"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

SEIS POR MEIA DÚZIA

Usamos essa fórmula quando uma pessoa faz uma troca na qual ela nada ganha ou perde exceto, eventualmente, a coletividade à qual pertence. A expressão é um belo exemplo de uma transação não histórica (ou até mesmo anti-histórica) na qual, parafraseando o velho Lavoisier “nada se cria, nada se perde” e nada se transforma, embora todos esperem o contrário.

Eis um caso perfeito do mudar para continuar como, aliás, admitiu a própria presidenta quando, na posse do novo titular do turismo, deu vivas ao Brasil e à sua aliança com o PMDB a cujo feudo – não se pode ter mais nenhuma dúvida – pertence o ministério em pauta. Claro que todos esperam que as coisas se transformem para melhor nessa indústria tão básica no mundo moderno e tão crucial para um Brasil que tem muito a avançar nesta área e será hospedeiro de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada.

Embora a presidente afirme, na significativa entrevista concedida à jornalista Patrícia Poeta que no seu governo não há uma desatinada troca de favores, no Ministério do Turismo o que se observa é uma curiosa preferência pelo Maranhão e pelo senador José Sarney como indicador de cargos. Aqui não há satanismo político, exceto o da monopolização de certos cargos e ministérios sem a menor preocupação com um mínimo de calibragem entre meios e fins: no caso, entre competências técnicas e a função a ser realizada.

No fundo, essa troca de seis por meia dúzia confirma um traço claro embora pouco discutido de nosso sistema de poder: o fato de que o cargo pode ser ocupado por qualquer ator, desde que ele seja devidamente empistolado ou tenha um padrinho de peso, de sorte que pouco importa se entende ou não das suas tarefas ministeriais, pois essa preocupação racional corriqueira torna-se irrelevante diante do aval (ou da Bênção) do poderoso padrinho.

Essa onipotente política de indicação que avilta e abusa do elo racional entre meios e fins e hoje é justamente uma dimensão que uma parcela ponderável do eleitorado brasileiro não suporta mais. Ao lado dos impostos ela é um ponto central do “custo Brasil”. Neste caso, trata-se de um “custo político” fundado nas relações pessoais mas mascarado por um elo partidário. Elo que, na maioria dos casos, só tem serventia para legitimar um velho sistema de parentescos e simpatias intransferíveis de modo que é o apadrinhamento travestido de coalizão que pode transformar um leigo num especialista em economia, em relações internacionais, em saúde, comunicação ou transporte.

Nas magias das listas, temos um dos mais fortes exemplos das desordens e irracionalidades vigentes naquilo que chamamos de “política” e, por isso a “política” é vista como uma região social na qual os valores da ética, da moralidade, da racionalidade e, sobretudo, do bom senso são subvertidos ou desdenhados. Ao persistirmos em trocar seis por meia dúzia, ao supormos que a “política” (com seus interesses imediatos, sua necessidade de manter fachadas e sua lógica de só pensar o Brasil em termos de permanecer no poder) tudo pode, estamos retardando a transformação da nossa sociedade num sistema mais igualitário. Se o padrinho vale mais do que a educação, se o que conta no final é um partido político e não a competência, se o que efetua a troca é a bênção, então de que vale o mérito?

Se você, querido leitor, não contrata um eletricista para ser cozinheiro mesmo quando ele é recomendado pela Ana Maria Braga, como é que o governo federal pode entregar um ministério para uma pessoa que nada tem (ou teve a ver) com o objetivo básico daquela instituição? Você entraria num avião pilotado pelo papa, por Barak Obama ou por Ivete Sangalo? O nosso Silvio Santos poderia ser ministro da Saúde por indicação de São Pedro?

Ter ou não competência; servir ao papel e às instituições de modo hábil cedendo, é claro, ao bom senso tendo como objetivo o bem-estar do Brasil; ser ou não ser um trocador de seis por meia dúzia, é uma questão a ser posta na mesa dentro da nossa caminhada em direção a uma democracia que requer gerenciamentos mais eficientes da máquina pública. Porque esse elo pouco politizado (no sentido de ser discutido) entre papéis sociais que não nos pertencem (mas são de certas instituições e corporações como secretarias e ministérios) englobam também cargos políticos que devem ir além da mera capacidade de bater um bom papo ou até mesmo de saber escolher bons auxiliares. Por quê?
Porque a mera política de indicação por meios de elos pessoais não fornece uma visão do Brasil e do seu lugar no cenário mundial. Você pode pensar que o poder permite isso, mas fique advertido que ele não é onipotente ou eterno. A política pode e faz, mas como estamos vendo reiteradamente nesses nossos tempos de neopopulismo, ela precisa ter um mínimo de afinidade com a competência e, acima de tudo, com a sinceridade. O mundo não funciona na base de uma república de Platão nomeando somente sábios.
Aliás, conhecimento nem sempre garante sensibilidade e discernimento político. Dos políticos espera-se, sem dúvida, um mínimo de sintonia com os cargos que ocupam. Mas o que deles se exige de verdade não é apenas o gerenciamento eficiente e técnico da coisa pública. É, acima de tudo, o modo pelo qual tomam conta de nossas riquezas e ajudam a discernir o nosso futuro. Duas palavras definem esse estilo: sinceridade e ética. Elas não exigem diploma, mas tampouco são coniventes com apadrinhamentos e simpatias pessoais à custa do nosso trabalho.

Roberto Damatta
Fonte: O Estado de S. Paulo, 21/09/2011

ARRECADAÇÃO ESTOURA A BOCA DO BALÃO

A Receita Federal divulgou o resultado da arrecadação tributária de agosto. Somando-se todos os impostos e contribuições do mês, recolheu-se R$ 74,608 bilhões.

Trata-se de um recorde para o mês. Comparando-se com agosto do ano passado, houve aumento nominal de 15,92%.
Descontada a inflação, o salto foi de 8,11%. No acumulado do ano, outro recorde: entre janeiro e agosto, o fisco beliscou nos bolsos e nas caixas registradoras R$ 630,464 bilhões.
Alta real de 13,26%.

(Do Blog do Josias)

FOLHA DE SÃO PAULO EXPÕE NÚMEROS IMPOSSÍVEIS DA PARADA GAY

Chutometria gay ganha prêmio Pinóquio por relevantes serviços prestados ao exagero e à mentira.

O jornal esquerdista Folha de S. Paulo, que tem simpatias notórias pela agenda gay, disse o que o Blog Julio Severo já vinha dizendo desde 2007: os números da parada gay de São Paulo são impossíveis.

Assista aqui ao vídeo da Folha de S. Paulo: http://www.youtube.com/watch?v=T4_RgvPhr_M

Em 13 de junho de 2007, postei o artigo Parada gay de São Paulo teve 3 milhões e meio de participantes?, escrito por mim, desmascarando os números fraudulentos da parada gay.

Em 15 de junho de 2007, postei o artigo Mídia exagera os números da Parada Gay do Brasil e minimiza os números da Marcha para Jesus, escrito pelo jornalista americano Matthew Cullinan Hoffman, também apontando os números inchados da parada gay de São Paulo.

Em 17 de junho de 2007, postei o artigo Parada gay: fazendo farra com os números, escrito por mim, novamente tratando dos números exagerados, em resposta a uma mensagem debochada que o ativista gay Deco Ribeiro me enviou.

A mídia esquerdista publica todo mito e mentira gay como se fossem verdades. Por isso, jornais, revistas e noticiários, inclusive a Folha de S. Paulo, nunca tiveram nenhum constrangimento de repetir como papagaios os números inchados da parada gay. Foram muitos anos de propaganda.

Se os organizadores da parada gay diziam que 1, 2, 3 ou 4 milhões de gays haviam participado, a mídia repetia os números com fidelidade surpreendente, nem tirando nem pondo. Mas para as Marchas para Jesus, o tratamento era ano após ano inverso, sempre tirando drasticamente dos números. Se 1 milhão de evangélicos havia participado da Marcha para Jesus, a mídia colocava uns 300 mil. Se 2 milhões haviam participado, a redução era para menos de 1 milhão.

Apesar desse "tudo para os gays e nada para os cristãos", toda mentira, mesmo quando promovida por uma mídia abertamente hostil à verdade, tem vida curta.
A Folha de S. Paulo finalmente reconhece os óbvios números inflados para as paradas gays, ainda que colocando a Marcha para Jesus no mesmo nível de classificação, como se esse jornal esquerdista e outros meios de comunicação nunca tivessem feito grandes amputações nos números de participantes das Marchas para Jesus ano após ano.

Pela primeira vez na história do jornalismo pró-sodomia do Brasil, os números dos organizadores da parada gay de São Paulo são colocados em dúvida.

A Associação da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, que me denunciou ao Ministério Público Federal em 2006 por "homofobia" contra a parada gay de São Paulo, merece o prêmio Pinóquio por seus relevantes serviços à fraudulência, exageros e mentiras.

Escrito por Julio Severo, 18 Julho 2011

LULA: O PAI DA CORRUPÇÃO


A diplomacia americana considera que a corrupção durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva era "generalizada e persistente" e atingia todos os Três Poderes.


A avaliação foi revelada em uma carta enviada há um ano e meio pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, ao procurador-geral americano, Eric Holder.

Na carta, que servia como uma preparação para a visita de Holder ao Brasil, Shannon fez ainda um raio X da Justiça brasileira, acusando-a de "despreparada" e "disfuncional".
O documento foi revelado esta semana pelo WikiLeaks.

Essa não é a primeira revelação sobre os comentários da diplomacia americana sobre a corrupção no Brasil. Documentos de 2004 e 2005 revelaram a mesma preocupação e mesmo o risco de os escândalos do mensalão acabarem imobilizando o governo.

Mas o que fica claro é que, mesmo no último ano do governo Lula, a percepção americana não havia mudado sobre a presença da corrupção na administração.

E o fenômeno não se limitaria aos Três Poderes. Segundo Shannon, as forças de ordem também seriam prejudicadas por "falta de treinamento, rivalidades burocráticas, corrupção em algumas agências e uma força policial muito pequena para cobrir um país com 200 milhões de habitantes".

Outra constatação da diplomacia americana foi sobre os problemas enfrentados pela Justiça no Brasil. "Apesar de muitos juristas serem de alto nível, o sistema judiciário brasileiro é frequentemente descrito como sendo disfuncional, permeado por jurisdições que se acumulam, falta de treinamento, burocracia e atrasos", escreveu o embaixador.

Para Shannon, "polícia, procuradores e juízes precisam de treinamento adicional" no Brasil. "Procuradores e juízes, em especial, precisam de treinamento básico para ajudá-los a caminhar em direção a um sistema acusatório mais eficiente".

Posted by Kozel

DE BESTIALIZADOS A CIDADÃOS

O chamamento pela Internet que culminou no movimento popular do sete de setembro, especialmente em Brasília, levou milhares de pessoas a protestar durante o desfile oficial. Foi um evento que não pode ser analisado superficialmente, mesmo porque, para entender o presente é preciso recuar até ao passado. Num pequeno artigo seria impossível historiar o que se passou no Brasil desde sua descoberta, como fiz em um dos meus livros, “América Latina – em busca do paraíso perdido”, mas, pelo menos, podemos recortar no tempo alguns acontecimentos históricos e políticos importantes:

A vinda da corte portuguesa, em 1808, e o modo como se realizou a independência em sete de setembro de 1822, trouxeram várias consequências. Em primeiro lugar a presença da família real fortaleceu a unidade política do colosso territorial, ao contrário do Império Espanhol que se fragmentou em várias nações entre 1810 e 1838.

Segundo, apesar de alguns movimentos importantes, mas isolados, a independência foi obra do príncipe regente e de minorias políticas enquistadas nos bastidores do poder. Não houve, pois, o sentimento nacionalista que marcou os episódios libertadores das colônias espanholas, sentimento que no nosso caso foi substituído por meros interesses individualistas que nada tinham a ver com percepção de pátria ou ideal de bem comum.

Foram também a partir de 1808, que se instalaram no Brasil de uma vez por todas as características do velho Estado português, que em terra nova não perderia sua essência patrimonialista magistralmente explicada por Raymundo Faoro em sua obra, “Os donos do poder”: “Os reis portugueses governaram o reino como a própria casa, não distinguindo o tesouro pessoal do patrimônio público”.

Era um Estado também corrupto na medida em que para tudo se dependia dele, do seu excessivo quadro de funcionários, da morosidade típica da burocracia, correndo soltas as propinas para aligeirar licenças, fornecimentos, processos, despachos, etc. Nas entranhas do desajeitado e ineficiente Leviatã conduzido por D. João VI traficavam-se influências, negociava-se a coisa pública em proveito próprio. Imagino que os leitores devem estar notando que a realidade de hoje não difere muito do nosso já distante passado.

Acrescente-se que os fatos mais marcantes da nossa história não contaram com a participação popular. Por isso, a proclamação da Republica não sensibilizou a massa, nem sequer no Rio de Janeiro, quanto mais nas vastidões afora do país. José Murilo de Carvalho cita em seu livro, “Os bestializados”, Aristides Lobo, adepto incondicional da nova forma de governo e um dos mais desapontados. Segundo este, “o povo, que pelo ideário republicano deveria ter sido o protagonista dos acontecimentos, assistiu a tudo bestializado, sem compreender o que se passava, julgando ver talvez uma parada militar”.

Muita coisa foi mudando como não poderia deixar de ser. Vários movimentos aconteceram. Alguns, como as diretas já e o impeachment do ex-presidente Fernando Collor levaram o povo às ruas. Mas sempre houve lideranças partidárias, sindicais, apoios da Igreja e de estudantes que conduziram multidões. Em showmícios a massa aplaudia entusiasticamente tanto oradores políticos quanto artistas preferidos do grande público.

Na era Lula/PT em que a decadência partidária avança, os valores se extinguem, a corrupção sempre havida é exacerbada de modo impressionante juntamente com a impunidade dos “colarinhos brancos” e a propaganda transforma cidadãos em bestializados, aconteceram fatos que o domínio petista não deve ter digerido bem.

Um deles foi o sonoro não ao desarmamento da população, em plebiscito levado a cabo por ordem de Lula da Silva. Posteriormente, um movimento via internet ajudou a pressionar parlamentares para que a famigerada CPMF, que está prestes a ser ressuscitada pela presidente Rousseff, fosse extinta.

Outros abaixo assinados como aquele a favor da “ficha limpa” ou centenas de artigos e de opiniões críticas ao governo que se entrecruzam em e-mails mostram que, ao contrário dos muitos satisfeitos, por enquanto, com sua situação financeira, uma minoria consciente das classes médias que lê jornais e revistas começa a perceber que a avassaladora corrupção que se espraia por todos os cantos do poder é danosa aos interesses da nação.
Surgiram, porém, criticas entre os próprios internautas. Muitos dizem que não basta escrever, seria preciso agir, ganhar as ruas, expressar publicamente a indignação.

A Internet ficou pulsando até aglutinar um movimento espontâneo que fez do virtual o real, materializando no sete de setembro em vários Estados e, principalmente, em Brasília, milhares de pessoas, sobretudo, jovens, que tiveram como foco o combate à corrupção. Pela primeira vez um movimento não teve líderes, foi consciente, apartidário, não expressava ideologia tanto de esquerda quanto de direita, não era individualizado, mas em defesa de um objetivo comum.

Digam os críticos desse inédito acontecimento que ele é efêmero e difuso, queiram alguns espertamente se apropriar dele, mas o fato é que brasileiros foram ao desfile de sete de setembro e assistiram a parada militar não como bestializados, mas como cidadãos. Tomara que esses compatriotas sejam o fermento de uma progressiva transformação rumo à consciência cívica que tanto nos falta.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

BOLSONARO E A VERSÃO DA IMPRENSA

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A internet tem muita coisa boa. Tirando receitas estranhas de sanduiche com maionese, alguns filmes colocam a realidade e não a versão divulgada pela imprensa. Veja o vídeo acima e compara com as versões dos jornais e blogs que tem lado e fingem estar com a verdade. Bolsonaro está no meio de um pequeno bando de estudantes raivosos e, em nenhum momento, os agride ou sai correndo. Ao contrário, ele fica ouvindo as bobagens ditas por alguns. Coisas como assassino (ele matou alguém?), racista (ele é casado com uma afrodescendente!) e coisas do gênero. Sim, ele não gosta da idéia de que gays tem que ter tratamento diferenciado (todos são iguais perante a lei, não é?) e luta para que a sociedade seja ouvida em sua plenitude e não por alguns manifestantes barulhentos.

E ele tem coragem de ir a uma universidade e dizer isso. E enfrentar as reações raivosas, calmamente. Ao contrário do que a imprensa publicou, ele não fugiu, não afastou-se da turba e saiu em uma viatura. Provavelmente, teria seu próprio carro depredado se o utilizasse. Fez bem, apesar da presença da PM, não provocou os manifestantes.

ESTUDO MOSTRA QUE CERVEJA HIDRATA IGUAL À ÁGUA APÓS PRÁTICA ESPORTIVA

Segundo análise, reação do corpo à ingestão de ambos os líquidos é semelhante; pesquisadores, porém, esclarecem que o consumo da bebida alcoólica deve ser em quantidade moderada


BRUXELAS - Um estudo apresentado nesta terça-feira, 20, em Bruxelas comprova que o consumo moderado de cerveja após exercícios físicos é tão eficaz quanto a água para a hidratação, segundo especialistas médicos.

Conclusão é de que uma quantidade moderada de cerveja 'não prejudica a hidratação após o exercício'
Esta é uma das conclusões apresentadas no "VI Simpósio Europeu de Cerveja e Saúde", onde participaram especialistas em medicina, nutrição e alimentação da União Europeia.

O pesquisador Manuel Castillo, da Universidade de Granada, expôs os resultados de um estudo que consistiu em medir a reação do corpo à ingestão de água ou cerveja após a realização de esforço físico intenso. "Realizamos o estudo para comprovar se o costume de tomar cerveja depois do exercício era recomendável", explicou Castillo.

A conclusão foi de que uma quantidade moderada de cerveja "não prejudica a hidratação após o exercício". Tomar cerveja seria "a mesma coisa que tomar água", por isso é recomendado o consumo da bebida fermentada a todas as pessoas que não tenham nenhuma contraindicação.

"Não foi encontrado nenhum efeito negativo que pudesse ser atribuído à ingestão de cerveja em comparação com a ingestão de água", disse Castillo, que também afirmou que durante as conferências será apresentado outro estudo que descarta que exista "qualquer relação" entre o consumo da bebida e a tendência a desenvolver "barriga de chopp".
O médico Ramón Estruch, do Hospital Clínico de Barcelona, afirmou que os resultados dos estudos mostram que o consumo moderado de cerveja "ajuda na prevenção de acidentes cardiovasculares, graças aos efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios das artérias". Além disso, proporciona proteção contra fatores de risco cardiovascular, como diabetes, melhora a pressão arterial, regula o colesterol e previne a arterioesclerose, segundo a pesquisa.

Estruch informou que atualmente estão sendo feitas pesquisas para determinar se os benefícios da cerveja com álcool são maiores que os da cerveja "sem", embora haja indícios de que a primeira tem efeitos mais positivos. De qualquer forma, Estruch ressaltou a importância de "consumir a cerveja dentro de um padrão de alimentação saudável, preferencialmente a dieta mediterrânea".

Maria Teresa Fernandez Aguilar, pesquisadora da Agência da Saúde de Valência, informou sobre os efeitos benéficos da cerveja sem álcool para as mães lactantes. Ela citou o estudo que demonstrou que crianças amamentadas por mães que consumiram duas cervejas sem álcool durante a lactação têm menos possibilidades padecer de doenças como câncer e arteriosclerose, devido à transmissão dos componentes antioxidantes de bebida.

"Os resultados nos surpreenderam", afirmou Maria Fernandez, acrescentando que a cerveja sem álcool seria mais recomendável que outras bebidas gasosas com base química.

Estadão, 20 de setembro de 2011

NOTA AO PÉ DO TEXTO

M'engana que eu gosto! Leiam o artigo MENSAGENS SUBLIMINARES no blog umaraposanaestrada.blogspot.com

VOTO DISTRITAL: UMA CAUSA IMPORTANTE!

CRESCE CAMPANHA PELO VOTO DISTRITAL. VÍDEO EXPLICA O MOVIMENTO E SUA IMPORTÂNCIA!



Não deixe de ver este vídeo que explica o Movimento #EuVotoDistrital . Depois você pode clicar AQUI e ir até o site #EuVotoDistrital. Lá há todas as informações com dicas simples, sintéticas e didáticas.
É importante que você leia para entender a importância do Voto Distrital.
A partir daí você pode se tornar um (a) mobilizador.


Lembre-se: as coisas não mudam facilmente e não se alteram sozinhas. Os fatos políticos e sociais são resultado de ações concretas das pessoas.
Outro dado importante: com o advento da internet e das redes sociais a participação e mobilização das pessoas em torno de uma causa importante para suas vidas e de toda a comunidade tornou-se muito mais fácil e rápida. Isto não quer dizer que exclua a participação real, ao vivo, mas permite uma interação mais rápida a qualquer hora ou lugar em que as pessoas estejam.

Portanto, você pode começar agora a se mobilizar vendo o vídeo acima. Depois acessar o site #EuVotoDistrital assinar o manifesto e saber o que é o Voto Distrital e sua importância!

LULA SEM COMPOSTURA

Mal conheço a deputada Ana Arraes. Fui muito amigo de seu pai, o saudoso governador Miguel Arraes de Alencar, de Pernambuco, meu colega de Câmara na legislatura de 1983 a 1986. E me considero amigo pessoal de seu filho, o hoje governador Eduardo Campos. Este, aliás, sabe sobejamente que fui leal a ele num momento em que a lealdade era artigo apreciável.

Discordo, porém, da indicação de sua mãe, a deputada, para o Tribunal de Contas da União. Afinal, estarão em causa convênios federais com Pernambuco e, mesmo se declarando impedida de atuar nesses processos, sua presença pairará sobre a Casa, de certa forma constrangendo seus novos pares.

Pensei muito antes de emitir esta opinião. Muito mais cômodo não fazê-lo, neste país que premia a omissão e valoriza as relações pessoais mais que certos princípios que deveriam ser pétreos na vida pública. Mas o comentário já está feito e dele não me arrependo de jeito nenhum.

Nessa “campanha” para o TCU, triste mesmo foi o papel do ex-presidente Lula, que fez campanha aberta pela candidata vitoriosa, a despeito de a boa postura recomendar, a quem já governou o Brasil, distância de embates assim. Claro que não me preocupo se ele se desgastou ou não com seu ex-ministro Aldo Rebelo, alias fiel amigo de Eduardo Campos. Interessa-me é anotar que estamos diante de um homem que perdeu inteiramente a noção dos limites.

Acha normal fazer palestras milionárias sempre para os mesmos “patrocinadores”, invariavelmente empresas que se beneficiaram de sua gestão e atualmente se valem de seu prestígio junto a Dilma Rousseff. Usa o jatinho da Camargo Correia, até para viagens internacionais, como se estivesse pegando carona no fusca de um vizinho.

Tudo para ele é “normal”. Nada o trava. Mais um pouco e começará a andar nu, aplaudido pelo séquito de acólitos que, vendo-o em campanha aberta pelo Planalto, supõem que a eleição já está decidida, ainda que o eleitorado não tenha sido consultado. Ainda que não seja hora de consultar eleitorado nenhum. Ainda que Lula tenha pela frente o “pequeno” problema de dizer a Dilma que ela não terá direito a disputar a reeleição.

Para o Brasil, a melhor coisa será que Lula vire passado de uma vez por todas. As novas gerações agradecerão um dia, se for assim.

Arthur Virgilio
Blog do Noblat

OS CASCOS DUROS DE LULA...

O Brasil andou. A presidente Dilma Rousseff fez menos do que a sociedade anseia em matéria de combate à corrupção. Mas talvez tenha feito o possível, até aqui, dentro das herdadas condições em que lhe é dado governar. Ela exerce o poder dependendo de uma cáfila de políticos a quem o então presidente Lula ensinou que tudo lhes será perdoado desde que não criem problemas para a "governabilidade" do País.

De todo modo, apesar das limitações com as quais lida pelo método do ensaio-e-erro, e ao contrário do seu patrono, soa convincente quando louva a ética pública e reitera de que lado está entre o vício e a virtude.

Por uma dessas coincidências a que se deve ser grato, porque lançou um súbito facho de luz sobre o contraste entre a mentalidade que reinava até há pouco no coração do governo e a que tenta se afirmar, quanto mais não seja pela força da palavra, Dilma e Lula falaram de corrupção no mesmo dia, anteontem, em locais e circunstâncias tão diferentes como os dizeres de cada qual.

No hotel Waldorf Astoria, em Nova York, perante dignitários de 46 países, a começar do americano Barack Obama, ela foi uma das oradoras da sessão inaugural da organização Parceria para o Governo Aberto, da qual o Brasil é um dos codirigentes. A entidade incentiva o livre fluxo da informação oficial a fim de promover a participação das sociedades nas decisões do Estado e a vigilância sobre a conduta das autoridades.

Nesse cenário, a presidente brasileira deu o seu recado não propriamente aos grandes deste mundo, mas aos residentes do mundo político brasileiro, cuja integridade não raro é inversamente proporcional ao tamanho de sua propensão para a falcatrua e de suas expectativas de impunidade.

Daí ela ter renovado a advertência que ecoou bem à época, mas os fatos subsequentes (e a licenciosa lição do passado) ameaçaram desmoralizar:
"Fui muito clara desde o meu discurso de posse, em janeiro, quando afirmei que meu governo não terá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito".
Foi também para o Brasil, em especial para as pulsões liberticidas que costumam irromper no PT, o estudado elogio à "posição vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental".

Pano rápido para outra cena. Em Salvador, onde recebeu um título de doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia, Lula deu uma aula sobre o que os errados, desviantes e malfeitores devem ser - e o que não devem fazer - quando os seus atos são trazidos à tona. Reza o manual lulista de resistência à faxina que "político tem que ter casco duro". Quando acusado de fazer coisa errada, "não pode tremer". Se não enfrentar a briga, ensinou, "acaba saindo mesmo".

O ex-presidente não está nem remotamente preocupado com a presença de corruptos ou coniventes com a corrupção nos altos escalões da administração federal. É a sua sobrevida que lhe interessa. Foi assim consigo próprio. De início, atrapalhou-se com o mensalão. Se não chegou a tremer, fraquejou. Depois, o casco duro prevaleceu - e o escândalo foi debitado à "mídia golpista".

O Brasil andou, sim, mas tropeça quando menos se espera. Não fosse o injustificado bloqueio do presidente do Senado, José Sarney, e do seu colega Fernando Collor, relator da matéria, ao projeto da Lei de Acesso de Informação, que permite a divulgação de documentos secretos depois de 25 anos, prorrogados por outro tanto - e acaba com o sigilo de textos que envolvam direitos humanos -, Dilma não teria sofrido óbvio constrangimento no evento de Nova York em que falou sobre seus compromissos éticos. Ela ouviu Obama citar o México, a Turquia e a Libéria, mas não o Brasil, evidentemente, como exemplos de países que aprovaram leis "que garantem o acesso de suas populações à informação pública".

Sarney e Collor alegaram que os diplomatas e os militares se opunham ao projeto do governo. O Itamaraty e as Forças Armadas os desmentiram.

Pensando bem, faz sentido. Esperar daquela dupla de "cascos duros", com seus notórios prontuários, apoio à transparência na gestão das instituições de governo equivale a esperar de Lula, de quem ambos foram aliados, intolerância à corrupção.

Rodrigo Constantino
Editorial do Estadão

ENTREVISTA: MILTON TEMER

MILTON TEMER
Jornalista, foi deputado federal pelo PT. Atualmente é membro da executiva nacional do P-SOL.

Marcelo Salles
– Eu assisti a um debate entre você e o jornalista Maurício Dias, na TVE, em que você defendia que o PT perdeu em Porto Alegre e em São Paulo por causa da conjuntura nacional. Eu queria que você justificasse isso.

Essa eleição municipal é apenas a explicitação da questão nacional, que foi debatida em três capitais: Fortaleza, São Paulo e Porto Alegre. Ali houve o debate político. Eram capitais que, se dependesse de opiniões sobre as gestões, evidentemente que o PT não podia perder nem no Rio Grande do Sul, nem em São Paulo e não poderia ganhar em Fortaleza. Essas três situações eram claras. E aconteceu exatamente o contrário. Isso porque o debate foi nacionalizado. Fica claro que foi uma disputa de projeto nacional. Fortaleza entra porque o episódio Luzianne Lins criou um clima de crise nacional. Ela transformou a eleição num assunto nacional por conta do caráter da candidatura dela, a despeito do que dizem as pesquisas, estatísticas... Por exemplo, por que as pesquisas dizem que o governo Lula vai bem? Porque a manchete do Globo escancara que estamos na melhor situação econômica de PIB nos últimos dez anos. Agora, subir 5% em cima do PIB negativo que nós tivemos ano passado não é vantagem, a não ser que você discuta o que está por trás dessa subida. Está por trás disso um aumento de postos de trabalho eventuais e uma grande queda de renda. O PIB é construído em cima do setor predatório da economia brasileira, em cima do sistema financeiro e do agrobusinness. Os dois, concentradores de renda e predadores dos postos de trabalho. Não têm nada a ver com um modelo de sociedade democrática, progressista ou de qualquer perspectiva transformadora.

Marcelo Salles – E essa contextualização não sai na mídia?

Ah, certamente não! A mídia trabalha sem discutir, a manchete do Globo é isso.

Bruno Zornitta – Eu ia te perguntar isso, saiu no Globo: "Os números mostram uma sucessão de recordes que, dizem os especialistas, pode ser o início do espetáculo do crescimento anunciado pelo presidente Lula".

Evidentemente a dependência material do Globo em termos de publicidade do governo... O Globo, hoje, é o porta-voz do neolulismo. Nós vivemos um quadro bizarro: quem é o advogado que o governo encontrou para defender a MP do Meirelles? O mesmo advogado que o governo Collor tinha na liderança da Câmara dos Deputados, conduzindo a construção do orçamento: o Ricardo Fiúza. Do ponto de vista político, se o Ricardo Fiúza está apoiando o governo Lula e cumprindo neste governo os mesmos compromissos que cumpria no governo Collor, alguma coisa mudou. Ou a classe dominante foi pra esquerda ou o Lula passou a servir a classe dominante. O Lula, hoje, é o melhor homem que o grande capital podia ter. Nenhum presidente da República pode fazer o que o Lula faz, que é manter a concentração de renda e a taxa de lucro do grande capital e, simultaneamente, estiolar as lideranças do movimento sindical com falsas esperanças. De repente, simbolicamente, a cópia pode ter se transformado no melhor instrumento para as classes dominantes do que o foi o original. É melhor ficar com o Lula do que com o Fernando Henrique.

Marcelo Salles – Quando a gente entrevistou o Chico Alencar, ele falou que, de modo geral, os parlamentares têm medo da mídia. Como você via isso quando estava lá, como deputado?

Eu fiquei sete meses sem sair no Globo, embora tivesse muitos amigos na redação, porque eu disse, na ocasião em que houve aquela buraqueira do César Maia para botar os cabos da Net: "a TVA tem que colocar também". E a TVA acabou não entrando naquele buraco. Então, existe um problema real: eu fui muito maltratado pela mídia no primeiro ano, porque eu era um deputado radicalmente contra o Fernando Henrique. E não eram só os donos de jornais, não. Os repórteres estavam todos empolgados com o governo FH no começo. Havia uma ilusão e uma parte dos jornalistas de base me enchiam o saco. Me achavam intolerante, radical, xiita. E eu nunca cedi, porque eu acho que a relação que o político tem é com a política.

Bruno Zornitta – Você estava falando agora do Globo, em relação à cobertura da política econômica, sobre a dependência dos jornais em relação ao governo. No Globo de domingo (28/11/04) saiu uma entrevista com o ex-secretário de imprensa do governo, Ricardo Kotscho, na qual ele dizia que a imprensa é independente do governo hoje em dia. A imprensa é independente do governo?

Não é, por uma razão muito simples: se o governo parar de anunciar, o jornal fecha. Nenhum jornal resiste, hoje, à falta de publicidade oficial. O governo Lula fala em crescimento, mas por que a imprensa não vive de publicidade das empresas privadas? Se acabar Casas Bahia, Casa & Vídeo e o governo, fecham as empresas de comunicação do Brasil.

Bruno Zornitta
– Ele dizia que a participação da publicidade do governo era inexpressiva.

Não é verdade, não é verdade. Aliás, não é agora, como também não era no governo FHC. O [Luiz] Gushiken pressiona os jornais, quem não o conhece acha que ele é um democrata, que não é autoritário. Eu convivi com o Gushiken em diretório e em bancada. Sei como ele é, pô...

Marcelo Salles – Pressiona os jornais como?

Pressiona telefonando e reclamando!

Marcelo Salles
– É ele quem autoriza as verbas, não é?

Exatamente. O que acontece é o seguinte: se você fizer um balanço dos movimentos que foram feitos recentemente, todo aquele que opera no sentido de liberar dinheiro para a imprensa, é por ela elogiado. O que não opera por essa lógica leva porrada. Então, o [Carlos] Lessa (ex-presidente do BNDES) estava demorando a liberar o dinheiro que eles estão querendo, o Pró-Mídia. E o Lessa fez exigências. E eles caíram de porrada. Porque o Lessa aumentou o faturamento do BNDES sem entrar por esse caminho. A dívida que a Globopar tem em dólar é uma enormidade. A Globo só tem lucro com a TV aberta, que sustenta o resto.

Marcelo Salles – Eu falei ontem com o Carlos Lessa e ele disse que tentou emprestar o dinheiro, exigiu garantias até menores do que ofereceu a outros setores e, ainda assim, eles não quiseram. Já estavam acostumados a pegar empréstimos de qualquer jeito. E ele disse mais: as linhas de empréstimo para as empresas de mídia continuam abertas, não pegam porque não querem se submeter ao mínimo de exigências... Milton, eu queria que você fizesse, agora, uma análise da cobertura da mídia brasileira na reeleição do Bush.

Bruno Zornitta – Aproveitando esse gancho, eu estava lendo um artigo do Olavo de Carvalho no qual ele dizia...

Não, não comenta o Olavo de Carvalho... Isso não deve ser tema de faculdade de jornalismo. O Olavo de Carvalho não é para ser comentado. São paradigmas da irracionalidade absoluta. Eu nem levo em conta o que esse cara diz. E eu acho uma tragédia que o Globo tenha entre seus colunistas ele e o Denis Rosenfeld toda semana.
Mas vamos à pergunta do Bush. Isso aí não tem saída. Não há duvida de que os fatos mundiais assumem hoje no noticiário uma importância muito grande. Por exemplo, eu estou preocupadíssimo com o que está acontecendo na Ucrânia. Ela pode se transformar naquilo que a Alemanha foi na Guerra Fria, por ali estar se gerando um pólo de atrito entre duas potências no campo nuclear: a Rússia e os Estados Unidos. Então, o que acontece nos EUA não está alheio a nós. Agora, o que eu sempre escrevi nos meus artigos foi o seguinte: não se iludam com o Kerry. Mas eu achava fundamental derrotar o Bush, pelo simbolismo. Então, eu acho que a mídia brasileira não embarcou nas posições reacionárias. Pelo contrário, passou ao povo brasileiro a imagem de Bush ser o instrumento desses setores mais atrasados. Quer dizer, não houve uma desqualificação dos setores de oposição ao Bush.

Marcelo Salles – Mas você não acha que teve muito espaço?
Na verdade, apareceu porque a sensibilidade geral era anti-Bush. Eu não vi nenhum jornal embarcar na defesa do Bush como sendo o melhor para o Brasil.

Bruno Zornitta – No dia 16 de setembro, eu tive a oportunidade de as-sistir a uma palestra sua na ABI cujo tema era "O jornalista e a ética na infor-mação"...
Aliás, você é o SNI atrás de mim... (Risos)

Bruno Zornitta
– ... E nessa palestra você falou da importâ-ncia da ho-nestidade e não da isenção do jornalista. Então eu queria saber, dentro desse contexto, o que você acha da qualidade do jornalismo praticado pela revista Veja.

A Veja é uma revista que entrega sacanagem. Eu diria que desde a saída do Mino Carta ela virou isso. Aliás, dessas revistas, a única que eu levo a sério é a CartaCapital. Não concordo com tudo, mas é uma revista feita dentro de uma perspectiva republicana. Dessas revistas que dependem de publicidade pública, a única que se mantém autônoma é a CartaCapital. Aliás, isso é uma coisa positiva no governo Lula: ele dá a mesma coisa para todas. E ela, nem por isso, se rende ao governo Lula. É uma revista independente e autônoma.

Marcelo Salles – As outras não?

As outras não são para ser levadas em conta. Trabalham na paranóia individual dessa sociedade em que o corpo passou a ser a preocupação de cada um e não o caráter social.

Marcelo Salles – E as alternativas para 2006?

Temos que sair da falsa disputa entre PT e PSDB. Não sei qual deles é melhor para a Av. Paulista, pois têm a mesma ideologia. O PT e o PSDB não divergem ideologicamente, divergem politicamente. Há viabilidade de uma candidatura de esquerda? Eu acho que a melhor opção é a senadora Heloísa Helena.

ATÉ QUE ENFIM


Artigos - Cultura


Imagino o que teria sido a vida de milhares de estudantes brasileiros se lessem, logo que publicado, em 1985, o hoje clássico Thinkers of the New Left.

A mídia brasileira sempre acaba descobrindo as coisas. Basta esperar umas quantas décadas, e você, já maduro ou velhinho, recebe a informação vital que poderia ter mudado o seu destino se lhe chegasse na juventude.


Quem primeiro me falou de Roger Scruton, no início dos anos 90, foi Daniel Brilhante de Brito, o brasileiro mais culto que já conheci. Citei o filósofo inglês em 1993, em A Nova Era e a Revolução Cultural, antevendo – nada é mais fácil neste país – que sua obra dificilmente chegaria ao conhecimento dos nossos compatriotas.

Decorridos sete anos, o Dicionário Crítico do Pensamento da Direita, pago com dinheiro do governo à fina flor da esquerda falante – 104 intelectuais que prometiam esgotar o assunto –, ainda exibia despudoradamente a ignorância universitária de um autor que, àquela altura, já era tido no seu país e nos EUA como um dos mais vigorosos homens de ideias no campo conservador.

Só se pode alegar como atenuante o fato de que não haviam excluído Roger Scruton por birra pessoal. Ao contrário, eram rigorosamente democráticos na distribuição da sua ignorância: desconheciam, por igual, Ludwig von Mises, Friedrich von Hayek, Murray Rothbard, Russel Kirk, Thomas Sowell, Bertrand de Jouvenel, Alain Peyrefitte e praticamente todos os demais autores sem os quais não existiria nenhum "pensamento da direita" para ser dicionarizado.

Uma breve consulta ao popular Dictionary of American Conservatism, publicado três anos antes, teria bastado para dar àqueles cavalheiros a informação mínima que lhes faltava sobre o assunto em que pontificavam, mas provavelmente as verbas federais com que encheram os bolsos não bastaram para comprar um exemplar.

Voltei a falar de Scruton, à base de uma vez por ano, de 1999 até 2008. Em vão. Durante muito tempo vigorou nas redações de jornais e nas universidades o mandamento comunista de Milton Temer, "O Olavo de Carvalho não é para ser comentado"

(http://www.fazendomedia.com/fm0023/entrevista0023.htm), que o zelo dos discípulos estendia aos autores citados nos meus artigos. Alguns liam esses autores em segredo, como quem se escondesse no banheiro com um livreto de Carlos Zéfiro. Mas esperavam, para comentá-los, que o tempo apagasse toda associação entre aqueles nomes e a minha pessoa. Assim transcorreu o prazo de uma geração.

Imagino o que teria sido a vida de milhares de estudantes brasileiros se lessem, logo que publicado, em 1985, o hoje clássico Thinkers of the New Left.
Naquela época, o marxismo já estava cambaleante, mas as ideias da "Nova Esquerda", que prometiam injetar-lhe vida nova, estavam acabando de aterrissar na taba. Se Antonio Gramsci e Louis Althusser já eram estrelas nos céus acadêmicos tabajaras, outros, como Michel Foucault e Jürgen Habermas, mal haviam desembarcado, e outros ainda, como Immanuel Wallerstein e E. P. Thompson, ainda eram vagas promessas de novos deslumbramentos que só na década de 90 iriam espoucar ante os olhos ávidos da estudantada devota.

A cada um desses autores Scruton consagrava modestas oito ou dez páginas que os reduziam ao estado de múmias, fazendo jus àquilo que mais tarde se diria de outro filósofo conservador, o australiano David Stove (também desconhecido nestas plagas): "Ele não faz prisioneiros. Escreve para matar".

Se alguma longínqua esperança na recuperação da dignidade intelectual marxista ainda restava na minha cabeça de esquerdista desencantado, foi sobretudo esse livro que a exorcizou.
Uma tradução brasileira dele teria feito bem a muita gente. Talvez tivesse até debilitado a fé de Milton Temer no monopólio esquerdista da racionalidade, poupando-o do vexame de continuar carregando essa cruz nas suas costas vergadas de septuagenário.

Foi para impedir essa tragédia que a elite esquerdista dominante nos meios universitários e editoriais não só se absteve de ler livros conservadores como também tomou todas as providências para que ninguém mais os lesse. Não que agisse assim por um plano deliberado. Não: essa gente pratica a exclusão e a marginalização dos adversários com espontânea naturalidade.

A regra leninista de que não se deve conviver com a oposição, mas eliminá-la, incorporou-se na sua mente como uma segunda natureza, e desde que a esquerda tomou o poder neste país tornou-se hábito generalizado e corriqueiro suprimir as vozes discordantes para depois proclamar que elas não existem.

Por isso é que só agora o indispensável Roger Scruton chega ao conhecimento do público brasileiro, por iniciativa das páginas amarelas da Veja, de 21 de setembro, onde ele diz o que todo mundo pensa, mas não tem meios de dizer em voz alta. Exemplos:

1) Os arruaceiros de Londres não são pobres excluídos. São meninos mimados, sustentados pela previdência social, que se acostumaram à ideia de que têm todos os direitos e nenhuma obrigação;

2) Nenhum país pode suportar um fluxo ilimitado de imigrantes sem integrá-los na sua cultura nacional;

3) Toda a ideologia de esquerda é baseada na idéia imbecil da "soma zero", onde alguém só pode ganhar alguma coisa se alguém perder outro tanto;

4) Marx, Lênin e Mao pregaram abertamente a liquidação de populações inteiras, mas a esquerda fica indignada quando lhes imputamos a culpa moral pelas consequências óbvias da aplicação de suas ideias – se um conservador escreve uma palavrinha contra os excessos da imigração forçada, é imediatamente acusado de fomentar crimes contra os imigrantes;

5) A União Europeia é inviável. O euro, paciente terminal, que o diga;

6) A esquerda sente a necessidade de sempre explicar tudo em termos de culpados e vítimas, mas, como cada explicação desse tipo logo se revela insustentável, é preciso buscar sempre novas vítimas para que as ondas de indignação se sucedam sem parar, alimentando a liderança revolucionária – que sem isso não sobreviveria uma semana.
A primeira vítima oficial foram os proletários, depois os índios, os negros, as mulheres, os jovens, os gays e agora, a maior vítima de todas: o planeta. Em nome da salvação do planeta, supostamente ameaçado de extinção pelo capitalismo, é lícito matar, roubar, sequestrar, incendiar, ludibriar, mentir sem parar e, sobretudo, gastar dinheiro extorquido dos malvados capitalistas por meio do Estado redentor.

Em todos esses casos, é historicamente comprovado que a situação das alegadas vítimas, sob o capitalismo, jamais parou de melhorar, na mesma medida em que piorava substancialmente nos países socialistas; mas a mentalidade esquerdista tem a tendência compulsiva de sentir-se tanto mais indignada com os outros quanto mais suas próprias culpas aumentam. É o velho preceito leninista: acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é.

A par da sua obra propriamente filosófica, de valor inestimável para os estudiosos, Scruton tem dito essas coisas, de uma verdade patente, há muitas décadas e com uma linguagem ao mesmo tempo elegante e ferina que desencoraja o mais inflamado dos contendores.

Espero que a entrevista da Veja desperte a atenção dos leitores para os livros desse autor imprescindível.

A respeito do item 6, convém acrescentar uma informação de que talvez o próprio Scruton não disponha, mas que vem mostrar o quanto ele tem razão. Nos anos 50, grupos globalistas bilionários – os metacapitalistas, como os chamo, aqueles sujeitos que ganharam tanto dinheiro com o capitalismo que agora já não querem mais se submeter às oscilações do mercado e por isso se tornam aliados naturais do estatismo esquerdista – tomaram a iniciativa de contratar algumas dezenas de intelectuais de primeira ordem para que escolhessem a vítima das vítimas, alguém em cuja defesa, em caso de ameaça, a sociedade inteira correria com uma solicitude de mãe, lançando automaticamente sobre todas as objeções possíveis a suspeita de traição à espécie humana.

Depois de conjeturar várias hipóteses, os estudiosos concluíram que ninguém se recusaria a lutar em favor da Terra, da Mãe-Natureza. Foi a partir de então que os subsídios começaram a jorrar para os bolsos de ecologistas que se dispusessem a colaborar na construção do mito do planeta ameaçado pela liberdade de mercado.

As conclusões daquele estudo foram publicadas sob o título de Report from Iron Mountain – a prova viva de que o salvacionismo planetário é o maior engodo científico de todos os tempos.

O escrito foi publicado anonimamente, mas o economista John Kenneth Galbraith, do qual não há razões para duvidar nesse ponto, confirmou a autenticidade do documento, ao confessar que ele próprio fizera parte daquele grupo de estudos e ajudara a redigir as conclusões.


Olavo de Carvalho, 22 Setembro 2011

O TRÂNSITO BRASILEIRO - UMA GUERRA QUE MATA MAIS DO QUE BALA DE FUZIL

Pense comigo. Qual seria a sua opinião se o nosso país, o querido, animado e pacato Brasil resolvesse entrar em uma guerra nos moldes da Guerra do Vietnã, que gerasse um saldo de mortes de 50 mil mortos? Sinistro, não?

Pois é, o que poucos brasileiros sabem é que em cada dois anos uma nova Guerra do Vietnã é consumada dentro do território de nosso aparentemente pacífico país.
Explico, já que por ano morrem em torno de 25 mil brasileiros em decorrência dos 750 mil acidentes de trânsito que crescem e crescem à revelia das leis que são feitas para serem burladas.

Para quem tem medo de voar, é como se um Boeing lotado caísse a cada dois dias no nosso país. Isso sem contar os outros 400 mil casos anuais de lesões permanentes por conta dessa simplesmente insana e selvagem forma de dirigir do povo brasileiro.


Quem não se lembra do bêbado “risadinha”, que foi pego logo na primeira semana da implantação da hilária Lei Seca. Hilária, visto que após um acidente o cara foi pego completamente embriagado ao volante, de pijama, e gritava descaradamente ao quatro ventos: “bebi, bebi, bebi e bebi” ou “a lei não retarda” risonho como se tirasse um belo sarro da nossa justiça. Pasmem, o “risadinha” ainda tem em mãos a sua carteira de motorista.

Diga-se de passagem, esse mesmo cara foi preso mais duas vezes daquela data para cá, pelo mesmo crime, às vezes agindo de forma não tão animada. Na última delas, bradava que a polícia o “algemou como um marginal”. Pergunto-me, um cara desses, com o potencial deliberado de matar-se, e pior, matar, tem que ser chamado de quê? O fato deprimente e preocupante é que esse caso de prisão é raro – somente quando o estado do condutor é intoleravelmente notório, como o caso do pobre “risadinha” – e a Lei Seca hoje agoniza, graças à “criatividade” do povo brasileiro e às grandes falhas na nossa lei.
O povo tido como um dos mais criativos do mundo – para o bem e também para o mal – já inventou variadas formas de burlar a fiscalização policial e quando pego com a boca na botija, usa-se de um direito tosco de recusar-se a soprar o “bafômetro”. Ou seja, como de praxe e já bastante esperado, a lei caiu em ridículo desuso. Não é a primeira vez! Além disso, o povo está longe de se conscientizar.
Dessa maneira, pessoas, imitando um passado pouco distante, voltaram a perambular confiantes pelas ruas, completamente embriagadas e sem medo que qualquer punição. O tenebroso resultado fica evidenciado nos números supracitados.


Mais uma vez tenho que citar o exemplo europeu. Aqui, os cidadãos, muito mais educados e conscientes em questões de trânsito – basta dirigir aqui e logo notar a cortesia das pessoas –, conquistaram a confiança do governo e lhes é tolerado o equivalente a dois copos de cerveja e ainda assim podem dirigir. Os europeus em sua maioria cumprem a lei e a levam muitíssimo a sério. Caso contrário, é batata.
Foi pego dirigindo com limite de álcool no sangue acima do tolerado, sua carteira é confiscada e um processo é aberto contra o condutor. Além disso, ninguém tem a prerrogativa de se negar a fazer o teste do “bafômetro”.

Desse modo, os acidentes que aqui ocorrem podem ser literalmente chamados de acidente, uma vez que os europeus não são irresponsáveis como uma grande maioria de brasileiros, que simplesmente dão sorte ao azar.
Dirigem bêbados, loucos, achando-se os azes do volante, convictos de serem donos da perícia do saudoso Ayrton Senna, até serem surpreendidos pelo desastre, que mais dia menos dia sempre vem. Quando não desperdiçam suas próprias vidas, acontece o pior, arrancam a vida de um ou dois inocentes que por grande infortúnio estavam no lugar errado e na hora errada.


Além da falta de educação do povo brasileiro, temos que destinar uma outra grande parcela da culpa para o nosso governo, já conhecido pela sua incompetência e descaso – e nesse blog podemos encontrar inúmeros artigos a respeito.
Através do seu órgão “responsável” – se é que podemos defini-lo assim – pela gestão do nosso transito, o DNIT - Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes, o governo peca e muito em cumprir um papel digno, assim expondo de diversas maneiras a nossa população aos maiores perigos. Uso as palavras do político Indio da Costa que bem definem o real papel do DNIT: “buraco na pista, má sinalização, um trabalho que o DNIT devia está fazendo, e não faz, em especial porque está politizado”.
Pois é, o órgão, que é usado pelos nossos políticos – mafiosos – para pagar dívidas de campanha, põe para dentro um monte de porcaria, sem conhecimento técnico algum, apenas porque é apadrinhado de algum manda-chuva ou partido político, e depois quer que tudo funcione às mil maravilhas.
Se a infração da lei já começa na nomeação dos seus dirigentes, como é que se pode esperar que o brasileiro cumpra a lei? Que moral eles têm? Nenhuma, e olhe que conheço casos absurdos do lugar de onde nasci.


Falando em Salvador, aproveito para terminar esse texto lamentando profundamente um fato em especial que ocorreu no último final de semana e que tem muito a ver com tudo o que eu acabei de escrever. Expresso os meus sentimentos à família da jovem Carolina Menezes Cintra Santos, de 28 anos, soteropolitana a morar em São Paulo, advogada competente, e com uma vida cheia de objetivos e sonhos a realizar.

Pois é, senhores e senhoras, seus sonhos foram ceifados pela foice da morte, que montada em um caríssimo Porsche encontrou a pobre moça em um cruzamento errado, na hora errada e no momento errado. A morte, irresponsável, embriagada, e pasmem, a 150km/h, "velocidade estúpida", em uma rua de bairro da capital paulista, saiu do carro e a primeira frase que defensivamente proferiu foi “não bebi, só tomei uma ou duas taças de vinho”.
O falecimento brutal da moça para a morte era só um pequeno detalhe. O fato é que Carolina se foi, mais uma vítima do nosso Vietnã diário, e a morte ficou, e o que às vezes nem mais choca o nosso calejado bom senso, ao sair do hospital pagou fiança de R$ 300 mil e hoje perambula em liberdade pelas ruas de Sampa. Mais duas falhas do nosso inacreditável país, impunidade e favorecimento aos mais abastados, que através de caros advogados podem comprar, fazer e desfazer na lei do Brasil.
Mas fica o alerta, cuidado, a morte está viva e solta, e se depender do governo, maus políticos, DNIT, e etc, eu, você, nossos entes queridos podemos ser as próximas vítimas. Basta pôr o pé na rua.


Assim ficaram os carros envolvidos no acidente de Carolina.

Se quiser assistir o video do "Risadinha" clique




© Carlos Tourinho de Abreu

UMA QUESTÃO DE GRAMÁTICA

É a gramática, não o Reinaldo Azevedo, que denuncia a intenção sorrateira da mãe do governador
Caras e caros, vocês querem ver como a gramática é uma ferramenta que serve à análise política? Sei que vocês gostam quando me dedico a esses exercícios. Vejam como as escolas fazem mal em deixar de lado esse instrumento de esclarecimento da razão. Antes do gramatiquês, algumas considerações.

A forma como se deu a eleição da mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PE), para o TCU é particularmente importante porque ele é considerado aqui e ali, de modo superestimado a meu ver, uma liderança emergente da política, um homem especialmente hábil, chegado ao diálogo, um construtor de consensos, essas coisas genéricas, imprecisas e um tanto pastosas com que costumam definir no Brasil a falta de clareza, a ausência de contornos programáticos, a paixão pelo conchavo, as costuras de bastidores.

Em suma: nesse particular, não há nada mais velho do que o jovem Eduardo Campos, que se comportou como um coronel ao velho estilo. Ah, sim: sua mãe é a deputada Ana Arraes (PSB), mas isso não tem a menor importância. Se ela se chamasse Jocasta, Sevília ou Maricota, daria na mesma. Ninguém votou nela, mas no filho.

Campos ligou pessoalmente para todos os governadores, cabalando votos para mãe, para que estes pressionassem suas respectivas bancadas. É verdade: se um filho não apoiar a sua mãe, quem há de fazê-lo, não é mesmo? Quando se é governador de Estado e quando a progenitora é deputada, estando em disputa uma vaga num órgão de assessoramente do Legislativo e de vigilância dos gastos públicos, é evidente que as ligações são mais do que impróprias.

Elas afrontam o princípio republicano. Uma coisa é endossar o pleito da mãe; outra, distinta, é organizar a pressão, deslocando, inclusive, o alto escalão do poder no seu estado para dar plantão na Câmara. É descabido. Pela primeira vez na história, que eu saiba, havia até buttons para pregar na lapela em defesa do nome da deputada. Campos pôs a mãe no meio para testar o seu prestígio. Ele andou espalhando a história de que, depois de lançada a candidatura, acabou se arrependendo. Não faz sentido. Ele a patrocinou para testar o seu prestígio. Deve estar feliz da vida.

É claro que governadores ajudaram, inclusive os do PSDB, mas o grande cabo eleitoral foi mesmo Luiz Inácio Lula da Silva, que continua em campanha para 2014. Ele também testava o seu prestígio. Os petistas e uma parcela importante do PMDB migraram em massa para Ana.

A gramática

O sempre excelente Heraldo Pereira fez uma pequena entrevista com Ana Arraes para o Jornal da Globo. Vejam. Volto em seguida.

Vênia máxima, ela não tem a menor noção do que vai fazer no TCU. Ou melhor: tem! Quer impedir a paralisação de obras, umas das teses de Luiz Inácio Apedeuta da Silva. Os petistas usavam relatórios do TCU como evidência de lambança quando estavam na oposição. Na situação, isso é contra o povo. Como estamos nos acostumando aos descalabros, não nos damos conta do absurdo da fala desta senhora. O tribunal não propõe a paralisação de obras como quem diz “hoje é quinta-feira”. Há critérios para isso. Mais ainda: há gradações.
Na maioria das vezes, o tribunal recomenda a correção de procedimentos e envia questionamentos sobre custos. A paralisação é o último recurso, quando as evidências de sobrepreço e irregularidades são clamorosas.

Do modo como fala a deputada, fica claro que ela está indo para o tribunal com uma agenda, com uma pré-pauta, com uma determinação, disposta a corrigir o que parece errado. Quer ser uma espécie de ombudsman do grupo, como se todos por lá só fizessem tolices e atuassem contra o povo. Leiam isto:
“O TCU é um lugar político. Política não é só a partidária. Vou ao TCU servir ao meu país, servir ao povo do Brasil, zelando pelos recursos públicos, mas também com o olhar da política”.

A gramática resiste mesmo diante da mãe de Eduardo Campos. Notem que Ana recorre a duas orações adverbiais modais para dizer como vai servir a seu pais:
a - zelando pelos recursos públicos;
b - olhando (”com o olhar da“) a política.
Tudo seria quase aceitável se ela não estivesse unido essas duas orações com a conjunção adversativa “mas”. Como o nome diz, a palavrinha introduz uma idéia de oposição, de contraposição ao que fora antes enunciado. Assim, a deputada deixa claro que “olhar a política” está em oposição a “zelar pelos recursos públicos”. Sua atuação, como resta claro, tem como alvo o zelo pelo política, não pelos cofres.

A gramática também denuncia alinhamentos ideológicos, ainda que o emissor diga: “Ah, minha intenção foi outra…”. Se ela diz “zelando pelos recursos públicos, mas também com o olhar a política”, resta óbvia a suposição de que “o zelo pelos recursos públicos” não só não é uma atitude política como pode ser uma ação contra a política, daí o “mas”, a conjunção adversativa. Infelizmente, a análise das orações revela a intenção sorrateira da mãe do governador.

Heraldo Pereira, como se diz no interior, estava sentindo o cheiro da brilhantina… E indagou: “Tem muitas obras paradas, com suspeita de irregularidades, o que a senhora pretende fazer?” E ela achou que suas escandalosas orações subordinadas adverbiais modais, coordenadas adversativas entre si, não bastavam. É um espírito insaciável. Respondeu:
“Que a fiscalização, ela não seja apenas um fim. O fim da fiscalização é ver o custo e a finalidade social. Embargar uma obra é um prejuízo muito grande. É preciso que a gente tenha a sensatez. Sou favorável à fiscalização, mas à paralisação não”.

Já expliquei que há critérios para recomendar a paralisação, o que só ocorre em último caso. A cereja do bolo de rolo retórico de Ana não está aí, mas aqui: “O fim da fiscalização é ver o custo e a finalidade social.” Entenderam? Assim como a deputada faz uma oposição entre “zelar pelos recursos públicos” e o “olhar da política”, ela também opõe a questão do “custo” à “finalidade social”. Entendo que ela se verá tentada a aprovar muita coisa que deveria ser embargada… em nome do social!

Com Ana, são 10 os ministros do TCU. Sozinha, ela nada poderá decidir. Não sei qual pode ser o grau de contaminação de suas orações modais e adversativas no tribunal. O que sei é que nunca antes na história destepaiz alguém anunciou a deliberada intenção de integrar um grupo para fazê-lo atuar contra as suas prerrogativas.

Ana diz o que quer. Ainda que não dissesse, a gramática diz por ela. Quanto a Eduardo Campos, dizer o quê? Há nisso tudo um método. Ele dá uma idéia do Brasil que tem em mente.

Por Reinaldo Azevedo

COMISSÃO DA VERDADE É APROVADA PELA CÂMARA

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 21, a criação da Comissão da Verdade atendendo à exigência da oposição de fixar critérios para a escolha pela Presidência da República dos sete integrantes que realizarão o trabalho de “examinar e esclarecer” as violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988.

O projeto segue para avaliação do Senado Federal. Apesar de estar em Nova Iorque participando da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a presidente Dilma Rousseff participou por telefone das negociações. Os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) foram enviados ao Congresso durante a noite e participaram por mais de duas horas de reuniões em busca do texto final.

O assessor especial do ministério da Defesa, José Genoíno, também participou das negociações.Debate. A exigência do DEM de restringir as escolhas de integrantes da comissão foi o principal ponto da negociação. O governo concordava em impedir a participação de pessoas com cargo executivo em partidos ou com cargo comissionado, mas o DEM insistiu em afastar a possibilidade de participação de pessoas com envolvimentos com os fatos alvo de investigação.

Ao longo do dia, diversas redações foram sugeridas. Numa delas, foi proposto o impedimento da indicação de pessoas que tivessem praticados atos de tortura ou terrorismo. Na negociação final evoluiu-se para uma redação proibindo a indicação para a comissão de pessoas “que não tenham condições de atuar com imparcialidade”.

Os representantes do governo aceitaram esta proposta, mas a presidente Dilma manifestou contrariedade. Como a oposição não concordou em mexer novamente no texto, a proposta acabou incluída no texto do relator Edinho Araújo (PMDB-SP) porque o governo fazia questão de realizar a votação ontem.
Além da emenda do DEM foi aprovada uma proposta do PSDB que permitirá a “qualquer cidadão que demonstre interesse” solicitar ou prestar informações à comissão.

Outra alteração determina que o relatório da comissão será encaminhado ao arquivo nacional.Prazo. A comissão terá prazo de dois anos para realizar suas investigações.
Poderá requisitar informações a órgãos do poder público, convocar testemunhas, determinar a realização de perícias. Não será permitida a divulgação de documentos classificados como sigilosos.
A investigação não servirá para a punição de envolvidos porque a comissão está sujeita à Lei da Anistia.
Durante a votação poucos parlamentares se manifestaram de forma contrária.

Ligado às Forças Armadas, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou que o projeto é “suspeito” e só permitirá a investigação de supostos crimes realizados pelos militares e não dos opositores do regime. Com militância na área dos direitos humanos, a deputada Luiz Erundina (PSB-SP) também apresentou ressalvas. Para ela, a comissão só terá efetividade se for um caminho para a revisão da lei da anistia e possibilitar a punição de torturadores.Os governistas ressaltaram que o objetivo da comissão não é “revanchista”.

O líder Cândido Vaccarezza (PT-SP) destacou que a negociação com a oposição serviu justamente para reformar o caráter de “unidade” da proposta. O líder do DEM, ACM Neto (BA), ficou satisfeito com o resultado e disse confiar que a presidente Dilma vá seguir os critérios apontados para a escolha de membros.

Eduardo Bresciani, do Estadão.com.br

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A Comissão segue o seu viés retrógado, de única via.
O sugerido Painel da Verdade segue o seu ideal, de contraponto a essa ignomínia.
JabaNews

POR MAIS DECÊNCIA NA POLÍTICA, VOTO DISTRITAL!

Leia artigo publicado ontem no Globo, de autoria do sociólogo Luiz Felipe Dávila, presidente do Centro de Liderança Pública, sobre o voto distrital.

*
Para mudar o Congresso

Não há sistema eleitoral perfeito. Se existisse, todos os paises democráticos teriam adotado as mesmas regras que definem a conversão de votos dos eleitores em representação política de candidatos e partidos. Nem o voto distrital nem o voto proporcional são capazes de eliminar a corrupção, a imoralidade e o desperdício de dinheiro público que se tornaram endêmicos no país.
O único antídoto eficaz contra esses males é a criação de instituições democráticas fortes e confiáveis que garantam a liberdade individual e o respeito ao estado de direito; o resto são eufemismos para diminuí-los, em nome do “bem comum”. Portanto, quando analisamos reforma política, é fundamental compreender se ela fortalece ou enfraquece as instituições democráticas.

A reforma política que tramita na Câmara vislumbra criar um sistema eleitoral inusitado. Trata-se do voto proporcional misto com lista fechada.
Em nome do “bem comum”, caçariam o nosso direito de escolher os deputados, obrigando-nos a votar apenas no partido. Os candidatos seriam selecionados pela cúpula partidária, o que asseguraria a eleição permanente dos caciques da legenda; eles encabeçariam o topo da lista partidária e teriam cadeira cativa na Câmara.
Em nome do “bem comum”, seria instituído o financiamento público de campanha. Seremos convocados a pagar todas as campanhas políticas com o dinheiro dos nossos impostos. Renunciaríamos a parte dos recursos que financiam a saúde, a segurança e a educação pública para custear as campanhas políticas.
Não seria uma surpresa se criassem mais um imposto - a CPMF das Eleições. Mas os defensores desta proposta alegam que a preservação do “bem comum” requer o sacrifício da liberdade de escolha do eleitor e da utilização dos nossos impostos para criarmos um sistema eleitoral capaz de fortalecer os partidos e de diminuir o peso do poder econômico nas eleições.

Na direção oposta, propomos a substituição do sistema atual pelo voto distrital. No novo sistema, cada Estado seria dividido em distritos com algumas centenas de milhares de eleitores; cada distrito elegeria um único deputado pelo voto majoritário de seus eleitores.

Desta forma, o voto distrital prioriza o fortalecimento das instituições democráticas, atacando o problema central que vem corroendo a credibilidade do Poder Legislativo: a falta de responsabilização - accountability - dos nossos deputados.

Hoje, apenas 36 dos 513 deputados federais se elegem com voto próprio; a maioria necessita das artimanhas do voto da legenda, das coligações partidárias e das celebridades que “puxam” votos para conquistar uma cadeira no Congresso.
O voto distrital acaba com o deputado “genérico” que vaga pelo Estado em busca de votos e que prioriza os interesses corporativistas. Gostaria de ver um parlamentar aumentar o seu próprio salário ou votar o aumento de imposto e voltar ao seu distrito para prestar contas aos seus eleitores. O voto distrital permite ao eleitor cobrar e fiscalizar o seu representante e julgar com mais propriedade o seu desempenho no Congresso.
A reeleição do deputado dependerá exclusivamente dos seus feitos; não há coeficiente eleitoral ou legenda partidária que irão livrá-lo da derrota nas urnas se o seu desempenho político for rejeitado pelo eleitor.

Precisamos de uma reforma política que dê mais poder ao eleitor de fiscalizar e cobrar o seu parlamentar e que aumente significativamente a responsabilização individual da atuação do parlamentar.
Esta combinação ajudará a resgatar a credibilidade e o prestígio do Legislativo.

Hoje, temos um Congresso submisso aos interesses das corporações e distante da população - 70% dos eleitores não se recordam em quem votaram para deputado. O sistema atual colaborou para eliminar o equilíbrio constitucional entre os Três Poderes, criando um Poder Executivo anabolizado e um Legislativo atrofiado.

Precisamos de um Congresso forte e independente que represente os interesses dos eleitores e que seja capaz de servir de contrapeso ao Executivo.
O voto distrital não é a solução para todos os problemas, mas ele contribuirá para distinguirmos o joio do trigo no Congresso. Isso não é pouca coisa.
O êxito da reforma política depende da pressão e da mobilização da sociedade. Assine e participe do Movimento “Eu Voto Distrital” www.euvotodistrital.org.br.

Por Reinaldo Azevedo

A POLÍTICA E O REAL PESO DA CORRUPÇÃO

Na quarta-feira, 7 de setembro, data tão festiva, várias cidades do país receberam protestos contra a corrupção. O pessoal lembrou os caras-pintadas, botou nariz de palhaço e foi para a rua. Foi uma cobrança que vi por aí: pessoal se mobiliza por tudo nessa vida, menos contra a corrupção. Pois, pelo jeito, isso mudou um pouco. Bravo!

O que acho interessante é o peso que se atribui aos “malfeitos” com o dinheiro público, para usar termo caro à presidenta, para explicar os problemas do país. Seria esse o “ralo” onde escorre a grana dos impostos altíssimos (para o pessoal mais à direita) que deveria financiar saúde, educação e diminuição da desigualdade (para o pessoal mais à esquerda).

A Folha, no domingo, antecipando os protestos e incentivando a onda “pró-faxina” que tem animado a mídia, deu uma manchete meio dramática: “Brasil perdeu uma Bolívia em desvio de cofres públicos” (aqui no site do PPS, o que sem dúvida e sintomático). Trata-se de levantamento feito por economista da FGV com dados de órgãos de controle (como PF, TCU, CGU e outros) que aponta desfalque de pelo menos R$ 40 bilhões em sete anos nos cofres federais, o equivalente ao PIB da pátria de Evo Morales.

Coisa séria, sem dúvida. Mas será que é esse o maior dos problemas do Brasil? Vejamos um exemplo: o orçamento do Ministério da Saúde em 2011 foi de mais de R$ 70 bilhões. Quase o dobro do que se estima de perdas para a corrupção em sete anos. Ou seja, se a corrupção tivesse zerado nesses sete anos, nada se perdesse, e tudo fosse destinado à saúde, a pasta ganharia menos de R$ 6 bi por ano, menos de 10% em relação ao orçamento atual.

Ajudaria? Sem dúvida. Resolveria? Duvido bastante.

Outro exemplo, mais assustador. No Correio Brasiliense da segunda-feira, um grupo de entidades empresariais de vários setores publicou um anúncio intitulado “Menos juros, mais investimentos e empregos!” (assim, com exclamação mesmo - inflamados os empresários).


O texto apoia a decisão do Copom de reduzir em 0,5% a taxa básica de juros e traz alguns números pesados. Segundo ele, cada ponto percentual de redução na Selic leva a economia de R$ 15 bilhões ao ano em pagamento de juros. Outro, mais chocante: “Nos últimos dezesseis anos (oito de governo FHC e oito de governo Lula) o Brasil já gastou cerca de R$ 2 trilhões (valor histórico e sem correção) em juros da dívida pública”.

Para deixar mais claro: por decisões políticas absolutamente dentro da lei, em 16 anos R$ 2 trilhões deixaram de ser aplicados em saúde, educação e sei lá mais o que e foram destinados ao pagamento de juros da dívida pública. Em sete anos, numa conta sem sofisticação (ou até meio burra, de proporção), seriam R$ 875 bilhões gastos com juros – quase 22 vezes mais que as perdas estimadas com a corrupção.

E o PIB da Bolívia, de repente, ficou menorzinho...

Claro que o combate à corrupção é fundamental e a punição dos crimes deve ser feita com o rigor previsto em lei. Ninguém aqui nega isso. A questão é tratar essa necessária vigilância contra os malfeitores como a panaceia para livrar o país de todo o mal. Há decisões políticas tomadas legalmente que definem o destino de muito mais dinheiro do que o perdido para a corrupção – e sem nenhuma participação, consulta ou manifestação da população. A discussão desses temas na sociedade é tão ou mais importante do que cobrar medidas contra a corrupção.

E é politizante: força as pessoas a pensarem no que querem para o país, qual o melhor destino para os recursos, avaliar a posição do governo, de cada partido, de cada parlamentar, de cada entidade de classe. O debate é sobre o que é feito da coisa pública.


Jogar todos os males na corrupção cria a impressão de que, fechando o tal “ralo”, teríamos automaticamente grana para resolver tudo. Mas é simplificar demais o que é complexo e deixar as pessoas no escuro sobre o que está realmente em jogo.

Democracia é, também, isto: um jogo de pressões em que os grupos sociais se organizam para decidir o destino do bolo de recursos arrecadado pelo Estado. Os agricultores vão cobrar medidas de financiamento da lavoura; os empresários pedem redução de impostos; os trabalhadores pedem proteção ao emprego e outros direitos; o movimento da saúde pede mais grana para o SUS; o dos pesquisadores, mais grana para ciência e tecnologia. É no jogo de pressões que se determinam as prioridades, com o filtro da agenda do governo eleito.

Como o cobertor é sempre curto, dizer que a culpa é da corrupção colabora para ocultar esse jogo político legítimo de pressões sociais. E faz com que as pessoas se distanciem, não se organizem e não pressionem por suas demandas. Aí, quem pressiona leva mais fácil.

Outro sintoma é a vilanização de partidos políticos, sindicatos e outros movimentos, que foram deixados de fora das marchas contra a corrupção. O pessoal se pretende “apartidário” e acaba sendo “apolítico” e, no limite, antidemocrático. Disse alguém aí que “o destino de quem não gosta de política é ser governado por aqueles que gostam”. Melhor o pessoal tomar cuidado e começar a se meter nas reais decisões sobre seu dinheiro.

Nicolau