"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 18 de outubro de 2011

CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE

Será legítimo que o Estado destrua a liberdade individual para recriar uma natureza humana benigna?
Stanley Kubrick vem a São Paulo. Não o Kubrick real, morto em 1999 para prejuízo de todos os artistas e aficionados. Falo de uma das suas criações, "Laranja Mecânica" (1971), em cópia restaurada para a 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. É nesses momentos que uma pessoa lamenta sinceramente estar na Europa.
"Laranja Mecânica" foi o primeiro filme "adulto" a que assisti na vida, sem vigilância paternal. Foi uma bela iniciação à filosofia política, e relembro cada fotograma como se tivesse sido ontem. Sobretudo o rosto de Alex, espantoso Malcolm McDowell, que mais tarde reencontrei, ou redescobri, nos filmes de Lindsay Anderson ou Paul Schrader. Mas divago.
Alex era o rosto do mal. Do mal puro, perverso, sem justificação "médica" ou "sociológica" possível. Ele vagueia pelas ruas e, ao som de Beethoven, seu herói romântico, espanca e estupra. A moralidade judaico-cristã não existe para Alex. Ou só existe para ser quebrada. Alex destrói porque pode. Destrói porque gosta.
Foi a violência de "Laranja Mecânica" que me impressionou. Mas não apenas a violência de Alex: gráfica, óbvia, caricatural, dir-se-ia até musical - a sequência em que Alex espanca mais uma vítima ao mesmo tempo em que canta (e dança) "Singin' in the Rain" rivaliza em vitalidade com Gene Kelly no filme "Cantando na Chuva" (1952).

A grande violência do filme vem a seguir: quando Alex, finalmente capturado, é submetido a uma terapia radical destinada a extirpar os seus instintos destrutivos e antissociais.

Quem viu não esquece: uma série de imagens projetadas na tela da prisão -imagens torpes, insuportáveis- que Alex consome de olhos abertos, bem abertos, forçadamente abertos. Ele, a violência em pessoa, não suporta o excesso de violência que é obrigado a tragar durante horas e horas de tortura e imobilidade.

No fim do ordálio, Alex é um caso de "sucesso": uma espécie de lobotomizado social, pronto para ser posto em liberdade. Ou, pelo menos, nós acreditamos que sim.
Só mais tarde li o romance de Anthony Burgess (razoável) e as entrevistas (excelentes) do criador sobre a criatura. Admito: Burgess pode ser um inestimável fanfarrão e, segundo o seu biógrafo, Roger Lewis, um plagiário incorrigível.

Mas as inquietações de "Laranja Mecânica" permanecem vivas: será legítimo que o Estado destrua a liberdade individual para recriar uma natureza humana benigna?
Em teoria, talvez o programa seja apelativo: quem, em juízo perfeito, não gostaria de viver numa sociedade onde os criminosos são "reciclados" e, após terapia de choque, regressam ao mundo mais inofensivos que um cordeirinho?

Burgess entende o apelo. Kubrick também. Mas em "Laranja Mecânica" confrontamo-nos de imediato com as limitações desse programa.
Para começar, ele é ilusório: a natureza humana é insondável, e a violência que existe nos homens fará sempre parte da sua imperfeita condição. Podemos disfarçar, ou reprimir, essa violência. Ela não ficará adormecida por muito tempo.

Mas, mesmo que esse programa fosse possível e eficaz, existe uma segunda limitação: ele acabaria por destruir o sentido moral mais básico das sociedades humanas onde vivemos.
O que define um agente moral, pergunta Burgess? A resposta é clássica: o seu livre-arbítrio. Noções de "culpa" ou "responsabilidade" só existem porque existe a ideia prévia de que não somos marionetes. Somos agentes autônomos, responsáveis pelos nossos atos. É por esses atos que devemos ser julgados.

Depois da "reeducação", Alex pode sorrir, falar, caminhar. Ele parece um ser humano.
Mas nós sabemos que ele não é mais um ser humano. E não é porque aquilo que nos define -a possibilidade de escolhermos, e mesmo de escolhermos erradamente- foi amputado no laboratório. Alex é essa marionete. Um mero cachorro amestrado.

Assistindo a "Laranja Mecânica", entendemos que há crimes de Estado tão grotescos e imperdoáveis como os solitários crimes de Alex.
E entendemos também como o equilíbrio entre a civilização e a barbárie é frágil. Tão frágil que, por vezes, esses dois extremos trocam de lugar.

João Pereira Coutinho, Folha de SP
Posted by Rodrigo Constantino

O OCIDENTE ENTRE A GRANDE PEDALADA E A GRANDE FREADA

Há uma nova ordem econômica mundial em formação. O colapso da ordem socialista deserdou 3 bilhões de eurasianos. O mergulho dessa mão de obra e de seus fluxos de poupança nos mercados globais criou simultaneamente uma oportunidade de enriquecimento acelerado e um formidável desafio de integração da economia mundial.

A ampliação dos mercados com a globalização criou um universo econômico em expansão, com a possibilidade de ganhos para todos, mas também trazendo a ilusão de que não haveria dramáticos impactos sobre a antiga ordem ocidental. Os benefícios de um crescimento econômico sincronizado em escala global foram desfrutados no período de 2003 a 2007.
A partir da crise de 2008-2009, porém, as modernas democracias liberais passaram a enfrentar uma guerra mundial por empregos. Percebe-se agora, em 2010-2011, que o mundo mudou – e não voltará a ser o mesmo.

A crise contemporânea resulta, de um lado, do afoito mergulho eurasiano nos mercados globais e, de outro, das tentativas de escape dos ocidentais às exigências de adaptação à nova ordem global. Com o Ocidente em transe dos dois lados do Atlântico, prossegue o comovente espetáculo de uma Grande Sociedade Aberta esvaindo-se, numa sangria desatada por seus próprios excessos financeiros.

A quebradeira imobiliária, as crises bancárias, o mergulho das Bolsas, a contração do crédito, a falência de governos nacionais e o colapso das dívidas soberanas são sintomas desses excessos – que foram muitos e cometidos por longo tempo. Foram devastadores os atentados de financistas anglo-saxões e de políticos social-democratas europeus contra o moderno regime de moeda fiduciária e o financiamento sustentável das redes de solidariedade que alicerçam nossa civilização.

Os americanos insistem em pedalar sistemas financeiros como bicicleta. Tentam evitar com dinheiro barato o fim de um longo ciclo de crescimento. Como se os juros baixos de Ben Bernanke pudessem substituir as inovações de Steve Jobs. O Federal Reserve (Fed), banco central americano, tornou-se um soprador serial de bolhas. Abusa do poder de emitir a moeda reserva da economia mundial. Levanta pontes de papel para a riqueza, inflando e reinflando preços de ativos.
As operações de salvamento de instituições financeiras excessivamente endividadas significam que os contribuintes americanos terão de garantir todo tipo de má aplicação de recursos, socializando perdas e transferindo riscos dos financistas para o governo. O excesso de poupança dos asiáticos financiou por décadas o extravagante consumo dos americanos, seus deficits fiscais e comerciais. Chegou a hora de pagar a conta.

Os europeus querem viver do Estado. Ou seja: à custa dos impostos pagos pelo trabalho alheio. Abusaram de promessas feitas por governos demagógicos, que terão agora de ser bancadas por seus contribuintes. Empreguismo, corporativismo, inchaço burocrático, benefícios e aposentadorias irrealistas engordaram sem limites as despesas orçamentárias no paraíso perdido da social-democracia. E acordam agora trancados na jaula do euro.
Os países da Europa descobrem, frustrados, que não dispõem sequer das alavancas keynesianas para a manutenção dos padrões de vida irrealistas prometidos pelos sociais-democratas. Diarreia monetária como os americanos? Nem pensar. Os alemães controlam a moeda e têm a memória das hiperinflações. Desvalorizações cambiais? Não há como. Não há sequer moedas nacionais. E também não há como expandir os gastos públicos, evangelho do brilhante Keynes em seu manual de combate às crises das sociedades em declínio em busca de paliativos de curto prazo. Pois, afinal, o longo prazo chegou… e estamos todos ainda vivos. Em tempos tão conturbados e extraordinários como os de hoje, diagnosticava Keynes, às portas da Grande Depressão: “O mundo enfrenta a maior catástrofe econômica já ocorrida, a maior ameaça à ordem social existente”. Naquela época, “discutiu-se francamente a possibilidade de que a civilização ocidental tivesse sofrido colapso terminal”, segundo o historiador Arnold Toynbee.

O pavor dos americanos é mergulhar de novo na Grande Depressão. Eles são ainda os mais empreendedores e inovadores representantes da Grande Sociedade Aberta ocidental. Mas são insensatas as doses cavalares de liquidez aplicadas pelo Fed ante a exaustão do mais longo ciclo de crescimento americano. Levaram ao estouro das bolhas, ao colapso das finanças públicas, à descrença nas autoridades pela socialização das perdas, à radicalização entre republicanos e democratas e a uma taxa de desemprego de quase dois dígitos.

Enquanto isso, o Banco Central Europeu (BCE) é criticado por não atuar de forma tão decisiva quanto o Fed para impedir o agravamento de crises de liquidez. A arquitetura de uma moeda supranacional como o euro dificulta operações de “salvamento” no curto prazo. Mas, ao mesmo tempo, impede uma rota de escape inflacionária que drible a disciplina fiscal de longo prazo. Com a austeridade, os alemães desfrutam a mais baixa taxa de desemprego dos últimos 20 anos. A moeda continental sob influência alemã funciona como um regime de metas de inflação e também como uma lei de responsabilidade fiscal entre os países europeus. Não será fácil tributar alemães para financiar gregos.

O sistema monetário americano é o da Grande Pedalada, que infla preços de ativos tentando escapar à insolvência. A inflação mundial perde suas âncoras, e em poucos anos viveremos o pesadelo do baixo crescimento econômico em meio a taxas de inflação crescentes. O sistema monetário europeu é o da Grande Freada, que exige desinflar as dívidas ante a perda de lastro causada pela queda de preço dos ativos. As expectativas inflacionárias permanecem ancoradas, mas as pressões deflacionárias mantêm a sombra das crises bancárias e a ameaça de uma grande recessão no futuro próximo. Os europeus sofrem mais no presente, os americanos sofrerão no futuro.

18 de outubro de 2011
Paulo Guedes
Fonte: revista “Época”

DEPOIMENTO DE DELATOR JOÃO DIAS É ESTARRECEDOR

O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), pediu à comissão que ouve o ministro do Esporte, Orlando Silva, que aprove convite para receber o policial militar que fez as denúncias contra o ministro. Neto e outros líderes da oposição se reuniram por mais de uma hora com João Dias Ferreira nesta terça-feira, na liderança do PSDB no Senado.

Acompanhe aqui o depoimento do ministro na Câmara.

"Eu diria que o depoimento do João Dias é estarrecedor, traz detalhes e informações que não constam da imprensa e demonstra existência de provas materiais inegáveis sobre as denúncias que foram feitas", afirmou Neto.

Governo cobra de ONGs R$ 26,5 mi por desvios no Esporte
Orlando Silva 'propôs acordo para me calar', diz PM
Ministro nega irregularidades e diz que denunciante é 'criminoso'
Dilma defende maior rigor com ONGs e diz acompanhar caso
PM acusa ministro Orlando Silva de montar esquema de corrupção

Ferreira acusa o ministro e seu antecessor de cobrar 20% das entidades contempladas no programa. O esquema, segundo os denunciantes, teria desviado R$ 40 milhões ao longo de oito anos.

Reprodução/TV Globo

João Dias Ferreira, que delatou um suposto esquema de corrupção envolvendo o ministro do Esporte, Orlando Silva

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), foi vaiado ao dizer que o policial militar teme por sua integridade física.

Mais cedo, Ferreira pediu adiamento do depoimento que daria à Polícia Federal nesta terça-feira. Segundo a PF, Ferreira alegou problemas de saúde para justificar sua ausência. O depoimento será remarcado, mas ainda não tem data para ocorrer.

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), ironizou a ausência de Dias Ferreira na PF.

"A PF mandou chamar o delator para depoimento, mas ele declarou que não podia ir porque estava doente. Se tivesse comparecido, teria feito um gol de placa", afirmou.

ENTENDA O CASO

Dois integrantes de um suposto esquema de desvio de recursos do Ministério do Esporte acusam Silva de participação direta nas fraudes, segundo reportagem publicada pela revista "Veja".

O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira e seu funcionário Célio Soares Pereira disseram à revista que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na garagem do ministério.

Localizado pela Folha, Pereira confirmou a acusação contra o ministro. Após pedido de Orlando Silva, o procurador-geral da República disse que vai investigar o caso.

O ministro disse ainda que as acusações podem ser uma reação ao pedido que fez para que o TCU (Tribunal de Contas da União) investigue os convênios do ministério com a ONG que pertence ao policial autor das denúncias.

Em nota, o Ministério do Esporte disse que João Dias firmou dois convênios com a pasta, em 2005 e 2006, que não foram executados. O ministério pede a devolução de R$ 3,16 milhões dos convênios.

De acordo com o ministro, desde que o TCU foi acionado, integrantes de sua equipe vêm recebendo ameaças.

ANDRÉIA SADI
RENATO MACHADO
DE BRASÍLIA.

Bol/Uol Notícias.

A BRASÍLIA QUE POUCOS CONHECEM

QL 12 conjunto 4 casa 2 - Península dos Ministros - Lago Sul - Brasília /DF

Nos últimos anos, Brasília vive momentos de total degradação política. Arapongagem, com grampos, chantagens, extorsão e por aí vai... Isto porque a corrida para o Governo do DF começa com métodos nada ortodoxos. O camarada Agnelo Queiroz, governador do DF desde janeiro de 2011, ex-PCdoB e agora Petista, pelas mãos de Lula, herdou o serviço de alguns pontos chamados por seus companheiros, de ”aparelhos”, onde empresas contratadas passam o tempo todo bisbilhotando a vida alheia.

Foi descoberta, no coração de Brasília, uma mansão alugada pelo grupo de Agnelo e Filipelli, onde funciona o “aparelho”, conhecido na ditadura como esconderijo dos chamados pelos militares de “subversivos.”

É na QL 12, conjunto 4, casa 2, na Península dos Ministros, no Lago Sul, bairro onde residem praticamente todas as autoridades que comandam o país, que está instalada clandestinamente a TRUESAFETY, empresa de monitoramento de informação e contra informação, comandada pelo ex-delegado da Polícia Civil, Celso Ferro, e o militar da ABIN – Agência Brasileira de Informações Acir Pitanga Seixas.

Os serviços oferecidos pela TRUESAFETY em seu site oficial.

O bairro da Capital Federal abriga as residências oficiais do Senado e da Câmara, dos Tribunais e ministros de Estado. Por ali, também moram empresários que convivem com o Poder. O resultado é um bairro realmente nobre, no qual não se identifica exatamente quem é Governo e quem não é, o que supostamente garantia o anonimato e a segurança das autoridades.

Vista do Google de parte do terreno da mansão da TRUESAFETY

A casa da QL 12 é confortável e dotada de infra-estrutura para assistir a vídeos e material colhido pela TRUESAFETY. Tem vários cômodos, todos rigorosamente monitorados, inclusive com salas de análise de informações. Por lá, já passaram visitantes ilustres como, Agnelo, Filipelli, ex- governador José Roberto Arruda, autoridades federais, senadores, deputados e empresários. Todos estão gravados no acervo da TRUESAFETY. Baseado neste material, a Polícia Federal tem um forte dossiê com todas as personalidades que estiveram na “casa”. André Clemente, ex-secretário de Fazenda do Governo de Rogério Rosso, faz parte deste acervo, com conversas nada ortodoxas.
Na crise do Mensalão do DEM, onde o então governador José Roberto Arruda era investigado pelo Ministério Público e Polícia Federal, a TRUESAFETY atuou, contratada por Arruda, no trabalho de contra informação. O alvo era a procuradora que comandava as investigações Raquel Dodge. Ali o trabalho foi preciso. A procuradora, antes de estourar o escândalo do Mensalão do DEM confidenciou toda a operação a uma amiga que reside no exterior. A amiga, a diplomata Maria Helena Pinheiro Penna é irmã do então secretário de Planejamento e Gestão de Arruda, Ricardo Penna. Raquel teria alertado a irmã de Penna de que o escândalo havia alcançado o amigo de muitos anos. Com essas informações Arruda começou a preparar sua defesa para quando o escândalo estourasse.

A procuradora Raquel Dodge, a amiga diplomata Maria Helena Pinheiro Penna e o ex-secretário de Planejamento e Gestão do Governo Arruda, Ricardo Penna.
Raquel esteve no Rio de Janeiro e foi acompanhada por arapongas passo a passo, às vésperas da Operação Caixa de Pandora. O hotel, os telefonemas durante a madrugada com amigos do Ministério Público, tudo estava ao alcance da TRUESAFETY.

Arruda teve informações privilegiadas e na última hora cancelou sua viagem para o Rio de Janeiro, onde faria o contato com a turma do Metrô. Mas os arapongas não pararam por aí. Houve tentativa de monitorar os ministros do STJ – Superior Tribunal de Justiça. O ministro Fernando Gonçalves e a procuradora Raquel Dodge montaram estratégia para flagrar Arruda no caso do ex-governador tentar corromper os envolvidos na investigação. Mais uma vez, Arruda foi informado e não compareceu ao encontro marcado no STJ.
Com estes dados, a procuradora e o ministro levantaram suspeita de que quem vazava as informações era o então presidente do STJ Cesar Asfor Rocha. Na verdade, Raquel omitiu a relação íntima com a irmã de um dos investigados – Ricardo Penna.
Políticos como ex-presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, também foram vítimas de monitoramento. Arruda precisava se segurar no partido a todo custo. As informações privilegiadas eram e são até hoje, a moeda de troca do ex-governador. E, o escândalo da Pandora continua se arrastando, sem denúncias do MP.
Não é por acaso que este “aparelho” está instalado na Península dos Ministros. A família do presidente do Senado, José Sarney, está no rol dos monitorados pela TRUESAFETY. A residência de Sarney fica a poucos metros do “aparelho” comandado pelo ex-chefe da inteligência da Polícia Civil do DF, Celso Ferro. Em 2010, os arapongas monitoraram a empresa Trier Engenharia, que contribuiu para campanha de Dilma e Agnelo e, segundo o dossiê na PF, tem ligações com o presidente José Sarney.
Arruda ainda escapa dos inquéritos

A TRUESAFETY conta também com a ajuda de alguns jornalistas contratados para fazer “consultorias”. A turma que “assessora” Agnelo, segundo depoimento de um dos integrantes, apelidou o “aparelho” de “Casa da Maldade”. Equipamentos de escuta telefônica e outros usados na covarde arapongagem ficam sob os cuidados de pessoas, que para saquear o Governo, colecionam invasão de privacidade como moeda de troca para arrancar dos cofres públicos o que desejam.
Ali, após matéria publicada no jornal O Globo, onde o jornalista e ex-companheiro de Agnelo, José Seabra Neto, denuncia o governador do DF por práticas ilícitas, foi planejada uma das covardes emboscadas a fim de levar o jornalista para cadeia e desqualificar o depoimento considerado pelas autoridades como crime. Em qualquer país onde exista Democracia Agnelo estaria fora do Governo.
O depoimento de uma pessoa que fez parte da reunião que planejou a emboscada de Seabra revela o seguinte: conhecendo os hábitos do jornalista, o grupo decidiu plantar uma menor de 14 anos no porta-malas do carro de Seabra, colocar droga (cocaína) embaixo do banco e organizar uma blitz no trajeto de sua residência. Providenciaram um profissional para fazer cópia da chave do carro do jornalista e monitoraram os passos dele, aguardando o momento de colocar o plano em prática.

Tudo estava preparado e tido como certo, não fosse José Seabra ter se excedido na bebida e quebrado a rotina. Os “companheiros” do jornalista planejaram desqualificar o depoimento dele e desmoralizá-lo dentro da delegacia. Chegaram até cogitar “quebrar” as duas pernas do “amigo”, entregando-o aos presidiários. O excesso na bebida fez bem a Seabra que foi salvo graças a isso: voltou para casa em outro carro, pois não tinha condições de dirigir.

No depoimento, a testemunha que fez parte desta reunião, explica que o imóvel da QL 12 é conhecido como “Casa da Maldade”, porque durante toda a campanha de Agnelo e Filipelli foi de lá que saíram planos contra todos os adversários.
Aliás, os planos continuam saindo do Lago Sul. O “aparelho”, comandado por Celso Ferro, tem no seu portfólio serviços ao ex-governador José Roberto Arruda, ao atual governador Agnelo Queiroz e também a pessoas que fazem oposição ao atual Governo do DF.

A denúncia de Seabra causou um reboliço no quadro político no Distrito Federal. José Seabra Neto, dono do semanário “Jornal da Quadra”, decidiu romper um pacto de silêncio e acusou Agnelo Queiroz (PT) de usar caixa dois para se eleger governador do DF na campanha eleitoral do ano passado. Numa entrevista exclusiva ao Globo, em abril passado, Seabra disse que recebeu R$ 50 mil por semana durante toda a campanha para produzir edição semanal de 100 mil exemplares do “Jornal da Quadra”, com matérias favoráveis a Agnelo e contra o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), principal adversário na disputa. Os pagamentos não constam na prestação de contas de Agnelo à Justiça Eleitoral.
- Sou testemunha ocular. Eu recebi dinheiro para fazer um jornal para apoiar Agnelo Queiroz. Nós tirávamos 100 mil exemplares por semana. O pagamento era feito semanalmente em espécie, R$ 50 mil - disse Seabra ao Globo.

Ao todo, ele teria recebido R$ 800 mil entre junho e novembro de 2010 para produzir 16 edições do jornal e distribuir os 100 mil exemplares principalmente no Plano Piloto. Segundo o empresário, o caixa dois tinha como coordenador o delegado da Polícia Civil Miguel Lucena, diretor da Companhia de Planejamento do Distrito Federal - Codeplan. Seabra disse que recebia envelopes com o dinheiro das mãos de Lucena ou de outros emissários do delegado. Na época, Lucena era coordenador de Inteligência e Segurança da campanha de Agnelo.

Agnelo escalou seu advogado Luiz Carlos Alcoforado para rebater as acusações. Coordenador jurídico e responsável pela prestação de contas de Agnelo, Alcoforado negou qualquer irregularidade. Já Miguel Lucena confirmou, na ocasião, que teve vários encontros com Seabra durante a campanha, mas negou que tenha dado dinheiro ao empresário.
José Seabra Neto, escapou por uns goles a mais
Como se vê, os personagens envolvidos na questão são os mesmos que a Revista Eletrônica Quidnovi vem revelando nos dois últimos meses.
Alguns dos equipamentos usados na “Casa da Maldade” pela empresa de Celso Ferro, ao custo de R$ 500,00 o metro quadrado, são de propriedade da Polícia Civil de Brasília. Com intuito de fazer rastreamento de grampos o empresário cresce os tentáculos na arapongagem, sendo também o intermediário na compra de equipamentos sofisticados israelenses.
Enquanto isso, o jornalista José Seabra Neto, tirou do ar seu site combativo, e parece ter feito às pazes com o governador Agnelo. Agora, Seabra tem o patrocínio do GDF num blog que apóia novamente o Governo de Agnelo e Filipelli.

por Mino Pedrosa
Fonte: Quidnovi

PAÍS MALUCO

Vocês lembram da desastrosa reserva de mercado de informática, do governo militar? Pois está de volta, com o protecionismo às montadoras "nacionais", que estavam saudosas do protecionismo de que desfrutaram do fim dos anos 50 até o fim dos anos 80. As carroças daquela época continuam desatualizadas em décadas.

Em 1952, a gente já tinha carro com câmbio automático. Depois, sumiram por aqui. Agora anunciam como novidade. O ABS, que já tem 33 anos de uso, e o air-bag, usado há 26 anos, só protegem a vida de brasileiros que compram carros estrangeiros. Como me disse Silvano Valentino, quando era presidente da Anfavea, há 15 anos, falando sobre o cinto de segurança sem regulagem nos carros populares: é uma vergonha que a indústria automobilística brasileira não proteja a vida de quem a sustenta.

Pressionado pelas montadoras locais e pelo sindicato dos Metalúrgicos de Lula, o governo, que foi contra o protecionismo na reunião do G20, implantou um IPI francamente protecionista. E o comprador brasileiro que se dane.

É para comprar carros que anunciam "direção hidráulica, trio elétrico e ar condicionado" como li na propaganda dos jornais de ontem. Tudo isso se encontra em modelos americanos de 1952, que estão no Museu do Automóvel na estrada entre Gramado e Canela, RS.
É para se livrarem do Picanto, entre outros. E o brasileiro vai pagar mais também pelos nacionais, quando as marcas daqui se sentirem protegidas da concorrência.

E por ai vai a maluquice. O Ministro da Educação ainda acredita que o futuro do mundo é o socialismo, mesmo sabendo o que o socialismo fez com a Grécia, Portugal e Espanha. A manifestante chilena vai a Brasília e prega escola privada sem lucro e nós achamos que isso é possível.

Das 20 escolas privadas do Rio, 19 ficaram com os primeiros lugares no ENEM.<b> E em mil, mais de 900 das piores, são públicas.
Uma injustiça social. Quem sabe fecham as escolas privadas e resolvem?
Para passar no vestibular, vale a cor da pele e ninguém reclama do racismo e do enterro do mérito.

Para capitalizar empreendimentos, vai-se ao pindura do BNDES. O Eike Batista virou o oitavo rico do planeta oferecendo ações e usando a Bolsa.

Nomeia-se Ministro do Turismo o homem que recém havia cobrado do contribuinte uma festa num motel; depois, nomeia-se outro porque é do PMDB e do Maranhão; não por que seja um expert em turismo. Na capital do país, gasta-se um milhão e meio de reais para fazer festa dos mil dias da Copa que, na verdade, vai ter apenas 30 dias.

Enquanto isso, em escola de Brasília morre aluno eletrocutado e criança morre por falta de médico em hospital público.
E a Copa é meta para o novo ministro do Turismo. Não precisamos de mais automóveis. Precisamos de mobilidade urbana.

A Ministra do Planejamento disse que se houver problema de transporte urbano e trânsito em dias de jogos da Copa, decreta-se feriado. País rico pode deixar de trabalhar. Precisa ser internado e com camisa-de-força.

Alexandre Garcia é jornalista em Brasília

NO CAMPEONATO DA IMORALIDADE: SEM PRORROGAÇÃO PARA O MINISTRO


Mesmo com uma Copa do Mundo e uma Olimpíada na agenda, o Ministério do Esporte não mostrou, ao longo de toda a gestão petista, uma razão de existir.
Nestes quase nove anos, a pasta esteve, na maior parte do tempo, envolvida em falcatruas.

Este jogo não pode ter prorrogação.

Orlando Silva foi personagem desta jornada de irregularidades desde o início, seja na função de secretário-executivo de Agnelo Queiroz, seja como ministro, a partir do segundo mandato de Lula. O triste papel que ele desempenha está agora pelos 45 minutos do segundo tempo.

Há uma goleada de evidências de irregularidades que justificam a saída de Silva do Ministério do Esporte. Ali foi montada uma central de corrupção que desvia dinheiro para entidades de apaniguados e aliados partidários. Em favor da melhoria do desempenho esportivo do país, a pasta do ministro comunista pouco ou nada visível fez.

Por onde quer que se olhe só se veem malfeitos.
No feudo do PCdoB, criado por Lula e mantido intacto por Dilma Rousseff, se drenou muito recurso público para bolsos privados. As entrevistas de João Dias Ferreira a O Estado de S.Paulo e à Folha de S.Paulo são reveladoras desta nefasta ocupação.

O policial militar revela que, em março de 2008, Orlando Silva o recebeu em seu gabinete para "fazer um acordo com o pessoal dele para eu não denunciar o esquema" de fraudes, como disse ao Estadão. "O Orlando disse para eu ficar tranquilo, que tudo seria resolvido, que não faria escândalo". Ferreira diz que está tudo gravado.

À Folha, o policial deu nomes dos que participaram das tratativas: "Julio Filgueiras, que era o secretário nacional de esporte educacional"; "o atual secretário-executivo Valdemar"; "Milena, que era chefe de fiscalização"; "Adson, que era 'subministro'"; "Fábio, que é atual secretário"; "Charles, que era chefe de gabinete do Adson".

Ou seja, uma lista extensa de gente para ser ouvida no Congresso, tão logo o ministro passe por lá, em sessão prevista para hoje na Câmara e provavelmente para a quinta-feira no Senado.

Também devem ser investigadas a fundo as atividades das organizações não governamentais instrumentalizadas pelos aliados do PT no Ministério do Esporte. Lá, a sistemática de repasses foi alterada para facilitar a manipulação de verbas.

A gestão petista-comunista determinou que ONG passassem a ser as beneficiárias dos convênios do ministério, que antes contemplavam estados e municípios. Diferentemente destes, totalmente sujeitos à fiscalização de órgãos de controle, as ONG movimentam dinheiro com franca liberdade.

A própria presidente da República admite o problema. "Nós consideramos que, em muitos momentos no passado, houve convênios com ONGs mais frágeis. O que nós detectamos é que, em geral, elas são menos formais do que prefeituras e estados. Eles (prefeituras e estados) são acompanhados pelos tribunais, você tem que prestar contas", disse ela ontem, na África do Sul.

"Em muitos momentos do passado" significa, em bom português, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do qual Dilma Rousseff era a gerentona responsável por ditar as regras, a partir da Casa Civil. Portanto, o problema é tão dela quanto sempre foi. Há evidências de sobra de falcatruas.

A Controladoria-Geral da União aponta irregularidades em pelo menos 67 convênios, envolvendo R$ 26,5 milhões, informa a Folha de S.Paulo. O Tribunal de Contas da União viu "deficiência dos critérios para seleção dos parceiros" e problemas como falta de material esportivo, qualidade ruim da refeição oferecida às crianças e ausência de infraestrutura esportiva, segundo O Globo.

Uma das evidências mais flagrantes de que os programas do Ministério do Esporte, em especial o Segundo Tempo, eram usados de forma espúria é a proeminência da ONG criada por uma vereadora do PCdoB, a ex-jogadora de basquete Karina Rodrigues, nos repasses da pasta.

A Pra Frente Brasil (será saudade da ditadura militar?) ficou com quase metade dos R$ 30 milhões transferidos no ano passado. Envolvida em fraudes, foi impedida de firmar novos convênios, mas obteve aval do ministério para captar R$ 3 milhões por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, que aproveita benefícios fiscais, mostra o Estadão.

Orlando Silva caminha para ser o sexto ministro defenestrado do atual governo, o quinto a cair no rastro de denúncias de grossa corrupção na gestão Dilma. Surge daí uma chance de se pôr ordem na preparação do país para os eventos esportivos que virão. E, principalmente, uma oportunidade para restaurar alguma decência neste campeonato de imoralidade que marca a era petista.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

O GOVERNO MAMBEMBE E... NA BASE DO PUXADINHO


O governo da presidente Dilma anda preocupado com as palavras. Algumas devem ser banidas.

"Faxina", por exemplo, nunca existiu.

A queda de quatro ministros e vários funcionários de primeiro escalão, envolvidos em denúncias de corrupção, foi apenas uma "reestruturação" do governo.

"Privatização" também não existe.

O governo vai vender para empresas privadas a operação (e reformas) dos Aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília - mas o nome disso é "concessão".

É tudo para o público interno. A "faxina" é um ataque direto ao governo Lula, já que os demitidos eram todos herança da administração anterior. Já a "privatização" é uma ofensa dupla.

De um lado, atropela ideias de petistas e aliados à esquerda. De outro, ataca, de novo, membros do governo anterior, tanto esquerdistas quanto não ideológicos, considerados responsáveis pelo atraso nas reformas dos aeroportos.

Mas se fosse apenas uma questão de nomes, poderia passar perfeitamente. Se a presidente aprofundasse o combate à corrupção e apressasse as obras nos aeroportos, tudo bem, pode chamar como quiser.

O problema é que as coisas não andam. A "faxina" parou e os leilões de privatização já foram transferidos para janeiro de 2012 - isso se der tudo muito certo.

E corre o risco de não dar. Primeiro, pelas dificuldades normais da burocracia, do custo Brasil e da ineficiência do setor público. Segundo, porque parece que está saindo uma privatização envergonhada.

O governo está colocando exigências difíceis e caras para os concessionários. Algo assim: então as empresas privadas querem os aeroportos? Pois vão ter de dançar miudinho.

A necessidade de privatização indica que o governo não tem os recursos nem a capacidade de apresentar aeroportos decentes. Significa, portanto, que é uma óbvia confissão de fracasso do modelo controlado pelo governo.

Mas, em vez de os responsáveis saírem de mansinho - "desculpa aí, pessoal, foi mal" -, parece que estão tentando criar exigências para dificultar a vida dos futuros concessionários. Se estes também fracassarem, seria um alívio, não é mesmo?

Enquanto isso, já sabemos que, para a Copa do Mundo, certamente, e para a Olimpíada, provavelmente, ficaremos com os puxadinhos. Qual o problema? São muito decentes, diz o pessoal do governo.

Passei outro dia pelo novo puxadinho de Guarulhos. Estava em ordem - banheiros, lanchonete, telas de avisos, cadeiras, tudo limpinho -, mas reparem na operação. Os passageiros fazem o check-in e passam pela verificação de bagagens nas mesmas instalações lotadas do prédio principal.

Feito isso, tomam um ônibus num terminal deste mesmo prédio. O ônibus deixa todos no puxadinho. Chamado o embarque, todos vão caminhando até o avião, sujeitos às variações do tempo. Assim, o puxadinho apenas alivia a lotação nas salas de embarque.

É decente? O.k., mas não é bem o que se imagina quando os governantes brasileiros saem pelo mundo dando lições de governança.

A propósito, o pessoal do governo também tem bronca com essa palavra. Não é puxadinho, trata-se de um "módulo provisório". Mas pelo menos lá, em Guarulhos, todos os funcionários e passageiros chamam a coisa de puxadinho.

Quanto à faxina, o problema é mais complicado. A melhor imagem da presidente Dilma está justamente no combate à corrupção. Mas parece que ela e seus assessores não estão gostando disso.

Querem a imagem de realizadora, tocadora de obras.

Que fazer? Copiar o modo Lula. Se algo não está funcionando bem, lance um novo programa. Se o programa não dá resultados, lance outro.

Se há problemas complicados em um setor, lance um plano para outra área, uma ideia qualquer que pareça interessante e de fácil visibilidade.

A presidente Dilma já lançou vários programas - como o Brasil Sem Miséria e o conjunto de apoio à indústria nacional -, mas não funcionou, conforme avaliação dos próprios integrantes do governo.

Dirá o leitor que a avaliação não faz sentido. São programas de médio prazo - como se pode dizer que não funcionaram poucos meses depois de lançados?

Mas não está aí a preocupação do governo neste momento. Os planos não pegaram em outro departamento, o do marketing político-eleitoral, onde Lula exibia o máximo de sua capacidade de convencimento. Lançava, prometia e seguia em frente.

Tome-se a transposição do Rio São Francisco. Lula, no lançamento, chamou de maior obra de seu governo (a mais cara certamente é) e prometeu inaugurar tudo até dezembro de 2010, término de seu mandato.

A expectativa mais otimista, hoje, é a conclusão de um primeiro trecho no final do mandato de Dilma.

Em resposta à reportagem deste Estadão, o Ministério do Planejamento explicou que a obra não ficou pronta nem ficará tão logo porque foi preciso negociar "aditivos" aos contratos.

E, claro, o projeto já está bem mais caro. Ou seja, estava malfeito, não é mesmo?

Como não faz sentido reprometer a mesma coisa - que traria implícita outra confissão de fracasso da gestão anterior -, é preciso lançar outros programas. Podem reparar, toda vez que se vê em dificuldades, o governo anuncia algum plano.

O problema de marketing político, e sem solução, é que falta Lula para animar os lançamentos em palanques pelo Brasil.

Poderiam chamá-lo para a festa, mas isso atropelaria a presidente Dilma. Que fazer? Mais programas e tocar na base do puxadinho.

Carlos Alberto Sardenberg Jornalista

CARTÃO CORPORATIVO PAGA MOTEL, FESTINHAS...ETC.

Quatro casos e uma certeza:

os cartões corporativos ainda sofrem desvio de finalidade, 10 anos após terem sido criados para dar mais transparência aos gastos públicos.

A fatura do servidor Nestor Santorum, lotado no Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), na capital do Pará, traz um gasto de R$ 114 no Motel Holliday, estabelecimento que fica em Ananideua, região metropolitana de Belém.

O pagamento foi realizado no meio da tarde de 29 de novembro do ano passado, uma segunda-feira. O servidor, que gastou mais de R$ 11 mil com o cartão corporativo em 2011, nega a despesa.

A assessoria do Sipam alega que Santorum comprou material de construção para fazer uma cerca no lugar de um muro derrubado por uma árvore, mas a loja estava com o sistema de recebimento eletrônico indisponível.

A irmã do dono do estabelecimento de material de construção teria oferecido a máquina de seu motel para passar o cartão corporativo, “desvirtuando” a identificação do gasto.(SIC)

Sem justificativa ficou o questionamento que o Correio encaminhou ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de Minas Gerais sobre gastos de R$ 12,9 mil que duas servidoras da regional do IBGE fizeram em 21 de dezembro do ano passado em diárias, no Tauá Grande Hotel Termas de Araxá.

As servidoras Gislene Maria Ferreira e Vilma de Jesus Santos Cruz pagaram, juntas, 17 diárias com cartão corporativo. A assessoria do órgão não justificou a despesa até o fechamento desta edição.

Vídeos postados na internet mostram reunião de confraternização entre os funcionários da instituição batizada de 3º Encontro das Áreas Administrativas do IBGE, realizado entre 12 e 17 de dezembro de 2010.

A data dos gastos, que caíram na fatura de janeiro, é a mesma informada pelo servidor José Haroldo Rocha, do IBGE do Rio de Janeiro, que pagou R$ 7,8 mil ao mesmo hotel com o cartão corporativo.

A Controladoria-Geral da União (CGU) proíbe gastos com hospedagem:
“Excluída, nesse caso, a possibilidade de uso do cartão para o pagamento de bilhete de passagens e diárias a servidores”.

Os três servidores citados fazem parte do universo de 7.465 funcionários em postos estratégicos que utilizam a modalidade de suprimento de fundo.
Este ano, o governo já gastou R$ 39,9 milhões com os cartões corporativos.

Os campeões de gastos são a Presidência da República e o Ministério da Justiça, na casa dos R$ 10 milhões e R$ 9 milhões.
Em terceiro lugar vem o Ministério da Educação, com R$ 3,8 milhões.
Na pasta, destacam-se os gastos dos servidores do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, empresa pública ligada ao ministério.

Churrascaria

Contrariando recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU) de que recursos públicos do cartão não devem funcionar como diária para custear despesas semelhantes às previstas no auxílio-alimentação recebido pelo servidor, a funcionária Marta Helena Cherini repete gastos em churrascaria famosa pelos altos preços cobrados.

A fatura do cartão revela despesas no restaurante no Rio de Janeiro e em Brasília. Outros dois funcionários do hospital também elegeram o estabelecimento quando estiveram na capital do país.
(...)
Apesar de o cartão ter sido concebido para suprir necessidades de almoxarifado e pequenos consertos que não têm vulto financeiro para a abertura de uma concorrência, pelo menos cinco gestores do Ministério da Defesa utilizaram o cartão corporativo em estabelecimentos de fast-food.

O desvio da finalidade do suprimento também se repete nos saques em dinheiro vivo, procedimento condenado pela CGU.


Os servidores João Monteiro de Souza Junior, do IBGE do Amazonas, e José Wilden Nazareno, do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) do Pará, utilizaram esse ano o cartão corporativo para sacar R$ 28,4 mil e R$ 26 mil em dinheiro, em vez de usar a função crédito, que permite o acompanhamento dos gastos dos recursos públicos federais.

Banco do Brasil

Em 2009, o governo cortou o cartão corporativo dos ministros e instituiu uma diária fixa para os titulares das pastas. O objetivo da medida foi evitar que os ministros usassem o cartão para gastos durante a viagem.

Como os servidores recebem diária quando se deslocam a trabalho, despesas relacionadas a rotina de viagens não devem ser custeadas nessa modalidade de suprimento de fundos.

Os cartões de pagamento do governo federal são administrados pelo Banco do Brasil.

Confira os valores gastos pelos órgãos do governo federal com o cartão corporativo:

Presidência da República - R$ 10,5 milhões

Ministério da Justiça - R$ 9,3 milhões

Ministério da Educação - R$ 3,8 milhões

Ministério do Planejamento - R$ 2,7 milhões

Ministério da Agricultura - R$ 2,3 milhões

Ministério da Saúde - R$ 2,2 milhões

Ministério do Desenvolvimento Agrário - R$ 1,8 milhão

Ministério da Defesa - R$ 1,46 milhão

Ministério da Fazenda - R$ 1,43 milhão

Ministério do Trabalho - R$ 1 milhão

Ministério do Meio Ambiente - R$ 603 mil

Gabinete da Vice-Presidência - R$ 535 mil

Ministério de Minas e Energia - R$ 403 mil

Ministério da Ciência e Tecnologia - R$ 366 mil

Ministério dos Transportes - R$ 240 mil

Ministério da Integração Nacional - R$ 213 mil

Ministério das Cidades - R$ 159 mil

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - R$ 127 mil

Ministério da Previdência - R$ 114 mil

Ministério da Cultura - R$ 66 mil

Ministério das Comunicações - R$ 50 mil

Ministério da Pesca - R$ 39 mil

Ministério das Relações Exteriores - R$ 31 mil

Ministério do Esporte - R$ 3 mil

Correio Braziliense

E NAS CÂMARAS DE VAGABUNDAGEM... MAIS VEREADORES, MAIS GASTOS.

Câmaras municipais aumentam número de vagas, mesmo sem obrigatoriedade, e comprometem cidades pobres

A despeito da choradeira de prefeitos que marcham todos os anos em Brasília reclamando da falta de recursos para Saúde e Educação, as câmaras municipais do país podem receber ano que vem um contingente adicional de 7.710 vereadores em relação ao total eleito há quatro anos.

Estimativas preliminares indicam que o custo desses novos vereadores atinja R$214 milhões ao ano, comprometendo 3,61% da receita líquida dos municípios.

O aumento do número de vereadores, permitido por emenda constitucional, não é automático nem obrigatório. Mas a grande maioria das câmaras, inclusive as de estados pobres,optou por aumentar a conta que será paga pelo contribuinte.

Apenas dez parlamentares votaram em 2009 contra a polêmica PEC dos vereadores, posteriormente regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deu a 2.153 municípios com alteração habitacional o direito de aumentarem o número de vereadores em 2012 .

Os municípios têm até 30 de junho do ano que vem para alterar a lei local aumentando ou não o número de vereadores. Mas pesquisa feita pela Confederação Nacional de Municípios semana passada mostra que, dos 2.153 municípios que podem mudar, ao menos 1.740 vão optar pelo aumento.

A Câmara Municipal de Teresina, capital do Piauí, é um desses municípios:
já aprovou o aumento e passa de 21 para 29 vereadores, o que representará um custo anual adicional de R$3,7 milhões.


Considerando o menor benefício pago pelo programa Bolsa Família, R$32, essa facada no orçamento da prefeitura poderia custear mais 115 mil novos benefícios. Levando-se em conta o maior valor pago, R$306, atenderia 12 mil novas famílias.
(...)
Em São Luís, capital do Maranhão, estado que tem um dos menores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, o número de vereadores salta de 21 para 31, com custo adicional de R$6 milhões por ano.
Daria para pagar, por um mês, a maior parte dos 77.507 beneficiários do Bolsa Família da capital maranhense (R$9 milhões).


O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, diz que só se conhecerá o real impacto financeiro desse aumento do número de vereadores a partir de junho do ano que vem, depois das convenções partidárias e quando as Câmaras poderão, inclusive, votar aumentos de subsídios dos vereadores.

- O que a gente percebe é que a maioria da população acha que não tem necessidade de aumentar o número de vereadores - diz Ziulkoski.

Na contramão da maioria, Conchal, em São Paulo, reduzirá seus vereadores na eleição do ano que vem. Em setembro, a Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, projeto da Mesa reduzindo de 13 para 11 as vagas para vereador.

A economia com será de R$600 mil e garantirá o pagamento do 13º do funcionalismo.

- Todo mundo estranhou nossa decisão e perguntaram se aumentaríamos o valor do subsídio do vereador. Não vamos aumentar. Muita gente diz que poderíamos resolver os problemas da cidade com apenas um vereador.

Portanto achamos que para manter a autonomia, 11 é um bom número - diz Ismar Seratti, presidente da Câmara local.

No Rio, 72 cidades podem aumentar o número de vereadores.
A CNM identificou algumas que já aumentaram:

Barra Mansa, de 12 para 19;
Belford Roxo, de 19 para 25;
Bom Jardim, de 9 para 11;
Conceição de Macabu, também de 9 para 11;
Santo Antônio de Pádua, de 9 para 13;
e Valença, de 10 para 12.

Por outro lado, São Pedro da Aldeia, com 10 vereadores, e Silva Jardim , com nove, não pretendem fazer aumentos.

Maria Lima O Globo

A ENTREVISTA DO GENERAL REINWALD SOBRE A LEI DO DESARMAMENTO

ENTREVISTA COM UM GENERAL FUZILEIRO NAVAL DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA :
Independente de como você se sente a respeito das leis sobre desarmamento, você vai gostar muito dessa rápida entrevista!!!! Esta é uma das melhores respostas de todos os tempos. É uma parte de uma entrevista da Rádio Pública Nacional (NPR) cedida a uma radialista pelo General Reinwald, comandante do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (Marines), que estava prestes a receber uma tropa de escoteiros em visita à sua instalação militar.

ENTREVISTADORA: Gen. Reinwald, o que sua corporação irá ensinar a estes jovens meninos enquanto visitam sua base?

GEN. REINWALD: Nós vamos ensinar-lhes alpinismo, canoagem, arco-e-flecha e a atirar.

ENTREVISTADORA: Atirar! Isso me parece um tanto irresponsável, não é?

GEN. REINWALD: Eu não vejo porque; eles serão adequadamente supervisionados no estande de rifle.

ENTREVISTADORA: Você não admite que esta é uma atividade terrivelmente perigosa para ser ensinada a crianças?

GEN. REINWALD: Eu não vejo como. Nós daremos as aulas apropriadas de rifle antes mesmo que toquem uma arma de fogo.

ENTREVISTADORA: Mas você não estará capacitando-os para que se transformem em assassinos violentos?!

GEN. REINWALD: Bem, moça, você é plenamente equipada para ser uma prostituta, mas você não é uma, é?

Fez-se silêncio e a entrevista foi encerrada!

Esta é uma homenagem a todos que acham que a culpa é sempre da arma e não de quem puxa o gatilho!!!

Enviado por Gaspar Carvalho

CASO ORLANDO SILVA: ONGS DISFARÇAM-SE E DIZEM QUE TRABALHAM DE GRAÇA


Nas edições de segunda-feira 17, Marcelo Ribeiro, no Globo, Andreia Sadi e Bernardo Melo Franco, na Folha de São Paulo, revelaram que a presidente Dilma Rousseff determinou o retorno imediato ao país do ministro Orlando Silva para responder as acusações desfechadas contra ele pelo PM João Dias Ferreira. As acusações foram objeto de reportagem da revista Veja que se encontra desde sábado nas bancas. São extremamente graves.

O dinheiro ilegal teria sido entregue ao titular do Esporte na garagem do ministério, em Brasília. Orlando Silva rebateu as acusações em entrevista ao fantástico da Rede Globo, que foi ao ar na noite de domingo. A resposta, entretanto, não foi acompanhada do tom de indignação que seria natural em caso assim. Mas este é um aspecto subjetivo da questão. O aspecto objetivo aponta uma surpresa brasileira no panorama geral. Pois enquanto em várias capitais da Europa, no fim de semana, ocorreram fortes movimentos populares contra medidas capazes de atingir os assalariados, caso principalmente de Roma e Lisboa, no Brasil proliferam as ONGS sem fins lucrativos. Portanto, seus responsáveis têm tempo sobrando e se oferecem para trabalhar de graça.

Os poderes públicos aceitam. Caso dos convênios firmados pelo ministro Orlando Silva. Caso das Organizações Sociais de Saúde no estado do Rio de Janeiro. Recentemente o governador Sérgio Cabral sancionou lei sustentando que as OSs não possuem fins lucrativos. Qual a razão disso? Uma aparente manobra para contornar a Constituição Federal. Pois o parágrafo 2º do art. 199 veda taxativamente o uso de recursos oficiais para subvenções e auxílios a entidades privadas com fins lucrativos.

Francamente como se pode acreditar nisso? Quem vai, em escala crescente, se dispor a prestar trabalho voluntário? Por coincidência, multiplicam-se velozmente as Organizações Não Governamentais. Levantamento feito pelo economista Filipe Campelo, meu amigo, identificou que eram 20 mil no fim do governo FHC. Passaram a ser 240 mil no crepúsculo do governo Lula. Hoje, não sei quantas são.

Mas só podem ter crescido à sombra dos recursos públicos em flor, para citar obra de Marcel Proust. Em consequência, cria-se uma quase impossibilidade de controle por parte do TCU. Caminho aberto para a Ilha do Tesouro, como nas histórias de piratas e corsários que tinham ponto de encontro no Caribe, século 16. Ressurgem agora usando fantasia diferente. A de filantropia. Falso.

O caso por exemplo da ONG Bola Pra Frente, beneficiada com recursos do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, é típico. Bola Pra Frente recebia dinheiro público e com ele montou programas esportivos, educacionais e de lazer. Com tais recursos, adquiriu equipamentos comercializados pela empresa RNC, na ordem de 8,5 milhões de reais, como publicou a Folha de São Paulo.

Ora, não entra na cabeça de ninguém que uma ONG receba 8 milhões e 500 mil do governo federal e utilize tal verba para adquirir material esportivo. Não havia necessidade de tal operação.Se a ONG Bola Pra Frente trabalha de graça, o Ministério do Esporte deveria pagar diretamente à RNC pelo fornecimento e apenas acompanhar sua instalação e aplicação prática pela ONG. Não foi isso o que aconteceu.

As ONGs recebem o dinheiro e então passam a fazê-lo circular. Uma burocracia, digamos, desnecessária. O sistema operacional com o repasse direto, sem escalas, seria mais simples e prático. Porém parece não ser esse o pensamento que forma e informa o sistema adotado. Os reflexos estão aí: escândalos em série. Dificilmente Orlando Silva se sairá bem do episódio subterrâneo que aconteceu em Brasília.

Pedro do Coutto

ACUSADOR DO MINISTRO ANUNCIA QUE TEM DUAS GRAVAÇÕES DE REUNIÕES FEITAS COM ELE

O policial militar João Dias Ferreira anunciou que vai divulgar duas gravações que comprometem o ministro do Esporte, Orlando Silva, que lhe teria proposto um acordo, em março de 2008, para que não levasse a órgãos de controle e à imprensa denúncia sobre irregularidades no Programa Segundo Tempo.

Em entrevista ao repórter Rubens Valente, da Folha, o PM Ferreira protestou, na reunião que afirma ter tido, sobre ação do ministério que apontou irregularidades em dois convênios. Como o ministro nega o encontro com Ferreira em 2008 e diz que só se encontrou com o PM em 2004 e 2005, as gravações é que podem comprovar o que realmente aconteceu.

Folha — Que tipo de provas o sr. pretende apresentar a respeito dos fatos que o sr. narrou à revista “Veja”?

João Dias Ferreira – No momento certo, não sei ainda se no Ministério Público ou na PF, [os advogados] apresentarão dois áudios que nós temos e alguns documentos.

O ministro tinha conhecimento de irregularidades no Segundo Tempo?
Sempre soube, sabe até hoje. E isso funciona ainda. [...] São empresas de familiares, de militantes. Então tudo é uma grande logística, é uma grande engrenagem.

Você chegou alguma vez a conversar sobre esse assunto com o ministro Orlando?

Já. Em março de 2008, foi nessa reunião que eu exigi a participação dele para homologar o acordo em que ele sanaria todos os problemas das minhas ONGs. Eu falei: “Olha, não concordo com o que foi feito. Vocês estão abusando, estão produzindo documentos, eu vou denunciar”. Eu pensei até que ele não sabia. Nessa época ficou evidente que ele sabia. Inclusive ele assumiu um acordo: “Olha, tudo bem, vamos sanar esse problema”.

Onde foi a reunião?

No gabinete dele. Ele já era ministro. A reunião foi feita extraoficialmente.

Quem participou da reunião?

Orlando Silva, Julio Filgueiras, que era o secretário nacional de esporte educacional, inclusive pediu exoneração logo em seguida em virtude das repercussões dos fatos noticiados na imprensa [sobre irregularidades em ONGs]. O corpo jurídico, salvo engano, era liderado pelo atual secretário-executivo Valdemar, a Milena, que era chefe de fiscalização.

Nessa oportunidade você narrou irregularidades?

Todas elas, e ninguém negou. O próprio ministro falou para mim: “Fique tranquilo que nós vamos regularizar a situação. Não precisa tomar parte ao Ministério Público, à imprensa, porque aqui eu tenho todas as condições legais para sanar os problemas”.

Você disse que iria procurar a imprensa e o Ministério Público se ele não solucionasse…?

Disse. E esse acordo foi da seguinte forma, que ele sanasse [os problemas da prestação de contas das ONGs de Ferreira], encerrasse minhas entidades. E nessa reunião ficou acertado que ele mandaria as duas entidades para o TCU para homologação.

Você não gravou a reunião?


Nessa, não, mas tenho outra, a posteriori, que se originou dessa. Onde estavam presentes o Adson, que era “subministro”, o Fábio, que é atual secretário, o Julio Filgueira, o Charles, que era chefe de gabinete do Adson. Essa reunião foi logo em seguida, provavelmenteem abril. Foi na calada da noite, no sétimo andar, na sala do Adson, no ministério.

Na reunião com o ministro, o que sr. pediu a ele, o que o sr. chama de sanar problema?


Tenho como provar. São problemas da seguinte natureza. Pediram 20% lá atrás…

Quem pedia?

Tinha uma comissão de captação. Era uma comissão grande, eles iam para impressionar. Tudo uma operacionalidade fraudulenta. “Olha, nós cobramos normalmente, entre 10 e 20%.” E eu concordei. Porque até então eu imaginei que estaria no cronograma de desembolso previsto. Só que não tinha. [...] E eu me recusei a pagar. Aí começou a guerra. Eu paguei 1% [a uma empresa que dizia fazer consultoria], no valor de R$ 20 mil, e o documento está na 10ª Vara Federal.

O episódio da garagem, o sr. documentou?


Não. Em nenhum momento eu falei que eu vi o ministro receber. Eu falei que o braço direito dele, que é o Fredo [Ebling], falou para mim várias vezes que entregou.

Por que o sr. decidiu fazer as denúncias agora?


Estava aguardando o Ministério Público me chamar.

NOTAS POLÍTICAS

Problema para o sucessor de Dilma

ONGs e empreiteiras estão envolvidas nas denúncias de corrupção no governo, atingindo agora o ministério dos Esportes, como antes o ministério do Turismo, sem esquecer os Transportes, a Agricultura e até a Casa Civil. É a velha regra de não haver corruptos sem corruptores. O diabo está em que, apesar da defenestração de ministros e montes de funcionários, prevalece a impunidade relativa aos que superfaturaram obras, impuseram aditivos contratuais sem prestar os serviços contratados e distribuíram comissões e propinas, ficando com a maior parte dos recursos públicos.

A lógica e as evidências indicam a mesma prática em outros ministérios, ainda não denunciados, e em altos patamares da administração pública. Seria necessário atacar o mal pela raiz, ou seja, proibir toda e qualquer ONG de celebrar contratos com o governo. Ou não se intitulam entidades não-governamentais? Vão buscar dinheiro na iniciativa privada.

Ao mesmo tempo, cancelar a participação das empreiteiras flagradas em ilícitos e malfeitos na execução de obras e na prestação de serviços.

Só que tem um problema: se a presidente Dilma optasse por essas ações cirúrgicas, o país iria parar. Boa parte da economia é movida por esses dois pilares de sustentação das lambanças, obviamente que erigidos com o cimento da esperteza de partidos políticos, maus funcionários, grupos e quadrilhas encasteladas no poder. Numa palavra: sem a corrupção, viria de imediato a recessão.

Fazer o quê? Apelar para o Judiciário, aguardando a imediata apuração e punição de cada denúncia, seria sonhar acordado. Esperar que corruptos e corruptores abandonem suas práticas por medo da cadeia ou por arrependimento ético, outra ilusão. Arrancar do Legislativo profunda modificação nas leis, de modo a fechar as brechas por onde escoa a impunidade? Nem pensar.

Conclusão: Dilma precisa adotar a lição daquele velho Papa que ao ser abordado por um místico, informando haver o anti-Cristo nascido em Roma, perguntou que idade tinha o rebento. Ao saber que estaria com três anos, respondeu: “então não é problema meu, mas do meu sucessor…”

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ENGANAÇÃO

Da Europa vem a informação de que os grandes bancos decidiram ajudar ainda mais a Grécia, Portugal, Espanha e outras nações à beira da falência. Verdade? Não. Mentira pura e deslavada. Os bancos não ajudam ninguém. Os recursos que supostamente adiantarem aos governos referidos e outros nem sairão de seus cofres. Servirão para pagar dívidas atrasadas, com a peculiaridade de gerarem mais lucros, tendo em vista os juros impostos a essas nações. O endividamento só fará aumentar.

“Me engana que eu gosto”, deveria chamar-se essa nova fase da crise econômica mundial, mesclada ao aumento de impostos, a redução de salários, as demissões em massa e a supressão dos investimentos sociais.

***

ACABA DANDO REPETECO

Vão de mal a pior as relações de cúpula entre o PT e o PMDB. Dificilmente será cumprido o acordo da inversão de presidências, quer dizer, os companheiros entregariam aos peemedebistas a presidência da Câmara e, no Senado aconteceria o inverso. Pelo jeito, para o biênio 2013 – 2014, permanecerão em seus postos o deputado Marco Maia e o senador José Sarney. Há uma certa lógica na hipótese, porque o PT continua a maior bancada na Câmara e o PMDB, no Senado.

***

A MÁGICA E O MÁGICO

Disse o general Golbery do Couto e Silva, depois de haver deixado o Gabinete Civil, rompido com o presidente João Figueiredo, que a única mágica boba era aquela que fazia desaparecer o mágico. Guardadas as proporções, aplica-se esse princípio nas preliminares da regulamentação da Copa do Mundo de 2014. O Brasil pode lutar e espernear o quanto quiser diante das exigências da Fifa, mas de jeito nenhum deverá levar a disputa até o cancelamento do torneio em nosso território. A platéia ficaria decepcionada, sem o mágico no palco.

Carlos Chagas

REFORMA POLÍTICA

De quando em quando, ouve-se falar em uma reforma qualquer, em geral bem falada, mas passa sem deixar lembranças. Ultimamente, a reforma da moda era a “política”. Quase sempre jornalistas indagaram minha opinião a respeito e foi uniforme a resposta: não posso falar sobre o que não conheço e nada foi esclarecido acerca dessa relevante questão.

Salvo engano, são quase 30 os nossos partidos e confesso ignorar o que eles pensam acerca do problema. Geralmente, o mais que se dizia era apenas desfavorável aos “políticos”, globalmente estigmatizados. O hábito é antigo, mas é de ser notado que ele tem se acentuado, dada a sucessão de episódios inéditos destoantes dos padrões consagrados.

De qualquer sorte, isto não altera o problema, pois muito importaria saber o que pensam os partidos, seus dirigentes ou líderes; e o tema parece guardado como segredo. No entanto, por vezes uma novidade, o voto secreto passa a ser apontado como excrescência arcaica, e não faltaram jornais da maior e melhor tradição que endossaram esse entendimento e logo ficou assentado que sua eliminação deveria constar da reforma política…

Contudo, há casos em que a secrecidade contribui para obter resultados melhores, como no tocante à apreciação de veto, a confirmação parlamentar da escolha de altos servidores do Estado ou quanto à disciplina interna envolvendo parlamentares. Dir-se-á que pode haver abuso de poder e sempre pode, mas me recordo da ponderação de John Norton Pomeroy em seu grande livro sobre a Constituição americana, que mais de cem anos não o envelheceu, “o possível abuso do poder não é objeção idônea contra a existência do poder”.

Ora, a maioria das proposições relativas a essa área apresentam aspectos positivos e negativos; é o que se pode dizer do voto secreto nas votações parlamentares. A experiência secular dos parlamentos consagra hipóteses em que o voto é secreto, para melhor atingir sua finalidade. Saliente-se que seu número é reduzido.

Entre nós, desde a Constituição de 1824, foram mencionados os casos em que a votação seria secreta e assim, sem solução de continuidade, e até hoje, nesse longo período, jamais se viu movimento de opinião no sentido da supressão dessa modalidade. Com efeito, há situações em que a experiência aconselha a secrecidade do voto.

É claro que a lei pode muito, mas não pode tudo. E, ao parlamentar que não tiver consciência da dignidade da função de que está investido, serão vãs as mais insignes garantias.
O mesmo se pode dizer do juiz, do mais modesto ao mais eminente, a lei lhe confere os broquéis mais refinados, a vitaliciedade, a inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos, mas, se ele não tiver no fundo da sua alma a consciência da eminência da sua função social, e se não harmonizar a humildade com a nobreza, a simplicidade com a energia, a modéstia com a firmeza no exercício de seus deveres, a equidade com o respeito às leis, de pouco valerão as solenes garantias que lhe são concedidas.
Faz mais de século que Rui Barbosa escreveu “não há tribunais que bastem para abrigar o direito, quando a noção do dever se ausenta da consciência dos magistrados”.

É claro que não se pode reduzir a uma só causa um fato de dimensão nacional, mas se pode asseverar que há fatos que, por sua duração, extensão e profundidade, deixaram como não podiam deixar, de marcar a sociedade, não sei por quanto tempo.
Mas bastaria a ignomínia do AI-5 para profanar um frade de pedra. Cada vez me convenço mais de que ao que vem acontecendo, não é estranho o que ocorreu então, e seus malefícios tendem a ser duradouros, a menos que a repugnância à corrupção promova o milagre de esvurmar o organismo nacional desse flagelo.

Paulo Brossard
Fonte: Zero Hora, 17/10/2011

MAIS LEVE QUE O AR

A Resistência do Ar das Montanhas. – O ar frio das alturas enrijece o coração e enobrece a alma. Do alto também percebemos melhor as correntes que dão o curso normal e pacífico das coisas em que estamos envolvidos. Essas correntes, dominantes, mais frias e secas, ou subdominantes, mais quentes e úmidas, por qualquer uma delas parece fluir um sentido. E se um vento maligno, insidioso, e até sedutor, for o vento dominante e o sentido final? Flutuaremos atrás dele, por mera conveniência e oportunismo, e em grossa companhia, como quem gosta de pertencer à maioria? Então não resistam vocês também ao vento bom e verdadeiro, embora fraco, solitário, e tênue, capaz apenas de colher na sua resistência a menor partícula de maldade junto aos ventos dominantes. Lembrem: do alto sentimos melhor as resistências.

O longo curso dos ventos. – Para que norte aponta a seta do tempo? Para que sul aponta o sentido das correntes dominantes? Na História as chamamos Tradição. De todos os sentidos que já sopraram como ventos, um resultou em um fulcro de costumes, hábitos, tradições e memórias sociais, mergulhado no mais profundo sentimento cristão e imbuído da mais sincera das intenções; dele nunca se disse que esteve ausente do longo curso dos ventos. Mas os cursos mudam e os inocentes não percebem sua mudança. Ressentem-se somente daqueles que sinalizam que outras direções existem e que teimam em resistir ao longo curso dos ventos.

Urgente! Corram todos! A História mudou! – Descobriu-se recentemente, confirmando suspeitas mais antigas, que a História como a conhecemos é muito mais velha do que parecia. Agora se sabe: o problema estava na aparência. Quem a teria feito assim tão jovem; quem a compôs assim; quem a “editou”, para usar o jargão usual, e em que momento foi construída para os nossos sentidos? Se tirarmos as aparências dos diferentes designs históricos gravados na nossa memória histórica oficial, se lhes retirarmos toda juventude, não sobrará grande coisa da História. Simplesmente podem estar todos errados! Forte demais isso? Então olhem as ruínas, os monumentos de civilizações tão antigas quanto 12 mil antes de Cristo. A História não conta nada disso. Portanto, está merecendo uma revisão imediata. Isso é tão urgente que não devemos ter pressa. A História não viu nossa vetusta realidade. O juiz não deu o pênalti claro a todos!

Gobekli Tepe. Pilar de 15 metros de altura. Inscrições feitas com que máquinas?

O longo curso dos tempos. – Em catorze mil anos poderíamos alocar pelo menos duas civilizações inteirinhas. Dava para fazer duas histórias com muitas historiografias, cada uma com seus heróis, sua façanhas, etc. Mas isso sabemos agora. E se em outros tempos, tão ou mais antigos do que esses, contássemos com vinte mil, trinta mil anos de história para encaixarmos nossas descobertas e teorias? Quantos antes já fizeram isso? Ninguém pode responder isso hoje. Mas todos sabem defender sua pequena história como a única certa. Quando o argumento enfraquece lembram a Tradição, qualquer uma, a da ocasião, embora essa ocasião seja apenas aquela que convém ao longo curso dos tempos. Afinal, não tão longo assim.

O sangue vermelho da sacralidade. – A tudo esse sangue tingiu. Melhor diríamos, ungiu. Uma unção quase indelével de sacralidade. No longo curso dos tempos houve muitas petrificações, às vezes de um Pedro histórico e de mármore travertino, em outras de um outro discípulo menor e mais distante, um calcáreo menos nobre. É quando esse tingir de vermelho espalhou-se. Diziam coisas temíveis desse vermelho. Mas a sacralidade vinha da cor, e esta, quando madura, tornar-se-ia púrpura. Mais aí a sacralidade foi abandonada com segurança. Ficamos a examinar a estrutura, como fazemos com uma célula, sem muita cerimônia, com objetividade, fazendo a leitura compungida e conveniente. Mas a cor enfraqueceu inexoravelmente no tempo assinalado. É visível sua palidez hoje. Neste instante qualquer outra cor antiga dos primeiros tempos se torna uma ameaça. Cubramo-la rápido e a acusemos de alguma heresia cromática segundo os nossos melhores sentidos, emoções, e pensamentos. Sempre foi assim, reza a Tradição.

A Ciência tem seus Heréticos. – Autos de Fé ainda são feitos no Ocidente democrático. Nos atuais tempos se tornou costume condenar, proibir, reprimir e calar dissidentes políticos e ideológicos. Pessoas que manejam as palavras, por suas bocas ou por seus escritos, são levadas aos tribunais inquisidores bancados por poderes temíveis. Se eu gritar COMUNISMO provavelmente serei aplaudido. Mas se gritar SIONISMO serei preso ou visto com desconfiança por meus melhores amigos. Ora, são apenas ideologias. Podemos prender idéias? Pregar idéias é crime? Certamente é, mas para alguns. Quem está no controle das Ciências Humanas, qualquer uma, mesma aquela de propriedade dos poderosos e para seu uso particular? Quem criou as heresias, o crime de ódio da Idade Média? A quem serviu essa conveniência inescusável do poder eclesiástico que por muito tempo não teve que prestar contas a ninguém e julgou e condenou e executou? Seus descendentes menos sagrados, mas com roupas e aprons parecidos, continuam fazendo a mesma coisa. Para condenar à estaca usam a Universidade, as cifras matemáticas e as equações como antes faziam com procissões encapuzadas. Agora, quando necessário, criam prêmios, honrarias e homenagens, e de champagne em champagne na recepção do Nobel da Paz criam legiões de heréticos, mas não demais para que não pareçam ser maioria.

O ar puro das montanhas. – Revigorado pelo ar fresco e frio, às vezes duro e cortante como um látego, mas quase sempre rejuvenescedor, e purificado pelo mais fino ar que sustenta a pena mais tênue, lanço meu repto: espere sua hora, porque a libertação do homem já é visível de longe. Do alto das montanhas se vê melhor. Mas não se enganem, do alto não se vê melhor o céu infinito, apenas vemos melhor a planície nem tão rarefeita, nem tão pura.

O tocador de flauta. – A primeira nota, alerta; a segunda já soa mais sentida, no tom certo da emoção previamente combinada. Todos apuram os ouvidos quando o flautista toca; conhecem seu coração. Mas a ilusão do flautista é que irão ouvi-lo até o fim, muito depois da terceira ou da quarta nota, que já se desinteressaram por sua melodia. Ouvir é uma ciência. Ouvir até o fim é um dom quase divino. É ter gosto pela Eternidade e pela paciência. Aquele que sopra verdades ao vento conta que chegue a todos os ouvidos sua melodia. Foi assim que ouvi pela primeira vez o tocador de flauta. Paguei o preço da solidão, do desterro voluntário, do retiro no wilderness, mas eu ouvi. Sócrates dizia que nunca é tarde para aprender a tocar flauta.

Um passarinho me contou. – Um whistleblower me contou (soprou) que o mundo está para mudar. Mas o mundo está sempre mudando, disse eu. É que desta vez as pessoas se deram conta da mudança dos cursos relativos da Terra e do Sol. Em algumas ilhas longínquas do Hemisfério Norte o Sol começou a se por e se levantar em lugares alguns quilômetros distantes do que costumava fazer até este ano de 2011.


Já foram tantas Auroras. - Os esquimós conhecem há milênios de maneira precisa o local exato da aurora e do crepúsculo do Sol. De repente, neste ano, esses lugares mudaram. Os esquimós ficaram confusos. Como se sabe disso? Ora, basta olhar. Temos que estar lá ou acreditar na palavra de centenas de esquimós que confirmaram as observações dos astrônomos. Então por que não vemos e damos valor também aos monumentos de mais de 14.000 anos? Então, por que não vemos a palidez da sacralidade? Então, por que ficamos cegos diante da mudança dos tempos? Por que não resistimos mais fortemente àqueles que querem nos silenciar? Nem percebemos que os ventos mudaram de direção e que não há, na verdade, ventos dominantes, se não por definição temporária? Ora, abdiquem de suas cláusulas pétreas, petrificadas, fossilizadas; abandonem suas rotas automáticas. Vislumbrem o horizonte mais amplo; respirem o ar das montanhas: sintam a tênue fineza do ar sem direção, de mais auroras que imaginávamos.
A pré-diluviana Gobekli Tepe, Turquia, 12.000 AC

Postado por charles london

OS JORNALISTAS A SERVIÇO DO BRASIL MARAVILHA SÓ ENXERGAM BANDIDOS FORA DO REBANHO


O esforço empreendido por jornalistas a serviço do Brasil Maravilha para poupar da demissão, desviar da polícia e livrar da Justiça o ainda ministro Orlando Silva confirma que a turma é capaz de vender a alma (e dar a mãe de brinde) em respeito às cláusulas do contrato. Mas o rebanho alugado não é mais desprezível que os jornalistas chapa-branca que não se filiam formalmente ao PT para, invocando a independência inexistente, prestar serviços ao chefe da seita e a seus comparsas com a sabujice incomparável do escravo por opção.

Como acreditar no que diz um bandido?, andam balindo os cronistas da potência imaginária, ecoando a pergunta soprada pelo turista surpreendido pela má notícia durante o passeio em Guadalajara. Num trecho do texto reproduzido na seção Feira Livre, o jornalista Juca Kfouri liquida a conversa fiada com três interrogações: “E quem poderia contar as sujeiras promovidas no Ministério do Esporte se não um ex-militante do PCdoB, dono de ONG parceira? O cardeal de Brasília? O presidente da OAB?”

Promotores e juízes de Roma e Nova York acreditaram no que disse o mafioso Tommaso Buscetta, preso no Brasil em 1983 e extraditado para a Itália (e depois para os Estados Unidos), sobre as ramificações siciliana e americana da organização criminosa. Fizeram muito bem: era tudo verdade ─ e todos os chefões denunciados pela ovelha desgarrada acabaram na cadeia. No fim de 2009, em troca dos benefícios da delação premiada, o vigarista Durval Barbosa entregou à Polícia Federal a coleção de vídeos que mostram em ação a quadrilha liderada por José Roberto Arruda. O governador do Distrito Federal teve de deixar o emprego. O bando só não está na gaiola porque isto aqui é o Brasil.

Como Arruda era do DEM, e os jornalistas federais só enxergam corruptos fora do rebanho, nenhum deles duvidou da veracidade das cenas registradas por Barbosa, que também é um caso de polícia. Assim deve ser com o escândalo denunciado por João Dias Ferreira. A folha corrida do acusador não invalida as provas que está disposto a apresentar ─ e que exigem aos berros a imediata punição do acusado.

Por Augusto Nunes - Veja Online

CENTRALIZAÇÃO DO ESCÂNDALO COMO MARCA DE UM GOVERNO CORRUPTO

Em mais um brilhante texto José Serra chama a atenção para um aspecto importante pouco visível nos sucessivos casos de corrupção deste governo petista. (Lucio Neto)
Leia
A centralização do escândalo

Novo escândalo envolvendo verbas federais, agora para o esporte. Quero chamar a atenção para um aspecto menos visível nesses reiterados casos de corrupção que diz respeito mesmo à organização do estado brasileiro – ou à sua desorganização. Reparem que o imbróglio envolve recursos federais alocados pelo próprio ministério para pequenos projetos locais, municipais ou inframunicipais.

Um programa como esse “Segundo Tempo” deveria, obviamente, ser de caráter municipal ou, no máximo, estadual. Bastaria o governo federal entregar os recursos para as outras esferas de governo e, naturalmente, estabelecer algum tipo de controle sobre sua aplicação. Poderia até fixar uma certa contrapartida dos estados e municípios – governadores e prefeitos aceitariam fazê-lo, com grande facilidade.

Isso não evitaria, por si, desvios e propinas, mas os dificultaria, sem dúvida, em razão de um cruzamento de controles feitos por esferas distintas. Haveria, ao menos, mais fiscalização e, estou certo, mais eficiência.

A descentralização saiu de moda no Brasil. Historicamente, a ela sempre tenderam a resistir os parlamentares federais, pois a centralização lhes permite atuar como facilitadores da liberação de recursos para programas que são do interesse da população. Mesmo os parlamentares sérios, que não estão em busca de propinas, acabam condescendendo com esse modelo.

Nos anos oitenta, surgiram forças políticas que fizeram da descentralização uma bandeira e uma prática, a exemplo de Franco Montoro e José Richa, quando governaram, respectivamente, São Paulo e Paraná e, depois, na Constituinte. Foi essa tradição que Fernando Henrique seguiu na Presidência da República. Nos bons tempos, essa chegou a ser uma bandeira do PSDB.

Mas a gestão federal petista fez tudo ao contrário: recentralizou ao máximo as ações apoiadas pelo governo federal, na ânsia de manipular e obter faturamento político-eleitoral. Mais ainda: a centralização facilita o loteamento da administração federal, pois fortalece, abre ou cria novas áreas de domínio para oferecer aos parceiros nas lambanças.

Ou por outra: o governo acaba se tornando uma central de corrupção.

Por José Serra

2004 A 2010 ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS RECEBERAM R$ 23,3 BILHÕES DOS COFRES DO GOVERNO FEDERAL

Por Catarina Alencastro e Carolina Brígido, no Globo:

O volume de recursos repassados do governo federal para entidades sem fins lucrativos vem aumentando ano a ano. De 2004 a 2010, as ONGs receberam dos cofres públicos um total de R$ 23,3 bilhões. Nesse período, os repasses aumentaram 180%. Além das ONGs, os partidos também entram no bolo das entidades sem fins lucrativos que recebem recursos governamentais. E tiveram, no período, um aumento crescente da verba embolsada, passando de R$ 112,6 milhões em 2004 para R$ 160 milhões no ano passado.

A Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que este ano tudo indica que haverá um decréscimo nos repasses. A projeção para 2011, levando em conta a média mensal, é de R$ 4,1 milhões. O órgão chama atenção, ainda, para o fato de que o universo de entidades sem fins lucrativos é bem mais amplo que o de ONGs, pois inclui, por exemplo, fundações de apoio a universidades e fundos, inclusive o partidário.

A entidade sem fins lucrativos que figura no topo do ranking desde 2006 é a Fundaçâo Butantan, que produz vacinas e imunizantes amplamente usados pelo governo. Só em 2010 o Butantan recebeu R$ 879 milhões. Outras que estão sempre entre as entidades que mais recebem dinheiro público são a Fundação de Seguridade Social (Geap), a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPDQ), a Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Sincrotron e a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto.

Verba do fundo partidário também cresce
Além das ONGs, a cada ano a parcela de dinheiro público que compõe o Fundo Partidário engorda. Neste ano, estão previstos gastos de R$ 265,3 milhões - que, se forem realmente investidos, constituirão um recorde. Até 24 de agosto deste ano, saíram R$ 119 milhões dos cofres públicos para financiar os partidos. O Fundo Partidário também é composto por valores pagos em multas pelos próprios partidos à Justiça Eleitoral. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

LULA, DILMA E ORLANDO SILVA, O QUE ELES TÊM EM COMUM?


O que o ex-presidente Lula, a presidente Dilma e o ministro dos esportes, Orlando Silva, têm em comum? As justificativas fajutas. Lula baixou atos normativos que proporcionaram fontes bilionárias de recursos ao MENSALÃO. Ele se justificou alegando que “não sabia de nada”, e ficou por isso mesmo.

Quando Dilma Roussef era ministra, foi publicado no site oficial da Casa Civil o seu curriculum, constando que ela era mestre em teoria econômica e doutoranda em economia monetária e financeira pela Unicamp. Negada tal informação pela Universidade, a nossa “presidenta” justificou-se alegando que teria havido “mal entendido” e ordenou que fosse "corrigido" o seu curriculum.

Dilma também negou que tenha providenciado a confecção do dossiê contra FHC, assim como negou que tenha tentado intervir na apuração sobre o filho do senador Sarney, fazendo solicitação à ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira. Lina afirmou que teve encontro com Dilma para tal fim, citando o dia e a hora. Curioso é que as imagens da câmera de vigilância que poderiam confirmar ou negar o encontro, simplesmente desapareceram, e ficou por isso mesmo.

O ministro dos esportes, Orlando Silva, já pagou estada de hotel para esposa, babá e filha, assim como apreciou tapioquinhas, utilizando o cartão corporativo. Questionado, alegou que se confundiu, por isso utilizou o dinheiro público para quitar despesas particulares.

Agora, acusado de receber dinheiro de propina, primeiro ele disse que estava no México e continuaria cumprindo a agenda. Porém, logo em seguida, “mudou de ideia” e veio ao Brasil. Aqui, ele tenta desqualificar o acusador, alegando desconhecê-lo, apesar de ambos serem do mesmo partido – o PC do B - e ter liberado vultosos recursos para a ONG presidida pelo denunciante. Diz que somente liberou os recursos porque atendeu ao pedido de Aguinelo Queiroz, atual governador do DF, o que é negado por este.

O ministro “corporativo” tenta demonstrar não ter culpa no cartório, requerendo à PF que investigue o caso. Ora, se ele é apontado como receptor de propina, para que haja investigação, é necessário que o próprio se dirija ao Supremo Tribunal Federal, onde tem foro privilegiado, e peça para que seja instaurado inquérito policial, abrindo mão, de pronto, já que diz ter interesse na apuração, do seu sigilo fiscal, bancário e telefônico. Isso é o mínimo que se precisa para fazer uma investigação idônea, pois não adianta alardear, dizendo que requereu apuração, se ele permanece blindado pela prerrogativa de foro.

Verifica-se pela sequência de fatos, com a queda de vários ministros, que algo no Brasil anda muito errado. Antigamente, por bem menos, se via grande quantidade de pessoas nas ruas bradando: “Fora Sarney”, “Fora Collor”, “Fora FHC”. Hoje não se vê nada disso. Poucos que se aventuram a fazer algum “protesto”, o fazem com tanta discrição que mais parece estarem participando de um velório. Se não fosse uma parcela da imprensa. Repito. Uma parcela da imprensa, pois grande parte da mídia não vê nada, ninguém ouvia falar em corrupção, apesar de o país estar atolado nessa bandidagem, que se alastrou em todas as esferas governamentais após o episódio do mensalão.

Seria a fartura de recursos destinados à publicidade, ONGs, UNE, MST, Associação de Moradores, Associação de Pescadores, Associação de qualquer coisa, que tem garantido à corrupção o silêncio que não se via outrora? Curioso é que faltam recursos para a Saúde (médicos ganham uma mixaria, faltam equipamentos hospitalares etc.); faltam recursos para a Educação (salário de professor é uma miséria. No Rio Grande do Sul o Governo se recusa a pagar o piso salarial da categoria que é uma bagatela); faltam recursos para a Segurança (salário de policial dá dó), mas não faltam recursos para ONGs e outras entidades similares.

Até quando o Brasil aceitará justificativas fajutas?

Manoel Pastana