"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A PREOCUPAÇÃO DE LEWANDOWSKI

 

Diálogo reproduzido por um dos advogados dos réus do mensalão em conversa com outro:

- Meu nome está no lixo. E eu virei lixo. Vocês têm de me proteger - diz Ricardo Lewandowski, ministro-revisor do processo do mensalão.

- Vocês quem? - pergunta o advogado.

- Vocês, advogados - insiste o ministro.

-Mas, ministro, vocês estão condenando todos os nossos clientes. O que podemos fazer?


Lewandowski pediu que agentes de segurança o acompanhassem, ontem, para votar numa escola de São Paulo. Entrou pelos fundos da escola.

Quando vota, o ministro procede de acordo com sua consciência, apenas isso. Não tem por que seguir o voto da maioria se não concorda com ele.

Louve-se sua independência. E respeite-se suas escolhas.

08 de outubro de 2012
blog do noblat

O PESO DO MENSALÃO

NEM TANTO AO MAR

 

Com os resultados totais bem cruzados e amarrados, melhores análises virão sobre as eleições de ontem cujos efeitos ainda repercutirão por alguns dias.

Nada com vida muito longa que perdure até 2014, nem tão curta que não produza consequências.
A primeira é uma constatação: nem a oposição está tão fraca como se imaginava nem o governo está tão forte quanto o PT esperava que estivesse às vésperas de completar uma década na Presidência da República.

O partido teve vitórias pouco importantes em 1.º turno, mas em compensação será protagonista nos embates mais politizados da etapa final: São Paulo e Salvador, duas arenas onde haverá carnificina.
Visto do alto, com os resultados das urnas ainda bem fresquinhos, o cenário de 2012 é de equilíbrio entre os principais partidos.

Quase todos eles são da base do governo federal? São, mas, como se sabe, não há nada mais volátil que base de sustentação governista quando surgem os primeiros sinais de fragilidade política.
Os fiéis farejam e, em movimentos cadenciados, deslocam sua fidelidade para caminhos mais promissores no quesito expectativa de poder.

Nesse instante a roda começa a girar. Para qual lado exatamente pode-se até tentar adivinhar, mas corre-se o risco de perder um tempo que o leitor certamente não tem para desperdiçar.

Portanto, por ora melhor ficar com o que temos de líquido e certo, que é um quadro razoavelmente equilibrado. Adequado a uma sociedade plural e a um sistema multipartidário, sempre mais bem representado quando não há preponderância absoluta de uma corrente sobre as demais.

Isso e ainda outra boa notícia: quanto mais equilíbrio houver, mais o governante terá de ser moderado no uso de suas ferramentas de comando.

08 de outubro de 2012

IMAGEM DO DIA

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  • Destroços após ataque suicida, no Afeganistão
    Destroços após ataque suicida, no Afeganistão - STR/AFP
     
    08 de outubro de 2012

    SOB O EFEITO DO JULGAMENTO DO MENSALÃO, LULA E O PT TROPEÇAM EM MANAUS, RECIFE, TERESINA E BH

     
    Tiro no pé – Contrariando as pesquisas de intenção de voto para a prefeitura de Manaus, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) conquistou apenas 19,92% da preferência do eleitorado local.
    Apoiada pelo ex-presidente Lula, Grazziotin vai ao segundo turno com o tucano Arthur Virgílio Neto, que com 96,31% das urnas apuradas já conquistou 40,62% dos votos válidos.

    Na capital amazonense, Lula participou intensamente da campanha da senadora do PCdoB, já que Arthur Virgílio é seu desafeto de longa data.
    Vanessa Grazziotin começou a perder terreno depois do anúncio de que a candidata teria sido alvejada com ovos por adversários, no momento em que chegava para um debate em emissora de televisão local. Enquanto a senadora tentava capitalizar, seus assessores informavam à polícia que tudo não passou de uma cusparada. O que também é condenável.

    A situação de Lula e do PT é mais complicada em duas capitais: Recife e Teresina. Para disputar a prefeitura da capital pernambucana, o ex-metalúrgico escalou o senador Humberto Costa, apostando no fato de o ex-ministro da Saúde ter sido o relator do processo que culminou coma cassação de Demóstenes Torres. Candidato do governador Eduardo Campos, do PSB, Geraldo Julio foi eleito no primeiro turno, com 51,14% dos votos válidos.
    Em segundo lugar ficou o candidato do PSDB, Daniel Coelho, com 27,66% dos votos válidos, enquanto Humberto Costa chegou na terceira colocação, com 17,43%.

    Em Teresina a situação não foi diferente. Lula escalou o ex-governador e senador Wellington Dias, que terminou a disputa em terceiro lugar, com míseros 14% dos votos válidos.
    O primeiro colocado é Firmino Filho, do PDSB, com 38,74% dos votos válidos, que disputará, em segundo turno, o direito de comandar a capital piauiense com Elmano Férrer, do PTB, que conquistou a preferência de 33,24% do eleitorado local.

    O cenário ficou ainda mais complicado para o PT em Belo Horizonte, pois o prefeito Márcio Lacerda, do PSB, foi reeleito no primeiro turno com o apoio do PSDB.
    Lacerda deixou para trás o petista Patrus Ananias, que contou com o apoio de Lula, do ministro Fernando Pimentel e da presidente Dilma Rousseff, que há dias esteve na capital mineira para participar de comício do companheiro de legenda, mas cometeu o erro de criticar o senador Aécio neves (PSDB), ex-governador do estado e seu possível adversário em 2014.

    08 de outubro de 2012
    ucho.info

    CANDIDATO DE LULA E DA OLIGARQUIA SARNEY, PETISTA WASHINGTON LUIZ É DERROTADO EM SÃO LUÍS

     


    Pedra no caminho – Em São Luís, capital do Maranhão, o conluio político entre o clã dominado pelo senador José Sarney e o PT guiado por Luiz Inácio da Silva não alcançou o resultado esperado na eleição de domingo (7). Vice-governador do Estado e candidato da governadora Roseana Sarney à prefeitura ludovicense, o petista Washington Luiz Oliveira naufragou nas urnas.

    A disputa pela prefeitura da capital dos maranhenses terminou com o candidato Edivaldo Holanda Júnior, do PTC, com 36,44% dos votos válidos, enquanto o prefeito João Castelo (PSDB), que tenta a reeleição, ficou em segundo com 30,6% da preferência do eleitorado local.
    Ambos os candidatos, Holanda e Castelo, seguem para o segundo turno. Washington Luiz, que teve a seu favor a máquina estatal e a histórica ousadia de uma família que desconhece o significado da palavra limite, terminou em quarto lugar, com 11,02% dos votos válidos. Em terceiro lugar ficou a candidata do PPS, Eliziane Gama, com 13,81%.

    Esse resultado, que contrariou sobremaneira os atuais inquilinos do Palácio dos Leões, deixa claro que pode estar começando a derrocada da hegemonia política do grupo Sarney, que há mais de cinco décadas comanda com mão de ferro o mais pobre estado brasileiro, sem que até agora algo tenha sido feito para reverter tal situação.

    Como apêndice, o fato de Washington Luiz ter fracassado mostra que Roseana Sarney é mal avaliada pelos maranhenses da capital e que terá problemas políticos pela frente.

    08 de outubro de 2012
    ucho.info

    CALÇADA DA FAMA - PARA CALAR A BOCA DE MARCOS VALÉRIO

    Do leitor do blog que se assina Luis Nogueira
    A Marcos Valerio, em troca de "bico calado", já foi acertado:
    a) Total assistência financeira e proteção à sua afamilia, em especial à sua filha;
    b) A quantia exigida depositada em um paraíso fiscal;
    c) Indulto presidencial no final do mandato de Dilma,caso ela nao se reeleja, ou em caso de reeleição, em seu segundo ano do segundo mandato;
    d) E apoio politico para recomeçar a vida profissional naquilo que ele escolher.
    Para quem acha que isso tudo não passa de fantasia, basta Marcos Valério colocar em exibição, em rede nacional, apenas uma de suas fitas, para que Lula seja apedrejado em praça pública.
    E Lulinha, paz e amor, sabe muito bem disso.
    A tempo: viu como pararam os ataques petistas à revista Veja?
     
    08 de outubro de 2012
    Blog do Noblat - O Globo

    ESTE ADESIVO COLOU!!!

    ESTE ADESIVO COLOU 


    "Aqui tem 513 deputados; Brasília elegeu 8; quem elegeu 505? Antes de falar mal da cidade recolha o lixo que você mandou pra cá"!

    08 de outubro de 2012

    A BOLHA ASSASSINA


    A prosperar a tese dos Mártires do STF, cuja existência já não se pode negar, teremos o maná intelectual e material para uma grande controvérsia no Brasil. Não faltarão intelectuais de miolo mole e sua imprensa a difundir o martírio de Lula, o São Bartolomeu petista, do qual o STF agora arranca a pele. Tiraram a pele do governo Lula com ele vivo! Cruéis! Embora a tese seja falsa não é menos real. Os petralhas como fonte de incomodações são insuperáveis. Estão sendo massacrados no STF porque fizeram exatamente (e mais ainda o que não se sabe) o que a Lei condena e pune. Deveriam agüentar em silêncio para a vergonha não aumentar. Mas que vergonha? Desde quando um partido com vocação totalitária tem vergonha?

    O PT quando governo, no governo, virou uma maçaroca indistinguível. De fato, o Partido/Governo/Estado/Administração Pública, assim mascarado, assim deglutido pelo povo como uma gororoba que se dá para crianças ramelentas, que é para ninguém perceber a diferença, o gosto, e as consequências, é a própria existência material, é o próprio corpo desse desejo insano de a tudo dominar, tudo governar, tudo controlar.

    Quaisquer uma de suas quatro faces acima responde pelo conjunto. Se o Estado é atacado, Dilma, e antes dela, Lula, se sentem pessoalmente ultrajados – uma dignidade imperial parece que foi ofendida! Se a Administração Pública é denunciada como inepta e corrupta, seus chefes acusavam o governo anterior por ele ter deixado uma herança maldita. Se o Partido vai mal nas eleições, a culpa é do Julgamento dos Mensaleiros e sua militância é acionada a correr para as ruas, ou, o que hoje é mais fácil, para os blogs. Se o Governo é denunciado como mensaleiro, gritam: Injustiça!

    Essa maçaroca petista, esse conglomerado totalitário, afronta qualquer Lei, qualquer constituição. Ricardo Lewandowski é o seu encarregado mais visível, juntamente com seu lacaio mais jovem, Dias Toffoli, infiltrados no STF para tentar melar, embromar, e subverter a lógica racional que ameaçaria a maçaroca petista. De fato, testemunhamos Lewandowski recuar esquizofrenicamente na última sessão do STF de qualquer entendimento lógico e racional já posto como matéria sobrestada para tentar pateticamente salvar José Dirceu da condenação certa. Essa maçaroca pensante, pulsante, que sangra e fere, que respira e polui o ar democrático com seus gases nauseabundos, ainda tem o topete de manter um apparatchic instalado no STF.



    Ela me lembra muito a Bolha Assassina, um monstro alienígena de um filme com Steve McQueen de 1958. A Bolha Assassina era expansionista. Ela fagocitava tudo. Canibalizava tudo que impedisse sua marcha destruidora. A maçaroca corrupta petista é igualzinha: a República, o conjunto das quatro partes como mostrei acima, mais as Leis e a Sociedade, é devorado e absorvido sem piedade, sem remorso ou culpa. A Bolha Assassina petista não tem sentimentos nem coração, mal a distinguimos na sua multiforme predação. Apesar de enorme, ela quer se fazer invisível. E teve muita ajuda para assim permanecer. Como já estamos vendo o diversionismo e a desfaçatez continuam.

    Sua última faceta, foi o que quis advertir no meu último texto, estará a se revelar e já se comporta como retaliação desesperada, fora da Lei, sem ética nem razão. Resistirão à toda argumentação racional e verossímil para sustentar-se irrealmente na sua firme determinação de destruir tudo em volta e fazer o povo acreditar que são inocentes, que não canibalizaram a sociedade brasileira.

    Uma das características mais notáveis de uma organização deste tipo é sua capacidade de oferecer certezas ao viver humano, embora se saiba que a realidade da vida é justamente a incerteza, a dúvida, a probabilidade maior ou menor, aquilo que nos acarreta medo e temor, mas que também nos desafia a enfrentar e vencer. Oferecida ou garantida a certeza, ainda que fictícia, à população, esta para de trabalhar e de pensar. Deixa-se sugar confiante no Grande Líder e seu grande aparato de poder. Quando essa oferta de certeza é ameaçada a reação é imediata. Se não conseguirem vencer ou subjugar rapidamente o perigo e a ameaça que vêm das Leis da República, a saída será a auto-martirização, ou a auto-vitimização. Se farão de coitadinhos. Amavam o povo, o qual, no entanto, na sua inocente ignorância, não está autorizado a reclamar de sua condição escrava. Só faltará eles dizerem: fomos traídos pelo povo!
     
    José Dirceu e outros petralhas, não esquecendo a advocacia petralha, já agem no sentido de estimular a mídia chapa branca, as revistas mensaleiras, os blogs, e as redes de televisão a mostrar a tamanha injustiça que o STF faz contra esses democratas populares. Por enquanto os grandes veículos se movem com discreção se valendo principalmente dos impedimentos da Lei eleitoral. Aguardemos a semana que vem. Alguns poucos, como notei, já começaram a explorar uma adesão explícita às Leis e à Constituição. É a legalidade de boca para fora que lhes convém.
     
                                                     a maçaroca totalitária petista

    A Bolha Assassina no filme era morta com gelo e com frio. A Bolha petista, entretanto, só morre com jatos escaldantes de democracia, Código Penal, legislação em vigor e publicidade de suas características. Este seria o trabalho de uma oposição, caso ela existisse. Mas a oposição somos nós mesmos.
     
    08 de outubro de 2012
    Charles London

    DE ITAQUERA AO BARREIRO, O BERREIRO RASTAQUERA D BICHINHA PALANQUEIRA


    Como é mesmo que eles costumam dizer? Dilma tem “espírito republicano” ─ ou algo que o valha. Ela seria avessa, chegando a ter ojeriza, à política miúda, regional. E implacável com quem, no poder, imiscui o Estado em questiúnculas paroquiais.
    Nesse sentido, difere de seu criador, um homúnculo incorrigível, como água para pinga ─ pelo menos é o que sugerem até analistas da grande mídia, dando a impressão de que falam de outra pessoa. Talvez porque, por preguiça, nunca tenha ouvido a outra pessoa falar.
    A outra pessoa é a “bichinha palanquera”, apelido criado pelo próprio Lula para sua títere, quando ela tomou gosto pela coisa. Dilma gostando de fazer discurso equivale àqueles cantores terríveis que adoram karaokês
     
    Esta semana a agenda republicana da presidente teve dois pontos altos: o comício pró-Haddad em Itaquera, periferia de São Paulo. E outro, pró-Patrus, no Barreiro, bairro operário de BH. No primeiro, com a graça vocal, corporal e gestual que lhe é peculiar, Dilma se mostrou obcecada com a declaração de Serra de que ela, nascida na etérea fronteira de Minas Gerais com o Rio Grande do Sul (daí talvez a estranha fala borderline da presidente), não podia meter o bico na eleição de São Paulo. Pra quê.
     
    Utilizando todas as variações conhecidas do dilmês, sobretudo o vulgar, o comício de Itaquera só conseguiu demonstrar como uma “presidente republicana” consegue fazer bico de (des)animadora de palanque do PT. Detalhe digno de nota: o clímax do vídeo com o discurso de Dilma (seguido pelo do botox que fala), foi o número de um cidadão de chapéu de palha fazendo uma imitação caricata e impagável de Lula ─ sobretudo quando falava “Adádi”. Pessoal do Pânico na Band, assistam ao vídeo ─ esse rapaz vai longe. Será que imita mais alguém?
     
    Dois dias depois, o Aerodilma comprado e abastecido por nós levava a bichinha palanqueira republicana para BH ─ onde o candidato do PT, Patrus Ananias, também passa por maus bocados. E, desta vez, o que inspirou Dilma Furiosa foi a declaração de Aécio de que ela, em Minas, era estrangeira.
     
    Foi demais para o coração republicano de Dilma ─ que, aos 64 anos, uma devoradora de livros com a inapetência intelectual dos cupins, ainda não conseguiu perceber que as palavras podem ter sentido figurado. Como essa “estrangeira” que saiu da boca de Aécio. Para Dilma, estava-se falando de registro de nascimento, não de alma.
     
    “Queria respondê a algumas coisas que andam falando por aí”, com os dedinhos desenhando no ar um trem danado de indignação para pontuar o “por aí”, querendo dizer Aécio, que sempre viaja de cá pra lá.
     
    “Eu acho e eu queria aqui que ocês pensassem comigo, que ocês racionassem comigo”, prossegue a “presidenta de todos os brasileiros”, convidando os mineiros a não racionarem, se é para racionarem com ela.
     
    “Eu nasci aqui. Eu nasci aqui em Belo Horizonte, num hospital chamado São Lucas”. Pausa para um clássico olhar de baixo pra cima, sempre significando, no caso de Dilma, de cima pra baixo.

    “Eu nasci em Belo Horizonte”, repete, como se alguém contestasse o local físico de seu nascimento da mesma forma que se questionou a americanidade de Obama.
     
    De qualquer modo, louve-se Dilma pela afirmação peremptória e impecável, na forma e no conteúdo. Frase assim, com apenas cinco palavras e começo, meio e fim ─ “Eu nasci em Belo Horizonte” – é um acontecimento no dilmês.

    Mas, para Dilma, ainda não tinha ficado tão claro quanto para nós. Em dois anos e meio de palanque, ela aprendeu rudimentos de oratória. Um deles, o reforço conceitual pelas vias da obviedade:

    “Eu andei pela primeira vez aqui, em Belo Horizonte” ─ diz ela, triunfal, não especificando por que ruas de BH andou nem se já andou a segunda vez.
    Continua, para calar Aécio de vez:

    “As minhas primeiras palavras foram ditas aqui em Belo Horizonte”, deixando no ar uma interrogação para quem conhece os limites do dilmês: já não está na hora de dizer suas segundas palavras?
     
    Quer mais, Aécio papudo?

    “Aqui, eu estudei”.
    Há controvérsias, mas vamos adiante:


    “Fiz colégio estadual”

    Até aí, nenhuma vantagem. Lula fez cinco faculdades. Conhecem a história do tijolo que acabou antes da sexta?
     
    “Aqui em Belo Horizonte, eu aprendi a gostar de cinema, de música, a gostar de literatura”

    Gostar é uma coisa. Eu aprendi a gostar de golfe. Nunca peguei num taco na vida. Mas não desa
    nime: o comício da mineiridade vai ficar mais denso:
     
    “E também aqui em Belo Horizonte eu aprendi uma coisa importante que os mineiros têm, sempre tiveram ─ que é sê capaz de lutá pelo seu país”.

    É Dilma incorporando num inconfidente? Não é à toa que Aécio não quer ser considerado conterrâneo da presidente:
     
    “O mineiro é um povo que mora aqui no centro do Brasil”, enfatiza ela, questionando a teoria de que os mineiros moram no Norte ou no Sul.

    “Por isso talvez ele tenha um lugar especial, sabe Patrus (e Patrus então deve ter pensado “esplêndido”)? E ele olha pá todo o Brasil”.
     
    Lírico, raso mas profundo, e definitivo ─ homenagem talvez ao recém-falecido Hobsbawm. A mineirice como epicentro do Brasil, empoleirada numa torre de observação no Pico do Cristal, na Serra do Caparaó (desculpem-me os mineiros legítimos, mas metáforas não são o ponto forte do dilmês. Aliás, qual é o ponto forte do dilmês?).
     
    “E isso vem desde lá o Tiradentes” (e se um popular presente ao comício indagasse, de sopetão: “Presidenta, qual era o nome completo de Tiradentes?”. Alguém apostaria um níquel na resposta correta?)
    “Passa pelos presidentes mineiros, né, pelo JK, pelo Itamar”.

     
    E passa agora por Dilma (a mineira Dilma, não há a menor dúvida disso) ─ que, nestas eleições, suas primeiras como presidente, mete o bico, sem a menor cerimônia republicana, onde quer que seja convocada por Lula, para ajudar o PT, desesperadamente, inutilmente, com discursos constrangedores, a tentar sair de sua armadilha mortal e merecida ─ o repúdio e o basta dos brasileiros dignos. Incluindo, é claro, paulistas e mineiros.

    Dilma em Itaquera



    Dilma no Barreiro

    "O DITO PELO NÃO DITO"


    No início de 2006, quando o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), da CPI dos Correios, divulgou seu relatório final sobre o caso do mensalão denunciado por Roberto Jefferson em meados do ano anterior, jornalistas de Brasília procuraram Lula para ouvi-lo a respeito. Diante de assunto incômodo, como é do seu feitio, Lula se esquivou. E disse: “Não vou ler. Aguardarei o pronunciamento final da Justiça”

    Alguns meses antes, Lula ocupara rede nacional de televisão para, aparentemente constrangido, pedir desculpas aos brasileiros. Lamentou tudo o que tinha ocorrido, numa admissão velada de que algo de muito grave tinha ocorrido de fato. Ora olhando para a câmera, ora para o teto, se disse traído. E apunhalado pelas costas. Não revelou o nome dos traidores. Nem de quem o apunhalara.

    Se o tivesse feito daria margem para que seus desafetos alardeassem: “Estão vendo? Tanto ele sabia da existência do mensalão que não teve dificuldade em identificar os mensaleiros.” De lá para cá, Lula tratou o caso de duas maneiras. A primeira: garantindo que tudo seria apurado pela Justiça, e os culpados punidos. A segunda: afirmando que o mensalão não passara de uma farsa. De uma grande farsa.

    A primeira maneira serviu para que Lula atravessasse como um coitadinho os meses que faltavam para a eleição de 2006. Reeleito, adotou a segunda maneira. O que existira, o que fora chamado de Caixa 2, o que resultaria em punições, cedeu lugar à teoria da farsa. E se fora uma farsa … Bem, nada mais lógico do que deduzir que ninguém pagaria por ela. Sem crime, sem culpados.

    Lula bateu à porta de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) empenhado em convencê-los a adiar o julgamento do processo do mensalão. Não porque temesse a punição dos seus comparsas. Como eles seriam punidos, se Lula e Dilma juntos haviam nomeado sete dos atuais dez ministros? Nada mais republicano do que esperar que tais ministros votassem, para poupar seus padrinhos de constrangimentos.

    O adiamento pretendido por Lula tinha a ver com 0 fato de que o julgamento poderia correr paralelamente a campanha eleitoral. Lula temia que o PT perdesse com isso. O PT perdeu com a atitude de Lula de interferir no calendário da Justiça. E deve ter perdido alguns votos em São Paulo, com a contaminação do debate político pelo julgamento. Lula tinha razões para se preocupar. E nenhuma para se meter.

    Agora, às vésperas de o STF confirmar o nome dos que o traíram, Lula elogiou o voto do ministro Ricardo Lewandowski, que absolveu o ex-ministro José Dirceu. Para ele, Lewandowski foi claro e abordou “questões centrais” durante a sua exposição, segundo Gustavo Uribe, repórter do GLOBO. Lula tem repetido que não existem provas capazes de mandar para cadeia o acusado de ter chefiado o esquema do mensalão.

    Cadê o Lula que se recusou a ler o relatório da CPI dos Correios porque preferia aguardar o pronunciamento da Justiça? E cadê o Lula que garantia estar convencido de que a Justiça apuraria o caso e puniria os culpados? O gato comeu. Não comeu. O Lula que disse tudo aquilo era apenas um farsante. Confiram o que ele dirá tão logo termine o julgamento.

    O comportamento de Lula em relação aos mensaleiros é típico de quem se sabe culpado pelo crime que os outros pagarão sozinhos. De resto, é típico também de quem se sente refém de segredos. Marcos Valério espera receber em dobro a atenção e o carinho que mereceu do PT até aqui. Do contrário…

    08 de outubro de 2012
    Ricardo Noblat, O Globo

    MAS ISSO FAZ UM BEM!!!!

    Brasil! mostra tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim... Chega de PT!

    Consciência limpa é outro departamento...

    Para votar, Dirceu trocou de zona eleitoral e cercou-se de militantes, capangas e seguranças que abriram caminho dando safanões nos jormnalistas.
    Genoíno destemperou-se e, ensandecido, berrou, esperneou, xingou, enfim, fez uma zona tão grande na zona, que esqueceu até de votar.
    E Lewandowski entrou na sua zona pelos fundos com um forte esquema de segurança se borrando de medo de tomar uns cascudos.
     
    Enquanto isso, aqui em Ipanema, um sorridente e despreocupado Joaquim Barbosa, sozinho e sem esquema de segurança, posava para fotos, distribuía autógrafos e ganhava carinhos e elogios da população, os quais retribuia com muita simpatia e paciência.
     
    Não sei se o Brasil precisa de heróis, e eu garanto que não quero promover a candidatura de Barbosa a tal, mas que é bom de ver gente de bem com a vida e em paz consigo mesmo, lá isso é, principalmente se a pessoa for uma das figuras mais importantes do país hoje.
     
    Dá uma certa impressão de democracia de verdade, onde figurões e a população não são diferenciados pelos palácios e bunkers planaltinos que os primeiros costumam se refugiar em certas republiquetas de bananas, em que as bananas são dedicadas ao povo por eles, nas únicas demonstrações de comunicação entre as partes.
    Chega de gente que se move sorrateiramente entrando pelos fundos, cercando-se de capangas, agindo à sorrelfa, sonegando a verdade ao povo, roubando e tramando entre si como roubar mais.
     
    Chega de fingir que são “de esquerda” e que fazem isso em nome de ideais.
    Chega de enganar o povo autoapelidando-se de “socialistas” quando, na verdade não passam de reles ladrões, assassinos, enfim, criminosos da pior espécie travestidos de políticos.
    Chega desse genocídio perpetrado por essa gente que se esgueira pelos cantos desviando fortunas do erário que, bem aplicadas, certamente estariam salvando vidas em vez de sua falta estar provocando mais mortes.
    Brasil! mostra tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim! Chega de PT!
    08 de outubro de 2012

    MEU DIA DE NÃO VOTAR


    Como acontece há mais de duas décadas, hoje foi mais uma vez meu dia de não votar. Há quem me reprove. Que, ao não votar, estou elegendo um canalha. À primeira vista, o argumento faz sentido. Mas e quando todos os candidatos são canalhas? Aí, a objeção não faz mais sentido algum.

    Devo ter votado duas ou três vezes após a ditadura. Meu último voto foi para Collor. Não pelos seus belos olhos, tampouco por sua caça aos marajás. Mas porque o outro candidato era Lula. Sempre vi no PT um reduto de comunistas, trotskistas e católicos de esquerda e, antes mesmo da existência do partido, já o combatia.

    Explico. Nos anos 70, quando vivia em Porto Alegre, muito escrevi contra Tarso Genro, Pilla Vares, Marco Aurélio Garcia, Flávio Koutzii, que viriam a ser os pais fundadores do PT gaúcho. Pelo jeito, viraram os pais sepultadores. Agora há pouco, no calor das apurações, recebo uma desolada mensagem: Tarso arrasa com o PT no Rio Grande do Sul. Maravilha! Mesmo à revelia, algum bem fez para a humanidade.

    Outro candidato no qual votei para vereador era um engraxate da Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Pelo jeito, ele fizera algumas leituras desordenadas e, enquanto lustrava sapatos, ia desenvolvendo um marxismo tosco. Seria bom para ele, pensei, trocar essa cadeira por uma curul. Foi eleito. Mal tomou posse, saía a caçar prostitutinhas com carro oficial nas ruas da capital. Morreu ingloriamente, esfaqueado numa briga com vizinho.

    Houve candidato ao qual quis dar meu voto e sei que não me arrependeria. Foi o João Gilberto Lucas Coelho, com quem convivi em Santa Maria. Não pude. No dia das eleições, eu estava no Rio, embarcando no Eugenio C, rumo à Europa.

    Naqueles dias, talvez fosse possível a um político eleger-se sem mentir. Hoje não mais. O candidato precisa de votos. Para ganhá-los, precisa dizer o que o público gosta de ouvir. Se estiver em meio a crentes, se dirá também crente, mesmo que não o seja. Não por acaso, a perguntinha sobre Deus já constrangeu tanto Fernando Henrique quanto Lula.

    E está sendo decisiva em São Paulo. Todos os candidatos com alguma chance pediram benção tanto à Igreja Católica como aos demais pastores, os ditos neopentecostais. Um dos candidatos, que despontou na dianteira das pesquisas e agora – 20 hs da noite – já está morto e sepultado, prometeu templos em cada esquina de São Paulo. Para não perder eleitores, não especificou fé. Templos para qualquer deus, desde que rendam votos.

    O candidato petista usou do mesmo subterfúgio. Em sua plataforma, se define como cristão ortodoxo. Confesso desconhecer a nova confissão de fé. Conheço católicos ortodoxos, mas na Rússia, Grécia e Turquia.

    De cristãos ortodoxos nunca ouvi falar. Os cristianismos são tantos, que as ortodoxias são reivindicadas por vários ramos da crença. Que me conste, não existe nenhuma igreja cristã ortodoxa no país. Católicos ortodoxos, sim. Eles têm seus templos até mesmo aqui em São Paulo. São em geral gregos ou descendentes de gregos, oriundos do chamado Grande Cisma do Oriente, ocorrido em 1054, em Constantinopla, quando oriente e ocidente se desentenderam em torno da questão do filioque, da qual tanto já falei nestas crônicas.

    Ocorre que Haddad, se se professar católico, está afastando de seu curral os acólitos dos bispos televisivos. Que hoje constituem uma larga faixa do eleitorado. Melhor então cristão ortodoxo. Não quer dizer nada, mas ninguém sabe disso, e acaba acreditando que o velho comunista pode até mesmo ser cristão. O que Haddad não quer nem lembrar é sua velha fé, o marxismo. Que, depois da queda do Muro, não parece render muito Ibope por aqui. Pelo menos fora da universidade.

    Agora, 20h30, os jornais já dão por certo que Haddad e Serra disputarão o segundo turno pela prefeitura de São Paulo. Serra, se alguém não lembra, é aquela raposa velha sedenta pela Presidência da República, que já renunciou a seu mandato por vôos mais altos. Tanto que sua principal promessa de campanha, hoje, é não abandonar o mandato em 2014, nem para concorrer à Presidência. "Eu não vou de novo para presidente porque já fui duas vezes. Tem muita coisa para ser feita em São Paulo."

    O que muita gente esquece é que Serra, em seus dias de juventude, foi militante do grupo terrorista católico AP. Como jamais ouvi do candidato qualquer palavra de renúncia à antiga ideologia, suponho que ainda acredite, lá no fundo de sua meiga alminha, nos bons propósitos do camarada Mao que orientaram a AP. Esta é a tragédia nacional: 23 três anos após a queda do Muro, ainda disputam eleições no Brasil múmias oriundas da Guerra Fria.

    As campanhas dos candidatos são ridículas. Serra, covardemente, querendo insinuar que Lula era o mandante supremo do mensalão, falou no filme O Padrinho, do Coppola. Mas só citou o filme. Nenhuma associação ao capo di tutti i capi. Quem quiser associar, que o faça por conta própria. Serra, se acusado da associação, dirá que não disse nada.

    Haddad, por sua vez, não gostou de ser associado aos antigos companheiros, hoje réus do mensalão e nem mesmo a seu mais novo aliado, Paulo Maluf. Sua campanha declarou à Justiça Eleitoral ser "manifestamente degradante" para ele ser associado aos colegas de partido José Dirceu e Delúbio Soares e ao deputado federal Paulo Maluf (PP), que integra sua chapa. Quanta ingratidão. Ontem, militantes do mesmo ideal. Hoje, companhia degradante.

    Pior ainda, andou mandando recado a Aécio Neves, dizendo que o senador deveria estudar e ler “um livro por semana” caso queira ser presidente da República. “Em vez de apresentar um projeto melhor que o nosso, (os tucanos) ficam torcendo que o nosso dê errado. Então apresenta um projeto melhor, estuda. Se o Aécio quer ser presidente, estuda um pouquinho. Lê um livro por semana. Pode ler na praia, ninguém vai se incomodar se ele fizer uma leitura lá em Ipanema”.

    Disse isso o candidato que tem como patrocinador nada menos que Luís Ignácio Lula da Silva. Parece ter esquecido um antigo dito: não se fala em corda em casa de enforcado.

    Nos últimos anos, andei acompanhando a trajetória de um deputado paranaense, o Gustavo Fruet. Acusador implacável do mensalão, dono de um discurso preciso, impecável, me parecia ser uma opção para votar. Pois não é que, nesta eleição, o homem se aliou ao PT? Onde fica sua condenação do mensalão? Decididamente, votar é inviável.

    Ora, direis, algum administrador precisamos eleger. De acordo. Mas, pessoalmente, não quero ser responsável pela eleição de nenhum vigarista. Daqui a três domingos, estarei não votando de novo.


    08 de outubro de 2012
    janer cristaldo

    ÀS URNAS, CIDADÃOS

      
              Artigos - Governo do PT 
           
    Tenha em conta de que as câmaras municipais são a estufa onde se produzem as futuras
    elites políticas do país.

    Não sou fã da atual configuração do STF. Após certas deliberações ali tomadas, a Constituição deveria receber atendimento em Pronto Socorro para se refazer dos maus tratos. Coisa muito feia. Na origem dessa minha zanga está a tal história de tomar os princípios constitucionais em estado bruto e passá-los no esmeril, dando-lhes formato que sirva para articular o texto com o que vai na testa do julgador.
    Tal conduta é mais do que recorrente. Já vi ministro invocar o princípio da dignidade da pessoa humana até para opor-se à rinha de galos (concordo com a proibição, mas não com a aplicação desse princípio ao caso). Impossível negar, porém, que a Corte, neste momento, desfruta de amplo reconhecimento nacional.

    A atividade que vem desenvolvendo é aparatosa, demorada, mas consistente. Os fatos foram objeto de perícias. Há provas documentais, circunstanciais e testemunhais. Poucos põem em dúvida as ocorrências descritas. E todos os que dizem que os crimes não existiram são pagos para tanto, ou têm a perder, com o reconhecimento deles, algo material ou imaterial, de cunho político, ideológico ou filosófico.


    Seja como for, o julgamento do Mensalão põe na mesa dos debates o sistema de governo, o sistema eleitoral e a política como a praticamos no Brasil. Repetidas vezes essas pautas têm sido objeto de considerações dos ministros do STF e da mídia que cobre as sessões. Inúmeras vezes, também, do alto da minha insignificância, tenho escrito que esse modelo é ficha-suja, concentra poder político e financeiro em proporções incompatíveis com a democracia e, por isso mesmo, atua como feromônio para atrair e excitar patifes de toda ordem.
    São tantas e tamanhas as regalias disponíveis no almoxarifado do poder que só fica ao seu desabrigo quem quer. O Mensalão é a monetização de outras práticas para composição de maiorias parlamentares, que se instalaram no país desde que Collor foi apeado do poder.

    Hoje vamos às urnas. Do meu ponto de vista, a política brasileira alcançou um nível de degradação que só os eleitores podem retificar. O sistema e seus males jamais serão corrigidos por via judicial. Menos ainda com as mudanças dependendo de uma deliberação dos que dele se beneficiam. No entanto, o cidadão, o ser humano em sua dimensão política, pode, por ato da própria vontade, abandonar os velhos critérios de escolha e proporcionar aos partidos, em sua negligência, sucessivas lições de discernimento, escolhendo não apenas os bons, mas os melhores entre os bons.

    O que escrevi só será utópico se considerarmos que o Mensalão venceu. Com efeito, assim como, em meio à indignação popular, há o Mensalão corrompendo os andares de cima, há o Mensalinho fazendo o mesmo nos andares de baixo. Todo eleitor que escolhe candidato por interesse pessoal, corporativo, comercial, não republicano, está usando a democracia e as instituições para benefício próprio. Sua atitude pouco difere daquela que despreza nos mensaleiros.

    Ao votar hoje, tenha em conta de que as câmaras municipais são a estufa onde se produzem as futuras elites políticas do país. O eleitor que pretende votar no mais caricato, para "protestar"; no cara de determinada afiliação, sabe-se lá por quê; na celebridade tal ou qual, apenas porque já ouviu falar dele ou dela; e por aí afora, faça este favor à Nação: vote em branco ou nulo. Lembrem-se os demais, por fim, da frase de George J. Nathan - "Os maus políticos são eleitos pelos bons cidadãos que não votam". Portanto, às urnas, cidadãos!
    Fascistas x Tatu-bola

    No dia 4 deste mês, um grupo que se organizou pelas redes sociais promoveu concentração defronte à prefeitura de Porto Alegre. Como parte das manifestações, decidiram destruir, e destruíram, um boneco do Tatu-Bola, que será o símbolo da Copa. Havia alguns dias o boneco estava ali numa promoção para escolha do nome a ser dado ao bicho. Quando a Brigada Militar interveio, os manifestantes em vez de retrocederam, passaram a agredir os policiais, formando-se um conflito com feridos de parte a parte. O tatu foi a única vítima fatal.

    Duvido que algum brasileiro no uso de suas faculdades mentais, informado de um fato como esse, nutrisse alguma dúvida sobre o alinhamento ideológico dos membros do bando. Ainda assim, a título de passatempo, fui dar uma espiada em alguns sites e blogs de esquerda para ver o que diziam a respeito. Não deu outra.
    O único ponto de vista insistentemente sustentado foi o de que a Brigada Militar agiu com truculência e os manifestantes que arremessaram grades e paralelepípedos contra os policiais compunham um alegre e benevolente grupo pacifista. Arre!

    Eu sei, nunca haveremos de nos livrar desse tipo de ação. São episódios recorrentes, patrocinados sempre pelos mesmos. Ora são membros de um sindicato (como o Cpers), ora de um movimento social (como o MST), ora de uma torcida organizada (organizada?).

    O que não se pode desconhecer é o conteúdo fascista das ações que promovem. É preciso que fique bem claro: a xenofobia, o voluntarismo, o desprezo à propriedade alheia, o desrespeito à ordem pública, à democracia e às instituições, e o caldo ideológico em que se moveram os manifestantes do dia 4 em Porto Alegre, são tipicamente fascistas.

    Escrito por Percival Puggina

    LIÇÕES DO PRIMEIRO TURNO


              Artigos - Governo do PT 
    O eleitorado está cansado da gente da social-democracia, que faz discurso anódino para se eleger e pratica traição aos conservadores no cotidiano de suas administrações.

    As pesquisas de opinião do Datafolha e Ibope revelam uma vontade dos institutos de colocar o candidato Fernando Haddad de forma competitiva nas eleições de hoje.
    O Datafolha, com mais pejo, hierarquizou os candidatos dentro da margem de erro, sugerindo empate técnico, mas dando o sentido do que emergirá das urnas. Já o Ibope rasgou a fantasia ao proclama empate entre Celso Russomanno, José Serra e Fernando Haddad para além da vírgula. Tudo de que precisa o PT para manter acesa sua militância no dia de hoje e envernizar as aparências.


    O fato é que Lula, como cabo eleitoral, revelou-se fraco, incapaz de trazer para o seu candidato em São Paulo os votos que achava que dispunha. Mas precisamos ser francos: a derrota não é só de Lula, o arcebispo, que saiu de majestade para ajudar os candidatos de esquerda, como Fernando Haddad.
    É de Marta Suplicy, aquela que analistas creditavam ter poder de influência sobre o eleitorado da periferia.
    É de Luiza Erundina e seu PSB, engajados na campanha. É da presidente Dilma Rousseff, que deixou os protocolos de lado e mergulhou na campanha "estratégica" de São Paulo. Todos deverão partilhar do gosto amarga da derrota.

    A derrota é sobretudo de Fernando Haddad, que colheu os frutos de sua fraqueza congênita, de candidato de laboratório. Tentar sair do desconhecimento para disputar um lugar ao sol em pleito majoritário foi jogada mais do que arriscada, foi pura arrogância sua e do seu padrinho Lula, achando que a máquina do PT e o controle do Executivo federal seriam o bastante para colocar a candidatura no segundo turno. Haddad, como ministro da Educação, tripudiou sobre o sentimento da maioria dos brasileiros ao patrocinar o famigerado "kit gay", como se não fosse trazer consequências. A esquerda não mais sabe separar seus quadros tecnoburocráticos, os autores reiterados das maldades contra a população, e seus líderes nas urnas. Precisa reaprender antigas lições.

    A derrota do PT em São Paulo deverá também ser, todavia, creditada à feliz coincidência do pleito com o julgamento do mensalão. A antipropaganda trazida pelo julgamento destruiu a imagem do PT como partido, sobretudo junto à classe média bem informada, que tem dado seu voto ao PT.

    De certa forma, se o candidato José Serra pode se dizer vitorioso por ir ao segundo turno, não pode, todavia, deixar de contabilizar também uma derrota. O eleitorado está cansado da gente da social-democracia, que faz discurso anódino para se eleger e pratica traição aos conservadores no cotidiano de suas administrações.
    É um aviso do que virá em 2014. Se o PSDB quiser o voto dos conservadores terá que não apenas ensaiar um discurso para eles, como também realizar ação administrativa coerente. Um exemplo é essa empresa Controlar, repudiada, tida por excrescência pela população, e que José Serra ainda defende como se fosse algo necessário. O tempo de engabelar eleitores conservadores acabou.

    São portanto muitas as leituras possíveis dessas eleições. A principal é que a democracia viva é capaz de corrigir seus próprios rumos.
     
    Escrito por Nivaldo Cordeiro

    CHORO POR TI, VENEZUELA

        
              Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
    lutoNão posso esconder minha decepção. Não por Capriles mas porque Chávez vai permanecer. E vai apertar os torniquetes com os presos políticos. Pensei em meu amigo Alejandro Peña Esclusa.


    Nós já vimos esse filme. Uma vez, duas, mil vezes... Mesmo assim, o gosto amargo da derrota que não devia surpreender a ninguém, está grudado no céu da boca. Sem estrelas. Numa noite escura e tenebrosa que insiste em permanecer. É mais uma crônica de uma morte anunciada tantas e tantas vezes. Porém, desta vez há desdobramentos graves e talvez irreversíveis para o continente.
    Amanhã (08.10) começam em Oslo as “negociações” entre o governo Santos e os terroristas das FARC. Essa data, em que toda a comunalha celebra a morte do assassino Guevara, não foi escolhida por acaso. Na Colômbia os parlamentares, que agora estão criando até leis para garantir todos os direitos e a total impunidade aos crimes de lesa-humanidade das FARC, resolveram decretar o 8 de Outubro o “dia do guerrilheiro”. Em homenagem a quem? Tirofijo? Mono Jojoy? Alfonso Cano ou Guevara mesmo?
    O presidente Uribe havia anunciado que incluir a Venezuela como mediador desse processo era dar oxigênio e protagonismo a Chávez na reta final de sua campanha. Isso era evidente para quem conhece os métodos e as práticas dos comunistas desde sempre. Além disso, no encerramento do último Encontro do Foro de São Paulo (FSP) Chávez anunciou, muito seguro, que “ia tomar [o governo] por nocaute”. Em outras oportunidades e discursos, e nesse mesmo do FSP, ele anunciou que sua vitória seria de 10 milhões de votos. Ao ser anunciada sua vitória, quando o escrutínio já estava com 90% das urnas apuradas, ele estava com mais 8 milhões de votos. Coincidência? Leiam as edições anteriores a essa eleição que tudo já havia sido dito.
    Após o anúncio do CNE os candidatos fizeram seus discursos. Capriles não hesitou em acatar os resultados, elogiou a lisura do processo eleitoral, disse que “não houve derrota” e aceitou pacificamente o que a olhos vistos foi uma fraude monumental. Lembrei de outro candidato que concorreu às eleições presidenciais, também jovem, também fraudado e que do mesmo modo baixou a cabeça e se rendeu: Manuel Rosales que, como prêmio, foi perseguido por Chávez a ponto de ter de fugir do país e exilar-se no Peru. Não trago esse cálice amargo. Sobretudo porque recebi de um amigo a verdadeira apuração, estado a estado, e que mostra o esperado e as pesquisas mais sérias apontavam. Leiam no final.
    Há algum tempo eu vinha mostrando o andar da carruagem e o tamanho do rombo que essas eleições deixariam nas esperanças dos venezuelanos que “ainda” se iludem, acreditando que comunistas jogam o jogo legítimo da democracia. E eis aí a vitória das FARC, do Foro de São Paulo, da ditadura cubana - que garantiu por mais algum tempo o sustento dos irmãos Castro -, e de todos os governos comunistas da região. Em seu discurso da vitória Chávez afirmou: “Que o candidato da direita tenha aceitado nosso triunfo é um grande passo para a construção da pátria bolivariana”. O mesmo ele disse a Rosales...
    Embora eu tenha sempre afirmado que não admirava Capriles, por ele haver desprezado e tratado grosseiramente o presidente Uribe quando quis apoiá-lo, e por declarar que Lula era “seu modelo”, eu apostava minhas fichas como uma primeira opção para tirar Chávez do poder. Não posso esconder minha decepção. Não por Capriles mas porque Chávez vai permanecer. E vai apertar os torniquetes com os presos políticos. Pensei em meu amigo Alejandro Peña Esclusa, na juíza Maria Lourdes Afiune, dos delegados Vivas, Forero e Simonovis e tantos outros cujos nomes não recordo agora. E na imprensa, e nas empresas, nas propriedades privadas obscenamente expropriadas, nas centenas de vítimas do incêndio da petroleira, dos assassinados pelo regime, na miséria, na falta de comida, liberdade e segurança. Não resisti e chorei...
    E porque me sinto de luto fechado esta edição não tem cor, nem fotos, nem vídeos. Só a tarja preta. E minha tristeza pelos venezuelanos que apostaram tudo em nome de sua liberdade e que foi surrupiada descaradamente, conforme os dados que seguem abaixo. Que fique registrado. Fiquem com Deus até a próxima!
    Darby Jimenez
    CHAVEZ: 42%
    CAPRILES: 39%
    N/S.N/C 19%
    ANZOATEGUI
    CHAVEZ: 28%
    CAPRILES: 59%
    N/S.N/C 12%
    APURE
    CHAVEZ: 44%
    CAPRILES: 43%
    N/S.N/C 13%
    BARINAS
    CHAVEZ: 44%
    CAPRILES: 45%
    N/S.N/C 11%
    BOLIVAR
    CHAVEZ: 41%
    CAPRILES: 45%
    N/S.N/C 14%
    CARABOBO
    CHAVEZ: 24%
    CAPRILES: 63%
    N/S.N/C 13%
    COJEDES
    CHAVEZ: 45%
    CAPRILES: 41%
    N/S.N/C 14%
    DELTA AMACURO
    CHAVEZ: 42%
    CAPRILES: 37%
    N/S.N/C 21%
    FALCON
    CHAVEZ: 34%
    CAPRILES: 55%
    N/S.N/C 11%
    GUARICO
    CHAVEZ: 37%
    CAPRILES: 41%
    N/S.N/C 22%
    LARA
    CHAVEZ: 33%
    CAPRILES: 54%
    N/S.N/C 13%
    LIBERTADOR-CARACAS
    CHAVEZ: 38%
    CAPRILES: 50%
    N/S.N/C 12%
    MERIDA
    CHAVEZ: 34%
    CAPRILES: 53%
    N/S.N/C 14%
    MIRANDA
    CHAVEZ: 23%
    CAPRILES: 66%
    N/S.N/C 11%
    MONAGAS
    CHAVEZ: 36%
    CAPRILES: 49%
    N/S.N/C 15%
    NUEVA ESPARTA
    CHAVEZ: 33%
    CAPRILES: 54%
    N/S.N/C 13%
    PORTUGUESA
    CHAVEZ: 38%
    CAPRILES: 57%
    N/S.N/C 15%
    SUCRE
    CHAVEZ: 31%
    CAPRILES: 44%
    N/S.N/C 15%
    TACHIRA
    CHAVEZ: 28%
    CAPRILES: 59%
    N/S.N/C 13%
    TRUJILLO
    CHAVEZ: 31%
    CAPRILES: 44%
    N/S.N/C 16%
    VARGAS
    CHAVEZ: 37%
    CAPRILES: 41%
    N/S.N/C 12%
    YARACUY
    CHAVEZ: 27%
    CAPRILES: 55%
    N/S.N/C 18%
    ZULIA
    CHAVEZ: 25%
    CAPRILES: 62%
    N/S.N/C 13%
    EN EL EXTERIOR
    CHAVEZ: 14%
    CAPRILES: 79%
    N/S.N/C 7%
    TOTAL GENERAL VENEZUELA
    CHAVEZ: 31%
    CAPRILES: 56%
     
    08 de outubro de 2012
    Graça Salgueiro