"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

AGORA, SIM!

 
O mensalão na manchete

Depois do barulho causado pela censura do mensalão (leia mais em Mundo da Lua e em Trapalhada no jornal), a edição de hoje do Jornal da Câmara veio com a manchete caprichada:
– Julgamento no Supremo domina debates da semana no Plenário.
Segundo informa o jornal agora, “o início do julgamento no STF do suposto esquema do mensalão – Ação Penal 470 – dominou os debates no plenário da Câmara desde a última terça-feira”. E o texto segue:
– Deputados da oposição definiram o fato como um dos mais importantes da história brasileira. Parlamentares do PT responderam dizendo que pode haver, por parte da oposição, interesses políticos, já que o julgamento está sendo realizado em período próximo às eleições municipais.

03 de agosto de 2012
Por Lauro Jardim

EM DESABAFO, PROCURADOR-GERAL DEFENDE PRISÃO DOS ENVOLVIDOS NO MENSALÃO

Roberto Gurgel diz ter sofrido pressões desde o ano passado e afirmou que há provas para colocar todos os réus na prisão

Laryssa Borges
Roberto Gurgel, procurador-geral da República, durante o julgamento do mensalão, em 03/08/2012
Roberto Gurgel, procurador-geral da República, durante o julgamento do mensalão, em 03/08/2012 (Cristiano Mariz)

Após cinco horas de acusação contra o que classificou como “o mais atrevido escândalo” da história brasileira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, responsável pela denúncia do esquema do mensalão, defendeu nesta sexta-feira a prisão de todos os réus em caso de condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) imediatamente após a sentença. De acordo com ele, é possível que 36 envolvidos no escândalo sejam presos.

"Houve uma tentativa de intimidação e constrangimento absolutamente inéditos. Temos uma quadrilha que é extremamente arrogante"

Roberto
Gurgel

Procurador-geral

Na avaliação de Gurgel, como os eventuais recursos dos condenados não poderão mudar o conteúdo da sentença no Supremo, não haveria razão para que eles recorressem das prováveis condenações em liberdade.
“Confiante no juízo condenatório dessa Corte Suprema e tendo em vista a inadmissibilidade de qualquer recurso com efeito modificativo da decisão plenária, que deve ter pronta e máxima efetividade, a Procuradoria-Geral da República requer, desde já, a expedição dos mandados de prisão cabíveis imediatamente após a conclusão do julgamento”, disse o chefe do Ministério Público. “Espera-se a condenação de 36 dos réus e a expedição dos mandados de prisão cabíveis. Em princípio, é algo que se aplica a todos”, resumiu.

Leia também: entenda o escândalo do mensalão

Dos 38 réus que figuram na ação penal do mensalão, Roberto Gurgel entendeu que não há provas para a condenação somente do ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula, Luiz Gushiken, e do ex-assessor parlamentar Antonio Lamas.

“A Procuradoria-Geral da República tem plena confiança que essa Corte Suprema, com a absoluta isenção de sempre, aplicará as penas de forma justa, sancionando adequadamente os responsáveis ante a imensa gravidade de seus crimes”, disse.

Em tom de desabafo, Roberto Gurgel revelou que, desde o ano passado, quando apresentou as alegações finais do caso, tem sofrido pressões das mais diversas áreas. “Houve uma tentativa de intimidação e constrangimento absolutamente inéditos. Temos uma quadrilha que é extremamente arrogante”, afirmou.

Falta de tradição – O apelo do chefe do Ministério Público pela prisão dos mensaleiros eventualmente condenados evidencia a “falta de tradição” do Supremo Tribunal Federal em condenar políticos. Um mandato como deputado federal ou senador é garantia quase certa de os políticos não terem dor de cabeça em ações penais na Justiça. Desde a Constituição de 1988, o STF só condenou seis deputados, mas nenhum deles efetivamente foi para a cadeia.

Os motivos para a impunidade são os mais variados: desde a prescrição dos crimes até a conversão das penas para o simples pagamento de serviços à comunidade.

Com o fim dos votos dos ministros na ação penal do mensalão, etapa prevista para ser concluída no final do mês, a Suprema Corte terá de enfrentar novamente a pecha de ser incapaz de colocar um político atrás das grades. Dos 38 réus da mais famosa ação penal em tramitação no STF, 19 já fizeram carreira política ou têm fortes ligações partidárias.

03 de agosto de 2012
Veja

QUEM TRAIU LULA?

É um dos grandes mistérios da República, a pergunta que não quer calar, o enigma que os futuros historiadores enfrentarão: de quem falava Lula, em rede nacional, quando se disse traído e pediu desculpas aos brasileiros pelo mensalão?

Quem diz que daria um cheque em branco a Roberto Jefferson não pode reclamar de ser traído. Mas o seu traidor não foi Jefferson, porque estava ocupado em vingar a traição de que se sentiu vítima quando a PF detonou o esquema de propinas do PTB nos Correios.

Quem tem Zé Dirceu como seu principal aliado, numa relação de amor e ódio de 30 anos, não deve se surpreender com uma traição. Basta imaginar o que faria o Zé para chegar à Presidência, caso Lula fosse um obstáculo. Mas Dirceu pediu pra sair, para não trair Lula. Se ele sabia do mensalão e não contou para Lula, não foi traição, mas proteção. Dirceu é muito protetor.

Quem tem Valdemar Costa Neto na sua base de apoio deve estar acostumado a achaques, chantagens e traições. Mas o pragmático Valdemar não seria burro de trair quem o beneficiava e acabou traído pela ex-mulher, que o denunciou por receber malas de dinheiro do mensalão.

Quem foi o Judas do Cristo Lula? Deve ser alguém próximo, em quem ele confiava, com quem compartilhava sonhos e segredos e tinha relações afetuosas. São esses que têm poder para grandes traições, e são essas que mais doem e causam maior dano; as outras, de aliados e correligionários, são corriqueiras, na política a traição faz parte do jogo ao sabor dos acontecimentos e ninguém reclama.
Mas, fora do círculo íntimo, Genoino, Gushiken, Gilberto Carvalho, quem poderia trair Lula?
O companheiro Delúbio assumiu suas responsabilidades e as alheias, e continua merecendo a gratidão de Lula e o carinho de ser chamado de "nosso Delúbio". Tiradentes não chamaria de "nosso Silvério" o traidor da Inconfidência.

A conclusão só pode ser que quem traiu Lula foi ela, "a mídia". Ele contava com seu apoio, compreensão e tolerância para o primeiro operário a chegar à Presidência da República, mas foi traído por notícias ruins, denúncias graves e críticas devastadoras.

03 de agosto de 2012
Nelson Motta - O Estado de S.Paulo

ESSÊNCIA DA CAUSA

Se o mensalão é o maior escândalo da história da República, só a invenção de artefato de medição comparativa seria capaz de dizer.


O documento importante aqui não é o tamanho, mas a essência da causa: o mercadão em que governos e partidos fazem suas operações de compra e venda pela primeira vez será submetido aos ditames do Código Penal e da Constituição.


Trata-se de um marco a partir do qual tais negociatas perdem o status de prática comum, aceita e tida como inevitável, para se tornar objeto de escrutínio criminal.


Isso faz toda a diferença. Impõe barreira ao desenfreado cinismo dos defensores da tese de que política sempre se fez com mãos sujas e que assim deve continuar a ser feito.


Ainda que as provas não sejam suficientes para condenar os réus, não será possível demonstrar a inexistência dos fatos como pretendem os acusados. Ao fim do julgamento, o máximo que poderão obter é a absolvição, nunca a anulação da realidade.


Esta está posta na trajetória a ser rememorada diariamente nas próximas semanas: desde a primeira notícia, desmentida, em setembro de 2004, até o início da apreciação formal da ação penal.
Entre esses dois momentos houve a delação de um integrante do esquema, as investigações de uma comissão parlamentar de inquérito, a inspeção do Ministério Público, o oferecimento da denúncia, a aceitação pelo Supremo Tribunal Federal de que havia base para a abertura de um processo e, finalmente, o momento da decisão.


Nada disso pode ser ignorado, bem como tudo isso deve ser visto sob a perspectiva de saúde das engrenagens institucionais que, obviamente, se assim decidiram que se chegasse até aqui não foi por se associarem a uma conspiração ou aderirem a uma fantasia da oposição em conluio com a imprensa.


A materialidade dos acontecimentos é que os fez transitar da boataria de corredores no Congresso até o julgamento no Supremo.


Se não houvesse substância, não haveria 50 mil páginas de processo sobre as quais a Corte se debruça desde ontem no exame daquele que pode ou não ser o maior escândalo da história da República.
Tanto faz como tanto fez seu tamanho ou denominação. Se a narrativa recebe o apelido de mensalão ou a designação jurídica e ultimamente considerada politicamente correta de ação penal 470, não importa.


Interessa menos o nome que as coisas têm se, na essência, elas são como são. E nesse caso são ações de apropriação do patrimônio público por grupos políticos que usam a delegação popular como salvo-conduto para prevaricar na execução de projetos de continuidade no poder.


Andamento. Uma preocupação presente entre os ministros do Supremo Tribunal Federal é evitar que questões suscitadas pelos advogados de defesa levem o julgamento a um impasse. Ou criem uma "pane processual", para usar expressão do presidente do STF, Carlos Ayres Britto.


Ficou estabelecido que as questões de ordem, pedidos de esclarecimento, arguições de suspeições o quaisquer outros "incidentes processuais" receberão decisão imediata do colegiado.


A palavra de ordem é impedir postergações. Sem prejuízo do debate que esgote o tema, como ficou demonstrado ontem na primeira sessão em que durante três horas e meia discutiu-se a competência do STF de julgar os réus sem prerrogativa de foro especial.


Mau tropeço. A suspensão da decisão do Tribunal de Contas da União de considerar legais as comissões recebidas pela agência de Marcos Valério do Banco do Brasil com base em lei posterior ao contrato, não deixou bem a conselheira Ana Arraes, levada ao TCU por intensa articulação política do filho governador de Pernambuco, Eduardo Campos.


Tampouco deixa melhor o restante do colegiado que acompanhou o voto da relatora, que obteve respaldo para um ato visto como tentativa de dar a Valério um argumento de defesa no STF.

03 de agosto de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

ARQUIVOS SECRETOS DE PINOCHET SÃO REVELADOS

Milhares de arquivos secretos do ditador Pinochet são revelados
Segundo documentos, ditadura chilena trocava correspondências com o Vaticano e o FBI

O ditador Augusto Pinochet durante uma visita a uma fábrica de armas em Santiago, no Chile
Foto: John Perez/AP
O ditador Augusto Pinochet durante uma visita a uma fábrica de armas em Santiago, no ChileJOHN PEREZ/AP


SANTIAGO - A polícia secreta do general Augusto Pinochet liderou uma rede de espionagem dentro e fora do Chile, que cruzava informação com o Vaticano, o FBI, e com outras ditaduras da América Latina. As operações detalhadas na documentação, revelados pela agência alemã DPA, mostram ainda a perseguição a centenas de correspondentes dentro e fora do Chile, como Pierre Kalfon, do jornal francês “Le Monde”, e James Pringle, da revista americana “Newsweek”.
Catalogados e guardados por décadas como confidenciais, os arquivos indicam que os corpos de repressão do Chile, primeiro a Direção de Inteligência Nacional (Dina) e logo a Central Nacional de Informações (CNI), mantinham uma troca de correspondência quase diária com ministros e outras autoridades, para coordenar operações em todo o mundo.
Os textos mostram ainda diálogos com o Vaticano, para neutralizar setores da Igreja que criticavam as violações dos direitos humanos, liderados pelo cardeal Raúl Silva Henríquez.
Segundo os documentos, o diretor da Dina, o coronel Manuel Contreras - hoje preso e cumprindo dezenas de condenações - tinha poder para investigar até os funcionários públicos, como mostra uma circular de 1975.
Intelectuais, como o escritor Ariel Dorfman também foram investigados. As equipes de inteligência enviam ao governo detalhes inclusive de debates em centros de estudo, o que chamam de “ativismo intelectual”.
“Sua excelência (Pinochet) declara que, a partir desta data,público poderá ser contratado sem que previamente se inclua a seus antecedentes  nenhum funcionário um informe da Dina sobre as atividades que ele possa ter realizado, informava o ministro do Interior da época, o general Raúl Benavides.
A documentação revela um esforço contínuo da ditadura em desacreditar a seus opositores e ganhar aliados, operação que envolveu o atual deputado da Renovação Nacional Alberto Cardemil, correligionário do presidente Sebastián Piñera. Cardemil, ex- vice-ministro do Interior na época, enviou arquivos secretos sobre a ONG “Vicariato da Solidariedade” afim de lançar um amplo programa para desacreditar a instituição defensora dos direitos humanos.
Poderes ampliados
Em 1976, os poderes da Dina foram ampliados. O órgão repressor passou a investigar qualquer funcionário. Seu diretor poderia inclusive dar ordens a ministros, como revela o Plano de Operações Épsilon. A iniciativa foi planejada em junho de 1975 por Contreras, diante da vista da Comissão Interamericana de Direitos Humanos ao país.
A estratégia, divulgada em 11 páginas distribuídas a ministros e chefes de serviços da ditadura, tinha como missão “realizar uma campanha de ação psicológica aberta e clandestina” para neutralizar no mundo as denúncias por violações aos direitos humanos.
A coordenação entre a polícia secreta e os ministros continuaram inclusive depois da dissolução do órgão, em 1978. A CNI, que substitui a Dina, impulsionou desde sua criação as operações na Bolívia, Argentina e Brasil, por meio das embaixadas chilenas que enviavam informes periódicos sobre a atividade dos exilados, os meios de comunicação e os organismos humanitários.
03 de agosto de 2012
O GLOBO

RELATO DE GURGEL MOSTRA NECESSIDADE DE SE INVESTIGAR CONEXÃO ENTRE OS CASOS DO MENSALÃO E CELSO DANIEL

Peças se encaixam – Relatados pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os detalhes dos empréstimos bancários feitos pelo Partido dos Trabalhadores durante o período de vigência do mensalão são a ponta da conexão, ainda ignorada, com o escândalo que culminou com a morte do petista Celso Daniel, então prefeito de Santo André, como revelou o ucho.info.

A fragilidade dos empréstimos, para não falar em fraude, revela o lado obscuro de transações financeiras que nem de longe respeitaram a prática do mercado em relação à formalidade do pleito e à exigência de garantias.

Como revelado por este noticioso, boa parte do dinheiro da propina arrecadada em Santo André acabou em contas bancárias no exterior, o que criou dificuldades aos envolvidos no esquema criminoso após o brutal assassinato do prefeito. Meses depois da morte de Celso Daniel, as contas foram alvo de seguidas movimentações, o que deixou algumas pessoas do esquema indignadas.

Trazer de volta ao País dinheiro sujo é uma operação que exige cautela redobrada e que não pode ser realizada com um doleiro qualquer, por mais que o cambista ilegal seja respeitado no mercado.

O entrave encontra-se na legalização do valor repatriado, o que é impossível sem que o montante passe pelo Banco Central. De tal modo, adotou-se no mercado financeiro a prática de empréstimos fraudulentos, em que o banco, com uma instituição correspondente ou de se sua propriedade no exterior, recebe o valor “offshore” e paga ao cliente através da operação de crédito fictícia.

Como o empréstimo jamais será pago e não será cobrado, o banco lança o prejuízo no balanço e se beneficia na hora dos acertos com o Leão. Sem contar que transfere sem qualquer esforço ou vigilância dinheiro para exterior. Ou seja, uma sequência criminosa que beneficia todos os envolvidos, até que alguém, como em toda quadrilha que se preze, resolve por um motivo qualquer contar o que sabe.

03 de agosto de 2012
ucho.info

ADVOGADO DIZ QUE MENSALÃO NÃO FOI FORMAÇÃO DE QUADRILHA, MAS A UNIÃO DE PETISTAS PELO BEM DO BRASIL

Lados opostos – Roberto Gurgel, procurador-geral da República, não aliviou na denúncia contra os acusados da Ação Penal 470 (Mensalão do PT), cuja leitura consumiu pouco mais de cinco horas.

Gurgel, que pediu a condenação de 36 dos 38 acusados e a expedição de mandado de prisão logo após o término do julgamento, que começou na quinta-feira (2) no Supremo Tribunal Federal, deixou de fora da sua mira o ex-ministro Luiz Gushiken e Antonio Lamas por falta de provas.

Os advogados dos réus, por sua vez, voltaram a insistir na tese de que o Mensalão do PT não existiu e foi uma mera invenção da imprensa e dos oposicionistas. Arnaldo Malheiros Filho, criminalista que defende Delúbio Soares, apelou ao non sense ao falar sobre o mensalão.

Disse o caro e conceituado advogado que não pode ser considerada formação de quadrilha a decisão de pessoas – neste caso José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares – de se unirem por causa de um projeto e tentar melhorar o País.

Necessário é reconhecer que Arnaldo Malheiros está sendo pago – e muito bem – para defender Delúbio Soares, o que lhe obriga muitas vezes a chegar aos extremos, mas como integrante da elite da advocacia brasileira não deveria colocar o próprio currículo no patíbulo da inconsequência.

Para provar a existência do Mensalão do PT tomemos por base o “companheiro” Silvio Pereira, que fez um acordo com a Procuradoria da República para não mais ser investigado, em troca da prestação de 750 de serviços comunitários durante três anos. Ora, e não há quem faça um acordo dessa natureza sem ser culpado. Como Silvio Pereira, o Silvinho Land Rover, não tem qualquer vocação para Madre Teresa de Calcutá, o mensalão existiu, sim.

Contudo, sabe-se que o mensalão não apenas existiu, mas uma das opções apresentadas logo no início da era Lula para dar ao governo do ex-metalúrgico ares de eficiência e competência, quesitos que simplesmente inexistem quando o assunto é PT.

A segunda opção de modelo de corrupção, apresentada nos primórdios do governo Lula, é que entrou em vigor logo após o escândalo do Mensalão do PT e continua valendo. A da entrega de ministérios e autarquias aos partidos aliados, os quais assumem o ônus de escândalos, que não têm sido tão eventuais.

03 de agosto de 2012
ucho.info

QUEM ASSISTE AO JULGAMENTO DO MENSALÃO "NÃO TEM O QUE FAZER", DIZ MARCO MAIA

Marco Maia (PT-RS), em destaque na foto abaixo discutindo “temas de interesse do país”, criticou ontem (2) os interessados em acompanhar o julgamento do mensalão pela TV. A informação é da repórter Iara Lemos, do portal G1:

 Quem assiste ao julgamento do mensalão não tem o que fazer, diz Marco Maia
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), afirmou nesta quinta-feira (2) que quem assiste ao julgamento do mensalão “não tem nada para fazer”. O processo do mensalão começou a ser julgado na tarde desta quinta (2) pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente afirmou que não assistiu a nenhum dos trechos do julgamento.
“Eu diria que o julgamento do mensalão, nesta fase que ele está, é para jornalista assistir e para aqueles que não têm absolutamente nada para fazer das suas vidas. Como eu tenho muita coisa para fazer, preocupado com o país, articulando as votações da Câmara da próxima semana, tratando sobre temas de interesse do país, não tive nem tempo de acompanhar e saber o que está acontecendo no mensalão”, disse o presidente.
(…)
Censura
O presidente da Câmara criticou os líderes dos partidos de oposição que o acusaram de ter censurado no jornal da Câmara a publicação de discursos de parlamentares que falaram sobre o julgamento do mensalão.
Na quarta-feira (1), um dia antes do julgamento, alguns parlamentares usaram a tribuna da Casa para falar sobre o assunto. Nenhum dos discursos, de acordo com a oposição, constou na edição desta quinta do jornal da Câmara dos Deputados, que tem distribuição gratuita na Casa. (Grifos nossos)

Comentário:

Lembramos que, em janeiro deste ano, Marco Maia abandonou a Câmara dos Deputados para ”ter muito o que fazer” na Alemanha. A viagem de férias não foi comunicada à mesa diretora, e a Câmara ficou sem comando.
A partir da próxima segunda, o Implicante transmitirá ao vivo as sessões do julgamento do mensalão pra aqueles que “não tiverem nada para fazer”. Se você estiver de bobeira,
clique aqui e acesse o canal que criamos para cobrir o julgamento.

03 de agosto de 2012
implicante

REPUBLICANAGEM

PÉ FRIO
Em dia de Mensalão, Lula vê Olimpíada e novela. Tá explicado: o resultado do Mensalão ele já sabe; o Brasil está do jeito que está nos Jogos de Londres, por isso mesmo e a novela está em baixa no Ibope.

ENCOMENDA DA CNT
Chamada do jornal Estado de S. Paulo: Lula é nome favorito para 2014, aponta pesquisa CNT. Ex-presidente receberia 69,8% das intenções de voto, contra 11,9% do senador tucano Aécio Neves; Dilma foi citada por 59% dos eleitores em cenário sem Lula. Pronto, foi só ele ameaçar ontem que estava "inteiraço" e pronto para ajudar Dilma a ser eleita segunda-presidenta que a pandilha da Confederação Nacional do Trabalho já induziu mais uma pesquisa. Pelo menos Dilma Vana agora já sabe de quem deve se cuidar.
MARÉ BAIXA
Delúbio Soares, o Bico de Siri do Mensalão, está em maré baixa. Além de ser alvo fixo no Supremo, está sendo processado pela Justiça de São Paulo e agora acaba de perder o cargo de professor no estado de Goiás.
Sua exoneração ocorre depois da conclusão de um processo interno na Secretaria de Educação. O governo do tucano Marconi Perillo o exonerou nesta sexta-feira (3). E pelo visto não foi posto no olho da rua por mera perseguição: ele foi exonerado por abandono de cargo, por trabalhar como sindicalista e não dar aula - era professor em Goiás, mas morava em São Paulo.
O ex-tesoureiro do PT foi acusado pelo Ministério Público Estadual de receber R$ 164,4 mil sem trabalhar. Então tá. Perdeu o emprego, mas não perdeu a grana que nem deve ter sido contabilizada.
 
03 de agosto de 2012
sanatório da notícia

A CONTUNDÊNCIA DOS ARGUMENTOS DE GURGEL ESCANCARA A CULPA DOS MENSALEIROS E COMPLICA A VIDA DOS CÍNICOS PROFISSIONAIS

O acasalamento promíscuo entre o ministro Ricardo Lewandowski e o advogado Márcio Thomaz Bastos confirmou que os doutores em impunidade não hesitam em debochar do Supremo Tribunal Federal e zombar dos brasileiros honestos para impedir que se faça justiça.

Mas mesmo os cínicos profissionais terão de esforçar-se para evitar que a face escura fique ruborizada depois das cinco horas de acusações formuladas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. E caprichar mais ainda nas chicanas que fantasiam de inocente até serial killer de filme americano.

Contrastando com o tom sereno da voz e a placidez da fisionomia, a contundência dos argumentos expostos por Gurgel começou por implodir as falácias amontoadas por José Dirceu e seus defensores.

Quando o procurador-geral concluir o desfile das provas dos muitíssimos crimes, todos os demais quadrilheiros estarão submersos no oceano de mentiras entoadas durante sete anos pelo coro dos farsantes.

O desempenho de Gurgel deverá dominar o segundo da série de debates sobre o julgamento do mensalão promovidos pelo site de VEJA.
A partir das sete da noite, estarei ao lado de Reinaldo Azevedo, Marco Antonio Villa e Roberto Podval. Acompanhe e comente a conversa transmitida ao vivo.

03 de agosto de 2012
Augusto Nunes

IMAGEM DO DIA

Menino sírio brinca em tanque destruído na cidade de Alepo

Menino sírio brinca em tanque destruído na cidade de Alepo - Ahmad Gharabli / AFP

03 de agosto de 2012

TERRORISTAS DO IRÃ SE ESTABELECEM NOS PAÍSES DO MERCOSUL COM O APOIO DE CHÁVEZ, DEPOIS DO BRASIL TER FACILITADO SUA ENTRADA NO BLOCO

Hugo Chávez, o tirano antissemita fez juramento de apoio total ao Irã perante Ahmadinejad. Agora Israel pode romper com o Mercosul.
Em entrevista ao jornal uruguaio El País, o embaixador israelense em Montevidéu, Dori Goren, alertou para as consequências políticas e econômicas que a incorporação da Venezuela no Mercosul pode trazer ao bloco – e especificamente para o relacionamento do grupo com Israel. Segundo o diplomata, os efeitos da entrada do país do ditador Hugo Chávez no bloco ainda são desconhecidos – e justamente por isso causam insegurança. "Não sabemos até que ponto isso poderá afetar as relações comerciais com Israel, quer seja de forma geral, quer individualmente com cada país da região", disse Goren. "Além disso, não sabemos da situação jurídica desse novo membro", completou.
O diplomata advertiu para o caráter político da entrada da Venezuela e ressaltou a simpatia do governo de Chávez pelo Irã e seu programa de armas nucleares. "Nossa relação é ruim com a Venezuela porque é um dos países que mais apoia o Irã em todo o mundo.
E, se o Irã sobrevive às sanções internacionais, é graças ao apoio econômico da Venezuela", disse Goren. Venezuela e Israel romperam relações diplomáticas em 2009, quando Hugo Chávez expulsou o embaixador israelense, Shlomo Cohen, de Caracas. "Isso deveria preocupar os países do Mercosul, pois há grande quantidade de agentes iranianos operando no continente e estabelecendo redes de terrorismo com a cobertura da Venezuela", disse Goren.
 
Israel possui um tratado de livre comércio com o Mercosul assinado em 2007 (mas ratificado pelo Senado brasileiro apenas em 2010), além de ter contratos específicos com cada país do bloco. Da forma como o tratado com o bloco foi construído, o país governado por Chávez terá de firmar um tratado específico com Israel.
Contudo, o diplomata duvida que isso aconteça. "Na teoria, podemos fazer um processo de negociação bilateral. Mas duvido que façamos isso, tendo em vista que não temos relações diplomáticas com o país. Tal como as coisas estão hoje, essa possibilidade seria algo como ficção científica", afirma o diplomata.
 
O El País cita um estudo recente feito pela consultoria argentina Ecolatina sobre o impacto político e econômico do ingresso da Venezuela no Mercosul. De acordo com o documento, "o posicionamento de Venezuela no mundo – alinhamento com o Irã e relação conflituosa com os Estados Unidos, Colômbia e Israel – pode afetar a discussão de futuros tratados de livre comércio".
Ainda segundo o relatório, o bloco deverá analisar como ficará a situação da Venezuela com todos os países com os quais o Mercosul se relaciona comercialmente.
"O exemplo mais sensível é o do acordo de livre comércio com Israel, já que a relação bilateral entre ambos atualmente é nula", informa.
 
Entrada no bloco – A Venezuela foi admitida no Mercosul em junho, em decisão tomada por Brasil, Argentina e Uruguai. O único obstáculo à presença do país no bloco era o Senado do Paraguai. Contudo, os paraguaios foram suspensos do grupo porque o Mercosul considerou antidemocrático o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo – embora tenha fechado os olhos para as agressões de Chávez à democracia.
 
 
03 de agosto de 2012
in aluizio amorim

A FALSA MEMÓRIA DA DIREITA


          Artigos - Cultura        

O positivismo nada tem de conservador: é, com o marxismo, uma das duas alas principais do movimento revolucionário.

Dizem que o Brasil é um país sem memória, mas isso não é verdade: o Brasil é um país com falsa memória. Esquecer o passado é uma coisa, reinventá-lo conforme as ilusões do dia é bem outra. É desta doença que a memória do Brasil padece, e ela é bem mais grave que a amnésia pura e simples.
Não, não estou falando da manipulação esquerdista do passado. Ela existe, mas é apenas um aspecto parcial da patologia geral a que me refiro. Esta infecta pessoas de todas as orientações ideológicas possíveis e algumas sem orientação ideológica nenhuma. Ela é um simples resultado da ojeriza nacional à busca do conhecimento, portanto à reflexão madura sobre o que quer que seja.
Querem um exemplo de falsa visão do passado que não foi produzida por nenhum esquerdista? O País está cheio de almas conservadoras e cristãs que ainda idealizam o regime militar, como se ele fosse uma utopia retroativa, a encarnação extinta das suas esperanças.

Éverdade que os militares não roubavam, que eles fizeram o Brasil crescer à base de quinze por cento ao ano, que eles construíram praticamente todas as obras de infra-estrutura em que a economia nacional se apoia até hoje, que eles acabaram com as guerrilhas, que no tempo deles a criminalidade era ínfima e que os índices de aprovação do governo permaneceram bem altos pelo menos até a metade da gestão Figueiredo. Que tudo isso são méritos, ninguém com alguma idoneidade pode negar.

Mas também é verdade que, tendo subido ao poder com a ajuda de uma rede enorme de instituições, partidos e grupos conservadores e religiosos, a primeira coisa que eles fizeram foi desmanchar essa rede, cortar as cabeças dos principais líderes políticos conservadores e privar-se de qualquer suporte ideológico na sociedade civil.

Fizeram isso porque não eram conservadores de maneira alguma; eram indivíduos formados na tradição positivista – forte nos meios militares até hoje – que abomina o livre movimento das ideias na sociedade e acredita que o melhor governo possível é uma ditadura tecnocrática.

Pois foi uma ditadura de militares e tecnocratas iluminados o que impuseram ao País por vinte anos, rebaixando a política à rotina servil de carimbar sem discussão os decretos governamentais. Suas mais altas realizações foram triunfos típicos de uma tecnocracia, seus crimes e fracassos o efeito incontornável do desejo de tudo controlar, de tudo reduzir a um problema tecnoburocrático, em que o debate político é reduzido a miudezas administrativas e a iniciativa espontânea da sociedade não conta para nada.

O positivismo nada tem de conservador: é, com o marxismo, uma das duas alas principais do movimento revolucionário. Compartilha com a sua irmã inimiga a crença de que cabe à elite governante remoldar a sociedade de alto a baixo, falando em nome do povo para que o povo não possa falar em seu próprio nome.

Tal foi a inspiração que acabou por predominar nos governos militares. Que dessem ao movimento de 1964 o nome de "Revolução" não foi mera coincidência, nem usurpação publicitária de um símbolo esquerdista, mas um sinal de que, por baixo da meta de derrubar um governo corrupto e devolver rapidamente o País à normalidade, tinham planos de longo prazo, ignorados da massa que os aplaudia e até de alguns dos líderes civis de cuja popularidade se serviram para depois jogá-los fora com a maior sem-cerimônia.

Todas as organizações civis conservadoras e de direita que criaram a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", a maior manifestação popular da história brasileira até então, foram depois extintas, marginalizadas ou reduzidas a um papel decorativo.

Como bons tecnocratas, os militares acreditavam piamente que podiam governar sem sustentação cultural e ideológica na sociedade civil, substituindo-a com vantagem pela pura propaganda oficial. Esta, por sua vez, era esvaziada de toda substância ideológica, reduzida ao triunfalismo econômico e à luta contra o "crime".

Gramsci, no túmulo, se revirava, mas de satisfação: que mimo mais delicioso se poderia oferecer aos próceres da "revolução cultural" do que um governo de direita que abdicava de concorrer com eles no campo cujo domínio eles mais ambicionavam? Naqueles anos, e não por coincidência, o monopólio do debate ideológico foi transferido à esquerda, que ao mesmo tempo ia dominando a mídia, as universidades, o movimento editorial e todas as instituições de cultura, sob os olhos complacentes de um governo que se gabava de ser "pragmático" e "superior a ideologias".

A esquerda, quando caiu do cavalo, em 1964, teve ao menos o mérito de se entregar a um longo processo de autocrítica e até de mea culpa, de onde emergiu a dupla e concorrente estratégia das guerrilhas e do gramscismo, calculada para usar os guerrilheiros como bois-de-piranha e abrir caminho para a "esquerda pacífica", na qual o governo militar não viu periculosidade alguma – até que ela, por sua vez, o derrubou do cavalo com o escândalo do Riocentro e a enxurrada de protestos que se lhe seguiu.

Aqueles que, na "direita", ou no que resta dela, se apegam ao regime militar como um símbolo aglutinador, em vez de examinar criticamente os erros que o levaram ao fracasso, estão produzindo um falso passado. Não o fazem por esperteza, como a esquerda, mas por ingenuidade legítima, com base na qual a única coisa que se pode construir é um futuro ilusório.


Escrito por Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio.

CRIANDO UMA CELEBRIDADE ( 4 )


          Artigos - Cultura        

(Criando uma celebridade (3) - arquivo do dia 03/AGO/12)
Após esse começo triunfal, que retrata o seu autor muito mais claramente do que a mim, ele qualifica de “pérola” a seguinte afirmativa que encontrou num artigo meu (www.olavodecarvalho.org/semana/081009dc.html): “O Islam... é a cultura mais escravagista dos últimos dois milênios.”

Essa afirmativa bastou para que o sr. Moreira acreditasse, ou fingisse acreditar, que via em mim um inimigo jurado da civilização islâmica. Como já expliquei, ele nem mesmo tentou confirmar essa impressão mediante a consulta a outros textos meus, que a desmentem frontalmente. Deduzir de uma afirmação isolada um perfil ideológico inteiro, caracterizando-o como uma tomada de posição unilateral e até fanática, é um procedimento típico de quem está, ele próprio, infectado de veneno ideológico ao ponto de nem de longe conseguir vislumbrar que a vítima de seus ataques pode ser um intelecto equilibrado, capaz de perceber aspectos contraditórios no seio da realidade e admitir, como no caso, que uma civilização possa ser ao mesmo tempo portadora de valores universais e autora de crimes abomináveis. O ódio do sr. Moreira à civilização cristã é que é inteiramente coerente consigo mesmo, um bloco sólido onde não há espaço para atenuantes e concessões. É evidente que ele me imagina à imagem e semelhança dele próprio, apenas com signo invertido.


Seguem-se várias páginas, nas quais, baseado em dados que Paul Lovejoy extraiu de estatísticas colhidas entre 1970 e 1979, o sr. Moreira conclui que o tráfico muçulmano e o ocidental fizeram aproximadamente onze milhões de escravos cada um, donde,


“na melhor das hipóteses para Olavo de Carvalho, o quadro seria de um tenebroso empate técnico.


Sim, seria, mas só se os estudos a respeito, como os conhecimentos que dele tem o sr. Moreira, tivessem parado em 1979. Desde então, descobriram-se algumas coisinhas. Vejamos algumas, só a título de amostras:

1. Os traficantes muçulmanos não levaram para seus países 11 milhões de escravos. Levaram entre 15 e 17 milhões.[4]

2. Sete séculos antes que os europeus chegassem à África, os muçulmanos foram os genuínos inventores do tráfico negreiro. Na África pré-islâmica sempre existiu escravidão – inclusive de brancos --, mas não no sentido que o termo tem vulgarmente hoje em dia. O que havia era um regime de servidão, semelhante ao do feudalismo europeu, onde o servo, malgrado a posição social inferior, tinha sua renda própria, estava vinculado ao seu senhor por um juramento de fidelidade mútua e em geral era considerado um membro da família. Os árabes não só introduziram ali a escravidão em larga escala, mas criaram todo um sistema comercial de dimensões continentais, devastando comunidades e nações, demolindo estruturas sociais milenares e infectando de espírito escravagista, primeiro alguns indivíduos e grupos locais, depois povos africanos inteiros, que com o decorrer do tempo acabaram aprendendo, como o malfadado reino de Oyos no século XVIII, a se tornar aprisionadores e vendedores de seus irmãos.

3. Pelo menos sete séculos antes que idéias semelhantes ocorressem aos europeus, os muçulmanos foram os primeiros a criar e disseminar, em todas as classes sociais, da intelectualidade ao povão, teorias da inferioridade racial dos negros para justificar a escravização em massa dos povos africanos. O sr. Moreira leu o artigo em que demonstro isso, já que o menciona numa de suas críticas. Mas, espertamente, desviou os olhos do assunto central ali abordado para concentrar-se numa observação de passagem que fiz sobre a invasão da Etiópia (voltarei ao assunto mais adiante). Ora, a simples prioridade temporal e ampla disseminação social do racismo antinegro nos países islâmicos já bastaria para demonstrar, mesmo sem os dados suplementares aqui fornecidos, que “o Islam foi a cultura mais escravagista dos últimos dois milênios”. O sr. Moreira fez bem em fugir do assunto, lendo do artigo só as partes que julgava poder contestar. Eis aqui os trechos dos quais ele se esquivou:

O terceiromundismo, que foi uma invenção de Stálin, acabou por se tornar - e é até hoje - uma das fontes maiores da autoridade do espírito revolucionário, instilando na alma da civilização ocidental um complexo de culpa inextinguível e obtendo dele toda sorte de lucros morais, políticos e financeiros. Subscrita pelos organismos internacionais, alimentada por fundações bilionárias e várias dúzias de governos, trombeteada por incansáveis tagarelas como Noam Chomsky e Edward Said, entronizada como doutrina oficial por toda a grande mídia da Europa e dos EUA, essa ideologia toda feita de mendacidade oportunista acabou por se impregnar tão profundamente na opinião pública que qualquer tentativa de contestá-la, mesmo em tom neutro e acadêmico, vale hoje como prova inequívoca de "racismo".

Um de seus dogmas principais é justamente a acusação de racismo, atirada genericamente ao rosto de toda a cristandade por incontáveis exércitos de intelectuais ativistas e, nas últimas décadas, por todos os porta-vozes do radicalismo islâmico. Imbuído da crença na inferioridade congênita dos negros, o homem branco europeu teria sido, segundo essa doutrina, o escravagista por excelência, dizimando a população africana e financiando, com a desgraça do continente negro, a Revolução Industrial que enriqueceu o Ocidente.

Tudo, nessa teoria, é mentira. A começar pela inversão da cronologia. Os europeus só chegaram à África por volta da metade do século XV. Muito antes disso o desprezo racista pelos negros era senso comum entre os árabes, como se vê pela palavra de alguns de seus mais destacados intelectuais. Extraio estes exemplos do livro de Bernard Lugan, Afrique, l'Histoire à l'Endroit (Paris, Perrin, 1989):

Ibn Khaldun, o historiador tunisino (1332-1406), assegura que, se os sudaneses são caracterizados pela "leviandade e inconstância", nas regiões mais ao sul "só encontramos homens mais próximos dos animais que de um ser inteligente. Eles vivem em lugares selvagens e grutas, comem ervas e grãos crus e, às vezes, comem-se uns aos outros. Não podemos considerá-los seres humanos".

O escritor egípcio Al-Abshihi (1388-1446) pergunta: "Que pode haver de mais vil, de mais ruim do que os escravos negros? Quanto aos mulatos, seja bom com eles todos os dias da sua vida e de todas as maneiras possíveis, e eles não lhe terão a menor gratidão: será como se você nada tivesse feito por eles. Quanto melhor você os tratar, mais eles se mostrarão insolentes; mas, se você os maltratar, eles mostrarão humildade e submissão."

Iyad Al-Sabti (1083-1149) escreve que os negros são "de todos os homens, os mais corruptos e os mais dados à procriação. Sua vida é como a dos animais. Não se interessam por nenhum assunto do mundo, exceto comida e mulheres. Fora disso, nada lhes merece a atenção."

Ibn Butlan, reconhecendo que as mulheres negras têm o senso do ritmo e resistência para os trabalhos pesados, observa: "Mas não se pode obter nenhum prazer com elas, tal o odor das suas axilas e a rudeza do seu corpo".

Em contrapartida, teorias que afirmavam a inferioridade racial dos negros não se disseminaram na Europa culta senão a partir do século XVIII (cf. Eric Voegelin, The History of the Race Idea. From Ray to Carus, vol. III das Collected Works, Baton Rouge, Louisiana State University Press, 1998). Ou seja: os europeus de classe letrada tornaram-se racistas quase ao mesmo tempo em que o tráfico declinava e em que eclodiam os movimentos abolicionistas, dos quais não há equivalente no mundo árabe, de vez que a escravidão é permitida pela religião islâmica e ninguém ousaria bater de frente num mandamento corânico.

O racismo antinegro é pura criação árabe e, na Europa, não contribuiu em nada para fomentar o tráfico negreiro.[5]

4. Dos escravos negros que vieram para a América, a quase totalidade não foi aprisionada por europeus, mas por muçulmanos. O escravo, quando é vendido, simplesmente troca de dono. A condição de escravo lhe advém desde o instante mesmo da sua captura. Antes de ser escravos de portugueses, espanhóis ou franceses, os africanos que eles compraram foram escravos de árabes. O total de escravos aprisionados e vendidos por muçulmanos sobe, portanto, para a casa dos 25 milhões, na mais branda das hipóteses. O equivalentismo numérico do sr. Moreira é, em toda linha, uma trapaça.

No arrebatamento da sua fúria anti-ocidental, o sr. Moreira exclama:
“A transferência de mais de 6 milhões de homens e mulheres da África para a América, somente no século XVIII, é um processo sem paralelo na História, que não pode ser minimizado ou justificado.”
Tem razão. Não pode ser minimizado ou justificado. Mas pode ser comparado. Afinal, o que o sr. Moreira propõe não é precisamente uma comparação, na qual o Ocidente sai com a pecha de malfeitor supremo, muito pior que os muçulmanos? Pois façamos a comparação.

É de fato uma crueldade abjeta jogar pessoas no fundo de um porão de navio, para que atravessem o oceano deitadas num chão de madeira, em condições de higiene abaixo de deploráveis. Mas que é isso, comparado ao crime hediondo de fazê-las caminhar milhares de léguas entre florestas e desertos, atravessar às vezes um continente inteiro com os pés sangrando, atadas umas às outras por ferros e cangas, sob o chicote do feitor, para chegar ao porto onde o porão da caravela portuguesa ou espanhola, uma vez atingido esse paroxismo de sofrimento, era ao menos uma promessa de descanso? A pesquisa mais recente reconstituiu com bastante minúcia as trilhas por onde os mercadores islâmicos conduziam escravos, e dizer que elas atravessavam o continente não é de maneira alguma uma figura de expressão. A taxa de mortalidade nessas viagens era compreensivelmente bem superior àquela observada no trajeto marítimo (sem contar as mortes ocorridas em resultados das castrações em massa). Tal é mais uma diferença entre o tráfico muçulmano e ocidental, que o sr. Moreira, cego de ódio à civilização cristã, não quer ou não pode enxergar.

Incapaz de contestar essa diferença, o sr. Moreira tenta lançar uma cortina de fumaça sobre a realidade, alegando que no século XV, antes mesmo da sua chegada oficial à África, portugueses andaram capturando escravos negros nas regiões costeiras em vez de comprá-los dos árabes. Em apoio desta afirmação, ele reproduz um trecho do renomado historiador Charles R. Boxer, segundo o qual, diz o sr. Moreira, “antes da metade do século XV, quando os europeus ainda não haviam chegado a Angola, os portugueses já promoviam razias em busca de escravos na África Ocidental e nas Ilhas Canárias”. E aí o charlatanismo visceral do sr. Moreira chega a um de seus pontos altos, recorrendo ao expediente de citar um texto na esperança de que o leitor não o leia, ou só leia o começo, e não perceba, portanto, que ele diz o contrário do que se pretende fazê-lo dizer. Pois Boxer afirma, sim, que os portugueses fizeram aquelas razias, mas, conclui ele: “Depois de alguns anos de contato com as populações negras da Senegâmbia e da Alta Guiné, os portugueses compreenderam que poderiam obter escravos muito mais facilmente através da troca pacífica com os chefes e mercadores locais.” Ou seja: após algumas investidas esporádicas, pararam de capturar escravos e passaram a comprá-los durante quatro séculos. E de quem poderiam comprá-los, senão de quem os havia capturado? O texto confirma o que eu disse, não o que o sr. Moreira pretende insinuar com um blefe pueril.

Sendo impossível contestar a quase completa ausência de europeus nas investidas para captura de escravos, o sr. Moreira procura minimizar a diferença moral entre ocidentais e islâmicos explicando aquela ausência por meras dificuldades materiais. A manobra mal calculada leva-o porém a dar com a língua nos dentes ao proclamar, logo antes da citação fraudulenta de Charles Boxer:
Lamento decepcionar as olavetes. É óbvio que o tráfico ‘consentido’ para o Ocidente [ele se refere a escravos comprados] superou em muito a captura direta, pois não haveria meios para apanhar mais de 11 milhões de pessoas a laço em menos de quatro séculos.”
Ele não poderia nos fornecer uma prova mais evidente da sua condição de analfabeto funcional, incapaz de entender o que escreve. Se o tráfico europeu comprou onze milhões de escravos mas não poderia tê-los capturado diretamente, de quem mais poderia tê-los comprado se não de quem os havia capturado antes? E se onze milhões de pessoas que estavam à venda não poderiam ter sido capturadas em quatro séculos, então seus antepassados já tinham sido capturados ao longo de muitos séculos anteriores e suas famílias tinham vivido como escravas de muçulmanos, de geração em geração, durante todo esse tempo. O tráfico ocidental inteiro, nessa perspectiva, surge como um mero apêndice do escravismo muçulmano. O sr. Moreira nem de longe se dá conta de que, com esse raciocínio de mentecapto, ele prova a minha tese em vez de refutá-la. Felizmente, não preciso desse tipo de ajuda. Posso argumentar perfeitamente bem por minha própria conta, sem me prevalecer da exploração de incapazes.[6]

Mesmo atentando só para o aspecto quantitativo da coisa (há outros aspectos até mais graves, que veremos adiante), não há como refutar a conclusão de Tidiane N’Diaye:

“Podemos sustentar, sem risco de erro, que o comércio negreiro arábico-muçulmano e as jihads provocadas por esses impiedosos predadores para obter cativos foram, para a África negra, bem mais devastadores que o tráfico transatlântico.”[7]




Guardo para mais adiante a bibliografia comprobatória, que já citei parcialmente no meu programa de rádio, e que é inútil, em todo caso, para o sr. Moreira, o qual terá de aguardar sua tradução por umas três ou quatro décadas. Só para adiantar o expediente, forneço aos demais leitores a indicação de alguns documentários, consciente de que também de nada servem para o sr. Moreira, já que vêm em inglês ou francês
Olavo de Carvalho
03 de agosto de 2012

La traite negrière arabomusulmane:
L’esclavage des noirs par les arabes
Hypocrisie sur l’esclavage arabe
Esclavage islamique sur les populations africaines

L’esclavage arabo-musulmane en Afrique noire
[Continua]

Notas:
[4] Cf. John Alembillah Azumah, The Legacy of Islam in Africa, A Quest for Inter-Religious Dialogue, London, Oneworld Publications, 2001.
[5] “A África às avessas”, Diário do Comércio, 14 de setembro de 2009, http://www.olavodecarvalho.org/semana/090914dc.html.
[6] Nem menciono o fato de que, logo após ter postulado o equivalentismo, o sr. Moreira volta atrás e tenta atenuar a culpabilidade islâmica alegando que o tráfico de escravos no mundo muçulmano se estendeu por treze séculos, ao passo que o ocidental se comprimiu em apenas quatro. A idéia mesma de fazer da duração de um crime continuado um argumento em favor do criminoso já é completamente psicótica, mas a isto se acrescenta o detalhe de que nem ocorre ao sr. Moreira, no caso, o problema da dificuldade dos meios materiais, que ele havia alegado contra os portugueses. Se estes não poderiam ter capturado onze milhões de pessoas em quatro séculos, como não entender que a mesma dificuldade material deve ter pesado no fato de os muçulmanos levarem treze séculos para capturar 25 milhões ou mais? Até na aritmética o sr. Moreira apela ao fingimento histérico.
[7] Tidiane N’Diaye, Le Génocide Voilé. Enquête Historique, Paris, Gallimard, 2008, p. 11.

PANEM ET CIRCENSES

    
          Artigos - Governo do PT 
Já há muito tempo, desde quando não vendíamos nossos votos para ninguém, o povo abdicou de seus deveres, o povo que outrora detinha comando militar, altos cargos civis, legiões – tudo, enfim – hoje se restringe, e aguarda ansiosamente, a apenas duas coisas: pão e circo.
Juvenal, Sátira X.


Abriu-se ontem na Nova Roma Planaltensis um dos circos da Praça que contém três, o Juridicus. Anunciam-se meses de novo Ludus Circensis, Los Mensaleros, que superarão o já cansativo ludus encenado do outro lado da Praça, o circus Legisferandis, onde já perde audiência o cansativo Cachoeiras & Cascatas.

As autoridades da antiga Roma organizavam espetáculos para atrair o favor do público, como comentava Juvenal no século I. O desenvolvimento crescente daqueles grandes espetáculos durante o período Republicano foi intensificado como veículo propagandístico na época imperial, principalmente nos momentos de crise política mais aguda. Unidos à farta distribuição de alimentos para a plebe se converteram numa das duas mais poderosas ferramentas de controle social.

Iniciados como celebrações rituais sagradas, como cita Tito Lívio, o aparecimento dos ludi theatrici ocorreu em 354 a. C. por ocasião de uma epidemia violenta.
Os eventos com gladiadores começaram um século mais tarde como uma celebração fúnebre pela morte do pai do cônsul Decimus Iunius Brutus Esceva.
Os ludi theatrici, herdeiros das tragédias gregas, foram aos poucos degenerando. Isto porque os detentores do poder perceberam as enormes vantagens que poderiam tirar sobre o populacho através de espetáculos menos sofisticados, pois o povo estava interessado em jogos circenses e competições sanguinolentas.

O caráter sagrado e ritual logo desapareceu e os ludi se tornaram mais profissionais. Tanto o governo quanto a iniciativa privada os organizavam e sua importância cresceu a tal ponto que se tornaram, junto com a distribuição de alimentos, numa prioridade na condução dos negócios públicos.

Os edis, magistrados com funções de ordem pública passaram a organizá-los para enganar e conquistar a plebe e, a partir do século II a. C. os magistrados acrescentaram a seus proventos somas enormes que permitissem celebrações riquíssimas, pois o público só lembraria o edil que se mostrasse mais generoso.
Como eles disputassem entre si o acesso a magistraturas superiores a competição se acirrava através de ludi cada vez mais atraentes. Distração popular e propaganda se tornaram tão complementares que já não se conseguia entender uma sem a outra.

No que veio a se conhecer apropriadamente como ‘populismo digestivo’, estava inextricavelmente ligada aos ludi a farta distribuição gratuitita de trigo, pão e dinheiro vivo e até de sparsiones, vales que podiam ser trocados por peixe, carne ou pão. Chegou-se mesmo a rifar casas de campo! Durante a espera do espetáculo a plebe era acalmada com bolsas de doces ou dinheiro jogadas por sobre suas cabeças.

Na época imperial a importância dos espetáculos para o controle social fez com que se tornassem monopólio do Palácio Imperial. Os imperadores reservaram para si a construção e restauração de circos, teatros e anfiteatros, certamente com o beneplácito da classe artística de então que, como hoje, adora um monopólio que garanta sua opulenta ‘sobrevivência’.
As edificações provisórias ou de madeira, deram lugar a instalações permanentes e portentosas. Os Césaresperceberam também a importância de sua presença junto ao povo.

As primeiras vozes que se elevaram acima da gritaria das massas não condenavam o caráter sangrento e cruel, mas o clientelismo e populismo que lhes eram intrínsecos. Sêneca, Juvenal, filósofos e membros ilustres da sociedade viam nesta tática de pão e circo a degeneração da política e da sociedade romana.

Apenas com a chegada dos cristãos, inicialmente vítimas, posteriormente maioria na “Cidade Eterna”, passou a haver uma crítica mais radical, incluindo a reprovação da crueldade dos ludi. Finalmente, Constantino os aboliu.

De volta para o futuro


Na Nova Roma Brasiliensis temos circos, bolsas as mais diversas, sorteio de casas (Minha Casa Minha Vida), PACs mil. Ah!, e se os Césares tivessem os instrumentos modernos, o rádio a TV e uma mídia amestrada que segue os ditames, às vezes sigilosos, do Circus Maximus, o Planalto, comandado pela residência imperial, o Alvoradensis?

Esta imitação grosseira da nobre arte de informar é totalmente regida pelas gordas verbas publicitárias estatais. Possivelmente o Império Romano não teria se esboroado, ao menos tão cedo.
Da mesma forma que os Césares detinham um poder limitado pela pressão do populacho, os atuais também se vêm limitados pelo ‘clamor popular’, como sugeriu ao circo atual o Príncipe dos sociólogos hipócritas (FHC).

Quando vejo a unanimidade que a imprensa vem adotando ‘contra’ o PT, quando leio Merval Pereira, Demétrio Magnoli, Miriam Leitão, os ‘analistas’ da Folha, do Estadão, a rede Globo e tutti quanti (imitando o Olavo para fazer jus ao título de olavete que nos pespega, entre outros, o Ilustríssimo Senhor Historiador Gustavo Moreira, apenas o último, por enquanto, de uma série que já se perpetua), um sinal de alarme toca em minha pobre mente paranoica e dada a ‘teorias conspiratórias’!

Quando, ainda, políticos de diversos partidos que já tiveram sua dose de circo, como os Mensalonis Circenses tucano, do DEM, as estripulia dos mesmos no ludus Cachoeirenses, o alarme ultrapassa o limiar do ridículo!
Quando, ainda mais, vejo e ouço estes gatos do mesmo saco pontificando em defesa das instituições democráticas, da derrocada do PT e da salvação das liberdades, só me resta gargalhar!

O que me surpreende e entristece é ver analistas políticos sinceramente liberais e conservadores, alguns até amigos pessoais, se deixarem iludir por esta pantomima farsesca!

Que democracia? Quais instituições? Quem será derrotado? Como bem o disse Cláudio Peixoto: as propostas do marxismo cultural continuarão a todo vapor: incentivo à promiscuidade, pederastia, pedofilia, descriminalização do aborto, infanticídio, eutanásia, liberação das drogas, desarmamento, legislação penal cada vez mais inócua, recusa de investir em segurança pública, fabricação de analfabetos funcionais através do aparato educacional, o aparelhamento do Estado, seja pela criação de cargos de confiança, secretarias e ministérios inúteis, seja por artimanhas legais (por exemplo, no anteprojeto da Lei Orgânica da Advocacia Geral da União consta a previsão de nomeação de pessoas fora da carreira, isto é, apadrinhados políticos,
para os cargos de chefia), destruição da soberania nacional, sucateamento das Forças Armadas, terceiro-mundismo nas relações externas, como atesta o alinhamento com Cuba e Venezuela, a simpatia pelo Irã, China (a nova vedete da Rede Globo), Rússia, etc.

Ao que eu acrescento: continuará a diplomacia da espúria Tríplice Aliança, hoje contra um Paraguai pacífico e povoado de gente muito mais digna e corajosa (vide Manifesto). Continuará o domínio total da economia através de conluios com empresários inescrupulosos que choram por verbas, dinheiro de nossos impostos fartamente distribuídos (panem) pelo onipresente BNDES, para não investir do próprio bolso!

E além de tudo isto uma lição que aprendi na própria pele, mas que são comentários repetidos por todos os que estudam as organizações revolucionárias: a causa é tudo, os militantes nada! Se necessário for para engambelar melhor os ingênuos, o sacrifício eventual via condenações desses “cumpanhêros” em nada atrapalhará o andamento da causa.

As informações sobre os ludi foram retiradas em certa medida da condensação da excelente reportagem da revista Historia y Vida, nº 572. A citação de Juvenal foi traduzida por mim do inglês.
Misturadas com as palavras realmente latinas existem outras propositadamente inventadas por mim.

03 de agosto de 2012
Heitor De Paola