"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CÂMARA IGNORA PROJETO DE INICIATIVA DO UCHO.INFO QUE ISENTA MATERIAL ESCOLAR DE IMPOSTOS

 

Empurrando como pode – No primeiro mês do ano, as famílias enfrentam uma enxurrada de contas, em especial de IPTU e IPVA, além das matrículas escolares e os respectivos materiais didáticos.

Enquanto os cidadãos correm de um lado para o outro em busca do melhor preço para os materiais escolares, dormita na Câmara dos Deputados um projeto, sugerido pelo editor do ucho.info, que isenta de IPI, PIS e Confins esses produtos.

Depois de longos anos e persistência deste site, o projeto foi aprovado no Senado Federal, apesar da resistência de alguns senadores, que se renderam ao forte lobby das empresas “caneteiras” instaladas na Zona Franca de Manaus.
Para que o leitor entenda a extensão da carga tributária que incide sobre o material escolar, em uma simples caneta esferográfica os impostos correspondem a 47% do preço.

Faltam aos deputados federais empenho e boa vontade para que o projeto em questão avance, pois uma nação só se constrói a partir da educação de qualidade. E nesse processo incluem-se materiais escolares com preços acessíveis.

A isenção de impostos que é objeto do projeto de lei não causará prejuízos astronômicos aos cofres oficiais, pelo contrário, pois ao comprar material escolar para a rede de pública de ensino o próprio Estado se beneficiará

21 de janeiro de 2013
ucho.info

A SEGUNDA POSSE DE OBAMA, O PRIMEIRO NEGRO ELEITO E REELEITO PRESIDENTE.HAVERÁ OUTRO? QUANDO? NÃO SURGE NINGUÉM.


Quando a Suprema Corte, em 1964 (aqui começava mais um golpe) acabou com a discriminação nos ônibus escolares e em 1965 expandiu essa libertação para os transportes coletivos, principalmente o metrô, os negros começavam a ascensão política.

Praticamente 100 anos antes, na campanha presidencial de 1860 (que liquidaria sua vida em 1865), Lincoln aprofundava ou começava para valer a luta contra a escravidão. O Norte dos EUA já havia praticamente libertado os escravos, mas existia a crueldade do Sul, racista, burro e preconceituoso.

A Europa, seguindo no progresso avassalador da Revolução Industrial de 1780 na Inglaterra, que multiplicou por 3 a produção, compreendeu que precisava de consumidores. Esses consumidores estavam dentro de casa, foram liberados não por generosidade, mas por inteligência.

A maior guerra civil do mundo ocidental começou antes da posse de Lincoln, continuou nos 4 anos do seu governo, só durou 1 mês do seu segundo governo, foi assassinado no Teatro Ford, quando assistia uma peça com a mulher, Mary Todd. Quase não havia seguranças, levou dois tiros na nuca. O assassino pulou para o palco, não escapou porque torceu o tornozelo, levou uma semana para ser preso.

OUTRA VISÃO DE LINCOLN, A DIVISÃO ELEITORAL DO PAÍS
Em plena campanha de 1860, o candidato do Partido Republicano já havia percebido aquilo que se tornou lugar comum: "Um terço dos americanos votava nos Republicanos, outro terço nos Democratas, e outro terço decide a eleição". Lincoln decidiu modificar essa realidade e fundar um terceiro partido.

Foi surpreendente, inédito e revolucionário: convidou para vice na sua chapa Andrew Johnson, governador do Tennessee, mas Democrata. Foi aceito por causa da tradição e do direito do candidato indicar seu vice. Mas do partido adversário? Lincoln explicou que pretendia fundar o terceiro partido, não teve tempo por causa da guerra e do assassinato.

Andrew Johnson assumiu com a morte de Lincoln, sofreu processo de impeachment, que começou com a posse. Como diziam que não era "nem Democrata nem Republicano", quase foi derrubado. Ganhou por 1 voto de diferença, governou 4 anos, e foi jogado para o ostracismo.

Theodore Roosevelt (tio do próprio) assumiu em 1901 com o assassinato do presidente McKinley. Ficou até 1908 (reeleito em 2004), não quis mais. Em 1912, quis voltar, o Democrata e o Republicano já tinham candidato. Fundou o Partido Popular (PP). Não ganhou, mas ficou em segundo, perdendo para os Democratas (Woodrow Wilson), mas vencendo os Republicanos.

A SEGUNDA POSSE DO NEGRO OBAMA
Os "pais fundadores" da Constituição tinham preocupação por golpes políticos, mas não acreditavam em assassinatos, que aconteceram várias vezes. Hoje, nos arredores da Casa Branca, em toda a Avenida Pensilvania (onde fica o palácio presidencial e a Blair House, onde se hospedam convidados, incluindo este repórter em dezembro de 1955, quando viajei com Juscelino) e até bem longe. Falam em 20 mil policiais fardados, fora todo o resto.

E O PRÓXIMO NEGRO?
Ao contrário do que alguém disse aqui mesmo, não fiquei contra Obama em nenhum momento, na primeira e segunda eleição. E por causa dessa tremenda divisão popular, política e eleitoral, Obama não pôde fazer mais.
Poderá a partir de agora e até 2016? Difícil concluir, mais difícil ainda analisar. Mas de qualquer maneira entrará na História. Não vai alterar o número dos 5 presidentes estadistas, mas será lembrado para sempre.

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PS – Haverá outro negro na Casa Branca? Não vejo nenhum no horizonte, ninguém nos quadros partidários, Republicano ou Democrata.

PS2 – Todos os órgãos de comunicação do mundo inteiro informam e comentam: "Obama toma posse com os Estados Unidos totalmente divididos". Enquanto não compreenderem que Lincoln via muito à frente e o terceiro partido é indispensável, a divisão continuará.

PS3 – Existe o voto livre (sem partido), que houve no Brasil até 1934. O que adianta? Quando muito, tem 1 ou 2 por cento dos votos. Em 424 deputados (congressistas) só 1 é eleito pelo chamado voto independente.

21 de janeiro de 2013
Helio Fernandes

A ARTE IMPOTENTE

 

Envio mentalmente aplausos de pé para Michael Moore, o cineasta ativista americano. E estendo um abraço solidário. Fiquei tocado com uma entrevista que ele deu na estreia de um filme. Toda a impotência do artista se manifestou ali, diante das câmaras e do microfone.


Moore: “Não adiantou nada…”

“Faz 10 anos que lancei Columbine”, disse ele, em referência ao já clássico documentário de uma chacina numa escola americana. “Nunca imaginei que, passado todo esse tempo, tivesse que admitir que meu filme não ajudou em nada.”

Pregar no vazio é extremamente frustrante, descobriu Moore. O que ele descobriu com o correr dos longos dias não é exatamente animador, conforme se viu na entrevista.

Ouçamos o pobre Moore. “Somos um povo violento. Nossos líderes são violentos. Temos que admitir isso. Achamos que tudo bem entrar num país e matar gente. Temos que fazer um exame interior. Nosso governo faz isso sempre e dá um exemplo para o povo.
Por que tanta surpresa quando um cidadão pega uma arma em nosso país e decide que hoje é dia de matar pessoas? Sem um exame interior, sem uma autocrítica profunda, nada vai mudar. Temos que reconhecer que somos violentos e matamos gente.”
Alguma chance de que isso aconteça?

Quase que simultaneamente ao desabafo de Moore, o novo diretor da CIA afirmava que, graças à “precisão extraordinária”, não havia mais vítimas colaterais nos bombardeios feitos no Paquistão com os aviões não tripulados, os infames drones.
Isso porque o governo americano considera alvo legítimo qualquer homem em idade militar. Recentemente, um garoto paquistanês de 16 anos aderiu a um grupo formado para protestar contra os drones. Um primo seu fora morto, e ele estava inconformado.

Num encontro, ele aprendeu a usar uma câmara para re gistrar o terror causado na população paquistanesa quando aparecem os drones nos céus. Três dias depois, ele estava morto. Uma bomba matou a ele e um primo quando andavam de moto.
Viva a América, terra da liberdade e da justiça.

21 de janeiro de 2013
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

OPOSIÇÃO NA VENEZUELA RACHA APÓS JUSTIÇA MANTER CHÁVEZ NO PODER

 

A polêmica em torno da decisão do Supremo Tribunal de Justiça de adiar indefinidamente a posse do novo mandato do presidente venezuelano, Hugo Chávez – que segue internado em Cuba – colocou em evidência uma antiga fratura na coalizão opositora venezuelana.



A Corte Constitucional determinou a “continuidade administrativa” na gestão de Chávez, que não pode comparecer, por razões de saúde, à posse oficial do novo mandato de seu governo, na quinta-feira passada. Com este parecer, legitimou a continuidade do atual gabinete, incluindo o cargo de vice-presidente e ministros, até que Chávez retorne ao país.

Já a ala radical da oposição viu na decisão do Supremo uma possibilidade de se fortalecer. O grupo é minoritário e, segundo o analista político Leopoldo Puchi, vinculado à oposição, acredita em saídas “não democráticas” para chegar ao poder.O setor opositor considerado “moderado” contestou a decisão do Supremo, porém, disse “aceitar” a interpretação da Corte Constitucional.

Para Puchi, a ala radical continua “sonhando” com saídas semelhantes à “Primavera Árabe” (onda de protestos populares em países do Oriente Médio e norte da África que resultou na derrubada de vários governos autocráticos). A seu ver, esse grupo tem recebido importante apoio dos meios de comunicação privados para promover protestos.

DIVISÃO

Na avaliação de analistas ouvidos pela BBC Brasil a divisão em duas frentes opositoras nunca deixou de existir, porém, voltou a acentuar-se depois da derrota do ex-candidato presidencial Henrique Capriles, em outubro do ano passado.

A segmentação se agravou com o fraco desempenho da oposição nas eleições regiões de dezembro, quando o antichavismo conquistou apenas três governos dos 23 Estados do país. “A partir desse momento surgem dois grupos, uma oposição leal às regras do jogo e ao sistema democrático e outra desleal a essas regras “, afirmou o analista político Farith Fraija.

O setor “moderado” da coalizão opositora optou por um “respeito pragmático” da decisão do Supremo, de olho na disputa eleitoral pela Presidência que pode ocorrer a curto ou médio prazo caso Chávez seja afastado definitivamente da vida política.

O governador Henrique Capriles, ex-candidato presidencial, tem sido o mais cauteloso dos dirigentes políticos opositores. Caso Chávez não possa retornar à Presidência e sejam convocadas novas eleições, ele aparece como o candidato opositor capaz de desafiar o vice-presidente Nicolás Maduro, herdeiro político de Chávez.

Ao comentar a decisão do Supremo, Capriles disse não estar de acordo com o parecer, porém, afirmou que o “aceitaria”. “Não estamos aqui para convocar enfrentamentos e colocar os venezuelanos para brigar uns com outros”, disse. “A luta para 10 de janeiro (data prevista para a posse) era para que se respeitasse a Constituição, não para mudar o governo”, disse. “O presidente é Hugo Chávez”, afirmou.

Capriles estaria num setor intermediário entre as duas alas da oposição, na opinião de Farith Fraija. “A atuação de Capriles obedece a uma avaliação pragmática do momento eleitoral e da realidade política e flutua de um lado a outro, dependendo da circunstância”, afirmou.

Para Capriles e para a ala “moderada” da oposição – que têm aspirações eleitorais – não interessa voltar a incentivar a polarização com protestos nas ruas, ao menos publicamente. Ao fazê-lo, na avaliação de Puchi, correm o risco de cimentar a rejeição do “chavismo light”- público alvo da oposição para poder sonhar com a cadeira presidencial.

“Não convém à oposição parecer apressada enquanto o presidente está convalescente, porque pode ferir sensibilidades dos segmentos que ela pretende conquistar e até mesmo de seus próprios eleitores”, afirmou Leopoldo Puchi.

A oposição defendia, sob a interpretação do artigo 231 da Constituição, que o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, o número três do núcleo duro do governo, assumisse interinamente a Presidência, por até 180 dias, ao ser declarada a “ausência temporária” de Chávez.

A ala “radical” da oposição, no entanto, não acatou o parecer da Justiça e tem convocado protestos de rua contra a continuidade do governo. Liderados pela deputada opositora Maria Corina Machado e pelo dirigente Leopoldo López, do partido Voluntad Popular os “radicais” não reconhecem o atual governo – em curso desde o último dia 10 – e afirmam que Maduro e os demais ministros estão “usurpando uma autoridade que não lhes corresponde”, segundo Machado.

SEM GOVERNO

“Nos encontramos na terrível situação de reconhecer e assumir que na Venezuela não há governo. O governo está em Cuba e de lá decidem o que fazer com o nosso país”, afirmou Machado, no sábado, diante de uma manifestação convocada pelo grupo opositor. Ali, um grupo de manifestantes levava cartazes com as frases “Fora (Fidel) Castro” e “Maduro ilegal”.
Grupos armados


No interior do país os protestos subiram de tom. Sedes de instituições públicas no Estado de Táchira foram atacadas por grupos armados no sábado. O governo local responsabilizou estudantes vinculados à oposição pela agressão.

No mesmo dia, um vídeo governamental transmitido em cadeia nacional de rádio e TV condenou a agressão e vinculou Machado e López aos protestos. No vídeo, o governo retransmitiu a advertência feita pelo vice-presidente Nicolás Maduro, dias antes, que antecipara reações violentas à decisão do TSJ.

“Aqueles da extrema-direita que queiram marchar, gritar consignas, podem fazê-lo no marco da lei. Essa oposição que sempre cai na tentação golpista nós chamamos à reflexão”, disse Maduro, na quinta-feira, durante a manifestação pró-Chávez.

A divisão opositora preocupa seus observadores. Somente unido, consideram os especialistas, o antichavismo pode gerar condições para enfrentar um candidato governista em eventuais eleições presidenciais.

Há um mês, desde que foi submetido à quarta cirurgia para combater um câncer na região pélvica, Chavez não é visto ou ouvido em público. De acordo com o governo, ele sofre de uma “severa” infecção pulmonar.

(transcrito da BBC Brasil)

21 de janeiro de 2013
Claudia Jardim

COPA, OLIMPÍADA, ILUSÕES E SUBDESENVOLVIMENTO NO BRASIL DE HOJE

 

A história econômica do Brasil, desde a sua formação, tem sido a história da dependência, do subdesenvolvimento, da infundada euforia e das crises e das falências, sempre penitenciando as classes que se formavam na base.



A concentração de renda nos remete ao ciclo da cana-de-açúcar, primeira atividade produtiva de elevada lucratividade, empreendida pelos portugueses com a sua experiência nas ilhas do Atlântico, em associação com os holandeses por meio do financiamento e da adequada distribuição.

Sua instalação permitiu a ocupação efetiva do território, mas não abriu espaço para um mercado interno, focava-se na mão-de-obra escrava, na grande propriedade voltada à exportação, na importação de insumos e de artigos de luxo e na remessa dos lucros para o exterior, sem viabilizar uma salutar circulação de riquezas.

A crise do próspero sistema produtivo açucareiro, oportunizada pela quebra do monopólio e pela redução drástica do preço no mercado internacional, delineou o caminho do retrocesso. O Brasil passa então a se concentrar na mineração, que viabilizou um débil mercado interno, com expansão da pecuária.

Mas a produção mineral também sofreu sua decadência e amargamos mais uma vez a crise típica do subdesenvolvimento e da cômoda concentração e da ausência de defesa dos interesses locais.

SEM OPÇÕES

Permanecíamos sem opções políticas para a industrialização e desenhávamos os caminhos da dependência econômica. A inferioridade técnica e a acomodação sempre estiveram presentes. Desde então, sucessivas crises e guerras internacionais geraram oportunidades, aproveitadas com relativo sucesso, mas local e limitadamente.

O algodão, o café e a borracha foram seguidamente desperdiçados como oportunidades históricas de desenvolvimento. A própria independência política custou caro e vinculou-se a acordos de privilégios para a Inglaterra.

A industrialização concentrada, limitada, tardia e de tecnologia e propriedade estrangeira (fontes de dependência e subjugação) representou mais uma oportunidade para o riquíssimo, mas assaltado, amarrado e espancado país. As amarras financeiras também funcionaram como armadilhas, bem como a importação excessiva, inclusive ideológica, sem a devida adaptação, desconstruindo as perspectivas de autonomia e defesa dos interesses nacionais.

RODOVIAS

A opção rodoviária, cara e ineficiente, também faz parte desse jogo de enriquecer os outros, traindo a sua própria pátria. O colapso educacional e ausência da saúde educativa (preventiva) também são ferramentas para o enfraquecimento e derrota da pluripotente nação, condenada à condição de colônia dos novos tempos.

Por intermédio de uma integração inspirada nos textos de Celso Furtado, podemos inferir que o momento atual repete mais uma vez a um ciclo de oportunidades externas, com preços elevados para as exportações, mas com a economia sujeita à extrema cobiça internacional e à frouxidão corrupta, com graves problemas de infraestrutura, bolhas de crédito e juros ainda exorbitantes para um mercado interno louvável, mas ainda bastante limitado.

A venda de ilusões para os incautos, com a Copa do Mundo e a Olimpíada, em meio à incompetência gerencial, sobrecarga tributária, desperdício estatal, falta de planejamento e crescimento das importações por manutenção da dependência tecnológica – enfim, prepara-se para o próximo período de crise internacional, e o maior preço sempre foi e será pago pelas populações mais pobres dos países fraudulentamente subdesenvolvidos.

21 de janeiro de 2013
Pedro Ricardo Maximino

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



21 de janeiro de 2013

O GRANDE NEGÓCIO DA SAÚDE

 

Não há melhor negócio no mundo do que a saúde. Não há maior prova de humanismo do que o exercício honrado da medicina. São duas visões conflitantes da mesma idéia, a que une a vontade de viver e o medo permanente da morte.



O negócio da saúde envolve a indústria do ensino, a atividade médica, as pesquisas biológicas e bioquímicas, o desenvolvimento técnico e científico, a produção e a venda dos medicamentos, os hospitais e as empresas de seguro médico, as chamadas operadoras.

Desde o governo militar a proliferação de universidades privadas no Brasil tem sido grande negócio político-empresarial. Muitas das licenças para o seu funcionamento foram concedidas aos políticos ou a parceiros de políticos.
Essas licenças são renovadas, ainda que a qualidade do ensino seja cada vez mais deplorável. Sem laboratórios, sem lições práticas de anatomia e patologia, sem professores capacitados, surgiu o sistema em que médicos incompetentes ensinam alunos despreparados a se tornarem também médicos incompetentes e novos mestres de médicos ainda mais incompetentes.

Contrastando com esse quadro desolador temos alguns dos melhores hospitais do mundo, estatais e privados, que servem de referência internacional. Mas esses, embora muitos deles reservem leitos para o atendimento universal, pelo SUS, são de difícil acesso aos pobres.

DESNACIONALIZAÇÃO

A classe média se vale dos planos de saúde, que se têm revelado dos maiores e mais lucrativos negócios do Brasil, cobiçados pelos consórcios internacionais. A Amil, conforme se noticiou, está sendo adquirida por capitais norte-americanos. Essas instituições foram, em seu início, cooperativas de médicos e se transformaram em empresas mercantis comuns.

No passado tínhamos menos recursos técnicos, mas os médicos, de modo geral, possuíam melhor formação. A maioria dos médicos brasileiros, felizmente, é constituída de homens e mulheres dedicados, com alta qualificação e profundo sentimento humanista. Muitos deles conseguiram superar as falhas do ensino, empenhando-se no aprimoramento constante.

As operadoras dos planos de saúde poderiam deixar de existir, se os recursos que arrecadam – grande parte deles destinados só a remunerar seus controladores – fossem administrados diretamente pelo Estado.

Talvez o governo pudesse enfrentar a ganância dos donos dos planos de saúde de forma corajosa e radical, e não só suspendendo a ampliação do número de segurados, como decidiu agora a Anvisa. É preciso todo o rigor contra os que violam a lei e, na alteração unilateral dos contratos, lesam os segurados – sobretudo os mais idosos – depois de os terem escalpelado ao longo dos anos.de

21 de janeiro de 2013
Mauro Santayana

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL PODE SER VOTADA, ESTE ANO, PELO SENADO


Com o aumento do número de crimes violentos cometidos por menores e o forte clamor popular para que seus autores recebam uma punição à altura, o aumento da maioridade penal será um dos temas mais polêmicos em discussão na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania em 2013.

Três propostas de emenda sobre o tema aguardam, no Senado Federal, decisão da Mesa Diretora para análise em conjunto. E o senador Ivo Cassol do PP de Rondônia, propôs a realização de plebiscito sobre a redução da maioridade penal para 16 anos, a ser realizado já nas próximas eleições presidenciais, em 2014.

A Constituição Federal estabelece a não imputação aos menores de 18 anos, que por força deste dispositivo ficam sujeitos a punições específicas do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas é grande a pressão da sociedade para que os menores infratores possam ser penalmente responsáveis por suas ações.

CRIMES HEDIONDOS
Os três textos têm diferentes entendimentos. A PEC 33/2012, de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira, de São Paulo, restringe a redução da maioridade penal para 16 anos, aos crimes arrolados como inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, tais como tortura, terrorismo, tráfico de drogas e hediondos previstos no artigo 5º, inciso XLIII da Lei Maior. Também inclui os casos em que o menor tiver múltipla reincidência na prática de lesão corporal grave ou roubo qualificado.
O senador Ricardo Ferraço, do PMDB do Espírito Santo, relator na Comissão, posicionou-se pela aprovação, destacando que "a sociedade brasileira não pode mais ficar refém de menores que, sob a proteção da lei, praticam os mais repugnantes crimes". Segundo ele, o direito não se presta a proteger esses infratores, "mas apenas os que, por não terem atingido a maturidade, também não conseguem discernir quanto à correção e às consequências de seus atos".

AOS QUINZE ANOS
Acir Gurgacz, do PDT de Rondônia, foi além em sua proposta (PEC 74/2011): para ele, quem tem 15 anos também deve ser responsabilizado penalmente na prática de homicídio doloso e roubo seguido de morte, tentados ou consumados.

Ao justificar o projeto, Gurgacz cita, ainda, levantamento realizado pela Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e Juventude, segundo o qual os adolescentes seriam responsáveis por 10% do total de crimes ocorridos no Brasil.

A terceira proposta sobre maioridade é mais ampla que as duas anteriores. O texto, do senador Clésio Andrade, do PMDB de Minas, prevê o limite de 16 anos para qualquer tipo de crime cometido. O senador propõe a seguinte redação para o artigo 228: "A maioridade é atingida aos 16 anos, momento a partir do qual a pessoa é penalmente imputável e capaz de exercer todos os atos da vida civil".

Na opinião de Clésio Andrade, quem tem 16 anos não só deve ser passível de processo criminal, como deveria ter direito de se casar, viajar sozinho para o exterior, celebrar contratos e dirigir, ou seja, deveria atingir também a plenitude dos direitos civis. Pela proposta, tornaria obrigatório o voto dos maiores de 16 e menores de 18, hoje facultativo.

21 de janeiro de 2013
José Carlos Werneck

A LONGA ESPERA PELO ATENDIMENTO MÉDICO PÚBLICO

 

Na edição de sexta-feira, a Folha de São Paulo publicou reportagem de Talita Bedinelli revelando que existem 661 mil pedidos de consultas, exames e cirurgias no sistema de atendimento médico da Secretaria de Saúde da cidade de São Paulo aguardando atendimento.



Média de espera: 35 meses. Incrível. O novo Secretário, José de Filipi Júnior, acentua a matéria, pensa em realizar um mutirão. Uma iniciativa de emergência, melhor do que nada, mas que não vai ao encontro das raízes do problema.

Mutirão para consulta, ainda é possível, embora a rapidez seja contraproducente. Mas mutirão de cirurgias e de exames? O risco da sobrecarga no setor cirúrgico é enorme. E a cirurgia não termina praticamente com sua realização.
Há necessidade de os pacientes serem internados para recuperação. Surge aí o problema dos leitos. Os números existentes são inferiores à necessidade.
Verifica-se assim um outro impasse. Sem falar no volume de medicamentos necessários, no aparelhamento da rede hospitalar, na presença e ação dos médicos e paramédicos.

Os dados sobre o déficit de atendimento cingem-se à capital paulista. Imagine-se a situação em todo o país. No setor de exames, as solicitações acumuladas elevam-se a mais de 72 mil.
Ora, os exames são fundamentais, vêm na sequência das consultas e são básicos para a efetivação das cirurgias.
Caso contrário, a consulta pode ocorrer, mas o que vem depois dela? Na maioria dos casos os exames de sangue e de urina. Além de todos esses aspectos, é indispensável qualidade e confiabilidade.

VIDA E MORTE

A complexidade é enorme, inclusive o que distingue o atendimento médico, geralmente de urgência, das demais atividades do setor público. O atraso de um mês num processo pode ser compensado. Numa ação de saúde, trinta dias podem ser o limite entre a vida e a morte. O momento do início do tratamento também. Um retardamento pode causar danos enormes à integridade humana.

O Brasil investe pouco na Saúde. No plano federal e nas esferas estaduais e municipais. Investimento não é só o aspecto financeiro, embora este seja o principal no caso. Investimento encontra-se também na organização administrativa, na boa vontade das pessoas para com os que buscam serviços públicos, já que é impossível que possam pagá-los à rede particular.

Existem os planos de saúde, por certo. Mas as reclamações são muitas. Recentemente a Agência Nacional de Saúde desacreditou um número enorme de empresas que anunciam coberturas, mas que não as efetivam, cobrando pelo que não podem fazer, ou então iludindo setores da sociedade. O tema saúde é um desafio a ser enfrentado urgentemente, sobretudo para que o déficit existente não se agrave.

É imperioso que o atendimento às filas existentes seja maior que o surgimento de novos pedidos. Só assim, a vergonhosa situação poderá ser reduzida por etapas, na cidade de São Paulo e nas demais cidades brasileiras. O combate à violência, à imprudência nas ruas e rodovias faz parte do esforço aguardado. Até porque os acidentes de trânsito podem ser evitados. As doenças não. Sempre aconteceram, em maior ou menor escala. Infelizmente.

21 de janeiro de 2013
Pedro do Coutto

A CORRUPÇÃO SOLIDÁRIA E SEM MEMÓRIA, QUE NÃO TORNA NINGUÉM INELEGÍVEL

 

Não adiantam as denúncias, as acusações das ex-mulheres revoltadas e cheias de provas, os milhões arrecadados sempre em cargos públicos, a exibição sem constrangimento do enriquecimento ilícito, o acúmulo de bens, sem jamais terem trabalhado. (Lógico, função pública ou política não é “trabalho”, na definição própria da palavra e da remuneração).



Podem dizer que isso acontece no mundo inteiro, e é verdade, mas não existe impunidade tão grande quanto no Brasil, excetuado o julgamento do mensalão. O cidadão-contribuinte-eleitor, qualquer que seja o seu idioma ou o seu país, contribui para que esses corruptos se eternizem no Poder, eleitos e reeleitos.

Dona Kirchner, sem liderança, carisma ou credenciais, ganhou o Poder por causa do marido. Morto ele, se reelegeu sozinha. Continua insignificante, com um inacreditável enriquecimento ilícito e astronômico. Agora denunciado por cidadãos da outrora orgulhosa Argentina.

E já falam que tentará o terceiro mandato. Não pode, o também corrupto Menem (lá mesmo) tentou e não conseguiu. Mas exibe a fortuna embriagadora e consagradora. Dona Kirchner tentará e conseguirá, quem irá impedi-la? A Constituição?

Berlusconi, o maior corrupto do mundo (título que conquistou e merece) está tentando voltar a ser primeiro-ministro da Itália. Se não ganhar, terá votos suficientes para ser Ministro da Fazenda. Responde a 10 processos há anos e anos, continua livre e elegível.

ALGUNS CORRUPTOS DO BRASIL E A SOLIDARIEDADE QUE NÃO FALTA

No momento não podemos esquecer Renan Calheiros, Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, pelo passado e o fato de disputarem os cargos mais importantes do Congresso.

Henrique Eduardo Alves, assustado com a montanha de denúncias e sentindo que não enganava ninguém, mudou de tática. Veio a público, confessou uma parte da falta de ética: “Sou um cidadão normal, cometo erros”. Entre esses “erros”, a evasão de dinheiro, o depósito de 15 milhões em paraísos fiscais, tudo documentado pela ex-mulher, que com a denúncia garantiu o futuro, não dele mas dela.

Em campanha, foi recebido pelos governadores Alckmin, Anastasia, Cabral. De São Paulo, Minas e Estado do Rio. Tirando Cabral, os outros não sofrem acusações aviltantes nem são ligados a Cavendish. Mas como “Henriquinho” é apoiado por Dona Dilma, pensam (?) coletivamente: “Ele vai se eleger mesmo, podemos precisar de um intermediário para o Planalto”.

Mostrei aqui, sem receio de desmentido: Eduardo Alves foi candidato derrotado duas vezes para prefeito de Natal. Não se candidatou a governador por não ter voto. Aqui mesmo estranharam: “Como não tem voto, se é deputado há mais de 40 anos?”. O descaminho de votos para deputado é mais fácil, o eleitor não liga. Luftalla Maluf, que veio a público “defender Henriquinho”, tem quantas dezenas de mandatos de deputado?

RENAN E EDUARDO CUNHA TÊM OUTRAS ESTRATÉGIAS

Mais esperto e cauteloso, o ex-presidente do Senado, que renunciou para não ser cassado, quer evitar a cassação antecipada, isto é, não ser eleito. Sabe que, se exibir muito poder, desperta inveja e ciúme, trabalha em silêncio. Basta o apoio de Dona Dilma e do vice Michel Temer, o resto consegue no aconchego (que palavra) do Senado.

Eduardo Cunha, líder dos lobistas, se garante com eles, tem muito a oferecer, eles a receberem. E confiam uns nos outros. Dos três, ninguém corre perigo. Mas o mais garantido é o próprio Cunha, protegido e favorecido pelo grupo do “fuzil”, não o que atira, mas o que tira.

DE PASSAGEM, NEWTON CARDOSO, O MAIS ENRIQUECIDO EM CARGOS

Foi prefeito da importante cidade de Contagem, na chamada “Grande BH”. Eleito, reeleito, voltou, saiu para ser governador. A mesma coisa que eu disse de Dona Kirchner, é vulgar, deselegante, analfabeto, péssimo de ética e de estética. Mas engana a todos, até mesmo a Receita Federal. Suas declarações ficam sempre abaixo do que apregoa e exibe.

Logo depois de deixar o governo de um estado poderoso como Minas, teve que se divorciar da mulher. Um desastre que deveria ser moral, mas foi apenas minimamente financeiro. Sua declaração à Receita ficou dezenas de andares abaixo da verdadeira.

Sua confissão à Receita não ultrapassa algumas dezenas de milhões, a ex-mulher, pública e despudoradamente, afirmou: “Os bens de Newton Cardoso ultrapassam os 2 bilhões e 500 milhões”. Isso numa época em que o bilhão não era citado com tanta facilidade quanto hoje. Entramos na era do trilhão, que “Newtão” teria atingido se não tivesse abandonado a vida pública.

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PS – Em 1998, eu estava em Paris, na Copa do Mundo. Ia almoçar no Bar do Teatro com um amigo que mora lá. Andamos na importante avenida, paramos, ele me mostrou um edifício luxuoso, afirmou perguntando: “Sabe quem tem apartamento nesse edifício? Newton Cardoso”.

PS2 – Para o claro e preclaro Bortolotto, que estranhou o fato de eu ser a favor do cidadão ter um revólver em casa, para “circunstâncias eventuais”, sendo contra armas.

PS3 – No fim do texto, eu terminava dizendo: “Sou a favor dessa arma defensiva em casa, mas não tenho, não uso nem pratico”. Essa confissão foi “devorada”, ficou a impressão da contradição. Minha arma sempre foi a palavra falada e a palavra escrita. A primeira me tiraram logo, a segunda resistiu mais tempo, mas não tanto quanto eu gostaria e seria necessária.

PS4 – O suíço Wawrinka não merecia ter sido derrotado ontem pelo sérvio Djokovic. Este é o número 1 do mundo, mas tão pretensioso e presunçoso quanto Luiz Felipe Scolari. Foram 5 horas e 2 minutos de jogo, 5 sets, 75 games. O jogo acabou em Melbourne, faltando 10 minutos para as duas da madrugada. O estádio lotado (14 mil e 600 lugares), ninguém foi embora.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG

A frase do Helio foi “devorada” porque ele a datilografou bem no finalzinho da lauda, e os aparelhos de fax costumam “não ler” a parte inferior das páginas transmitidas. Se após a postagem Helio tivesse me pedido para acrescentar essa frase, é claro que eu o teria feito prazerosamente.
Aliás, também defendo a arma defensiva em casa e tenho um revólver Taurus, registrado em meu nome, adquirido na antiga loja Mesbla. É calibre 38, cano curto, com tambor para cinco balas. (C. N.)

21 de janeiro de 2013
Helio Fernandes

ROSE, A COMPANHEIRO DE VIAGENS DE LULA, TEM QUE COMPARECER HOJE À 5a. VARA FEDERAL

 

Desde a Operação Porto Seguro, no final de novembro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fugindo da imprensa. Na Europa, chegou ao cúmulo de fugir pela lavanderia do hotel de luxo, para se livrar dos jornalistas. Semana passada, a cena se repetiu, Lula escapou pela saída dos fundos na Prefeitura de São Paulo, para não ter de prestar declarações à imprensa. O máximo que se conseguiu foi fotografá-lo na reunião com o Secretariado do prefeito Fernando Haddad.



Não é para menos. Lula não tem como explicar seu relacionamento com Rosemary Nóvoa Noronha. Logo que assumiu a presidência, em 2003, Lula transformou Rose numa mulher poderosa e influente. Além de torná-la chefe do Gabinete da Presidência em São Paulo e de nomear os parentes e amigos dela, Lula levou-a em visitas internacionais a 32 países, justamente nas viagens em que a primeira-dama Marisa Letícia não estava presente. Como explicar esse favorecimento?

Até hoje, apesar de indiciada em inquérito da Polícia Federal e com seus crimes devassados pela Operação Porto Seguro, tendo perdido o emprego de chefe do Gabinete da Presidência da República em São Paulo, mesmo assim Rosemary continua a ser tão importante que vem sendo defendida por três advogados, sob coordenação do ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos.

FAVORECIDA NA VARA FEDERAL

Já dissemos aqui que um dos advogados de Rose, o criminalista Celso Vilardi, realmente é um fenômeno e há duas semanas conseguiu que a companheira de Lula simulasse ter ido à 5ª Vara Federal em São Paulo e até assinasse um termo de comparecimento, sem que ninguém a visse, filmasse ou fotografasse.

Hoje, o advogado da companheira de viagens do ex-presidente Lula vai enfrentar outro desafio. Terá de driblar de novo a imprensa para impedir que Rose seja entrevistada, filmada e fotografada ao comparecer obrigatoriamente à 5ª Vara Federal de São Paulo. Se ela faltar, pode ter a prisão decretada, por desobediência à ordem judicial.

Mas como Rose pôde entrar na Vara, sem que os jornalistas e funcionários do cartório a vissem? Não é possível que tenha ido lá, sem que ninguém tivesse notado. Para conseguir burlar a imprensa e evitar que os funcionários e jornalistas sequer vissem Rosemary, com toda a certeza o advogado Vilardi está contando com a cumplicidade da 5ª Vara Federal. É impossível que alguém consiga entrar ou sair das dependências deste juizado sem ser notado. Não há explicação.

Na verdade, o comparecimento de Rose à 5ª Vara Federal está sendo fraudado. Ela não está se apresentando ao juízo. Algum serventuário, cooptado pelo defensor dela, tem levado o termo de comparecimento para que Rose o assine, em sistema “delivery”.

E o que a juíza Adriana Freisleben de Zanetti está achando disso tudo? Será que ela sabe que Rose está sendo favorecida para não precisar comparecer? Bem, hoje a companheira de viagens de Lula terá de se apresentar novamente em juízo e então poderemos confirmar se está havendo favorecimento ou não.

21 de janeiro de 2013
Carlos Newton

A LONGA ESPERA PELO ATENDIMENTO MÉDICO PÚBLICO

 

Na edição de sexta-feira, a Folha de São Paulo publicou reportagem de Talita Bedinelli revelando que existem 661 mil pedidos de consultas, exames e cirurgias no sistema de atendimento médico da Secretaria de Saúde da cidade de São Paulo aguardando atendimento.



Média de espera: 35 meses. Incrível. O novo Secretário, José de Filipi Júnior, acentua a matéria, pensa em realizar um mutirão. Uma iniciativa de emergência, melhor do que nada, mas que não vai ao encontro das raízes do problema.

Mutirão para consulta, ainda é possível, embora a rapidez seja contraproducente. Mas mutirão de cirurgias e de exames? O risco da sobrecarga no setor cirúrgico é enorme. E a cirurgia não termina praticamente com sua realização. Há necessidade de os pacientes serem internados para recuperação. Surge aí o problema dos leitos.
Os números existentes são inferiores à necessidade. Verifica-se assim um outro impasse. Sem falar no volume de medicamentos necessários, no aparelhamento da rede hospitalar, na presença e ação dos médicos e paramédicos.

Os dados sobre o déficit de atendimento cingem-se à capital paulista. Imagine-se a situação em todo o país. No setor de exames, as solicitações acumuladas elevam-se a mais de 72 mil. Ora, os exames são fundamentais, vêm na sequência das consultas e são básicos para a efetivação das cirurgias. Caso contrário, a consulta pode ocorrer, mas o que vem depois dela? Na maioria dos casos os exames de sangue e de urina. Além de todos esses aspectos, é indispensável qualidade e confiabilidade.

VIDA E MORTE

A complexidade é enorme, inclusive o que distingue o atendimento médico, geralmente de urgência, das demais atividades do setor público. O atraso de um mês num processo pode ser compensado. Numa ação de saúde, trinta dias podem ser o limite entre a vida e a morte. O momento do início do tratamento também. Um retardamento pode causar danos enormes à integridade humana.

O Brasil investe pouco na Saúde. No plano federal e nas esferas estaduais e municipais. Investimento não é só o aspecto financeiro, embora este seja o principal no caso. Investimento encontra-se também na organização administrativa, na boa vontade das pessoas para com os que buscam serviços públicos, já que é impossível que possam pagá-los à rede particular.

Existem os planos de saúde, por certo. Mas as reclamações são muitas. Recentemente a Agência Nacional de Saúde desacreditou um número enorme de empresas que anunciam coberturas, mas que não as efetivam, cobrando pelo que não podem fazer, ou então iludindo setores da sociedade. O tema saúde é um desafio a ser enfrentado urgentemente, sobretudo para que o déficit existente não se agrave.

É imperioso que o atendimento às filas existentes seja maior que o surgimento de novos pedidos. Só assim, a vergonhosa situação poderá ser reduzida por etapas, na cidade de São Paulo e nas demais cidades brasileiras. O combate à violência, à imprudência nas ruas e rodovias faz parte do esforço aguardado. Até porque os acidentes de trânsito podem ser evitados. As doenças não. Sempre aconteceram, em maior ou menor escala. Infelizmente.

21 de janewiro de 2013
Pedro do Coutto

PT COLOCA A RAPOSA CUIDANDO DO GALINHEIRO

 

O DESVIO
A auditoria do Banco Central (acima) afirma que Pires recebeu R$ 4,6 milhões usando uma empresa de fachada. Para os analistas do BC, tal desvio de dinheiro constitui uma “conduta grave” (Foto: Reprodução/Revista ÉPOCA)

Indicado pelo PT, o diretor do novo fundo de pensão do governo é acusado pelo Banco Central de embolsar dinheiro desviado do banco que está sob intervenção. Fonte: Revista Época

Mesmo sabendo das acusações do próprio Banco Central contra Humberto Pires Grault Vianna de Lima, ligado ao PT, o governo nazi petralha de Dilma Rousseff não teve dúvidas em nomear Pires para ser o diretor de investimentos da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal.

Tudo indica que nos quadros do PT não existe gente honesta. O PT não é um partido político, é uma organização criminosa, uma máfia onde só tem bandido.

Ou o Brasil acaba com o PT ou o PT acaba com o Brasil!
21 de janeiro de 2013
Laguardia

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




21 de janeiro de 2013

CUSTOS DO MAU PLANEJAMENTO


Por falhas de planejamento, ineficiência de estatais e crônica incapacidade do governo de reagir com presteza aos problemas, empreendimentos privados que deveriam ser vitais para regularizar o fornecimento de energia elétrica – sobretudo em períodos de incertezas sobre a geração hidrelétrica, como o atual – não produzem o resultado desejado e ainda impõem ônus financeiros aos consumidores. Chegou-se à situação absurda na qual, quanto maior o êxito desses empreendimentos, maiores as perdas para o País em termos energéticos e maiores os custos para a população.
 
É o que mostra a situação dos parques eólicos concluídos desde meados do ano passado e dos que serão concluídos em 2013. No Rio Grande do Norte e na Bahia estão prontos 26 parques, com potência instalada de 622 megawatts (MW) e há outros seis em fase de conclusão no Ceará, com potência de 186 MW. Mas nada se produz, porque não há como transmitir a energia para os centros consumidores.
 
O problema ficará ainda mais grave ao longo de 2013. Está prevista a conclusão, neste ano, de mais 50 projetos de geração eólica, com potência de 1,4 mil MW. Isso representa 16% da capacidade instalada prevista para entrar em operação em 2013, de 9 mil MW (incluindo todas as formas de geração). Também essa energia não será gerada pelos parques eólicos porque, como a que podia estar sendo gerada desde o ano passado, não tem como ser levada aos consumidores.
 
O descasamento dos cronogramas das obras das usinas geradoras e das linhas de transmissão, já notório no sistema hidrelétrico – a Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, ficou pronta para operar cinco meses antes do prazo, mas sua produção não chega aos centros de consumo, porque as linhas de transmissão só ficarão prontas neste ano -, é particularmente grave no caso da energia eólica.
 
Por todas as suas vantagens ambientais – utiliza fonte renovável, não polui e tem pouquíssimo impacto sobre o meio ambiente -, a energia eólica vem sendo apontada como a mais adequada para o abastecimento no futuro e sua utilização tem crescido no mundo. No Brasil, empresas nacionais e estrangeiras têm feito grandes investimentos no setor, e os resultados só não são mais notáveis porque parte do que se produz, ou se poderia produzir, não tem como chegar aos centros de consumo.
 
Neste período em que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão com o nível muito baixo, forçando a utilização das usinas termoelétricas – de custo operacional bem mais alto e impacto ambiental maior do que o de outras fontes -, a energia gerada pelas eólicas do Nordeste, se já contasse com as linhas de transmissão, seria muito bem-vinda pelos gestores do sistema elétrico nacional e, sobretudo, pelos consumidores.
 
Ironicamente, a potência das eólicas paradas é equivalente à da usina termoelétrica de Uruguaiana, de 639 MW, que o governo às pressas tenta recolocar em operação – estava desativada desde abril de 2009 – para compensar a redução das operações das hidrelétricas devido ao baixo nível dos reservatórios.
Também por ironia, a tentativa do governo de acionar essa termoelétrica esbarra em sua incompetência: por problemas de planejamento e de burocracia, não está conseguindo fazer chegar o combustível à usina – o gás natural liquefeito procedente da Argentina.
 
O que impede o pleno funcionamento das eólicas também é mau planejamento. Um programa adequadamente planejado decerto não resultaria no descompasso entre a obra de geração e a de transmissão.
A empresa que venceu a licitação das linhas de transmissão alega questões ambientais e de proteção do patrimônio para justificar o atraso. Como previsível, trata-se de uma estatal, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), controlada pela Eletrobrás. Algumas linhas estão com seu cronograma atrasado em 6 meses; outros, em até 17 meses.
 
Contratualmente, as empresas geradoras são remuneradas desde o momento em que estão aptas a gerar energia, independentemente de ela estar sendo gerada ou não. Assim, paga-se por uma energia que não chega ao consumo. E neste ano se pagará mais, pois mais energia deixará de ser transmitida.

Editorial do Estadão
21 de janeiro de 2013
in Reinaldo Azevedo

INSANIDADES...

Segue a tapeação

“Nós vamos acabar com a pobreza extrema, na maioria dos estados do Brasil, ainda no ano de 2013, e vamos completar esse processo de tirar da pobreza no início de 2014, é possível e vai ser feito”.

Dilma Rousseff, durante a discurseira no Piauí, jurando que vai fazer em 2013 o que jurou ter feito junto com Lula.

Coisa da oposição

“Não dá para ele e a oposição ficarem torcendo a favor do ‘pibinho’ e do apagão. Frente do contra é frente fria”.

Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, explicando que o índice de crescimento do PIB não para de cair e o número de apagões não para de subir porque o senador Aécio Neves torce para que Guido Mantega e Edison Lobão continuem fazendo bonito no campeonato mundial da incompetência.

Neurônio esperto

“Quando a seca vem, ela vem e destrói”.

Dilma Rousseff, durante a discurseira no Piauí, dois anos depois de descobrir, sobrevoando a Região Serrana do Rio, que quando a inundação vem, ela vem e destrói.

Sobrou para Galeguinho (2)

“Ele saiu, vou nomear outro”.

Henrique Alves, deputado federal (PMDB-RN) no exercício do 11° mandato e candidato da base alugada à presidência da Câmara, sem esclarecer se vai nomear um substituto para o assessor Aluízio Dutra, dono da Bonacci, ou para o bode Galeguinho, injustamente demitido do terreno apresentado como sede da empresa fantasma que engoliu um dinheirão em verbas orçamentárias.

Sobrou para Galeguinho

“Ele é meu assessor há 13 anos, estava fora da empresa, realizou comigo um bom trabalho, mas ele mesmo percebeu que estava gerando distorções políticas e saiu”.

Henrique Alves, deputado federal (PMDB-RN), explicando a 22 colegas num jantar convocado pela dupla Sérgio Cabral e Eduardo Paes que a empresa Bonacci, beneficiada por repasses orçamentários pelo candidato a presidente da Câmara, não era dirigida por seu assessor Aluizio Dutra, mas pelo bode Galeguinho, único funcionário encontrado no terreno que servia de sede para a firma fantasma.

A horta do PAC

“2013 vai ser o ano que nós vamos colher muitas coisas que nós plantamos. Vai ser o ano que nós vamos plantar ainda mais do que vamos colher”.

Dilma Rousseff, durante a discurseira no Piauí, revelando que, além do trem-bala, da transposição do São Francisco e do terceiro aeroporto de São Paulo, também ficou pronta a horta do Palácio da Alvorada, uma das mais importantes obras do PAC.

21 de janeiro de 2013
in Augusto Nunes

UMA BOA NOTÍCIA - ESPECIALISTAS NÃO VEEM CHAVISMO SEM CHÁVEZ



Ao longo de seus 14 anos no poder, Hugo Chávez se esforçou para ampliar o alcance de sua ‘revolução bolivariana’ para outros países da América Latina. O processo de convencimento foi financiado pelos petrodólares e barris de petróleo distribuídos pela Venezuela a países aliados. Alguns dos que se alinharam à cartilha do caudilho se apresentam como herdeiros de seu legado, mas não têm as características que tornaram Chávez a tradução do movimento.
 
“Não há um líder latino-americano com a visão, o carisma, a capacidade de liderança e os recursos financeiros necessários para efetivamente substituir Chávez. Os remanescentes do movimento bolivariano podem continuar a viver, mas a morte de Chávez significa a morte efetiva do movimento bolivariano como uma força de destaque na região”, avalia Mark Jones, professor de ciências políticas da Universidade Rice, no Texas.
 
A combinação do carisma de Chávez com a distribuição de benesses, expropriação de empresas, perseguição a dissidentes e sufocamento da imprensa independente pavimentaram o caminho do bolivarianismo pela América Latina. Chávez instituiu um sistema na Venezuela que promove eleições diretas, mas usa indiscriminadamente a máquina a favor do chavismo e ignora resultados desfavoráveis, com manobras para revertê-los a favor do governo.
 
Entre os seguidores mais proeminentes estão Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia. A proximidade entre Chávez e os irmãos Fidel e Raúl Castro também é notável e justificável pelo financiamento venezuelano a Cuba – enquanto o socialismo da ilha serve de inspiração declarada para o caudilho.
Nenhum dos aliados deve ter força para dar sequência à campanha pró-bolivarianismo na região. “Assim como Chávez, Correa é um crítico ferrenho dos Estados Unidos e defensor descarado do governo castrista em Cuba. No entanto, sua figura está longe de ter o mesmo impacto que a de Chávez na região, enquanto os irmãos Castro estão muito ocupados com a transição cubana”, diz Eric Farnsworth, vice-presidente da Washington Office of Americas Society/Council of the Americas.
 
Obstáculos internos

Se regionalmente não há uma figura que atenda aos requisitos necessários para manter o legado da ‘revolução bolivariana’, o sucessor de Chávez na Venezuela também terá dificuldades de dar continuidade ao modelo imposto pelo coronel. Um dos entraves deverá ser a economia, que demandará mais atenção internamente do que os repasses aos aliados regionais. “Provavelmente, a assistência estrangeira ilimitada para os países amigos terá que acabar ou pelo menos ser abrandada. E isso fará com que seja mais difícil para esses aliados seguirem a Venezuela de forma acrítica, como vêm fazendo”, avalia Farnsworth.
 
Para Mark Jones, mesmo os problemas de saúde de Chávez já vinham enfraquecendo o movimento bolivariano na América Latina. “A necessidade de Chávez de concentrar sua energia e atenção em sua própria saúde, ao mesmo tempo em que a economia venezuelana se enfraquece mais e mais, reduziu significativamente a sua capacidade de apoiar o movimento bolivariano para além das fronteiras da Venezuela”.
 
Discurso fantasma

Outro problema é a ausência física de Chávez na Venezuela, que obriga o vice, Nicolás Maduro, a sempre pontuar que o comando ainda está nas mãos do coronel, mesmo a distância – uma tentativa de convencer o mundo e, principalmente, os venezuelanos. A celebração do “juramento simbólico” em Caracas, no dia 10, começou com uma gravação da voz do ditador cantando o hino nacional. “Presidentes amigos”, como foram classificados por Maduro, acompanharam o evento: Morales, Daniel Ortega, da Nicarágua, e José Mujica, do Uruguai. Por enquanto (e não se sabe por quanto tempo), o chavismo tenta passar a impressão de que Chávez está atento a tudo, a par de tudo, mesmo internado em Havana, enfrentando um complicado período pós-operatório depois de submeter-se a quarta cirurgia para combater um câncer.
 
Para os possíveis sucessores, imitar o estilo de Chávez é muito difícil. O professor Ricardo Gualda, estudioso da estratégia de comunicação do coronel, destaca que Chávez construiu um discurso radical antielitista muito didático e muito emotivo, direcionado a grupos específicos. Essa fórmula foi repetida incessantemente ao longo dos anos. “O Chávez aparece muito. Ele entra em cadeia nacional o tempo inteiro e fala durante horas, tem uma estratégia de comunicação bastante presente na vida das pessoas. Ele entende muito bem o público dele”.
 
Manter o doutrinamento da população sem a onipresença do mandatário será mais um desafio para seus sucessores. Mas, apesar da tese da “continuidade administrativa” defendida pelo Supremo Tribunal de Justiça para dispensar a posse de Chávez, prevista na Constituição para o dia 10 de janeiro, os sucessores estão despreparados para a “continuidade do discurso” chavista. “Chávez se rodeou de pessoas muito fracas. Criou uma burocracia pouco preparada, pouco efetiva e incapaz, mas com pessoas muito leais”.
 
Gualdo aponta limitações também para o discurso oposicionista, neste momento de incertezas sobre o real estado de saúde do mandatário. “A oposição está numa saia justa, pois tem que mostrar solidariedade e se mostrar sincera. Eles (opositores) estão certos em falar em constitucionalidade, mas ter essa briga enquanto o outro está agonizando é muito difícil. Como você fala isso para as pessoas que estão fazendo vigília nas ruas?”
 
21 de janeiro de 2013
Cecília Araújo e Gabriela Loureiro, na VEJA.com
in Reinaldo Azevedo

"GUIDO E GISELE"

 



Alguém deveria ter alertado a presidente Dilma Rousseff, logo no começo do seu governo, sobre a alma dos jornalistas ingleses. Durante anos, estiveram entre os principais fornecedores de alegrias para os governos Lula e o seu, apontados na imprensa britânica como exemplos de virtude para o mundo ─ e o que diz um jornalista do reino de Sua Majestade Elizabeth II vale mais do que dizem os outros, por razões que não vem ao caso explicar nos limites deste artigo.

A certa altura, a revista The Economist chegou a colocar em sua capa uma ilustração do Cristo Redentor subindo do alto do Corcovado rumo ao espaço sideral, com uma mensagem do tipo “ninguém segura o Brasil” ─ e que governo precisa de qualquer outro selo internacional de aprovação quando ninguém menos que The Economist está dizendo uma coisa dessas?

O problema, aí, é que governos em geral não devem confiar em jornalistas ingleses. Trata-se, historicamente, de um pessoal imprevisível, indisciplinado e impertinente. Sabem de coisas que não deveriam saber, muito menos publicar.
Escrevem com freqüência o contrário do que se espera. Leem a correspondência privada das pessoas e publicam confissões íntimas de mordomos; não são cavalheiros.
Mais que tudo, estão acostumados há 200 anos com a ideia de que fatos existem para ser publicados e, se forem inconvenientes, melhor ainda ─ sobretudo se incomodam políticos, milionários, celebridades, estrelas do mundo pop, lordes do reino e por aí afora.

Foi um lamentável desapontamento para a presidente Dilma, assim, ler de repente no fim do ano, na mesma The Economist, que deveria botar no olho da rua o seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, por incompetência em estágio terminal.

Mas não estava tudo bem? Estava. Só que deixou de estar, embora não pareça claro como alguma coisa poderia mudar para melhor no Brasil com a saída do ministro; se ao longo de seus dez anos no governo ele nunca ocupou uma única jornada de trabalho decidindo questões vitais para a economia, não dá para jogar-lhe a culpa por nada que esteja dando errado.
É verdade que Mantega poderia ser um perigo. No lançamento do Plano Real, por exemplo, escreveu um artigo prodigioso: conseguiu, do começo ao fim, errar em 100% de tudo o que disse.

Com a certeza de quem estava demonstrando o binômio de Newton, garantiu que o plano iria fracassar em todos os seus pontos, sem exceção de nenhum ─ e isso, pela prudência mais elementar, deveria fazer com que o homem fosse mantido o mais longe possível da Fazenda nacional. Mas, como nunca o deixaram resolver nada de importante, também não o deixaram errar.

Mantega, pensando bem, até que tem sido um colaborador útil para o governo. Para começar, ele é um craque na arte de não criar problemas. Foi capaz de nomear para a presidência da Casa da Moeda, onde se fabrica todo o dinheiro deste país, um cidadão que nunca tinha visto em sua vida; alguém mandou que nomeasse, e ele nomeou. É para reduzir o IPI? Está reduzido.
É para suspender a redução? Está suspensa. Se for encarregado de anunciar o fim do mundo, dirá que se trata de “um fato atípico” ─ e que o governo “não trabalha com a hipótese” de que isso atrase as obras do PAC. Acima de tudo, um substituto com vida própria no Ministério da Fazenda não iria durar mais do que quinze minutos no cargo.

Na primeira vez que contrariasse a presidente, nem precisaria esperar o decreto de demissão ─ já poderia sair direto para casa. Dilma, pelo jeito, deseja manter Mantega no posto. “Ele só sai se quiser”, disse a presidente após a sentença de condenação da Economist.
Não chega a ser uma garantia feita de concreto armado; Mantega quer ficar, mas pode de um momento para outro querer sair, se Dilma quiser que ele queira. Por enquanto, continua lá.

Se a presidente resolver, um dia desses, mudar de ideia poderia nomear para o Ministério da Fazenda, quem sabe, a modelo Gisele Bündchen; com certeza, a aprovação a essa escolha seria de 95%, ou mais.
E por que não? Já que não é para resolver nada, é muito melhor ver Gisele no noticiário, principalmente na televisão, do que a cara do ministro Mantega, por mais simpática que seja; ele seria o primeiro a concordar com isso.
O problema é que a sra. Bündchen é uma moça de bom-senso. Se fosse convidada para ministra da Fazenda, diria: “Não posso aceitar, porque eu não entendo nada disso”.
É exatamente o que deveriam dizer, mas não dizem, nove entre dez astros da ciência econômica nacional. É uma pena, realmente, que nossa übermodel tenha a cabeça no lugar.

21 de janeiro de 2013
J. R. GUZZO