milhão de toneladas por ano (2000/2010). A principal origem é a China (48%), seguida pelo Japão (20%).
 
Entre 2000 e 2012, a participação do Brasil nas importações mundiais de produtos industrializados avançou de 0,84% para 1,37% no período de 2000 a 2011 e pouco cresceu nas exportações — de 0,67% para 0,73%.

04 de agosto de 2013
Cleide Carvalho - O Globo

TEORI ZAVASCKI, DO STF, FEZ 164 VIAGENS COM VERBA DO STJ SEM JUSTIFICATIVA

 
 

Ministro do STF fez 164 viagens com verba do STJ sem justificativa
Ouvir o texto




O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki foi, dentre 50 colegas que passaram pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) de 2009 a 2012, o que mais viajou usando uma verba para passagens aéreas cujos gastos não precisam ser justificados para o tribunal.
 
Por meio de uma regra criada pelos próprios ministros do STJ em 2009, eles podem usar as passagens como quiserem, desde que respeitem o limite anual que hoje é de R$ 48 mil por gabinete.

Editoria de Arte/Folhapress

 
A emissão das passagens é feita automaticamente pelo STJ a pedido dos ministros.
 
Zavascki foi ministro do STJ de 2003, quando foi nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a 2012, quando passou a ocupar cadeira no STF por nomeação de Dilma Rousseff.
 
De abril de 2009, quando a regra foi criada, até o ano passado, Zavascki gastou R$ 176 mil em passagens aéreas, em valores nominais. Só 23% desses gastos ocorreram por missões oficiais --em outubro de 2011, por exemplo, o STJ gastou R$ 35 mil para ele representar o tribunal em um encontro jurídico na Costa Rica.
 
Os dados foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.
 
O desembolso dos outros R$ 128 mil não foi justificado e nem precisaria, segundo o STJ. Os registros não indicam origem e destino das viagens.
 
A reportagem tentou por duas vezes acesso a essa informação, mas o STJ se recusou a fornecê-la, sob alegação de que comprometeria a segurança dos ministros.
 
Zavascki também preferiu não informar à reportagem origem e destino das viagens.
 
No período 2009-2012, ele embarcou em aviões de carreira 87 vezes em viagens de ida e 77 vezes, em voltas, incluindo feriados, como os Carnavais de 2010, 2011 e 2012 --no total, são 164 trechos viajados sem justificativa.
 
Não é possível saber o motivo da diferença dos números de idas e vindas.
 
No Carnaval do ano passado, Zavascki saiu de Brasília no dia 17 de fevereiroe retornou no dia 25 do mesmo mês.
 
Os dados mostram que ele preferiu sair de Brasília às quintas (36 vezes) e sextas-feiras (33 vezes), retornando quase sempre aos domingos (33 vezes) e às segundas (25).
 
R$ 2,4 MILHÕES
 
A verba destinada às viagens sem justificativa dos ministros do STJ consumiu R$ 2,4 milhões de 2009 a 2012 --5,2% com Zavascki. As passagens aéreas em missões oficiais consumiram outros R$ 506 mil, além de R$ 272 mil em diárias dos ministros.
 
Na lista dos ministros que mais gastaram sem justificar a viagem, Zavascki ocupa o primeiro lugar. Depois vêm Antonio Herman (gastos de R$ 144 mil), Napoleão Nunes Maia Filho (R$ 113 mil), Benedito Gonçalves (R$ 106 mil) e Maria Thereza Rocha de Assis Moura (R$ 100 mil).
 
OUTRO LADO
 
Procurado, o STJ reiterou que a resolução permite aos ministros não justificarem a utilização de passagens adquiridas com a verba.
 
Questionado pela Folha sobre se a verba poderia ser usada para o deslocamento dos ministros para seus Estados de origem, incluindo finais de semana ou feriados, o STJ informou: "Sim, visto que a norma não traz nenhuma vedação nesse sentido".
 
A Folha pediu acesso e enviou perguntas aos dez ministros que mais gastaram com a verba de viagens, mas a assessoria do STJ disse que eles estavam de férias e que não teria como contatá-los.
 
O ministro Teori Zavascki foi procurado por meio da assessoria do STF, mas preferiu não se manifestar.

04 de agosto de 2013
RUBENS VALENTE e FILIPE COUTINHO Folha de São Paulo

DESAPARECIMENTOS EM FAVELAS DO RIO CRESCEM APÓS INÍCIO DAS UPPs

POLÍTICA E COMPORTAMENTO
  • Antonio Scorza/UOL
    Na quinta-feira (1º), um protesto contra o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, 42, uniu moradores da favela da Rocinha, na zona sul, "black blocs" e integrantes de movimentos sociais Na quinta-feira (1º), um protesto contra o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, 42, uniu moradores da favela da Rocinha, na zona sul, "black blocs" e integrantes de movimentos sociais
Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) mostram que houve aumento no número de desaparecimentos nas 18 primeiras comunidades que receberam UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), no período entre 2007 e 2012. O levantamento feito pelo UOL tem base nas ocorrências registradas um ano antes e um ano depois das respectivas ocupações, e vai da UPP Santa Marta, inaugurada em novembro de 2008, em Botafogo, na zona sul, à UPP Mangueira, na zona norte da cidade, lançada em novembro de 2011.

CDD NO TOPO

  • Cidade de Deus, favela da zona oeste do Rio. Crédito: Folha Imagem A Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade, é a comunidade pacificada com o maior número de desaparecimentos. Entre 2007 e 2012, foram registradas 144 ocorrências --quase quatro vezes mais do que a segunda colocada no ranking, a UPP São Carlos, na zona norte
Na série histórica considerada pela reportagem, os desaparecimentos notificados à Polícia Civil pularam de 87 para 133, o que representa aumento de mais de 56%. Segundo estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do IPP (Instituto Pereira Passos), as 18 favelas correspondem a uma população de quase 211 mil pessoas.
 
O propulsor desse crescimento foi a Unidade de Polícia Pacificadora da Cidade de Deus, na zona oeste, inaugurada em 2009. No ano seguinte à ocupação, foram registrados 49 desaparecimentos --33 a mais em relação ao ano anterior e 31 em comparação com 2008. A partir de 2011, porém, houve redução.
 
Nas 18 favelas, as únicas cujos dados de criminalidade são disponibilizados pelo ISP, os números sobre casos de desaparecimento diminuíram em apenas seis comunidades. Também houve aumento substancial nos morros da Mangueira (de seis para 12 casos) e do Borel (de duas para nove ocorrências).
 
Em relação aos números absolutos, entre 2007 e 2012, foram registrados 553 casos de desaparecimento nas 18 primeiras comunidades. Os relatórios do ISP indicam aumento progressivo anual até 2010, quando o indicador atingiu o seu ápice (119 ocorrências). Nos anos seguintes, houve redução.

ENTENDA O CASO

Arquivo família

 Amarildo, morador da Rocinha, desapareceu no dia 14 de julho após ser abordado por policiais da UPP local. Na versão da família, o pedreiro foi levado pelos PMs da porta de casa e, depois, os policiais disseram que ele foi liberado porque tinha sido confundido com alguém. Amarildo tinha acabado de chegar de uma pescaria

  •  
Para o professor da UFF (Universidade Federal Fluminense) e coordenador do Observatório de Favelas, Jailson de Souza e Silva, o estudo sobre o aumento do índice de desaparecimentos nas favelas pacificadas tem que ser aprofundado pelo governo fluminense, assim como a questão da violação de direitos por parte dos policiais que trabalham nas UPPs.
 
Silva afirmou que o caso do pedreiro Amarildo de Souza, 42, que desapareceu na favela da Rocinha após ser abordado por policiais militares, é o estopim de uma "crise da permanência policial nas favelas". Na visão dele, "nenhum morador desaparece na favela", já que há uma relação peculiar de proximidade entre os moradores. "Todo mundo sabe o que se passa ali", explicou.
 
"O caso Amarildo é simplesmente um epicentro de uma crise da permanência policial nas favelas. Ele mostra a dificuldade que a polícia tem para se integrar no cotidiano dos moradores. (...) O Estado deveria trazer mais números sobre esse fenômeno do desaparecimento. Há uma necessidade de investigação para concluir se esses crimes tem relação ou não com a presença da polícia nas comunidades", disse.
 
"A polícia não quer discutir isso, não considera a hipótese [de um eventual desaparecimento ter relação com a UPP] e não abre uma investigação. A polícia sempre fica com o discurso que é mais conveniente para ela. Parte-se do pressuposto que os moradores denunciam mais", completou.

POR ANO

  • 64

    desaparecimentos em 2007
     
  • 86

    desaparecimentos em 2008
     
  • 89

    desaparecimentos em 2009
     
  • 119

    desaparecimentos em 2010
     
  • 97

    desaparecimentos em 2011
     
  • 98

    desaparecimentos em 2012
     
Soma das ocorrências registradas anualmente nas 18 primeiras favelas atendidas pela política das UPPs. Fonte: ISP (Instituto de Segurança Pública)
 
Já o diretor do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), Itamar Silva, afirmou ser necessário "entender o mapa dos desaparecimentos" para definir novas diretrizes dentro da política de segurança pública fluminense. O especialista disse ainda que a implantação das UPPs dá origem a um novo debate sobre relação entre polícia e comunidade, que, segundo ele, é marcada até hoje por um "histórico de violência".
 
"Historicamente, esses casos de desaparecimento sempre aconteceram nas favelas da capital e da Baixada Fluminense. Não há um tratamento investigativo adequado, talvez seja essa a diferença em relação a outras áreas da cidade. (...) A UPP ganhou um lugar na prateleira e passou a ser preservada. Falava-se apenas sobre os pontos positivos. Mas essa tensão já estava concentrada há muito tempo. Com o caso Amarildo, ela explodiu", opinou.
 
Itamar declarou ainda que o caso Amarildo é "revelador do quão longe está a PM de ser uma polícia cidadã, que almeja a segurança para os moradores".
 
"As pessoas pensam, em um primeiro momento, que a UPP veio pra dar segurança. Nesse sentido, nada parecido com o que ocorreu no caso Amarildo poderia acontecer na Rocinha. Uma pessoa desapareceu exatamente em uma ação da polícia e em um espaço controlado por ela. Isso faz com que o projeto perca credibilidade", afirmou.
 
A reportagem do UOL solicitou entrevista com um representante da CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) para que ele comentasse o assunto, porém não houve resposta. A assessoria das UPPs não se pronunciou a respeito até o fechamento desta reportagem.

DESAPARECIMENTOS ANTES E DEPOIS DAS UPPS

UPP
ANO ANTERIOR
ANO DA INAUGURAÇÃO
ANO SEGUINTE
Santa Marta (2008)
1
0
1
Cidade de Deus (2009)
18
16
49
Batan (2009)
5
3
2
CM/Babilônia (2009)
1
2
0
Pavão-Pavãozinho (2009)
5
6
6
Tabajaras/Cabritos (2010)
4
4
3
Providência (2010)
7
5
5
Borel (2010)
2
12
9
Formiga (2010)
1
3
5
Andaraí (2010)
5
3
6
Salgueiro (2010)
2
2
3
Turano (2010)
9
4
5
Morro dos Macacos (2010)
2
3
7
São João (2011)
2
1
3
Fallet/Fogueteiro (2011)
4
2
2
Morro dos Prazeres (2011)
3
3
6
São Carlos (2011)
8
4
9
Mangueira/Tuiuti (2011)
6
4
12
TOTAL
85
77
133
  • De acordo com o Instituto de Segurança Pública, os números coletados são atualizados na medida em que a Polícia Civil investiga os casos de desaparecimento. Se a polícia descobre, por exemplo, que a pessoa desaparecida foi vítima de homicídio, o ISP faz a atualização dos dois indicadores: o de desaparecimentos e o de homicídios.

"Os Donos do Morro"

O estudo "Os Donos do Morro: Uma avaliação exploratória do impacto das Unidades de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro", coordenado pelo sociólogo Ignacio Cano, do LAV/Uerj (Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro), já apontava em maio do ano passado um crescimento do número de pessoas que desapareceram em favelas pacificadas.
 
Os pesquisadores, que tiveram acesso a dados exclusivos do ISP, constataram que o número médio de casos por mês e comunidade passou de 0,32, no período pré-UPP, para 0,71 na fase pós-instalação. Na relação dos mesmos índices por cem mil habitantes, a taxa média pulou de 3,60 para 6,92.
 



Pedreiro Amarildo desaparece após operação policial na favela da Rocinha 

31.jul.2013 - Dez manequins cobertos por um tecido branco foram fincados na na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O ato simboliza dez desaparecimentos registrados pela Polícia Civil no Estado e que ainda estão sem solução. Um dos dez bonecos representava o pedreiro Amarildo. A manifestação, silenciosa, é da organização não governamental Rio de Paz Tânia Rêgo/ABr
 
"(...) os registros de desaparecimento aumentaram nas UPPs, desde 2009, em maior proporção do que no resto da cidade. Os desaparecimentos são um sinal de alerta para monitorar a possível subestimação de homicídios por esta via. Por outro lado, o aumento dos desaparecimentos também poderia responder a uma maior confiança na polícia e na sua capacidade de localizar as vítimas, visto que o registro de desaparecimento em geral está associado à esperança e à urgência de encontrar a pessoa", escreveu Cano.
 
O sociólogo cita pesquisas que mostram que em uma ampla proporção dos casos em que os denunciantes foram re-localizados, pelo menos 70% das vítimas tinham reaparecido. Por outro lado, a proporção de homicídios nos casos esclarecidos era de apenas 7% em um dos estudos.
 
Cano diz ser "improvável" que a crescente redução de homicídios nas áreas pacificadas esteja diretamente associada ao aumento no número de desaparecimentos. "Mas isto não significa que não seja preciso ficar alerta", ressalta.

04 de agosto de 2013
Hanrrikson de Andrade
Do UOL,