"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 16 de julho de 2013

PARA A BOLÍVIA, O BRASIL É UM GRANDALHÃO MEDROSO QUE REAGE A AFRONTAS COM OUTRO GESTO DE CARINHO E O SORRISO DOS PALERMAS





Disfarçado de Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Defesa, o polivalente Celso Amorim divulgou nesta tarde os seguintes ─ aspas obrigatórias ─ “esclarecimentos”.
 
A propósito de informações veiculadas na edição de hoje (16/07) do jornal Valor Econômico, na matéria intitulada “Bolívia revistou avião de Amorim em busca de opositor”, o Ministério da Defesa esclarece o seguinte:
 
1 ─ Não procede a informação de que o avião da FAB utilizado nesta viagem oficial, no dia 3 de outubro de 2012, foi vistoriado por autoridades bolivianas no aeroporto de Santa Cruz de La Sierra;
 
2 ─ Houve, no segundo semestre de 2011, ações por parte de autoridades bolivianas que configuraram violações de imunidade de aeronaves da FAB, uma delas envolvendo o avião que levou o ministro da Defesa em viagem oficial a La Paz no final de outubro de 2011;
 
3 ─ O ministro da Defesa brasileiro nunca autorizou tal vistoria;
 
4 ─ Os episódios ocorridos em 2011 foram objeto de nota de reclamação encaminhada pela embaixada do Brasil em La Paz à chancelaria boliviana;
 
5 ─ No documento, a embaixada informou que a repetição de tais procedimentos abusivos levaria à aplicação, pelo Brasil, do princípio da reciprocidade;
 
6 ─ Desde o envio da nota, a FAB não registrou novos episódios de vistorias em suas aeronaves por autoridades bolivianas.
 
Tradução: não foi agora que o governo de Evo Morales ordenou à polícia que desse uma geral no avião a serviço de Celso Amorim. A humilhação ocorreu em 2011. Num rasgo de bravura, o Pintassilgo do Planalto deixou claro que não foi ele quem determinou a revista (nem a entrada de cães farejadores estrangeiros no jato da FAB.
 
De volta ao lar, o ministro que comanda as Forças Armadas pediu que o embaixador em La Paz comunicasse ao presidente Morales que ficara muito triste com a vistoria. Lula vivia dizendo que seus ministros jamais tirariam os sapatos na alfândega americana. Esqueceu de recomendar-lhes que não ficassem de quatro em aeroportos de países vizinhos.
 
A notícia confirmada pelo jornal Valor (e detalhada pelo próprio Amorim) acrescentou mais um andor vergonhoso à procissão de afrontas iniciada em maio de 2006, quando os bolivarianos do leste expropriaram os ativos da Petrobras e sugeriram ao Planalto que se queixasse ao bispo.
 
De lá para cá, entre outros abusos, o companheiro Morales elevou unilateralmente o preço do gás fixado no contrato com o Brasil, trancafiou numa cela 12 torcedores corintianos, soltou sete depois de 100 dias, mantém cinco presos sem acusação formal, ignora sistematicamente as cláusulas dos acordos para a proteção das fronteiras, vive amedrontando investidores brasileiros e se recusa a permitir que o senador oposicionista Roger Pinto Molina, asilado há mais de um ano na embaixada em La Paz, embarque para Brasília.
 
Desde a chegada de Evo Morales ao poder, o Brasil é tratado como um grandalhão medroso que se ajoelha ao som do primeiro grito. “Devemos ser generosos com a Bolívia, é um país muito sofrido”, recitava Lula a cada insulto. Dilma prefere ser humilhada em silêncio. Com Antonio Patriota no comando do Itamaraty, o Planalto decidiu que é melhor apanhar sem contar a ninguém.  A cada pancada desferida pelo Lhama-de-Franja, o governo lulopetista revida com mais um gesto de carinho e o sorriso inconfundível dos palermas.

NO VÍDEO EM QUE TRATOU PELA PRIMEIRA VEZ DA PATIFARIA COM O BOLSA FAMÍLIA, DILMA QUALIFICOU DE CRIMINOSOS OS COMPANHEIROS DA CAIXA ECONÔMICA QUE JÁ COMEÇOU A ABSOLVER




Em 20 de maio, no comício em Pernambuco que precedeu o primeiro banho de mar do navio petroleiro Zumbi dos Palmares, a presidente da República abriu uma clareira na floresta de menções amalucadas ao personagem que batizou a embarcação, frases sem pé nem cabeça sobre a seca do Nordeste e meia dúzia de pitos na inflação.
Dilma Rousseff achou indispensável tratar também do crime hediondo praticado dois dias antes contra os beneficiários do maior programa oficial de compra de votos do mundo ─ e, por consequência, contra o governo que dele se beneficia. O vídeo de 1:36 eternizou a mistura de precipitação, oportunismo eleitoreiro, pilantragem irresponsável e pontapés na língua portuguesa:

“Pois muito bem, o que aconteceu no Brasil sábado?”, pergunta Dilma Rousseff, que já tem a resposta pronta na cabeça habitada por um neurônio só: “Espalhou-se um boato falso, negativo, um boato que leva intranquilidade às famílias mais pobres deste país, que são aquelas que recebem o Bolsa Família. Qual era o boato? O boato era que o governo federal não ia pagar o Bolsa Família. É algo absurdamente desumano o autor desse boato. Por isso, além de ser desumano, ele é criminoso, por isso nós colocamos a Polícia Federal para descobrir a origem de um boato que tinha por objetivo levar a intranquilidade aos milhões de brasileiros que nos últimos dez anos estão saindo da pobreza extrema. ”Eu queria deixar, e aproveitar aqui a imprensa e deixar claro: o compromisso do meu governo com o Bolsa Família é um compromisso forte, profundo e definitivo”. 

Imediatamente, como recorda o editorial do Estadão desta terça-feira, começou o desfile dos áulicos. No mesmo dia 20, Maria do Rosário, que se apresenta como ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, fantasiou-se de detetive para, simultaneamente, espancar o idioma, agradar à comandante e garantir o emprego com a elucidação do crime pelo Twitter: “Boatos sobre fim do bolsa família deve (sic) ser da central de notícias da oposição. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política”.

Animado com a pilantragem eleitoreira que resultaria em mais um tiro no pé, José Eduardo Cardozo passou a tarde e a noite decorando advérbios antes de entrar em cena na manhã seguinte: “Evidentemente houve uma ação de muita sintonia em vários pontos do território nacional, o que pode ensejar a avaliação de que alguém quis fazer isso deliberadamente, planejadamente, articuladamente”, caprichou o ministro da Justiça com que sonham todos os fora-da-lei.

Na muda desde a descoberta do escândalo em que se meteu ao lado da segunda-dama Rose Noronha, Lula recuperou a voz uma semana mais tarde para emitir seu parecer: “O que mais falar com um ato de vandalismo desse?”, miou o ex-presidente em 27 de maio. ” Ou seja, eu só espero que se descubra quem fez isso, porque brincar com as pessoas mais pobres desse país é, eu diria, uma ofensa”.

Na primeira semana de apurações, soube-se que mais de 600 mil famílias recebiam a mesada em dobro. Menos de dois meses depois da denúncia registrada no vídeo, a Polícia Federal concluiu as investigações com a constatação que um sherloque boliviano poderia ter feito sem sequer dar as caras no Brasil: os culpados foram os companheiros da Caixa Econômica Federal que resolveram antecipar o pagamento do Bolsa Família e depositaram o dinheiro mais cedo. Que punições serão aplicadas ao bando formado por incompetentes e espertalhões, uns e outros desprovidos do sentimento da vergonha?

Nenhuma, avisa o comportamento dos declarantes desde que a PF confirmou que a bandidagem está logo ao lado. Dilma emudeceu. Nesta terça-feira, falou por ela o ministro Cardozo: “Havia depoimento que dizia que uma empresa de telemarketing havia informado que o Bolsa Família estava acabando e, com base nisso, a PF atuou na perspectiva de descobrir que empresa seria essa, pedindo inclusive a quebra do sigilo telefônico da pessoa que declarou ter recebido a ligação”, desandou em dilmês de porta de cadeia. “Só que, por uma série de contingências, não se chegou ao resultado se esta empresa teria encaminhado ou não. Há um conjunto de situações que talvez tenham concorrido para isso”.

Tradução: como os delinquentes são gente nossa, ocorreu aquele tipo de crime em que só há inocentes entre os culpados. Os comparsas já começaram a absolvê-los. Assim será até que as multidões indignadas voltem à rua para demolir de vez  a usina de monumentos à impunidade.

16 de julho de 2013
augusto nunes

LULA "ESCREVE" ARTIGO NO NYT E "ESQUECE" PROTESTOS NA RUA CONTRA CORRUPÇÃO


Após protestos, Lula defende profunda renovação do PT.  Em artigo publicado pelo ‘NYT’, ex-presidente diz que manifestações ocorreram por causa do sucesso de seu governo; ‘jovens querem mais’

Lula almoçou nesta terça-feira com os escritores Fernando Morais e Lira Neto (com ele na foto) Foto: Instituto Lula
Lula almoçou nesta terça-feira com os escritores Fernando Morais e Lira Neto (com ele na foto) Instituto Lula
 
Em artigo distribuído pelo jornal americano “The New York Times” e publicado na sua versão on-line nesta terça-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou, segundo o seu ponto de vista, os motivos pelos quais milhões de brasileiros foram às ruas no mês junho. Para o petista, a onda de protestos só ocorreu por causa do “sucesso econômico, político e social” de seu governo. A análise sustenta que os jovens “querem mais”, pois viveram um momento de bonança econômica e pleno emprego.
 
Em nenhum momento Lula cita as palavras de ordem contra a corrupção ou contra o dinheiro público gasto em estádios para a Copa do Mundo. Para Lula, os jovens querem participar da política. No texto, ele apoia a ideia de um plebiscito para a reforma política apresentada pela presidente Dilma Rousseff e defende uma reformulação do próprio PT, com a abertura de canais de comunicação para a juventude.

Mesmo o Partidos dos Trabalhadores, que eu ajudei a fundar, e que contribuiu muito para modernizar e democratizar a política no Brasil, precisa de uma profunda renovação. É preciso recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para novos problemas, e fazer as duas coisas sem tratar os jovens de forma paternalista”, diz ele, em artigo escrito em inglês.
 
 
“Muitos especialistas atribuem os recentes protestos a uma rejeição da política. Eu penso ser justamente o contrário (...) Eu só posso falar com autoridade sobre o meu país, o Brasil, onde eu acho que as manifestações são em grande parte o resultado do sucesso social, econômico e político. Na última década, o Brasil dobrou o número de estudantes universitários, muitos de origem pobre. Nós reduzimos a pobreza e a desigualdade. Estas são conquistas importantes. É natural que o jovem, especialmente aquele que ganhou mais coisas do que seus pais nunca tiveram, deve desejar mais”, diz Lula logo no início do artigo. No fim do mês passado, Lula adotou o mesmo discurso e afirmou, na Etiópia, que “feliz é o povo que vai às ruas querendo mais”.
 
O ex-presidente afirma que a maioria das pessoas que estavam nas ruas não presenciou momentos como a hiperinflação ou a repressão da ditadura militar. Eles também “lembram muito pouco sobre os anos 1990, quando a estagnação e o desemprego afetaram nosso país”, diz Lula. O petista diz que, agora, os brasileiros querem transporte público com mais qualidade, para que “a vida nas grandes cidades seja menos difícil”.
 
Lula diz que é necessária uma reforma política.
 
“Eles (os jovens) exigem instituições políticas mais limpas e transparentes, sem as distorções políticas e eleitorais (...) A legitimidade dessas demandas não pode ser negada, mesmo que seja impossível contemplá-las rapidamente”.
 
Lula ressalta ainda que as manifestações só podem ser feitas em uma democracia. Regime este que possibilita a eleição, para presidente, de “um índio”, como na Bolívia (Evo Morales), ou de um “negro”, como no Estados Unidos (Barack Obama), ou de um “metalúrgico”, como no Brasil (ele próprio).

Lula defende uma participação mais direta do cidadão nas questões políticas do país.
 
“As pessoas não querem apenas votar de quatro em quatro anos. Elas querem interagir com os governos locais e nacionais, e tomar parte das decisões de políticas públicas, oferecendo opiniões e decisões que os afetem todos os dias”.
 
O ex-presidente diz que a vontade dos jovens impõe “um grande desafio aos líderes políticos”. Segundo ele, é preciso construir meios mais eficientes de participação, seja nas redes sociais, nos locais de trabalho, nas universidades e ou em grupos de comunidades locais.
 
“É dito com frequência, e com razão, que enquanto a sociedade vive na era digital, a política vive na era analógica”, diz Lula.
 
Ele ainda elogia Dilma:
 
“A outra boa notícia (além da participação dos jovens na política) é que a presidente Dilma Rousseff propôs um plebiscito para realizar a tão necessária reforma política. Ela também propôs um pacto para a educação, saúde e transporte público (...)”.
 
Em contraste com a declaração de Lula com os rumos do PT, ontem, o presidente do partido, Rui Falcão, em entrevista ao programa da TV Cultura, Roda Viva, disse que não está preocupado com a baixa participação de petistas nas ruas.
 
— O PT nunca saiu das ruas. Com o nível de emprego hoje, as pessoas estão trabalhando. Dificilmente teremos movimentos de massa semelhantes à década de 70. Houve muitos avanços nesses período e é este o legado que vamos estar afirmando nas eleições de 2014 — disse.

16 de julho de 2013
O Globo

GRUPO DE REFORMA POLÍTICA COMEÇA COM BRIGA NO PT

À revelia do PT, presidente da Câmara indicou Cândido Vaccarezza (SP) para comandar o grupo e provocou uma crise na bancada
 
 
 
O deputado Cândido Vaccarezza
O deputado Cândido Vaccarezza. Petista foi acusado por colega de sigla de fazer jogo do PMDB (José Cruz/ABr)
Antes mesmo de ter a primeira reunião, o grupo de trabalho instalado nesta terça-feira na Câmara dos Deputados para sugerir a reformulação do sistema eleitoral brasileiro já provocou um racha no PT. O motivo foi uma disputa entre os deputados Cândido Vaccarezza (SP) e Henrique Fontana (RS) pelo comando da comissão. 
Apesar de Fontana ter sido o relator da proposta de reforma política na comissão especial e ter sido indicado pelo PT para representar o partido no grupo de trabalho, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), elegeu Cândido Vaccarezza para ser o coordenador do grupo. “É um parlamentar experiente, conciliador, agregador, que tem o respeito de toda a Casa”, disse Alves. A explicação é simples: Vaccarezza se comprometeu a defender algumas propostas que interessam ao PMDB.
Para tentar acalmar os ânimos, Alves permitiu que dois petistas integrem o colegiado - será o único partido a ter mais de um representante -, mas Fontana recusou a proposta. “O objetivo do presidente e articulado com o deputado Vaccarezza foi de criar um racha na bancada do PT. Havia uma unanimidade que me escolheu para integrar o grupo e o presidente desrespeitou essa escolha. Por que, de repente, o PT passou a merecer duas vagas? Essa generosidade do presidente é algo que exige uma reflexão irônica nossa”, atacou Fontana.
“A postura e a decisão do presidente Henrique Alves, desrespeitando a posição do PT, e especialmente o fato de ter um colega de bancada que articulou essa posição para desrespeitar a bancada do PT, é algo muito desconfortável e não cabe na minha forma de fazer política”, afirmou Fontana, que se recusou a comparecer ao Salão Verde, área de grande circulação de deputados, enquanto Vaccarezza estivesse no local. 
O deputado petista Ricardo Berzoini (SP) ocupará o seu lugar. O grupo, formado por catorze deputados, tem até 90 dias para apresentar um relatório sobre a reforma política.  
 
O que está em jogo na reforma política 

Financiamento de campanha


Como é hoje: Para financiar as campanhas eleitorais, os partidos políticos podem receber recursos privados, além de doações empresariais.
Proposta: O financiamento passaria a ser público, proveniente de um fundo partidário. Assim, haveria menor influência do poder econômico nas campanhas. Outra ideia é o financiamento misto, com recursos públicos e privados. Algumas propostas defendem ainda o fim das doações empresariais — ficaria permitido apenas as doações feitas por pessoa física.
Como mudar: Projeto de lei, que deve ser aprovados por maioria simples da Câmara e do Senado, em caso de lei ordinária, ou por maioria absoluta, quando a lei é complementar.
 
16 de julho de 2013
Marcela Mattos - Veja

BANDOS EM GUERRA: PROPOSTA DO PT PARA PLEBISCITO ALTERA SUGEST'OES DE DILMA

Proposta de plebiscito do PT não contempla todas as sugestões do Planalto
 
 
A bancada do PT na Câmara fechou nesta terça-feira (16) uma proposta de plebiscito para direcionar uma reforma política no Congresso, mas sem incluir parte das sugestões lançadas pelo Planalto aos parlamentares.
 
A sugestão de um plebiscito para a reforma política com efeitos em 2014 foi lançada pela presidente Dilma Rousseff em resposta aos protestos de rua de junho.
 
A ideia acabou enterrada pelos próprios líderes aliados por dois fatores: o fato de Dilma anunciar o plebiscito sem consultar antes o Congresso e o prazo de 70 dias estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para organizar a votação.
 
Mesmo com o enterro da proposta, a bancada do PT decidiu insistir na consulta popular. No texto, o partido faz cinco perguntas. Entre os temas abordados, dois são semelhantes ao apresentado pelo Planalto: financiamento de campanha e sistema de votação. Há duas perguntas que envolvem formas de participação: aumento da presença feminina no cenário político e da inclusão da sociedade na discussão de projetos. Por fim, há uma questão referente à perda de mandato caso o parlamentar saia do partido.
 
Nas sugestões enviadas pelo Planalto ainda constam o fim dos suplentes no Senado, o fim do voto secreto no Congresso e o fim das coligações partidárias para eleições de parlamentares.
 
Para começar a tramitar na Casa, o PT precisa recolher 171 assinaturas. Apenas PCdoB e PDT se comprometeram com a proposta. O texto petista não agradou ao PDT que pretendia discutir a convocação de assembleia constituinte para discutir uma ampla reforma.

 Sérgio Lima/Folhapress 
Vice-presidente Michel Temer e o ministro José Eduardo Cardozo(Justiça) entregam ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves mensagem com pedido de convocação do plebiscito ao Congresso
Vice-presidente Michel Temer e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) entregam aos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, respectivamente, mensagem com pedido de convocação do plebiscito ao Congresso

 
PMDB
 
O PMDB vai defender a inclusão na reforma política do fim das doações diretas para candidatos, passando exclusivamente para os partidos, e da reeleição a partir de 2018. O fim da reeleição havia sido defendido também pelo PSDB, quando o partido apresentou os pontos que pretende incluir na reforma política.
 
Segundo o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), os dois temas estão sendo discutidos pelo partido. A Câmara vai instalar nesta terça um grupo de trabalho para discutir uma reforma política. A ideia é que o texto seja votado no segundo semestre. O relator dos trabalhos será o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
 
CONFIRA AS SUGESTÕES DE REFORMA POLÍTICA
 
PlanaltoPMDBPT
Sugeriu cinco temas para serem incluídos em um plebiscito para ter validade em 2014Defende que o Congresso aprove uma reforma política e aceita discutir a realização de um referendo para avaliar a propostaTexto preliminar, que será usado no plebiscito para valer em 2016 com cinco perguntas, teve resistências e passará por ajustes
Financiamento de campanhas eleitorais (público, privado e misto)Doação exclusiva para partidos políticosVocê concorda que empresas façam doações para campanhas eleitorais?
Sistema de votaçãoFim da reeleição para cargos no Executivo a partir de 2018Qual o sistema eleitoral que você prefere para eleger os deputados: proporcional;distrital; misto ou majoritário?
Fim dos suplentes no Senado Você concorda que o parlamentar possa sair do partido pelo qual foi eleito sem perder o mandato?
Fim do voto secreto no Congresso Você concorda que mulheres ocupem, no mínimo, um terço das cadeiras da Câmara, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa do DF e das Câmaras de vereadores?
Fim das coligações partidárias para eleições de parlamentares Você concorda que a população participe opinando e propondo pela internet, quanto à apresentação de proposta de emenda constitucional, projeto de lei complementar e projeto de lei ordinária?


16 de julho de 2013
MÁRCIO FALCÃO - Folha de São Paulo

ENREDADA EM UM CONCEITO VAZIO

Junho e suas manifestações mostraram que o tabuleiro de 2014 se misturou tanto, que aquelas tendências para intenção de votos nas eleições presidenciais de há dois meses – em que Dilma fazia os demais competidores comerem poeira - mudaram radicalmente.


Nesse cenário novo, avança em caminho de paus e pedras a criação do partido Rede Sustentabilidade, formado para sustentar a candidatura supostamente outsider da ex-ministra do meio ambiente, ex-senadora e ex-petista Marina Silva.

Os apoiadores de Marina se guiam pela esperança de que, em 2014, ela vá muito além dos 19,6 milhões (19,3%) de votos angariados em 2010, quando defendeu programa macroeconômico radicalmente neoliberal - baseado superávit primário, independência do BC – e tergiversava entre valores conservadores, para agradar o voto evangélico, e propostas “sustentáveis”, para não desagradar parcela progressista de seu eleitorado.

Agora, a ex-Partido Verde quer fazer da indefinição ideológica um trunfo da Rede em seu plano de voo à vitória. Percebeu que os meios de comunicação disseminaram amplamente uma aparência desideologizada das manifestações e quer surfar na onda histórica.

Segundo notícias de imprensa, os capas-pretas da Rede orientaram seus apoiadores a não participar das manifestações, provavelmente mirando em dois alvos.


De um lado, planejando angariar eleitores entre os que são contra as PECs, contra o Feliciano, contra a corrupção blá blá blá (e que terminaram por intimidar com violência nas manifestações aqueles que vestiam camisas de partidos e centrais sindicais, numa atitude fundamentalista e fascista).

Essa primeira opção geraria um segundo produto valioso: a simpatia dos meios de informação, tornando esta Rede – supostamente também contrária ao “tudo que está aí” - um amigo simpático às corporações televisivas, que mantém enorme peso em eleições nacionais e têm ascendência justamente entre os sem-ideologia.

Pessoalmente, Marina também aposta nessa estratégia pró-desesperançados. "Ao ser questionada se é de direita ou de esquerda, Marina disse ser "sustentabilista progressista" (Valor Econômico, 12/07), como se isso significasse alguma coisa. (Não estará sozinha: o presidente do STF Joaquim Barbosa também segue a linha anti-partido)

Não foi sequer inovadora a ex-petista. Lula, seu ex-líder, quando perguntado nos anos 80 e 90 se era comunista ou socialista, respondia sem pestanejar: "Sou torneiro mecânico". No sistema lulocrático que sempre vigiu no PT, ninguém ousava dizer que aquela era uma tirada de oportunismo político diante da queda do Muro de Berlim e do “fim da história”. Mais tarde, o “torneiro mecânico”, ansioso de acessar o poder, assinou a Carta ao Povo Brasileiro. Faz-se lá ideia do que seria capaz agora alguém que se enrede em um conceito tão vazio quanto este "sustentabilista progressista".

16 de julho de 2013
Carlos Tautz, jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas.

A DESTRUIÇÃO DA CREDIBILIDADE DAS CONTAS PÚBLICAS

 

Qualquer sociedade desenvolvida, ou que pretenda se desenvolver, se sustenta em alguns poucos princípios, seguidos sem concessões. Entres eles, o respeito ao direito de propriedade, segurança jurídica e estabilidade política. É fundamental, também, a credibilidade dos poderes constituídos.

No que se refere ao Executivo, o requisito da credibilidade é crucial, por exemplo, na condução da economia, e, em especial, na comunicação com a sociedade.

Daí, o que vem acontecendo, com a demolição da credibilidade dos números das contas nacionais, ser algo de extrema gravidade, capaz de prejudicar tomadas de decisões de investidores e, assim, sabotar a própria retomada do crescimento.

Reportagem do GLOBO de domingo deu a dimensão do efeito da técnica de “contabilidade criativa” aplicada para transferir a instituições financeiras estatais bilhões arrecadados no lançamento de títulos do Tesouro — dívida pública, portanto — e que retornam na forma de pagamento de “dividendos”, para maquiar o superávit primário, um termômetro da solvência pública.



Não bastasse a receita de dividendos, por instável, não ser a ideal na composição de superávits fiscais, a maneira como eles são gerados está sob suspeição. O BNDES tem sido o banco estatal mais usado na “contabilidade criativa”, neste mágico vaivém de recursos que converte dívida em receita primária.

Eis por que o mercado acompanha cada vez mais a evolução da dívida bruta, pois estas operações não aparecem na líquida. E ela se aproxima de elevados 70% do PIB, à razão de um ponto percentual por ano, desde 2008.

A Caixa Econômica também é parte da ciranda. No ano passado, embora obtivesse um lucro de R$ 6,4 bilhões, remeteu R$ 7,7 bilhões em dividendos para o Tesouro — que, por sua vez, se endividou para “capitalizar” a CEF. A mesma discrepância entre lucros e dividendos transferidos para Brasília ocorre no BNDES: R$ 8,1 bilhões lucrados em 2012 para dividendos de R$ 12,9 bilhões.

Alega-se que lucros retidos de exercícios anteriores fazem as cifras das remessas subirem. Ora, esvaziar a única fonte de financiamentos a longo prazo do país, quando a economia necessita de investimentos, é, no mínimo, um contrassenso.

Estudo do Instituto Brasileiro de Economia, Ibre, da Fundação Getúlio Vargas, calcula em 38% a queda do patrimônio do BNDES, entre março de 2011 e março de 2012, segundo “O Estado de S. Paulo”. O banco explica a erosão pela queda da Bolsa. Então, que se paguem menos dividendos.

O objetivo da “contabilidade criativa” e da pressão em geral por mais dividendos é mostrar uma realidade de contenção fiscal que não existe na vida real. Ao contrário, até se criam futuros “esqueletos” (dívidas e rombos ocultos nas contas públicas) no circuito do setor elétrico, desestabilizado pela intervenção atabalhoada do Planalto no corte da tarifa. O ex-ministro Delfim Netto tem razão na irritação crescente com as mágicas em curso no embonecamento das contas públicas.

16 de julho de 2013
Editorial d'OGlobo

O DIREITO DE OFENDER


 Me escreve Roberto Xavier:
Caro Janer

Mais uma vez venho por meio desta, reafirmar minha admiração pela maneira como você aborda os vários temas em todos os setores da vida humana. Necessário se faz, para um bom entendimento e coexistência pacifica entre todos, uma imensa carga de sacrifícios de valores pessoais e de compreensão aos valores alheios.

Seguindo por este caminho, ao ler seu artigo sobre a aposta do Papa nos jovens, em sua visita ao Brasil, eu devo, de uma forma manifestar minha opinião, sem grandes vinculações a dogmas ou crenças, quanto à questão de você afirmar com veemência sobre ressurreição ou não, sobre divindade ou não. Segundo sua próprias palavras:

“Há vinte séculos pensadores têm demonstrado o engodo do cristianismo,sua doutrina baseada no credo quia absurdum, sua transformação em doença de tudo que foi um dia saúde, sua anulação do homem transferindo seu destino para uma imortalidade que não existe, sua crença em um deus que tampouco existe, em uma ressurreição que não houve nem poderia haver...”

Eu sempre carrego comigo, uma tese que me protege contra os perigos de cair em algum fosso obscuro de fanatismo ou ceticismo cegos e surdos. Tal tese, que na verdade é um pequeno enunciado que escrevi em um pedaço de papel de embrulhar pão, guardado na minha carteira, e que diz o seguinte:

"Lembre-se, ao contestar qualquer teoria, tenha sempre em mãos ao menos uma comprovação cabal e inconteste sobre aquilo que está a defender", sob pena de se cair no remoinho inútil das discussões estéreis."

Neste caso, no que concerne tais afirmações, quanto à existência ou não existência daqueles eventos por você acima citados, ao que parece tudo indicar, não existem comprovações nem em favor e nem contra tais especulações, a não ser aquelas que indicam para a lógica elementar pura e simples.

No que diz respeito às coisas espirituais, que tratam de questões referentes à morte e/ou sobrevivência ou não após este fenômeno, isto só poderá ser verificado com maior segurança e clareza depois que o indivíduo cruzar este portal. Aos que ficam, aqui neste mundo, resta apenas os dois parceiros inseparáveis do homem; a dúvida quanto ao que se sabe, e a certeza daquilo que não se conhece.

Muito grato pela atenção.


Meu caro Roberto,

Louvável, sem dúvida alguma, sua preocupação em respeitar crenças alheias. Mas... mas... mas... de sua mensagem, deduzo que não podemos, por exemplo, negar a existência dos centauros. Prova negativa é complicado. Nada prova que os centauros não existam. Se não os temos visto contemporaneamente, há relatos lendários sobre suas existências. É uma impossibilidade lógica? É! Mas, a deduzir do que você diz, as comprovações “que indicam para a lógica elementar pura e simples” de pouco ou nada valem. No caso da vida após a morte, seria preciso cruzar o portal para afirmar qualquer coisa.

Cruzando o portal estamos todos os dias. Ocorre que ninguém volta. Há religiões que dizem que voltamos, a começar pelo cristianismo. Isto sem falar nas teorias da metempsicose, anteriores ao próprio Cristo, e já denunciadas por Celso (volto amanhã ao assunto). A verdade é todos estes testemunhos se revelaram pertencentes ao território do wishful thinking e nunca tivemos depoimento digno de crédito. Pessoas de curto raciocínio, que julgam ser desejável a vida eterna, costumam crer em relatos fantásticos e fazem disto uma fé. Pensassem ao menos um pouco, fugiriam em pânico ante a idéia de eternidade. O que dá valor à vida humana é precisamente sua fugacidade.

Contestei o cristianismo lá por meus quinze, dezesseis anos , quando vivia ainda em Dom Pedrito, em uma época em que adolescentes liam e questionavam a educação recebida. De lá para cá, minhas convicções mais profundas em pouco ou nada mudaram. Com a mesma certeza que neguei na época a inexistência do que não existe – e não eram os centauros que estavam postos em causa – eu a nego agora.

Os padres não apelaram ao respeito a crenças alheias, este vício de nossa época politicamente correta. Vieram por outro lado, com o surrado argumento da autoridade. Para desgraça de meus catequistas, muito cedo comecei a ler a Bíblia. Como não há fé em Deus que resista a uma leitura atenta da Bíblia, minhas dúvidas começaram a inquietar os oblatos. Um sacerdote de Bagé, franzino e inquisitorial, veio às pressas para tentar trazer o herege em potencial de volta ao rebanho.

Discutimos um dia todo, com várias jarras de água e um almoço de permeio. A cada preceito de fé que eu contestava, o padre Fermino Dalcin me jogava no rosto a acusação: "Arrogância. Orgulho intelectual. Quem és tu para contestar, aqui em Dom Pedrito, o que autoridades decidiram em Roma?"

Era um argumento pesado para um piá de uns quinze anos. Eu só tinha como defesa descrer do que não conseguia entender. Mas resisti e consegui, ainda adolescente, libertar-me do deus judaico-cristão. Padre Fermino podia escorar-se na Bíblia, em Paulo ou João, em Tomás de Aquino ou Agostinho. Eu me escorava firmemente naquilo que você chama de “a lógica elementar pura e simples”, a boa e velha lógica que já está em Aristóteles e que diz, singelamente, que se A é igual a B, e B é igual a C, temos então que A igual a C.

Minhas convicções ferem as alheias? O que penso ofende outras pessoas? Respeito todas as fés, cada um creia no que quiser e boa sorte a todos. Mas não vou negar o que penso só para não magoar delicadas psiquês.

Estou apenas exercitando faculdade reconhecida pela Corte Européia de Direitos do Homem, o direito de ofender. O acórdão Handyside, de 1976 – que, no Brasil, acho que sou o único a citá-lo - declara com todas as letras:

A liberdade de expressão vale não apenas para as informações ou idéias acolhidas com favor, mas também para aquelas que ferem, chocam ou inquietam o Estado ou uma fração qualquer da população. Assim o querem o pluralismo, a tolerância e o espírito de abertura, sem o qual não existe sociedade democrática.


16 de julho de 2013
janer cristaldo

ZEITGEIST SEMANAL

           
          Artigos - Cultura 
LEIO N’O GLOBO: “Para brasileiros, mídia é a entidade mais confiável”. Oh My! Será mesmo que li essa enormidade? Atualizo a página e LEIO N’O GLOBO: “Para brasileiros, mídia é a entidade mais confiável”. Sim, é verdade. Juro pela alma do mc daleste – mais a do Safatle, de troco (se é que ele tem uma). Não vou emporcalhar minha página com o link.
Acreditem em mim. Se vocês são brasileiros e acreditam na mídia, então vocês acreditam em qualquer coisa. Acreditem em mim. 66% cabeças de gado guarani-kaiowa consideram que os veículos de comunicação são confiáveis. Em suma: brasileiros são a entidade menos confiável do universo. Elevamos a estupidez ao estado da arte. É o único Nobel que merecemos. Antes ler isso do que ser cego. Antes SER CEGO do que ler isso.
*
BOLSA-FILISTEU (para os íntimos, ‘vale-cultura'): projeto da Marta Suplicy será assinado pela presidente na próxima semana. A patacoada é a seguinte: empresas estatais (todas) vão repassar um benefício mensal de cinquenta dinheiros para os trabalhadores que recebam até cinco salários mínimos (cinco salários já não caracterizam a classe-média fascista?). O cidadão terá, portanto, uns trocados a mais para consumir os bens culturais que porventura os artistas chapa-branca vierem a produzir. Todo mundo agora vai poder se ilustrar dignamente, vejam só.
E o mais importante: o benefício será cumulativo. A pessoa pode juntar as figurinhas e comprar um instrumento de batuque, um dvd do mc daleste, uma revista de qualidade como a 'caros amigos' ou, se suas necessidades por cultura forem prementes, chacoalhar o esqueleto num ‘batidão’ qualquer. "A pessoa pode usar com tudo que for majoritariamente cultural, cinema, teatro, museu, livraria, banca de jornal e instrumento musical.
Se não tem produção cultural na cidade, como a pessoa vai gastar?”, diz a ministra. Para resumir é o seguinte: o dinheiro do estado (eu, tu, ele, nós, vós, eles) criará demanda e financiará mais produções – “majoritariamente culturais”, hein? – execráveis de vagabundos respectivos, nesse que é o mais eficiente sistema de arrendamento de liberdades artísticas e intelectuais de que se tem notícia. Ditadura de esquerda? Nós não precisamos disso. Nossos outsiders são mais insiders que os outsiders dos outros.
 
12 de julho
 
ZEITGEIST ‘Espírito do tempo’, ou: conjunto de merdas costumeiramente pensadas, sentidas, acreditadas, ditas e escritas num dado momento histórico. Por exemplo: as gentes esclarecidas promovem o aborto e todo aquele lero-lero sobre partes do corpo, direitos da mulher e demais estultices, mas ficam horrorizadas se você pisa num ovo de tartaruga ou derruba árvore centenária que pende sobre sua casa. A vida concebida no ventre materno não é vida – e, se é vida, não é vida humana –, mas quando encontram a porcaria de uma bactéria numa porcaria qualquer de planeta é aquela gritaria: “Vida! Vida!”. Direitos do nascituro? Nascituro tem é de ficar quieto – pequenininho demais pra já começar reclamando! –, enquanto o malandro com 17 anos e 11 meses que executa criança deve ficar só um pouquinho na Fundação Casa e depois ser ressocializado e comprar pão na padaria, que nem você. Padre não pode dar um pio nem mesmo para seus fiéis – nem para as velhinhas beatas –, mas temos de conceder nossa atenção e nosso respeito aos pensadores da Frei Caneca, quando resolvem dissertar sobre todas as coisas tidas, havidas, moventes e viventes entre o céu e a terra. Retirem-se os símbolos cristãos do alcance da vista! Mas a foice e o martelo, e a foto daquele cão vadio (aka Che Guevara) na camiseta da molecada representam o que há de mais atual no quesito ‘liberdade de expressão’ (Korda, seu puto, eu não esqueço de você). Em suma, Zeitgeist: 'Obras Completas' do Leonardo Sakamoto. Introdução e notas por Vladimir Safatle.
*
ENGRAÇADO isso de se dar nome aos bois. Aos bois não: aos carros. Você tem o, vejamos, ‘Fiesta’. Daí eles trocam uma lâmpada e lançam o ‘Novo Fiesta’. Trocam a luz de freio e vira ‘Novo-New-Fiesta’. Mais um botão no painel e a porra do carro vira ‘Novo-New-Neo-Fiesta’. Um pouco mais e temos o ‘Novo-New-Neo-Eu-To-Falando-Que-Dessa-Vez-É-Diferente-Fiesta’. E por aí vai. Gosto mesmo da famigerada obsolescência programada. Sério. Deus me livre de ficar com o mesmo objeto por trezentos anos. Sou conservador mas não sou tarado. Agora, essas inovações de carros e telefones celulares já são outros quinhentos. Guénon deve estar por trás disso aí, hein, não sei não.
*
ME PERGUNTAM TAMBÉM (virei o gênio da lâmpada, parece. Queria avisar as gentes que o gênio da lâmpada é o Ronald Robson. Grato) o que eu penso sobre a Fernanda, aspas, Young (já passa dos 40, salvo engano). Nunca li. Sei que ela escreveu aquela bobagem que passou na tv globinho – ‘Os Normais’, confere? Se não, problema de quem escreveu. Mas o que tenho a dizer da Fernanda Young com aquela cara de ‘Oh como eu sou pós moderna e sexy com esse jeitão aqui de quem sabe do vazio civilizacional de que Freud falava’ que ela tem é o seguinte: ela fotografou pelada para a revista Playboy, fiquei sabendo. E eu nem dei por isso. Fim.
*
PENSE NUM escroque. Sujeito sem vergonha, mesmo, amigo de gente da pior qualidade. E, mesmo assim, o sacripanta fala sobre coisas importantíssimas e está certo sobre muitas dessas coisas importantíssimas. Aquele tipinho que você não pode ignorar; antes, você tem de prestar muita atenção no que ele anda dizendo, ainda que não seja lá razoável 'gostar' dele. Um gênio do mal, ou algo próximo disso. Tem cabelo branco e tem nome: Julian Assange.
 
11 de julho
 
POLÊMICA: sou contra a pena de morte. Por essa vocês não esperavam, hein? Duas dúzias de amigos conservadores devem, neste exato momento, estar considerando seriamente a possibilidade de desfazer tão nefasta amizade. Eu os traí. Eu sou o Caim do conservadorismo. Mas não, amigos e inimigos, eu não os traí. Eu traí a agenda. Muito embora enquadramentos ideológicos sejam pouco interessantes, não tenho problema algum em assumir meu conservadorismo. Antes: a ‘disposição conservadora’ de que fala Michael Oakeshott, reativa e necessariamente cética. Mas assumir essa disposição não significa carregar todo o pacote pra casa.
 
Devo mais à minha consciência do que a um conjunto de preceitos políticos ou a um cortejo de Abéis. Sim, eu sei que nem mesmo a Igreja Católica condena a pena capital. Santo Tomás de Aquino escreveu sobre e o fez muito bem – e eu não tenho pena dos vilões. A questão é outra e a questão é simples. Se, como conservador, nego ao estado, em princípio, a prerrogativa de tributar; se nego ao estado o monopólio da educação; se me desagrada que o estado regule a economia e se, enfim, quero o estado limitado às funções mínimas que nem bem sei quais seriam – tamanho meu repúdio prudencial ao ‘detentor do monopólio da força’ –, então não me parece razoável que eu conceda ao estado o maior poder entre todos: o de decidir quem pode viver e quem deve morrer. Admitir que o estado execute é, na prática, aceitar o muito e rejeitar o pouco. É cuspir um Jean Wyllys e engolir um Josef Stalin.

*
OH LORD: me perguntam o que penso sobre aquela adolescente tardia, a Marcia Tiburi. E por dois minutos e meio resolvi pensar que ela deveria pensar algo que preste, de vez em quando, e ter comportamento respectivo. Mas prefere fazer caretinhas com aquelas gengivas pornograficamente de fora. Ela acredita que suas caretinhas sejam uma graça. Não são. Ela acredita que as bobagenzinhas que escreve sejam uma graça. Também não são.
As garotas vagamente feias e desajeitadas do colégio? Algumas delas resolvem estudar filosofia ou ciências sociais e viram a Marcia Tiburi. Só para mais tarde poderem dizer – depois de setecentos e noventa e quatro relacionamentos frustrados – que o casamento monogâmico não funciona, que a melhor forma de não se fazer sexo é casando, que homens são de marte e mulheres são de vênus, e as bobices todas que qualquer mulher um pouquinho mais razoável já teria superado depois dos vinte. A propósito: sabiam que o Pondé perdeu um debate pra ela? Pois é, num daqueles cafonérrimos cafés filosóficos. Fodão, ele. E pronto: já pensei na Marcia Tiburi.
*
NO TEMPO BOM em que as crianças nasciam de papais e mamães e não do cruzamento de wyllyzinhos, cena bastante costumeira era vista: o garoto estava na rua a jogar bola, a incomodar os vizinhos, a apertar a campainha alheia (sim, eu confesso) e, duas horas mais tarde, ouviria um grito que gelava sua espinha: “Sai da rua, moleque! Vem já pra dentro tomar banho, estudar e comer!”. Eu ouvia isso e, garanto, em dez segundos, estivesse onde estivesse, voltava pra casa. Obediente como um soldado. Contrito como um santo.
 
Era o tempo, aliás, em que as bolas entravam no quintal alheio e de lá saiam invariavelmente retalhadas – e ali acabava o futebol. Mas todos compreendiam, sem muitas palavras, que não se pode incomodar os vizinhos. Exercíamos nossa rebeldia (natural, para a idade) até certos limites que não seriam ultrapassados.
 
Muita coisa mudou desde então, e hoje o grito que se ouve já não é mais da mãe ou do pai que, em casa, exigiam que saíssemos da rua. Hoje é o grito da rua que nos exige sair de casa: “Vem pra rua!”, ouço daqui. Agradeço a lembrança, mas declino do convite. Não contem comigo. Vou já pra dentro tomar banho, estudar e comer.
*
MANIFESTANTE BRASILEIRO aprendendo a conjugar civicamente os verbos: Eu protesto/ Tu trabalhas/ Ele trabalha/ Nós protestamos/ Vós trabalhais/ Eles trabalham.
 
10 de julho
 
ERA UMA VEZ um parque, cheio de eucaliptos e sombra. No parque havia também um lago e, no lago, patos. Lá eu passei muitas tardes na infância. Vinte anos depois daquela infância, não há mais eucaliptos, lago ou patos. Quase não há crianças porque quase não há parque. O que se tem, agora, é espaço – muito espaço – e objetos desconexos, como que autossuficientes. Um arquiteto qualquer há de ter visto fotos de um idílico gulag, e dali terá vindo sua inspiração. Não pode ser outra coisa. A arquitetura moderna, no limite, é isso: uma forma sofisticada de se ignorar as pessoas e louvar o cimento. O concreto. O inorgânico. Grandes espaços vazios – e, como os urbanistas gostam de dizer, ‘planejados’ – para que as pessoas os 'usem'. Mas viver em cidades é não planejar viver em cidades: é conviver, é habitar. Desejar estar ali e cultivar hábitos. Um prédio qualquer do – morreu mesmo, certo? – Oscar Niemeyer é um culto ao isolamento e ao egocentrismo. Pois o que nos protege da violência urbana e da solidão não são as praças desportivas ou as ruas cuidadosamente desenhadas, mas as ruas tais como são: cheias de gente, movimento e arranjos ocasionais. E também os parques com eucaliptos, sombras, lago e, se calhar, uns patos. A arquitetura moderna é um lugar onde não se quer estar.
*
PETISTAS reclamando do Jô Soares, que parece ter reclamado da presidente de mentirinha, que parece ter reclamado para o presidente de verdade, que há de reclamar do Jô Soares. – in ‘Quadrilha’, atualização da.
*
MC's et caterva (antes) "Nóis é foda nóis é vidaloka puliça raça do caralho".                            
MC's et caterva, and mommy (depois): "Mimimimimimimimi".
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SOCIALISMO: quando duas (ou mais) cabeças NÃO pensam melhor do que uma.
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MISANTROPOS de todo mundo, desuni-vos!
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É SEMPRE divertido lembrar: para que as tais ‘pessoas LGBT’ existissem, e fizessem o barulho que fazem, e votassem no Jean Wyllys, e pretendessem proibir a Bíblia, e reclamassem do coitado do papa, e sapateassem gritando que tudo, tudinho é homofobia – até o que não é homofobia é homofobia, senão eles ficam bravos –, e estudassem sociologia, e fundassem ongs, e um longo etc, foi preciso que certo dia um casal bem reacionário, conservador mesmo – boring a mais não poder –, tivesse ao menos uma relação heterossexual daquelas de antigamente: sem grandes pirotecnias, mas que funcionam desde que o mundo é mundo. Que foda, hein, que foda. Em suma: para cada wyllys falante há um casal de bolsonaros fazendo a coisa como sempre foi feita. Paciência. Mas só queria dizer isso, antes de dormir. Por pura ruindade.
9 de julho
NÃO CONCORDO com uma só palavra do que você diz, mas defendo até a morte (não, nem tanto; só se for a sua) seu direito a pensar melhor, considerar as possibilidades todas, amadurecer as idéias, tomar juízo na vida, conversar com sua mãe e, enfim, voltar aqui rapidinho e concordar comigo.
*
CHEGA INFELIZMENTE ao meu conhecimento certo filme que pretende revelar coisas sobre aquela amazona de triste figura que atende por esse nome tão, como direi, rococó: “Desvendando Jean Wyllys: quando a verdade vem à tona”. Se o filme fala coisas ruins sobre a entidade em questão, eu concordo com o filme. Nem sei do que se trata, mas concordo com o filme. Onde é que eu assino? Mas uma coisa é certa: passo a vez. Se tem uma coisa no mundo que eu não quero nunca – vivo, morto ou zombie – é ‘desvendar’ o nobre deputado. Ele tem é de ficar vendado, amordaçado, encapuzado, enfaixado e embalado pra viagem (de ida). Deus me livre e guarde.
*
CHUCKY (aka Dilmão) acordou invocada(o): resolveu que os médicos recém-formados terão de trabalhar no SUS por, pelo menos, dois anos (os cubanos já chegaram? Disso eles entendem). Só faltam agora os hospitais, os remédios e os agentes da polícia política. Mas eu queria mesmo é ver a(o) presidente trabalhar por dois anos – ao menos dois anos! –, depois de eleita(o). Digo isso e faço já um mea culpa: pior do que político que não cumpre o que promete é político que cumpre o que promete.
*
SÓ ME CONFIRMEM uma coisa: a canaille, enfim, parou de protestar? Faz dias que não oiço nada sobre violentas manifestações pacíficas, ônibus acidentalmente incendiados por jornalistas, gás pimenta pra cá, vinagre pra lá, brioches, pec's, patriotismo de fancaria, estupidezes e a burrice costumeira que se exibe no jornal das 20h. Já quase estou com saudades de me emocionar com a charanga toda. Mas deixa eu voltar a dormir que esse clima não está nada bom aí fora, e hoje acordei homofóbico. Vamos ver se passa. Good morning, and good luck.

16 de julho de 2013
Gustavo Nogy
Publicado no site Ad Hominem.

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              Artigos - Cultura       
 
Uma notícia interessante apareceu no Newsmax por meio da seguinte manchete: Bilionários descartam ações, economistas sabem porquê. Resumidamente dizendo, o artigo declara que Warren Buffet e outros bilionários não têm confiança no futuro das companhias americanas "que não estão propensas a mudanças" por causa das recentes amostras de "desempenho frustrante".
O resto da matéria é uma propaganda de um economista que fez previsões acerca de uma grande correção no mercado. Tais previsões, evidentemente, são efemeridades. Como alguém pode ter a pretensão de prever o futuro?
 
O economista político Max Weber é conhecido em boa parte por seu A ética protestante e o espírito do capitalismo, onde ele argumenta que a ética puritana influenciou o desenvolvimento da sociedade de mercado. Weber quis ser científico quando se tratava de economia e no modo com que as pessoas lidam com a incerteza.
Para esse fim, Weber escreveu Economia e Sociedade, onde ele dividiu a ação social em quatro tipos: (1) instrumentalmente racional; (2) racional em relação aos valores; (3) afetiva ou (4) tradicional (ou de “hábitos arraigados”). Desses quatro tipos de ação, podemos presumir que a previsão de mercado se encaixa em uma das duas primeiras.
 
A ciência, para Weber e vários outros cientistas, trata-se de previsão. Se você quiser entender a ação humana na economia, você precisa de algum tipo de tipologia compreensiva para vislumbrar os fatores em jogo.
Na economia não se pode explicar tudo que acontece em termos de um indivíduo buscando racionalmente vantagem pecuniária.
Um grande negócio depende de fatores irracionais que raramente são discutidos. Tais fatores são desesperadamente entrelaçados com outros – como no caso da ação produzida pelo puritanismo na economia de mercado dos séculos passados.
 
Weber esteve particularmente interessado no papel que a religião desempenha na atividade econômica. E se Weber estivesse vivo hoje, ele ficaria fascinado ao ver que essas crenças irracionais de origem não-religiosa estão tendo um profundo efeito na economia atual.
Com efeito, essas crenças irracionais estão tão fortemente presentes, que não podemos sequer discuti-las sem entrar em controvérsias. Deve-se ou acreditar ou ser um inimigo da crença. Em ambos os casos não existe discussão racional.
Porquanto os verdadeiros crentes são, verdadeiros crentes e em todos os lugares é possível achar um e constatar sua influência. Eles tiranizam nosso pensamento e trazem junto profundas mudanças sociais e econômicas na sociedade.
 
Talvez o que mais fascina em Economia e Sociedade é a seção intitulada “A Dominação Carismática e sua Transformação”. Não devemos subestimar esse fator eminentemente irracional e misterioso na economia e na história política, pois é durante uma grande crise que uma liderança carismática tipicamente vem à tona. Weber explica assim: “Todas as necessidades extraordinárias (...) que transcendem a espera da rotina econômica diária, sempre foi satisfeita (...) por uma base carismática.
Quanto mais voltamos na história, mais predominante é essa realidade”. Em outras palavras, o verdadeiro líder carismático aparece em tempos de angústia e não em tempos de paz e prosperidade. Ele aparece no começo do fim das coisas.
Ele pode ser descrito como Cristo se descreve no Livro do Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.”
 
O líder “natural”, aquele que é carismático, aparece como se a Providência tivesse evocado ele. Ele fala como se tivesse uma autoridade advinda de uma fonte superior. Tais líderes, escreveu Weber, “não eram pessoas que ocupavam um cargo público, nem que exerciam determinada "profissão" especializada e remunerada, no sentido atual da palavra, mas portadores de dons físicos e espirituais específicos, considerados sobrenaturais”.
O líder carismático parece estar abrindo caminho para algo que provém de uma origem “superior”. Quando o líder carismático fala, as pessoas ficam mesmerizadas ou fascinadas com seu inspirado fervor. Elas podem até sentir que estão ouvindo a Palavra de Deus.
 
Não devemos ficar presos, diz Weber, a uma noção estritamente religiosa de carisma. Em um mundo cada vez mais secular, onde a política tomou o lugar da religião, o líder “carismático” pode ser um orador com um magnetismo que hipnotiza as massas enquanto elas parecem flutuar dentro e fora de uma espécie de êxtase religioso.
Deixando de lado as fraudes e atos de circo, Weber sugere que tal liderança é real e tem um impacto profundo onde quer que apareça. Na sociedade complexa de hoje pode haver líderes carismáticos em muitas esferas da vida, mesmo em corporações.
Considere os gênios de inspiração semidivina Thomas Edson e Nikola Tesla. Ambos se dedicaram a um projeto que transformou a economia mundial. É o caso de perguntarmo-nos: De que lugar veio essa extraordinária inspiração?
 
É interessante notar que a palavra “genius” vem do latim genius, genii, que faz referência à divindade tutelar de cada pessoa, família ou lugar. Alguém acredita seriamente que inspiração criativa é algo racional? Ou será que é algo místico? E não é a economia, em grande parte, guiada pela inspiração criativa?
Com efeito, não sabemos qual invenção ou descoberta científica pode derrubar todas as nossas expectativas econômicas (sejam elas otimistas ou pessimistas). Considere as consequências econômicas do computador e do smartphone por onde você lê este artigo.
Trinta anso atrás, esses produtos (da forma que estão) não existiam. O que existirá daqui a 30 anos? Talvez possa existir inimaginável e maciça prosperidade.
 
Por outro lado, pode haver apenas escombros e destruição. Nessa conjuntura, não podemos simplesmente visualizar o futuro com certeza, pois muitas possibilidades estão abertas a nós. Dadas as forças criativas e carismáticas à solta na economia global, não há futuro certo, nem um padrão discernível ou seque um passado para poder comparar com os dias atuais.
 
O carisma, diz Weber, é uma força revolucionária tanto na sociedade quanto na economia. É assim, pois o líder carismático cria uma nova desobrigação ao instituir uma nova lei ou ao instigar um novo modelo de vida “em favor da glorificação exclusiva do autêntico espírito profético e heroico”.
Deste modo, as pessoas são inspiradas pelas histórias de Tesla ou Edison, ou mesmo pelas histórias dos bilionários que fizeram sua fortuna por meio de um tipo de pensamento que simplesmente impressionam quando confrontados com o senso comum. E sim, até mesmo os bilionários podem ser líderes carismáticos.
 
Talvez a maioria das pessoas – que por sua vez não têm inspiração – precisam seguir alguém. O problema tanto para investidores quanto para seguidores é o discernimento. Qual profeta financeiro tem o dom da graça? Qual tem genuíno carisma e genuína inspiração? E estamos corretos em pensar que pessoas extraordinárias possuem um entendimento extraordinário das coisas (o que faz com que elas consigam grandes feitos)? E se o carisma é real, como afirma Weber, é algo que se possui permanentemente ou é temporário?
Certamente não podemos negar que Joana D’Arc era um exemplo de liderança carismática, embora as “vozes” tenham-na abandonado antes de ela ser queimada como bruxa. Então, mesmo se pudermos reconhecer um líder financeiro genuinamente inspirado, como podemos nos certificar de que ele não perdeu subitamente sua graça da mesma maneira que Joana D’Arc?
 
O manancial da criatividade humana vem da alma, que por sua vez deve se permanecer como misteriosa. Talvez seja verdade que a ciência não seja melhor em prever a ação humana que o xamanismo. E assim ficamos a seguir a nossa própria análise da economia ou a de outra pessoa.
Mas quem, de fato, segue a própria análise? Em última análise, mesmo as nossas inspirações podem vir de fora de nós (isto é, se nossas inspirações forem genuínas).

16 de julho de 2013
Jeffrey Nyquist
Publicado no Financial Sense.
Tradução: Leonildo Trombela Júnior

VERGONHA: CANTORAS GOSPEL DÃO APOIO A DILMA ROUSSEFF

       
Depois de tanto tempo, onde está o amadurecimento de Valnice e outros?

Nero precisará chegar ao ponto de queimar seus templos para eles acordarem e sentirem na pele as próprias desgraças que o governo de Dilma vem provocando no Brasil?

De acordo com o Blog do Planalto, as cantoras gospel Ana Paula Valadão, Bruna Karla e Damares estiveram hoje com a prezidenta Dilma Rousseff para “uma demonstração de apoio e solidariedade.” A presença evangélica incluiu também: Cássia Helena de Sousa, Eyshila Oliveira Santos, Ezenete Alexandrina, Fernanda Hernandes Rasmussen, Irene Maria Hermenegildo Lopes Correa, Juliana Alonso Machado, Leonor Alonso Machado, Mara Maravilha, Maria do Carmo Araujo, Maurizete da Silva Catarina Acioli, Rubia Pinheiro Fernandes, Sonia Haddad Moraes Hernandes e Valnice Milhomens Coelho.

Marcelo Crivella, um dos mais importantes líderes da Igreja Universal e aliado do governo petista, disse: “Temos neste país uma solidariedade entre as mulheres e foi isso que as cantoras, bispas e pastoras vieram demonstrar.” Crivella foi o articulador do evento e seu único objetivo foi tornar as cantoras dão aliadas do governo quanto ele mesmo é.
Além de Crivella, outros membros importantes do governo presentes eram Gleisi Hoffmann e Gilberto Carvalho, que no ano passado desabafou que os televangelistas neopentecostais são a maior ameaça ao avanço da agenda abortista e homossexualista do socialismo no Brasil. Talvez seja por isso que até agora não tenham convidado, para um encontro com Dilma, o Pr. Silas Malafaia.
Cantoras gospel com Dilma
O pastor assembleiano também explicaria para Dilma o perigo da Lei da Palmada, que tem o aposição da vasta maioria da população do Brasil, mas encontra-se sob votação amanhã apenas porque um ministra de Dilma, Maria do Rosário, pensa que pais e mães que disciplinam seus filhos merecem castigos estatais.
Carvalho, que cuida das reuniões de sua patroa com os evangélicos, não se lembrou de trazer Malafaia, mas já trouxe, como primeira leva de evangélicos para se encontrar com Dilma, Ariovaldo Ramos e a Rede Fale, mais conhecida como Boca de Abobrinha. Ariovaldo já era conhecido de Carvalho e os dois firmaram, na Igreja Presbiteriana de Brasília, uma parceria governo-evangélicos no começo deste ano.
Quanto às cantoras gospel, o Blog do Planalto deixou claro que a reunião delas com a prezidenta “não possuía pauta específica,” isto é, nada de falar sobre aborto ou Lei da Palmada. Foi uma reunião apenas de apoio e solidariedade, cafezinhos e sorrisos, e todos terminaram sorrindo.
Diz a lenda que Nero, o imperador de Roma, mandou incendiar a cidade e colocar a culpa nos cristãos. Enquanto Roma ardia em chamas, Nero cantava e tocava harpa.
Nero toca enquanto Roma queima

No Brasil, seria cômico se não fosse trágico: Enquanto o Brasil arde em crises e Dilma está prestes a sancionar o aborto no Brasil, as cantoras gospel estão cantando e tocando harpa. E sorrindo!
Se estivesse vivo hoje, Nero não estaria sozinho cantando e tocando enquanto Roma era destruída pelo fogo.
Enquanto o governo de Dilma usa toda a sua musculatura contra o povo brasileiro para criminalizar os pais e mães que disciplinam seus filhos, as cantoras gospel só têm um pensamento: prestar apoio e solidariedade a Nero.
Nada de incomodar Nero com questões de aborto e direito dos pais educar seus filhos em casa.
Essas duas questões ficaram totalmente de fora da pauta oficial das cantoras gospel. O Brasil, pelo visto, pode legalizar o holocausto de bebês que as cantoras gospel jamais pensarão em importunar o Nero de saias com uma questão que não merece ser discutida em reuniões no Planalto.
Valnice e Ana Paula Valadão com retrato de Marina, conforme divulgado no Twitter da cantora

E para completar o caos gospel, Ana Paula Valadão e Valnice Milhomens fazem questão de aproveitar a visita para posar ao lado de foto de Marina Silva. Faz todo sentido. Se você pode apoiar um Nero de saia sem fazer cobranças morais, você pode também apoiar uma melância de saia, verde por fora e vermelha por dentro.
Para Valnice, o caos é muito pior. Quase vinte anos atrás, o programa Pare & Pense de Caio Fábio colocou Valnice como apresentadora de um espetáculo jamais visto na programação evangélica do Brasil: Lula sendo, em época de eleição, apresentado ao público evangélico.
Caio Fábio e Lula. Embora fora da foto, Valnice também estava presente

Anos depois, Caio Fábio confessou que a presença de Lula em seu programa de TV era sua estratégia para aproximar Lula dos evangélicos. Valnice, que diz ter dom de revelação, nada viu da manipulação e nem enxergou como ela foi peça-chave do engodo do mestre-cuca da Teologia da Missão Integral.
Depois de tanto tempo, onde está o amadurecimento de Valnice e outros?
Nero precisará chegar ao ponto de queimar seus templos para eles acordarem e sentirem na pele as próprias desgraças que o governo de Dilma vem provocando no Brasil?
Nesse ponto, não cantarão nem tocarão enquanto seus enormes templos estiverem queimando. Mas hoje, enquanto o mal não lhes toca, lavam as mãos e continuam cantando e tocando enquanto o fogo das crises petistas ameaçam outras vidas.
Para se isentarem de responsabilidade, não basta dizerem que foram até Dilma somente para orar. Desde quando oração não deve envolver palavras de advertência profética, especialmente num momento em que Dilma está prestes a assinar a lei que liberará o Holocausto de milhões de bebês em gestação no Brasil?

O profeta Elias era um homem de muita oração. Quando estava diante de Acabe e Jezabel, ele falava as palavras de Deus, doesse a quem doesse. E doía, exatamente no rei Acabe e sua maligna esposa Jezabel, que não gostava das palavras e ações do profeta. Ore, por favor, para que um pouco da unção de Elias seja concedido às cantoras gospel.
Não vou seguir o exagero de alguns que estão sempre loucos para chamar essas cantoras de apóstatas. Muitos desses criticadores, aliás, adoram Ariovaldo Ramos, que se alia ao governo do PT de forma muito mais vergonhosa. Mas é fato que elas não imitaram Elias, que é um modelo de intercessão e boca profética na frente de Acabe e Jezabel.
Muitos líderes evangélicos do Brasil passaram anos envergonhando o Evangelho diante da versão brasileira de Acabe (mais conhecido como Lula), e agora as cantoras gospel perderam uma oportunidade de ouro de serem vozes não só de oração, mas também de advertência profética diante da versão brasileira de Jezabel, cujo governo é movido por uma obsessão infernal de baalismo pró-aborto e pró-sodomia.
Não estou escrevendo este texto para atacar Ana Paula Valadão e outras. Quando necessário, já defendi Valadão, conforme mostra artigo neste link: http://bit.ly/13HCRDM
Mas há momentos em que até mesmo as estrelas gospel precisam de um puxão de orelha.
Se minha esposa estivesse na reunião com Dilma, falaria o que ela precisa ouvir sobre aborto, Lei da Palmada e outros assuntos que são obrigatórios na pauta de verdadeiras cristãs. Mas como não temos o privilégio que as cantoras gospel tiveram, pelo menos recomendo que todos assinem uma petição para que Dilma não sancione a lei de aborto no Brasil. A petição está aqui: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2013N42425
Vamos também nos mobilizar contra a Lei da Palmada, e você pode encontrar informações aqui: http://bit.ly/1bg5Ios
É o mínimo que podemos fazer enquanto o Brasil arde em chamas e crises provocadas pelo partido da Nero de saias.
16 de julho de 2013
Julio Severo            
Com informações do Portal Fé em Jesus.